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IMPULSO ISSN 0103-7676 • PIRACICABA/SP • Volume 13 - Unimep

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custos da hegemonia por parte da nova administração<br />

americana tornaram pública a sensação de<br />

que o mundo se encaminhava para a retomada<br />

dos surtos de instabilidade financeira e cambial.<br />

No decorrer de 2001, tanto o Brasil quanto a Argentina<br />

foram levados a concluir novos acordos<br />

de sustentação financeira com o FMI envolvendo<br />

pacotes de ajuda condicional relativamente importantes<br />

(US$ 8 bilhões adicionais no caso argentino,<br />

chegando a um total de US$ 22 bilhões;<br />

no caso brasileiro, substituição do acordo de novembro<br />

de 1998 por novo acordo stand-by, válido<br />

até dezembro de 2002, prevendo a liberação suplementar<br />

de US$ 15 bilhões), muito embora a<br />

Argentina não tenha conseguido resolver seus<br />

problemas fiscais até o final de 2001, decorrendo<br />

daí a suspensão da ajuda financeira do FMI, seguida<br />

logo depois pela crise e a demissão do governo<br />

De La Rúa (20/dez./01).<br />

No plano das relações de comércio intrabloco,<br />

parecia evidente desde 1999 que o Mercosul<br />

agregava aos antigos contenciosos comerciais<br />

entre o Brasil e a Argentina um elemento de crise<br />

psicológica, ao serem reveladas diferenças fundamentais<br />

de opinião entre os principais parceiros<br />

quanto aos destinos do processo integracionista.<br />

Num cenário de incertezas externas e de dúvidas<br />

internas, o debate de contornos indefinidos que<br />

parecia contaminar o futuro do Mercosul estava<br />

centrado em torno de algumas grandes perguntas:<br />

quais são as grandes opções estratégicas de<br />

política comercial e industrial para os países<br />

membros do Mercosul nos primeiros anos do século<br />

XXI?; será possível garantir a soberania nacional<br />

do bloco subregional numa eventual área de<br />

livre comércio hemisférica dominada pelos EUA?;<br />

os ganhos da ALCA seriam maiores que os custos?;<br />

o que acontecerá, de fato, com o Mercosul?<br />

Com efeito, em relação ao contexto subregional,<br />

estavam em causa, de um lado, a sobrevivência do<br />

Mercosul, e de outro, o espectro de sua diluição<br />

na ALCA, em especial no contexto anterior à reunião<br />

de cúpula de Quebec (abr./01).<br />

O fato é que o Mercosul passou a viver, a<br />

partir de 1999, uma crise de identidade que influiu<br />

gravemente no seu modo de funcionamento interno<br />

e nas relações entre os países membros, sobretudo<br />

entre seus dois principais sócios. Muitos<br />

observadores viram o momento de partida dessa<br />

crise na desvalorização brasileira de janeiro de<br />

1999, embora outros, mais pessimistas, considerassem<br />

que a crise fosse latente desde que se manifestou<br />

a incapacidade de os países membros realizarem<br />

as promessas do Tratado de Assunção de<br />

1991, dando início em janeiro de 1995, em toda a<br />

sua plenitude, à zona de livre comércio intrarregional<br />

e à aplicação uniforme, extrazona, da Tarifa<br />

Externa Comum. Ou seja, o Mercosul viveria em<br />

crise praticamente desde seu aparecimento enquanto<br />

personalidade de direito internacional, tal<br />

como estabelecido no Protocolo de Ouro Preto,<br />

de 1994.<br />

Pode-se, com efeito, reconhecer que o estágio<br />

incompleto da zona de livre comércio mercosuliana<br />

a partir de 1995 e o caráter algo surrealista<br />

de sua união aduaneira desde então – na qual<br />

os países membros decidiram manter não<br />

exceções comuns à TEC, mas desvios nacionais<br />

de seu perfil normal de 0 a 20% e outras tantas<br />

(às vezes algumas centenas) exceções temporárias<br />

ao regime de união aduaneira – parecia confirmar<br />

essa visão pessimista do processo de integração.<br />

Entretanto, caberia observar também<br />

que tais desvios e perfurações, observados de<br />

1995 a 2001, devem ser compreendidos não<br />

como pecados mortais, mas como pecados veniais<br />

de um esquema integracionista ainda incipiente,<br />

devendo acomodar por um tempo suplementar –<br />

digamos uma segunda fase de transição, coincidente<br />

com o período de eliminação das exceções<br />

temporárias e com o esforço adicional de convergência<br />

definido desde dezembro de 1994 em função<br />

de um estrito calendário – as dificuldades naturais<br />

de quatro países reconhecidamente assimétricos<br />

em termos de magnitude econômica, perfil<br />

industrial, presença comercial no mundo, interdependência<br />

recíproca nos fluxos interfronteiriços<br />

e, sobretudo, em termos de suas respectivas<br />

capacidades de atração de investimentos diretos<br />

estrangeiros.<br />

Agregue-se a esses elementos estruturais os<br />

fatores conjunturais ligados às crises financeiras<br />

da segunda metade dos anos 90, os processos inconclusos<br />

de estabilização macroeconômica sem<br />

impulso nº 31 25

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