Neoinstitucionalismo como modelo de análise para as ... - pucrs
Neoinstitucionalismo como modelo de análise para as ... - pucrs
Neoinstitucionalismo como modelo de análise para as ... - pucrs
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
14<br />
Civit<strong>as</strong> – Revista <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> Sociais, v. 5. n. 1, jan.-jun. 2005<br />
manentemente influenciada pelo Estado, <strong>de</strong>vendo este ser concebido <strong>como</strong><br />
“muito mais que um simples foro em que os grupos sociais formulam <strong>de</strong>mand<strong>as</strong><br />
e empreen<strong>de</strong>m lut<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> ou estabelecem acordos” (p. 83). Ela<br />
parte da idéia geral da autonomia dos Estados, que<br />
concebidos <strong>como</strong> organizações que reivindicam o controle <strong>de</strong> territórios e pesso<strong>as</strong>,<br />
po<strong>de</strong>m formular e perseguir objetivos que não sejam um simples reflexo<br />
d<strong>as</strong> <strong>de</strong>mand<strong>as</strong> ou <strong>de</strong> interesses <strong>de</strong> grupos ou cl<strong>as</strong>ses sociais da socieda<strong>de</strong> (Skocpol,<br />
1985, p. 86).<br />
Nesse esforço, Skocpol (1985) critica os pluralist<strong>as</strong>, apontando que em<br />
su<strong>as</strong> análises os fatores causais <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões concret<strong>as</strong> <strong>de</strong> polític<strong>as</strong><br />
públic<strong>as</strong> entram, muit<strong>as</strong> vezes, em contradição com su<strong>as</strong> conclusões teóric<strong>as</strong>:<br />
o conteúdo d<strong>as</strong> <strong>de</strong>cisões públic<strong>as</strong> supera, em diversos c<strong>as</strong>os, o caráter<br />
d<strong>as</strong> <strong>de</strong>mand<strong>as</strong> vind<strong>as</strong> da socieda<strong>de</strong>. Ou seja, o conteúdo dos outputs costumam<br />
não raro extrapolar o dos inputs. Além disso, ela aponta que mesmo nos<br />
estudos pluralist<strong>as</strong> que conce<strong>de</strong>m certa autonomia <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ao Estado, os<br />
funcionários estatais são tomados <strong>como</strong> grupo <strong>de</strong> interesse sem se consi<strong>de</strong>rar<br />
a estrutura estatal na qual se inserem. A autora critica também os marxist<strong>as</strong>,<br />
ou mais especialmente os chamados neomarxist<strong>as</strong>, que concebem o Estado<br />
<strong>como</strong> configurado pela luta <strong>de</strong> cl<strong>as</strong>ses, <strong>de</strong> forma direta ou indireta. Estes não<br />
levam em conta, argumenta, que muit<strong>as</strong> vezes é o Estado que conforma <strong>as</strong><br />
cl<strong>as</strong>ses e a luta <strong>de</strong> cl<strong>as</strong>ses. Skocpol sustenta também que a proposição <strong>de</strong> uma<br />
lógica geral <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento político, adotada pelos marxist<strong>as</strong> e neomarxist<strong>as</strong>,<br />
dificilmente encontra correspondência com o estudo <strong>de</strong> c<strong>as</strong>os concretos<br />
<strong>de</strong> polític<strong>as</strong> estatais (Skocpol, 1985, p. 77).<br />
Assim, <strong>para</strong> o neoinstitucionalismo, o Estado, ao contrário do que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m<br />
os pluralist<strong>as</strong> e marxist<strong>as</strong>, não se submete simplesmente a interesses<br />
localizados na socieda<strong>de</strong>, sejam d<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses ou dos grupos <strong>de</strong> interesse. As<br />
ações do Estado, implementad<strong>as</strong> por seus funcionários, obe<strong>de</strong>cem à lógica <strong>de</strong><br />
buscar reproduzir o controle <strong>de</strong> su<strong>as</strong> instituições sobre a socieda<strong>de</strong>, reforçando<br />
sua autorida<strong>de</strong>, seu po<strong>de</strong>r político e sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação e controle<br />
sobre o ambiente que o circunda. A burocracia estatal, especialmente a <strong>de</strong><br />
carreira, estabelece polític<strong>as</strong> <strong>de</strong> longo prazo divers<strong>as</strong> d<strong>as</strong> <strong>de</strong>mandad<strong>as</strong> pelos<br />
atores sociais. Su<strong>as</strong> ações buscam propor visões abrangentes sobre os problem<strong>as</strong><br />
com que se <strong>de</strong>frontam. A capacida<strong>de</strong> que a burocracia tem <strong>de</strong> elaborar<br />
e implementar polític<strong>as</strong> é, em parte, resultante do controle que ela exerce