Neoinstitucionalismo como modelo de análise para as ... - pucrs
Neoinstitucionalismo como modelo de análise para as ... - pucrs
Neoinstitucionalismo como modelo de análise para as ... - pucrs
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
C. V. Rocha – <strong>Neoinstitucionalismo</strong> <strong>como</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> análise... 13<br />
e diversos outros. Tomando a terminologia da abordagem sistêmica, são <strong>as</strong><br />
<strong>de</strong>mand<strong>as</strong> e apoios (inputs) dos grupos <strong>de</strong> pressão que vão <strong>de</strong>linear <strong>as</strong> polític<strong>as</strong><br />
públic<strong>as</strong> (outputs). O governo e su<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> são vistos <strong>como</strong> resultado<br />
dos inputs vindos da socieda<strong>de</strong>. O Estado é consi<strong>de</strong>rado <strong>como</strong> algo neutro,<br />
cuja função é promover a conciliação dos interesses que interagem na socieda<strong>de</strong>,<br />
segundo a lógica do mercado (Dahl, 1988, p. 85).<br />
Um outro <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> b<strong>as</strong>tante difundido é o marxista, adotado em maior ou<br />
menor grau, conforme a época e o lugar. Nos Estados Unidos, por exemplo,<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um ostracismo <strong>de</strong> aproximadamente 30 anos, autores marxist<strong>as</strong><br />
chegam a travar interessantes polêmic<strong>as</strong> com autores pluralist<strong>as</strong>, a partir da<br />
década <strong>de</strong> 70. 2 De maneira também resumida e arbitrária, po<strong>de</strong>-se dizer que a<br />
análise marxista parte d<strong>as</strong> relações entre economia, cl<strong>as</strong>ses sociais e Estado.<br />
As relações <strong>de</strong> cl<strong>as</strong>se são essencialmente relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, constituindo o<br />
instrumento analítico <strong>para</strong> a interpretação d<strong>as</strong> transformações sociais e polític<strong>as</strong>.<br />
As polític<strong>as</strong> estatais aparecem <strong>como</strong> reflexo dos interesses do capital,<br />
seja <strong>como</strong> fruto do Estado visto <strong>como</strong> mero “comitê” <strong>de</strong>stinado a gerir os<br />
negócios comuns a toda a burguesia, seja <strong>como</strong> resultado da ação <strong>de</strong> um<br />
Estado dotado <strong>de</strong> uma “autonomia relativa”, m<strong>as</strong> que em “última instância”<br />
vela pelos interesses do capital. 3<br />
Apesar <strong>de</strong> se colocarem em lados opostos do <strong>de</strong>bate, o pluralismo e o<br />
marxismo unem-se na ênf<strong>as</strong>e analítica centrada na socieda<strong>de</strong>. Para amb<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />
perspectiv<strong>as</strong>, a ação estatal é sempre resposta a estímulos vindos da socieda<strong>de</strong>.<br />
Contrapondo-se a esse enfoque, por volta <strong>de</strong> meados dos anos 80, difun<strong>de</strong>-se<br />
o <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> analítico neoinstitucionalista. Em sua primeira versão, <strong>de</strong>nominada<br />
state-centered, o neoinstitucionalismo recoloca o Estado <strong>como</strong> foco<br />
analítico privilegiado: é ele que p<strong>as</strong>sa a explicar a natureza d<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> governamentais.<br />
Skocpol (1985), retomando a tradição alemã <strong>de</strong> Max Weber e<br />
Otto Hintze, é uma d<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> autor<strong>as</strong> a propor uma reorientação teórica<br />
em relação às abordagens prece<strong>de</strong>ntes e a tentar organizar <strong>as</strong> b<strong>as</strong>es da análise<br />
neoinstitucionalista. A autora consi<strong>de</strong>ra, inicialmente, a socieda<strong>de</strong> civil per-<br />
2<br />
3<br />
Ver, por exemplo, a interessante polêmica <strong>de</strong> J. Manley contra R. Dahl e C. Lindblom,<br />
publicada na American Political Science Review, W<strong>as</strong>hington, v. 7, n. 2, 1983.<br />
No primeiro c<strong>as</strong>o po<strong>de</strong>mos remeter ao Manifesto Comunista <strong>de</strong> K. Marx e F. Engels. Defen<strong>de</strong>ndo<br />
uma abordagem mais flexível temos N. Poulantz<strong>as</strong> em Po<strong>de</strong>r político e cl<strong>as</strong>ses sociais,<br />
São Paulo, Martins Fontes, 1977, por exemplo. Uma excelente discussão sobre o tema po<strong>de</strong><br />
ser encontrada no trabalho <strong>de</strong> Przeworski (1995).