Na Itália, Lula incentiva investimentos no Brasil ... - Comunità italiana
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www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />
Rio de Janeiro, dezembro de 2008 A<strong>no</strong> XV – Nº 126<br />
<strong>Na</strong> Itália, <strong>Lula</strong> <strong>incentiva</strong><br />
<strong>investimentos</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />
e Berlusconi anuncia visita<br />
ao país em fevereiro<br />
ISSN 1676-3220 R$ 10,90<br />
Chega mais<br />
Mara Cafagna <strong>no</strong> Rio de Janeiro contra a exploração sexual
4<br />
C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008
22<br />
CAPA<br />
<strong>Na</strong> sua primeira visita oficial à Itália, o presidente brasileiro Luiz Inácio <strong>Lula</strong> da Silva deixa sua<br />
mensagem: o <strong>Brasil</strong> não é mais país do futuro, mas das oportunidades <strong>no</strong> presente<br />
Editorial<br />
Boas festas!...................................................................................08<br />
Cose Nostre<br />
Pela primeira vez, seminaristas de Palermo terão curso sobre máfia<br />
durante sua preparação como sacerdotes. O reitor alega que ser<br />
sacerdote, por lá, “não é o mesmo que em Milão”..........................09<br />
Negócios<br />
No Rio Grande do Sul, resíduo de couro vira fertilizante<br />
graças a uma parceria entre italia<strong>no</strong>s e brasileiros ......................... 31<br />
Intercâmbio<br />
A bem-sucedida missão ao Piemonte, comandada<br />
pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves...............................32<br />
Patrimônio<br />
Ristrutturazione del Theatro Municipal a Rio riporta alla luce aspetti<br />
originali del palazzo per la celebrazione del suo centenario.............43<br />
Design<br />
Professores do Politécnico de Milão fazem parcerias<br />
para aprimorar profissionais brasileiros .......................................... 47<br />
Fórmula 1<br />
O piloto Felipe Massa fala sobre suas expectativas para a<br />
temporada de 2009 que pode ter mais brasileiros na pista.............52<br />
Perfil<br />
Originária da Sicília, família Comparato se reúne<br />
para comemorar seus 115 a<strong>no</strong>s de <strong>Brasil</strong>........................................54<br />
Divulgação<br />
Roberth Trindade<br />
Divulgação<br />
Divulgação<br />
20<br />
40<br />
51 56<br />
Política<br />
Ramona Badescu<br />
Conheça a atriz romena<br />
radicada na Itália que se tor<strong>no</strong>u<br />
conselheira do prefeito de Roma<br />
Gianni Aleman<strong>no</strong><br />
Turismo<br />
Búzios<br />
O balneário mais badalado do<br />
Rio de Janeiro tem praias de<br />
diferentes personalidades e<br />
obriga o turista a descobrir seu<br />
próprio roteiro na cidade<br />
Tv<br />
Vladimir Luxuria<br />
Ex-deputado transexual<br />
vence reality show, um gênero<br />
de programa que invadiu a<br />
televisão <strong>italiana</strong><br />
Comunidade<br />
La Befana<br />
<strong>Na</strong>tal italia<strong>no</strong> não tem presente<br />
nem Papai Noel. Quem<br />
recompensa as crianças de bom<br />
comportamento é uma bruxinha<br />
boa, que só aparece <strong>no</strong> Dia de Reis<br />
6<br />
C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008
COSE NOSTRE<br />
Julio Vanni<br />
FUNDADA EM MARÇO DE 1994<br />
Diretor-Presidente / Editor:<br />
Pietro Domenico Petraglia<br />
(RJ23820JP)<br />
Diretor: Julio Cezar Vanni<br />
Publicação Mensal e Produção:<br />
Editora Comunità Ltda.<br />
Tiragem: 40.000 exemplares<br />
Esta edição foi concluída em:<br />
01/12/2008 às 17:30h<br />
Distribuição: <strong>Brasil</strong> e Itália<br />
Redação e Administração:<br />
Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,<br />
Centro, RJ CEP: 24030-050<br />
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SUBEDItora: Sônia Apolinário<br />
jornalismo@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />
Redação: Daniele Mengacci;<br />
Guilherme Aqui<strong>no</strong>; <strong>Na</strong>yra Garofle;<br />
Sarah Castro; Sílvia Souza;<br />
Tatiana Buff; Valquíria Rey;<br />
Janaína Cesar; Lisomar Silva<br />
REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco<br />
Projeto Gráfico e Diagramação:<br />
Alberto Carvalho<br />
arte@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />
CAPA: Grupo Keystone<br />
Colaboradores: Giorgio della Seta; Pietro<br />
Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi;<br />
Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda<br />
Maranesi; Adroaldo Garani; Beatriz Rassele;<br />
Giorda<strong>no</strong> Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro;<br />
Ezio Maranesi; Fabio Porta; Fernanda Miranda<br />
CorrespondenteS:<br />
Guilherme Aqui<strong>no</strong> (Milão);<br />
Janaína Cesar (Treviso);<br />
Lisomar Silva (Roma);<br />
Publicidade:<br />
Philippe Rosenthal<br />
Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-0181<br />
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Brasília - Cláudia Thereza<br />
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Geraldo Cocolo Jr.<br />
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ComunitàItaliana está aberta às contribuições<br />
e pesquisas de estudiosos brasileiros, italia<strong>no</strong>s<br />
e estrangeiros. Os artigos assinados são de<br />
inteira responsabilidade de seus autores, sendo<br />
assim, não refletem, necessariamente, as<br />
opiniões e conceitos da revista.<br />
La rivista ComunitàItaliana è aperta ai<br />
contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti<br />
brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori<br />
e sprimo<strong>no</strong>, nella massima libertà, personali<br />
opinioni che <strong>no</strong>n rifletto<strong>no</strong> necessariamente il<br />
pensiero della direzione.<br />
ISSN 1676-3220<br />
Há um a<strong>no</strong>, neste espaço, escrevi: “se depender das autoridades <strong>italiana</strong>s e brasileiras,<br />
2008 será um a<strong>no</strong> de muitas oportunidades”. Dito e feito. Foi intenso o<br />
trânsito na direção de <strong>no</strong>vos negócios estabelecido entre os dois países, ao longo<br />
de todo o a<strong>no</strong>. O auge desse movimento foi <strong>no</strong> mês passado. Praticamente na mesma<br />
época em que o presidente brasileiro Luiz Inácio <strong>Lula</strong> da Silva desembarcava em Roma<br />
para a sua primeira visita oficial ao país, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, encabeçava<br />
uma missão comercial e cultural que teve Turim como sede.<br />
Essas duas importantes movimentações foram acompanhadas de perto pela Comunità.<br />
Nossa reportagem de capa revela os encontros e os bastidores da visita do presidente <strong>Lula</strong>,<br />
encerrada após uma audiência com o Papa, com direito à quebra de protocolo.<br />
A Semana Minas <strong>no</strong> Piemonte também ganhou um espaço especial nesta edição da<br />
revista. Afinal, não é todo dia que podemos anunciar que a Fiat vai levar, para o <strong>Brasil</strong>,<br />
o seu Centro de Pesquisas em Automobilismo e Design. O acordo, neste sentido, foi<br />
assinado durante o evento.<br />
Sobre o aumento do intercâmbio comercial entre os dois países, justiça seja feita.<br />
Um dos pioneiros foi o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que vislumbrou o<br />
e<strong>no</strong>rme potencial que representaria uma maior aproximação com a Itália, a ponto de<br />
partir para lá em missão oficial, ainda em 2007.<br />
Tamanha movimentação faz a gente esquecer, por alguns<br />
momentos, a e<strong>no</strong>rme crise econômica que se abateu <strong>no</strong> mundo,<br />
neste final de 2008. Agora, fica mais difícil fazer, para 2009,<br />
um prognóstico tão otimista, quanto fiz <strong>no</strong> a<strong>no</strong> passado. Pelo<br />
me<strong>no</strong>s na área econômica. Se mudarmos para a Fórmula 1,<br />
essa tarefa melhora. Mais do que nunca, as atenções se voltam<br />
para o ítalo-brasileiro Felipe Massa, da Ferrari. Em entrevista à<br />
Comunità, ele evita cantar vitória antes do tempo e fala sobre<br />
os principais desafios que enfrentará na próxima temporada<br />
quando <strong>no</strong>vos pilotos brasileiros poderão entrar para a elite<br />
das corridas automobilísticas.<br />
Um bom prognóstico para 2009 pode ser feito também<br />
na política <strong>italiana</strong>. Apesar dos cortes <strong>no</strong> orçamento e a queda<br />
de braço entre gover<strong>no</strong> e estudantes que vem sendo travada,<br />
um passo foi dado em direção a um melhor relacionamento<br />
entre o país e seus imigrantes. Não é todo dia que uma autoridade, <strong>no</strong> caso o prefeito de<br />
Roma, Gianni Aleman<strong>no</strong>, convida uma romena para ser sua conselheira para assuntos....<br />
rome<strong>no</strong>s. A escolhida foi a atriz Ramona Badescu, que <strong>no</strong>s deu uma entrevista exclusiva.<br />
Quem também recebeu Comunità foi a ministra das Iguais Oportunidades, Mara<br />
Carfagna, que esteve <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> para participar de um congresso sobre exploração sexual<br />
infantil.<br />
Com o fim do a<strong>no</strong>, começa <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> a principal época de férias. E de festas. Do<br />
<strong>Na</strong>tal até o Carnaval, é possível ir de um estado a outro atrás de diferentes atrações. Nesta<br />
edição, damos a dica de algumas delas, para quem quiser passear até o fim de fevereiro.<br />
Também revelamos os segredos de um dos locais mais charmosos e badalados do país:<br />
Búzios, o Balneário da região dos Lagos fluminense.<br />
Dentro do clima de festas, só <strong>no</strong>s resta esperar pela chegada da Befana. Em uma de<br />
<strong>no</strong>ssas matérias, explicamos a origem da história dessa bruxinha que leva doces para as<br />
crianças de bom comportamento. Para as outras, só um pedaço de carvão. Espero que<br />
todos os <strong>no</strong>ssos leitores sejam agraciados com boas guloseimas.<br />
Feliz <strong>Na</strong>tal e um A<strong>no</strong> Novo de muita prosperidade!<br />
Boa leitura.<br />
Boas festas!<br />
Pietro Petraglia<br />
Editor<br />
editorial<br />
Entretenimento com cultura e informação<br />
<strong>Na</strong> escola<br />
Pela primeira vez na Itália, 40 seminaristas da diocese de Palermo, na ilha<br />
da Sicília, terão um curso sobre a máfia durante sua preparação como<br />
sacerdotes. Segundo o reitor do seminário, Raffaele Manga<strong>no</strong>, “é preciso se<br />
levar em conta que ser sacerdote em Palermo não é o mesmo que em Milão”.<br />
Os seminaristas participarão de conferências e encontros organizados por sociólogos.<br />
Especialistas em máfia e párocos explicarão a estrutura e a maneira<br />
de agir da Cosa Nostra, assim como sua evolução e influência na região. Há<br />
15 a<strong>no</strong>s, foi assassinado em Palermo o padre Pi<strong>no</strong> Puglisi em represália por<br />
suas ações contra os traficantes de drogas e suas homilias, nas quais condenava<br />
as ações dos mafiosos.<br />
Quem aceita?<br />
Um partido de extremadireita<br />
italia<strong>no</strong> está<br />
oferecendo 1.500 euros (cerca<br />
de 4,5 mi reais) para pais<br />
que decidam dar a seus filhos<br />
o <strong>no</strong>me do líder fascista<br />
Benito Mussolini ou de sua<br />
mulher, Rachele. O peque<strong>no</strong><br />
Movimento Sociale-Fiamma<br />
Tricolore (MS-FT) nega que a<br />
atitude tenha alguma co<strong>no</strong>tação<br />
racista e afirma que os<br />
<strong>no</strong>mes Benito e Rachele são<br />
apenas “bons”. Para ganhar a<br />
recompensa, pelo me<strong>no</strong>s um<br />
dos pais precisa ser italia<strong>no</strong>.<br />
Rome<strong>no</strong>s<br />
<strong>Na</strong> Itália, 141 mil empresas<br />
estão em mãos de estrangeiros.<br />
Esse número é quase três<br />
vezes superior ao de quatro a<strong>no</strong>s<br />
atrás, segundo dados divulgados<br />
em um seminário da Caritas de<br />
Milão. Dessas, 27 mil pertencem<br />
a rome<strong>no</strong>s, a primeira coletividade<br />
de imigrados na Itália, com<br />
um milhão de pessoas. As empresas<br />
de propriedade de rome<strong>no</strong>s<br />
aumentaram em 143%, desde<br />
2004. Atuam principalmente <strong>no</strong><br />
ramo de construção, manufatura<br />
e comércio.<br />
No ar<br />
A<br />
companhia aérea alemã<br />
Lufthansa anunciou,<br />
<strong>no</strong> mês passado, a criação da<br />
Lufthansa Itália. A partir de<br />
fevereiro, a <strong>no</strong>va empresa vai<br />
voar, a partir de Milão, para:<br />
Barcelona, Paris, Bruxelas,<br />
Budapeste, Bucareste, Madri,<br />
Londres e Lisboa.<br />
Rapidinhas<br />
● Ex-ministro da Cultura do <strong>Brasil</strong>,<br />
o cantor Gilberto Gil obteve<br />
o passaporte italia<strong>no</strong>. Sua mulher,<br />
Flora Giorda<strong>no</strong>, descendente<br />
de italia<strong>no</strong>s, obteve o documento<br />
<strong>no</strong> a<strong>no</strong> passado.<br />
● A cidade paulista de Tatuapé<br />
comemorou a 1ª Festa di<br />
San Raffaelle. Apresentação do<br />
Grupo Folclórico Bella Itália e<br />
do Assurd, com músicas típicas<br />
do Sul da Itália, animaram o<br />
evento promovido pelo Consulado<br />
Geral da Itália.<br />
No campo<br />
A<br />
Museu de Arte de Cleveland, <strong>no</strong>s Estados Unidos, concordou<br />
O em devolver 14 tesouros antigos à Itália em troca de uma<br />
exibição temporária de outras peças. Segundo o gover<strong>no</strong> italia<strong>no</strong>,<br />
as obras foram roubadas ou saqueados do país e serão transportadas<br />
à Itália em três meses. Entre os objetos, um par de braceletes<br />
etruscos de prata, feitos <strong>no</strong> século 6 a.C. e uma estátua de<br />
bronze de um guerreiro, que data entre os séculos 8 a.C. e 9 a.C.,<br />
originária da ilha da Sardenha. Segundo os especialistas, é um<br />
dos poucos trabalhos que sobraram da cultura nativa da Sardenha,<br />
antes da ilha ser conquistada por Roma.<br />
o mesmo tempo, <strong>no</strong> gover<strong>no</strong>, o ministro do Interior<br />
italia<strong>no</strong>, Roberto Maroni, inaugurou um local de<br />
agro-turismo em uma propriedade de Corleone, na província<br />
siciliana de Palermo, confiscada do chefe mafioso Totò<br />
Rina. “O confisco dos patrimônios é o caminho a percorrer<br />
até o final para provar que o crime não compensa. Todos<br />
os recursos da máfia serão tomados pelo Estado e devolvidos<br />
aos cidadãos”, afirmou o ministro, lembrando que só<br />
este a<strong>no</strong>, na província de Palermo, foram apreendidos 571<br />
milhões de euros em bens de mafiosos.<br />
● Presidente do Circolo Italia<strong>no</strong><br />
de Jundiaí, Edivaldo Bronzeri,<br />
assumiu a vice-presidência<br />
do Conselho Municipal de<br />
Relações Internacionais.<br />
- Morreu o roteirista italia<strong>no</strong> Ennio<br />
De Concini, aos 85 a<strong>no</strong>s, em<br />
Roma. Ex-assistente de direção<br />
de Vittorio De Sica, deixa um legado<br />
de textos para mais de cem<br />
filmes, como Divórcio à Italiana,<br />
de Pietro Germi (1961), que lhe<br />
rendeu um Oscar, e O Colosso de<br />
Rodes, de Sergio Leone (1961).<br />
Divulgação<br />
Destaque<br />
femini<strong>no</strong><br />
Emma Marcegaglia, presidente<br />
da poderosa<br />
Confederação das Indústrias<br />
Italianas (Confindustria) está<br />
entre as 50 mulheres de<br />
maior destaque na eco<strong>no</strong>mia<br />
e nas finanças, segundo classificação<br />
do Wall Street Journal<br />
Europe. A publicação fez<br />
um ranking dedicado às “top<br />
women to watch”, mulheres<br />
dirigentes de maior prestígio<br />
<strong>no</strong> mundo. Segundo o jornal,<br />
a eleição de Marcegaglia à<br />
presidência da Confindustria<br />
é “um raro exemplo” de mulher<br />
em uma posição de primeiro<br />
pla<strong>no</strong> <strong>no</strong> setor de business<br />
na Itália. Marcegaglia<br />
é a única <strong>italiana</strong> na lista e<br />
ocupa o 44º lugar da classificação.<br />
<strong>Na</strong> Confindustria,<br />
ela sucedeu Luca di Montezemolo<br />
que já foi apontado<br />
pelo Financial Times como<br />
um dos 50 melhores managers<br />
do mundo.<br />
Vai <strong>no</strong> Google<br />
Em parceria com o Projeto<br />
Roma Renascida, o Google<br />
lançou o site Roma em 3D como<br />
parte do Google Earth. Agora, os<br />
visitantes podem conhecer uma<br />
Roma de 1688 a<strong>no</strong>s atrás, governada<br />
pelo imperador Constanti<strong>no</strong>.<br />
Arqueólogos e artistas gráficos<br />
conseguiram criar versões de<br />
6700 construções da época, com<br />
destaque para o Coliseu, o Fórum,<br />
a Basílica Juliana e o Templo de<br />
Vesta. Acompanham as ilustrações,<br />
250 textos informativos.<br />
8 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 9
opinião<br />
frases<br />
enquete<br />
Lewis Hamilton é campeão mundial<br />
de Fórmula 1. O título é merecido?<br />
Sim – 58,3%<br />
“Non è un fatto episodico<br />
ma si inserisce in un lavoro<br />
intenso in corso ormai da<br />
mesi che è passato attraverso<br />
l’intensificazione delle forze<br />
di polizia sul territorio,<br />
Alfredo Mantova<strong>no</strong>,<br />
sottosegretario agli Interni,<br />
parlando dell’arresto di Gianluca<br />
Bidognetti, legato alla mafia<br />
<strong>italiana</strong>.<br />
Senado brasileiro aprova projeto que<br />
proíbe modelos muito magras nas<br />
passarelas. Você concorda?<br />
Sim – 75%<br />
“Con le leggi razziali, il popolo italia<strong>no</strong> si è diviso in<br />
tre parti: una piccola parte, quella dei giusti che si<br />
so<strong>no</strong> saputi opporre; una parte dei perfidi, che han<strong>no</strong><br />
chiesto intransigenza nell’applicazione di quelle leggi;<br />
e una parte più grande, quella dei vili, dei silenziosi e<br />
dei conformisti che han<strong>no</strong> saputo opporsi”,<br />
Gianni Aleman<strong>no</strong>, sindaco di Roma, all’inaugurazione di<br />
una lapide in omaggio agli ebrei perseguitati.<br />
“Sa qual è il mio problema? Che mi<br />
sento una bambina di dodici anni.<br />
Invece so<strong>no</strong> una donna di trentasei,<br />
ho un figlio... Io nella mia vita <strong>no</strong>n<br />
me ne so<strong>no</strong> mai voluta prendere,<br />
di responsabilità. E adesso ne sto<br />
pagando le conseguenze”,<br />
Alessia Marcuzzi, atrice e<br />
presentatrice <strong>italiana</strong>, parlando della<br />
crisi della sua relazione con il portiere<br />
del Chelsea, Carlo Cudicini.<br />
“C’è veramente qualcu<strong>no</strong> che<br />
crede che ciò che ho detto <strong>no</strong>n<br />
era un complimento?”,<br />
Silvio Berlusconi, premier<br />
italia<strong>no</strong>, parlando delle critiche<br />
ricevute quando ha detto<br />
che il futuro presidente degli<br />
Stati Uniti, Barack Obama, è<br />
“giovane, bello e abbronzato”.<br />
Você já sente os efeitos da crise<br />
econômica em sua vida?<br />
Sim – 80%<br />
agenda<br />
Foto g r a f i a (RJ)<br />
O fotógrafo italia<strong>no</strong> Roberto Cavanna<br />
traz ao Rio o material de<br />
“La Fête du Costume” que acontece<br />
em Arles (França) todos os<br />
a<strong>no</strong>s, <strong>no</strong> mês de julho. A tradição<br />
existe desde 1903. Começou<br />
com um pedido do escritor Frédéric<br />
Mistral para que 18 garotas<br />
desfilassem pela cidade com<br />
uma fita e um vestido, para marcar<br />
a passagem à idade adulta<br />
(até os quinze a<strong>no</strong>s elas podiam<br />
colocar só o traje tradicional).<br />
No a<strong>no</strong> seguinte, a participação<br />
alcançou 350 moças e ocupou<br />
o Théâtre Antique de Arles <strong>no</strong><br />
chamado Festo Vierginenco. A<br />
na estante<br />
cada três a<strong>no</strong>s, o evento coroa<br />
uma rainha. Até 25 de janeiro.<br />
No Centro Cultural Justiça Federal<br />
(Av. Rio Branco, 241 – Centro,<br />
Rio de Janeiro). De terça a<br />
domingo, das 12 às 19h. Informações:<br />
(21) 3261-2550.<br />
Ler Pi r a n d e l l o (SP)<br />
O escritor italia<strong>no</strong> poderá ser<br />
desvendado em um curso oferecido<br />
pelo Instituto Italia<strong>no</strong><br />
de Cultura (IIC-SP). A programação<br />
segue itinerário didático<br />
alternativo oferecido aos apaixonados<br />
pela literatura e o teatro,<br />
que tenham adquirido um<br />
bom nível de conhecimento da<br />
língua <strong>italiana</strong>. Ministrado pelo<br />
ator italia<strong>no</strong> Alvise Camozzi,<br />
o estudo contará com análise<br />
de alguns personagens emblemáticos<br />
da vasta produção teatral<br />
pirandelliana, em sete aulas<br />
com duração de 2 horas, todas<br />
as segundas-feiras. Até 9 de<br />
fevereiro. Matrícula: 240 reais<br />
(parcelado em até 3 vezes). Rua<br />
Frei Caneca, 1071. Informações:<br />
(11) 3285-6933.<br />
Hospedaria de Imigrantes de São Paulo. De autoria de Odair<br />
da Cruz Paiva e Soraya Moura, o livro integra a Coleção “São<br />
Paulo <strong>no</strong> Bolso”. Inaugurada em 1888, <strong>no</strong> bairro do Brás, a<br />
Hospedaria de Imigrantes foi o primeiro endereço para grande<br />
parte daqueles que vieram para São Paulo. Representou mais<br />
do que um lugar de hospedagem provisória para imigrantes,<br />
entre eles italia<strong>no</strong>s que chegaram em busca de melhores condições<br />
de vida. Durante <strong>no</strong>venta a<strong>no</strong>s, o local presenciou e<br />
foi sujeito de um tempo de rápidas transformações. De pequena<br />
cidade <strong>no</strong> século 19 a grande metrópole <strong>no</strong> século 20,<br />
São Paulo foi palco de mudanças consecutivas <strong>no</strong> seu contexto<br />
social e econômico. Grande parte delas foi produzida por<br />
aqueles que passaram pela hospedaria. Suas atividades foram<br />
encerradas em 1978 e, hoje, o lugar abriga o Memorial do Imigrante.<br />
Editora Paz e Terra, 101 páginas, preço sob consulta.<br />
<strong>Na</strong> companhia da cortesã. No a<strong>no</strong> de 1527, Roma sofre um de<br />
seus mais terríveis ataques, quando soldados do imperador Carlos<br />
V avançam sobre as muralhas da cidade, pilhando tudo o que<br />
encontram pela frente. Em meio ao caos, a cortesã Fiammetta<br />
Bianchini e seu cafetão e parceiro, o anão Buci<strong>no</strong> Teodoldi, fogem<br />
para Veneza. Com muita coragem e astúcia, os dois se infiltram<br />
na sociedade local, desfrutando a luxúria e o pecado que<br />
desfilam pelos palácios suntuosos da cidade. Fiammetta, atraindo<br />
e satisfazendo os homens, começa a acumular uma pequena<br />
fortuna. Entretanto, uma jovem misteriosa pode colocar em risco<br />
a riqueza da cortesã. O romance de Sarah Dunant é recheado<br />
de precisão histórica. Editora Record, 392 páginas, 45 reais.<br />
Ca n ç ã o i ta l i a n a (SP)<br />
Sete encontros dedicados à música<br />
popular <strong>italiana</strong> compõem o<br />
curso que será realizado <strong>no</strong> IIC-<br />
SP. Ministrados em língua <strong>italiana</strong>,<br />
prevêem, entre outras coisas,<br />
a audição de trechos musicais<br />
selecionados e debate sobre<br />
a letra das músicas. As aulas começam<br />
pelas origens da música<br />
<strong>italiana</strong>, recordam o Festival de<br />
Sanremo, os a<strong>no</strong>s 60 e a contestação,<br />
seguem pelos a<strong>no</strong>s 70 e o<br />
nascimento dos cantores e compositores<br />
até chegar <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 80<br />
e 90 e <strong>no</strong> período das grandes<br />
vozes femininas. Com dez horas<br />
e 30 minutos de aulas, sempre às<br />
quartas-feiras, tem investimento<br />
de 180 reais (parcelado em até 3<br />
vezes). Até 11 de fevereiro. Rua<br />
Frei Caneca, 1071. Informações:<br />
(11) 3285 6933.<br />
click do leitor<br />
serviço<br />
endo filha de calabreses, a Calá-<br />
é roteiro certo em minhas<br />
“Sbria<br />
viagens à Itália. Nesta foto, estou na entrada<br />
do Santuário de São Francisco de<br />
Paula, um lugar que vale a pena visitar.<br />
Lá, encontramos em exposição uma bomba<br />
que em 1943 caiu ao lado do Santuário,<br />
mas que não explodiu!”<br />
Eliana Iozzi,<br />
Rio de Janeiro, RJ, por e-mail<br />
Mande sua foto comentada para esta coluna<br />
pelo e-mail: redacao@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />
Arquivo pessoal<br />
Não – 41,7%<br />
Enquete apresentada <strong>no</strong> site www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />
entre os dias 4 a 7 de <strong>no</strong>vembro.<br />
Não – 25%<br />
Enquete apresentada <strong>no</strong> site www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />
entre os dias 11 e 14 de <strong>no</strong>vembro.<br />
ERRATA: Ao contrário do publicado na matéria In partenza, o diplomata Massimo Bellelli é Salernita<strong>no</strong>.<br />
ERRATA: Al contrario di ciò che abbiamo pubblicato nel servizio In partenza, il diplomatico Massimo Bellelli è salernita<strong>no</strong>.<br />
Não – 20%<br />
Enquete apresentada <strong>no</strong> site www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />
entre os dias 14 a 18 de <strong>no</strong>vembro.<br />
cartas<br />
uma pena saber que o cônsul da Itália <strong>no</strong> Rio de Janeiro está<br />
“É indo embora. Durante esses quatro a<strong>no</strong>s, percebi o quanto ele<br />
foi influente e valorizou a cultura <strong>italiana</strong> por aqui. Como prova, tivemos<br />
as edições da Festa da República que foram ótimas. Torço para que o<br />
seu sucessor seja tão próximo das pessoas quanto o senhor Bellelli foi”.<br />
Bianca Santoro – Rio de Janeiro – RJ – por e-mail<br />
dorei a matéria sobre Paraty. A cidade é mesmo uma graça,<br />
“Atem uma rica cultura e, definitivamente, não é difícil perceber<br />
a presença da ‘<strong>italiana</strong>da’ na área. Sempre que posso viajo para o local.<br />
Um lugar cheio de história e praia. Não posso querer outra coisa além<br />
disso e tão perto de casa”.<br />
Sandra Marques – Angra dos Reis – RJ – por e-mail<br />
10 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 11
Opinione<br />
Franco Urani<br />
Opinione<br />
Ezio Maranesi<br />
eziomaranesi@terra.com.br<br />
In tempi di<br />
recessione<br />
L’ondata di insolvenze è arrivata come un immenso e inatteso<br />
tsumani, con effetti generalizzati e conseguenze imprevedibili<br />
Gli squilibri del vorticoso<br />
sviluppo uma<strong>no</strong> da tempo<br />
desta<strong>no</strong> profonde preoccupazioni.<br />
Ricordiamo di seguito<br />
alcuni effetti: la crescita incontrollabile<br />
della popolazione; le<br />
emigrazioni di masse di disperati<br />
nei paesi sviluppati; l’aumento dei<br />
divari sociali; il sorgere improvviso<br />
di nuove grandi potenze mondiali<br />
quali Cina ed India; i consumi<br />
esagerati di beni voluttuari per<br />
le pressioni del mercato e di una<br />
martellante pubblicità con pesanti<br />
indebitamenti personali; lo sfruttamento<br />
del pianeta che ormai eccede<br />
nettamente le sue possibilità<br />
di rigenerazione; gli e<strong>no</strong>rmi sprechi<br />
e l’ingente accumulo di rifiuti<br />
sempre più difficili da smaltire;<br />
l’inquinamento della terra, del cielo<br />
e la variazione ormai incontrollabile<br />
delle condizioni atmosferiche<br />
con l’elevazione della temperatura<br />
e la fusione accellerata dei<br />
ghiacci; la precarietà del lavoro; il<br />
tempo di vita umana che si allunga<br />
rapidamente grazie alle nuove<br />
tec<strong>no</strong>logie mediche (fatto di per<br />
sé positivo, ma assai oneroso per<br />
la società); la mancanza di ideali<br />
e il superamento delle tradizioni;<br />
una generalizzata politica inefficiente,<br />
corrotta e di bassissimo livello;<br />
guerre insensate ed interminabili;<br />
la droga che dilaga e debilita<br />
i <strong>no</strong>stri giovani, e si potrebbe<br />
andare avanti.<br />
E poi vi è il flagello della libera<br />
finanza globalizzata, antietica,<br />
basata sulla politica di pochi miliardari<br />
e dei loro rampanti giovani<br />
collaboratori per speculare pesantemente<br />
sulle presunte tendenze<br />
del mercato, provocando fe<strong>no</strong>meni<br />
inattesi e rapidissimi, con e<strong>no</strong>rmi<br />
applicazioni e spostamenti di<br />
capitali spesso allo scoperto; un<br />
caos senza frontiere, che ha provocato<br />
recentemente aumenti del<br />
50/100% di beni basici quali petrolio,<br />
rame, minerale di ferro,<br />
prodotti siderurgici e agricoli, che<br />
so<strong>no</strong> poi improvvisamente crollati<br />
di prezzo dallo scorso settembre,<br />
trattandosi di fe<strong>no</strong>meni prettamente<br />
speculativi.<br />
Si crea<strong>no</strong> così e<strong>no</strong>rmi masse<br />
finanziarie vaganti generate da<br />
speculatori internazionali, sceicchi,<br />
paesi tipo Cina che accumula<strong>no</strong><br />
– per politiche di lavoro e<br />
ambientali lontanissime dai livelli<br />
europei e <strong>no</strong>rdamericani – ingenti<br />
saldi nella bilancia commerciale,<br />
mentre altri paesi e la maggioranza<br />
dei piccoli e medi risparmiatori<br />
vengo<strong>no</strong> rapidamente depauperati<br />
delle loro risorse e risparmi.<br />
U<strong>no</strong> dei grossi problemi della<br />
crisi di Settembre è che so<strong>no</strong> state<br />
colpite pesantemente le banche,<br />
di cui varie di prima grandezza. Fi<strong>no</strong><br />
a qualche tempo fa, la funzione<br />
della banca era quella di raccogliere<br />
i risparmi dei cittadini, di scegliere<br />
oculatamente iniziative produttive<br />
da finanziare entro le loro<br />
possibilità, di dare ai risparmiatori<br />
un equo compenso, così come avvenuto<br />
per esempio nell´Italia del<br />
dopoguerra con la trasformazione<br />
di decine di migliaia di famiglie<br />
contadine in piccoli industriali che<br />
si so<strong>no</strong> via via consorziati e potenziati<br />
costituendo i famosi distretti<br />
industriali. L’errore recente delle<br />
banche - ed anche principale motivo<br />
delle attuali tempeste finanziarie<br />
- è stato quello di abbondare<br />
nella facile concessione dei mutui<br />
a lunga scadenza (anche trentennali)<br />
per l’agognato acquisto della<br />
casa propria, estendendoli a coloro<br />
che <strong>no</strong>n dava<strong>no</strong> sufficienti garanzie<br />
finanziarie, anche per l’ormai<br />
dilagare del lavoro precario. I bassi<br />
tassi d’interesse rendeva<strong>no</strong> apparentemente<br />
l’operazione di acquisto<br />
più conveniente dell’affitto,<br />
senza tenere conto che gli interessi<br />
era<strong>no</strong> generalmente variabili,<br />
che il boom dei mutui aveva provocato<br />
un parallelo boom immobiliare<br />
con prezzi alle stelle, che la<br />
garanzia dell’immobile spesso <strong>no</strong>n<br />
è sufficiente, sia per i tempi legali<br />
che richiede il riscatto, sia perché<br />
la retrazione del mercato provoca<br />
la riduzione di prezzo del bene pig<strong>no</strong>rato.<br />
Potendo le banche, nel<br />
liberismo e globalizzazione fi<strong>no</strong>ra<br />
vigenti, prestare molto di più di<br />
quanto possedeva<strong>no</strong>, girava<strong>no</strong> poi<br />
titoli ad organizzazioni finanziarie<br />
internazionali spesso insediate in<br />
paradisi fiscali. Con l’aumento delle<br />
inadempienze si è poi scatenato<br />
ovunque un panico, certamente<br />
eccessivo, che ha fatto scoppiare<br />
improvvisamente la cosiddetta<br />
bolla che ha scosso profondamente<br />
tutti i mercati. Gli Stati so<strong>no</strong><br />
stati costretti ad intervenire pesantemente<br />
in soccorso delle loro<br />
banche, e i risparmiatori indotti a<br />
smobilizzare i loro risparmi in borsa<br />
con crollo delle quotazioni azionarie.<br />
Nel caso del <strong>Brasil</strong>e – che<br />
aveva operato con cautela e prudenza<br />
– si è verificato l’accellerato<br />
ritiro delle applicazioni finanziarie<br />
straniere e dei lucri delle multinazionali,<br />
per far fronte alle prementi<br />
necessità dei paesi d´origine.<br />
Temendosi una flessione econ<strong>no</strong>mica,<br />
so<strong>no</strong> rapidamente crollati i<br />
prezzi delle materie prime.<br />
Difficile dire che cosa succederà,<br />
se una pausa dello sviluppo<br />
eco<strong>no</strong>mico o, più probabilmente<br />
in Europa ed America, una recessione,<br />
di chissà quale entità, che<br />
gli esperti ritengo<strong>no</strong> che durerà<br />
quanto me<strong>no</strong> fi<strong>no</strong> a tutto, o gran<br />
parte, del 2009, occorre vedere<br />
con quali conseguenze sociali. Altra<br />
incognita è se gli Stati avran<strong>no</strong><br />
disponibilità sufficienti a sostenere<br />
banche, eco<strong>no</strong>mia, disoccupazione,<br />
o se saran<strong>no</strong> costretti ad<br />
emettere carta moneta con conseguenze<br />
inflazionistiche, e questo<br />
sarebbe un altro grosso guaio.<br />
La sensazione è che siamo arrivati<br />
ad una svolta, molto pericolosa.<br />
E cioè, fermi restando i<br />
principi della libera concorrenza<br />
capitalistica, gli Stati dovrebbero<br />
disporre in un prossimo futuro<br />
dei mezzi e strutture per organizzare,<br />
orientare, <strong>incentiva</strong>re e<br />
controllare gli investimenti utili<br />
all’umanità.. Dopo l’indigestione<br />
consumistica e speculativa, dovrebbe<br />
cioè gradualmente sorgere<br />
l’UOMO NUOVO, cosciente<br />
degli autentici valori esistenziali,<br />
dell’importanza di preservare<br />
l’ambiente, dell’armoniosa convivenza<br />
in giustizia sociale, della<br />
necessità di limitare i consumi<br />
ed eliminare gli sprechi, di<br />
aumentare le sue co<strong>no</strong>scenze e<br />
qualità etica di vita. Ci conforta<br />
al riguardo l’elezione del 4/11<br />
alla presidenza degli Stati Uniti<br />
- massima potenza eco<strong>no</strong>mica,<br />
principale responsabile dei <strong>no</strong>stri<br />
progressi e problemi - di Barack<br />
Obama, che potrebbe rappresentare<br />
– per età, razza, umili origini,<br />
programmi – l’inizio dell’era<br />
che auspichiamo.<br />
Sog<strong>no</strong> di<br />
una <strong>no</strong>tte di<br />
quasi estate<br />
Il costo delle riforme: perdere le elezioni<br />
Primavera 2013: elezioni<br />
politiche in arrivo. Berlusconi,<br />
che crede poco ai<br />
sondaggi degli altri, lapis<br />
in ma<strong>no</strong>, fa i suoi conti. Esamina,<br />
una per una, le riforme fatte<br />
durante il quinquennio di gover<strong>no</strong>.<br />
Aveva deciso nel 2008, con<br />
l’aiuto di Tremonti, di raddrizzare<br />
i conti pubblici. Aveva anche<br />
letto “La Casta” e “La Deriva”, i<br />
due libri di G.Stella e S.Rizzo che<br />
racconta<strong>no</strong> le incredibili demenziali<br />
forme di sperpero del danaro<br />
pubblico, e aveva deciso di intervenire<br />
sulle vergog<strong>no</strong>se situazioni<br />
di privilegio di cui <strong>no</strong>n pochi<br />
italiani godeva<strong>no</strong>. Situazioni che<br />
si era<strong>no</strong> sedimentate nel tempo,<br />
legalmente e illegalmente, difficili<br />
da rimuovere perché la legge,<br />
o le abitudini, o i sindacati, o le<br />
mafie, o le caste, ecc. le aveva<strong>no</strong><br />
pietrificate e rese inattaccabili.<br />
Sapeva di poter soltanto “iniziare”<br />
un processo: solo un cambio<br />
generazionale avrebbe digerito il<br />
risanamento della palude. Sapeva<br />
anche che toccare gli ingiusti privilegi<br />
di alcuni milioni di italiani<br />
che gli aveva<strong>no</strong> dato il voto voleva<br />
dire rischiare il posto, ma pensò<br />
che valeva la pena tentare.<br />
Iniziò con la scuola. L’università<br />
era la parte cruciale. Baronie,<br />
clientelismo, migliaia di sedi e di<br />
cattedre inutili: un fronte potente<br />
che drenava soldi pubblici e<br />
impediva una ricerca seria e impegnata.<br />
Un fronte che mobilitò<br />
le piazze: la sinistra studentesca<br />
sempre e comunque contro,<br />
contro persi<strong>no</strong> i propri interessi<br />
degli studenti. La riforma riuscì,<br />
ma Berlusconi perse voti. Pensò<br />
poi alla previdenza sociale. Aveva<br />
fatto passare, tra e<strong>no</strong>rmi difficoltà,<br />
l’aumento dell’età pensionabile<br />
per evitare la bancarotta<br />
dell’INPS. Aveva fatto cancellare<br />
migliaia di pensioni di invalidità<br />
fasulle e ridimensionare migliaia<br />
di pensioni “dorate”. Ottenne un<br />
successo parziale – le leggi e<br />
i sindacati <strong>no</strong>n permisero di fare<br />
meglio – ma perse molti voti.<br />
Tentò allora di far pagare le tasse<br />
a chi <strong>no</strong>n le pagava. Fu una lotta<br />
durissima e i successi furo<strong>no</strong><br />
modesti, ma si era dato inizio ad<br />
un processo che avrebbe potuto<br />
cambiare la società. Gli evasori<br />
era<strong>no</strong> milioni, ed era<strong>no</strong> tutti voti<br />
persi. Volle la modernizzazione<br />
della pubblica amministrazione:<br />
costrinse i fannulloni a lavorare,<br />
soppresse migliaia di enti inutili,<br />
premiò il merito. L’efficienza dei<br />
servizi migliorò, ma aveva perso<br />
un altro mezzo milione di voti.<br />
Affrontò a muso duro i molti NO-<br />
TAV che diceva<strong>no</strong> <strong>no</strong> alle opere di<br />
infrastruttura: vinse molte battaglie<br />
e perse altri voti. Molte riforme<br />
si fecero e altri voti si persero;<br />
feriva<strong>no</strong> privilegi ritenuti<br />
sacrosanti.<br />
In altre campi i risultati furo<strong>no</strong><br />
modestissimi: per esempio<br />
<strong>no</strong>n era stato ridotto il numero<br />
dei politici ed il loro costo. Sarebbe<br />
stata infatti necessaria<br />
la partecipazione di tutto l’arco<br />
parlamentare per modificare la<br />
Costituzione, e nulla fu fatto.<br />
Poco migliorò l’efficienza della<br />
magistratura, e <strong>no</strong>n si fan<strong>no</strong> riforme<br />
profonde senza il supporto<br />
