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IMPULSO ISSN 0103-7676 • PIRACICABA/SP • Volume 13 - Unimep

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nismo de unificação das políticas externas dos países<br />

da região. Para os Estados Unidos, a harmonização<br />

representou o desenvolvimento de um verdadeiro<br />

Sistema de Segurança Interamericano<br />

(SSI), sob sua liderança.<br />

19 WRIGHT, 1991.<br />

20 É interessante observar que o governo brasileiro de Juscelino<br />

Kubitschek (1955-1960), dentro de um contexto panamericano,<br />

tivesse defendido a tese de desenvolvimentoestabilidade<br />

política mesmo antes da revolução cubana. Cf.<br />

REGO, 1988; e BENEVIDES, 1976.<br />

21 HANSON, 1970.<br />

ESTRATÉGIAS POLÍTICAS DOS<br />

PRINCIPAIS PARTICIPANTES<br />

A idéia de uma política hemisférica unificada<br />

não durou muito tempo. Já no princípio da década<br />

de 50, os países da América Latina questionavam<br />

abertamente a ênfase dada ao fator militar<br />

da Guerra Fria, enquanto a assistência econômica<br />

ficava em segundo plano. A Revolução Cubana<br />

de 1959 mudou em muito a dinâmica regional. 19<br />

A reação norte-americana imediata foi atender<br />

aos problemas econômicos da região. No cálculo<br />

estratégico de Washington, os eventos em Cuba<br />

comprometiam a estabilidade política hemisférica.<br />

20 Com a revolução de Fidel Castro, Washington<br />

parecia aceitar a importância de uma conexão<br />

entre desenvolvimento e segurança.<br />

A Aliança para o Progresso proposta pelo<br />

presidente John F. Kennedy (1961-1963) representou<br />

uma resposta para essa nova realidade nas<br />

Américas. O plano era semelhante ao utilizado<br />

na Europa Ocidental no fim da II Guerra Mundial<br />

(Marshall Plan), mas visava não só o desenvolvimento<br />

econômico mas também a erradicação<br />

da pobreza como fator principal que proporcionava<br />

uma abertura política para a infiltração de<br />

ideologias subversivas no hemisfério. Com o assassinato<br />

do presidente Kennedy e a guerra do<br />

Vietname, a Aliança para o Progresso perdeu<br />

apoio financeiro e político em Washington. 21<br />

Os governos militares que apareceram na<br />

América Latina nas décadas de 60 e 70 também<br />

proporcionaram uma solução conservadora para<br />

o problema da instabilidade política. De certa forma,<br />

serviram de proxy, ou procuração, para a implementação<br />

da Doutrina Monroe na América<br />

do Sul. Muitos desses governos, excluindo certamente<br />

o do general Alvaro Velasco, do Peru<br />

(1968-1975), simpatizavam com os Estados Unidos<br />

no combate ideológico entre o Leste e o<br />

Oeste. O comunismo foi visto como doutrina<br />

alienígena ao hemisfério. Porém, esses governos<br />

tinham também agendas próprias, incluindo o<br />

desenvolvimento econômico. No Brasil, por<br />

exemplo, embora os Estados Unidos tenham<br />

aplaudido a intervenção militar de 1964, dez anos<br />

depois, Washington e Brasília discordaram abertamente<br />

quanto à política tecnológica brasileira<br />

na área de energia nuclear. 22<br />

Na década de 70, vários fatores contribuíram<br />

para o colapso do SSI criado após a II Guerra<br />

Mundial. Primeiramente, a economia norte-americana<br />

sofreu um período de dificuldades, o que<br />

levou a uma redução do poder econômico de Washington<br />

no sentido de influenciar a agenda hemisférica.<br />

Segundo, com a perda da guerra do Vietname,<br />

os Estados Unidos abandonaram a euforia<br />

internacionalista que tinha caracterizado os<br />

governos de Truman até Kennedy-Johnson. O<br />

presidente Richard M. Nixon (1969-1974) adotou<br />

uma posição mais realista e, de certa forma,<br />

isolacionista. Essa posição de Nixon diminuiu a<br />

importância (e a necessidade) do SSI.<br />

Outros fatores referem-se a eventos fora<br />

do controle norte-americano. O período de<br />

reconstrução européia introduziu novas potências<br />

econômicas no mercado internacional, abrindo espaço<br />

estratégico para os países latino-americanos.<br />

Na década de 70, por exemplo, o Brasil foi capaz<br />

de negociar novos acordos de transferência de tecnologia<br />

européia, mesmo com a oposição estadunidense.<br />

Vários países da América Latina, inclusive<br />

o Brasil, tiveram taxas de crescimento altas no<br />

princípio da década, o que os levou a adotar uma<br />

posição mais independente. 23 Embora esses governos<br />

mantivessem uma posição anti-comunista de<br />

acordo com os interesses de Washington, na área<br />

econômica houve muita divergência.<br />

22 PERRUCI, 1995.<br />

23 BROOKE, 1981; e BAILEY & SCHNEIDER, 1974.<br />

impulso nº 31 99

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