IMPULSO ISSN 0103-7676 ⢠PIRACICABA/SP ⢠Volume 13 - Unimep
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penderá de algumas de suas características particulares.<br />
A sensibilidade é diferente da vulnerabilidade,<br />
manifestando-se quando alguma alteração no<br />
panorama externo provoca reações internas. A<br />
vulnerabilidade refere-se à capacidade (ou grau<br />
dela) de um ator de arcar com o ônus das mudanças<br />
necessárias para enfrentar as alterações externas.<br />
Em termos de custos da dependência, a<br />
sensibilidade refere-se à obrigação de pagar o preço<br />
imposto pelos efeitos exteriores antes que sejam<br />
alteradas as políticas, enquanto a vulnerabilidade<br />
está ligada à obrigação de um ator sofrer os<br />
custos impostos pelos eventos externos depois<br />
que as políticas foram alteradas.<br />
A vulnerabilidade é um elemento importante<br />
para entender a estrutura política do relacionamento<br />
interdependente. O ator com menor<br />
vulnerabilidade aos efeitos externos possui maior<br />
poder de barganha nas relações internacionais<br />
porque possui uma vantagem: qualquer alteração<br />
no seu relacionamento pode representar para ele<br />
custos menores que para os demais parceiros.<br />
A expansão dos blocos econômicos é, então,<br />
um reflexo das pressões provocadas pela assimetria<br />
de poder no plano internacional, aumentando<br />
os riscos econômicos e políticos dos países<br />
que permanecem fora dessa estrutura de blocos e<br />
solapando a possibilidade do país optar por permanecer<br />
independente. Isso fez com que Estados<br />
em desenvolvimento, geralmente pouco propensos<br />
a investir em instituições internacionais, procurassem<br />
apoiá-las.<br />
O Mercosul é outro exemplo relevante.<br />
Por um lado, os compromissos que assumimos<br />
limitam nossa capacidade de<br />
decidir unilateralmente – este é um resultado<br />
incontornável, e por vezes até<br />
desejável, do aprofundamento das relações<br />
internacionais. Assim, arranjos<br />
como o Mercosul e a União Européia<br />
restringem a autonomia individual dos<br />
países que deles participam. Por outro<br />
lado, além dos benefícios que advêm<br />
desses processos nos campos econômico-comercial,<br />
político, social e cultural,<br />
eles aumentam nossa capacidade de agir<br />
de forma autônoma, e com maior peso,<br />
em nossas relações com o resto do mundo<br />
e até mesmo aqui nas Américas. 26<br />
Os processos de integração regional criam<br />
sempre alguma forma de institucionalização para<br />
coordenar seu desenvolvimento. O Mercosul<br />
não é uma exceção. Desde o início, montou uma<br />
estrutura decisória para a negociação entre seus<br />
participantes, sejam eles representantes do setor<br />
estatal ou do privado.<br />
Há uma distinção entre instituição multilateral<br />
e processo de integração regional, pois embora<br />
o último seja uma instituição internacional<br />
multilateral, sua finalidade é bem diferente. Uma<br />
instituição multilateral é criada para viabilizar<br />
uma determinada finalidade – promoção da paz,<br />
controle nas relações econômicas etc. – garantindo<br />
previsibilidade nas relações entre nações para<br />
um determinado aspecto. Um processo de integração<br />
regional, no entanto, ultrapassa esse objetivo,<br />
ao pressupor alterações nos Estados participantes<br />
e não somente a cessão de soberania, mas<br />
a possibilidade de criação de um poder supranacional.<br />
27<br />
Em resumo, temos que a existência da interdependência<br />
afetou a política internacional e<br />
o comportamento das nações, significando para<br />
o Estado uma perda de seu status de ator dominante,<br />
e praticamente único, da política mundial;<br />
o poder estatal foi obscurecido pelo surgimento<br />
de novos atores internacionais, como as corporações<br />
multinacionais, os movimentos sociais<br />
transnacionais e as organizações internacionais.<br />
Todavia, apesar de sua existência, os Estados<br />
permanecem como os únicos capazes de controlar<br />
e regular as relações transnacionais e interestatais.<br />
TEORIA NEOFUNCIONALISTA<br />
A teoria neofuncionalista foi utilizada para<br />
explicar processos de integração, principalmente<br />
26 LAMPREIA, 1998, p. 106.<br />
27 MATLARY, 1994.<br />
54 impulso nº 31