efficiente della legge. Le varie<br />
camorre continuaro<strong>no</strong> a prosperare;<br />
leggi se ne fecero, ma il<br />
cancro rimase. È un problema di<br />
cultura e di coscienze.<br />
Berlusconi fece il conto di<br />
quanti voti gli restava<strong>no</strong>: circa<br />
una ventina, tra cui il suo. Le elezioni<br />
era<strong>no</strong> perse, ma <strong>no</strong>n le speranze,<br />
<strong>no</strong><strong>no</strong>stante la modestia dei<br />
risultati. Alme<strong>no</strong> ci aveva provato.<br />
Decise di ritirarsi dalla politica.<br />
Nel 2035 una nuova Italia gli<br />
dedicherà un monumento.<br />
Al risveglio dal sog<strong>no</strong>, in<br />
quel matti<strong>no</strong> di quasi estate del<br />
<strong>no</strong>vembre 2008, scorsi come di<br />
costume i giornali italiani in internet.<br />
Sciopero delle università,<br />
sciopero dei piloti Alitalia, le solite<br />
dichiarazioni inutili dei politici,<br />
quelle idiote degli intellettuali<br />
alla Camilleri, quelle distruttive<br />
dei giornalisti alla Travaglio, casi<br />
di mafia e di mala-sanità, la difficile<br />
quadratura dei conti pubblici<br />
e privati, il conservatorismo dei<br />
<strong>no</strong>stri sindacati mesozoici. Normale<br />
amministrazione. Mi chiedo,<br />
ma è una domanda superflua,<br />
se <strong>no</strong>n sia la sinistra progressista<br />
che adori il <strong>no</strong>stro immobilismo. È<br />
chiaro che c’è bisog<strong>no</strong> di un’azione<br />
forte di gover<strong>no</strong> per cambiare<br />
l’Italia. E c’è bisog<strong>no</strong> che cambi<strong>no</strong><br />
le coscienze degli italiani. Ci<br />
vuole poi un condottiero che guidi<br />
il processo e che accetti di perdere<br />
le prossime elezioni. Dubito<br />
che Berlusconi abbia la vocazione<br />
del martire.<br />
12<br />
C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008
Opinione<br />
Fabio Porta<br />
fabioporta@fabioporta.com<br />
Il mondo cambia<br />
L’elezione di Barack Obama e la speranza di un nuovo mondo all’insegna del multilateralismo. La grande<br />
aspettativa e l’interesse che in Italia e in <strong>Brasil</strong>e han<strong>no</strong> accompagnato questo storico avvenimento<br />
Mentre stringevo la ma<strong>no</strong><br />
al Presidente <strong>Lula</strong>, qui<br />
a Roma a pochi giorni<br />
dall’elezione di Barack<br />
Obama a Presidente degli Stati<br />
Uniti d’America, pensavo tra me e<br />
me: “Questo secolo è iniziato con<br />
l’elezione di un metalmeccanico<br />
<strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong> a Presidente della Repubblica<br />
del <strong>Brasil</strong>e e adesso prosegue<br />
con un afro-america<strong>no</strong> per<br />
la prima volta Presidente della<br />
più grande potenza mondiale:<br />
forse <strong>no</strong>n è soltanto u<strong>no</strong> slogan<br />
continuare a dire che ‘un nuovo<br />
mondo è possibile’!”<br />
La vittoria di Obama è sicuramente<br />
un evento di portata storica<br />
straordinaria, e per capirlo<br />
basta osservare l’effetto, <strong>no</strong>n soltanto<br />
mediatico, della sua elezione<br />
in tutto il mondo. Il mondo<br />
africa<strong>no</strong>, l’Asia ed il medio-oriente,<br />
l’Europa e il Sudamerica han<strong>no</strong><br />
seguito come <strong>no</strong>n accadeva da<br />
anni l’andamento e l’esito della<br />
campagna elettorale americana.<br />
Gli otto pe<strong>no</strong>si anni del Presidente<br />
George Bush, segnati dalla<br />
disastrosa guerra in Irak e terminati<br />
con una delle più gravi crisi<br />
finanziarie mondiali dopo il crollo<br />
delle borse del 1929, sembrava<strong>no</strong><br />
diventati un macig<strong>no</strong> capace<br />
di chiudere e mortificare definitivamente<br />
le speranze di un mondo<br />
nuovo, all’insegna di un multilateralismo<br />
in grado di superare<br />
l’unilateralismo america<strong>no</strong> rafforzatosi<br />
dopo il crollo del sistema<br />
sovietico che aveva caratterizzato<br />
la fine del secolo scorso.<br />
La voglia di cambiamento, divenuta<br />
in questi ultimi mesi quasi<br />
un imperativo categorico, ha<br />
così accompagnato e portato al<br />
trionfo elettorale Barack Obama,<br />
sospinto dalla forza delle nuove<br />
generazioni bianche, dagli ispanici<br />
e dagli afro-americani, come<br />
anche da milioni di ‘tifosi’ che<br />
a qualsiasi latitudine della terra<br />
han<strong>no</strong> sperato e creduto fortemente<br />
in un cambiamento capace<br />
di incidere anche su u<strong>no</strong> scenario<br />
internazionale così trasformatosi<br />
in questi ultimi anni.<br />
Torniamo a <strong>Lula</strong>. Nel corso<br />
del G20 dei Presidenti delle<br />
Banche Centrali e dei Ministri<br />
dell’Eco<strong>no</strong>mia, il Presidente brasilia<strong>no</strong><br />
ha chiesto a gran voce “nuove<br />
regole per governare la crisi” e<br />
soprattutto “una nuova architettura<br />
finanziaria” in grado di dare<br />
peso e voce ai Paesi emergenti come<br />
anche a quelli in via di sviluppo.<br />
Anche questa è una richiesta<br />
di cambiamento ormai <strong>no</strong>n più<br />
eludibile e prorogabile. Il prossimo<br />
an<strong>no</strong> saran<strong>no</strong> le eco<strong>no</strong>mie del<br />
BRIC (<strong>Brasil</strong>e, Russia, India e Cina)<br />
a sospingere l’eco<strong>no</strong>mia mondiale;<br />
tutti gli altri Stati avanzati affronteran<strong>no</strong><br />
la recessione mondiale. Un<br />
dato come questo è sufficiente per<br />
spiegare l’entità di una vera e propria<br />
‘rivoluzione’, che in pochi anni<br />
ha sconvolto il sistema internazionale<br />
e per motivare la necessità di<br />
un nuovo ordine mondiale in grado<br />
di regolare i processi eco<strong>no</strong>micofinanziari,<br />
a partire dal commercio<br />
internazionale, ancora eccessivamente<br />
e ingiustamente ingessato<br />
da blocchi e protezioni volute<br />
da quelli che una volta consideravamo<br />
i paesi ricchi (e che adesso<br />
<strong>no</strong>n lo so<strong>no</strong> più tanto, mentre altri<br />
attori eco<strong>no</strong>mici si so<strong>no</strong> affacciati<br />
sulla scena mondiale).<br />
È per queste ragioni che<br />
l’elezione del nuovo Presidente<br />
degli Stati Uniti è un avvenimento<br />
storico, che va al di là delle<br />
semplici considerazioni di politica<br />
interna americana, ma anche<br />
al di là delle ovvie ricadute internazionali<br />
dell’insediamento di un<br />
nuovo inquili<strong>no</strong> alla Casa Bianca.<br />
Vista dall’Italia l’elezione di<br />
Obama ha sicuramente un significato<br />
particolare: proprio in questi<br />
mesi il <strong>no</strong>stro Paese è alle prese<br />
con una crisi eco<strong>no</strong>mica che <strong>no</strong>n<br />
ha precedenti nel dopoguerra.<br />
Al tempo stesso il grande<br />
flusso di immigrati, quasi sempre<br />
giunti in Italia per fare lavori che<br />
i <strong>no</strong>stri connazionali <strong>no</strong>n fan<strong>no</strong><br />
più, ha fatto crescere in maniera<br />
preoccupante episodi di razzismo<br />
e inciviltà. L’attuale gover<strong>no</strong><br />
ha spesso “soffiato sul fuoco”,<br />
sfruttando demagogicamente tale<br />
xe<strong>no</strong>fobia e alimentando sentimenti<br />
di odio razziale attraverso<br />
precise misure legislative (le<br />
impronte digitali per schedare i<br />
bambini rom, le classi separate<br />
per immigrati…).<br />
Le infelici ‘battute’ del Presidente<br />
Berlusconi sul neo-Presidente<br />
degli Stati Uniti “bello, giovane<br />
e… abbronzato” <strong>no</strong>n migliora<strong>no</strong><br />
di certo tale situazione e, come<br />
ha giustamente detto la figlia<br />
di Bob Kennedy, “so<strong>no</strong> un pessimo<br />
esempio per l’Italia che ha problemi<br />
di integrazione etnica”.<br />
So<strong>no</strong> tante quindi le ragioni<br />
che ci spingo<strong>no</strong> a guardare con<br />
speranza e fiducia all’America del<br />
21 gennaio 2009, data della celebrazione<br />
ufficiale di insediamento<br />
del Presidente Barack Obama<br />
alla Casa Bianca.<br />
“Il mondo cambia” si leggeva<br />
su un manifesto affisso in tutta<br />
Italia all’indomani delle storiche<br />
elezioni americane. Il <strong>no</strong>stro augurio<br />
è che questo cambiamento<br />
sia seguito dalla costruzione di un<br />
nuovo modello di relazioni internazionali,<br />
fondato su un reale multilateralismo<br />
e su una corretta ed<br />
equa integrazione dei sistemi eco<strong>no</strong>mici<br />
e commerciali; un modello<br />
in grado di dare nuovo slancio alle<br />
eco<strong>no</strong>mie in recessione dei Paesi<br />
avanzati, ma anche di sostenere la<br />
crescita dei Paesi emergenti.<br />
Solo da questo positivo ‘choc’<br />
potrà nascere il ‘mondo nuovo’<br />
che tutti auspichiamo, capace di<br />
integrare sempre più i Paesi in<br />
via di sviluppo, oggi terribilmente<br />
e inevitabilmente ai margini<br />
di un sistema finanziario internazionale<br />
interessato soltanto a<br />
‘salvare il salvabile’ e <strong>no</strong>n più in<br />
grado di dare risposte credibili al<br />
futuro del sistema politico-eco<strong>no</strong>mico<br />
mondiale.<br />
Molto grande<br />
In piena turbolenza provocata dalla crisi eco<strong>no</strong>mica mondiale,<br />
due delle maggiori banche private brasiliane, Itaú e Unibanco,<br />
han<strong>no</strong> annunciato il mese scorso la fusione delle loro operazioni.<br />
La transazione è risultata nella creazione della maggior banca<br />
dell’America Latina, con attivi totali di 575,1 miliardi di reais. Il<br />
valore di mercato della nuova banca sarebbe di circa 40 miliardi<br />
di dollari. Ciò fa sì che l’Itaú Unibanco Holding occupi il quarto<br />
posto nel ranking di imprese lati<strong>no</strong>americane, dopo le brasiliane<br />
Petrobras e Vale, e la messicana América Móvil.<br />
Appena grande<br />
Dopo sei mesi di negoziati, il Banco do <strong>Brasil</strong> ha acquisito il<br />
71,25% del controllo azionario della Nova Caixa, banca statale<br />
di São Paulo. È stato un affare di 5,3 miliardi di reais. È stato<br />
un ulteriore passo del Banco do <strong>Brasil</strong> per riconquistare la leadership<br />
del mercato dopo aver perso la posizione dovuto alla fusione<br />
dell’Itaú con l’Unibanco. Lo stesso presidente <strong>Lula</strong> si è impegnato<br />
a rendere fattibile l’affare insieme al governatore José Serra. L’affare<br />
rafforza del 12% il totale di attivi del Banco do <strong>Brasil</strong>, che<br />
passa a 512,4 miliardi di reais. I<strong>no</strong>ltre aumenta del 15% il volume<br />
di affari totali: 264 miliardi di reais. Malgrado ciò il Banco do <strong>Brasil</strong><br />
rimane ancora l’11% mi<strong>no</strong>re dell’ Itaú Unibanco Holding.<br />
Missione SP 1<br />
In contemporanea alla visita del presidente Luiz Inácio <strong>Lula</strong> da<br />
Silva a Roma ha avuto luogo la missione guidata dal governatore<br />
mineiro Aécio Neves in Piemonte. Il vice governatore di São<br />
Paulo e segretario di Desenvolvimento Alberto Goldman è rimasto<br />
sei giorni nelle Marche. È andato a co<strong>no</strong>scere i sistemi produttivi<br />
locali insieme ad imprenditori e rappresentanti di città<br />
che compongo<strong>no</strong> gli Arranjos Produtivos Locais (APLs) del settore<br />
mobiliero nello stato (Mirassol, Votuporanga e Regione Metropolitana).<br />
Goldman si è recato nel Centro Tec<strong>no</strong>logico per il settore<br />
mobiliero delle Marche (Cosmob), che riunisce piccole e medie<br />
imprese mobiliere e conta su un moder<strong>no</strong> centro di ricerche che<br />
analizza e certifica materiali e prodotti.<br />
Missione SP 2<br />
La delegazione paulista è anche passata da Como, città vicina<br />
a Mila<strong>no</strong>, dove ha visitato il distretto industriale della seta e<br />
un centro incubatore di imprese a Sesto San Giovanni.<br />
— L’Italia ha già una cultura di piccole e medie imprese e di<br />
sistemi produttivi, per questo qui l’iniziativa è totalmente privata.<br />
A São Paulo il gover<strong>no</strong> dello stato dovrà dare la prima spinta<br />
fi<strong>no</strong> a quando questi APLs potran<strong>no</strong> camminare da soli, in perfetta<br />
collaborazione tra le imprese coinvolte — segnala Goldman.<br />
Caffè<br />
La crisi eco<strong>no</strong>mica che scuote il mondo <strong>no</strong>n altererà i piani<br />
della Lavazza in <strong>Brasil</strong>e. Lo afferma il direttore dell’azienda<br />
in <strong>Brasil</strong>e, Massimo Locatelli. Secondo lui, la torrefazione <strong>italiana</strong><br />
vuole inaugurare una fabbrica propria di cialde di caffè espresso<br />
nell’asse Rio-São Paulo, sulla Via Dutra, entro la fine del 2010. Sarà<br />
la prima unità dell’azienda fuori dall’Italia. La nuova fabbrica<br />
darà impiego diretto a cento persone.<br />
Dicembre è il mese dell’avvento,<br />
dei giorni dell’attesa, per<br />
i cristiani u<strong>no</strong> dei momenti più<br />
importanti, l’avvento del Messia,<br />
figlio di Dio.<br />
Quest’an<strong>no</strong> il sentimento<br />
dell’attesa di un nuovo messia<br />
pervade il mondo laico.<br />
L’avvento al potere del primo<br />
presidente suntanned degli Stati<br />
Uniti è caricato d’aspettative<br />
mirabolanti, a Barak Obama si<br />
attribuisce la capacità di risolvere<br />
tutte le questioni più spi<strong>no</strong>se<br />
sul tavolo della politica mondiale,<br />
accompagnate dalla crisi<br />
dell’eco<strong>no</strong>mia statunitense.<br />
L’attesa durerà fi<strong>no</strong> al venti<br />
gennaio, data dell’investitura<br />
ufficiale, della reale presa<br />
del potere, e sarebbe bene che<br />
il clima d’euforia si moderasse,<br />
perché Obama <strong>no</strong>n è figlio di<br />
Dio, è semplicemente un esponente<br />
del Partito Democratico<br />
america<strong>no</strong>, arrivato al potere,<br />
<strong>no</strong>n per unzione divina, ma grazie<br />
alla macchina organizzativa<br />
del suo partito, alle ricchissime<br />
donazioni dei settori industriali<br />
a questi legati e alla volontà del<br />
popolo america<strong>no</strong>.<br />
Il grande merito della sua<br />
vittoria è certamente nel fatto<br />
di aver ridato agli USA il primato<br />
dei valori occidentali, in<strong>no</strong>vando<br />
soprattutto quello dell’uguaglianza,<br />
dimostrando che <strong>no</strong>n solo<br />
può arrivare al potere un cittadi<strong>no</strong><br />
delle classi più povere,<br />
si pensi a <strong>Lula</strong>,<br />
ma anche chi proviene<br />
da un’etnia<br />
emarginata e che<br />
fu schiava, cresciuto<br />
<strong>no</strong>n nel territorio<br />
metropolita<strong>no</strong>,<br />
ma nelle<br />
Hawaii e poi in<br />
Indonesia.<br />
Obama sa<br />
perfettamente<br />
che l’elettorato<br />
negro è solo<br />
<strong>no</strong>tizie / articolo<br />
La finestra<br />
Daniele Mengacci<br />
danielemengacci@pwz.com.br<br />
Nu ovo Messia<br />
il 12%, ad eleggerlo so<strong>no</strong> stati gli<br />
esponenti della etnia che ha sempre<br />
dominato l’eco<strong>no</strong>mia e il potere<br />
negli USA, l’establishment WASP<br />
(white, anglosaxon,protestant),<br />
salvo la parentesi Kennedy, che<br />
era cattolico.<br />
Tanto lo sa che, ancor prima<br />
del suo insediamento, ha chiesto<br />
a Bush di destinare risorse al sosteg<strong>no</strong><br />
dell’industria automobilistica<br />
americana, richiesta ortodossa<br />
per un Democratico, isolazionista<br />
e con poca simpatia per<br />
il liberismo.<br />
La <strong>no</strong>vità Obama si confermerà<br />
tale <strong>no</strong>n solo se saprà ridefinire<br />
la presenza militare degli<br />
alleati in Iran e Afganistan, se<br />
saprà riportare gli USA sulla via<br />
del rispetto della legalità e dei<br />
diritti umani , e ha già annunciato<br />
la chiusura delle ig<strong>no</strong>bili prigioni<br />
segrete di Guantanamo.<br />
Soprattutto potrà dare nuovo<br />
impulso all’eco<strong>no</strong>mia mondiale<br />
concordando con la ridefinizione<br />
delle regole dei mercati finanziari<br />
e la riforma degli organismi internazionali.<br />
Tutti i paesi più importanti<br />
concorda<strong>no</strong> in allargare i vari G7,<br />
G8, G20 alle potenze emergenti,<br />
ormai più che sviluppate.<br />
L’Italia ne ha rico<strong>no</strong>sciuto<br />
perfi<strong>no</strong> la necessità, espressa dal<br />
Capo del Gover<strong>no</strong> nel suo incontro<br />
con il presidente<br />
<strong>Lula</strong>, che di<br />
questa necessità<br />
è stato il primo<br />
difensore.<br />
Obama ha<br />
dunque nelle<br />
mani, grazie<br />
ad un’insolita<br />
congiuntura di crisi<br />
e d’opportunità, di volontà<br />
politiche positive dei suoi<br />
partners, e grazie alla sua personalità<br />
carismatica e determinata,<br />
la possibilità di<br />
costruire un Mundo Novo<br />
et Mirabilis.<br />
Divulgação<br />
14 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 15
ROMA<br />
politica<br />
Vi<strong>no</strong> <strong>no</strong>vello<br />
Ditirambo<br />
Lisomar Silva<br />
Chegou a hora dos vinhos <strong>no</strong>velli, os primeiros<br />
oferecidos após a vindima do período<br />
agosto-setembro. No início de <strong>no</strong>vembro, esses<br />
“jovens” começam a chegar nas prateleiras das<br />
e<strong>no</strong>tecas, restaurantes e supermercados. Têm<br />
uma relação qualidade-preço muito conveniente<br />
para o consumidor. O único cuidado é que<br />
devem ser consumidos até o início de março.<br />
São bebidas que exprimem o aroma em pureza<br />
de muitas tipologias de uvas de boa qualidade,<br />
sem a grande estrutura complexa dos vinhos que<br />
se afinam por mais tempo <strong>no</strong>s tonéis, silos ou<br />
garrafas. A fermentação rápida das uvas inteiras<br />
produz uma cor viva, com tonalidades diferenciadas<br />
de púrpura e um sabor que caracteriza<br />
um aroma fresco e forte. O vi<strong>no</strong> <strong>no</strong>vello italia<strong>no</strong><br />
entra em concorrência direta com o boujolais<br />
<strong>no</strong>uveaus francês, presente <strong>no</strong> mercado desde<br />
1934. Atualmente, a produção <strong>italiana</strong> chega a<br />
cerca de 15 milhões de garrafas, incluindo 60<br />
etiquetas com De<strong>no</strong>minação de Origem (DO) e<br />
mais de 160 catalogadas na categoria pertencente<br />
à Indicação Geográfica Típica (IGT).<br />
Outra boa opção para degustar <strong>no</strong>velli<br />
é o Ditirambo. <strong>Na</strong> antiga Grécia, Ditirambo<br />
era o <strong>no</strong>me de uma coreografia<br />
feita de dança e canto em homenagem ao<br />
deus Dionísio, ou Baco para os roma<strong>no</strong>s.<br />
<strong>Na</strong> Roma atual, Ditirambo é um restaurante<br />
nas proximidades das frisantes praças<br />
Farnese e Campo de’ Fiore. O chefe Piero<br />
Zanni vem da região Molise e sugere<br />
pratos da cozinha tradicional <strong>italiana</strong> com<br />
técnicas orientais de preparação temperada<br />
com um precioso toque de criatividade.<br />
Zanni não gosta muito de se resignar à rotina,<br />
por isso cada mês tem seu cardápio<br />
re<strong>no</strong>vado. As entradas à base de delicadas<br />
flores de abóbora com ricota bufalina e o<br />
souflé de peras com queijo gorgonzola e<br />
vinagre balsâmico são imperdíveis. Serviço:<br />
Ditirambo - Piazza della Cancelleria,<br />
75, 00186 – Roma. Fecha às segundasfeiras<br />
<strong>no</strong> almoço. Preço da refeição com<br />
bebidas a partir de 35 euros por pessoa.<br />
E<strong>no</strong>teca<br />
Regionale<br />
Palatium<br />
Alguns lugares, em Roma, são particularmente<br />
recomendados para se<br />
degustar um bom vi<strong>no</strong> <strong>no</strong>vello. Eles<br />
acompanham muito bem um prato de lasanha<br />
ou uma carne grelhada. A E<strong>no</strong>teca Regionale<br />
Palatium a poucos passos da Piazza<br />
di Spagna, <strong>no</strong> centro histórico de Roma,<br />
é o cartão de visitas da melhor produção<br />
vinícola e gastronômica da região Lazio.<br />
Gelato<br />
Aqui você poderá conhecer os principais<br />
vinhos brancos e tintos das produções mais<br />
tradicionais e as últimas <strong>no</strong>vidades da estação.<br />
Se estiver em companhia de amigos,<br />
vale a pena pedir uma garrafa inteira. Caso<br />
contrário, a e<strong>no</strong>teca propõe uma boa oferta<br />
em vinhos consumíveis por copo, a partir<br />
de 5 euros. Além disso, não perca o prazer<br />
de provar os pratos que o chefe napolita<strong>no</strong><br />
Severi<strong>no</strong> Gaiezza prepara com ingredientes<br />
regionais como a ricota romana, as castanhas<br />
de outo<strong>no</strong> e inver<strong>no</strong> e os produtos suí<strong>no</strong>s<br />
como as salsichas de Monte Biagio e o<br />
Presunto de Bassia<strong>no</strong>. Serviço: E<strong>no</strong>teca Regionale<br />
Palatium - Via Frattina, 94, 00184<br />
– Roma. Fecha aos domingos<br />
Preço de refeição com bebidas a partir<br />
de 35 euros por pessoa.<br />
Passear <strong>no</strong> romântico (e às<br />
vezes rumoroso) bairro de<br />
Trastevere é uma festa. Basta<br />
caminhar por vielas ladeadas<br />
por prédios antigos, forrados<br />
de hédera e buganvílias coloridas.<br />
Esse bairro, hoje muito<br />
na moda em termos de turismo,<br />
ainda conserva confeitarias<br />
e sorveterias com a melhor<br />
produção artesanal da cidade.<br />
O sorvete, mais que um produto<br />
típico do verão, passou a<br />
ser considerado, na Itália, um<br />
alimento nutritivo válido durante<br />
todo o a<strong>no</strong>, mesmo <strong>no</strong>s<br />
períodos de clima frio. É ótimo<br />
para substituir com prazer<br />
o almoço ou jantar.<br />
A sorveteria artesanal Alla<br />
Scala oferece cerca de 20 sabores<br />
originais de sorvetes à<br />
base de frutas frescas ou de<br />
cremes. Tudo é preparado sem<br />
conservantes, portanto deve<br />
ser consumido em pouquíssimo<br />
tempo. As porções em casquinha<br />
ou copinhos custam a<br />
partir de 2 euros. Saboreá-los<br />
é uma delícia, uma experiência<br />
inesquecível! Serviço: Gelateria<br />
Artigianale Alla Scala - Via<br />
della Scala, 51, 00153 – Roma.<br />
Fecha às segundas-feiras.<br />
Italia che vieni,<br />
Italia che vai<br />
L’an<strong>no</strong> solare volge al termine ed è tempo di tirare le somme,<br />
fare un bilancio di ciò che è stato il 2008 e farne u<strong>no</strong> preventivo<br />
come succede per tutte le attività dell’an<strong>no</strong> che verrà.<br />
Un martedì mattina di fine<br />
autun<strong>no</strong> italia<strong>no</strong>. Fare<br />
un bilancio, un rendiconto<br />
<strong>no</strong>n è mai semplice.<br />
In fondo lo dice la parola stessa:<br />
è confrontare complessivamente<br />
gli aspetti positivi o negativi<br />
di una situazione in un contesto<br />
ben preciso. Bene, proprio per la<br />
vastità degli argomenti che sarebbero<br />
da trattare ne esaminerò<br />
due in particolare, che ritengo<br />
sia<strong>no</strong> gli elementi cardine, il motore<br />
e il guidatore di una macchina<br />
chiamata paese: eco<strong>no</strong>mia<br />
e politica.<br />
Il 2008 è iniziato all’insegna<br />
del gover<strong>no</strong> Prodi e si concluderà<br />
con il gover<strong>no</strong> Berlusconi. Il<br />
primo, già traballante a gennaio,<br />
ha dovuto cedere alle diatribe<br />
interne fi<strong>no</strong> alla resa e alle<br />
elezioni anticipate; il secondo è<br />
ben saldo con la sua maggioranza<br />
che fa pensare ad un gover<strong>no</strong><br />
duraturo e senza scossoni. È<br />
stato un cambiamento naturale e<br />
democratico che nasconde al suo<br />
Giorda<strong>no</strong> Iapalucci<br />
Correspondente • Firenze<br />
inter<strong>no</strong> alcuni aspetti da analizzare<br />
in maniera più approfondita.<br />
La sinistra ha dimostrato tutti i<br />
limiti di una coalizione troppo<br />
variegata al suo inter<strong>no</strong>, tale da<br />
ritrovarsi nel suo pentolone oltre<br />
ai Democratici di Sinistra i popolari<br />
dell’Udeur (partito di cattolici<br />
democratici e di laici riformisti)<br />
con Rifondazione Comunista<br />
e ben atri sette partiti tra moderati,<br />
laici, cattolici e radicali.<br />
Stare al potere inevitabilmente<br />
porta a concludere compromessi<br />
tra settori eco<strong>no</strong>mici e<br />
sociali che <strong>no</strong>n so<strong>no</strong> stati certo<br />
considerati soddisfacenti per alcuni<br />
settori della sinistra radicale,<br />
come anche per alcuni moderati<br />
popolari. La decisione poi<br />
da parte del Partito Democratico<br />
(PD) di correre alle prossime elezioni<br />
da solo senza alleati è stata<br />
la goccia che ha fatto traboccare<br />
il vaso. Ma far cadere un gover<strong>no</strong><br />
di sinistra pur di piccarsi su questioni<br />
importanti, ma certamente<br />
marginali nel contesto macroecomico<br />
italia<strong>no</strong>, voleva dire spianare<br />
la strada alla destra, come in<br />
effetti è stato. La sconfitta della<br />
sinistra si è tradotta nell’uscita<br />
dalla scena politica della sinistra<br />
radicale, che per la prima volta<br />
dal dopoguerra vede i propri<br />
esponenti fuori dalle sedute parlamentari.<br />
C’è chi ritene di essere<br />
più capace a fare opposizione<br />
che stare tra i banchi del potere<br />
e questa volta l’ha pagata cara:<br />
fare opposizione fuori dai centri<br />
nevralgici istituzionali è, né più<br />
né me<strong>no</strong>, paragonabile ad una<br />
discussione al bar dell’angolo.<br />
Si è così delineato un fatto<br />
del tutto nuovo sulla scena politica<br />
<strong>italiana</strong>: il nuovo Parlamento<br />
eletto ad aprile ha visto<br />
soltanto 6 partiti aggiudicarsi<br />
i seggi disponibili. Quel paese<br />
chiamato Italia, tanto accusato<br />
di essere u<strong>no</strong> sforna-partiti,<br />
ha così contraddetto e sorpreso<br />
un po’ tutti. La tanto agognata<br />
stabilità è così arrivata. Ma una<br />
medaglia ha pur sempre un’altra<br />
faccia. Quale sarà dunque il suo<br />
prezzo? Una mi<strong>no</strong>re rappresentanza<br />
democratica sicuramente.<br />
Ma <strong>no</strong>n finisce qui. In questi ultimi<br />
tempi si sta assistendo ad<br />
una riattivazione degli anticorpi<br />
sociali come è successo nei mesi<br />
di ottobre e <strong>no</strong>vembre, quando<br />
la stragrande maggioranza delle<br />
università italiane ha fatto fronte<br />
comune nella lotta alla privatizzazione<br />
delle stesse al di là di<br />
un collante politico.<br />
Ma se il cambio c’è stato nel<br />
conducente della “Macchina Italia”,<br />
nessun mutamento, trasformazione<br />
o in<strong>no</strong>vazione si è ravvisata<br />
per ciò che è il motore, ovvero<br />
l’eco<strong>no</strong>mia. Il prodotto inter<strong>no</strong><br />
lordo (PIL) italia<strong>no</strong> è sempre andato<br />
a scendere in questi ultimi<br />
12 mesi. Dopo le ultime previsioni<br />
sempre al ribasso, proprio agli<br />
inizi di <strong>no</strong>vembre il Fondo Monetario<br />
Internazionale (FMI) ha annunciato<br />
che l’eco<strong>no</strong>mia <strong>italiana</strong><br />
si contrarrà dello 0,2% nel 2008<br />
e dello 0,6% nel 2009: si tratta<br />
della prima contrazione dal dopoguerra<br />
ad oggi. Se quindi da<br />
un lato si subisce la congiuntura<br />
eco<strong>no</strong>mica internazionale aiutata<br />
anche da “un basso potenziale<br />
di crescita e da problemi strutturali”<br />
come ha spiegato il numero<br />
due del dipartimento eco<strong>no</strong>mico<br />
del Fmi, Jorge Decressin, dall’altro<br />
lato l’Italia si trova in una<br />
condizione migliore rispetto ad<br />
altri partner europei dovuto anche<br />
ad un sistema bancario me<strong>no</strong><br />
colpito. Me<strong>no</strong> colpito sì, ma che<br />
ha goduto dell’innegabile aiuto<br />
del gover<strong>no</strong> con la ma<strong>no</strong>vra di intervento<br />
dello Stato a sosteg<strong>no</strong><br />
delle banche stesse. Ed è forse<br />
in questo punto nevralgico di<br />
tutta la crisi finanziaria mondiale,<br />
poggiata sull’eco<strong>no</strong>mia neoliberale,<br />
che esiste un elemento<br />
tanto importante quanto il<br />
crollo dell’eco<strong>no</strong>mia comunista:<br />
la fragilità del mercato lasciato<br />
completamente assente da regole<br />
e da un arbitro al di sopra<br />
delle parti chiamato “Stato”. Un<br />
elemento quest’ultimo considerato<br />
di troppo e lasciato anche<br />
fin troppo in disparte, ma che al<br />
momento necessario, quando è<br />
servito, si è ritirato fuori in fretta<br />
e furia. U<strong>no</strong> stato che riappare<br />
per le banche che virtuose<br />
<strong>no</strong>n so<strong>no</strong> state e che al posto di<br />
risparmiatori vedeva<strong>no</strong> solo banco<strong>no</strong>te<br />
con la scritta euro. U<strong>no</strong><br />
stato che riappare sì, ma senza<br />
le spoglie sociali dell’educazione<br />
e della sanità che so<strong>no</strong> di un<br />
tempo ormai passato.<br />
16 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 17
política<br />
Upúblico cercada de<br />
Uma pessoa calma que<br />
só se movimenta em<br />
assessores. Assim<br />
se mostrou a ministra <strong>italiana</strong><br />
das Oportunidades Iguais, Mara<br />
Carfagna, durante sua passagem<br />
pelo Rio de Janeiro, mês passado.<br />
Ela veio ao <strong>Brasil</strong> para participar<br />
do III Congresso Mundial de<br />
Enfrentamento da Exploração<br />
Sexual de Crianças e Adolescentes<br />
que reuniu representantes de<br />
cerca de cem países.<br />
Da programação da ministra,<br />
que ficou cinco dias <strong>no</strong> Rio,<br />
também fez parte uma visita ao<br />
Centro Educacional Cantinho da<br />
<strong>Na</strong>tureza <strong>no</strong> morro dos Cabritos,<br />
em Copacabana, desenvolvido<br />
com recursos italia<strong>no</strong>s. Em sua<br />
primeira visita ao <strong>Brasil</strong>, Carfagna<br />
contemplou a Cidade Maravilhosa<br />
em um city tour e inaugurou o<br />
Pelas crianças<br />
Exploração sexual de crianças e adolescentes é tema de<br />
evento que trouxe ao <strong>Brasil</strong> a ministra <strong>italiana</strong><br />
das Oportunidades Iguais, Mara Carfagna<br />
busto da imperatriz brasileira<br />
Teresa Cristina na Praça Itália, ao<br />
lado do Consulado.<br />
— Fico emocionada com o<br />
sorriso dessas crianças. Aqui<br />
posso dizer que resgato meu<br />
otimismo, ainda mais depois<br />
de participar do Congresso e<br />
discutirmos os problemas que<br />
afligem essa geração. Acho que<br />
é uma bela iniciativa e gostaria<br />
muito que o meu ministério<br />
pudesse contribuir de alguma<br />
forma. Levo essa intenção para a<br />
Itália — diz a ministra que foi<br />
escoltada por policiais militares<br />
na subida do morro.<br />
Assistida pela Associação dos<br />
Voluntários para Serviço Internacional<br />
(AVSI), a obra é vinculada<br />
à Igreja Católica e atende crianças<br />
de zero a seis a<strong>no</strong>s. A partir de<br />
março, vai intensificar suas ações na<br />
capacitação de jovens com 15 a<strong>no</strong>s<br />
ou mais, em um centro de promoção<br />
em Botafogo. Ali, vai atender<br />
também adolescentes e adultos de<br />
comunidades de Santa Teresa, além<br />
de moradores do morro do Borel e<br />
Santa Marta. <strong>Na</strong> creche visitada,<br />
com funcionamento integral, mais<br />
de 250 crianças têm atividades que<br />
incluem programação cultural e<br />
reforço escolar.<br />
Carfagna, 32 a<strong>no</strong>s, permaneceu<br />
cerca de duas horas <strong>no</strong> local.<br />
Brincou com algumas crianças<br />
e zelou pelo so<strong>no</strong> de outras. Ao<br />
contrário da véspera, quando se<br />
apresentou por cinco minutos na<br />
seção Diálogo Governamental de<br />
Alto Nível, na creche, a ministra<br />
não portava vestimentas formais<br />
e tampouco maquiagem, bolsa ou<br />
qualquer outro paramento. Porém,<br />
tanto <strong>no</strong> congresso quanto na<br />
visita às crianças, era observada<br />
de perto pelos assessores diretos.<br />
Silvia So u z a<br />
Nos dois eventos, foi ciceroneada<br />
pelo embaixador da Itália <strong>no</strong><br />
<strong>Brasil</strong> e o cônsul da Itália <strong>no</strong><br />
Rio, respectivamente, Michelle<br />
Valensise e Massimo Bellelli.<br />
No congresso, a representante<br />
do gover<strong>no</strong> Berlusconi afirmou<br />
ser preciso atentar para a<br />
distribuição e publicação de<br />
material por<strong>no</strong>gráfico, bem como<br />
sua veiculação pela internet.<br />
— <strong>Na</strong> Itália, há um rigor<br />
contra o que é produzido para<br />
e com meni<strong>no</strong>s e meninas até<br />
14 a<strong>no</strong>s. O Conselho Europeu<br />
também tem demonstrado a<br />
preocupação que o tema requer.<br />
Uma das metas do ministério<br />
foi criar a lei provisória para um<br />
tratamento nacional igualitário<br />
de crianças e adolescentes. Será<br />
criado um comitê para monitorar<br />
as ações promovidas para esse<br />
público, que confira proteção a<br />
elas — salientou a ministra, que<br />
leu seu discurso <strong>no</strong> momento<br />
da cerimônia reservada aos<br />
representantes governamentais.<br />
Terminada a fala, Mara<br />
agradeceu ao público em<br />
português. Há duas semanas, ela<br />
havia sido escolhida para receber<br />
o presidente brasileiro Luiz Inácio<br />
<strong>Lula</strong> da Silva na sua chegada a<br />
Roma, em visita oficial à Itália.<br />
<strong>Na</strong> abertura do Congresso, o<br />
mesmo <strong>Lula</strong> sancio<strong>no</strong>u lei que<br />
pune a pedofilia na rede. Agora,<br />
a pena mínima é de quatro<br />
a<strong>no</strong>s e a máxima de oito para<br />
quem produz, reproduz, dirige,<br />
fotografa, filma ou registra<br />
cena de sexo explicito ou<br />
por<strong>no</strong>gráfica envolvendo crianças<br />
e adolescentes. O <strong>no</strong>vo texto faz<br />
parte do Estatuto da Criança e do<br />
Adolescente e também permite<br />
que provedores que abriguem<br />
imagens por<strong>no</strong>gráficas de me<strong>no</strong>res<br />
sejam punidos.<br />
— Exploração sexual é<br />
tema tão importante que não<br />
pode haver hipocrisia. É preciso<br />
convencer os pais do mundo todo<br />
de que educação sexual em casa<br />
é tão importante quanto comida<br />
na mesa. Se não ensinarmos<br />
educação sexual nas escolas,<br />
<strong>no</strong>ssos adolescentes aprenderão<br />
animalescamente nas ruas —<br />
afirmou o presidente — E é<br />
importante que não tratemos<br />
exploração sexual como um<br />
problema dos pobres. É feita<br />
muitas vezes na classe média.<br />
Foco na infância e na juventude<br />
Foi <strong>no</strong> hotel Intercontinental,<br />
em São Conrado, onde se<br />
hospedou, que a ministra recebeu<br />
a Comunità para uma entrevista,<br />
antes da visita ao morro dos<br />
Cabritos. Orientada a não tecer<br />
comentários à respeito do<br />
passado remoto em que foi alvo<br />
de críticas de parlamentares por<br />
sua falta de experiência para o<br />
cargo ou mesmo sobre as críticas<br />
quando recepcio<strong>no</strong>u <strong>Lula</strong>, ela<br />
comentou que a crise econômica<br />
que motivou cortes <strong>no</strong> orçamento<br />
italia<strong>no</strong> reduziu em 10% a verba<br />
destinada à sua pasta.<br />
— É seguramente um momento<br />
sério ao qual todos precisam<br />
se adaptar — conforma-se.<br />
Ela ainda comemora a<br />
aprovação do projeto de lei de<br />
iniciativa do seu ministério que<br />
permitiu dar mais proteção contra<br />
a exploração sexual de crianças e<br />
adolescentes. Segundo estudos do<br />
gover<strong>no</strong>, cerca de 70 mil pessoas,<br />
um terço delas estrangeiras, se<br />
prostituem na Itália. Desse total,<br />
65% das prostitutas – das quais<br />
20% são me<strong>no</strong>res de idade –<br />
trabalham nas ruas.<br />
— Será <strong>no</strong>meada uma<br />
autoridade pelos presidentes<br />
da Câmara e do Senado cujo<br />
compromisso será o de tutelar<br />
e salvaguardar os direitos das<br />
crianças e adolescentes. Seria<br />
algo como um “grande olho”<br />
e qualquer cidadão poderá ter<br />
contato direto com esse comitê<br />
para fazer denúncias. Isso<br />
agilizará ainda o trabalho <strong>no</strong>s<br />
tribunais e através de um numero<br />
verde que permitirá a fiscalização<br />
dessas garantias — explica.<br />
Ex-modelo, dançarina e apresentadora<br />
de TV, a ministra é taxativa<br />
sobre as condições que favorecem<br />
esses atos. Para Mara, a perversão<br />
até pode ser uma “patologia clínica”,<br />
mas encontra respaldo na “cultura<br />
de falta de direitos aos me<strong>no</strong>res”.<br />
Direitos esses que sequer são<br />
divulgados. A saída para isso,<br />
segundo ela, é a existência de<br />
uma punição severa para servir de<br />
exemplo. Com a <strong>no</strong>va lei <strong>italiana</strong>,<br />
a exploração sexual de me<strong>no</strong>res<br />
de 18 a<strong>no</strong>s poderá ser punida,<br />
<strong>no</strong> seu país, com 6 a 12 a<strong>no</strong>s de<br />
prisão e multas de 15 mil a 150<br />
mil. As penalidades serão mais<br />
severas <strong>no</strong> caso de me<strong>no</strong>res de<br />
16 a<strong>no</strong>s. Se o me<strong>no</strong>r de idade for<br />
imigrante, será deportado ao país<br />
de origem:<br />
— É fundamental um diálogo<br />
entre vários organismos<br />
e associações em nível internacional.<br />
O Estado tem que<br />
demonstrar que não tem piedade<br />
com quem viola a integridade física<br />
e psicológica dessas crianças.<br />
Sobre seu futuro, a ministra<br />
não titubeia. Pretende continuar<br />
a carreira política, apesar de<br />
reconhecer que depende das<br />
lideranças dos partidos.<br />
— Descobri uma paixão que<br />
não conhecia. E espero ter plenas<br />
