Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
No século 17, René Descartes negou o conceito de que a mente<br />
tenha influência sobre o corpo. Afirmou que o corpo físico é<br />
composto de material denso e a mente, de uma substância ain<strong>da</strong><br />
não identifica<strong>da</strong> porém imaterial. Como não conseguiu identificar a<br />
natureza <strong>da</strong> mente, resolveu deixar o assunto de lado e o mundo<br />
continuou com uma questão filosófica não resolvi<strong>da</strong>: se a matéria só<br />
pode ser afeta<strong>da</strong> por matéria, como uma mente não material pode<br />
estar "conecta<strong>da</strong>" a um corpo denso? A questão de Descartes acabou<br />
sendo defini<strong>da</strong> popularmente como "o fantasma na máquina" [a<br />
ghost in the machine], em um <strong>livro</strong> de Gilbert Ryle publicado 50<br />
anos atrás, chamado The concept of mind (Ryle, 1949) [O conceito<br />
<strong>da</strong> mente]. A biomedicina tradicional, basea<strong>da</strong> em um universo de<br />
matéria puramente física e em conceitos newtonianos, concor<strong>da</strong>va<br />
com a teoria de Descartes sobre a divisão mente/corpo. Em termos<br />
médicos, é muito mais simples consertar um corpo mecânico sem<br />
ter de pensar na incómo<strong>da</strong> figura de um "fantasma".<br />
A reali<strong>da</strong>de de um universo quântico retoma conceitos que<br />
Descartes refutou. Sim, a mente (energia) emana do corpo físico<br />
exa-tamente como ele pensava. A nova compreensão <strong>da</strong> mecânica<br />
do universo, porém, mostra como o corpo físico pode ser afetado<br />
pela mente não-material. Pensamentos, que são a energia <strong>da</strong> mente,<br />
influenciam diretamente a maneira como o cérebro físico controla<br />
a fisiologia do corpo. A "energia" dos pensamentos pode ativar ou<br />
inibir as proteínas de funcionamento <strong>da</strong>s células que descrevi no<br />
capítulo anterior. Por esse motivo, quando decidi modificar minha<br />
vi<strong>da</strong>, passei a observar onde estava despendendo a energia de meu<br />
cérebro. Precisava identificar as consequências <strong>da</strong> energia que<br />
investia em meus pensamentos <strong>da</strong> mesma maneira que observava<br />
quanta energia meu corpo gastava.<br />
147