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Neoinstitucionalismo como modelo de análise para as ... - pucrs

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C. V. Rocha – <strong>Neoinstitucionalismo</strong> <strong>como</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> análise... 15<br />

sobre um recurso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r privilegiado, que é o acesso diferenciado à informação.<br />

Nessa perspectiva, <strong>as</strong> <strong>de</strong>cisões públic<strong>as</strong> trazem, portanto, a marca dos<br />

interesses e d<strong>as</strong> percepções que a burocracia tem da realida<strong>de</strong>. O Estado aparece<br />

<strong>como</strong> variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, dotado <strong>de</strong> autonomia <strong>de</strong> ação, expressão do<br />

“insulamento” da burocracia (Skocpol, 1985).<br />

Porém, cada Estado tem sua capacida<strong>de</strong> dada por uma série <strong>de</strong> requisitos<br />

próprios. Esses requisitos são historicamente condicionados: os instrumentos<br />

<strong>de</strong> polític<strong>as</strong> estatais não são criações <strong>de</strong>liberad<strong>as</strong> <strong>de</strong> curto prazo, m<strong>as</strong> sim<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da história <strong>de</strong> cada nação. O po<strong>de</strong>r político dos grupos <strong>de</strong> interesse<br />

e d<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, em gran<strong>de</strong> medida, d<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> e capacida<strong>de</strong>s do<br />

Estado. E só o exame <strong>de</strong> cada c<strong>as</strong>o específico po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir o grau <strong>de</strong> “insulamento”<br />

que cada Estado possui.<br />

Esse <strong>de</strong>bate envolve, em um <strong>as</strong>pecto crucial, o tema da autonomia do Estado.<br />

Os problem<strong>as</strong> contidos na perspectiva state-centered são apontados <strong>de</strong><br />

forma persu<strong>as</strong>iva por Przeworski (1995). Para esse autor, tal perspectiva só é<br />

coerente se o Estado <strong>de</strong>riva seu po<strong>de</strong>r “exclusiva ou fundamentalmente do<br />

monopólio da força física” (p. 67). E, segundo sua argumentação, tal situação<br />

não po<strong>de</strong> ser generalizada por du<strong>as</strong> razões. Em primeiro lugar, o autor afirma<br />

que em vári<strong>as</strong> socieda<strong>de</strong>s há o controle civil sobre os militares, o que <strong>de</strong>rruba<br />

a “premissa <strong>de</strong> que o po<strong>de</strong>r do Estado sempre e em qualquer lugar provém da<br />

força física” (p. 67). Em segundo lugar, ele sustenta que numa economia<br />

capitalista a alocação <strong>de</strong> recursos é feita por agentes privados, o que implica<br />

que “a força po<strong>de</strong> não ser suficiente <strong>para</strong> governar efetivamente” (p. 67).<br />

Criticando Skocpol, em sua f<strong>as</strong>e state-centered, Przeworski aponta <strong>as</strong> confusões<br />

que se dão em torno da idéia <strong>de</strong> autonomia do Estado. Segundo o autor,<br />

não tem sentido falar em autonomia se se toma <strong>como</strong> característica central do<br />

Estado o seu monopólio sobre os meios <strong>de</strong> violência. Neste c<strong>as</strong>o, o que <strong>de</strong>ve<br />

<strong>de</strong>screver a relação do Estado com a socieda<strong>de</strong> é o termo dominação. O autor<br />

argumenta que tal distinção não é percebida por Skocpol (1985), ao centrar<br />

sua atenção sobre a questão da autonomia do Estado. Przeworski mostra que<br />

o Estado é autônomo quando os governantes têm objetivos próprios e são<br />

capazes <strong>de</strong> implementá-los, mesmo contra interesses dos diversos grupos<br />

sociais. Afirma ainda que mesmo numa <strong>de</strong>mocracia

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