condições de continuar a exercer<br />
um cargo <strong>no</strong> futuro em favor da<br />
sociedade — finaliza.<br />
No alto, a ministra durante o<br />
congresso. Ao lado, <strong>no</strong> passeio de<br />
barco feito pela Baía da Guanabara,<br />
acompanhada pelo presidente da<br />
Comunità, Pietro Petraglia, pelo<br />
vice-cônsul do Rio de Janeiro,<br />
Giuseppe Romiti e assessoras<br />
18 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 19
política<br />
Romena<br />
Ramona<br />
em Roma<br />
Atriz romena vira conselheira do prefeito Gianni<br />
Aleman<strong>no</strong> para assuntos reservados aos rome<strong>no</strong>s e<br />
se torna uma embaixatriz informal entre seu país de<br />
origem e o que escolheu para viver, a Itália<br />
Há tempos, os rome<strong>no</strong>s<br />
que vivem na Itália estão<br />
na berlinda. A esse grupo<br />
tem sido atribuído grande<br />
parte dos problemas relacionados<br />
com violência, principalmente<br />
em cidades como Roma. Pois<br />
foi justamente de lá que chegou<br />
a <strong>no</strong>tícia que surpreendeu a todos:<br />
uma romena foi escolhida<br />
para ser conselheira do prefeito<br />
Gianni Aleman<strong>no</strong>. Logo ele, conhecido<br />
pela política linha dura<br />
contra os estrangeiros irregulares<br />
que vivem <strong>no</strong> país.<br />
Desde julho, Ramona Badescu,<br />
atriz romena radicada em Roma<br />
há 18 a<strong>no</strong>s e cidadã <strong>italiana</strong> há<br />
12, atua <strong>no</strong> papel de conselheira<br />
da prefeitura para assuntos diretamente<br />
ligados ao povo rome<strong>no</strong>.<br />
— Estou realmente feliz de<br />
poder trabalhar com Aleman<strong>no</strong>.<br />
Estou orgulhosa deste cargo —<br />
diz ela em entrevista exclusiva<br />
à Comuntià<br />
Formada em eco<strong>no</strong>mia e comércio,<br />
chegou à Itália em 1990<br />
com uma trupe formada por cantores<br />
e atores para apresentar a<br />
música romena <strong>no</strong> país. Ela nasceu<br />
em Craiova, uma cidade de<br />
300 mil habitantes. No seu país,<br />
já como atriz, era famosa e querida<br />
pela sua gente. Mesmo assim,<br />
optou por imigrar. Ela sabia<br />
que isso iria significar recomeçar<br />
a carreira do zero, <strong>no</strong> <strong>no</strong>vo país.<br />
Ja n a í n a Cesar<br />
Correspondente • Treviso<br />
Ramona diz que, graças ao seu<br />
trabalho e “muita força de vontade”,<br />
a Itália, “devagarinho”,<br />
também foi lhe conhecendo. Hoje,<br />
está certa que já tem “a estima<br />
e o carinho dos italia<strong>no</strong>s”.<br />
Atualmente, Ramona trabalha<br />
como atriz e showgirl. Ex-miss<br />
Romênia e miss Universo, participou<br />
de várias minisséries, peças,<br />
filmes e programas de TV.<br />
Simpática e atenciosa, ela deu<br />
essa entrevista em um domingo<br />
pela manhã, em uma das poucas<br />
brechas que encontrou na agenda.<br />
Ramona que também é cantora<br />
e bailarina, já se apresentou,<br />
na Itália, com o brasileiro Toquinho.<br />
Agora, ela pede para avisar<br />
que está tentando entrar em contato<br />
com ele. Está dado o recado.<br />
Comunità Italiana – Em que consiste<br />
o seu cargo na prefeitura<br />
de Roma?<br />
Ramona Badescu – Para começar<br />
queria dizer que trabalho gratuitamente<br />
para a prefeitura. Não<br />
recebo nem um centavo. Aceitei<br />
esse posto porque senti que<br />
deveria fazer alguma coisa pelo<br />
meu povo, pelo meu país. Dentro<br />
desta perspectiva, pretendo ajudar<br />
os dois países – Itália e Romênia<br />
– a criar um maior envolvimento<br />
político, econômico e de<br />
amizade. Um dos meus principais<br />
projetos é trabalhar para destruir<br />
o preconceito segundo o qual todos<br />
os rome<strong>no</strong>s são agressivos e<br />
violentos. A delinqüência não vê<br />
a nacionalidade das pessoas.<br />
CI – E quais são as suas propostas?<br />
RB – Pretendo ativar um número<br />
verde (0800) em língua romena<br />
para poder informar, junto com<br />
as associações já existentes, os<br />
direitos e deveres de quem chega<br />
aqui na Itália. Pretendo apoiar,<br />
de maneira particular, as mulheres<br />
que trabalham nas casas dos<br />
italia<strong>no</strong>s, cuidando de crianças e<br />
de idosos. Uma coisa muito interessante<br />
que fiz foi aconselhar<br />
o prefeito de Bucareste a escrever<br />
uma carta parabenizando<br />
Aleman<strong>no</strong> pela vitória nas eleições.<br />
Agora, estou falando com<br />
Aleman<strong>no</strong> para que faça o mesmo,<br />
que após as eleições em Bucareste,<br />
mande uma carta parabenizando<br />
o <strong>no</strong>vo prefeito. Também<br />
estou muito interessada na<br />
campanha de comunicação que o<br />
gover<strong>no</strong> da Romênia iniciou para<br />
se divulgar <strong>no</strong>s horários de ponta<br />
em todos os canais de TV. Nós<br />
precisamos diferenciar os rome<strong>no</strong>s<br />
dos rom (ciga<strong>no</strong>s). Os jornais<br />
deveriam especificar a origem<br />
dos rom porque não existem só<br />
rom rome<strong>no</strong>s, mas rom italia<strong>no</strong>s,<br />
albaneses e de várias outras nacionalidades.<br />
Não é correto associar<br />
somente a Romênia porque<br />
cada etnia tem seu patrimônio<br />
cultural, sua história e não devemos<br />
confundir uma coisa com<br />
outra. Esse é um verdadeiro problema.<br />
Como as palavras são bem<br />
parecidas, realmente dão a entender<br />
que se tratam da mesma<br />
etnia, do mesmo povo, mas não<br />
é assim.<br />
CI – Que projeto é este que você<br />
está trazendo para a Itália?<br />
RB – É um projeto cultural. Quero<br />
trazer músicos e artistas para<br />
apresentar a riqueza cultural<br />
do meu país, os produtos típicos<br />
e tudo mais. Acho que cada país<br />
tem o direito de ser julgado<br />
pelo que é realmente, pela sua<br />
cultura e pelo seu povo. Não é<br />
justo generalizar. Não acho que<br />
os italia<strong>no</strong>s gostem de serem<br />
julgados como mafiosos somente<br />
porque são italia<strong>no</strong>s. O sentimento<br />
é o mesmo quando <strong>no</strong>s<br />
julgam pelos crimes de poucos.<br />
CI – Você já foi clandestina? Como<br />
chegou à Itália?<br />
RB – Não. Cheguei à Itália em<br />
1990, exatamente 18 a<strong>no</strong>s atrás.<br />
Eu canto desde os 4 a<strong>no</strong>s de idade,<br />
poderia me aposentar (risos).<br />
Após a queda do muro de Berlim<br />
e do regime de Nicolae Ceauşescu<br />
(ex-ditador que gover<strong>no</strong>u a Romênia<br />
por 22 a<strong>no</strong>s), saí do país pela<br />
primeira vez. Vim para a Itália em<br />
turnê de um mês com uma trupe<br />
de músicos e atores rome<strong>no</strong>s. Não<br />
passava pela minha cabeça permanecer<br />
aqui, era tudo <strong>no</strong>vo. Mas<br />
o tempo foi passando, passando...<br />
<strong>Na</strong> Itália existem mais possibilidades<br />
de crescer trabalhando. <strong>Na</strong><br />
Romênia ainda não é assim.<br />
CI – Você é a favor do reato<br />
de clandestinidade?<br />
RB – Não. Essa é uma questão<br />
que deve ser resolvida. O<br />
controle deve existir,<br />
mas a humanidade<br />
também.<br />
Quem foge de<br />
um país deve<br />
receber ajuda<br />
e não ser tratado<br />
de modo<br />
desuma<strong>no</strong>.<br />
CI – Como é o<br />
atual gover<strong>no</strong><br />
rome<strong>no</strong>?<br />
RB – O atual<br />
gover<strong>no</strong> fez<br />
muito pelos<br />
idosos aumentando<br />
as pensões.<br />
Realizou o spot publicitário<br />
que mencionei anteriormente (é<br />
divulgado na Itália para mostrar<br />
quem é o povo rome<strong>no</strong>). Nosso<br />
atual primeiro ministro (Calin<br />
Popescu Tariceanu), que conheço<br />
pessoalmente, é uma pessoa de<br />
grande valor, que trabalha muito<br />
pelo social. Fez muita coisa boa,<br />
mas ainda tem muito para fazer. A<br />
Romênia, eco<strong>no</strong>micamente, ainda<br />
tem uma mentalidade comunista.<br />
É difícil passar ao capitalismo.<br />
CI – Já que estamos entrando <strong>no</strong><br />
campo da política, não pensou<br />
em se candidatar há algum cargo<br />
<strong>no</strong> teu país para as próximas<br />
eleições?<br />
RB – Não, acho que dois meses<br />
de campanha eleitoral é pouco<br />
para que me conheçam, que saibam<br />
que trabalho <strong>no</strong> social.<br />
CI – Após todos esses a<strong>no</strong>s aqui,<br />
como você se sente, romena ou<br />
<strong>italiana</strong>?<br />
RB – Sou uma romena romana (risos),<br />
na verdade, me sinto cidadã<br />
do mundo. Quando vou a outro<br />
país e me perguntam de onde<br />
venho, digo sempre da Romênia.<br />
Vivi lá até meus 22 a<strong>no</strong>s, não poderia<br />
negar que sou romena, nasci<br />
lá, é meu país.<br />
CI – Você sente saudades?<br />
RB – Claro, principalmente da minha<br />
família. Cada vez que vou em<br />
casa me emocio<strong>no</strong>. Ah! Mudando<br />
um pouco de assunto, sabe que<br />
acabei de lembrar de uma coisa?<br />
Em um dos meus primeiros shows<br />
aqui na Itália eu cantei com Toquinho,<br />
acredita?<br />
CI – Jura?<br />
RB – Juro, foi em 1992, ele tinha<br />
acabado de ser pai.<br />
CI – E como foi?<br />
RB – Maravilhoso! É uma pessoa<br />
esplêndida, sensacional. Faz tanto<br />
tempo que não <strong>no</strong>s vemos,<br />
não sei se ele se lembra de mim.<br />
Mas escreve aí que estou procurando<br />
por ele. Queria levar um<br />
pouco da música brasileira para<br />
meu país.<br />
CI – Você já esteve <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>?<br />
RB – Sim, <strong>no</strong> Rio. Participei de<br />
um programa que foi gravado lá,<br />
que lugar maravilhoso! Eu amo<br />
o <strong>Brasil</strong>.<br />
CI – Nesse momento, você está<br />
fazendo testes para um <strong>no</strong>vo<br />
programa de TV e tem vários<br />
compromissos por conta do seu<br />
cargo. É uma correria, não?<br />
RB – Pois é, acho que assumi<br />
muita responsabilidade. Fisicamente,<br />
não consigo fazer tudo o<br />
que deveria.<br />
20 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 21
capa<br />
De igual<br />
para igual<br />
Sullo stesso<br />
pia<strong>no</strong><br />
Lisomar Si lva<br />
Correspondente • Ro m a<br />
O <strong>Brasil</strong> deve ser encarado como<br />
um país grande, que “fala” de igual<br />
para igual com todos os tipos de<br />
interlocutores. Essa foi a mensagem<br />
indireta (e às vezes até direta) deixada<br />
pelo presidente brasileiro Luiz Inácio<br />
<strong>Lula</strong> da Silva, durante sua primeira<br />
visita em carater oficial à Itália<br />
Il <strong>Brasil</strong>e dev’essere considerato<br />
come un paese grande, che<br />
“parla” sullo stesso pia<strong>no</strong> con<br />
tutti i tipi di interlocutori. Questo<br />
è stato il messaggio diretto (e<br />
a volte indiretto) lasciato dal<br />
presidente brasilia<strong>no</strong> Luiz Inácio<br />
<strong>Lula</strong> da Silva durante la sua<br />
prima visita ufficiale in Italia<br />
Em Roma, entre os dias 10 e<br />
13 de <strong>no</strong>vembro, <strong>Lula</strong> manteve<br />
reuniões, encontros<br />
com empresários, dirigentes<br />
sindicais e velhos amigos do<br />
Partido Democrático como Massimo<br />
D’Alema e Walter Veltroni.<br />
Foi recebido também pelo presidente<br />
da Câmara dos deputados,<br />
Gianfranco Fini, e pelo deputado<br />
Fabio Porta. Encerrou a visita<br />
com uma audiência pontifícia<br />
<strong>no</strong> Vatica<strong>no</strong>. Cada interlocutor<br />
recebeu um convite oficial para<br />
conhecer o <strong>Brasil</strong>. Para cada<br />
um deles, emitiu uma mensagem<br />
clara e específica.<br />
O presidente da Republica<br />
Giorgio <strong>Na</strong>polita<strong>no</strong> concordou<br />
com <strong>Lula</strong> que é “inaceitável” o<br />
debate dos grandes problemas<br />
da humanidade realizado somente<br />
por alguns países ricos. O primeiro<br />
ministro Silvio Berlusconi<br />
– que anunciou que retribuirá a<br />
visita, já em fevereiro próximo -<br />
admitiu a necessidade de se abrir<br />
as portas do clube do G8 (que reúne<br />
as maiores potências econômicas)<br />
aos países emergentes.<br />
Os dirigentes das centrais<br />
sindicais aplaudiram a afirmação<br />
de que trabalhadores não podem<br />
ser vítimas de uma crise gerada<br />
em uma potência econômica. <strong>Na</strong><br />
sede da Confederação Italiana<br />
das Indústrias (Confindustria),<br />
os empresários ouviram as propostas<br />
de <strong>no</strong>vos <strong>investimentos</strong><br />
em grandes obras do PAC – Pla<strong>no</strong><br />
de Aceleração do Desenvolvimento<br />
do gover<strong>no</strong> brasisleiro.<br />
Bela recepção<br />
<strong>Lula</strong> cumpre ritual diplomático <strong>no</strong><br />
Altar da Pátria em Roma, com o<br />
presidente <strong>Na</strong>polita<strong>no</strong><br />
<strong>Lula</strong> compie rituale diplomatico<br />
sull’Altare della Patria a Roma con il<br />
presidente <strong>Na</strong>polita<strong>no</strong><br />
Em todas as suas conversações,<br />
<strong>Lula</strong> exibiu uma preciosidade<br />
que os países industrializados<br />
perderam: confiança.<br />
Essa viagem do presidente<br />
brasileiro estava prevista há um<br />
a<strong>no</strong>. Quando foi planejada, o anfitrião<br />
seria Roma<strong>no</strong> Prodi. Foi na<br />
gestão do então primeiro-ministro<br />
italia<strong>no</strong> que se estreitaram as<br />
relações entre os dois países. Tanto<br />
que Prodi visitou o <strong>Brasil</strong> em<br />
abril do a<strong>no</strong> passado. <strong>Lula</strong> tinha<br />
obrigação protocolar de retribuir<br />
a visita e o faria de bom grado.<br />
Inicialmente, a viagem foi<br />
marcada para abril, auge da crise<br />
Ao desembarcar <strong>no</strong> aeroporto<br />
Ciampi<strong>no</strong> em Roma, <strong>Lula</strong> não foi<br />
recepcionado pelo chefe de gover<strong>no</strong><br />
Silvio Berlusconi nem pelo ministro<br />
das Relaçoes Exteriores Franco Frattini,<br />
mas pela jovem (e bela) Mara Carfagna,<br />
ministra das Iguais Oportunidades.<br />
Os parlamentares da oposição<br />
gritaram “escândalo!”. Perguntavam<br />
furiosos o que Frattini poderia ter tido<br />
de tão urgente <strong>no</strong> domingo para<br />
se ausentar, quase na hora do almoço,<br />
da cerimônia de acolhida a um presidente<br />
de um país tão importante para a Itália como o <strong>Brasil</strong>. No dia<br />
seguinte, o ministro se limitou a dizer que “o país apresentava problemas<br />
realmente urgentes a serem resolvidos”.<br />
<strong>Lula</strong>, com elegância impecável, agradeceu a acolhida e, enquanto<br />
se dirigia para a embaixada brasileira com a primeira-dama Marisa<br />
Leticia, perdeu o sarcástico comentário de um de seus colaboradores:<br />
“Provavelmente, Berlusconi quis dar as boas vindas ao presidente<br />
brasileiro com o que seu gover<strong>no</strong> tem de melhor para oferecer”.<br />
A<br />
Roma, tra il 10 e il 13 <strong>no</strong>vembre,<br />
<strong>Lula</strong> ha avuto riunioni<br />
ed incontri con imprenditori,<br />
dirigenti sindacali<br />
e vecchi amici del Partito Democratico<br />
come Massimo D’Alema<br />
e Walter Veltroni. È stato i<strong>no</strong>ltre<br />
ricevuto dal presidente della Camera<br />
dei Deputati, Gianfranco Fini,<br />
e dal deputato Fabio Porta. Ha<br />
concluso la visita con un’udienza<br />
papale in Vatica<strong>no</strong>. Ogni interlocutore<br />
ha ricevuto un invito ufficiale<br />
per co<strong>no</strong>scere il <strong>Brasil</strong>e. Ad<br />
ognu<strong>no</strong> di loro, <strong>Lula</strong> ha lasciato<br />
un messaggio chiaro e specifico.<br />
Il Presidente della Repubblica<br />
Giorgio <strong>Na</strong>polita<strong>no</strong> è stato<br />
d’accordo con <strong>Lula</strong> nel dire che<br />
Bella accoglienza<br />
è “inaccettabile” il dibattito dei<br />
grandi problemi dell’umanità realizzato<br />
solo da qualche paese<br />
ricco. Il premier Silvio Berlusconi<br />
– che ha detto che ricambierà<br />
la visita nel prossimo febbraio<br />
– ha ammesso che ci sia bisog<strong>no</strong><br />
di aprire le porte del club dei G8<br />
(che riunisce le maggiori potenze<br />
eco<strong>no</strong>miche) ai paesi emergenti.<br />
I dirigenti delle centrali sindacali<br />
han<strong>no</strong> applaudito l’affermazione<br />
in cui <strong>Lula</strong> ha detto che<br />
i lavoratori <strong>no</strong>n posso<strong>no</strong> essere<br />
vittime di una crisi nata nel se<strong>no</strong><br />
di una potenza eco<strong>no</strong>mica. Nella<br />
sede della Confederazione Italiana<br />
delle Industrie (Confindustria),<br />
gli imprenditori han<strong>no</strong> ascoltato<br />
Sbarcando all’aeroporto di Ciampi<strong>no</strong> a Roma, <strong>Lula</strong> <strong>no</strong>n è stato<br />
accolto dal capo del gover<strong>no</strong> Silvio Berlusconi, né dal ministro<br />
degli Affari Esteri, Franco Frattini, ma dalla giovane (e bella)<br />
Mara Carfagna, ministro delle Pari Opportunità. I parlamentari<br />
di opposizione han<strong>no</strong> gridato allo scandalo. Domandava<strong>no</strong> furiosi<br />
cos’avrebbe potuto avere di così urgente Frattini, di domenica, per<br />
assentarsi, quasi all’ora di pranzo, dalla cerimonia di accoglienza<br />
per un presidente di un paese così importante per l’Italia come il<br />
<strong>Brasil</strong>e. Il gior<strong>no</strong> dopo, il ministro si è limitato a dire che “il paese<br />
aveva dei problemi veramente urgenti da risolvere”.<br />
<strong>Lula</strong>, di un’eleganza impeccabile, ha ringraziato l’accoglienza e<br />
mentre andava verso l’ambasciata brasiliana con la moglie Marisa<br />
Leticia ha perso il sarcastico commento di u<strong>no</strong> dei suoi collaboratori:<br />
“Probabilmente Berlusconi ha voluto dare il benvenuto al presidente<br />
brasilia<strong>no</strong> con ciò che il suo gover<strong>no</strong> ha di meglio da offrire”.<br />
22 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 23
capa<br />
política <strong>italiana</strong> que resultou na<br />
queda de Prodi, antecipação de<br />
eleições e a volta ao poder de<br />
Silvio Berlusconi. Assim, o presidente<br />
brasileiro chega à Itália<br />
<strong>no</strong> momento em que o país é o<br />
primeiro em toda a Europa a ter<br />
entrado em fase de recessão econômica,<br />
segundo o Fundo Monetário<br />
Internacional.<br />
Em clima de turbulência sócio-econômica<br />
e financeira, o<br />
que o <strong>Brasil</strong> pode esperar da<br />
Itália? E o que a décima potência<br />
mundial pode oferecer ao<br />
seu segundo parceiro comercial<br />
europeu?<br />
<strong>Na</strong> Itália, as exportações<br />
cresceram na ordem de 40% <strong>no</strong>s<br />
primeiros dez meses de 2008,<br />
contra a média de 23 % registrada<br />
<strong>no</strong> conjunto da União Européia.<br />
As importações brasileiras<br />
também cresceram em 10%, chegando<br />
a 3,7 bilhões de dólares.<br />
Em 2009, a Itália presidirá o G8 e<br />
Chefe chamou<br />
o <strong>Brasil</strong> quer muito se tornar, se<br />
não um sócio do clube, um convidado<br />
com capacidade de maior<br />
influência entre esses sócios.<br />
Segundo <strong>Lula</strong>, há muito espaço<br />
<strong>no</strong> mercado brasileiro para<br />
Silvio Berlusconi fez uma surpresa para <strong>Lula</strong>. Ele convidou para<br />
um almoço os jogadores brasileiros Dida, Ronaldinho, Kaká, Pato,<br />
Emerson e o dirigente Leonardo. Todos são do Milan, de propriedade<br />
do primeiro ministro italia<strong>no</strong>. <strong>Lula</strong> se referiu aos craques como “campeões<br />
de futebol que também são mestres de vida, dando grande<br />
prestígio ao <strong>Brasil</strong>”. Para Berlusconi, disse com um sorriso irônico:<br />
— Você detém metade da Seleção brasileira e impede que eles<br />
treinem com os outros componentes do time. Faça o melhor possível<br />
para que, <strong>no</strong> próximo Mundial, eles vençam a Copa para o <strong>Brasil</strong>.<br />
As primeiras-damas Marisa Letícia, do <strong>Brasil</strong>, e Clio, da Itália<br />
acompanharam seus esposos. Enquanto Berlusconi recebeu o presidente<br />
Le first lady Marisa Letícia, del <strong>Brasil</strong>e, e Clio, dell’Italia, han<strong>no</strong><br />
accompagnato i loro mariti. Mentre Berlusconi ha ricevuto il presidente<br />
proposte su nuovi investimenti in<br />
grandi opere del PAC – Pia<strong>no</strong> di<br />
Accellerazione della Crescita – del<br />
gover<strong>no</strong> brasilia<strong>no</strong>. In tutti gli incontri<br />
<strong>Lula</strong> ha potuto esibire una<br />
preziosità che i paesi industrializzati<br />
han<strong>no</strong> perso: la fiducia.<br />
Il viaggio del presidente brasilia<strong>no</strong><br />
era previsto da un an<strong>no</strong>.<br />
Quando è stato preparato, l’ospite<br />
sarebbe stato Roma<strong>no</strong> Prodi. È<br />
stato durante la gestione dell’allora<br />
premier che si so<strong>no</strong> stretti<br />
i rapporti tra i due paesi. Tanto<br />
che Prodi ha visitato il <strong>Brasil</strong>e<br />
nell’aprile dell’an<strong>no</strong> scorso. <strong>Lula</strong><br />
doveva, per obbligo protocollare,<br />
ricambiare la visita e l’avrebbe<br />
fatto di buon grado.<br />
Agli inizi, il viaggio era fissato<br />
per aprile, culmine della crisi<br />
politica <strong>italiana</strong> che è risultata<br />
nella caduta di Prodi, nelle elezioni<br />
antecipate e nel ritor<strong>no</strong> al<br />
potere di Silvio Berlusconi. Ora<br />
il presidente brasilia<strong>no</strong> è arrivato<br />
in Italia nel momento in cui il<br />
paese è il primo, in tutta Europa,<br />
ad entrare in fase di recessione<br />
eco<strong>no</strong>mica, secondo il Fondo Monetario<br />
Internazionale.<br />
In questo clima di turbolenza<br />
socioeco<strong>no</strong>mica e finanziaria, cosa<br />
può aspettarsi il <strong>Brasil</strong>e dall’Italia?<br />
E la decima potenza mondiale<br />
cosa può offrire al suo secondo<br />
partner commerciale europeo?<br />
Il capo ha chiamato<br />
In Italia le esportazioni so<strong>no</strong><br />
aumentate del 40% nei primi<br />
dieci mesi del 2008, contro<br />
una media del 23% registrata per<br />
tutta l’Unione Europea. Anche le<br />
importazioni brasiliane so<strong>no</strong> aumentate<br />
del 10%, arrivando a 3,7<br />
miliardi di dollari. Nel 2009 l’Italia<br />
presiederà il G8 e il <strong>Brasil</strong>e<br />
vorrebbe molto divenire, se <strong>no</strong>n<br />
socio del circolo, perlome<strong>no</strong> un<br />
invitato con maggiore capacità<br />
d’influenza tra questi soci.<br />
Secondo <strong>Lula</strong>, nel mercato brasilia<strong>no</strong><br />
c’è molto spazio per nuove<br />
partnership commerciali, soprattutto<br />
nei settori di infrastruttura,<br />
scienze mediche, ricerca spaziale<br />
e scientifico-tec<strong>no</strong>logica, così come<br />
della difesa e della cultura. Il<br />
presidente segnala il “potenziale<br />
della produzione brasiliana” nel<br />
campo dei prodotti industrializzati<br />
e della formazione di professionisti<br />
come fonte per accordi bilaterali.<br />
I<strong>no</strong>ltre c’è l’eta<strong>no</strong>lo che<br />
<strong>Lula</strong> propone come carburante del<br />
futuro, per affrontare i problemi<br />
della crisi energetica e della protezione<br />
dell’ambiente.<br />
Non è stato un caso che 60 imprenditori<br />
abbiamo fatto parte della<br />
comitiva brasiliana. Tra di loro,<br />
dieci era<strong>no</strong> del Mato Grosso do Sul.<br />
Capitanati dalla Fiesp (Federação<br />
das Indústiras do Estado de São<br />
Paulo), han<strong>no</strong> partecipato agli in-<br />
Silvio Berlusconi ha fatto una sopresa a <strong>Lula</strong>. Ha invitato ad<br />
un pranzo i calciatori brasiliani Dida, Ronaldinho, Kaká, Pato,<br />
Emerson e il dirigente Leonardo. So<strong>no</strong> tutti del Milan, di cui il<br />
premier è proprietario. <strong>Lula</strong> si è riferito ai bomber come “campioni<br />
del calcio che so<strong>no</strong> anche maestri di vita, dando grande prestigio<br />
al <strong>Brasil</strong>e”. A Berlusconi ha detto, con un sorriso ironico:<br />
— Tu hai la metà della nazionale brasiliana e gli impedisci di<br />
allenarsi con gli altri membri della squadra. Fai il meglio che puoi<br />
affinché, nei prossimi Mondiali, vinca<strong>no</strong> la Coppa per il <strong>Brasil</strong>e.<br />
Vatica<strong>no</strong><br />
<strong>Lula</strong>, sem saber, inaugurou uma <strong>no</strong>va fase na tradição das audiências<br />
pontificias <strong>no</strong> Vatica<strong>no</strong>. Normalmente, as autoridades<br />
governamentais recebidas pelo Papa não fazem sugestões, apenas<br />
respondem perguntas e ouvem conselhos. O presidente <strong>Lula</strong>, durante<br />
a conversação de 24 minutos que manteve com papa Bento XVI, propôs<br />
que o pontífice abordasse o tema da crise econômica com seus<br />
fiéis durante seus pronunciamentos dominicais. Segundo <strong>Lula</strong>, se o<br />
Papa “der um conselhozinho”, pode ficar mais fácil resolver o problema<br />
da crise econômica.<br />
Os dois também conversaram sobre a <strong>no</strong>va legislação européia<br />
para a imigração que <strong>Lula</strong> considera “injusta”.<br />
— Vivemos em harmonia <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e queremos que o mundo trate<br />
os imigrantes como parceiros — disse o presidente brasileiro que<br />
confessou para os jornalistas ter se surpreendido com o Papa. <strong>Lula</strong> o<br />
julgava “sisudo, de poucos amigos”. Após a audiência, o considerou<br />
“afável e muito bem informado” .<br />
Durante o encontro, foi assinado um acordo bilateral sobre o ordenamento<br />
jurídico e administrativo da presença da Igreja <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />
<strong>Lula</strong> presenteou o pontífice com uma peça em cerâmica mostrando<br />
uma família de retirantes e recebeu uma caneta.<br />
<strong>no</strong>vas parcerias comerciais, sobretudo<br />
<strong>no</strong>s setores de infra-estrutura,<br />
ciências médicas, pesquisa<br />
espacial e científico-tec<strong>no</strong>lógica,<br />
bem como da defesa e<br />
da cultura. O presidente sinaliza<br />
com o “potencial da produção<br />
brasileira” <strong>no</strong> campo dos produtos<br />
industrializados e da formação<br />
de profissionais como fonte<br />
para acordos bilaterais. Além disso,<br />
há o eta<strong>no</strong>l que <strong>Lula</strong> propõe<br />
como combustível do futuro para<br />
enfrentar os problemas da crise<br />
energética e da proteção do<br />
meio-ambiente.<br />
Não por acaso, 60 empresários<br />
integraram a comitiva brasileira.<br />
Desse total, dez eram originários<br />
do Mato Grosso do Sul.<br />
Capitaneados pela Fiesp (Federação<br />
das Indústiras do Estado de<br />
São Paulo), eles participaram de<br />
encontros bilaterais na sede da<br />
Confindústria <strong>italiana</strong> em busca<br />
de parcerias comerciais, sobretudo,<br />
<strong>no</strong> setor terciário. O próprio<br />
presidente da Fiesp, Paulo Skaf,<br />
estava <strong>no</strong> grupo.<br />
O lado governamental da delegação<br />
brasileira foi formado<br />
por Dilma Vana Roussef, chefe da<br />
Casa Civil; Celso Amorim, Miguel<br />
Jorge, Nelson Jobim e Franklin<br />
Martins, respectivamente ministros<br />
para as Relações Exteriores,<br />
Desenvolvimento, Indústria e<br />
Comércio Exterior, Defesa e Comunicação,<br />
além do Secretário<br />
Geral da Presidência Luiz Dulci.<br />
Sobre Dilma, <strong>Lula</strong> avisou em<br />
várias ocasiões que pensa em<br />
indicá-la ao seu partido, o PT,<br />
como candidata à sucessão nas<br />
próximas eleições presidenciais<br />
de 2010.<br />
Acordos<br />
<strong>Lula</strong> firmou acordos e protocolos<br />
de entendimentos bilaterais.<br />
Abordam a cooperação <strong>no</strong>s campos<br />
da Defesa, Saúde Pública,<br />
Ciências Médicas, Pesquisa Científica<br />
e Espacial. Neste caso, foram<br />
definidos parâmetros para<br />
o desenvolvimento técnico-industrial,<br />
troca de informações e<br />
aplicações práticas de tec<strong>no</strong>logias<br />
espaciais.<br />
Houve acordo relacionado<br />
também a pequenas e médias<br />
empresas para facilitar a cooperação<br />
<strong>no</strong>s setores têxtil, vestuário,<br />
alimentação, industrialização<br />
de couros, componentes<br />
eletrônicos, produção de móveis<br />
e beneficiamento de mármores<br />
e granitos.<br />
Um desses documentos foi<br />
usado pelo primeiro-ministro italia<strong>no</strong><br />
para “roubar a cena” do presidente<br />
brasileiro. Durante a entrevista<br />
coletiva em companhia<br />
de <strong>Lula</strong>, Silvio Berlusconi pegou<br />
um dos acordos firmados para dizer<br />
que a escritura dos signátarios<br />
era imcompreensível. Bem<br />
maquiado, ele desceu do palco<br />
com o documento na mão para<br />
exibí-lo às câmeras de televisão.<br />
Depois, voltou ao seu lugar na<br />
mesa dizendo que as assinaturas<br />
indecifráveis poderiam “até provocar<br />
o esquecimento dos acordos<br />
firmados <strong>no</strong> fundo de uma<br />
gaveta qualquer”.<br />
Vatica<strong>no</strong><br />
<strong>Lula</strong>, senza volerlo, ha inaugurato una nuova fase nella tradizione<br />
delle udienze papali in Vatica<strong>no</strong>. Di solito le autorità governative<br />
ricevute dal Papa <strong>no</strong>n dan<strong>no</strong> suggerimenti, rispondo<strong>no</strong> solo a domande<br />
o ascolta<strong>no</strong> consigli. Il presidente <strong>Lula</strong>, durante l’incontro di 24<br />
minuti avuto con Papa Benedetto XVI, ha proposto che il pontefice<br />
parlasse del tema della crisi eco<strong>no</strong>mica con i suoi fedeli durante i suoi<br />
discorsi domenicali. Secondo <strong>Lula</strong>, se il Papa “desse un piccolo consiglio”,<br />
sarebbe più facile risolvere i problemi della crisi eco<strong>no</strong>mica.<br />
I due han<strong>no</strong> anche parlato della nuova legislazione europea per<br />
l’immigrazione, che <strong>Lula</strong> considera “ingiusta”.<br />
— In <strong>Brasil</strong>e viviamo in armonia e vorremmo che il mondo trattasse<br />
gli immigranti come partner — ha detto il presidente brasilia<strong>no</strong>,<br />
che ha confessato ai giornalisti di essere rimasto sorpreso dal Papa.<br />
<strong>Lula</strong> lo giudicava “secco, di poche parole”. Dopo l’udienza, l’ha considerato<br />
“affabile e molto ben informato”.<br />
Durante l’incontro è stato firmato un accordo bilaterale sull’ordinamento<br />
giuridico e amministrativo della presenza della chiesa in <strong>Brasil</strong>e.<br />
<strong>Lula</strong> ha regalato al pontefice un pezzo in ceramica che rappresenta<br />
una famiglia di ‘retirantes’ e, in cambio, ha ricevuto una penna.<br />
contri bilaterali presso la sede della<br />
Confindustria in cerca di partnership<br />
commerciali, soprattutto nel<br />
terziario. Lo stesso presidente della<br />
Fiesp, Paulo Skaf, era nel gruppo.<br />
Il lato governativo della delegazione<br />
brasiliana era formato da Dilma<br />
Vana Rousseff, capo della Casa<br />
Civil; Celso Amorim, Miguel Jorge,<br />
Nelson Jobim e Franklin Martins,<br />
rispettivamente ministri delle Relações<br />
Exteriores, Desenvolvimento,<br />
Indústria e Comércio Exterior,<br />
Defesa e Comunicação, oltre al Secretário<br />
Geral da Presidência, Luiz<br />
Dulci. Di Dilma, <strong>Lula</strong> ha detto in varie<br />
occasioni che pensa di indicarla<br />
al suo partito, il PT, come candidata<br />
alla successione nelle prossime elezioni<br />
presidenziali del 2010.<br />
Accordi<br />
<strong>Lula</strong> ha siglato accordi e protocolli<br />
di intenti bilaterali. Questi riguarda<strong>no</strong><br />
la cooperazione nei settori<br />
di Difesa, Sanità Pubblica, Scienze<br />
Mediche, Ricerca Scientifica e Spaziale.<br />
In quest’ultimo caso so<strong>no</strong><br />
stati definiti parametri per lo sviluppo<br />
tecnico-industriale, scambi<br />
di informazioni e applicazioni pratiche<br />
di tec<strong>no</strong>logie spaziali.<br />
C’è stato anche un accordo legato<br />
alle piccole e medie imprese<br />
per facilitare la cooperazione nei<br />
settori tessile, di abbigliamento,<br />
di alimenti, di industrializzazione<br />
di cuoio, di componenti elettronici,<br />
del settore dei mobili e della<br />
lavorazione di marmi e graniti.<br />
U<strong>no</strong> di questi documenti è<br />
stato usato dal premier italia<strong>no</strong><br />
per “rubare la scena” al presidente<br />
brasilia<strong>no</strong>. Durante la conferenza<br />
stampa in compagnia di <strong>Lula</strong>,<br />
Silvio Berlusconi ha preso u<strong>no</strong><br />
degli accordi firmati per dire che<br />
la grafia dei firmatari era incomprensibile.<br />
Ben truccato, è sceso<br />
dal palco con il documento in ma<strong>no</strong><br />
per farlo vedere alle telecamere.<br />
Dopo, è tornato al suo posto<br />
al tavolo dicendo che le firme indecifrabili<br />
avrebbero potuto “perfi<strong>no</strong><br />
far sì che gli accordi firmati<br />
finissero nel dimenticatoio”.<br />
24 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 25
capa<br />
‘Propomos o <strong>Brasil</strong><br />
como atração para o<br />
capital estrangeiro’<br />
‘Proponiamo il <strong>Brasil</strong>e come<br />
attrattiva per il capitale straniero’<br />
Em encontros com a imprensa <strong>italiana</strong> e brasileira, o<br />
presidente <strong>Lula</strong> considerou positiva a atenção que seus<br />
interlocutores deram às suas propostas. Ele pregou a<br />
necessidade de mudanças em instituições como Fundo<br />
Monetário Internacional e desempenhou o papel de<br />
garoto-propaganda do eta<strong>no</strong>l brasileiro. Comunità<br />
acompanhou a passagem de <strong>Lula</strong> pela Itália e o<br />
entrevistou em diferentes momentos:<br />
ComunitàItaliana - Que<br />
propostas o <strong>Brasil</strong> levou<br />
ao G20 e que futuro o senhor<br />
imagina para o atual<br />
o sistema financeiro ?<br />
Luiz Inácio <strong>Lula</strong> da Silva - Todas<br />
as propostas, sugestões e concessões<br />
que julgamos oportunas<br />
já foram feitas. Agora, pensamos<br />
que os países ricos como os Estados<br />
Unidos devem se mostrar mais<br />
flexíveis nas suas posições como,<br />
por exemplo, <strong>no</strong> âmbito dos subsídios<br />
agrícolas. Quanto ao sistema<br />
financeiro, já esclarecemos que<br />
serão necessárias <strong>no</strong>vas regras de<br />
comportamento. Nos Estados Unidos,<br />
centro gerador da atual crise,<br />
os bancos tinham concedido empréstimos<br />
e financiamentos para<br />
valores que chegaram a 35 vezes<br />
o equivalente ao próprio patrimô-<br />
C<br />
omunitàItaliana – Il <strong>Brasil</strong>e<br />
quali proposte ha<br />
portato al G20 e quale<br />
futuro lei immagina per<br />
l’attuale sistema finanziario?<br />
Luiz Inácio <strong>Lula</strong> da Silva – Tutte<br />
le proposte, suggerimenti e<br />
concessioni che giudichiamo opportuni<br />
so<strong>no</strong> già stati fatti. Ora<br />
pensiamo che i paesi ricchi come<br />
gli Stati Uniti debba<strong>no</strong> mostrarsi<br />
più flessibili nelle loro posizioni<br />
come, per esempio, nell’ambito<br />
dei sussidi agricoli. Quanto al<br />
sistema finanziario, abbiamo già<br />
chiarito che saran<strong>no</strong> necessarie<br />
nuove regole di comportamento.<br />
Negli Stati Uniti, che han<strong>no</strong><br />
causato la crisi attuale, le banche<br />
aveva<strong>no</strong> concesso prestiti e<br />
finanziamenti a valori che arrivava<strong>no</strong><br />
a 35 volte l’equivalente<br />
In incontri con la stampa <strong>italiana</strong> e brasiliana il<br />
presidente <strong>Lula</strong> ha considerato positive le attenzioni che<br />
i suoi interlocutori han<strong>no</strong> dato alle sue proposte. Ha<br />
espresso il bisog<strong>no</strong> di cambiamenti in istituzioni come<br />
il Fondo Monetario Internazionale e ha svolto il ruolo<br />
di ‘propagandista’ dell’eta<strong>no</strong>lo brasilia<strong>no</strong>. Comunità<br />
ha accompagnato il viaggio di <strong>Lula</strong> in Italia e l’ha<br />
intervistato in vari momenti:<br />
Lisomar Si lva<br />
Correspondente • Ro m a<br />
nio líquido. Em alguns casos, sabemos<br />
que os financiamentos tinham<br />
chegado até a 90 vezes. No<br />
<strong>Brasil</strong>, essa relação entre ativos e<br />
créditos autorizados não pode superar<br />
o limite de 10 vezes o equivalente<br />
em patrimônio líquido<br />
disponível. <strong>Na</strong> prática, o sistema<br />
financeiro america<strong>no</strong> funcio<strong>no</strong>u<br />
com o mesmo risco das jogadas<br />
de um cassi<strong>no</strong>, sob o pretexto de<br />
exercer uma liberdade de mercado<br />
em que o importante era somente<br />
gerar ganhos rápidos, concentrados<br />
nas mãos de poucos e sem<br />
redistribuição. Essa crise, gerada<br />
<strong>no</strong>s Estados Unidos com um sistema<br />
financeiro caracterizado pela<br />
especulação em lugar de <strong>investimentos</strong><br />
reais <strong>no</strong> setor produtivo,<br />
não tinha razão para chegar a outras<br />
partes do mundo se os gover<strong>no</strong>s<br />
dos países avançados tivessem<br />
tomado medidas rápidas para<br />
bloqueá-la. Falo disso em eventos<br />
e encontros internacionais desde<br />
setembro de 2007. O gover<strong>no</strong><br />
america<strong>no</strong>, porém, só tomou medidas<br />
decisivas <strong>no</strong> mês passado,<br />
quando anunciou o investimento<br />
de 750 bilhêes de dólares, fingindo<br />
por un a<strong>no</strong> inteiro que a crise<br />
não existia.<br />
CI - Que medidas podem ser adotadas<br />
para conter esta situação<br />
explosiva?<br />
