22.10.2014 Views

Neoinstitucionalismo como modelo de análise para as ... - pucrs

Neoinstitucionalismo como modelo de análise para as ... - pucrs

Neoinstitucionalismo como modelo de análise para as ... - pucrs

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

26<br />

Civit<strong>as</strong> – Revista <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> Sociais, v. 5. n. 1, jan.-jun. 2005<br />

a intenção analítico-epistemológica do conceito <strong>de</strong> cl<strong>as</strong>ses marxist<strong>as</strong> tem muit<strong>as</strong><br />

conseqüênci<strong>as</strong>. Uma <strong>de</strong>l<strong>as</strong> é que a teoria [...] <strong>de</strong> nossa socieda<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> representar<br />

uma autêntica superação da teoria cl<strong>as</strong>sista <strong>de</strong> Marx. Essa teoria afirma<br />

que, em lugar da luta <strong>de</strong> cl<strong>as</strong>se entre burgueses e proletários, existe hoje uma diferenciação<br />

<strong>de</strong> muitos estratos. [...] M<strong>as</strong> isto não tem nada a ver com a luta <strong>de</strong><br />

cl<strong>as</strong>ses. Também na socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Marx havia muitos estratos. Marx, contudo,<br />

não pensava em semelhante <strong>de</strong>scrição. Ele se interessava pel<strong>as</strong> forç<strong>as</strong> dominantes<br />

nos conflitos sociais [...] (Dahrendorf, 1981, p. 93).<br />

A fragmentação dos interesses sociais apontado pelos pluralist<strong>as</strong> e pelo<br />

neoinstitucionalismo polity-centered é fruto da ênf<strong>as</strong>e nos estudos empíricos,<br />

ao p<strong>as</strong>so que o enfoque da teoria <strong>de</strong> cl<strong>as</strong>ses busca um alcance mais amplo.<br />

Essa distinção entre os níveis <strong>de</strong> análise é trabalhada também por Heller, que<br />

propõe uma divisão entre sociologia empírica e sociologia teórica. Na primeira,<br />

“toda pesquisa é conduzida no presente absoluto do ‘agora’” e a segunda é<br />

um misto <strong>de</strong> sociologia e filosofia, sendo seu âmbito mais amplo. Em su<strong>as</strong><br />

palavr<strong>as</strong>,<br />

mesmo que a filosofia se conceba <strong>como</strong> enraizada historicamente, sua pretensão<br />

à verda<strong>de</strong> se mantém absoluta, mesmo que os filósofos reflitam sobre o “lócus”<br />

<strong>de</strong> sua <strong>de</strong>scoberta, eles formulam sua verda<strong>de</strong> “sub specie aeternitatis”, válida<br />

<strong>para</strong> sempre e portadora <strong>de</strong> uma mensagem eterna (Heller, 1991, p. 204).<br />

Mais específico, Martins afirma que a “questão do Estado” só ganha sentido<br />

teórico e prático se relacionada às form<strong>as</strong> particulares <strong>de</strong> estruturação da<br />

socieda<strong>de</strong> capitalista referid<strong>as</strong> a situações concret<strong>as</strong>. Como os processos<br />

históricos são distintos nos diversos países, o relacionamento entre Estado e<br />

socieda<strong>de</strong> se dá <strong>de</strong> forma específica em cada um dos países. Segue-se que<br />

são precisamente esses padrões diferenciados que constituem problema sociológico,<br />

e são eles também que a redução da problemática do Estado capitalista às<br />

estrit<strong>as</strong> <strong>de</strong>terminações do modo <strong>de</strong> produção, tomad<strong>as</strong> <strong>como</strong> <strong>de</strong>terminações universais,<br />

é incapaz <strong>de</strong> explicar (Martins, 1985, p. 18).<br />

É uma posição que remete à proposição <strong>de</strong> Przeworski (1995, p. 71) e<br />

Skocpol (1995, p. 41) <strong>de</strong> que a autonomia do Estado só po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida<br />

segundo cada c<strong>as</strong>o concreto, em contraposição a um caráter geral do Estado<br />

capitalista. A idéia da existência <strong>de</strong> um caráter geral do Estado capitalista se<br />

enquadra no que Heller chama <strong>de</strong> sociologia teórica, e que <strong>para</strong> Martins constitui-se<br />

<strong>como</strong> “arquétipo histórico”, válido enquanto démarche filosófica.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!