a produção do conhecimento histórico escolar mediada pelo o uso ...
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entre os diversos grupos de trabalha<strong>do</strong>res os quais compõem a sociedade contra os<br />
interesses de outras classes. Este conflito de interesses é modera<strong>do</strong> pela prática política<br />
<strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s, a se esforçarem no estabelecimento de acor<strong>do</strong>s que lhes tragam o maior<br />
número de vantagens possíveis.<br />
Visto que a constituição da classe resulta de “experiências comuns” e “identidade de<br />
interesses”, é preciso compreender por que os trabalha<strong>do</strong>res não configura<strong>do</strong>s como uma<br />
massa homogênea se unem em ações coletivas.<br />
Gomes (1988), na introdução de sua obra: A invenção <strong>do</strong> trabalhismo, identifica no<br />
estu<strong>do</strong> de Thompson a resposta para esta questão. Ao tratar da construção de um ator<br />
coletivo – a classe trabalha<strong>do</strong>ra – Thompson elege como fator explicativo para a ação<br />
coletiva o enfoque teórico que privilegia a lógica simbólica. Para ele “as experiência<br />
materiais <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res são apreendidas segun<strong>do</strong> modelos interpretativos que se<br />
vinculam às suas próprias tradições políticas e culturais (...).” (GOMES, 1988: 20) Afirmação<br />
que deriva <strong>do</strong> pensamento de Marx, para quem o trabalho e a produção <strong>do</strong> homem<br />
transformam a natureza segun<strong>do</strong> um sistema de representações.<br />
Em contrapartida, Mancur Olson (1970) rejeita a explicação de que os homens se<br />
unam em defesa de interesses simbólicos comuns, e sim em defesa de interesses materiais.<br />
Se as conquistas materiais das lutas empreendidas pela coletividade forem estendidas a<br />
to<strong>do</strong>s, o trabalha<strong>do</strong>r não vai se interessar em juntar-se a essa coletividade, pois será<br />
beneficia<strong>do</strong> de qualquer forma. (GOMES, 1988)<br />
Partin<strong>do</strong> de uma crítica à tese de Olson, autores como Claus Offe e Helmut<br />
Wiesenthal, cita<strong>do</strong>s por Gomes, defendem a construção da identidade da classe<br />
trabalha<strong>do</strong>ra a contar da superação <strong>do</strong>s interesses materiais comuns, que ocorreria através<br />
de um discurso “capaz de conformar uma identidade que supera a presença <strong>do</strong>s interesses<br />
utilitaristas.” (GOMES, 1988:20) Reconhece-se, portanto, a existência <strong>do</strong>s interesses<br />
materiais utilitaristas, porém nega-se que eles comandem a ação coletiva <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res.<br />
Logo, a identidade coletiva <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res seria efeito da organização de um<br />
discurso que viabiliza a formação de uma “área de igualdade”, na qual são negadas as<br />
divergências de um grupo defini<strong>do</strong>.<br />
Para Gomes, a formação da classe operária brasileira resultou da organização de<br />
discursos por várias correntes ideológicas, socialistas, anarquistas, comunistas e por fim <strong>do</strong><br />
próprio Esta<strong>do</strong>, os quais tomavam para si a “palavra operária” e se autodesignavam<br />
representantes da classe, em busca da criação da identidade <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r. No entanto,<br />
estes discursos foram marginaliza<strong>do</strong>s pela historiografia anterior à década de 1980.