<strong>Lula</strong> - Antes de tudo, é necessária<br />
uma profunda reforma das <strong>Na</strong>ções<br />
Unidas, do Fundo Monetário Internacional<br />
e do Banco Mundial,<br />
instituições criadas para ajudar<br />
e sustentar os países pobres. Em<br />
outras épocas, quando uma crise<br />
explodia <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e na Argenti-<br />
dello stesso patrimonio liquido<br />
disponibile. In pratica il sistema<br />
finanziario america<strong>no</strong> ha funzionato<br />
con lo stesso rischio delle<br />
puntate fatte in un casinò, con<br />
il pretesto di applicare una libertà<br />
di mercato in cui l’importante<br />
era solo generare guadagni rapidi,<br />
concentrati nelle mani di pochi<br />
e senza ridistribuzione. Questa<br />
crisi, nata negli Stati Uniti<br />
con un sistema finanziario caratterizzato<br />
dalla speculazione, al<br />
posto di investimenti reali nel<br />
settore produttivo, <strong>no</strong>n aveva<br />
motivo di arrivare in altre parti<br />
del mondo se i governi dei<br />
paesi avanzati avessero adottato<br />
misure rapide per bloccarla. Ne<br />
sto parlando in eventi e incontri<br />
internazionali dal settembre<br />
del 2007. Il gover<strong>no</strong> america<strong>no</strong>,<br />
però, ha adottato misure decisive<br />
solo il mese scorso, quando<br />
ha annunciato l’investimento di<br />
750 miliardi di dollari, facendo<br />
finta per un intero an<strong>no</strong> che la<br />
crisi <strong>no</strong>n esisteva.<br />
CI –Che misure posso<strong>no</strong> essere<br />
adottate per affrontare questa<br />
situazione esplosiva?<br />
<strong>Lula</strong> – Prima di tutto è necessaria<br />
una riforma profonda delle<br />
<strong>Na</strong>zioni Unite, del Fondo Monetario<br />
Internazionale e della Banca<br />
Mondiale, istituzioni create<br />
per aiutare e sostenere i paesi<br />
poveri. In altri periodi, quando<br />
scoppiava una crisi in <strong>Brasil</strong>e e<br />
in Argentina, le autorità monetarie<br />
del FMI sapeva<strong>no</strong> che cosa<br />
fare e come monitorare il problema.<br />
Adesso che la crisi è cominciata<br />
con danni gravi in un paese<br />
ricco, il FMI e il BIRD <strong>no</strong>n si pronuncia<strong>no</strong>.<br />
La mia opinione è che<br />
i poveri <strong>no</strong>n posso<strong>no</strong> pagare per<br />
una crisi generata da un paese<br />
ricco. Il <strong>Brasil</strong>e, così come altri<br />
paesi lati<strong>no</strong>-americani, ha passato<br />
20 anni con un’eco<strong>no</strong>mia senza<br />
crescita. Da poco più di 5 anni<br />
abbiamo cominciato a crescere e<br />
adesso <strong>no</strong>n possiamo essere vittime<br />
di un sistema finanziario internazionale<br />
irresponsabile. Probabilmente<br />
dovremo pensare a<br />
creare un nuovo orga<strong>no</strong> internazionale<br />
capace di affrontare questa<br />
nuova realtà.<br />
CI – Il Pia<strong>no</strong> di Accelerazione<br />
della Crescita ha richiamato l’attenzione<br />
degli industriali italiani,<br />
ma la presidente della Confindustria,<br />
Emma Marcegaglia,<br />
ha chiesto maggiore apertura<br />
del mercato e me<strong>no</strong> protezionismo.<br />
Che ne pensa?<br />
<strong>Lula</strong> – Alcune opere del PAC han<strong>no</strong><br />
la licitazione prevista per il<br />
primo semestre del 2009, nei<br />
settori legati all’introduzione di<br />
treni ad alta velocità e alla creazione<br />
di alcuni stabilimenti idroelettrici.<br />
L’importante per il <strong>Brasil</strong>e<br />
è la conclusione di queste<br />
opere. La sig<strong>no</strong>ra Marcegaglia –<br />
dirigente di un gruppo del settore<br />
siderurgico con una filiale localizzata<br />
nello Stato di Santa Catarina<br />
– difende i suoi interessi.<br />
Studieremo la questione.<br />
CI – I grandi gruppi imprenditoriali<br />
transita<strong>no</strong> nel mercato brasilia<strong>no</strong><br />
senza grandi difficoltà,<br />
ma le piccole e medie imprese<br />
italiane si lamenta<strong>no</strong> di <strong>no</strong>n disporre<br />
di una piattaforma affidabile<br />
d’appoggio per quanto riguarda<br />
l’identificazione d’interlocutori<br />
per contrattare società.<br />
Come valuta questo quadro?<br />
26 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 27
capa<br />
na, as autoridades monetárias do<br />
FMI souberam o que fazer e como<br />
monitorar o problema. Agora<br />
que a crise começou com da<strong>no</strong>s<br />
graves dentro de um país rico, o<br />
FMI e o BIRD não se pronunciam.<br />
A meu ver, os pobres não podem<br />
pagar por uma crise gerada num<br />
país rico. O <strong>Brasil</strong>, assim como<br />
outros países lati<strong>no</strong>-america<strong>no</strong>s,<br />
passou 20 a<strong>no</strong>s com uma eco<strong>no</strong>mia<br />
sem crescimento. Há pouco<br />
mais de 5 a<strong>no</strong>s, começamos a<br />
crescer e agora não podemos ser<br />
vítimas de um sistema financeiro<br />
internacional irresponsável. Provavelmente,<br />
teremos que pensar<br />
na criação de um <strong>no</strong>vo órgão internacional<br />
capaz de enfrentar<br />
essa <strong>no</strong>va realidade.<br />
CI - O Pla<strong>no</strong> de Aceleração do Crescimento<br />
chamou a atenção dos<br />
empresários italia<strong>no</strong>s, mas a presidente<br />
de Confindústria, Emma<br />
Marcegaglia, pediu maior abertura<br />
de mercado e me<strong>no</strong>s protecionismo.<br />
O que achou disso?<br />
<strong>Lula</strong> - Algumas obras do PAC têm<br />
licitação prevista para o primeiro<br />
semestre de 2009, <strong>no</strong>s setores<br />
ligados à introdução de trens<br />
de alta velocidade, à criação de<br />
algumas usinas hidroelétricas. O<br />
importante para o <strong>Brasil</strong> é a conclusão<br />
dessas obras. A senhora<br />
Marcegaglia – dirigente de um<br />
grupo <strong>no</strong> setor siderúrgico com<br />
uma filial localizada <strong>no</strong> Estado de<br />
Santa Catarina – defende seus interesses.<br />
Estudaremos a questão.<br />
CI - Os grandes grupos empresariais<br />
transitam <strong>no</strong> mercado brasileiro<br />
sem grandes dificuldades,<br />
mas as pequenas e médias<br />
empresas <strong>italiana</strong>s se lamentam<br />
por não dispor de uma plataforma<br />
confiável de apoio quanto à<br />
identificação de interlocutores<br />
para contratar parcerias. Como<br />
avalia esse quadro?<br />
<strong>Lula</strong> - Se os empresários italia<strong>no</strong>s<br />
tiverem problemas na Itália, o<br />
<strong>Brasil</strong> será um ponto mais do que<br />
seguro para seus <strong>investimentos</strong>.<br />
Recebi vários empresários muito<br />
interessados em investir <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />
Convidei alguns deles para<br />
aprofundar questões ligadas aos<br />
nichos e segmentos da eco<strong>no</strong>mia<br />
brasileira que merecem um exame<br />
mais detalhado como energia elétrica<br />
e telecomunicações. Queremos<br />
apresentar um conjunto de<br />
obras e projetos <strong>no</strong>s quais sabemos<br />
com certeza que precisamos<br />
de parcerias. Todos os investidores<br />
têm um retor<strong>no</strong> garantido para<br />
cada operação financeira que<br />
fizer <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Nenhum outro país<br />
desenvolvido e rico <strong>no</strong> mundo<br />
apresenta um nível de sustentabilidade<br />
econômica e estabilidade<br />
política que hoje o <strong>Brasil</strong> detém.<br />
Esse é um trunfo para propormos<br />
o <strong>Brasil</strong> como ponto de atração<br />
para o capital estrangeiro.<br />
CI - Que medidas adotadas contra<br />
a crise podem convencer os<br />
empresários a investirem <strong>no</strong><br />
mercado brasileiro?<br />
<strong>Lula</strong> - Definimos um capital de giro<br />
para a pequena e média empresa,<br />
com 10 bilhões de reais<br />
destinados ao BNDEs para o financiamento<br />
da grande empresa.<br />
Além disso, outros 5 bilhões<br />
de reais foram destinados para a<br />
cadeia de produção da indústria<br />
automobilística, que representa<br />
24% do PIB industrial. O setor da<br />
construção civil recebeu 3 bilhões<br />
de reais e já devolvemos mais de<br />
110 bilhões de reais do empréstimo<br />
compulsório de modo que o<br />
sistema financeiro disponha de liquidez<br />
para sustentar o crédito na<br />
eco<strong>no</strong>mia, além de adotar outras<br />
medidas de estímulo à agricultura<br />
e à exportação. Todos são setores<br />
que geram empregos e garantem<br />
aos trabalhadores o acesso ao<br />
mercado de consumo. Poderemos<br />
viabilizar outras modalidades de<br />
crédito na medida em que houver<br />
necessidade, com o objetivo de<br />
evitar o pânico <strong>no</strong> consumidor e<br />
o bloqueio na eco<strong>no</strong>mia. Todos os<br />
empresários e dirigentes do setor<br />
automobilístico, por exemplo, garantiram<br />
que vão manter seus <strong>investimentos</strong>.<br />
O mesmo vai acontecer<br />
<strong>no</strong> caso do PAC e da Petrobrás.<br />
O Banco Central e o Tesouro<br />
vão colocar à disposição os recursos<br />
necessários para sustentar o<br />
mercado inter<strong>no</strong> e garantir o financiamento<br />
às exportações. Não<br />
quero ver nenhuma obra parada.<br />
CI - E o Programa Mais Alimentos?<br />
<strong>Lula</strong> - Esse programa conta com<br />
25 bilhões de reais destinados à<br />
agricultura familiar, para a compra<br />
de 60 mil tratores e 300 mil<br />
máquinas agrícolas. Isso tudo para<br />
assegurar um futuro na produção<br />
agrícola destinada à alimentação.<br />
Quem quiser comprar seu<br />
carro ou sua geladeira, que compre.<br />
Só não podemos parar, caso<br />
contrário, a crise vai <strong>no</strong>s pegar<br />
de verdade. As prefeituras das<br />
principais cidades também têm<br />
capacidade de investir e mesmo<br />
de se endividar, dispondo de re-<br />
Viva essa energia: <strong>Lula</strong> e o<br />
presidente da Petrobras, Sergio<br />
Gabrielli em imagem de 2007<br />
Vivi questa energia: <strong>Lula</strong> e il<br />
presidente della Petrobras, Sergio<br />
Gabrielli, in immagine del 2007<br />
<strong>Lula</strong> – Se gli imprenditori italiani<br />
han<strong>no</strong> avuto problemi in Italia,<br />
il <strong>Brasil</strong>e sarà un luogo più<br />
che sicuro per i loro investimenti.<br />
Ne ho ricevuti vari, molto<br />
interessati ad investire in <strong>Brasil</strong>e.<br />
Ho invitato alcuni di loro ad<br />
approfondire questioni legate a<br />
nicchie di mercato e segmenti<br />
dell’eco<strong>no</strong>mia brasiliana che<br />
merita<strong>no</strong> un esame più dettagliato,<br />
come l’energia elettrica<br />
e le telecomunicazioni.Vogliamo<br />
presentare un insieme di opere<br />
e di progetti sui quali sappiamo<br />
con certezza che abbiamo bisog<strong>no</strong><br />
di soci. Tutti gli investitori<br />
han<strong>no</strong> un ritor<strong>no</strong> garantito per<br />
ogni operazione finanziaria fatta<br />
in <strong>Brasil</strong>e. Nessun altro paese<br />
sviluppato e ricco al mondo<br />
presenta un livello di supporto<br />
eco<strong>no</strong>mico e di stabilità politica<br />
come il <strong>Brasil</strong>e ha oggi. Questo<br />
è un asso nella manica per<br />
proporre il <strong>Brasil</strong>e come attrazione<br />
per il capitale straniero.<br />
CI – Che misure adottate contro<br />
la crisi posso<strong>no</strong> convincere gli<br />
industriali a investire nel mercato<br />
brasilia<strong>no</strong>?<br />
<strong>Lula</strong> – Abbiamo definito un giro<br />
di capitali per le piccole e<br />
medie imprese, con 10 miliardi<br />
di reais destinati al BNDS per il<br />
finanziamento delle grandi imprese.<br />
I<strong>no</strong>ltre altri 5 miliardi di<br />
reais so<strong>no</strong> stati destinati alla filiera<br />
di produzione dell’industria<br />
automobilistica, che rappresenta<br />
il 24% del PIL industriale. Il<br />
settore della costruzione civile<br />
ha ricevuto 3 miliardi di reais<br />
e abbiamo già restituito più di<br />
110 miliardi di reais del prestito<br />
coattivo in modo che il sistema<br />
finanziario disponga di liquidità<br />
per sostenere il credito eco<strong>no</strong>mico,<br />
oltre ad adottare altre<br />
misure per stimolare l’agricoltura<br />
e l’esportazione. So<strong>no</strong> tutti<br />
settori che produco<strong>no</strong> impiego<br />
e garantisco<strong>no</strong> ai lavoratori<br />
l’ingresso al mercato di consumo.<br />
Possiamo introdurre altre<br />
<strong>no</strong>rme di credito se ne avremo<br />
cursos suficientes para sustentar<br />
o ritmo da <strong>no</strong>ssa eco<strong>no</strong>mia. Em<br />
síntese, na atual crise financeira,<br />
o <strong>Brasil</strong> não tem bancos nem indústrias<br />
condicionadas pelos subprimes<br />
america<strong>no</strong>s. Não temos<br />
bancos nem empresas pedindo<br />
concordatas ou declarando falências,<br />
como está acontecendo <strong>no</strong>s<br />
Estados Unidos e na Europa.<br />
CI - Que efeitos a crise pode gerar<br />
<strong>no</strong>s países em desenvolvimento?<br />
<strong>Lula</strong> - Países em desenvolvimento<br />
com um quadro econômico e social<br />
semelhante ao <strong>no</strong>sso devem<br />
sofrer me<strong>no</strong>s os efeitos da crise,<br />
até porque neles existe um mercado<br />
inter<strong>no</strong> que não existe <strong>no</strong>s<br />
países desenvolvidos.<br />
CI - Os italia<strong>no</strong>s puderam apreciar<br />
dois exemplares do automóvel<br />
Linea fabricado pela Fiat <strong>no</strong><br />
<strong>Brasil</strong> com o tanque do tipo flex.<br />
Pensa que a importação de eta<strong>no</strong>l<br />
possa ocorrer a curto prazo?<br />
<strong>Lula</strong> - Esse é um processo que leva<br />
algum tempo, pois trata-se de<br />
realizar uma profunda mudança<br />
de hábitos de consumo quanto<br />
à matriz energética em uso na<br />
Itália e em outros países europeus.<br />
Tudo isso envolve uma série<br />
de considerações e debates<br />
políticos, mas é só uma questão<br />
de tempo. Os países todos estão<br />
comprometidos com o protocolo<br />
de Kyoto para reduzir a emissão<br />
de poluentes na atmosfera. Existe<br />
também um acordo para que<br />
os países europeus introduzam<br />
10% de biocombustivel na gasolina.<br />
Portanto, terão que adquirílo<br />
de alguém e o meu conselho<br />
é que não o produzam a partir<br />
da ca<strong>no</strong>la nem da beterraba, que<br />
implicam um processo caro. O<br />
<strong>Brasil</strong> oferece um eta<strong>no</strong>l de boa<br />
qualidade e a baixo custo. Estamos<br />
propondo aos italia<strong>no</strong>s também<br />
atividades de parceria <strong>no</strong><br />
<strong>Brasil</strong>, para que montem empresas<br />
em sociedade com brasileiros<br />
em <strong>no</strong>sso território e destinadas<br />
à produção do eta<strong>no</strong>l que eles<br />
querem consumir. O eta<strong>no</strong>l é uma<br />
ótima saída para todos os países,<br />
que tenham ou não petróleo.<br />
Oferecemos à Itália também parcerias<br />
para gerar <strong>investimentos</strong> e<br />
oportunidades empresariais e comerciais<br />
em outros países, como<br />
Angola, Moçambique e Gana. Temos<br />
tec<strong>no</strong>logia, capacidade produtiva<br />
e disponibilidade para a<br />
realização dessas parcerias.<br />
CI - Crescimento não é sinônimo<br />
de mais poluição e destruição do<br />
meio-ambiente? Nesses termos,<br />
qual é a situação na Amazônia?<br />
<strong>Lula</strong> - Agora quem faz a pergunta<br />
sou eu: quando os países ricos<br />
vão respeitar de verdade o acordo<br />
de Kyoto e os limites impostos<br />
para a emissão de CO 2<br />
na atmosfera?<br />
Quando encontrarmos<br />
uma resposta certa e clara a essa<br />
questão, poderemos pensar nas<br />
responsabilidades de cada país<br />
na política econômica que adota.<br />
Todos sabem que o <strong>Brasil</strong> é<br />
favorável à produção de biocombustíveis.<br />
Estamos demonstrando<br />
que se trata de uma atividade<br />
plenamente compatível com<br />
a preservação do meio ambiente<br />
e a produção de alimentos em<br />
abundância. O território brasileiro<br />
dispõe de mais de 400 milhões<br />
de hectares de terra cultivável,<br />
dos quais somente 1% tem culturas<br />
de cana-de-açúcar. As áreas<br />
onde existem comunidades<br />
indígenas e parques nacionais<br />
correspondem a todos os países<br />
europeus reunidos. E a população<br />
indígena cresceu de 300 mil<br />
para 700 mil habitantes.<br />
la necessità, con l’obiettivo di<br />
evitare il panico nei consumatori<br />
ed il blocco dell’eco<strong>no</strong>mia.<br />
Tutti gli industriali e i dirigenti<br />
del settore automobilistico, per<br />
esempio, han<strong>no</strong> garantito che<br />
manterran<strong>no</strong> gli investimenti.<br />
La stessa cosa avverrà con il<br />
PAC e con la Petrobras. La Banca<br />
Centrale e il Tesoro metteran<strong>no</strong><br />
a disposizione le risorse necessarie<br />
per sostenere il mercato<br />
inter<strong>no</strong> e garantire il finanziamento<br />
per le esportazioni. Non<br />
voglio vedere nessuna opera paralizzata.<br />
CI – E il Programma Mais Alimentos?<br />
<strong>Lula</strong> – Questo programma dispone<br />
di 25 miliardi di reais<br />
destinati all’agricoltura familiare,<br />
per comprare 60.000 trattori<br />
e 300.000 macchine agricole.<br />
Questo per assicurare un futuro<br />
alla produzione agricola destinata<br />
all’alimentazione. Chi vuole<br />
comprare la sua auto o il suo<br />
frigorifero, che lo compri. Solo<br />
che <strong>no</strong>n ci possiamo fermare,<br />
altrimenti la crisi ci attacca<br />
davvero. Poi le prefetture delle<br />
città principali han<strong>no</strong> la capacità<br />
di investire e anche di fare<br />
debiti, disponendo di risorse<br />
sufficienti per sostenere il ritmo<br />
della <strong>no</strong>stra eco<strong>no</strong>mia. In sintesi,<br />
nell’attuale crisi finanziaria,<br />
il <strong>Brasil</strong>e <strong>no</strong>n ha banche né industrie<br />
condizionate dai subprimes<br />
americani.Non abbiamo né<br />
banche né imprese chiedendo<br />
accordi o dichiarando fallimento,<br />
come sta succedendo negli<br />
Stati Uniti e in Europa.<br />
CI – Che effetti la crisi può generare<br />
nei paesi in via di sviluppo?<br />
<strong>Lula</strong> – I Paesi in via di sviluppo<br />
con un quadro eco<strong>no</strong>mico e sociale<br />
simile al <strong>no</strong>stro dovran<strong>no</strong><br />
subire me<strong>no</strong> gli effetti della crisi,<br />
anche perché in questi paesi esiste<br />
un mercato inter<strong>no</strong> che <strong>no</strong>n<br />
c’è nei paesi sviluppati.<br />
CI – Gli italiani han<strong>no</strong> potuto apprezzare<br />
due esemplari dell’automobile<br />
Linea fabbricata dalla<br />
Fiat in <strong>Brasil</strong>e con il serbatoio<br />
del tipo flex. Pensa che l’importazione<br />
di eta<strong>no</strong>lo possa avvenire<br />
in breve tempo?<br />
<strong>Lula</strong> – È un processo che avrà bisog<strong>no</strong><br />
di tempo, perché si tratta<br />
di realizzare un cambiamento<br />
profondo nelle abitudini ai<br />
consumi che riguarda<strong>no</strong> il tipo<br />
di energia usata in Italia e negli<br />
altri paesi europei. E tutto ciò<br />
coinvolge una serie di considerazioni<br />
e di discussioni politiche,<br />
ma è solo una questione di<br />
tempo. Tutti i paesi si so<strong>no</strong> impegnati<br />
con il protocollo di Kyoto<br />
a ridurre l’emissione di gas<br />
inquinanti nell’atmosfera. Esiste<br />
anche un accordo affinché i paesi<br />
europei introduca<strong>no</strong> il 10%<br />
di biocombustibile nella benzina.<br />
Perciò dovran<strong>no</strong> prenderlo<br />
da qualcu<strong>no</strong> e il mio consiglio<br />
è che <strong>no</strong>n lo produca<strong>no</strong> a partire<br />
dalla ca<strong>no</strong>la né dalla barbabietola,<br />
che implica un processo<br />
costoso. Il <strong>Brasil</strong>e offre un eta<strong>no</strong>lo<br />
di buona qualità e a costi<br />
bassi. Stiamo proponendo agli<br />
italiani anche delle attività societarie<br />
in <strong>Brasil</strong>e, per avviare<br />
società con brasiliani nel <strong>no</strong>stro<br />
territorio, destinate alla produzione<br />
di eta<strong>no</strong>lo che voglio<strong>no</strong><br />
consumare. L’eta<strong>no</strong>lo è un’ottima<br />
soluzione per tutti i paesi,<br />
che abbia<strong>no</strong> o <strong>no</strong> petrolio. Offriamo<br />
all’Italia anche società<br />
per produrre investimenti e opportunità<br />
industriali e commerciali<br />
in altri paesi come Angola,<br />
Mozambico e Gana. Abbiamo la<br />
tec<strong>no</strong>logia, la capacità produttiva<br />
e la disponibilità per realizzare<br />
queste società.<br />
CI –La crescita <strong>no</strong>n è si<strong>no</strong>nimo<br />
di maggior inquinamento e distruzione<br />
ambientale? A questo<br />
proposito, qual è la situazione in<br />
Amazzonia?<br />
<strong>Lula</strong> – Adesso chi fa la domanda<br />
so<strong>no</strong> io: quando i paesi ricchi<br />
rispetteran<strong>no</strong> veramente l’accordo<br />
di Kyoto e i limiti imposti<br />
all’emissione di CO 2<br />
nell’atmosfera?<br />
Quando avremo una risposta<br />
certa e chiara a questa<br />
domanda, allora potremo pensare<br />
alle responsabilità di ciascun<br />
paese sulla sua politica eco<strong>no</strong>mica.<br />
Tutti san<strong>no</strong> che il <strong>Brasil</strong>e<br />
è favorevole alla produzione di<br />
biocombustibili. Stiamo dimostrando<br />
che si tratta di un’attività<br />
pienamente compatibile<br />
con la preservazione ambientale<br />
e la produzione di cibo in abbondanza.<br />
Il territorio brasilia<strong>no</strong><br />
dispone di più di 400 milioni<br />
di ettari di terra coltivabile,<br />
dei quali solo l’1% è coltivato a<br />
canna da zucchero. Le aree dove<br />
esisto<strong>no</strong> comunità indigene<br />
e parchi nazionali corrispondo<strong>no</strong><br />
a tutti i paesi europei riuniti<br />
insieme. E la popolazione indigena<br />
è cresciuta da 300mila a<br />
700mila abitanti.<br />
28 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 29
capa<br />
negócios<br />
Foi em clima de camaradagem<br />
que aconteceu o encontro<br />
entre o presidente<br />
<strong>Lula</strong> e o presidente da Câmara<br />
dos Deputados, Gianfranco<br />
Fini. Os dois já se conheciam<br />
por conta da visita que o parlamentar<br />
italia<strong>no</strong> fez ao <strong>Brasil</strong> na<br />
condição de ministro do Exterior.<br />
Presente à reunião, o deputado<br />
ítalo-brasileiro Fábio Porta conta<br />
que, desta vez, Fini ficou ainda<br />
mais “favoravelmente impressionado<br />
com a sinceridade e o carisma<br />
de <strong>Lula</strong>”.<br />
Porta explica que Fini lhe<br />
convidou para o encontro com<br />
<strong>Lula</strong> para mostrar sua atenção<br />
para com os italia<strong>no</strong>s <strong>no</strong> mundo<br />
e para confirmar a proximidade<br />
dos parlamentos italia<strong>no</strong> e brasileiro<br />
e também a proximidade<br />
entre brasileiros, italia<strong>no</strong>s e ítalo-brasileiros<br />
que vivem <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,<br />
“este grande país, tão próximo<br />
da Itália”.<br />
Além de falar bastante sobre<br />
a crise internacional, <strong>Lula</strong> abordou<br />
com Fini a questão da imigração.<br />
Segundo o deputado radicado<br />
<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, <strong>Lula</strong> pediu que<br />
a Itália dispensasse uma especial<br />
atenção aos direitos dos trabalhadores<br />
imigrantes.<br />
— Também foi falado sobre<br />
a “fila da cidadania” <strong>no</strong>s consulados<br />
italia<strong>no</strong>s, um tema importante<br />
para <strong>Lula</strong> já que é casado<br />
com uma ítalo-brasileira — afirma<br />
Porta.<br />
<strong>Na</strong> opinião do deputado, o<br />
presidente brasileiro causou boa<br />
impressão. Segundo ele, a Itália<br />
“vê o <strong>Brasil</strong> com crescente interesse<br />
e simpatia” e o presidente<br />
<strong>Lula</strong> “goza de uma grande estima<br />
e admiração” <strong>no</strong> país.<br />
O único ponto a lamentar, segundo<br />
Porta, foi protagonizado<br />
pelo primeiro-ministro italia<strong>no</strong>. <strong>Na</strong><br />
sua opinião, o “lance teatral” feito<br />
por Silvio Berlusconi ao convidar<br />
os jogadores brasileiros do seu<br />
time, o Milan, para receber <strong>Lula</strong>,<br />
“passou para a Itália uma imagem<br />
redutiva e estereotipada do <strong>Brasil</strong>,<br />
um país que não é somente futebol,<br />
carnaval e favelas”.<br />
Para o deputado, como resultado<br />
dessa visita ficará a esperança<br />
que a Itália acredite e invista<br />
mais <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>:<br />
— O <strong>Brasil</strong> deve ser não apenas<br />
um parceiro, mas o <strong>no</strong>sso<br />
parceiro privilegiado na América<br />
do Sul e um grande aliado na<br />
estratégia de internacionalização<br />
Muito em<br />
comum<br />
Molto in comune<br />
Crise econômica, imigração e descontração<br />
marcaram o encontro entre <strong>Lula</strong> e Gianfranco Fini<br />
Crisi eco<strong>no</strong>mica, immigrazione e distensione han<strong>no</strong><br />
segnato l’incontro fra <strong>Lula</strong> e Gianfranco Fini<br />
política e econômica da Itália. A<br />
visita de <strong>Lula</strong> foi um passo nesta<br />
direção. Esperamos que os <strong>no</strong>ssos<br />
governantes sejam conseqüentes<br />
com o que disseram durante<br />
a visita.<br />
Se o futuro das relações entre<br />
os dois países depender do encontro<br />
entre <strong>Lula</strong> e Fini, tudo indica<br />
que <strong>Brasil</strong> e Itália serão mais parceiros<br />
do que nunca. Segundo Porta,<br />
além de conversarem bastante,<br />
Fini “se divertiu por um bom<br />
tempo” com o presidente brasileiro.<br />
A ponto do presidente da Câmara<br />
confessar para o deputado,<br />
ao final do encontro: “Entre mim e<br />
<strong>Lula</strong> há mais coisas em comum do<br />
que se possa imaginar”.<br />
Sô n i a Apolinário<br />
L’<br />
incontro fra il presidente<br />
<strong>Lula</strong> e il presidente<br />
della Camera dei Deputati,<br />
Gianfranco Fini, si<br />
è svolto in un clima di cameratismo.<br />
I due già si co<strong>no</strong>sceva<strong>no</strong><br />
a causa della visita che il parlamentare<br />
italia<strong>no</strong> aveva fatto in<br />
<strong>Brasil</strong>e quando era Ministro degli<br />
Esteri. Presente alla riunione,<br />
il deputato italo-brasilia<strong>no</strong> Fabio<br />
Porta dice che questa volta Fini è<br />
rimasto ancora più “impressionato<br />
favorevolmente dalla sincerità<br />
e dal carisma di <strong>Lula</strong>”.<br />
Porta spiega che Fini l’ha invitato<br />
all’incontro con <strong>Lula</strong> per<br />
dimostrare la sua attenzione per<br />
gli italiani nel mondo e per confermare<br />
la vicinanza dei parlamenti<br />
italia<strong>no</strong> e brasilia<strong>no</strong>, e anche<br />
la prossimità fra brasiliani,<br />
italiani e italo-brasiliani che vivo<strong>no</strong><br />
in <strong>Brasil</strong>e, “questo gran paese,<br />
così vici<strong>no</strong> all’Italia”.<br />
Oltre a parlare molto della<br />
crisi internazionale, <strong>Lula</strong> ha<br />
affrontato con Fini la questione<br />
dell’immigrazione. Secondo il<br />
deputato radicato in <strong>Brasil</strong>e, <strong>Lula</strong><br />
ha chiesto che l’Italia presti<br />
un’attenzione speciale ai diritti<br />
dei lavoratori immigrati.<br />
— Si è anche parlato della<br />
“fila per la cittadinanza” nei<br />
consolati italiani, un tema importante<br />
per <strong>Lula</strong> che è sposato<br />
con un italo-brasiliana — afferma<br />
Porta.<br />
Secondo il deputato il presidente<br />
brasilia<strong>no</strong> ha dato una<br />
buon’impressione. Secondo lui,<br />
l’Italia “vede il <strong>Brasil</strong>e con crescente<br />
interesse e simpatia” e il<br />
presidente <strong>Lula</strong> “gode di grande<br />
stima e ammirazione” nel paese.<br />
L’unico problema, secondo<br />
Porta, è stato causato dal Primo<br />
Ministro italia<strong>no</strong>. Secondo lui, il<br />
“colpo di teatro” fatto da Silvio<br />
Berlusconi invitando i giocatori<br />
brasiliani della sua squadra,<br />
il Milan, per ricevere <strong>Lula</strong>, “ha<br />
passato all’Italia una immagine<br />
riduttiva e stereotipata del <strong>Brasil</strong>e,<br />
paese che <strong>no</strong>n è solo calcio,<br />
carnevale e favela”.<br />
Secondo il deputato da questa<br />
visita risulterà la speranza<br />
che l’Italia abbia fiducia e investirà<br />
di più in <strong>Brasil</strong>e:<br />
—Il <strong>Brasil</strong>e <strong>no</strong>n deve essere<br />
solo un partner, ma il <strong>no</strong>stro<br />
partner privilegiato nell’America<br />
del sud ed un grande alleato<br />
nella strategia di internazionalizzazione<br />
politica ed eco<strong>no</strong>mica<br />
<strong>italiana</strong>.La visita di <strong>Lula</strong> è stata<br />
un passo in questa direzione.<br />
Speriamo che i <strong>no</strong>stri governanti<br />
dia<strong>no</strong> seguito a quello di cui<br />
han<strong>no</strong> parlato nella visita.<br />
Se le relazioni future fra i due<br />
paesi dipenderan<strong>no</strong> dall’incontro<br />
fra <strong>Lula</strong> e Fini, tutto lascia pensare<br />
che <strong>Brasil</strong>e e Italia saran<strong>no</strong><br />
alleati come <strong>no</strong>n so<strong>no</strong> mai stati<br />
prima. Secondo Porta, a parte il<br />
fatto di parlare molto, Fini “si è<br />
divertito un buon tempo” con il<br />
presidente brasilia<strong>no</strong>. Al punto<br />
che il Presidente della Camera alla<br />
fine dell’incontro ha confessato<br />
al deputato “Fra me e <strong>Lula</strong> ci<br />
so<strong>no</strong> più cose in comune di quanto<br />
si possa immaginare”.<br />
Problema<br />
resolvido<br />
Parceria entre italia<strong>no</strong>s e brasileiros<br />
consolida transformação de resíduo de couro<br />
em fertilizante <strong>no</strong> Rio Grande do Sul<br />
Os números impressionam.<br />
Responsável por um terço<br />
do couro processado <strong>no</strong><br />
<strong>Brasil</strong>, o Rio Grande do<br />
Sul manejou 15 milhões de toneladas<br />
desse material em 2007,<br />
gerando uma receita de um bilhão<br />
de reais. Já a produção de<br />
calçados fica em tor<strong>no</strong> de 240<br />
milhões de pares por a<strong>no</strong>. Toda<br />
essa movimentação, <strong>no</strong> entanto,<br />
resulta <strong>no</strong> despejo anual de 37<br />
mil toneladas de resíduos sólidos<br />
cromados em um aterro sanitário.<br />
Um problema que, com uma<br />
ajudinha <strong>italiana</strong>, será transformado<br />
em solução: depois de uma<br />
missão na Bologna, empresários<br />
implementarão na região uma<br />
técnica da Bota que transforma<br />
resíduos sólidos em fertilizantes.<br />
A partir do investimento de<br />
15 milhões de reais, a Ilsa SpA,<br />
empresa com sede na Itália, começa<br />
a operar <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong> primeiro<br />
trimestre de 2009. Instalada<br />
<strong>no</strong> município de Portão, <strong>no</strong> Vale<br />
dos Si<strong>no</strong>s - localidade com maior<br />
concentração de uso do couro<br />
Sílvia So u z a<br />
do <strong>Brasil</strong> - ocupará uma área de<br />
quatro mil metros quadrados com<br />
capacidade para absorver 100%<br />
dos resíduos sólidos gerados <strong>no</strong><br />
estado. A matriz <strong>italiana</strong> mantém<br />
contratos de exportação com 27<br />
países. A tec<strong>no</strong>logia empregada<br />
lá, baseada em hidrólise térmica,<br />
não necessita de nenhum outro<br />
tipo de aditivo.<br />
— Essa operação já existe na<br />
Itália e na Europa há duas décadas.<br />
Aqui é pioneira. Tínhamos<br />
um problema de custo/beneficio<br />
ao falar desse resíduo. Hoje,<br />
porém, sabemos que até o lixo<br />
tem utilidade e trabalhamos para<br />
aperfeiçoar todas as fases do processo.<br />
Isso trará tranqüilidade para<br />
a indústria e elimina o impacto<br />
ambiental — explica o vice-presidente<br />
da Associação das Indústrias<br />
de Curtume do Rio Grande do<br />
Sul (Aicsul), Leogenio Alban, que<br />
acompanhou a expedição.<br />
Para Alban, agora será necessário<br />
“contar com a consciência<br />
das empresas que geram resíduos”<br />
para que a partir dessa iniciativa,<br />
ao invés de enterrarem<br />
esse material, passem a contratar<br />
esse serviço “livrando-se de<br />
um passivo ambiental”. Ele explica<br />
que o fertilizante produzido a<br />
partir de resíduo de couro é utilizado<br />
na Europa, principalmente,<br />
para a cultura de arroz irrigado<br />
em razão do seu poder de liberação<br />
lenta do nitrogênio.<br />
Dessa forma, todo esse processo<br />
também ajudaria em outro<br />
segmento, já que o <strong>Brasil</strong> importa<br />
fertilizantes. Para a produção<br />
dos nitrogenados, depende do<br />
fornecimento de gás natural da<br />
Bolívia, matéria-prima necessária<br />
para a sua fabricação.<br />
A visita à Itália culmi<strong>no</strong>u com<br />
a aproximação entre os ministérios<br />
da Agricultura dos dois países.<br />
Ficou definido que técnicos<br />
italia<strong>no</strong>s estarão em Brasília, em<br />
março de 2009 para estudo e modernização<br />
das leis que regulam<br />
a industrialização e comercialização<br />
de fertilizantes <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />
O roteiro incluiu uma passagem<br />
pelo Instituto Conciario<br />
Galileu (Escola de Curtimento<br />
de Arzigna<strong>no</strong>) e pela estação de<br />
tratamento Acque de Chiampo<br />
SpA - empresa responsável pelo<br />
tratamento dos efluentes industriais<br />
e urba<strong>no</strong>s de oito municípios<br />
da região. O grupo também<br />
visitou o termoincenerador na<br />
cidade de Brescia e participou<br />
de encontro na Confederação<br />
das Indústrias da Itália (Confindustria)<br />
e na Associação Italiana<br />
dos Produtores de Fertilizantes<br />
da (Assofertilizzanti).<br />
Da parte acadêmica, a esperança<br />
é a formalização, <strong>no</strong> a<strong>no</strong><br />
que vem, de um intercâmbio técnico/científico<br />
entre a Faculdade<br />
de Agro<strong>no</strong>mia da Universidade<br />
de Bologna e a UFRGS, que abriga<br />
o Lacouro, laboratório especializado<br />
em pesquisas para o<br />
setor coureiro.<br />
— Fomos apresentados a pesquisas<br />
realizadas <strong>no</strong>s últimos 25<br />
a<strong>no</strong>s com referência à utilização<br />
do adubo orgânico obtido a partir<br />
dos resíduos de couro da indústria<br />
coureiro/calçadista. Isso sem<br />
falar na visita aos laboratórios e<br />
campos experimentais da faculdade<br />
— comenta Alban.<br />
30 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 31
intercâmbio<br />
Missão<br />
cumprida<br />
Evento em Turim definiu uma agenda de trabalhos entre Minas<br />
Gerais e a região do Piemonte para os próximos dois a<strong>no</strong>s<br />
Dito e feito. A Fiat implantará,<br />
em Minas Gerais,<br />
um Centro de Pesquisas<br />
em Automobilismo e Design.<br />
Esse foi um dos acordos que<br />
o governador mineiro Aécio Neves<br />
fechou durante sua visita à<br />
região do Piemonte, <strong>no</strong> mês passado.<br />
Trazer esse centro para o<br />
<strong>Brasil</strong> era um dos seus objetivos<br />
ao encabeçar uma comitiva de<br />
cerca de cem pessoas que desembarcou<br />
em Turim para realizar a<br />
Semana de Minas <strong>no</strong> Piemonte.<br />
O grupo foi formado por secretários<br />
de estado, empresários, professores<br />
e artistas.<br />
Durante o evento, foi definida<br />
uma agenda de trabalho para<br />
os próximos dois a<strong>no</strong>s entre os<br />
estados brasileiro e italia<strong>no</strong>. Essa<br />
agenda é fruto de acordos para<br />
a realização de pesquisas em<br />
setores como biotec<strong>no</strong>logia, na<strong>no</strong>tec<strong>no</strong>logia,<br />
microeletrônica,<br />
Ja n a í n a Cesar<br />
Especial • Turim<br />
telecomunicações, tec<strong>no</strong>logia<br />
wireless, design, agro-zootécnico,<br />
meio ambiente e bioenergia<br />
automotiva. Também serão<br />
<strong>incentiva</strong>das as pesquisas para<br />
o desenvolvimento de <strong>no</strong>vos<br />
produtos e a formação de mãode-obra<br />
especializada por meio<br />
de intercâmbio universitário. A<br />
maior parte dos acordos foi firmada<br />
entre o governador Neves<br />
e a presidente da região do Piemonte,<br />
Mercedes Bresso.<br />
— Nós temos que transformar<br />
essa parceria em oportunidades<br />
de crescimento e geração<br />
de empregos — destaca o governador<br />
de Minas, Aécio Neves.<br />
— Nossa relação com o Piemonte<br />
vai continuar a caminhar com<br />
muita naturalidade.<br />
Mercedes Bresso endossa as<br />
palavras do “colega” brasileiro e<br />
vai além. Segundo ela, o objetivo<br />
é ampliar as parcerias, especialmente<br />
<strong>no</strong> que diz respeito a<br />
energias re<strong>no</strong>váveis.<br />
— Esta é uma importante<br />
oportunidade para crescermos<br />
juntos. A colaboração que já<br />
existia entre as duas regiões, por<br />
conta da Fiat, a partir de agora<br />
será expandida a todos os setores<br />
— afirma ela.<br />
Um dos acordos mais importantes<br />
foi firmado entre o secretário<br />
de Ciência e Tec<strong>no</strong>logia<br />
de Minas Gerais, Alberto Duque<br />
Portugal, e o assessore regional<br />
para Políticas de Internacionalização<br />
e Energia, Andrea Bairati.<br />
Este prevê um trabalho em conjunto<br />
