Neoinstitucionalismo como modelo de análise para as ... - pucrs
Neoinstitucionalismo como modelo de análise para as ... - pucrs
Neoinstitucionalismo como modelo de análise para as ... - pucrs
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
C. V. Rocha – <strong>Neoinstitucionalismo</strong> <strong>como</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> análise... 17<br />
lugar, ela ressalta a autonomia que os funcionários estatais têm em relação<br />
aos outros interesses sociais. Os funcionários trabalham no sentido <strong>de</strong> implementar<br />
polític<strong>as</strong> que atendam às su<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong>, às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> su<strong>as</strong> carreir<strong>as</strong><br />
e organizações. Isto não quer dizer que possam ignorar os outros interesses<br />
sociais, sendo que não raro buscam compatibilizar seus interesses com estes<br />
últimos. A capacida<strong>de</strong> que têm <strong>de</strong> buscar os seus objetivos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> d<strong>as</strong> característic<strong>as</strong><br />
d<strong>as</strong> organizações polític<strong>as</strong> <strong>de</strong>ntro d<strong>as</strong> quais atuam. A autora<br />
refuta o uso <strong>de</strong> concepções genéric<strong>as</strong> <strong>de</strong> Estado. Ela afirma, por exemplo, que<br />
falar <strong>de</strong> “Estado capitalista” não diz nada sobre a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação <strong>de</strong><br />
qualquer Estado particular do mundo capitalista. É apen<strong>as</strong> com o levantamento<br />
histórico da formação dos Estados, do estudo d<strong>as</strong> maneir<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>como</strong> enfrentam<br />
os <strong>de</strong>safios internos e externos com que se <strong>de</strong>frontam, é que se po<strong>de</strong><br />
dimensionar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> polític<strong>as</strong> dos funcionários<br />
estatais e dos políticos.<br />
Em segundo lugar, a autora relaciona instituições polític<strong>as</strong> e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />
sociais. Constata que estrutur<strong>as</strong> e processos políticos influenciam i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s,<br />
met<strong>as</strong> e capacida<strong>de</strong>s polític<strong>as</strong> <strong>de</strong> grupos politicamente ativos. Propõe, pois,<br />
explorar <strong>como</strong> os fatores políticos e sociais se combinam <strong>para</strong> afetar <strong>as</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />
sociais e capacida<strong>de</strong>s dos grupos envolvidos no jogo político. Em<br />
terceiro lugar, aponta que <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> d<strong>as</strong> instituições governamentais,<br />
dos sistem<strong>as</strong> partidários e d<strong>as</strong> regr<strong>as</strong> eleitorais afetam o grau <strong>de</strong> sucesso político<br />
que qualquer grupo ou movimento po<strong>de</strong> alcançar, na medida que possibilitam,<br />
ou vetam, o acesso dos grupos às <strong>de</strong>cisões públic<strong>as</strong>. Essa capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> se atingir met<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, portanto, apen<strong>as</strong> da autoconsciência<br />
e recursos <strong>de</strong> mobilização dos grupos, m<strong>as</strong> também d<strong>as</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />
relativ<strong>as</strong> que <strong>as</strong> instituições polític<strong>as</strong> oferecem a certos grupos e negam<br />
a outros. 4 Finalmente, em quarto lugar, ela sustenta que polític<strong>as</strong> adotad<strong>as</strong><br />
anteriormente reestruturam o processo político posterior. “Como a política<br />
cria polític<strong>as</strong>, est<strong>as</strong> também reelaboram a política” (Skocpol, 1995, p. 58).<br />
Esse efeito feedback d<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> tem du<strong>as</strong> dimensões: <strong>as</strong> nov<strong>as</strong> polític<strong>as</strong><br />
transformam a capacida<strong>de</strong> do Estado, mudando portanto <strong>as</strong> possibilida<strong>de</strong>s<br />
administrativ<strong>as</strong> <strong>para</strong> iniciativ<strong>as</strong> futur<strong>as</strong>; e, por outro lado, afetam a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
social, met<strong>as</strong> e capacida<strong>de</strong>s dos grupos <strong>para</strong> o jogo político subseqüente. Uma<br />
4<br />
Um bom exemplo da capacida<strong>de</strong> analítica <strong>de</strong> tal proposição é encontrado em Immergut<br />
(1996).