IMPULSO ISSN 0103-7676 ⢠PIRACICABA/SP ⢠Volume 13 - Unimep
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A base para a integração está dada quando<br />
duas condições são cumpridas: 50<br />
1. quando os atores possuem alguns interesses em<br />
comum, havendo expectativa quanto à possibilidade<br />
de ganhos com a cooperação;<br />
2. quando a variação no grau de institucionalização<br />
se refletir no comportamento dos Estados,<br />
pois as instituições internacionais não são<br />
fixas, estando em constante mutação ao longo<br />
do tempo.<br />
A partir daí, o seu sucesso ou fracasso dependerá<br />
do arranjo institucional a ser criado pelos<br />
integrantes do processo, sendo o acordo sobre a<br />
estrutura da integração resultante das suas<br />
opções.<br />
A análise institucionalista permite, em última<br />
instância, entender quais são os canais de representação<br />
das demandas emergentes da sociedade<br />
que irão influenciar a formulação da política<br />
externa. Estamos introduzindo um elemento relativamente<br />
novo nas teorias de relações internacionais,<br />
que é a intervenção de grupos de interesse<br />
no processo de tomada de decisão governamental.<br />
Até pouco tempo atrás, considerava-se que<br />
decisões como a da formação de blocos econômicos<br />
eram influenciadas somente pelas ações<br />
das elites sociais, enquanto o restante da sociedade<br />
exerceria um papel passivo. Essa postura está<br />
sendo gradualmente revista, principalmente no<br />
caso europeu, pois tornou-se cada vez maior o<br />
envolvimento de grupos organizados na tomada<br />
de decisão. 51<br />
Essa crescente importância está ligada à necessidade<br />
dos governos de ampliar a sustentabilidade<br />
da integração, garantindo o aprofundamento<br />
do processo e a efetividade de algumas medidas<br />
dependentes da adesão da sociedade. Para que<br />
a sociedade se envolva mais, é preciso criar espaços<br />
de participação dentro da própria estrutura<br />
institucional.<br />
50 Ibid.<br />
51 EICHENBERG & DALTON, 1993. 52 MORAVCSIK, 1994.<br />
As representações da sociedade são os grupos<br />
de interesses e os representantes políticos diretamente<br />
envolvidos na coordenação da integração<br />
e no seu processo decisório. Na Europa, essa<br />
arregimentação social está bastante evoluída, se<br />
comparada ao que se verifica em torno do Mercosul,<br />
em que essa participação ainda é restrita.<br />
As estruturas burocráticas que efetivamente<br />
participam e coordenam a integração são<br />
atores decisivos porque influenciam de fato as<br />
decisões, a partir de seus próprios objetivos enquanto<br />
organizações. Sua influência é determinada<br />
pelo que esperam e idealizam como sendo<br />
o seu papel no andamento da integração.<br />
A TEORIA INTERGOVERNAMENTALISTA<br />
A teoria intergovernamentalista supõe que<br />
os Estados são atores dotados de uma certa racionalidade<br />
e cujo comportamento reflete as pressões<br />
sofridas internamente, vindas de grupos presentes<br />
na sociedade e de pressões externas criadas pelo<br />
próprio ambiente internacional.<br />
Quando nos referimos à ação racional do<br />
Estado, estamos supondo que ele é minimamente<br />
racional, sendo capaz de formular um conjunto<br />
de fins e objetivos com algum grau de ordenamento<br />
quanto à sua importância e de criar parâmetros<br />
para a tomada de decisões. O aspecto racional<br />
desse tipo de ação encontra-se no fato de<br />
as decisões governamentais não serem aleatórias,<br />
porque os governos possuem capacidade de avaliar<br />
as diferentes alternativas e de decidir segundo<br />
os custos e benefícios que a decisão representa. 52<br />
O intergovernamentalismo considera esse<br />
modelo de comportamento racional do Estado<br />
como a base para a discussão dos constrangimentos<br />
produzidos pelas preferências nacionais.<br />
O conflito e a cooperação internacional<br />
são processos com dois estágios sucessivos: primeiro,<br />
os governos definem um conjunto de<br />
interesses; em seguida, barganham entre si no<br />
intuito de realizá-los.<br />
Por serem atores racionais e egoístas, os<br />
Estados procurariam sempre atingir altos níveis<br />
impulso nº 31 61