para desenvolver “tec<strong>no</strong>logia<br />
verde” por intermédio de um<br />
programa dividido em três níveis:<br />
alta formação, pesquisa aplicada<br />
e relação industrial. Trata-se de<br />
uma cooperação efetiva <strong>no</strong> ramo<br />
da pesquisa industrial automotiva,<br />
de design automotivo e<br />
de produção de bio-energia. Para<br />
esta parceria foram destinados<br />
1 milhão de euros, sendo 500 mil<br />
euros de Minas e 500 mil do Piemonte.<br />
Segundo Bairati “Minas<br />
está pronta para se transformar<br />
Presidente da Fiat Mundial, Sergio Marchione discursa <strong>no</strong> encontro com empresários<br />
Fotos: Renato Gianturco<br />
Delegação mineira foi chefiada pelo<br />
governador Aécio Neves (centro, <strong>no</strong> alto)<br />
e percorreu locais como o Politécnico<br />
de Tori<strong>no</strong> em busca de parcerias<br />
na plataforma de acesso do Piemonte<br />
na América do Sul”.<br />
O secretário Alberto Portugal<br />
explica que um dos principais<br />
objetivos desse acordo é de privilegiar<br />
o duplo curriculum:<br />
— Trata-se do reconhecimento<br />
da dupla titularidade tanto<br />
para os alu<strong>no</strong>s da Universidade<br />
do Estado de Minas Gerais (Uemg)<br />
quanto para os italia<strong>no</strong>s que<br />
estudam <strong>no</strong> Instituto Politécnico<br />
de Turim (Polito). Existem outros<br />
programas de intercâmbio, mas<br />
este é realmente especial principalmente<br />
para o jovem estudante<br />
mineiro que vai à Polito para<br />
estudar e à Fiat para estagiar —<br />
diz Portugal.<br />
Nesse caso, a Fiat entra como<br />
parceira implantando um Centro<br />
de Pesquisas em Automobilismo<br />
e Design em Minas. Hoje, o Centro<br />
é gerido na Itália pelo Polito<br />
e é considerado um dos três<br />
melhores do mundo. Para Alessandro<br />
Barberis, presidente da<br />
Câmera de Comércio de Tori<strong>no</strong>,<br />
“essa é a confirmação que após<br />
trinta a<strong>no</strong>s de investimento e colaboração<br />
os dois estados atingiram<br />
um bom grau de amizade e<br />
confiança”.<br />
Para o presidente da Fiat <strong>no</strong><br />
<strong>Brasil</strong> Cledorvi<strong>no</strong> Belini “esta é<br />
uma grande oportunidade para o<br />
desenvolvimento de Minas e Piemonte”:<br />
— O <strong>Brasil</strong> tem uma e<strong>no</strong>rme<br />
capacidade na produção de combustíveis,<br />
como o eta<strong>no</strong>l, por<br />
exemplo. Em 1935, o país produziu<br />
pela primeira vez um combustível<br />
que misturava 5% de álcool<br />
e gasolina. Em 1979, produzimos<br />
o primeiro carro 100% a álcool,<br />
o Fiat 147. Nossa história com o<br />
<strong>Brasil</strong> nasceu há 30 a<strong>no</strong>s e espero<br />
ter consolidado essa união por<br />
outros 30 com a assinatura desses<br />
acordos — afirma Belini.<br />
Segundo o pró-reitor da Polito,<br />
Marco Gilli, este acordo “integra<br />
totalmente Polito, Fiat e Uemg”.<br />
Ele destaca como principal<br />
o fato de “dar força a um diploma<br />
válido e reconhecido <strong>no</strong>s dois<br />
países”. Gilli observa que, com a<br />
crise, as empresas não têm capital<br />
para investir em pesquisa e<br />
que isso tende a ser feito pelas<br />
universidades e centros qualificados<br />
de estudo.<br />
Atualmente, na Polito, existem<br />
100 alu<strong>no</strong>s brasileiros, parte<br />
deles provenientes de Minas Gerais.<br />
Um grande número freqüenta<br />
as faculdades de engenharia<br />
automobilística e química, como<br />
Francisco Eroni, de 29 a<strong>no</strong>s,<br />
recém-chegado da Universidade<br />
Federal de Pernambuco para fazer<br />
seis meses de doutorado em<br />
engenharia química.<br />
— As minhas expectativas<br />
são ótimas. A Polito é muito conhecida<br />
na Europa e possui uma<br />
ótima estrutura. Acho essa iniciativa<br />
do gover<strong>no</strong> de Minas para<br />
o diploma duplo muito válida<br />
porque é um problema estudar e<br />
não ter o título reconhecido em<br />
outro país — diz Eroni.<br />
Uma comitiva de reitores e<br />
professores de várias universidades<br />
mineiras visitou as instalações<br />
da Polito. Segundo o reitor<br />
da Universidade Estadual de<br />
Montes Claros (Unimontes), Paulo<br />
César Gonçalves de Almeida, o<br />
acordo de duplo diploma “é maravilhoso”<br />
para os alu<strong>no</strong>s.<br />
Tec<strong>no</strong>logia verde<br />
Em termos energéticos, a missão<br />
mineira <strong>no</strong> Piemonte resultou na<br />
realização de projetos de desenvolvimento<br />
de tec<strong>no</strong>logias para a<br />
produção do bio-eta<strong>no</strong>l, A idéia<br />
é utilizar a celulose proveniente<br />
do cultivo da cana, de modo a<br />
não interferir na produção agrícola<br />
de alimentos. A cooperação<br />
entre <strong>Brasil</strong> e Itália se dará <strong>no</strong><br />
âmbito acadêmico. As pesquisas<br />
têm como objetivo uma produção<br />
mais eficiente. Serão desenvolvidas<br />
pesquisas também <strong>no</strong>s setores<br />
de biotec<strong>no</strong>logia e de tec<strong>no</strong>logia<br />
industrial. Ainda <strong>no</strong> campo<br />
da engenharia, os estudos visam<br />
ampliar o rendimento energético<br />
dos motores a eta<strong>no</strong>l e produzir<br />
energia elétrica da biomassa.<br />
Minas é hoje o segundo maior<br />
produtor brasileiro de eta<strong>no</strong>l e<br />
açúcar. Possui 50 <strong>no</strong>vas usinas<br />
em fase de implementação e 85<br />
organizações que se ocupam de<br />
biotec<strong>no</strong>logia.<br />
Segundo o assessor Bairati os<br />
desafios que as duas regiões enfrentarão<br />
são estratégicos: “produzir<br />
eta<strong>no</strong>l da celulose, sem interferir<br />
na cadeia alimentar, e formar<br />
jovens engenheiros globais”.<br />
— Esta é a forma mais ousada<br />
de produção de eta<strong>no</strong>l — endossa<br />
o assessor de Políticas Culturais<br />
do Piemonte, Gianni Oliva.<br />
Ele lembra que apesar da Itália<br />
encabeçar uma linha de países<br />
contrários à resolução 20/20/20<br />
da União Européia (aumento em<br />
20% na produção de energia re<strong>no</strong>vável<br />
e diminuição em 20% de<br />
emissão de CO2 até o a<strong>no</strong> 2020),<br />
a política energética da presidente<br />
Bresso é pela auto-suficiência<br />
em energia re<strong>no</strong>vável. Segundo<br />
Oliva, este acordo com Minas<br />
“comprova a vontade de estabelecer<br />
uma política energética que<br />
priorize as soluções re<strong>no</strong>váveis”.<br />
Negócios<br />
Uma sala de empresários italia<strong>no</strong>s<br />
curiosos para conhecer e<br />
descobrir as riquezas do estado<br />
mineiro e marcada pela presença<br />
de cerca de 100 empresários brasileiros<br />
prontos a negociar. Foi<br />
nesse clima cheio de entusiasmo<br />
que o presidente da Fiat, Sérgio<br />
Marchione, abriu o Country Presentation.<br />
O evento marcou a<br />
apresentação das duas regiões na<br />
abertura oficial dos encontros de<br />
negócios, <strong>no</strong> dia 19 de <strong>no</strong>vembro.<br />
Com um breve discurso, ele<br />
ressaltou a importância dos acordos<br />
assinados para as duas regiões<br />
e para a Fiat.<br />
Os encontros foram organizados<br />
pela Região do Piemonte,<br />
Câmera do Comércio de Turim,<br />
Antenna Piemonte, Gover<strong>no</strong> de<br />
32 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 33
intercâmbio<br />
meio ambiente<br />
Luís Henrique Pereira da Fonseca<br />
Minas e Instituto de Desenvolvimento<br />
Integrado (Indi), em parceria<br />
com a Federação das Indústrias<br />
do Estado de Minas Gerais<br />
(Fiemg), e com apoio da Indústria<br />
e Artesanato de Minas Gerais<br />
e da Câmara Ítalo-<strong>Brasil</strong>eira<br />
de Comércio. A secretaria de<br />
Turismo de Minas Gerais (Setur)<br />
também organizou uma série de<br />
workshops e encontros de negócios<br />
entre operadores mineiros e<br />
do Piemonte.<br />
Para Eduardo Bernis, vicepresidente<br />
do Indi, foi sacramentada<br />
“uma relação harmoniosa<br />
entre os dois estados. Principalmente<br />
<strong>no</strong>s setores de biotec<strong>no</strong>logia<br />
e bio-carburante:<br />
— A região de Minas ganhou<br />
muito também pelo fato da Fiat<br />
abrir uma filial do Centro de Pesquisa<br />
e Design. Isso, para o <strong>Brasil</strong>,<br />
é muito significativo. Minas<br />
e Fiat têm uma história em comum.<br />
O Estado não seria a segunda<br />
eco<strong>no</strong>mia do país se a<br />
empresa <strong>italiana</strong> não estivesse<br />
lá. Agora, devemos expandir os<br />
acordos, abrir para todos os campos,<br />
não só automobilístico. É<br />
hora do estado brasileiro se abrir<br />
para o mundo, sair das montanhas<br />
— afirma Bernis.<br />
Há duas semanas na Itália,<br />
o embaixador Luís Henrique Pereira<br />
da Fonseca, cônsul geral do<br />
<strong>Brasil</strong> em Milão, participou de<br />
quase todos os eventos da missão<br />
mineira:<br />
— Quero ressaltar o modo<br />
afetuoso com que a governadora<br />
Bresso recebeu os representantes<br />
de Minas. Estou feliz que estes<br />
acordos tenham sido assinados.<br />
É muito importante para os estados,<br />
universidades, empresas e estudantes<br />
que os dois países mantenham<br />
uma relação estreita de<br />
amizade e cooperação — diz ele.<br />
Tambores e pão de queijo<br />
Além de negócios, a Semana de<br />
Minas <strong>no</strong> Piemonte promoveu em<br />
Turim a cultura do estado brasileiro.<br />
Até este mês, será possível<br />
conferir a mostra Viver Minas.<br />
No Museu de Ciências <strong>Na</strong>turais,<br />
18 salas mostram, com recursos<br />
so<strong>no</strong>ros e visuais, o passado colonial<br />
mineiro e aspectos da sua<br />
cultura popular. Além disso, grupos<br />
como Giramundo, Galpão e<br />
Uakti, garantiram uma animada<br />
programação.<br />
— Apresentamos Minas através<br />
das montanhas. Elas guardam<br />
por baixo de suas terras<br />
uma infinidade de minerais. Por<br />
cima, estão as riquezas naturais<br />
e as manifestações artísticas<br />
que permeiam a singularidade<br />
dos atrativos turísticos mineiros.<br />
Pretendemos que essa exposição<br />
desperte o interesse e a<br />
curiosidade dos empresários de<br />
turismo do Piemonte — explica<br />
Cultura em alta na bota. Missão<br />
teve shows das cantoras Titane<br />
(alto) e Déa Trancoso. Exposição<br />
Viver Minas levou a público<br />
curiosidades históricas do estado<br />
a secretária mineira de Turismo<br />
Érica Drumond.<br />
Para o secretário de Cultura<br />
de Minas, Paulo Brant, a exposição<br />
reflete a cultura de Minas<br />
“em duas dimensões: o zelo pelas<br />
tradições e a fascinação pela<br />
i<strong>no</strong>vação”.<br />
Da programação musical do<br />
evento fizeram parte 38 artistas.<br />
Enquanto o músico Maurício Tizumba<br />
e o grupo Tambolelê levaram<br />
sua tamborzada pelas ruas<br />
da cidade, artistas como Flávio<br />
Henrique, Déa Trancoso, Sérgio<br />
Santos, Vander Lee, Telo Borges,<br />
Weber Lopes, Marcus Viana, Maurício<br />
Ribeiro, Pablo Castro, Gilson<br />
Silveira, Titane, o duo Sete Estrelo<br />
e o dj Jeff Santos se apresentaram<br />
<strong>no</strong> Jazz Club de Turim.<br />
— Trazer a música de Minas<br />
para a Itália é algo realmente<br />
mágico. Os italia<strong>no</strong>s recebem<br />
Fotos: Renato Gianturco<br />
rapidamente a mensagem, é um<br />
ótimo público — diz a cantora<br />
Titane.<br />
Além da música, que fez os<br />
freqüentadores do clube de Jazz<br />
levantarem das cadeiras e dançarem,<br />
o evento apresentou a<br />
boa gastro<strong>no</strong>mia mineira. Como<br />
a música, a cozinha também é<br />
marcada pela mistura da influência<br />
indígena, africana e européia.<br />
E visto que tudo era “devorado”<br />
rapidamente, pode-se dizer<br />
que o pão de queijo quentinho, a<br />
feijoada e o caldo de aipim fizeram<br />
realmente sucesso. Além dos<br />
queijos e doces que também não<br />
passaram despercebidos. Como<br />
disse a secretária Érica Drumond,<br />
Minas é um Estado rico na cultura<br />
e foi apresentado “de forma<br />
alegre” para o Piemonte.<br />
Comércio<br />
energético<br />
Consultor do ministério italia<strong>no</strong> do Meio Ambiente diz que o gover<strong>no</strong> do seu país<br />
quer reavaliar a capacidade de redução de emissão de gases do aquecimento global<br />
As parcerias com o <strong>Brasil</strong><br />
<strong>no</strong> campo ambiental e especialmente<br />
bioenergético<br />
são prioritárias para o<br />
Ministério do Meio Ambiente italia<strong>no</strong>,<br />
“com promissoras relações<br />
comerciais a serem exploradas bilateralmente<br />
<strong>no</strong>s próximos a<strong>no</strong>s”.<br />
Quem diz isso é o gerente do Programa<br />
de Cooperação Ambiental<br />
do Ministério do Meio Ambiente<br />
e da Tutela do Território e do Mar<br />
da Itália, Diego Tomassini.<br />
Ele participou, <strong>no</strong> mês passado,<br />
da X Fimai/Simai – Feira<br />
e Seminário Internacionais do<br />
Meio Ambiente Industrial e Sustentabilidade,<br />
realizado em São<br />
Paulo. Eco<strong>no</strong>mista de formação,<br />
Tomassini está <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> há seis<br />
a<strong>no</strong>s por conta do Programa de<br />
Cooperação que gerencia. Radicado<br />
na capital paulista, ele atua<br />
como consultor do ministério do<br />
Meio Ambiente italia<strong>no</strong>.<br />
Tomassini fez questão de esclarecer<br />
que o gover<strong>no</strong> italia<strong>no</strong><br />
não se declarou contra as cotas de<br />
redução das emissões dos poluentes,<br />
como chegou a ser divulgado<br />
pela imprensa internacional.<br />
— O que o gover<strong>no</strong> italia<strong>no</strong> fez<br />
foi dizer que, provavelmente, será<br />
preciso rever os prazos. Há um problema<br />
na Europa, não só na Itália,<br />
porque todos os países terão que<br />
responder a uma crise mundial violenta.<br />
Em nível econômico, isso se<br />
dará com aumento dos custos da<br />
produção e o pla<strong>no</strong> da UE para o<br />
clima poderá ser um fator de retração<br />
da competitividade das empresas<br />
— explica o consultor.<br />
No xadrez do bem comum ambiental,<br />
o primeiro-ministro da<br />
Itália, Silvio Berlusconi, discordou<br />
dos prazos estabelecidos e questio<strong>no</strong>u<br />
os custos das metas de redução<br />
de gases de efeito estufa. O<br />
presidente francês do tur<strong>no</strong> semestral<br />
da União Européia, Nicolas Sarkozy,<br />
sinalizou favoravelmente à<br />
proposta <strong>italiana</strong> de flexibilização,<br />
encampada por países do leste europeu.<br />
<strong>Na</strong> avaliação de Tomassini,<br />
a crise econômica internacional<br />
será uma rocha na via das decisões<br />
da União Européia para desacelerar<br />
o aquecimento global, mas não<br />
desviará o bloco do rumo apontado<br />
pelo Protocolo de Kyoto. Este<br />
mês, o pacto climático deve ser<br />
acordado entre as 27 nações, com<br />
alterações. O compromisso original<br />
seria reduzir em 20% a emissão de<br />
gases até 2020.<br />
Segundo Tomassini, os prazos<br />
para redução das emissões<br />
Tat i a n a Bu f f<br />
Correspondente • São Paulo<br />
de gases do aquecimento global<br />
envolvem necessidades simultâneas<br />
de desenvolvimento econômico<br />
e de preservação do meio<br />
ambiente. Ele diz que se trata de<br />
uma “questão séria” que deverá<br />
ser enfrentada pela Itália e outros<br />
países “dentro de uma lógica<br />
e de uma política européia”:<br />
— A Itália não está lançando<br />
medidas autô<strong>no</strong>mas em relação<br />
aos acordos já firmados em nível<br />
europeu. Há uma negociação na<br />
União Européia na qual cada gover<strong>no</strong><br />
apresenta suas próprias posições.<br />
Expusemos as <strong>no</strong>ssas idéias<br />
de acordo com as exigências de<br />
Fotos: Claudio Cammarota<br />
Diego Tomassini<br />
<strong>no</strong>sso país, assim como os franceses<br />
e os demais o farão dentro de<br />
uma grave crise mundial que, provavelmente,<br />
prosseguirá por algum<br />
tempo – afirma o eco<strong>no</strong>mista.<br />
No painel internacional de<br />
abertura do SIMAI (Seminário<br />
Internacional de Meio Ambiente<br />
Industrial e Sustentabilidade), o<br />
consultor do ministério italia<strong>no</strong><br />
do Meio Ambiente apresentou os<br />
princípios fundadores e as atividades<br />
da GBEP (Parceria Global pela<br />
Bioenergia), entidade sediada em<br />
Roma junto à FAO (Organização<br />
das <strong>Na</strong>ções Unidas para a Alimentação<br />
e Agricultura). A instituição<br />
resultou de uma iniciativa tomada<br />
em 2005 pelo G-8 mais <strong>Brasil</strong>, Índia,<br />
China, México e África do Sul,<br />
para responder à explosiva demanda<br />
energética promovendo os biocombustíveis,<br />
a geração de energia<br />
limpa, re<strong>no</strong>vável e a diversificação<br />
das fontes com segurança.<br />
Presença <strong>italiana</strong><br />
Para participar da Fimai, em <strong>no</strong>vembro,<br />
vieram a São Paulo representantes<br />
das empresas <strong>italiana</strong>s<br />
Eurovix, Newster, Solarkey,<br />
Tavolini, Tec<strong>no</strong>impianti Water<br />
Treatment, T&D Water Tech<strong>no</strong>logies<br />
and Development. O objetivo<br />
do evento é promover acordos<br />
de colaboração comercial, industrial<br />
e tec<strong>no</strong>lógica entre investidores<br />
brasileiros e italia<strong>no</strong>s<br />
que operam <strong>no</strong> mercado do desenvolvimento<br />
sustentável e reciclagem.<br />
A Décima Fimai/Simai<br />
recebeu 380 expositores e cerca<br />
de 38 mil visitantes. O volume de<br />
negócios estimado é de 650 milhões<br />
de reais.<br />
34 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 35
atualidade<br />
Bafômetro<br />
videogame<br />
<strong>Na</strong> Itália, jogo de computador portátil é usado por policiais para checar os reflexos dos motoristas<br />
Um videogame é a <strong>no</strong>va<br />
arma da polícia <strong>italiana</strong><br />
para descobrir motoristas<br />
bêbados ou drogados.<br />
No lugar do antigo bafômetro,<br />
agora os italia<strong>no</strong>s vão se<br />
submeter a uma geringonça eletrônica<br />
capaz de medir o tempo<br />
de reflexo e a intensidade do<br />
tremor do corpo através de um<br />
joystick inteligente. O aparelho<br />
foi criado pela equipe do professor<br />
Alberto Rovetta, do laboratório<br />
de robótica do Politécnico<br />
de Milão, e chama-se Deedee.<br />
Ele simula situações de trânsito<br />
que o motorista deve contornálas<br />
como se estivesse dirigindo<br />
de verdade.<br />
As condições neuro-psicomotoras<br />
são passadas a limpo pelo<br />
vídeo-game que detecta ainda<br />
estados neurológicos do usuário<br />
como cansaço, estresse e problemas<br />
esquizofrênicos ou compulsivos.<br />
Tudo graças a micros sensores<br />
criados para ler os dados<br />
através da manivela do joystick.<br />
Os impulsos são processados e<br />
as informações decifradas por<br />
um programa de computador. E<br />
ironia final: o resultado do teste<br />
é dado por um sinal de trânsito<br />
virtual: o vermelho significa que<br />
o motorista ingeriu álcool acima<br />
do limite estabelecido pela lei.<br />
A cor amarela indica a presença<br />
de substâncias químicas, drogas,<br />
e álcool <strong>no</strong> organismo do<br />
“jogador”. Já o sinal verde revela<br />
a ausência de álcool e droga<br />
<strong>no</strong> sangue. Segundo os criadores<br />
do Deedee, somente quem está<br />
sóbrio consegue “brincar” com o<br />
computador.<br />
O jogo é simples e dura alguns<br />
segundos. <strong>Na</strong> tela, aparecem<br />
um carro vermelho, uma<br />
rua cinza, um muro e um sinal<br />
de trânsito. O motorista tem<br />
que realizar a operação indicada<br />
pelo sinal. Deve mover o veículo<br />
e pará-lo antes do obstáculo.<br />
O Deedee já foi testado nas cidades<br />
de Alessandria e de Vig<strong>no</strong>le<br />
Borbera. <strong>Na</strong>turalmente, o<br />
local escolhido para a “estréia”<br />
do jogo foi uma esquina próxima<br />
a uma discoteca. O protótipo<br />
teve bons resultados e agora<br />
outras cidades irão usar o sistema<br />
ainda em fase de teste. O<br />
Politécnico de Milão e a polícia<br />
<strong>italiana</strong> assinaram um acordo e<br />
o Deedee já está sendo usado<br />
nas atividades de controle das<br />
cidades de Aosta, Novara e Turim.<br />
Em seguida, o aparelho será<br />
adotado em Arezzo, Cagliari,<br />
Foggia e Verona.<br />
Os técnicos acreditam que<br />
uma das vantagens do teste é<br />
ser muito semelhante aos jogos<br />
que fazem parte do dia-adia<br />
dos jovens. Isso porque há a<br />
percepção que o ato de ser parado<br />
numa blitz e fazer o teste em<br />
um bafômetro é, por si só, uma<br />
situação que predispõe policial<br />
e motorista em claro antagonismo.<br />
Isso, acreditam os técnicos,<br />
não acontecerá com o Deedee.<br />
Por se tratar de um vídeo-game<br />
que simula uma situação, o “jogo”<br />
ajudaria o usuário até mesmo<br />
a criar um clima de cordialidade<br />
entre todos os envolvidos<br />
na questão. Se o motorista não<br />
passar <strong>no</strong> teste ele, vai perceber,<br />
dependendo do grau de álcool e<br />
droga ingerido, que realmente<br />
representava um perigo para si<br />
próprio, antes mesmo de ser um<br />
risco para um terceiro.<br />
A questão dos acidentes de<br />
trânsito na Itália passou de ser<br />
um problema de polícia para ser<br />
um problema político e social.<br />
Gu i l h e r m e Aq u i n o<br />
Correspondente • Milão<br />
Em 126 mil motoristas checados<br />
pela polícia <strong>no</strong>s primeiros<br />
seis meses deste a<strong>no</strong>, 12.756<br />
resultaram positivo ao teste de<br />
álcool. No mesmo período, foram<br />
registradas 764 mortes, das<br />
quais 296 vítimas tinham me<strong>no</strong>s<br />
de trinta a<strong>no</strong>s de idade. No a<strong>no</strong><br />
passado, foram efetuados 800<br />
mil controles em toda a Itália.<br />
Como conseqüência, 40 mil pessoas<br />
tiveram as suas carteiras de<br />
motoristas suspensas.<br />
Por conta da <strong>no</strong>va legislação<br />
de trânsito, desde o mês passado<br />
se tor<strong>no</strong>u obrigatório a exibição,<br />
pelo estabelecimento que vende<br />
bebidas alcoólicas, de uma<br />
tabela explicativa a respeito da<br />
relação entre um copo de vinho<br />
ou de cerveja e a taxa de álcool<br />
<strong>no</strong> sangue. Esta tabela leva em<br />
considerações variáveis como o<br />
peso da pessoa, o sexo e se o<br />
estômago está cheio ou vazio. A<br />
medida é mais preventiva e educativa<br />
do que repressiva. Pela lei<br />
<strong>italiana</strong>, uma pessoa pode dirigir<br />
com até 0.50 gramas de eta<strong>no</strong>l<br />
por litro de sangue. Este limite é<br />
facilmente superado por um homem<br />
de setenta quilos que toma<br />
uma cerveja sem ter se alimentado<br />
antes.<br />
36 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 37
luteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalut<br />
Cuida bem de mim<br />
Comilança típica das festas de final de a<strong>no</strong> atinge, em cheio, o fígado. Com alguns<br />
cuidados, é possível manter a tradição da mesa farta sem agredir o organismo<br />
Peru assado, chester, tender,<br />
bacalhau, salpicão, farofa,<br />
pernil e rabanada. Ufa! Haja<br />
fígado para agüentar a<br />
maratona de comidas típicas das<br />
festas de fim de a<strong>no</strong>. Isso sem<br />
contar as bebidas, geralmente, alcóolicas.<br />
Com tantas opções, para<br />
ganhar um mal-estar de presente,<br />
basta uma garfada a mais. Nessa<br />
época, quando <strong>no</strong>s vimos cercados<br />
por uma mesa farta de pratos que,<br />
na maioria das vezes, não comemos<br />
durante os 365 dias do a<strong>no</strong>, é<br />
preciso preparar o organismo para<br />
enfrentar a comilança típica das<br />
festas de final de a<strong>no</strong>.<br />
Isso é importante porque é o<br />
fígado que produz a bile, fluido<br />
necessário para a digestão das<br />
gorduras. Normalmente, o organismo<br />
produz um litro de bile ao<br />
longo do dia. Quando se come<br />
muita gordura e ainda se bebe álcool<br />
ocorre uma sobrecarga do fígado,<br />
estimulado a produzir mais<br />
bile, mais rapidamente. É esse<br />
“trabalho extra” do órgão que gera<br />
desconforto digestivo, primeiramente<br />
<strong>no</strong> intesti<strong>no</strong>, podendo<br />
iniciar diarréia. O alto consumo<br />
do álcool, ao longo do tempo,<br />
gera ainda mais prejuízos para as<br />
células do fígado com lesões que<br />
podem iniciar uma cirrose.<br />
De acordo com a nutricionista<br />
Virgínia <strong>Na</strong>scimento, vice-presidente<br />
da Associação <strong>Brasil</strong>eira<br />
de Nutrição e diretora da Clínica<br />
de Orientação Nutricional (RJ),<br />
para não fazer o fígado “sofrer<br />
tanto”, as pessoas devem preferir,<br />
durante o dia, comidas mais<br />
leves, à base de salada crua e legumes<br />
cozidos.<br />
— Recomendo também a ingestão<br />
de pouca carne e queijo.<br />
Nos intervalos entre as refeições,<br />
a melhor coisa é comer frutas.<br />
No dia 24 de dezembro, que é o<br />
dia em que, tradicionalmente, a<br />
pessoa vai ficar mais tempo acordada,<br />
o café da manhã deve ser<br />
igual ao dos dias habituais. Mas<br />
para garantir melhor digestão, o<br />
interessante é que esta refeição<br />
tenha pão integral, queijo magro,<br />
leite ou iogurte, fruta ou suco<br />
da fruta — aconselha.<br />
O almoço, segundo a nutricionista,<br />
segue o mesmo raciocínio<br />
do desjejum. <strong>Na</strong>da de frituras,<br />
farofas e massas recheadas.<br />
Porém, é importante colocar <strong>no</strong><br />
prato bastante salada de legumes<br />
e verduras. Comer bem, ao longo<br />
do dia, permite que o fígado fique<br />
“alerta” e não seja “pego de surpresa”<br />
somente <strong>no</strong> final do dia.<br />
Virgínia observa que é comum<br />
nas ceias natalinas haver<br />
muita fritura, castanha e pratos<br />
como bolo de bacalhau, maionese,<br />
além das famosas rabanadas.<br />
São comidas muito calóricas que<br />
devem ser balanceadas com frutas<br />
tropicais, mais leves e que hidratam<br />
o organismo. Assim, uma<br />
salada de frutas, além de ficar<br />
bonita em uma mesa natalina,<br />
pode ser um bom presente para<br />
o fígado das pessoas.<br />
Segundo a nutricionista, o<br />
tradicional bacalhau, se bem<br />
dessalgado, é uma opção perfeita<br />
para uma ceia, desde que preparado<br />
com batatas, cebolas, aipo,<br />
alho, couve, mais azeitonas e<br />
azeite “sem exagero”:<br />
— Como não tem muita variedade<br />
de sobremesas saudáveis,<br />
pois só a rabanada já é exagerada,<br />
a preferência deve ser<br />
por frutas frescas como abacaxi,<br />
ameixa, pêssego e o mínimo de<br />
frutas secas ou oleagi<strong>no</strong>sas, como<br />
as castanhas e as <strong>no</strong>zes.<br />
Como as opções de pratos são<br />
diversas, algumas pessoas podem<br />
cair na tentação e misturar comidas<br />
que, teoricamente, não combinam.<br />
Virgínia afirma que uma das piores<br />
combinações possíveis para o fíga-<br />
<strong>Na</strong>y r a Garofle<br />
do encarar é fritura misturado com<br />
doces e bebidas alcoólicas. Também<br />
é preciso tomar cuidado com o risco<br />
de fermentação de comidas. Isso<br />
pode acontecer quando o prato é<br />
preparado com muita antecedência<br />
ou mal conservado, seja pela refrigeração<br />
inadequada ou por falta de<br />
local para guardar – uma situação<br />
também típica de final de a<strong>no</strong>.<br />
Por ser, geralmente, farta<br />
acaba sobrando muita comida da<br />
ceia natalina e o risco de continuar<br />
a se deliciar até o Reveillon<br />
é grande. É claro que Virgínia<br />
não considera esse comportamento<br />
aconselhável.<br />
Portanto, tenha pena de seu<br />
fígado. Aproveite com moderação<br />
e, para não passar o Reveillon<br />
com o estômago “embrulhado”,<br />
escolha os seis dias entre as duas<br />
festas para se recuperar de tanta<br />
rabanada, panetone e outros quitutes<br />
mais. Assim, na hora da virada<br />
do a<strong>no</strong>, é possível colocar o<br />
“pé na jaca” <strong>no</strong>vamente. Afinal,<br />
se você prometer para o seu fígado<br />
que só fará isso duas vezes por<br />
a<strong>no</strong>, ele agüenta. Será?<br />
Grupo Keystone<br />
Horário de verão<br />
Um estudo realizado pelo Instituto Karolinska<br />
da Suécia sugere que adiantar<br />
os relógios em uma hora por causa do horário<br />
de verão aumenta o risco de infartos. A<br />
pesquisa indica que os casos de infarto do<br />
miocárdio aumentam cerca de 5% na semana<br />
seguinte ao ajuste dos relógios. Os cientistas<br />
explicam que os distúrbios do so<strong>no</strong><br />
produzem efeitos negativos <strong>no</strong> organismo<br />
huma<strong>no</strong> e alertam que níveis elevados de<br />
estresse podem desencadear um ataque cardíaco<br />
nas pessoas que se situam em grupos<br />
de risco. “A hora de so<strong>no</strong> perdida e os conseqüentes<br />
distúrbios de so<strong>no</strong> que isto provoca<br />
são as explicações mais prováveis”, disse<br />
Imre Janszky, um dos pesquisadores envolvidos<br />
<strong>no</strong> estudo.<br />
Como criança<br />
Uma pesquisa da Universidade de<br />
Glamorgan, <strong>no</strong> País de Gales diz<br />
que brincar como criança pode ser melhor<br />
do que praticar exercícios tradicionais.<br />
Para os pesquisadores, correr vigorosamente<br />
por 30 segundos pode ser<br />
tão benéfico para a saúde como praticar<br />
sessões de uma hora de exercícios cinco<br />
vezes por semana. “Seis baterias de<br />
30 segundos de corridas vigorosas, três<br />
vezes por semana, podem trazer os mesmos<br />
benefícios para a saúde e a redução<br />
de peso do que correr ou andar de bicicleta<br />
em intensidade moderada por 45<br />
minutos várias vezes por semana”, diz o<br />
professor Julien Baker, um dos autores<br />
da pesquisa.<br />
Grupo Keystone<br />
Tomate roxo<br />
Depois do pomodoro nero, cientistas<br />
britânicos desenvolveram um tomate<br />
roxo que, acreditam, poderá ajudar a prevenir<br />
o câncer. A fruta é rica em um pigmento<br />
antioxidante chamado antocianina, conhecido<br />
por ajudar a desacelerar o crescimento<br />
de células cancerígenas. Uma equipe do John<br />
Innes Centre, em Norwich, na Inglaterra,<br />
desenvolveu os tomates roxos ao incorporar<br />
na fruta original genes da planta bocade-dragão,<br />
rica em antocianina. O próximo<br />
passo será testá-los em voluntários huma<strong>no</strong>s.<br />
Os pesquisadores investigam maneiras<br />
de aumentar os níveis de compostos saudáveis<br />
em frutas e legumes mais consumidos.<br />
Cuidado com o café<br />
Café em excesso pode reduzir os seios. É<br />
isso o que diz um estudo sueco publicado<br />
na revista British Journal of Cancer. A diminuição<br />
ocorre por conta de uma variação genética<br />
que atinge cerca de 50% das mulheres e<br />
apenas entre aquelas que tomam três ou mais<br />
xícaras de café por dia e não usam pílulas anticoncepcionais.<br />
Uma das explicações é de que<br />
o café contém estrogênios que poderiam afetar<br />
os hormônios femini<strong>no</strong>s. Cerca de 300 mulheres<br />
que não tomavam anticoncepcionais e<br />
não tinham histórico de câncer foram analisadas<br />
por 10 a<strong>no</strong>s. Entre elas, 50% possuíam a<br />
variante genética. As voluntárias responderam<br />
questionários, tiveram os níveis hormonais e o<br />
tamanho dos seios medidos. No fim, os cientistas<br />
perceberam que as mulheres com a variação<br />
genética e que tomam uma quantidade<br />
moderada ou alta de café apresentaram uma<br />
diminuição <strong>no</strong> tamanho dos seios.<br />
Hora de dormir mais<br />
No Japão, estudo indica que mulheres que<br />
dormem me<strong>no</strong>s têm mais chances de ter<br />
câncer de mama. A pesquisa foi realizada por<br />
uma equipe da Tohoku University Graduate<br />
School of Medicine in Sendai. Cerca de 24 mil<br />
mulheres foram analisadas por oito a<strong>no</strong>s. A<br />
conclusão foi a de que as que dormiam seis<br />
horas ou me<strong>no</strong>s por <strong>no</strong>ite tinham 62% mais<br />
chances de ter a doença. A ligação pode estar<br />
<strong>no</strong> hormônio melatonina, que ajuda na<br />
prevenção do câncer de mama ao controlar a<br />
quantidade de hormônios sexuais liberada.<br />
Grupo Keystone<br />
Grupo Keystone<br />
<strong>Na</strong>da de aspirina<br />
Cientistas escoceses sugerem que<br />
a aspirina não é eficiente na prevenção<br />
de ataques cardíacos em diabéticos.<br />
A pesquisa, publicada na revista<br />
British Medical Journal, afirma que o<br />
medicamento não trouxe benefícios para<br />
um grupo de 1,3 mil diabéticos que<br />
não apresentavam sintomas de doenças<br />
cardíacas. Os resultados contradizem teorias<br />
anteriores de que pessoas com diabetes<br />
deveriam consumir aspirina rotineiramente<br />
para se proteger dos riscos<br />
de ataques cardíacos e infarto.<br />
Cerveja contra câncer?<br />
Estudantes da Universidade Rice, <strong>no</strong> Texas,<br />
(EUA) pretendem criar uma cerveja<br />
transgênica que contenha resveratrol. Essa<br />
substância química presente <strong>no</strong> vinho tem se<br />
mostrado capaz de reduzir os riscos de câncer<br />
e doenças cardíacas em experiências com<br />
ratos de laboratório. A pesquisa ainda está<br />
na fase teórica. Os estudantes trabalham<br />
na criação de uma variedade transgênica de<br />
fermento que deverá produzir resveratrol ao<br />
mesmo tempo em que fermenta a cerveja. Até<br />
hoje, só uma variedade foi aprovada para uso<br />
em cervejas, e os jovens pesquisadores acreditam<br />
que vai levar muito tempo para que sua<br />
criação seja apreciada.<br />
38 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 39
turismo<br />
Qual é a<br />
sua praia?<br />
O mais badalado balneário do Rio de Janeiro e um dos mais<br />
cobiçados do <strong>Brasil</strong> e do mundo, Búzios pede para ser descoberto<br />
por cada um que chegue por lá. Suas 23 praias têm personalidades<br />
diferentes e depende de cada um o roteiro a ser seguido<br />
Da minúscula Olho de Boi,<br />
de difícil acesso e preferida<br />
pelos adeptos do nudismo,<br />
à grande Ferradura<br />
onde é possível praticar todo tipo<br />
de esporte náutico, passando pela<br />
Brava, o point do surf, a cidade<br />
terá alguma atração feita sob medida<br />
para cada turista. É preciso,<br />
porém, encontrar cada uma delas.<br />
Para isso, ninguém deve contar<br />
com a ajuda de placas, praticamente<br />
inexistentes. Intuição e<br />
vontade de passear são os mapas<br />
que levarão aos tesouros de Búzios,<br />
local imbatível até em dias<br />
de chuva. Duvida?<br />
Distante 179 quilômetros do<br />
Rio, a cidade brinca de escondeesconde<br />
com os visitantes. Quem<br />
chega de carro ou ônibus, vê da<br />
estrada a praia da Rasa. Logo, porém,<br />
ela vai sumir escondida por<br />
pousadas e condomínios. Por ser<br />
o ponto de Búzios onde mais venta,<br />
é lá que se reúnem os adeptos<br />
do kitesurf. Quanto mais para<br />
Sô n i a Apolinário<br />
A <strong>no</strong>ite nunca termina na rua das Pedras. Abaixo, a Praia da Tartaruga<br />
dentro da cidade, me<strong>no</strong>r o vento.<br />
Mas ele não desaparece de todo.<br />
Deserta, sem quiosques e de<br />
águas mornas, a Rasa é um refúgio<br />
para os que querem sossego.<br />
Após passar pelo portal da cidade,<br />
Geribá é a grande pedida.<br />
Praia preferida dos cariocas, tem<br />
estilos diferentes, dependendo de<br />
onde você se encontra. À direita,<br />
para o lado da deserta praia de Tucuns,<br />
o mar costuma ser mais agitado<br />
o que atrai surfistas e tudo o<br />
que gira em tor<strong>no</strong> deles. À esquerda,<br />
em direção à enseada, a água<br />
(sempre gelada) é bem mais calma.<br />
Há quiosques, mas não muitos,<br />
e restaurantes que levam seus<br />
serviços na areia. Mesmo na alta<br />
temporada, quando Búzios recebe<br />
1 milhão de turistas, é possível se<br />
sentir confortável em Geribá.<br />
O único desafio do visitante é<br />
descobrir como chegar na areia.<br />
Há apenas algumas passagens<br />
entre os condomínios e pousadas.<br />
Uma vez na enseada, uma<br />
caminhada de cerca de dez minutos<br />
levará para a charmosa praia<br />
da Ferradurinha. Para isso, é preciso<br />
apenas acreditar que existe<br />
algo de encantador após passar<br />
por um estacionamento e caminhar<br />
por uma trilha ladeada por<br />
muros de condomínios luxuosos.<br />
De Geribá, seguindo em direção<br />
ao centro, o mais provável<br />
é que o turista passe direto pela<br />
entrada de uma das praias mais<br />
graciosas do balneário, a Tartaruga.<br />
Nenhuma placa vai informar<br />
que, ao sair da estrada principal<br />
e pegar uma estrada de terra<br />
esburacada ela surgirá ao final.<br />
De água calma e mais quente, a<br />
Tartaruga é a preferida das famílias.<br />
Lá, crianças e adultos se divertem<br />
praticando mergulhos de<br />
s<strong>no</strong>rkel para observar peixinhos<br />
nas suas piscinas naturais. Nessa<br />
praia, dá até para ficar na sombrinha<br />
de uma árvore. De graça.<br />
Antes de chegar ao centro, a<br />
praia de João Fernandes e sua irmãzinha,<br />
João Fernandinha, pedem<br />
uma visita. Mas atenção. Trata-se<br />
do recanto mais “gringo” de<br />
Búzios. Se em todo o balneário, o<br />
espanhol é a língua mais falada<br />
depois do português, por lá é o<br />
idioma principal. Nenhum vendedor<br />
ambulante, seja de picolé ou<br />
