Texto na Ãntegra em PDF - Uniara
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DIVERSIDADE AGRÍCOLA, MOSAICOS E AUTOCONSUMO<br />
EM UM ASSENTAMENTO RURAL<br />
DUVAL, Henrique Carmo<strong>na</strong><br />
Universidade de Campi<strong>na</strong>s – Unicamp<br />
FERRANTE, Vera Lúcia S. Botta<br />
Centro Universitário de Araraquara – <strong>Uniara</strong><br />
VALENCIO, Norma Felicidade Lopes<br />
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar<br />
Neste trabalho objetivamos descrever e a<strong>na</strong>lisar o autoconsumo alimentar e a decorrente diversificação<br />
agrícola nos lotes do assentamento rural Monte Alegre, <strong>na</strong> região de Araraquara/SP. Pretend<strong>em</strong>os apresentar<br />
uma proposta metodológica para adentrar cinco escalas de diversificação (mosaicos), baseando-se <strong>em</strong><br />
observação direta, registros <strong>em</strong> diário de campo, questionário, coleta de cardápios, desenhos, inventários e<br />
a fotodocumentação dos lotes. O autoconsumo aparece como um aspecto essencial <strong>na</strong>s estratégias familiares<br />
para se viver melhor, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> relação a se alimentar daquilo que lhes dá identidade e de ter segurança<br />
alimentar. O retorno à terra, como assentado rural, é uma situação <strong>na</strong> qual as práticas agrícolas inscritas no<br />
seu habitus cultural (conforme Bourdieu) pod<strong>em</strong> ser resgatadas e reaplicadas pelas pessoas <strong>na</strong> interação<br />
com o lote, ocorrendo, a partir daí, uma reconstrução da identidade do agricultor como tal. Segundo Whitaker<br />
e Fiamengue (2000), mosaicos são formados <strong>na</strong> paisag<strong>em</strong> com o advento dos assentamentos rurais, o que<br />
implica a heterogeneidade do espaço. A construção desse espaço heterogêneo está diretamente ligada à rica<br />
diversidade cultural das famílias e ao resgate da tradição de produzir seu próprio alimento, relacio<strong>na</strong>ndo-se<br />
posteriormente com o aumento da diversidade agrícola nos lotes. As produções comercial e <strong>em</strong>presarial<br />
conviv<strong>em</strong>, no mesmo lote, com a produção de autoconsumo; no entanto, esta é ligada a práticas e princípios<br />
agroecológicos. Tal convivência não implica a ausência de conflitos que se expressam <strong>em</strong> contami<strong>na</strong>ções de<br />
alimentos, da água e do solo, ou entre uma orientação produtiva convencio<strong>na</strong>l e tradicio<strong>na</strong>l. Os sist<strong>em</strong>as de<br />
produção de autoconsumo são responsáveis pela maior diversificação de um lote agrícola, mas n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre<br />
têm esse valor reconhecido, até pela dificuldade de sua mensuração econômica.<br />
Palavras-chave: autoconsumo, segurança alimentar, metodologia científica<br />
236 REVISTA UNIARA, v.13, n.2, dez<strong>em</strong>bro 2010