Luciana Vilma Oliveira Quintino - Universidade Estadual do Ceará
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agressores. Para Braz e Car<strong>do</strong>so (2000), essa atitude pode motivar a<br />
corresponsabilização por não poderem agir fora <strong>do</strong> seu âmbito e que algo mais<br />
grave possa acontecer com as vítimas.<br />
[...] De repente ela chegou ruim, amanhã ela poderá até chegar morta e a<br />
enfermeira que estava no atendimento anterior pode se sentir até<br />
responsável [...] (E3).<br />
Esse relato corrobora pesquisa realizada por Braz e Car<strong>do</strong>so (2000), que<br />
perceberam que a consciência moral e o sentimento de corresponsabilidade por não<br />
poderem agir fora de seu âmbito geram forte tensão nos entrevista<strong>do</strong>s,<br />
acompanhada de sentimentos de angústia, indignação, revolta e culpa. Porém,<br />
esses profissionais não devem tomar para si uma responsabilidade que extrapola o<br />
seu cotidiano e as suas capacidades. Essa consciência precisa chegar ao Esta<strong>do</strong> e<br />
a toda a sociedade, que também são responsáveis pela promoção e defesa <strong>do</strong>s<br />
direitos da criança.<br />
Observaram-se muitos relatos evidencian<strong>do</strong> revolta e raiva, como também<br />
receio quanto a não interrupção <strong>do</strong> ciclo da violência, em caso sem punição aos<br />
agressores:<br />
[...] Dá uma revolta na gente, muito grande, principalmente porque hoje está<br />
acontecen<strong>do</strong> muito (E10).<br />
[...] Eu me sinto revoltada porque eu acho inadmissível uma pessoa adulta<br />
violentar uma criança (E13).<br />
[...] Dá um sentimento de revolta. A princípio você só pensa em atender e<br />
amenizar, mas depois você fica com aquilo na cabeça e acha que a partir<br />
daquele momento já era para ter uma punição (E8).<br />
O sentimento de revolta com a frequência <strong>do</strong>s casos de maus tratos e<br />
com a demora das punições aos agressores remete às falhas <strong>do</strong> sistema jurídico <strong>do</strong><br />
país, que não pune adequadamente os culpa<strong>do</strong>s, deixan<strong>do</strong>-os livre para repetir as