milho verde, se atreve a abordar<br />
um “cliente” em potencial se não<br />
for em espanhol. Cardápios e placas<br />
(sim, existem algumas) também<br />
estão em espanhol.<br />
Há um segundo idioma<br />
na cidade por conta dos<br />
argenti<strong>no</strong>s que invadiram<br />
e continuam a invadir Búzios.<br />
Eles não são apenas turistas,<br />
mas do<strong>no</strong>s de hotéis, lojas<br />
Fotos: Roberth Trindade<br />
e quiosques. Às vezes, somente<br />
quem fala espanhol é bem tratado<br />
em alguns estabelecimentos.<br />
<strong>Na</strong> <strong>no</strong>ite<br />
Finalmente, rua das Pedras. O<br />
centro charmoso de Búzios ferve,<br />
mesmo, é à <strong>no</strong>ite – as lojas ficam<br />
abertas até muito tarde. Atrás de<br />
restaurantes e pousadas, também<br />
se esconde uma praia, a pacata<br />
do Canto, preferida dos pescadores<br />
e “estacionamento” de transatlânticos,<br />
ao largo. <strong>Na</strong> rua das<br />
Pedras, carro não entra.<br />
Sua continuação “natural” é<br />
a orla Bardot. Leva esse <strong>no</strong>me em<br />
homenagem à atriz francesa Brigitte<br />
Bardot. Ela descobriu Búzios<br />
na década de 1960. Isso lançou<br />
ao estrelato internacional a<br />
então pacata vila de pescadores<br />
da Região dos Lagos fluminense.<br />
Atualmente, ninguém vai embora<br />
da cidade sem tirar uma foto com<br />
Arqueologia<br />
Em João Fernandes, mergulhões fazem a festa dos turistas. Praia dos Ossos, onde Búzios começou. Geribá, a praia ‘carioca’<br />
ela, quer dizer, com a estátua de<br />
bronze da atriz que enfeita a orla.<br />
Perto dela fica a estátua do<br />
presidente brasileiro Jusceli<strong>no</strong><br />
Kubitschek, que tinha casa <strong>no</strong><br />
balneário. Ele não é tão popular<br />
quanto a atriz e quase passa despercebido,<br />
coitado.<br />
<strong>Na</strong> orla, de frente para o mar,<br />
os restaurantes luxuosos ou simples,<br />
cada vez mais, roubam a<br />
cena da rua das Pedras. À <strong>no</strong>ite,<br />
eles se tornam imbatíveis com<br />
sua iluminação à base de velas.<br />
Alguns têm lounge. Além disso,<br />
é na orla que estão as boates e<br />
o boliche que garantem a animação<br />
ao longo da madrugada.<br />
No osso<br />
<strong>Na</strong> seqüência, chega-se à praia<br />
dos Ossos, onde Búzios começou.<br />
No século 17, era ali que pescadores<br />
extraíam a carne e o óleo<br />
de baleias cujas ossadas ficavam<br />
história de Búzios vai entrar para o roteiro turístico da cidade,<br />
em 2009. Até o meio do a<strong>no</strong>, está prevista a inauguração<br />
A<br />
de um museu arqueológico que já conta com 150 peças. Entre<br />
elas, ossos de baleia e fragmentos de cerâmica usada por negros<br />
escravos que formaram quilombos na praia Rasa, um dos pontos<br />
de chegada de escravos <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, mantido de forma ilegal, após<br />
abolição da escravatura. Há também peças feitas por índios tupinambás,<br />
os primeiros moradores da cidade.<br />
Há quatro a<strong>no</strong>s, o arqueólogo perua<strong>no</strong> Alfredo José Altamira<strong>no</strong><br />
se dedica a reunir objetos de valor arqueológico. Ele conta<br />
que muita coisa foi perdida por conta do crescimento urba<strong>no</strong> desordenado<br />
de Búzios. Um dos desafios do arqueólogo é recuperar<br />
as trilhas originais usadas pelos índios da região. Ele conta que<br />
todas as praias de Búzios já foram interligadas por essas trilhas. A<br />
primeira delas prevista para começar a ser explorada, <strong>no</strong> próximo<br />
a<strong>no</strong>, ligará o museu, <strong>no</strong> centro, à praia da Foca, passando pelo<br />
sítio arqueológico da praia do For<strong>no</strong>.<br />
— Essa trilha tem quatro quilômetros e é percorrida em uma<br />
hora, sem grandes sacrifícios porque não tem muitas subidas. Em<br />
Búzios, praia e história se completam — diz Altamira<strong>no</strong>.<br />
pelas areias. Ossos é o ponto de<br />
partida de uma trilha que leva<br />
às pequenas e simpáticas praias<br />
Azeda e Azedinha. Quem não<br />
quiser fazer a caminhada de cerca<br />
de 15 minutos e descer alguns<br />
barrancos, pode ir de táxi marítimo.<br />
Os barquinhos ficam estacionados<br />
na praia, fazem o percurso<br />
em me<strong>no</strong>s de cinco minutos e saem<br />
quando o freguês chega.<br />
É na praia dos Ossos que se<br />
encontra um dos tesouros de Búzios.<br />
Ali, na pousada Corsário,<br />
funciona o <strong>no</strong>vo spa comandado<br />
por Lígia Azevedo. Uma das<br />
mais bem-sucedidas empresárias<br />
<strong>no</strong> ramo de beleza, ela acaba de<br />
voltar à cidade, depois de uma<br />
ausência de quatro a<strong>no</strong>s. Durante<br />
15 a<strong>no</strong>s, Ligia comandou seu<br />
próprio spa em Búzios. Ela conta<br />
que interrompeu os trabalhos para<br />
acompanhar de perto o crescimento<br />
da primeira neta. Isso fez<br />
com que a “Jane Fonda brasileira”,<br />
nesse período, ficasse apenas<br />
com o seu spa <strong>no</strong> Rio de Janeiro,<br />
na Villa del Sol, <strong>no</strong> Recreio<br />
dos Bandeirantes.<br />
— Antes, spa era procurado<br />
apenas por quem queria emagre-<br />
cer. Hoje, é uma <strong>no</strong>va forma que<br />
as pessoas buscam para suportar<br />
o estresse, de reservar um tempo<br />
para si próprio. Depois de uma<br />
semana, as pessoas saem refeitas<br />
e, de quebra, com até três quilos<br />
a me<strong>no</strong>s — diz Ligia que dá como<br />
grande dica de beleza, para<br />
2009, a prática de meditação da<br />
qual é uma adepta fiel.<br />
Qualquer pessoa pode usufruir<br />
o spa e não apenas os hóspedes<br />
da pousada. Isso faz com<br />
que a Corsário seja o “porto seguro”<br />
dos dias de chuva. Quem não<br />
quiser fazer alguns dos tratamentos<br />
do spa, pode acertar um day<br />
use e usufruir da sauna e piscina<br />
coberta e aquecida da pousada.<br />
Inaugurada há três a<strong>no</strong>s, a Corsário<br />
tem 32 quartos e conta com<br />
um bar e restaurante debruçado<br />
para a praia dos Ossos. As áreas<br />
comuns são decoradas em estilo<br />
asiático. Um dos recantos preferidos<br />
da própria Ligia Azevedo é<br />
o jardim, com lago e gazebo, onde<br />
se relaxa sob as bênçãos de<br />
uma imagem de Buda. A Corsário<br />
faz com que Búzios seja um programa<br />
imperdível, até em dia de<br />
chuva. Eu não disse?<br />
Lígia Azevedo na Pousada Corsário onde funciona seu spa<br />
40 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 41
turismo<br />
patrimonio<br />
Tempo di<br />
vacanze<br />
Da <strong>Na</strong>tale a Carnevale, il <strong>Brasil</strong>e dispone<br />
di rotte di viaggio per tutti i gusti e gli stili<br />
In <strong>Brasil</strong>e i mesi di dicembre<br />
e gennaio so<strong>no</strong> quelli più sognati<br />
durante l’an<strong>no</strong>. E questo<br />
vale sia per i bambini che<br />
merita<strong>no</strong> di riposare dopo l’an<strong>no</strong><br />
scolastico, sia per gli adulti che<br />
“lotta<strong>no</strong>” per riuscire ad ottenere<br />
le ferie in questo periodo. Dato<br />
che nel paese è estate, le mete<br />
più ricercate so<strong>no</strong> quelle sul litorale.<br />
Ma in questo periodo ci so<strong>no</strong><br />
molte altre cose da fare oltre<br />
le spiagge. Dalle feste di <strong>Na</strong>tale<br />
fi<strong>no</strong> al Carnevale il <strong>Brasil</strong>e offre<br />
u<strong>no</strong> svariato “menù” di viaggi.<br />
Un buon inizio può essere<br />
cominciare dal sud del paese.<br />
Proprio perché abita ai tropici,<br />
il brasilia<strong>no</strong> sogna di assaporare,<br />
alme<strong>no</strong> una volta, un <strong>Na</strong>tale<br />
di tipo europeo. In questo caso<br />
Gramado è una buona opzione.<br />
Da 23 anni la città gaucha offre<br />
al paese un evento deg<strong>no</strong> di essere<br />
invidiato da molti stranieri,<br />
il <strong>Na</strong>tal Luz. Fi<strong>no</strong> all’11 gennaio<br />
si può assistere alle 300 attrazioni<br />
che la città offre. I tre<br />
<strong>Na</strong>y r a Garofle<br />
spettacoli principali so<strong>no</strong>”La<br />
fantastica fabbrica di <strong>Na</strong>tale”,<br />
“La grande sfilata” e “<strong>Na</strong>tivìtaten”.<br />
L’inaugurazione dell’evento,<br />
il 12 <strong>no</strong>vembre passato, ha<br />
riunito duemila persone.<br />
Per la festa di Capodan<strong>no</strong><br />
l’opzione migliore è Rio de Janeiro.<br />
Nella cidade maravilhosa<br />
si fa una delle più grandi feste<br />
del mondo per festeggiare l’arrivo<br />
dell’an<strong>no</strong> nuovo. Per il Capodan<strong>no</strong><br />
scorso, circa 2 milioni<br />
di persone han<strong>no</strong> assistito ai<br />
22.000 fuochi d’artificio, durati<br />
16 minuti. Concerti di tutti i tipi,<br />
per tutti i gusti, fan<strong>no</strong> parte del<br />
programma che conta con palchi<br />
montati sulla spiaggia di tutto<br />
il litorale. C’è chi dice che solo<br />
chi ha assistito al Capodan<strong>no</strong> a<br />
Copacabana può capire perché<br />
è considerato il secondo evento<br />
per importanza – perdendo solo<br />
per il Carnevale – nel calendario<br />
turistico della città.<br />
Dopo essersi ripresi dalla<br />
grande festa, è l’ora di partire<br />
per le città barocche di Minas<br />
Gerais per celebrare il 6 gennaio,<br />
gior<strong>no</strong> dell’Epifania, nelle<br />
chiese barocche della regione.<br />
Nella tradizione culturale brasiliana<br />
le feste di <strong>Na</strong>tale era<strong>no</strong> celebrate<br />
da gruppi che visitava<strong>no</strong><br />
le case suonando musica allegra<br />
in lode ai “Re Santi” e alla nascita<br />
di Cristo. Queste manifestazioni<br />
festive si prolungava<strong>no</strong><br />
fi<strong>no</strong> al gior<strong>no</strong> consacrato ai Re<br />
Magi. Si tratta di una tradizione<br />
originaria del Portogallo che<br />
si espanse specialmente nel dician<strong>no</strong>vesimo<br />
secolo e si mantiene<br />
viva in molte regioni del<br />
paese. Città di Minas come Ouro<br />
Preto, Tiradentes e Mariana<br />
mantengo<strong>no</strong> viva la tradizione<br />
in u<strong>no</strong> scenario composto da case<br />
e chiese secolari.<br />
Lavaggio della scalinata del<br />
Senhor do Bonfim<br />
Ed ora il suggerimento è “saltare”<br />
verso u<strong>no</strong> stato vici<strong>no</strong>: Bahia.<br />
Nel secondo giovedì dopo<br />
l’Epifania, Salvador si prepara per<br />
il Lavaggio di Bonfim. Questo è<br />
l’evento popolare più importante<br />
della città prima del Carnevale.<br />
La tradizione, che risale<br />
alla inaugurazione della chiesa<br />
di Nosso Senhor do Bonfim nella<br />
città bassa, nel 1754, attrae<br />
tutti gli anni circa un milione di<br />
persone fra devoti, abitanti e turisti.<br />
Il lavaggio fonde il cattolicesimo<br />
con il candomblé e tutto<br />
finisce in una grande festa.<br />
In questo periodo dell’an<strong>no</strong><br />
Bahia praticamente già comincia<br />
ad agitarsi. Tutti gli anni si realizza<br />
il Festival d’Estate di Salvador.<br />
Ritmi di tamburi diversi e<br />
persone di tutte le “tribù” si mischia<strong>no</strong><br />
in una specie di “concentrazione”<br />
per affrontare il Carnevale<br />
che sta per arrivare.<br />
Aspettando febbraio, brasiliani<br />
e stranieri si prepara<strong>no</strong> per la<br />
maratona. Alcuni scelgo<strong>no</strong> il Carnevale<br />
di ‘micaretas’, al suo<strong>no</strong> dei<br />
‘trios-elettricos’. Altri van<strong>no</strong> alla<br />
ricerca del frevo del Pernambuco<br />
e finisco<strong>no</strong> nella baldoria di Olinda.<br />
Molti scelgo<strong>no</strong> di fare le valigie<br />
ed andare a Rio de Janeiro.<br />
Ma per quelli che preferisco<strong>no</strong><br />
riposarsi nel periodo di Carnevale,<br />
il <strong>Brasil</strong>e offre altre opportunità.<br />
Una buona opzione è<br />
“scappare” a Bonito, nel Mato<br />
Grosso do Sul. Le attrazioni principali<br />
del luogo so<strong>no</strong> i paesaggi<br />
naturali, i corsi d’acqua trasparenti.<br />
Cascate, grotte e caverne.<br />
È un desti<strong>no</strong> perfetta per rilassarsi,<br />
approfittare per prepararsi<br />
all’an<strong>no</strong> in arrivo. Se si ha voglia<br />
di avventura, la famosa Amazzonia<br />
sta là, pronta. Ci si può<br />
ospitare in un albergo costruito<br />
in cima agli alberi, oppure imbarcarsi<br />
su un albergo navigante<br />
che percorre i fiumi principali<br />
della regione.<br />
Un secolo<br />
di bellezza<br />
Ristrutturazione del Theatro Municipal di Rio de Janeiro riporta alla<br />
luce aspetti originali del palazzo per la celebrazione del suo centenario<br />
Una delle icone dell’architettura<br />
di Rio de Janeiro<br />
compie 100 anni nel<br />
2009. Per celebrare la data,<br />
un’importante ristrutturazione<br />
recupera le installazioni originali<br />
del Theatro Municipal, al<br />
centro della città. Le opere, cominciate<br />
un an<strong>no</strong> fa, han<strong>no</strong> già<br />
riportato alla luce delle scoperte.<br />
Nel tetto il tempo aveva nascosto<br />
decorazioni originariamente<br />
ricoperte d’oro.<br />
— È stato meraviglioso scoprire<br />
questa parte perché è una<br />
cosa di cui <strong>no</strong>n eravamo sicuri. È<br />
<strong>no</strong>stro interesse riportare il Municipal<br />
a quello che era. Sarà bella<br />
l’aquila dorata, avere i cornicioni<br />
del tetto tutti dorati come era<strong>no</strong><br />
anticamente — dice, eccitata, il<br />
presidente della Fundação Theatro<br />
Municipal, Carla Camurati.<br />
Secondo lei, le opere di ristrutturazione<br />
<strong>no</strong>n saran<strong>no</strong> concluse<br />
al 100% per la data di celebrazione<br />
del centenario della costruzione.<br />
Tuttavia spera che per<br />
allora il palco sia già ristrutturato,<br />
così come i foyers, i camerini e la<br />
sala del teatro. Le aree dell’amministrazione<br />
continueran<strong>no</strong> in opera<br />
fi<strong>no</strong> alla fine del 2009.<br />
Inaugurato il 14 luglio 1909 e<br />
messo sotto protezione delle Belas<br />
Artes 1973, il Theatro Municipal è<br />
Carla Camurati<br />
Roberth Trindade<br />
lo scenario di grandi spettacoli ed<br />
è co<strong>no</strong>sciuto internazionalmente.<br />
L’iniziativa del gover<strong>no</strong> dello stato,<br />
il “Projeto Centenário”, creato<br />
per celebrare i cento anni del palazzo,<br />
è preventivato in 78 milioni<br />
di reais. Di questa cifra, 52 milioni<br />
di reais so<strong>no</strong> stati destinati<br />
all’opera di ristrutturazione. Il resto<br />
serve per compensare i costi<br />
dell’an<strong>no</strong> e mezzo del programma<br />
di commemorazione.<br />
— Ci so<strong>no</strong> varie parti del teatro<br />
delle quali avremo una visione<br />
reale solo quando le opere arriveran<strong>no</strong><br />
là. Nel tetto, per esempio,<br />
abbiamo risparmiato. Pensavamo<br />
ci fossero cose in stato peggiore<br />
di conservazione e <strong>no</strong>n è stato<br />
così — rivela Camurati.<br />
Circa 80 persone lavora<strong>no</strong> alle<br />
opere del teatro. La restauratrice<br />
responsabile del controllo<br />
sulla qualità del lavoro, Darlin<br />
Matos, spiega che ogni pezzo restaurato<br />
è trattato come se fosse<br />
un “paziente”.<br />
— Facciamo una lista, mappiamo<br />
tutti i dettagli del pezzo,<br />
Storia<br />
<strong>Na</strong>y r a Garofle<br />
Roberth Trindade<br />
prima e dopo il restauro. Così,<br />
quando in futuro dovremo rilavorarci<br />
sopra, il restauratore saprà<br />
quello che è stato fatto. Avrà tutto<br />
il lavoro mappato — spiega.<br />
Carla Camurati afferma che<br />
l’obiettivo principale del restauro<br />
è riportare il Municipal a com’era<br />
in origine. Tuttavia, delle parti<br />
del palazzo aveva<strong>no</strong> già subito<br />
alterazioni, come i bagni dell’amministrazione<br />
e dei camerini, che<br />
quindi saran<strong>no</strong> ammodernati.<br />
Affinché le opere sia<strong>no</strong> realizzate<br />
al meglio, Carla ha sollecitato<br />
all’Instituto de Patrimônio<br />
Histórico e Artístico <strong>Na</strong>cional<br />
(Iphan) e all’Instituto Estadual<br />
do Patrimônio Cultural la presenza<br />
di rappresentanti dei rispettivi<br />
organi durante l’esecuzione<br />
della ristrutturazione. Lei ritiene<br />
che con questo accompagnamento<br />
“sarà possibile evitare che si<br />
percepisca un errore una volta<br />
che tutto sarà pronto”.<br />
La parte interna avrà una <strong>no</strong>vità.<br />
Carla rivela che la balaustra<br />
dei palchi sarà tolta perché “ruba”<br />
una parte della fossa dell’orchestra.<br />
Così com’era, l’orchestra<br />
poteva eseguire pezzi solo come i<br />
concerti. I<strong>no</strong>ltre, obbligava i musicisti<br />
ad occupare tutto il palco.<br />
— Dobbiamo installare dentro<br />
al palco un sistema misto<br />
che mantenga la parte manuale<br />
di tiranti, ma che presenti anche<br />
un sistema elettronico che<br />
ci permetta di muovere tutto il<br />
palco via computer senza perdere<br />
il sistema di contrappeso —<br />
spiega Carla, che è anche attrice<br />
e regista.<br />
Con la ristrutturazione, il pavimento<br />
di leg<strong>no</strong> sarà posto di<br />
nuovo nella sala. Dopo la rasatura<br />
del pavimento comincia il restauro<br />
dei dipinti di Eliseu Visconti.<br />
Nel sipario sarà cambiato l’ingranaggio<br />
del motore e sarà riparato<br />
un piccolo foro sulla tela.<br />
Fu proprio il sindaco dell’allora Distrito Federal, l’ingegnere<br />
Pereira Passos, a progettare il Theatro Municipal come parte<br />
finale della riforma che realizzò a Rio de Janeiro. Il palazzo fu<br />
costruito fondendo i due progetti architettonici di Francisco de<br />
Oliveira Passos e Albert Guilbert, che arrivaro<strong>no</strong> pari nel concorso<br />
pubblico. Il suo progetto fu ispirato dall’Opera di Parigi. Nel foyer<br />
due opere d’arte richiama<strong>no</strong> l’attenzione: le vetrate di Fuerstein<br />
e Fugel e la volta dipinta da Eliseu Visconti negli anni dal 1913<br />
al 1916. Nelle due rotonde so<strong>no</strong> da rilevare i soffitti di Henrique<br />
Bernardelli e i pannelli con scene di danza di vari paesi dipinti da<br />
Rodolpho Amoedo.<br />
42 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 43
Milão<br />
Guilherme Aqui<strong>no</strong><br />
Con musica<br />
Da 13 anni fa parte della vita dei cariocas<br />
e dei turisti che visita<strong>no</strong> Rio de Janeiro<br />
alla fine dell’an<strong>no</strong>, e l’Albero di <strong>Na</strong>tale della<br />
Lagoa Rodrigo de Freitas continua ad in<strong>no</strong>vare.<br />
Stavolta lo spettacolo conta sulla tec<strong>no</strong>logia<br />
<strong>italiana</strong>. Con il tema “Una melodia<br />
di pace per la famiglia brasiliana”, la versione<br />
2008 del più grande albero di <strong>Na</strong>tale fluttuante<br />
del mondo, secondo il Guinness Book<br />
of Records, riceverà un carillon elettrico installato<br />
nel suo inter<strong>no</strong>. Ciò permetterà che suoni canzoni natalizie,<br />
registrate in Italia, con campane suonate manualmente da campanari<br />
professionisti. Il carillon elettronico, importato dall’impresa<br />
Belltron, in Italia, è simile a quello usato nella Basilica di San Pietro,<br />
in Vatica<strong>no</strong>. Le canzoni si posso<strong>no</strong> ascoltare tutti i giorni, alle<br />
ore 20.00, 21.00 e 22.00.<br />
Vip<br />
Lo stilista italia<strong>no</strong> Valenti<strong>no</strong> è venuto a Rio de Janeiro il mese<br />
scorso. È stato u<strong>no</strong> degli invitati della prima edizione del Rio<br />
Summer. L’evento, organizzato dal pubblicitario Nizan Guanaes,<br />
vuol far divenire la città punto di riferimento internazionale della<br />
moda spiaggia. Valenti<strong>no</strong> è andato in giro tutto il tempo circondato<br />
da perlome<strong>no</strong> cinque ‘gorilla’ e <strong>no</strong>n ci ha tenuto per niente<br />
a dimostrarsi simpatico con chi lo incontrava. Dalle le sfilate e,<br />
specialmente, dal corpo delle modelle, è rimasto molto colpito.<br />
Alla fine dell’evento ha detto che la moda brasiliana “presenta un<br />
elemento di fantasia molto interessante”.<br />
Casamento Politécnico<br />
Dentro da maior e principal universidade<br />
técnica <strong>italiana</strong>, e entre as primeiras<br />
da Europa, surge um curso que ensina a produção<br />
de um casamento. Aprender wedding<br />
design custará 2,5 mil euros. O curso terá<br />
duração de 200 horas. A <strong>no</strong>va formação profissional<br />
vai propor um mergulho fundo <strong>no</strong><br />
planejamento e na organização de casamentos.<br />
A universidade Politécnico de Milão foi<br />
aberta em 1863. É a universidade mais antiga<br />
da capital da Lombardia. Ela possui sete<br />
campi espalhados pela Itália, sendo dois em<br />
Milão e os outros em Como, Mantova, Cremona,<br />
Lecco e Piancenza. Possui 1.300 professores<br />
e quase 40 mil estudantes. Mais informações<br />
<strong>no</strong> site: www.polimi.it<br />
Lancio<br />
In partenza per Roma, il console d’Italia Massimo Bellelli ha<br />
lanciato il 26 scorso il libro “Gusto Mediterraneo” durante un<br />
rinfresco presso il consolato italia<strong>no</strong>. La pubblicazione è stata festeggiata<br />
nell’ambito dell’evento Vetrina Calabria, che ha portato<br />
a Rio e São Paulo workshop, degustazioni di piatti tipici e tavoli<br />
d’affari con dieci imprese della regione <strong>italiana</strong> famosa per le sue<br />
salsicce. L’iniziativa ha unito l’Istituto Italia<strong>no</strong> per il Commercio<br />
Estero (ICE), i consolati e le Camere di Commercio delle due città.<br />
Rivolto ai giovani interessati alla gastro<strong>no</strong>mia, il libro presenta<br />
circa 60 ricette ed è stato scritto dai figli più grandi di Bellelli.<br />
I ricavi derivanti dalla pubblicazione del libro saran<strong>no</strong> donati<br />
alla Casa do Me<strong>no</strong>r, a Nova Iguaçu, guidata dal sacerdote italia<strong>no</strong><br />
Renato Chiera.<br />
Venezia in <strong>Brasil</strong>e<br />
Miglior attore dell’ultimo Festival di Cinema di Venezia, Silvio<br />
Orlando è stato in <strong>Brasil</strong>e come padri<strong>no</strong> della quarta edizione<br />
del Venezia Cinema Italia<strong>no</strong>. L’evento rappresenta in <strong>Brasil</strong>e i film più<br />
importanti proiettati al Festival in Italia. Sette lungometraggi han<strong>no</strong><br />
fatto parte del programma. Tra di essi, il film protagonizzato da Orlando,<br />
“Il papà di Giovanna”, e la co-produzione italo-brasiliana “La<br />
terra degli uomini rossi – Birdwatchers”, diretto dall’italo-cile<strong>no</strong> Marco<br />
Bechis e con gli attori Matheus <strong>Na</strong>chtergaele, Leonardo Medeiros e<br />
Claudio Santamaria. La mostra brasiliana è stata realizzata a São Paulo,<br />
Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Recife. L’evento ha anche reso<br />
omaggio al regista Di<strong>no</strong> Risi, morto in luglio a 91 anni, e premiato<br />
con il Leone d’Oro alla Carriera al Festival di Venezia del 2002.<br />
Alberto Burri<br />
Em Milão, a última mostra em homenagem<br />
ao artista Alberto Burri<br />
( 1915-1995), um dos três <strong>no</strong>mes<br />
mais importantes da arte contemporânea<br />
<strong>italiana</strong>, foi em 1984. Para resgatar o seu<br />
prestígio, a Triennale de Milão abriu dois<br />
andares do seu histórico palácio para abrigar<br />
as monumentais pinturas de Borri. As<br />
De Graça<br />
Depois de Ennio Morricone e Michael Bolton<br />
é a vez de <strong>Na</strong>talie Cole embalar a festa<br />
de <strong>Na</strong>tal dos milaneses. A cantora americana,<br />
filha do mestre do jazz <strong>Na</strong>t King Cole, vai<br />
se apresentar na <strong>no</strong>ite de 20 de dezembro, na<br />
praça do Duomo. A sua voz vai ser acompanhada<br />
por uma orquestra de 50 músicos de Sofia.<br />
<strong>Na</strong>talie Cole é a maior atração do evento A Love<br />
Supreme. Entre os dias 10 de dezembro e 6<br />
de janeiro serão apresentados vários peque<strong>no</strong>s<br />
concertos em locais “sagrados” da cidade com<br />
artistas que irão interpretar diferentes gêneros<br />
de música como gospel, jazz, soul e étnico.<br />
suas telas, feitas com tinta, sacos, madeira,<br />
metal e plástico ocupam grandes espaços.<br />
Foram concebidas pelo artista em seu<br />
histórico atelier, <strong>no</strong> imponente complexo<br />
de arqueologia industrial Seccatoi, localizado<br />
na sua cidade natal de Citta di Castello,<br />
em Peruggia. A exposição vai até o<br />
dia 8 de fevereiro.<br />
Armani planetário<br />
Giorgio Armani segue abrindo <strong>no</strong>vas lojas<br />
em todo o mundo. Do quartel-general<br />
em Milão ele amplia seus domínios na Europa<br />
do Leste, <strong>no</strong> Oriente Médio, <strong>no</strong> sudeste asiático,<br />
na China e Japão. Em 2008, sete <strong>no</strong>vas<br />
lojas da Armani Casa foram inauguradas em<br />
Kuwait City, Beijing, Tel Aviv, Istambul e Kuala<br />
Lampur, enquanto em Xangai e Moscou as<br />
<strong>no</strong>vas lojas se incorporaram àquelas já existentes.<br />
Dubai, Jakarta e Bahrai deverão estar<br />
prontas para o <strong>Na</strong>tal. A linha de objetos para<br />
a casa foi criada em outubro de 2000 e hoje<br />
já conta com 80 lojas em 45 países.<br />
Maçaneta verde<br />
A<br />
empresa Colombo Design, de maçanetas<br />
e artigos de banho, com sede<br />
em Ter<strong>no</strong> d’Isola, em Bergamo, <strong>no</strong>rte da<br />
Itália, comemora a introdução do processo<br />
Green Made, ao custo de sete milhões<br />
de euros. O processo consiste em<br />
pensar, projetar e produzir em harmonia<br />
com o meio ambiente através de mecanismos<br />
eco-sustentáveis. Um rigoroso<br />
monitoramento das fases de produção<br />
provocou a redução <strong>no</strong> consumo de níquel<br />
e gás meta<strong>no</strong>, a recuperação de embalagens<br />
recicláveis e do fluxo das águas<br />
industriais. A empresa fatura 32 milhões<br />
de euros por a<strong>no</strong>, sendo 55% deste total<br />
proveniente da exportação para 56 paises,<br />
entre eles, <strong>Brasil</strong> e Espanha, onde<br />
disputa a liderança do mercado.<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 45
náutica<br />
design<br />
Superluxo<br />
ao mar<br />
Maior feira náutica da Europa, Salão de Gê<strong>no</strong>va mostra<br />
que para o mercado dos mega-iates não há tempo ruim<br />
O<br />
Salão Náutico de Gê<strong>no</strong>va,<br />
<strong>no</strong> olho do furacão<br />
da crise financeira, revelou-se<br />
um divisor de<br />
águas para a construção naval<br />
de barcos e iates. Em tempos de<br />
crise, a tempestade atinge mais<br />
as embarcações me<strong>no</strong>res, justamente<br />
o cartão de visita da maior<br />
exposição de barcos da Europa.<br />
Para conquistar os marinheiros<br />
de primeira viagem, o pavilhão<br />
mais à vista era aquele destinado<br />
aos barcos com até <strong>no</strong>ve metros<br />
de comprimento. Era também<br />
o maior de todos. Tudo em vão<br />
diante do vendaval bancário que<br />
varreu o planeta.<br />
Do evento emerge o dado de<br />
que os mega-iates navegam em<br />
segurança. Entre essas embarcações,<br />
os negócios cresceram 23%<br />
em relação ao a<strong>no</strong> de 2006. Já os<br />
outros tipos amargaram uma redução<br />
de 6 a 8 %. Em volume total,<br />
o evento registrou uma queda de<br />
7% <strong>no</strong>s seus negócios. Em 2007,<br />
o setor náutico movimentou 14,4<br />
bilhões de euros, um crescimento<br />
de 15,3% segundo pesquisa da<br />
Faculdade de Eco<strong>no</strong>mia da Universidade<br />
dos Estudos de Roma.<br />
Cerca de 300 mil pessoas visitaram<br />
a exposição. Tudo <strong>no</strong> evento<br />
gira em tor<strong>no</strong> de números superlativos:<br />
2.500 barcos, sendo 600<br />
lançamentos, 1.500 participantes<br />
de 38 paises, espalhados numa<br />
área de 9 quilômetros quadrados.<br />
O movimento de barcos a motor<br />
e à vela do lado de fora da<br />
marina servia de termômetro do<br />
interesse do publico. Ainda que<br />
muitos curiosos não tivessem<br />
condições de comprar um simples<br />
bote, muitos fizeram fila para<br />
dar um passeio numa tarde ensolarada<br />
de outo<strong>no</strong> al mare.<br />
Mesmo sendo uma exposição<br />
para todos os bolsos, as atrações<br />
são sempre os grandes iates cuja<br />
produção <strong>italiana</strong> é líder mundial.<br />
E para mostrar a força deste setor<br />
do alto luxo, 48 embarcações acima<br />
dos 30 metros de comprimento<br />
encheram os olhos de quem<br />
precisava ter os pés <strong>no</strong> chão. Preço?<br />
Em tor<strong>no</strong> de 300 mil euros.<br />
Gu i l h e r m e Aq u i n o<br />
Correspondente • Milão<br />
Um dos mais festejados pelo<br />
público foi o Outerlimits, um<br />
barco de corrida adaptado para o<br />
lazer. Para quem gosta de velocidade,<br />
ele chega a cem nós por<br />
hora. O casco é de fibra de carbônio,<br />
sinônimo de resistência<br />
e leveza. No quesito conforto,<br />
possui uma suíte de casal. O Pershing<br />
80 é o último lançamento<br />
do homônimo estaleiro italia<strong>no</strong>.<br />
Ele pode acomodar até 16 pessoas<br />
em seus quase 25 metros de<br />
comprimento, com quatro cabines<br />
e três banheiros.<br />
A salvação do setor vem de<br />
fora. Os estaleiros italia<strong>no</strong>s são<br />
responsáveis por 51% das encomendas<br />
de mega-iates. A produção<br />
anual de cerca de 500 barcos<br />
de grande porte segue incólume<br />
com varias destinações, principalmente,<br />
Rússia e China. Em junho<br />
deste a<strong>no</strong>, o estaleiro Cantieri<br />
Ar<strong>no</strong>, varou <strong>no</strong> mar o Pure<br />
One, com 46 metros de comprimento,<br />
de propriedade do magnata<br />
suíço Eric Ar<strong>no</strong>ux que pagou<br />
40 milhões de euros. O colosso<br />
tosca<strong>no</strong> Azimut-Benetti, está<br />
ocupado com <strong>no</strong>vos pedidos até<br />
2011. E não por acaso, o estaleiro<br />
italia<strong>no</strong> abriu uma filial na<br />
China, onde estão concentrados<br />
400 mil milionários, dos quais 5<br />
mil com patrimônio superior aos<br />
30 milhões de euros.<br />
Paredes móveis, banheiras de<br />
hidromassagem, varandas sobre<br />
o ocea<strong>no</strong>, academias de ginástica<br />
com vista para o mar, Jet skis<br />
e lanchinhas na ‘garagem’, salões<br />
pa<strong>no</strong>râmicos e suítes de hotel<br />
cinco estrelas são alguns dos<br />
itens “obrigatórios” nas grandes<br />
embarcações.<br />
Num setor onde o contato<br />
com a natureza é direto, a consciência<br />
ecológica sobe a bordo<br />
até das mais ricas embarcações.<br />
Assim, a partir delas, começa-se<br />
uma revolução para diminuir a<br />
poluição e as agressões ao meio<br />
ambiente. Uma das iniciativas é<br />
a pesquisa de um motor que não<br />
seja barulhento e nem despeje<br />
<strong>no</strong> ar e <strong>no</strong> mar os resquícios da<br />
queima de combustível. E depois<br />
dos carros elétricos chega a<br />
vez dos barcos híbridos, dieselelétrico.<br />
O Long Range 23 Zero<br />
Emission Mode, do estaleiro Mochi<br />
Craft, do grupo Ferretti, pode<br />
navegar <strong>no</strong>ve horas em silêncio,<br />
graças à bateria a iônio de lítio.<br />
Bateria que pode ser recarregada<br />
por apenas 20 euros, durante dez<br />
horas, com uma <strong>no</strong>rmal tomada<br />
de parede. O iate com mais de 20<br />
metros de comprimento é o único<br />
<strong>no</strong> mundo e pode revolucionar<br />
os propulsores náuticos. Ele funciona<br />
ainda com cinco diferentes<br />
tipos de motores.<br />
Tudo isso num pavilhão ainda<br />
em construção. A obra prima<br />
do arquiteto Jean Nuovel traz as<br />
cores do céu e do mar para a terra<br />
firme. Será inaugurado oficialmente<br />
em 2009, mas abriu parte<br />
dos seus 20 mil metros quadrados<br />
para a exposição deste a<strong>no</strong>.<br />
Escola<br />
de paixão<br />
Professores do Politécnico de Milão dão ‘aula’ de design <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />
O resultado: uma exposição do melhor em ‘made in Italy’ e <strong>no</strong>vas<br />
parcerias para aprimoramento de profissionais brasileiros<br />
O<br />
design é como o amor, se<br />
faz a dois. A máxima do<br />
mestre italia<strong>no</strong> do design<br />
Vico Magistretti (1920-<br />
2006) foi citada pelo arquiteto<br />
Vanni Pasca para explicar o sucesso<br />
da Itália, <strong>no</strong> setor. Curador<br />
da exposição 1978-2008: Made<br />
in Italy apresentada durante a II<br />
Bienal <strong>Brasil</strong>eira de Design, realizada<br />
em Brasília, ele explica que é<br />
a chave do sucesso do design italia<strong>no</strong><br />
é o trabalho em conjunto,<br />
desenvolvido, “desde sempre” entre<br />
artistas e a indústria do país.<br />
Professor da Faculdade de Arquitetura<br />
de Palermo e do Politécnico<br />
de Milão, Pasca foi quem<br />
primeiro levou à Itália, o trabalho<br />
dos brasileiros irmãos Campana,<br />
em 1994. Segundo ele, “o entusiasmo<br />
que tradicionalmente move<br />
o ofício na Itália” é o motivo pelo<br />
qual designers de todo o mundo<br />
desejam trabalhar com as empresas<br />
do país. E a razão pela qual<br />
o design italia<strong>no</strong> possui “a característica<br />
da atenta combinação de<br />
qualidade tec<strong>no</strong>lógica com tec<strong>no</strong>logia<br />
utilizada sem ostentação”.<br />
— A paixão é indispensável,<br />
tanto ao industrial, para que desempenhe<br />
bem sua função, quanto<br />
ao designer para que realize<br />
seu projeto com a mesma intensidade<br />
– afirma ele.<br />
Giulia<strong>no</strong> Simonelli<br />
O arquiteto explica que o setor<br />
se desenvolveu, na Itália, a<br />
partir dos a<strong>no</strong>s 1950, ao longo<br />
da industrialização e modernização<br />
do país. Contou, para isso,<br />
com o entusiasmo principalmente<br />
de empresários de peque<strong>no</strong> e<br />
médio porte. Para a exposição<br />
realizada <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, o arquiteto<br />
optou por mostrar o que mudou<br />
<strong>no</strong>s últimos 30 a<strong>no</strong>s, <strong>no</strong> design<br />
italia<strong>no</strong>. Ao todo, foram exibidos<br />
60 objetos.<br />
<strong>Na</strong> sua opinião, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,<br />
existem diversos designers de<br />
qualidade sendo que “muitos se<br />
aproximam do estilo italia<strong>no</strong>, com<br />
uma forte entonação brasileira<br />
Tat i a n a Bu f f e <strong>Na</strong>y r a Garofle<br />
feita de fantasia, cores, e ao mesmo<br />
tempo atentos socialmente”.<br />
<strong>Brasil</strong><br />
Intercâmbio<br />
Também professor do Politécnico<br />
de Milão, Giulia<strong>no</strong> Simonelli esteve<br />
<strong>no</strong> Rio de Janeiro para acertar<br />
uma parceria com o Serviço <strong>Na</strong>cional<br />
de Aprendizagem Industrial.<br />
Juntas, as instituições lançaram<br />
o projeto Senai Design Futures. O<br />
objetivo é promover a capacitação<br />
de consultores da instituição<br />
brasileira e implantação de cursos.<br />
Simonelli faz coro com Pasca<br />
a respeito da chave do sucesso<br />
do design italia<strong>no</strong>: “a capacidade<br />
do designer trabalhar densamente<br />
junto ao empreendedor”.<br />
O Projeto Senai Design Futures<br />
prevê ações <strong>no</strong> setor de mobiliário,<br />
moveleiro, coureiro, calçado<br />
e de artefatos. No Rio de Janeiro,<br />
há previsão de implantação de um<br />
projeto-piloto <strong>no</strong> Centro de Tec<strong>no</strong>logia<br />
da Indústria Química e Têxtil<br />
(Senai/Cetiqt) para aperfeiçoamento<br />
<strong>no</strong> design de moda, têxtil<br />
e de interiores. O também professor<br />
do Politécnico de Milão, Arturo<br />
Dell’Acqua Bellavits, explica que o<br />
acordo assinado com o Senai tem<br />
como foco o uso do design como<br />
estratégia para a i<strong>no</strong>vação das empresas<br />
<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Isso significa que<br />
os referenciais de excelência da<br />
escola <strong>italiana</strong> serão utilizados em<br />
conjunto com a instituição para<br />
o desenvolvimento e a revisão de<br />
cursos de graduação, pós-graduação<br />
e produção de pesquisas em<br />
design. Também faz parte dessa<br />
parceria a capacitação de técnicos<br />
e docentes do SENAI <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e na<br />
Itália. O Senai Design Futures tem<br />
duração prevista de 30 meses.<br />
Bellavits frisa que “a moda e<br />
o design são mais do que um binômio<br />
vinculado ao italian style”<br />
e diz que a melhor maneira das<br />
empresas obterem sucesso é com<br />
a valorização da história e cultura<br />
locais.<br />
II Bienal <strong>Brasil</strong>eira de Design expôs mais de mil peças desenvolvidas<br />
por cerca de 400 designers brasileiros <strong>no</strong> Museu <strong>Na</strong>cional<br />
A<br />
da República. Os cerca de 40 mil visitantes do evento elegeram<br />
o ventilador Esfera como o grande destaque da mostra.<br />
Desenvolvido em polímero ABS injetado, a peça foi criada<br />
pelos designers curitiba<strong>no</strong>s Gustavo Granato, Marco<br />
Antônio Coelho Ribeiro, Rafael Queiroz Martyres.<br />
De acordo com o Ministério da Indústria, Desenvolvimento<br />
e Comércio Exterior, o setor de design<br />
industrial movimenta cerca de 150 milhões de dólares<br />
por a<strong>no</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />
46 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 47
música<br />
Canto eter<strong>no</strong> de<br />
amor e ciúmes<br />
Em dezembro, a cidade de Lucca comemora os 150 a<strong>no</strong>s do seu mais ilustre filho, o compositor Giacomo Puccini<br />
O<br />
mundo lírico celebra este<br />
mês, um século e meio do<br />
nascimento de um appassionato<br />
que ainda cativa<br />
imensas platéias, ouvidos e mentes<br />
admirados. Giacomo Antonio<br />
Domenico Michele Secondo Maria<br />
Puccini, nascido em Lucca, na<br />
Toscana, em 22 de dezembro de<br />
1858, integra a quinta geração<br />
de uma família de músicos, mais<br />
precisamente organistas de igreja.<br />
Puccini, “certamente, antes de<br />
aprender a ler o alfabeto começou<br />
a ler partituras”, crê o especialista<br />
Sérgio Casoy. O professor<br />
de História da Ópera na Escola<br />
de Música da USP (Universidade<br />
de São Paulo) recebeu, este a<strong>no</strong>,<br />
o Prêmio Puccini Internacional,<br />
concedido pela Região Toscana e<br />
pela Fundação Festival Puccinia<strong>no</strong>,<br />
entregue pelo Instituto Italia<strong>no</strong><br />
de Cultura de São Paulo.<br />
Os 150 a<strong>no</strong>s do célebre compositor<br />
serão comemorados em<br />
grande estilo na sua cidade natal,<br />
<strong>no</strong> próprio dia 22 de dezembro,<br />
quando será realizado o Puccini<br />
Day, com apresentação da Orquestra<br />
Filarmônica Real Britânica.<br />
Segundo Casoy, a atualidade<br />
do músico italia<strong>no</strong> “permanece<br />
intocada”. Autor de 12 óperas -<br />
contando as do tríptico, composto<br />
por Il Tabarro, Suor Angélica e<br />
Gianni Schicchi, o compositor percebeu<br />
que a tolerância do público<br />
a longos espetáculos se extinguia<br />
e tomou suas providências.<br />
— Puccini sabia perfeitamente<br />
como montar uma cena,<br />
era um dom. Ele conhecia o<br />
funcionamento do teatro, tinha<br />
<strong>no</strong>ção do timing da platéia. Sabia<br />
como e quando interromper<br />
o momento dramático com uma<br />
piadinha e retomar o drama. Esses<br />
são recursos vistos até hoje<br />
<strong>no</strong> cinema e na televisão —<br />
observa Casoy, autor dos livros<br />
Óperas e Outros Cantares, Ópera<br />
em São Paulo 1952-2005 e A Invenção<br />
da Ópera, que prepara a<br />
primeira biografia comentada em<br />
português sobre o lucchese, prevista<br />
para ser lançada a<strong>no</strong> que<br />
vem, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />
No alto, Giacomo Puccini. O<br />
compositor italia<strong>no</strong> terá sua primeira<br />
biografia comentada, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,<br />
feita por Sérgio Casoy, ao lado<br />
Os libretos das óperas de Puccini,<br />
em parte escritos pela talentosa<br />
dupla Luigi Illica e Giuseppe<br />
Giacosa, indicam minuciosamente<br />
como os cantores devem<br />
se portar, o tipo de iluminação<br />
a ser feita <strong>no</strong> teatro e uma série<br />
de detalhes que se harmonizam<br />
perfeitamente à composição.<br />
Por isso, diz o crítico, “suas<br />
óperas fazem grande efeito e não<br />
chateiam ninguém”. Além disso,<br />
Tat i a n a Bu f f<br />
Correspondente • São Paulo<br />
Casoy acredita que o sucesso do<br />
clássico compositor se mantém<br />
por serem suas canções “palatáveis<br />
aos jovens” por contar histórias<br />
universais de amor e ciúmes.<br />
Segundo Casoy, a obra do maestro<br />
tosca<strong>no</strong> também se adapta<br />
a versões e montagens contemporâneas.<br />
Tosca – ambientada na<br />
Roma de 1800 - já foi transposta<br />
para 1945, na cidade eterna inva-<br />
dida pelos nazistas, quase <strong>no</strong> fim<br />
da guerra, e funcio<strong>no</strong>u sem perder<br />
as qualidades originais. La Bohème,<br />
romance que se passa em<br />
1830, foi readaptada com sucesso<br />
um século adiante, em Paris.<br />
Casa<strong>no</strong>va<br />
<strong>Na</strong> avaliação de Casoy, os personagens<br />
de Puccini operavam como<br />
válvula de escape das inúmeras<br />
turbulências amorosas do autor.<br />
Passional e sedutor, o instinto de<br />
conquistador lhe causou problemas<br />
durante toda a vida. A começar<br />
pelo grande amor, Elvira Bonturi<br />
que, casada, largou marido e<br />
dois filhos para viver com o compositor,<br />
uma grande ousadia para<br />
o fim do século 19 em uma sociedade<br />
machista e católica. Só após<br />
tornar-se viúva, Elvira e Giacomo<br />
se casaram, em 1904. Tiveram um<br />
filho, Antonio. Mesmo após o casamento,<br />
ambos sofreram revezes<br />
por conta dos ciúmes da mulher,<br />
que reagia publicamente aos boatos<br />
– e verdades – acerca das<br />
amantes e casos de Puccini nas<br />
várias cidades em que apresentava<br />
seus aclamados espetáculos.<br />
Diz-se que o compositor chegou<br />
a ter um segundo filho, “secreto”,<br />
em 1923. Antonio Manfredi<br />
seria fruto da relação com<br />
Giulia Manfredi, prima da doméstica<br />
Doria, que se suicidou em<br />
1909, após acusações de traição<br />
feitas por Elvira. Puccini e la fanciulla,<br />
filme de Paolo Benvenuti,<br />
lançado este a<strong>no</strong> na Itália, narra<br />
o episódio, ocorrido em 1908.<br />
— Acredito que ele se refugiava<br />
em suas personagens femininas,<br />
com as quais se sentia<br />
à vontade para ‘conversar’. Vejo<br />
em todas as mulheres de Puccini<br />
mulheres que ele gostaria de ter<br />
tido como companheiras, como<br />
Tosca e Turandot, que se dobram<br />
completamente ao fascínio físico<br />
do protagonista. Com certeza,<br />
em todas as óperas, em função<br />
da idade que ele tinha quando as<br />
compôs, a partir da ópera Ma<strong>no</strong>n<br />
Lescaut, o te<strong>no</strong>r-herói é sempre<br />
uma projeção de sua personalidade<br />
— defende Casoy cuja paixão<br />
por Puccini começou na infância,<br />
quando ouvia o compositor na<br />
rádio-vitrola da família.<br />
Por outro lado, o compositor<br />
da inacabada Turandot sempre<br />
amou o campo e recarregava as<br />
energias em Torre Del Lago, onde<br />
comprou casa, barcos e automóveis,<br />
então uma extravagância.<br />
Bem antes, passou por necessidades<br />
financeiras durante uma<br />
década como estudante em Milão,<br />
após ganhar bolsa de cem liras<br />
da Rainha Margherita, a pedido<br />
da mãe. Sua paixão pela ópera<br />
se deu aos 18 a<strong>no</strong>s, após ouvir<br />
Aida, de Verdi. <strong>Na</strong>quele momento,<br />
ele rompia com seu “desti<strong>no</strong>”<br />
de organista de igreja a que estaria<br />
fadado por tradição familiar.<br />
A estréia de Le Villi, em 1884,<br />
quando tinha 26 a<strong>no</strong>s, em Milão,<br />
foi bem recebida. Financeiramente,<br />
<strong>no</strong> entanto, Puccini alcançou estabilidade<br />
somente a partir de Ma<strong>no</strong>n<br />
Lescaut, de 1893. Ganhou muito<br />
dinheiro preparando as próprias<br />
montagens nas capitais européias.<br />
— A característica de Puccini,<br />
exceto em Gianni Schicchi, uma<br />
comédia, é a presença explícita de<br />
uma carga erótica às vezes sadia,<br />
como em La Bohème, entre Rodolfo<br />
e Mimi, ou em La Rondine, com<br />
Ruggero e Magda. Porém, seu erotismo<br />
era também doentio, como<br />
na relação entre Scarpia e Tosca.<br />
Verista<br />
Puccini integrou a Jovem Escola<br />
Italiana, grupo de compositores<br />
do final da década de 1880 que<br />
Alberto Carvalho<br />
Em Lucca, há lojas especializadas na obra de Puccini. A cidade tem uma<br />
estátua em homenagem ao seu filho mais ilustre<br />
compôs até os a<strong>no</strong>s 1930 e flertou<br />
com o verismo, corrente literária<br />
<strong>italiana</strong> surgida em 1875, a partir<br />
das obras de escritores e poetas<br />
que constituíram uma escola<br />
baseada num conjunto de princípios<br />
realistas. <strong>Na</strong> ópera, esse estilo<br />
tem como marcos a Cavalleria<br />
Rusticana, de Pietro Mascagni, e<br />
I Pagliacci, de Ruggiero Leoncavallo.<br />
Segundo o professor da USP,<br />
Puccini sobressaiu porque não se<br />
prendeu a escola nenhuma.<br />
— Ele compôs óperas veristas<br />
quando quis e precisou. Tosca e<br />
Il Tabarro são veristas. La Bohème<br />
é realista e romântica ao mesmo<br />
tempo, criada por alguém que<br />
nunca havia ido a Paris e suscitou<br />
de Claude Debussy o comentário:<br />
‘Puccini descreveu a Paris de 1830<br />
melhor do que qualquer francês<br />
faria’ — conta Casoy — A sensibilidade<br />
e ligação com a antiga<br />
tradição <strong>italiana</strong> foram seus diferenciais.<br />
Com um bom libreto, deixava<br />
a música fluir, aliada à apurada<br />
base teatral. Acima de tudo,<br />
evoluía constantemente, assistindo<br />
ao revolucionário balé Pássaro<br />
Carlos Gomes<br />
de Fogo, de Igor Stravinsky ou ouvindo<br />
o anti-wagneria<strong>no</strong> Debussy.<br />
Reinventou-se a partir de La Fanciulla<br />
del West, de 1910, quando<br />
foi pouco compreendido por agregar<br />
a veia sinfônica à ópera.<br />
Em 1924, Puccini foi diag<strong>no</strong>sticado<br />
com câncer na garganta<br />
e seguiu para Bruxelas para<br />
tratamento, onde morreu por<br />
insuficiência cardíaca. Depois da<br />
sua morte, caiu <strong>no</strong> esquecimento.<br />
Segundo Casoy, grande parte<br />
da elite intelectual jamais lhe<br />
perdoou o sucesso, a facilidade<br />
com que fazia música bonita que<br />
se comunicava com o público.<br />
Porém, a partir de 1950, o mundo<br />
“acordou”. Uma <strong>no</strong>va geração<br />
revalorizou sua obra. Hoje, em<br />
todos os manuais e compêndios<br />
eruditos se assinala Puccini como<br />
o “sucessor de Verdi, o grande<br />
continuador da tradição <strong>italiana</strong>”,<br />
assevera Casoy.<br />
Se Puccini compôs o que compôs, muito se deve a um brasileiro.<br />
Casoy garante que, se não fosse Carlos Gomes (1836-1896), Puccini<br />
simplesmente não teria existido. Operista de estilo romântico,<br />
Gomes foi o primeiro compositor brasileiro a ter suas obras apresentadas<br />
<strong>no</strong> Teatro alla Scala, o tempo sagrado da ópera, em Milão.<br />
— Carlos Gomes teve grande influência por ter, entre outros elementos,<br />
usado metais dissonantes na orquestra. Se não fosse a Fosca<br />
do brasileiro, não haveria a Tosca do italia<strong>no</strong> — afirma o professor.<br />
Carlos Gomes era vizinho e amigo de Amilcare Ponchielli (1834-<br />
1886), diretor do Conservatório de Milão e professor de Puccini. O<br />
brasileiro ajudou Ponchielli a compor a famosa La Gioconda. À época,<br />
o ambiente musical era impregnado de Richard Wagner.<br />
48 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 49
música<br />
televisão<br />
Jazz<br />
esquenta<br />
Orvieto<br />
Umbria Jazz Festival Winter homenageia os 50 a<strong>no</strong>s da bossa<br />
<strong>no</strong>va. O brasileiro João Gilberto é a grande estrela do evento<br />
O<br />
<strong>Brasil</strong> estará em evidência<br />
na 16ª edição do Umbria<br />
Jazz Festival Winter,<br />
que acontece na cidade<br />
Orvieto, entre os dias 30 de dezembro<br />
e 4 de janeiro. O grande<br />
estaque da programação é João<br />
Gilberto que fará três apresentações<br />
em homenagem aos 50 a<strong>no</strong>s<br />
da bossa <strong>no</strong>va. Esse mito da música<br />
brasileira poderá ser visto <strong>no</strong><br />
Teatro Mancinelli, dias 2, 3 e 4<br />
de janeiro.<br />
Outro brasileiro que aterriza<br />
<strong>no</strong> Festival é o baterista Duduka<br />
da Fonseca, que em ritmo<br />
de samba e jazz, dá boas vindas<br />
ao a<strong>no</strong> <strong>no</strong>vo <strong>no</strong> concerto programado<br />
para o dia 31 de dezembro.<br />
Aliás “Samba Jazz” é <strong>no</strong>me do<br />
projeto que ele desenvolve com<br />
o pianista Helio Alves, em homenagem<br />
a Tom Jobim, um dos<br />
“pais” da bossa <strong>no</strong>va ao lado de<br />
João Gilberto. Acompanhando os<br />
Ja n a í n a Cesar<br />
Correspondente • Treviso<br />
dois estarão Anat Cohen <strong>no</strong> sax<br />
e clarineto, Guilherme Monteiro<br />
<strong>no</strong> violão, Leonardo Cioglia <strong>no</strong><br />
baixo, Cláudio Roditi na tromba<br />
e Maucha Adnet, backing vocal.<br />
O quinteto, que se exibe <strong>no</strong> Palazzo<br />
do Popolo, tem shows extras<br />
dias 1, 2, 3 e 4. E dia 01, Helio<br />
Alves e Maucha Adnet se apresentam<br />
<strong>no</strong> Museu Emílio Greco.<br />
Mas nem só de bossa <strong>no</strong>va<br />
vive o festival. Do evento também<br />
participará Martial Solal,<br />
considerado um dos grandes pianistas<br />
do jazz europeu. Poderá<br />
ser visto em show solo, acompanhado<br />
por Stefa<strong>no</strong> Bollani,<br />
Enrico Rava e Joe Locke. Este<br />
vibrafonista ainda apresentará<br />
um <strong>no</strong>vo projeto em companhia<br />
dos grandes Dado Moroni, Bob<br />
Cranshaw e Mickey Roker.<br />
Além deles, se apresentam Ernesto<br />
Jobos, pianista argenti<strong>no</strong>,<br />
considerado um dos mais criativos<br />
do jazz contemporâneo, que<br />
homenageia Lennie Tristia<strong>no</strong>, pianista<br />
america<strong>no</strong> amigo de Charlie<br />
Parker e Lester Young, morto em<br />
1978. Já o atual jazz america<strong>no</strong><br />
marcará presença <strong>no</strong> concerto<br />
de Gerald Clayton, jovem pianista<br />
estadunidense que se apresenta<br />
com seu pai, o ilustre contra-baixista<br />
John Clayton. Outro pianista<br />
de sucesso é o italia<strong>no</strong> Enrico<br />
Pieranunzi, que com uma linguagem<br />
pessoal cria uma atmosfera<br />
de intensidade e elegância.<br />
Um estilo parecido é o de Renato<br />
Sellani que poderá ser visto ao<br />
lado do saxofonista Gianni Basso,<br />
outro mito do jazz “made in<br />
Italy”, e o pianista Danilo Rea.<br />
A África é representada pelo<br />
violonista Lionel Loueke, de<br />
Benin, que recentemente lançou<br />
Karibu, álbum onde mostra a<br />
origem africana da música folk,<br />
equilibrada com a visão cosmopolita<br />
de Loueke, que <strong>no</strong>s últimos<br />
a<strong>no</strong>s colaborou com diversos<br />
músicos como Terence Blanchard<br />
e Herbie Hancock.<br />
Entre os italia<strong>no</strong>s encontramse<br />
ainda o baterista roma<strong>no</strong> Roberto<br />
Gatto “The Music Next Door”,<br />
que se apresenta acompanhado<br />
por um “trem” de stars da<br />
música: Stefa<strong>no</strong> Bollani, Paolo<br />
Fresu, Daniele Tittarelli e Rosario<br />
Bonaccorso. Federico Turreni,<br />
com seu grupo Panjeazz Quartet,<br />
dedica um concerto a Francesco<br />
Satolli, saxofonista orvieta<strong>no</strong><br />
morto em junho deste a<strong>no</strong>.<br />
Durante seis dias as pequenas<br />
ruas de Orvieto, uma fascinante<br />
e histórica cidade da região<br />
da Umbria, será literalmente<br />
ocupada pelos melhores músicos<br />
de jazz e bossa <strong>no</strong>va. A edição<br />
de inver<strong>no</strong> do Umbria Jazz Festival<br />
conquistou um lugar ao sol<br />
porque conseguiu unir turismo,<br />
música e cultura. De origem romana,<br />
a cidadezinha oferece espaços<br />
ideais e um clima único,<br />
graças ao estupendo e rico centro<br />
histórico.<br />
Os principais shows acontecem<br />
<strong>no</strong> Teatro Mancinelli, Palazzo<br />
del Popolo, Palazzo dei Sette,<br />
Palazzo Solia<strong>no</strong> – onde encontra-se<br />
o Museu Emílio Greco<br />
– e Palazzo dei Giusti, localizado<br />
<strong>no</strong> inter<strong>no</strong> de um antigo convento,<br />
próprio <strong>no</strong> coração do burgo<br />
medieval. Além da Sala Carmine,<br />
uma antiga ex-igreja do a<strong>no</strong> de<br />
1300 e do Restaurante San Francesco,<br />
também localizado em um<br />
antigo convento de 1200.<br />
Para quem se interessar em<br />
passar um a<strong>no</strong> <strong>no</strong>vo diferente,<br />
em vez de pular as sete ondas<br />
como é costume <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, o Umbria<br />
Jazz Festival Winter é uma<br />
ótima opção para pular as sete<br />
<strong>no</strong>tas musicais.<br />
O país dos<br />
realities<br />
<strong>Na</strong> luta por audiência, emissoras de televisão <strong>italiana</strong>s<br />
seduzem o público com realities shows. Uma brasileira<br />
conquista fãs ao participar de uma dessas atrações<br />
que teve como vencedor um ex-deputado transexual<br />
O<br />
que mais se vê atualmente,<br />
na televisão <strong>italiana</strong>,<br />
são realities shows. No mês<br />
passado, chegou ao fim a<br />
edição deste a<strong>no</strong> do Isola dei Famosi,<br />
exibido pela Rai. Seu vencedor<br />
dá uma pista porque se trata<br />
de um dos programas do gênero<br />
com maior sucesso de público: o<br />
ex-deputado pelo Partido da Refundação<br />
Comunista (PRC) Vladimiro<br />
Guadag<strong>no</strong>. Conhecido como<br />
Vladimir Luxuria, é um dos transexuais<br />
mais conhecidos da Itália.<br />
Seu prêmio foi de 200 mil euros.<br />
Desde o início, ele se tor<strong>no</strong>u<br />
o personagem mais contraditório<br />
do programa. Primeiro e até agora<br />
o único transexual a ser eleito<br />
para a Câmara dos Deputados <strong>italiana</strong>,<br />
Luxuria foi o mais amado<br />
pelo público e o mais odiado pelos<br />
outros concorrentes. Com sua<br />
personalidade marcante e sem pa-<br />
Bizarro<br />
Dentre todos os realities, o mais<br />
bizarro é La talpa, exibido pelo ca-<br />
Isabela Grillo<br />
pas na língua, costumava dizer o<br />
que pensava e quase sempre entrava<br />
em atrito com a aristocrática<br />
condessa Patrizia Le Blanck,<br />
rainha da diplomacia, mas nem<br />
sempre da boa educação.<br />
<strong>Na</strong> mesma atração, que foi<br />
ambientada em uma ilha em Honduras,<br />
uma brasileira conquistou<br />
o título de personagem mais po-<br />
No alto, os finalistas da Isola.<br />
Luxúria é o primeiro à esquerda.<br />
Veridiana está <strong>no</strong> colo de um<br />
colega. Ao lado, o deputado.<br />
Abaixo, a modelo em ação<br />
pular: a modelo Veridiana Mallmann,<br />
irmã da top model Shirley<br />
Mallmann. Ela havia acabado de<br />
chegar na Itália, depois de uma<br />
temporada em Nova York, quando<br />
foi descoberta por Antonio Ricci,<br />
produtor de Strisca la Notizia, um<br />
dos programas de variedade de<br />
maior audiência do país.<br />
Ele convidou Veridiana para<br />
ocupar o disputadíssimo “cargo”<br />
de velina, uma versão moderna<br />
das chacretes - meninas que dançam<br />
em cima de um balcão <strong>no</strong>s<br />
programas de TV, a última moda<br />
entre as jovens <strong>italiana</strong>s com ambições<br />
<strong>no</strong> mundo artístico. Graças<br />
a isso, a brasileira se tor<strong>no</strong>u um<br />
dos participantes da Isola mais<br />
queridos, além de ser ídolo das<br />
adolescentes de todo o país.<br />
Bonita, alta, magra, loira e<br />
com uma personalidade doce e<br />
tranqüila, Veridiana conseguiu<br />
ser cordial com todos, sem criar<br />
brigas. A modelo entrou na ilha<br />
declarando que faria essa experiência<br />
para encontrar a sua alma<br />
gêmea. Parece que conseguiu.<br />
Desde o começo, ela e o nadador<br />
Leonardo Tumiolo proporcionaram<br />
aos telespectadores uma quente<br />
love story. O amor à primeira vista<br />
do casal levantou suspeitas dos<br />
outros 22 concorrentes de que tudo<br />
não passaria de armação.<br />
nal 5. Seus participantes são showgirls,<br />
modelos, atores emergentes<br />
e “opinionistas” - uma <strong>no</strong>va<br />
categoria televisiva, gente que dá<br />
palpite em vários programas de TV.<br />
Durante sete semanas, os concorrentes<br />
procuram descobrir quem é<br />
a “talpa”, ou seja, aquele que está<br />
entre eles para sabotar o jogo.<br />
Ali, é preciso muito suor e<br />
sacrifício para conseguir alimentos.<br />
As provas são perigosas, os<br />
participantes costumam ter ataques<br />
de fobias e crises de pânico<br />
e muitos terminam machucados.<br />
Este a<strong>no</strong>, foi realizado em um lugar<br />
<strong>no</strong> sul da África e os participantes<br />
contracenam com integrantes<br />
de uma tribo Zulu.<br />
Se a programação <strong>no</strong>turna é<br />
dedicada aos realities extremos,<br />
à tarde se concentram aqueles<br />
mais românticos, voltados para o<br />
público adolescente. O mais famoso<br />
se chama Uomini e Donne<br />
e está se tornando o favorito de<br />
meni<strong>no</strong>s e meninas em todo o<br />
país. É tão querido que fez surgir<br />
os “tronistas. Os concorrentes,<br />
todos muito bonitos, com passado<br />
de modelo e ambição de entrar<br />
para o mundo da televisão,<br />
sentam-se em tro<strong>no</strong>s e são cortejados<br />
por uma legião de jovens.<br />
Os tronistas têm quatro meses<br />
para encontrar sua cara-metade.<br />
No momento, o país espera a<br />
estréia da <strong>no</strong>na edição de Grande<br />
Fratello, ainda em fase de seleção<br />
de candidatos. O programa,<br />
que leva a audiência aos céus,<br />
tem milhares de inscritos e os<br />
encarregados da seleção percorrem<br />
todo o país para escolher os<br />
participantes. A cada a<strong>no</strong>, a casa<br />
construída <strong>no</strong>s famosos estúdios<br />
de Cinecittá, muda seu formato e<br />
decoração. Em sua última edição,<br />
o programa teve pela primeira<br />
vez a participação de um brasileiro,<br />
Thiago Barcelos, que saiu<br />
logo de cena.<br />
50 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 51
fórmula 1<br />
Sinal<br />
amarelo<br />
Fórmula-1 entra em temporada de testes de carros e especulações sobre<br />
o futuro dos pilotos. Mais brasileiros devem entrar para a elite do<br />
automobilismo em 2009. Um deles é o sobrinho de Ayrton Senna<br />
Rivais diversas vezes em<br />
vários esportes, <strong>Brasil</strong> e<br />
Itália estiveram unidos<br />
na torcida como nunca<br />
em 2008. Desde os tempos de<br />
Ayrton Senna, que morreu em<br />
1994, os brasileiros não tinham<br />
um piloto em condições de ganhar<br />
o título de Fórmula-1. Este<br />
a<strong>no</strong> teve. Felipe Massa, na Ferrari,<br />
perdeu o campeonato para o<br />
inglês Lewis Hamilton (McLaren)<br />
somente na última volta da última<br />
corrida da temporada.<br />
Se não ganhou o título individual,<br />
Massa foi decisivo para<br />
que a escuderia <strong>italiana</strong> conquistasse<br />
pela oitava vez, <strong>no</strong>s últimos<br />
dez a<strong>no</strong>s, o campeonato de<br />
construtores e certamente será<br />
um dos favoritos para brigar pelo<br />
primeiro lugar em 2009 <strong>no</strong> Mundial<br />
de pilotos. Agora, o “circo”<br />
da F-1 começa sua temporada de<br />
testes <strong>no</strong>s carros e troca-troca<br />
de pilotos entre as escuderias. O<br />
retor<strong>no</strong> às pistas será <strong>no</strong> dia 29<br />
de março, na Austrália. A etapa<br />
<strong>italiana</strong> será em 13 de setembro.<br />
O Grande Prêmio <strong>Brasil</strong> está previsto<br />
para o dia 18 de outubro.<br />
A corrida final será dia 1º de <strong>no</strong>vembro,<br />
<strong>no</strong>s Emirados Árabes.<br />
Massa e Kimi Raikkonen foram<br />
confirmados pela Ferrari até<br />
2010. No final da última tempo-<br />
Maurício Ca n n o n e<br />
rada, a escuderia do cavalinho<br />
pediu desculpas por erros cometidos<br />
pela equipe durante 2008.<br />
Admitiram que, se não tivessem<br />
falhado, o brasileiro poderia ter<br />
levado o título.<br />
Durante as festas de fim de<br />
temporada da Ferrari, Massa comentou<br />
que um campeonato decide-se<br />
em 18 corridas e não na<br />
penúltima curva. Um gesto <strong>no</strong>bre<br />
de quem é partidário da filosofia<br />
que todos ganham ou todos perdem<br />
juntos.<br />
Por sinal, em 2009, a marcha<br />
pode engatar para alguns e retroceder<br />
para outros. Há mudanças<br />
à vista, principalmente para<br />
brasileiros. Rubens Barrichello,<br />
recordista em número de grandes<br />
prêmios disputados (270), deve<br />
ser uma das vítimas. Ele está<br />
em nítido processo de fritura na<br />
Honda. A escuderia fez testes em<br />
<strong>no</strong>vembro com dois compatriotas<br />
seus, tidos como atuais promessas<br />
do automobilismo. Um deles<br />
é Bru<strong>no</strong> Senna, sobrinho do legendário<br />
Ayrton. O outro é Lucas<br />
Di Grassi. Ambos foram destaques<br />
da GP2, uma espécie de<br />
trampolim para a Fórmula-1.<br />
A Honda quer “sangue <strong>no</strong>vo”<br />
em 2009 e isso deve custar o lugar<br />
de Barrichello. O próprio Felipe<br />
Massa admitiu publicamente já ter<br />
aconselhado Barrichello a ficar na<br />
Fórmula 1 somente se conseguisse<br />
obter “condições favoráveis”.<br />
O atual vice-campeão da categoria<br />
considerou “muito boa” a temporada<br />
do compatriota de acordo<br />
com as circunstâncias, pois o carro<br />
certamente não foi dos melhores.<br />
Barrichello ficou em 14º lugar<br />
<strong>no</strong> último campeonato.<br />
O inglês Jenson Button defendeu<br />
a permanência de Barrichello<br />
na escuderia. Button disse<br />
que a Honda precisa de pilotos<br />
experientes para encarar 2009,<br />
apesar de também ter admitido<br />
que ser “válido” dar oportunidade<br />
aos jovens. Quanto a Barrichello,<br />
ele já revelou que se não<br />
ficar na Fórmula-1, vai aposentar-se<br />
como piloto.<br />
Felipe Massa<br />
Como tantos milhões, Felipe Massa é um brasileiro<br />
nascido em São Paulo, descendente<br />
de italia<strong>no</strong>s. Diplomata, evitou criticar a Ferrari<br />
apesar de a escuderia ter admitido erros que<br />
lhe custaram o título de campeão da F-1. Agora,<br />
em breve entrevista à Comunità, evitou posar de<br />
favorito da próxima temporada, apesar de ser a<br />
principal aposta de muita gente para 2009. Garantido<br />
na Ferrari até 2010, esse ítalo-brasileiro<br />
saboreia o fato de ser ídolo de brasileiros e italia<strong>no</strong>s,<br />
um raro momento de união entre torcidas<br />
tão tradicionalmente rivais.<br />
Promessas<br />
O paulista Bru<strong>no</strong> Senna Lalli nasceu<br />
poucos meses antes da estréia<br />
de Ayrton na F-1, em 1984. Por<br />
causa da morte do tio, que causou<br />
grande trauma na família, ficou<br />
cerca de dez a<strong>no</strong>s afastado do automobilismo.<br />
Mas o filho de Viviane,<br />
irmã de Ayrton, não resistiu<br />
à paixão pelos motores e entrou<br />
na pista. Bru<strong>no</strong> considera a Honda<br />
a melhor opção para começar<br />
na F-1. A escuderia elogiou muito<br />
os testes do sobrinho de Ayrton e<br />
de Lucas Di Grassi, feitos <strong>no</strong> mês<br />
passado em Barcelona.<br />
Os brasileiros ficaram fora dos<br />
testes da Toro Rosso de <strong>no</strong>vembro.<br />
<strong>Na</strong>da de Barrichello, Senna<br />
ou Di Grassi. O suíço Sébastien<br />
Buemi e o japonês Takuma Sato<br />
lutam pela vaga do alemão Sebastien<br />
Vettel, de partida para a<br />
Red Bull. Por lá, o escocês David<br />
Coulthard despediu-se da F-1<br />
<strong>no</strong> fim da temporada passada e<br />
tor<strong>no</strong>u-se consultor da escuderia<br />
pela qual pilotava. O francês Sébastien<br />
Bourdais pode permanecer<br />
na Toro.<br />
<strong>Na</strong> temporada 2008, Bru<strong>no</strong><br />
Senna termi<strong>no</strong>u em segundo lugar<br />
na GP2, atrás apenas do campeão,<br />
o italia<strong>no</strong> Giorgio Panta<strong>no</strong>,<br />
que teve breve passagem pela<br />
F-1 em 2004, sem marcar pontos<br />
pela Jordan em toda a temporada.<br />
Em terceiro ficou Lucas<br />
Di Grassi. Alguns dos momentos<br />
de Bru<strong>no</strong> na GP2 de 2008 fizeram<br />
até lembrar o tio Ayrton, como a<br />
vitória na chuva em Silverstone,<br />
Inglaterra, e o primeiro lugar em<br />
Mônaco, onde o Senna mais famoso<br />
da família era rei.<br />
Massa, Barrichello e Lalli. Sobre<strong>no</strong>mes<br />
italia<strong>no</strong>s não faltam<br />
entre os brasileiros <strong>no</strong> mundo do<br />
automobilismo. Di Grassi é outro<br />
deles. Felipe Massa já elogiou publicamente<br />
Bru<strong>no</strong> Senna. Porém,<br />
apontou Lucas Di Grassi como o<br />
piloto brasileiro atualmente com<br />
mais condições de estrear já <strong>no</strong><br />
a<strong>no</strong> que vem na F-1.<br />
ComunitàItaliana - Em 2009 terá mais condições<br />
de lutar pelo título do que em 2008?<br />
Felipe Massa - É difícil dizer, porque as mudanças<br />
<strong>no</strong> regulamento em 2009 serão significativas.<br />
Voltam os pneus lisos. Os motores vão ter de durar<br />
três corridas. A aerodinâmica dos carros sofrerá<br />
drástica alteração e haverá um <strong>no</strong>vo sistema<br />
de reaproveitamento da energia. Temos confiança,<br />
uma equipe supercompetitiva, mas precisamos<br />
esperar as primeiras corridas.<br />
CI - Os tifosi da Ferrari são os mais apaixonados<br />
por automobilismo?<br />
FM - São muito apaixonados, assim como os brasileiros.<br />
Vivi duas experiências bastante parecidas<br />
neste fim de temporada. Tanto nas semanas que<br />
antecederam o GP do <strong>Brasil</strong> quanto nas seguintes,<br />
o carinho do público brasileiro foi impressionante.<br />
Mas os italia<strong>no</strong>s não ficaram atrás. Pude constatar<br />
isso quando fui para Mugello participar das<br />
festividades do Ferrari Day. Os torcedores comemoraram<br />
muito o título de construtores conquistado<br />
pela Ferrari.<br />
CI - Como aprendeu a falar tão bem o italia<strong>no</strong>?<br />
FM - Corri na Itália em meus dois primeiros a<strong>no</strong>s<br />
na Europa, em 2000 e 2001. No primeiro, morei<br />
com o casal do<strong>no</strong> da minha equipe na Fórmula<br />
Renault, o que ajudou bastante.<br />
CI - É descendente de italia<strong>no</strong>s?<br />
FM - Sim, toda a família do meu pai é originária da<br />
Itália. Tenho, inclusive, o passaporte italia<strong>no</strong>.<br />
A Honda escolheu dois<br />
brasileiros vindos do GP2<br />
para testar seus carros de<br />
Formula-1. Lucas Di Grassi<br />
(acima) e Bru<strong>no</strong> Senna (abaixo),<br />
que carrega a responsabilidade<br />
de ser sobrinho do maior<br />
símbolo desse esporte <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />
Lucas Tucci Di Grassi, paulista<strong>no</strong><br />
de 24 a<strong>no</strong>s, além de conquistar<br />
o terceiro lugar na GP2<br />
em 2008, foi piloto de testes da<br />
Renault na F-1. A escuderia francesa<br />
o oficializou como seu terceiro<br />
piloto. Isso significa ser o<br />
reserva do espanhol Fernando<br />
Alonso e do brasileiro Nelsinho<br />
Piquet. Estes dois foram confirmados<br />
como titulares da escuderia<br />
para 2009. Di Grassi pode<br />
substituí-los numa eventualidade<br />
ou pilotar por outra escuderia,<br />
como a Honda, por exemplo.<br />
No meio da temporada passada,<br />
chegou a correr boatos que<br />
o filho do tricampeão Nélson Piquet<br />
não seria mantido pela Renault<br />
em 2009. Ele estreou na F-1<br />
em 2008 e alter<strong>no</strong>u bons e maus<br />
momentos. Esperava chegar entre<br />
os dez primeiros este a<strong>no</strong> e<br />
termi<strong>no</strong>u na 12ª colocação. No<br />
a<strong>no</strong> que vem, sua expectativa é<br />
ficar entre os seis primeiros.<br />
Entre os italia<strong>no</strong>s, Jar<strong>no</strong><br />
Trulli continua na Toyota em<br />
2009. Seu compatriota que pode<br />
disputar a próxima temporada<br />
é Giancarlo Fisichella, piloto da<br />
Force India. Pode, porém, perder<br />
a vaga para o espanhol Pedro de<br />
la Rosa, atual piloto de testes<br />
da McLaren. Esta construtora vai<br />
fornecer motores, tec<strong>no</strong>logia e<br />
equipamentos, a partir de 2009,<br />
para a Force India, que antes tinha<br />
contrato com a Ferrari. A <strong>no</strong>va<br />
parceria entre as duas escuderias<br />
pode incluir até intercâmbio<br />
de pilotos.<br />
52 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 53
perfil<br />
Tradição<br />
de sucesso<br />
Originária da Sicília, família Comparato se reúne<br />
para celebrar seus 115 a<strong>no</strong>s <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />
Tat i a n a Bu f f<br />
Correspondente • São Paulo<br />
A<br />
cada cinco a<strong>no</strong>s, 90 pessoas<br />
se reúnem para uma<br />
comemoração. Todos integram<br />
o clã da família Comparato<br />
e relembram a chegada de<br />
Antoni<strong>no</strong> Comparato e Emanuela<br />
Mazzeo Comparato ao <strong>Brasil</strong>.<br />
O casal aportou em Santos, em<br />
16 de julho de 1893, emigrado<br />
de Mistretta, província de Messina,<br />
na Sicília, <strong>no</strong> navio Escuria,<br />
que partiu de Nápoles. Em 2008,<br />
o ritual se repetiu para celebrar<br />
os 115 a<strong>no</strong>s da família.<br />
O casal trouxe sete dos <strong>no</strong>ve<br />
filhos, que constituíram famílias<br />
<strong>no</strong> “<strong>no</strong>vo mundo” e se multiplicaram,<br />
perpetuando-se em cinco<br />
gerações até hoje. Cabe ao patriarca<br />
Armando Comparato, de<br />
81 a<strong>no</strong>s, liderar, em São Paulo,<br />
essas reuniões especiais. Ex-presidente<br />
da Pirelli, onde atuou<br />
durante mais de cinco décadas,<br />
ele se incumbe com vigor de procurar,<br />
por telefone e internet, os<br />
parentes que acabaram se afastando<br />
com o tempo.<br />
A primeira celebração da família<br />
ocorreu em 1993, quando<br />
a família completou um século<br />
em território brasileiro. Armando<br />
Comparato responde ainda pela<br />
coleção de documentos da família,<br />
Em meio a fotografias que contam<br />
a história da família, Armando tem<br />
a tarefa de reunir os membros do<br />
clã espalhados pelo <strong>Brasil</strong><br />
base para um livro a ser publicado<br />
“sem pressa de conclusão”. Afinal,<br />
ele conta, informações históricas<br />
são descobertas com freqüência<br />
em um grupo tão numeroso.<br />
— Tentamos manter esses<br />
encontros, com missa e almoço.<br />
Está se tornando a tradição do<br />
qüinqüênio. Por um lado, é triste<br />
porque <strong>no</strong> interreg<strong>no</strong> sempre<br />
faltam alguns parentes. De outro,<br />
porém, nascem bem-vindos membros.<br />
A maior parte dos mais <strong>no</strong>vos<br />
já tem o <strong>no</strong>me Comparato só<br />
<strong>no</strong> meio, mas há dois agora que<br />
serão responsáveis pela continuidade<br />
do clã — conta o patriarca.<br />
História<br />
Armando é filho de Vicente Comparato,<br />
que desembarcou aos cinco<br />
a<strong>no</strong>s de idade na baixada santista<br />
com os pais e seis irmãos.<br />
A família falava então o dialeto<br />
sicilia<strong>no</strong>, linguagem que praticamente<br />
se extinguiu <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong><br />
brasileiro. Vicente casou-se com<br />
Guilhermina Apolinário, emigrada<br />
aos dois a<strong>no</strong>s do <strong>no</strong>rte de Portugal.<br />
Deste ramo, nasceram quatro<br />
filhos e o primogênito de Vicente,<br />
anterior ao casamento.<br />
— Meu pai só falava o dialeto<br />
sicilia<strong>no</strong> com meus tios. Nós, crianças,<br />
não entendíamos nada – relembra<br />
o terceiro dos cinco irmãos.<br />
Claudio Cammarota<br />
Quando entrou na Pirelli, em<br />
1941, aos 13 a<strong>no</strong>s, Armando Comparato<br />
nem sonhava que um dia<br />
iria presidir a empresa - <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />
desde 1929. Tão pouco imaginava<br />
que se tornaria conselheiro da direção<br />
até se aposentar, em 1992.<br />
Também não poderia suspeitar<br />
que veria o filho, o engenheiro<br />
Armando Comparato Júnior, presidente<br />
há dois a<strong>no</strong>s da Prysmian<br />
– ex-Pirelli Cabos - na América do<br />
Sul, honrar seu posto.<br />
— <strong>Na</strong> Pirelli, antigamente, diziam:<br />
‘aquele é o filho do Armando’.<br />
Hoje é o contrário, falam: ‘esse<br />
é o pai do Armando’ — brinca.<br />
Além do executivo, o patriarca<br />
– avô de três jovens - teve Regina<br />
Helena e Silvana com Dorothy<br />
Splendore Comparato, não<br />
por coincidência de origem <strong>italiana</strong><br />
e grega. O casal se conheceu<br />
em 1949 na própria Pirelli,<br />
onde ambos trabalhavam, em<br />
Santo André, e se uniu em 1954.<br />
Viajando freqüentemente a trabalho<br />
e lazer à Itália, Armando visitou<br />
pela primeira vez a terra dos<br />
antepassados em 1984. <strong>Na</strong> ocasião,<br />
com a esposa, o ex-presidente<br />
da Pirelli chegou a encontrar um<br />
Comparato em Mistretta. Foi um<br />
encontro muito rápido e um tanto<br />
tumultuado porque Armando havia<br />
sido roubado um dia antes de chegar<br />
à cidadezinha. Isso, segundo<br />
ele, “atrapalhou um pouco”.<br />
A esperança de reencontrar parentes<br />
por ora distantes, <strong>no</strong> entanto,<br />
não foi abalada. A família está<br />
<strong>no</strong>vamente em viagem na península<br />
– até meados de dezembro. Desta<br />
vez com mais tempo, tranqüilidade<br />
e pistas para comunicar-se<br />
com os Comparato que permaneceram<br />
em Mistretta ou migraram para<br />
outras regiões <strong>italiana</strong>s.<br />
Profusão de talentos<br />
Filhos, netos e bisnetos de Antoni<strong>no</strong><br />
e Emanuela conquistaram<br />
fama <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e <strong>no</strong> mundo, com<br />
sucesso ininterrupto até a geração<br />
mais recente, os tataranetos.<br />
Um dos mais ilustres foi o caçula<br />
do casal, o médico e pesquisador<br />
Sebastião Comparato<br />
(1891-1979), que revolucio<strong>no</strong>u<br />
a história da sétima arte com a<br />
descoberta da tec<strong>no</strong>logia da terceira<br />
dimensão – o cinema 3D -,<br />
em 1934. O inventor fez a primeira<br />
projeção 3D <strong>no</strong> Rio de Janeiro<br />
dois a<strong>no</strong>s depois, <strong>no</strong> antigo cine<br />
Metrópole. Embora tenha obtido<br />
a patente internacional para<br />
o <strong>Brasil</strong>, 17 a<strong>no</strong>s depois, a “<strong>no</strong>vidade”<br />
emergiu ao mundo como<br />
uma invenção <strong>no</strong>rte-americana.<br />
Premiado e reconhecido internacionalmente,<br />
o escritor e roteirista<br />
de <strong>no</strong>velas, minisséries e<br />
seriados para televisão e cinema<br />
e neto do médico Sebastião, Luiz<br />
Felipe, se tor<strong>no</strong>u conhecido como<br />
Doc Comparato. Foi o apelido que<br />
ganhou graças à associação a sua<br />
primeira profissão. Doc veio de<br />
doctor, médico em inglês. O autor<br />
do livro Da criação ao roteiro era<br />
um re<strong>no</strong>mado cardiologista. Decidiu<br />
mudar de carreira em Londres,<br />
enquanto cursava pós-graduação<br />
na área médica, <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 1970.<br />
Doc recebeu o Prêmio Teatral<br />
Anna Magnani, em 2003, na Itália,<br />
e a medalha de ouro do Festival<br />
de Cinema e Televisão de Nova<br />
York, em 1982, entre outras honrarias<br />
internacionais. Atualmente,<br />
colabora com a Rede Record <strong>no</strong><br />
roteiro da <strong>no</strong>vela Os Mutantes.<br />
O escritor é pai da atriz Bianca<br />
Comparato, que acaba de atuar<br />
na <strong>no</strong>vela Beleza Pura, da TV<br />
Globo, onde, também interpretou<br />
a divertida Maria João na <strong>no</strong>vela<br />
Belíssima (2005/2006).<br />
Os Comparato celebram os<br />
115 a<strong>no</strong>s de presença <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />
Lembranças da influencia <strong>italiana</strong><br />
se apresentam, porém, <strong>no</strong> <strong>Na</strong>tal<br />
Direito e Moda<br />
Jurista, escritor e professor titular<br />
aposentado da Faculdade de Direito<br />
da Universidade de São Paulo,<br />
Fábio Konder Comparato, bisneto<br />
de Emanuela e Antoni<strong>no</strong>, integrou<br />
a acusação <strong>no</strong> aclamado processo<br />
de impeachment do ex-presidente<br />
Fernando Collor de Mello, em<br />
1992. É autor de uma das ações<br />
populares contra a privatização<br />
da Companhia Vale do Rio Doce,<br />
movida por um grupo de advogados<br />
e juristas de São Paulo.<br />
O Doutor em Direito pela Universidade<br />
de Paris, Doutor Ho<strong>no</strong>ris<br />
Causa da Universidade de Coimbra<br />
e autor reconhecido internacionalmente<br />
é irmão de José Marcos<br />
Konder Comparato, ex-presidente<br />
da Itaúsa Empreendimentos e<br />
atual conselheiro da Sadia.<br />
José Marcos, segundo seu<br />
primo, Armando Comparato, é<br />
dos que mais garantem ativos os<br />
vínculos com a nação dos antepassados,<br />
“com muito orgulho de<br />
<strong>no</strong>ssa origem <strong>italiana</strong>”.<br />
— Em Avaré, interior de São<br />
Paulo, José Marcos possui uma<br />
chácara chamada carinhosamente<br />
pelos vizinhos de sítio do italia<strong>no</strong><br />
– revela Armando, bem-humorado.<br />
No mundo da moda, o clã também<br />
imprime as próprias marcas: a<br />
estilista Rita Comparato, tataraneta<br />
do casal emigrante, filha de Alice<br />
Comparato, criou a grife Neon<br />
em 2002 com o colega Dudu Bertholini,<br />
originalmente desenhando<br />
maiôs e moda praia. Eles trabalharam<br />
para marcas consagradas, como<br />
Triton, Zapping e Cori e foram<br />
convidados a participar este a<strong>no</strong><br />
da São Paulo Fashion Week.<br />
Arquivo pessoal<br />
Laços e costumes<br />
<strong>Na</strong> Sicília, hábitos e tradições milenares<br />
transbordam em cada paesi<strong>no</strong><br />
ou província. Daqueles tempos<br />
imemoriais permaneceram <strong>no</strong><br />
clã Comparato, antes de tudo, “os<br />
laços de sangue que falam mais alto”,<br />
resume, a um só tempo altivo<br />
e afetuoso, Armando Comparato:<br />
— Nutrimos um forte sentido<br />
de enraizamento familiar. Às vezes,<br />
podemos parecer frios à distância,<br />
mas na verdade existe um senso de<br />
proteção muito grande entre nós.<br />
Reconhecemo-<strong>no</strong>s pela expressão,<br />
pelas feições, até na primeira vez<br />
que encontramos um consangüíneo<br />
de um ramo longínquo.<br />
<strong>Na</strong> memória do clã, os sabores<br />
sicilia<strong>no</strong>s também ocupam<br />
seu devido e inconfundível lugar.<br />
No <strong>Na</strong>tal, o generoso panetone<br />
era de fato por si só motivo<br />
de felicidade, especialmente<br />
das crianças. A receita tradicional,<br />
preparada pelas mulheres em<br />
casa, exalava o aroma da alegre<br />
reunião. Outro paladar autêntico<br />
de Mistretta, inigualável até hoje,<br />
de acordo com o patriarca, é<br />
o spaghettoni alle sarde e fi<strong>no</strong>cchio,<br />
um tipo de espaguete graúdo<br />
com sardinhas e erva-doce.<br />
— Minha mãe e minha irmã,<br />
na Itália, aprenderam a fazer<br />
a pasta com minha avó. Falando<br />
nela chego a sentir aquele sabor<br />
na boca – exulta Armando.<br />
Uma questão, porém, ainda<br />
instiga os descendentes dos Comparato<br />
<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: a razão da emigração<br />
de Antoni<strong>no</strong> e Emanuela<br />
<strong>no</strong> final do século 19. Segundo o<br />
ex-presidente da Pirelli, há versões<br />
relativas a desventuras de<br />
um tio na Itália que teriam motivado<br />
a partida. O fato é que sua<br />
veracidade é uma incógnita. Historicamente,<br />
<strong>no</strong> entanto, naquele<br />
período, ocorriam as primeiras<br />
ondas migratórias da Itália rumo<br />
ao exterior, causadas pela conjuntura<br />
social e econômica advinda<br />
da unificação do país, proclamada<br />
pelo rei Vittorio Emanuele II em<br />
1861. No caso da família Comparato,<br />
o que se sabe, ao certo, é<br />
que o patriarca, Don Antoni<strong>no</strong>, tinha<br />
o apelido de dirigente.<br />
54 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 55
comunidade<br />
La Befana<br />
vem aí<br />
No <strong>Brasil</strong>, é difícil imaginar um <strong>Na</strong>tal sem Papai Noel. <strong>Na</strong> Itália, porém, quem<br />
dá presente é uma bruxinha que recompensa as crianças de bom comportamento<br />
Diz a Bíblia que, há muitos<br />
séculos, o rei Herodes decretou<br />
que todos os meni<strong>no</strong>s<br />
nascidos em um determinado<br />
a<strong>no</strong> deveriam ser sacrificados,<br />
pois era seu desejo matar<br />
a criança que chegaria predestinada<br />
a ser o futuro “Rei”. Reza<br />
uma lenda <strong>italiana</strong> que uma das<br />
mães que perdeu seu filho nesse<br />
massacre ficou tão chocada que<br />
não conseguiu chorar. Tão pouco<br />
aceitou a morte do seu meni<strong>no</strong>.<br />
Ela o procurou desesperadamente<br />
por toda a casa. Como não o encontrou,<br />
convenceu-se de que a<br />
criança estava desaparecida. Colocou<br />
os pertences dele numa toalha,<br />
presa a uma vara, que carregou<br />
<strong>no</strong> ombro, e partiu procurando<br />
pela criança de casa em casa.<br />
Depois de alguns dias, ela viu<br />
uma criança. Convencida de que<br />
encontrara seu filho, depositou<br />
a toalha e os pertences <strong>no</strong> pé da<br />
manjedoura onde a criança dormia.<br />
O jovem pai olhou a face daquela<br />
estranha. Imagi<strong>no</strong>u quantos<br />
a<strong>no</strong>s a mulher estaria em busca do<br />
filho, pois sua aparência estava<br />
bastante envelhecida. A criança<br />
na manjedoura era Jesus Cristo.<br />
Mais tarde, Ele chamou a mulher<br />
de La Befana. Em sua homenagem,<br />
estabeleceu-se que, uma<br />
<strong>no</strong>ite do a<strong>no</strong>, aquela mulher teria<br />
todas as crianças do mundo para<br />
<strong>Na</strong>y r a Garofle<br />
Bonecos representam as várias faces de La Befana<br />
si. Nessa <strong>no</strong>ite, ela seria capaz de<br />
visitar cada uma, trazendo roupas<br />
e brinquedos. A <strong>no</strong>ite é a de<br />
5 de janeiro. É por isso que, na<br />
manhã de 6 de janeiro, as crianças<br />
de toda a Itália encontram as<br />
suas meias cheias de doces por<br />
cada boa ação, ou um pedaço de<br />
carvão, se elas tiverem sido más<br />
ao longo do a<strong>no</strong> anterior.<br />
La Befana é um <strong>no</strong>me derivado<br />
da palavra Epifania, celebração<br />
cristã em lembrança à visita<br />
dos Reis Magos a Jesus. A<br />
origem da personagem mítica se<br />
perde <strong>no</strong> tempo. Mas ainda hoje<br />
se apresenta como uma idosa<br />
que veste capa escura, um avental<br />
com bolso, um xale, lenço ou<br />
capuz na cabeça e calça um par<br />
de chinelos gastos.<br />
O ítalo-brasileiro Erman<strong>no</strong><br />
Valli<strong>no</strong>to Termini, de 30 a<strong>no</strong>s,<br />
cresceu sob a cultura da “bruxinha”.<br />
Seu pai, italia<strong>no</strong> de Roma,<br />
fez questão de preservar esta fábula<br />
<strong>no</strong>s natais da família.<br />
— Passei muitos natais na<br />
Itália quando era criança<br />
e, por isso, cresci acreditando<br />
que a Befana era<br />
de verdade e que Papai<br />
Noel não existia. Ela é uma<br />
bruxinha velha e muito feia, mas<br />
boazinha, por isso nunca senti<br />
medo — revela o paulista<strong>no</strong>.<br />
Entretanto, por ter nascido <strong>no</strong><br />
<strong>Brasil</strong>, as <strong>no</strong>ites de <strong>Na</strong>tal desse<br />
administrador de empresas nunca<br />
passaram em branco porque os<br />
avós lhe davam presentes.<br />
— O momento mais esperado,<br />
mesmo, era a manhã de 6 de janeiro.<br />
Quando eu acordava e via o<br />
quarto cheio de presentes. É uma<br />
recordação muito boa. Agora é a<br />
vez de fazer o mesmo com a minha<br />
filha que tem um a<strong>no</strong> e meio —<br />
conta ele que mora em São Paulo.<br />
Já a ítalo-brasileira Mirella<br />
Guida não gosta nem um pouco da<br />
Befana. Carioca, ela mora há quatro<br />
a<strong>no</strong>s e meio <strong>no</strong> sul da Itália,<br />
vivendo hoje em Lucera. Pela primeira<br />
vez, vai passar o <strong>Na</strong>tal longe<br />
do <strong>Brasil</strong> e admite que não está<br />
muito entusiasmada com isso.<br />
— Aqui na Itália, os preparativos<br />
não são tão grandes como <strong>no</strong><br />
<strong>Brasil</strong>. A decoração das casas e das<br />
ruas é muito mais discreta. O Papai<br />
Noel não faz parte da cultura<br />
<strong>italiana</strong> e não é comum a troca de<br />
presentes. Geralmente, o presente<br />
é um envelope de dinheiro dado<br />
pelos mais velhos — relata a especialista<br />
em marketing e<strong>no</strong>lógico.<br />
Sobre a Befana, Mirella confessa<br />
ter dificuldade para entender<br />
essa tradição com a qual seu<br />
marido italia<strong>no</strong> foi criado. Para<br />
ela, a imagem da “bruxinha” é o<br />
oposto do Papai Noel.<br />
— Meu marido diz que cresceu<br />
ouvindo que essa velha iria colocá-lo<br />
dentro de um saco e levá-lo<br />
embora se ele não se comportasse.<br />
Para as crianças comportadas<br />
ela traz doces, para as outras, traz<br />
carvão ou planeja um seqüestro.<br />
Prefiro o bom velhinho — afirma.<br />
Mirella conta que pretende<br />
adaptar a fábula quando tiver filhos.<br />
Vai dizer para eles que Papai<br />
Noel dá presentes <strong>no</strong> <strong>Na</strong>tal e<br />
Mamãe Noel, doces em janeiro.<br />
— <strong>Na</strong>da de velha malvada<br />
raptando meus filhos — diz, às<br />
risadas.<br />
Ao contrário dela, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,<br />
Termini espera a data com ansiedade<br />
quando a Befana visitará pela<br />
primeira vez sua pequena Elena.<br />
— Em termos de preservação<br />
da cultura, acho que o povo<br />
italia<strong>no</strong> é o pior de todos porque<br />
não se preserva quase nada —<br />
diz ele que tenta manter as tradições<br />
da família.<br />
Delirio Tour<br />
Beppe Grillo, comico tuttofare dai risvolti<br />
politico-sociali nato a Ge<strong>no</strong>va<br />
nel 1948 si fermerà a Firenze<br />
con il suo nuovo spettacolo dal <strong>no</strong>me “Delirio<br />
Tour”. Nome questo uscito da un intervento<br />
di qualche tempo fa di Grillo: “Non<br />
abbiamo alternative alla democrazia fai da<br />
te, all’autogover<strong>no</strong>, alla partecipazione ad<br />
ogni decisione che riguarda la collettività.<br />
Appassionata<br />
Per i grandi appassionati di cavalli e <strong>no</strong>n<br />
solo, ritorna in Italia e per la precisione<br />
a Firenze il più grande evento equestre d’Europa.<br />
Dal 23 al 25 gennaio presso il Mandela<br />
Forum sarà possibile ammirare <strong>no</strong>bili cavalieri<br />
ed eleganti destrieri impegnati in esibizioni<br />
di equitazione classica come anche di<br />
effetti speciali che stimoleran<strong>no</strong> la curiosità<br />
degli spettatori. I biglietti parto<strong>no</strong> da 20,00<br />
euro fi<strong>no</strong> ad arrivare agli 80,00 per i tavoli<br />
gold collocati a bordo pista dove è previsto<br />
un buffet. Informazioni: www.bitconcerti.it<br />
Si deve uscire dal delirio e rientrare nella<br />
realtà”. Sarà un’unica tappa, il 30 gennaio,<br />
in cui lo showman darà spazio ai temi a lui<br />
più cari: dai dipendenti dei cittadini, ossia<br />
i parlamentari, alle politiche eco<strong>no</strong>miche<br />
italiane, dalla rinascita dell’idea nucleare<br />
<strong>italiana</strong>, fi<strong>no</strong> al grande debito pubblico del<br />
Bel Paese. Biglietti: 18-27 euro. www.mandelaforum.it<br />
Sei personaggi<br />
in cerca d’autore<br />
Torna sul prestigioso palcoscenico del Teatro<br />
“La Pergola” di Firenze la stagione invernale<br />
dedicata a Luigi Pirandello. Dal 27 gennaio<br />
al 1° febbraio la Compagnia del Teatro Carca<strong>no</strong><br />
presenterà l’opera dal titolo “Sei personaggi in<br />
cerca d’autore”. Un classico del teatro italia<strong>no</strong><br />
esploso negli anni Venti e da allora punto di<br />
riferimento per chi si è voluto cimentare nell’arte<br />
teatrale.Tra gli attori Giulio Bosetti, Antonio<br />
Salines e Silvia Ferretti. Info: www.pergola.firenze.it.<br />
Prezzi da 14,50 a 29,00 euro.<br />
Firenze<br />
Giorda<strong>no</strong> Iapalucci<br />
1988: Vent’anni prima,<br />
vent’anni dopo<br />
Inaugurata presso le sale espositive del<br />
Centro per l’Arte Contemporanea di Prato<br />
“Luigi Pecci”, la mostra “1988: Vent’anni prima,<br />
vent’anni dopo” curata da Marco Bazzini<br />
si concluderà il 15 febbraio. La rassegna<br />
propone un viaggio attraverso quarant’anni di<br />
arte <strong>italiana</strong> alla ricerca di testimoniare i diversi<br />
periodi e fasi legati al mondo artistico e<br />
creativo in una diretta e continua dialettica.<br />
Saran<strong>no</strong> presenti opere di Michelangelo Pistoletto,<br />
Andrea Salvi<strong>no</strong>, Michele Dantini e molti<br />
altri. Ingresso 5 euro. Aperto tutti i giorni<br />
(martedì chiuso) dalle 10.00 alle 19.00. Info<br />
www.centropecci.it<br />
Faces<br />
In una mostra del tutto in<strong>no</strong>vativa per<br />
ciò che riguarda lo scenario italia<strong>no</strong>,<br />
a Lucca viene proposta una mostra dove<br />
verrà ripercorsa la storia della fotografia<br />
del ritratto durante il XX° secolo. Si<br />
tratterà di circa 150 opere di 17 diversi<br />
artisti, da Ugo Mulas a Andy Warhol, da<br />
Ar<strong>no</strong>ld Newman fi<strong>no</strong> a Adam Broomberg<br />
& Oliver Chanarin. Opere che provengo<strong>no</strong><br />
per lo più da fondazioni e musei privati<br />
come il Museum o Modern Art di New<br />
York, la Maison Européenne de la Photographie<br />
di Parigi e molti altri. Evento visitabile<br />
fi<strong>no</strong> al 31 gennaio presso la Fondazione<br />
Centro Studi sull’Arte Ragghianti<br />
a Lucca. Entrata euro 7, interi, e 5, ridotti,<br />
dalle 10.00 alle 19.30.<br />
56 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 57
il lettore racconta<br />
Dezembro chegou e, em São Pau l o, u m a<br />
família trabalha o a <strong>no</strong> todo pa r a q u e, na<br />
pa r t e gastronômica, não falte o tradicional<br />
ingrediente da s festas de <strong>Na</strong>ta l: o panetone.<br />
A guloseima é o carro-chefe da Confeitaria<br />
Di Cu n to c u j o patriarca Do n ato esteve pela<br />
primeira vez <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> em 1878.<br />
A saga dessa família e as delícias q u e<br />
produzem foram relatadas pelo bisneto de<br />
Do n ato, Marco Alfredo Di Cu n to,<br />
em depoimento à repórter Sílvia So u z a.<br />
Órfão de pai e com apenas 17<br />
a<strong>no</strong>s de idade, Donato saiu de<br />
Saler<strong>no</strong>, na Campânia, em<br />
busca de melhores condições<br />
de vida. Desembarcou <strong>no</strong> porto de<br />
Santos (<strong>Brasil</strong>), por enga<strong>no</strong>. Seu desti<strong>no</strong><br />
era Montevidéu (Uruguai), onde<br />
encontraria um tio.<br />
Mesmo tão jovem, Donato trazia<br />
consigo o espírito indômito do<br />
imigrante que não tem caminho de<br />
volta. Com muito esforço e dedicação,<br />
se alfabetizou e aprendeu desenho.<br />
Aplicou os conhecimentos de carpinteiro<br />
que possuía até ocupar o cargo<br />
de mestre de carpintaria do grupo<br />
construtor liderado pelo re<strong>no</strong>mado<br />
arquiteto Ramos de Azevedo.<br />
Desligado da empresa, em 1889,<br />
inaugurou uma das primeiras padarias<br />
da cidade de São Paulo. Em 1895, adquiriu<br />
diretamente do empreendedor<br />
José Borges de Figueiredo uma área<br />
de terras na Mooca, onde construiu<br />
<strong>no</strong>va padaria, que até hoje leva o <strong>no</strong>me<br />
da família. A história dessa empresa se<br />
confunde com a do clã Di Cunto.<br />
A<strong>no</strong>s depois de se estabelecer<br />
em São Paulo, Donato voltou à Itália,<br />
onde se casou. De volta ao <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong><br />
início do século 20, influenciou na<br />
escolha do ofício dos quatro filhos. No<br />
mesmo lugar em que o pai, Donato,<br />
fundou a antiga padaria <strong>no</strong>s idos de<br />
1896, os irmãos Vicente, Lorenzo, Roberto<br />
e Alfredo, <strong>no</strong> dia 14 de março<br />
de 1935, reacenderam o for<strong>no</strong> então<br />
recuperado, reiniciando a atividade<br />
de padeiro, na família.<br />
Apesar das instalações modestas,<br />
em 1936, a Di Cunto fazia a entrega<br />
em domicílios e para peque<strong>no</strong>s<br />
revendedores. Primeiro, com veículo<br />
em tração animal. Depois com furgão.<br />
Houve um grande empenho para<br />
aumentar a produção e atender ao<br />
crescimento da demanda.<br />
O início dos negócios foi muito<br />
difícil. Muitas padarias abriram<br />
e fecharam em pouco tempo. Vendiase<br />
“fiado” e os calotes eram freqüentes.<br />
Mas a união dos irmãos provou que o<br />
progresso viria rápido: em 1938 foi<br />
possível a reforma e ampliação do antigo<br />
laboratório de manipulação, além<br />
da modernização do antigo for<strong>no</strong>.<br />
— No a<strong>no</strong> seguinte, já começamos<br />
a fabricar os panetones. Somos a mais<br />
antiga fabricante de panetone em<br />
atividade <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e continuamos <strong>no</strong><br />
mesmo local (na Rua Borges de Figueiredo,<br />
coração da Mooca) desde<br />
1896. Essa tradição é motivo de orgulho<br />
para os moradores do bairro e<br />
de paulista<strong>no</strong>s de pontos distantes da<br />
cidade — diz Marco Alfredo.<br />
Pastiera di Gra<strong>no</strong><br />
(serve 6 pessoas)<br />
Ingredientes:<br />
Massa: 3 ovos inteiros; 1 colher de<br />
sopa de açúcar refinado; 200 gramas<br />
de manteiga sem sal; 300<br />
gramas de farinha de trigo.<br />
Recheio: 500 gramas de ricota<br />
fresca sem sal; 1 colher de sopa<br />
de açúcar refinado; 1 ovo inteiro;<br />
50 gramas de laranja cristalizada;<br />
100 gramas de grãos de<br />
trigo cozido; 5 gotas de essência<br />
de laranja..<br />
Modo de fazer:<br />
Massa: Em uma batedeira pequena,<br />
junte os ovos, o açúcar, a manteiga e<br />
a farinha previamente peneirada.<br />
Bata até obter uma massa homogênea.<br />
Com as mãos, molde uma bola com a<br />
Existem muitas versões para se<br />
contar a história do panettone. Doce<br />
clássico e refinado, ele é presença<br />
obrigatória nas mesas de <strong>Na</strong>tal e festas<br />
de fim de a<strong>no</strong>. Por isso, do preparo<br />
a hora de saborear o produto, a família<br />
Di Cunto está sempre atenta para que<br />
o sabor permaneça impecável.<br />
massa, cubra com um pa<strong>no</strong> e deixe<br />
na geladeira por 30 minutos.<br />
Recheio: Amasse a ricota com o açúcar<br />
e o ovo. Adicione lentamente a<br />
fruta cristalizada, o trigo cozido e<br />
a essência de laranja até conseguir<br />
um creme uniforme.<br />
Com a ajuda de um rolo próprio,<br />
abra um disco de massa com espessura<br />
de mais ou me<strong>no</strong>s 3 milímetros<br />
e forre a forma de 25 centímetros<br />
de diâmetro. Distribua o recheio<br />
e decore artisticamente com<br />
tiras de massa desenhadas. Pincele<br />
com gema e leve ao for<strong>no</strong> previamente<br />
aquecido a 170 graus por 50<br />
minutos, aproximadamente. Deixe<br />
esfriar naturalmente e sirva.<br />
Segundo Marco Alfredo, o Panettone<br />
Di Cunto é diferente porque<br />
é artesanal. Ao utilizar fermentação<br />
natural, em um processo desenvolvido<br />
na primeira metade do século<br />
passado, sua umidade e textura têm<br />
características consistente e macia,<br />
além de garantir fragrância e vida<br />
longa ao produto, sem uso de aditivos<br />
químicos e conservantes. Depois é só<br />
acrescentar na massa, passas e frutas<br />
cristalizadas. O processo de feitura<br />
dura em média 72 horas.<br />
— A ligação da <strong>no</strong>ssa família<br />
com as raízes <strong>italiana</strong>s sempre esteve<br />
fortemente marcada pelo desenvolvimento<br />
da culinária. Tanto que, assim<br />
como o panetone, outras receitas<br />
centenárias do sul da Itália também<br />
são feitas na confeitaria e procuradas<br />
por pessoas até de fora do estado.<br />
Caso da Torta Regina e da Pastiera<br />
di Gra<strong>no</strong>.<br />
Família que trabalha unida...<br />
Nem tudo foram flores na caminhada<br />
da família Di Cunto. A 2ª Guerra<br />
Torta Regina<br />
(serve até 10 pessoas)<br />
Ingredientes:<br />
Massa: 1 pão de ló de 25 centímetros;<br />
250 gramas de calda<br />
(água, açúcar e rum); 700 gramas<br />
de creme de confeiteiro; 1 quilo<br />
de creme chantilly; 50 unidades<br />
de carolinas.<br />
Cobertura: 1 quilo de açúcar; 300<br />
gramas de água; 30 gramas de<br />
glicose.<br />
Mundial trouxe sérios problemas ao<br />
<strong>Brasil</strong>. De 1942 a 1945, o racionamento<br />
de gasolina, lenha e sal obrigou à<br />
volta do veículo a tração animal e ao<br />
uso do improvisado gasogênio. Em 1945,<br />
termina o racionamento do combustível<br />
e começa o de inúmeros produtos.<br />
Mas sem dúvida, o que mais afetou a<br />
família foi o da farinha de trigo.<br />
Em 1949, com uma razoável melhora<br />
<strong>no</strong> abastecimento, estava criada<br />
a confeitaria. Melhor abastecimento<br />
significa melhora na qualidade dos<br />
produtos e a história dos Di Cunto<br />
recebeu muitas pitadas de superação.<br />
Assim, em 1950, a família passou a<br />
atender festas de todos os tipos, inclusive<br />
banquetes para mais de três<br />
mil pessoas, <strong>no</strong>s salões de grandes<br />
clubes e entidades de São Paulo.<br />
— Conseguimos abrir <strong>no</strong>ssa primeira<br />
loja em 1957, na Rua Augusta,<br />
para <strong>no</strong>vos <strong>investimentos</strong> e ampliação<br />
do estabelecimento matriz. Assim,<br />
em 1961, a loja da Rua Augusta<br />
foi transferida. Trabalhando para<br />
crescer, <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 60, inauguramos<br />
a rotisserie especializada em massas<br />
frescas, recheadas, semi-prontas e<br />
prontas — conta Marco Alfredo.<br />
O a<strong>no</strong> de 1972 marca a abertura<br />
da filial na Rua Tuiutí, <strong>no</strong> Tatuapé,<br />
substituída em 1997 por uma <strong>no</strong>va loja<br />
com modernas instalações, totalmente<br />
informatizada, na rua Padre<br />
Estevão Pernet <strong>no</strong> mesmo bairro.<br />
Com o falecimento dos quatro<br />
irmãos fundadores, passam a tocar<br />
os negócios Reinaldo, herdeiro de<br />
Roberto; Marco Alfredo e Antonio<br />
Carlos, herdeiros de Lorenzo, além<br />
de Paula, herdeira de Alfredo.<br />
— Tenho orgulho em dizer que<br />
conseguimos agregar valor ao <strong>no</strong>sso<br />
trabalho e construir uma história que<br />
dura mais de 70 a<strong>no</strong>s. No mês de setembro,<br />
fomos homenageados pela Câmara<br />
Municipal de São Paulo. Recebemos<br />
a Salva de Prata por <strong>no</strong>ssa<br />
Modo de fazer: Corte um pão de<br />
ló ao meio, umedeça uma das partes<br />
com a calda e espalhe o creme<br />
com uma espátula. Por cima, coloque<br />
uma camada de chantilly. Corte as<br />
carolinas ao meio e recheie com<br />
chantilly. Coloque sobre o bolo e feche<br />
cada uma delas. Leve o açúcar e<br />
a glicose para ferver em água até o<br />
ponto de 160 graus e deixe esfriar.<br />
Passe o caramelo sobre o bolo, usando<br />
uma “escova” de confeitar.<br />
contribuição histórica junto à comunidade<br />
<strong>italiana</strong> e brasileira. Foi uma<br />
cerimônia emocionante. Hoje, a família<br />
está na quarta geração e nem<br />
todo mundo trabalha <strong>no</strong> ramo alimentício<br />
— diz Marco Alfredo.<br />
Ainda que a correria do mundo<br />
moder<strong>no</strong> não permita encontros<br />
freqüentes entre os integrantes de<br />
toda a família, os Di Cunto aproveitam<br />
ocasiões como o <strong>Na</strong>tal para celebrar<br />
sua união. Sempre em volta da<br />
mesa, claro, mas também apreciando<br />
a boa musica <strong>italiana</strong>. Marco Alfredo<br />
observa que é em momentos assim<br />
que todos se reaproximam das raízes<br />
da família.<br />
— Quando meu avô era vivo, essas<br />
reuniões eram um acontecimento.<br />
Lembro-me dos meus primos, das<br />
conversas. Hoje, não é tão fácil a gente<br />
se ver, mas o carinho e a união<br />
sempre existirão — afirma ele que<br />
presenteia os leitores de Comunità<br />
com duas receitas da família.<br />
Marco Alfredo Di Cunto – bisneto<br />
de Donato Di Cunto<br />
Mande sua história com material fotográfico para:<br />
redacao@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />
58 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 59
italian style<br />
Sapori d’Italia<br />
<strong>Na</strong>y r a Garofle<br />
Camarões com<br />
espaguete ao<br />
funghi tartufado<br />
Vai um expesso?<br />
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verdadeiro expresso à <strong>italiana</strong>, sob o fogão da sua<br />
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Como <strong>no</strong>s<br />
velhos tempos<br />
Lembra dos velhos e<br />
maravilhosos jukebox dos<br />
a<strong>no</strong>s 50 e 60? Pois então,<br />
em versão moderna, eis<br />
um aparelho que traz<br />
toda a <strong>no</strong>stalgia daqueles<br />
tempos com a tec<strong>no</strong>logia<br />
dos leitores de CD. Além<br />
disso, este jukebox<br />
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Útil como complemento de cozimento na<br />
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levar quando for acampar, esta chapa elétrica<br />
facilita a sua vida. É possível selecionar oito<br />
tipos de cozimento: banho-maria, fritura,<br />
grill, massa, sopas, arroz, ferver e aquecer.<br />
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do necessário, o aparelho desliga sozinho.<br />
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Dolce & Gabbana é uma das marcas favoritas dos<br />
italia<strong>no</strong>s. Não é <strong>no</strong>vidade esbarrar com homens e<br />
mulheres pelas ruas do país vestidos com roupas<br />
e acessórios da grife. Além disso, eles fazem<br />
questão de mostrar as letrinhas famosas, seja<br />
<strong>no</strong>s óculos ou na estampa de uma blusa. Este<br />
sapato marrom com a fivela em detalhe amarelo<br />
e salto em madeira é uma <strong>no</strong>vidade que pode ser<br />
encontrada <strong>no</strong> site da marca por € 395<br />
Fotos: Divulgação<br />
Perto do mar<br />
Há 32 a<strong>no</strong>s, o La Trattoria é o desti<strong>no</strong> certo de quem busca<br />
legítima comida <strong>italiana</strong> a bom preço, em Copacabana<br />
Rio de Janeiro – Quase de frente para a praia de Copacabana,<br />
rodeado por hotéis e turistas de toda parte do mundo, o La<br />
Trattoria fincou sua bandeira <strong>italiana</strong>. Comer bem, por um preço<br />
nada salgado, é um dos principais atrativos da casa, inaugurada<br />
em 1976 pelo italia<strong>no</strong> de Turim, Mario Pautasso.<br />
Ele deixou a Itália rumo ao <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong> dia 1 º de abril de 1953. Depois<br />
de oitos dias de viagem num navio, desembarcou <strong>no</strong> Rio de Janeiro,<br />
a convite de amigos italia<strong>no</strong>s já estabelecidos <strong>no</strong> país. A idéia<br />
do jovem de 20 a<strong>no</strong>s, que já trabalhava pela Europa como barman, era<br />
conhecer o <strong>Brasil</strong> e montar um negócio para ganhar algum dinheiro.<br />
Pautasso, hoje com 78 a<strong>no</strong>s, trabalhou em restaurantes e hotéis cariocas,<br />
foi do<strong>no</strong> de boate, proprietário de um restaurante em Fortaleza —<br />
que foi fechado para comprar o La<br />
Trattoria — além de ter trabalhado<br />
como gerente da cafeteria do<br />
consulado dos Estados Unidos, <strong>no</strong><br />
Rio de Janeiro. Cozinhar não era a<br />
sua principal habilidade, mas ele<br />
não se fez de rogado.<br />
— Todo italia<strong>no</strong> sabe cozinhar.<br />
Quando abri o restaurante,<br />
eu mesmo passei a fazer os pratos,<br />
mas depois de um a<strong>no</strong> já tínhamos<br />
um chef — recorda Pautasso<br />
que ainda prepara pratos<br />
para a família.<br />
Durante muitos a<strong>no</strong>s, a casa<br />
era procurada por aqueles que se<br />
Mario Pautasso<br />
Fotos: João Carnavos<br />
Ingredientes:<br />
3 colheres de sopa de azeite;<br />
1 colher de sopa de manteiga;<br />
4 colheres de sopa de vinho<br />
branco; 200 g de camarões<br />
médios (cerca de 18 camarões);<br />
1 concha de molho de<br />
tomate fresco; 2 colheres de<br />
chá de azeite tartufado; 2<br />
colheres de cogumelos chile<strong>no</strong>s<br />
secos; Pimenta; Sal;<br />
130 g de espaguete nº 7.<br />
Modo de preparo:<br />
Numa frigideira, doure os camarões<br />
temperados, com sal<br />
e pimenta, <strong>no</strong> azeite e na<br />
manteiga. Coloque o vinho,<br />
o azeite tartufado e os cogumelos<br />
chile<strong>no</strong>s secos. Em<br />
seguida, despeje o molho<br />
de tomate. Cozinhe a massa<br />
por sete minutos para ficar<br />
al dente.<br />
Prato para duas pessoas<br />
encantavam com as trufas trazidas da Itália. O tartufo é um fungo subterrâneo<br />
encontrado em bosques de carvalho da França e da Itália, entre<br />
os meses de outubro e dezembro, que se desenvolve a 30 centímetros<br />
do solo, junto às raízes das árvores. Das 70 espécies, as melhores<br />
são as trufas negras da região de Périgord, na França, conhecidas como<br />
“diamante negro da cozinha” e as trufas brancas da região da Alba,<br />
<strong>no</strong> Piemonte, na Itália. O fungo é extremamente caro. Um exemplar de<br />
um quilo, do Piemonte, já foi avaliado em 134 mil dólares.<br />
— Hoje trabalhamos com o azeite tartufado que importamos, muito<br />
caro por sinal, mas responsável pelo aroma e o sabor característico<br />
desse prato — explica Pautasso, ao revelar a iguaria mais pedida do<br />
restaurante: camarões com espaguete ao funghi tartufado.<br />
No <strong>Brasil</strong> há mais de 50 a<strong>no</strong>s, o italia<strong>no</strong> que nunca mais pensou<br />
em voltar para a Itália, afirma que encontrou, aqui, tudo o que tinha<br />
para viver e ganhar dinheiro.<br />
— Depois de ter vindo para cá, cheguei a morar na Itália por um<br />
a<strong>no</strong>, mas não compensou. Trabalhávamos muito e o retor<strong>no</strong> era pouco.<br />
Aqui, casei com uma brasileira, tive dois filhos. Tenho meu restaurante.<br />
O que iria querer mais? — diz.<br />
Quando o relógio marca 12 horas, o La Trattoria começa a ter seus<br />
80 lugares ocupados. Aberto de segunda a segunda, o restaurante<br />
agrada pelo cardápio e pelo preço. O prato best seller da casa, por<br />
exemplo, custa 39 reais e alguns centavos e pode muito bem ser dividido<br />
por duas pessoas. Para acompanhar, o italia<strong>no</strong>, indica o vinho<br />
tinto chile<strong>no</strong> Santa Carolina.<br />
Serviço: La Trattoria Rio – Rua Fernando Mendes, 7<br />
Copacabana – Rio de Janeiro. Tel: (21) 2255-3319<br />
60 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />
D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 61
La gente,<br />
il posto<br />
Claudia Monteiro de Castro<br />
Mercadinho de <strong>Na</strong>tal em Bolza<strong>no</strong><br />
A<br />
Itália, como todo país que valoriza<br />
tradição, ganha um brilho especial<br />
<strong>no</strong> <strong>Na</strong>tal. Os mercadinhos dedicados<br />
ao tema, montados ao ar livre, são atrações<br />
especiais em várias cidades. Um dos mais disputados<br />
é o de Bolza<strong>no</strong>, <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte da Bota, na<br />
região chamada Alto-Adige, perto da fronteira<br />
com a Áustria. As ruas do centro histórico<br />
da cidade ficam todas iluminadas e uma de<br />
suas praças principais, Piazza Walther, abre<br />
espaço para o mercadinho de <strong>Na</strong>tal.<br />
As barraquinhas, feitas de madeira, vendem<br />
de tudo, desde comida até artesanato.<br />
É possível se esquentar do frio tomando vinho<br />
quente (na Itália chamado de vin brulé)<br />
e saborear grandes variedades de docinhos<br />
de <strong>Na</strong>tal, principalmente um bolo típico da<br />
região, o zelten.<br />
Mas comes e bebes não é o principal. Os<br />
visitantes vão para lá à procura das peças de<br />
artesanato: presépio de madeira, objetos em<br />
cerâmica, vidro e outros materiais. É difícil<br />
escolher, tantas são as opções. Porém, se tiver<br />
que escolher só uma peça, uma das coisas<br />
mais preciosas que podem ser encontradas<br />
são as bolas de <strong>Na</strong>tal. Cada uma é uma verdadeira<br />
obra de arte. Feitas de vidro, são minuciosamente<br />
pintadas, com cenas de <strong>Na</strong>tal.<br />
De maneira geral, as mais bonitas são as mais<br />
caras e quem faz questão de decorar toda a<br />
árvore, tem que vir com bolsos recheados.<br />
O mercado de Bolza<strong>no</strong> é sempre cheio de<br />
gente, habitantes e turistas curiosos que já<br />
mergulham na alegria de <strong>Na</strong>tal antes mesmo<br />
de sua chegada. E uma coisa é certa: mesmo<br />
os mais céticos, que “denunciam” o consumismo<br />
das festas de final de a<strong>no</strong>, acabam<br />
entrando <strong>no</strong> clima.<br />
Feliz A<strong>no</strong> Novo<br />
Quem já passou o Reveillon <strong>no</strong> Rio de Janeiro dificilmente fica<br />
impressionado com a passagem do A<strong>no</strong> Novo em outros países.<br />
A <strong>no</strong>ssa festa é grandiosa, uma boa meia hora de fogos<br />
de artifício e um mar de pessoas vestidas de branco. É muita emocão.<br />
Temos até <strong>no</strong>ssa canção nacional de A<strong>no</strong> Novo: Adeus A<strong>no</strong> Velho, Feliz<br />
A<strong>no</strong> <strong>no</strong>vo, que tudo se realize <strong>no</strong> a<strong>no</strong> que vai nascer, muito dinheiro <strong>no</strong><br />
bolso, saúde pra dar e vender… E depois, aquele abraço apertado<br />
nas pessoas queridas.<br />
Deste lado dos trópicos tudo muda<br />
de figura. <strong>Na</strong> Itália, por exemplo, os fogos<br />
de artifício são bem mais modestos.<br />
Dá sempre um gostinho de quero<br />
mais. Algumas cidades até capricham,<br />
mas nada em comparação ao<br />
<strong>Brasil</strong>, e principalmente com o Rio<br />
de Janeiro, neste quesito, imbatível.<br />
Para compensar a falta de fogos<br />
oficiais, os italia<strong>no</strong>s gostam de soltar<br />
seus próprios fogos caseiros, o<br />
que pode ser muito perigoso. Todo<br />
a<strong>no</strong>, os jornais contam diversas histórias<br />
de acidentes deste tipo.<br />
E ainda bem que os italia<strong>no</strong>s, principalmente<br />
os napolita<strong>no</strong>s, romperam com<br />
uma tradição do passado: jogar pela janela<br />
coisas velhas que não se querem mais: roupas, sapatos, o que<br />
for. Tinha gente que jogava até máquina de lavar, não se preocupando<br />
muito com quem estivesse passando na rua, sob a janela. Já pensou?<br />
Outra coisa que não ajuda o a<strong>no</strong> <strong>no</strong>vo europeu é o frio. Assim,<br />
enquanto <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, muita gente gosta de saracotear até tarde, caminhando<br />
pelas ruas e em certos casos, até aguardar o nascer do sol, na<br />
Europa tem que ser muito corajoso para isso. Com o frio<br />
de uns 5 graus de Roma, ninguém tem<br />
muita animação para curtir o a<strong>no</strong> <strong>no</strong>vo<br />
depois da meia <strong>no</strong>ite. No máximo,<br />
dá para dar umas voltinhas pela<br />
cidade. Ou ainda, refugiar-se <strong>no</strong>s<br />
shows organizados pela prefeitura.<br />
Pelo me<strong>no</strong>s, aquecidos pelo calor<br />
huma<strong>no</strong> da multidão, as coisas<br />
melhoram um pouquinho.<br />
E uma dica para quem for passar<br />
o Reveillon na Itália. <strong>Na</strong>da de roupa<br />
branca. A cor da roupa é livre, não<br />
existe uma tradição. Só tem uma<br />
única coisa imporante: usar uma<br />
calcinha ou cueca vermelha. Portanto,<br />
se quiser garantir a boa sorte, não<br />
esqueça de colocar o indumento na mala.<br />
Buon an<strong>no</strong>!<br />
62<br />
C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008