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III. A educação intercultural

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<strong>III</strong> A EDUCAÇÃO INTERCULTURAL<br />

sentimentos de pertença e a inserção em comunidades naturais favorecem a<br />

livre emergência da diversidade. A resultante é a prevalência de uma confortante<br />

sensação de segurança que só a afectividade humana de proximidade<br />

proporciona.<br />

Não deixa de ser motivo de reflexão que, num tempo em que os valores partilhados<br />

parecem declinar, a supressão das carências de afecto, que amaldiçoam<br />

a civilização utilitária do presente, assuma indeclinável prioridade.<br />

«Cultivar a amizade», segundo a luminosa proposta de Saint-Exupéry,<br />

assume uma renovada actualidade.<br />

A verdade é que a Europa foi grande na medida em que propôs aos demais<br />

continentes um sólido conceito de civilização, assente em claros valores de<br />

humanidade.<br />

Muito antes de se afirmar pela riqueza das nações, ela foi mãe da riqueza das<br />

noções.<br />

O humanismo cristão, o personalismo, a democracia, os direitos do homem,<br />

a dignidade inviolável da pessoa, o sentido da liberdade, o valor da racionalidade<br />

e da ciência, a solidariedade, são facetas diferentes mas interligadas<br />

num mesmo legado europeu oferecido ao mundo.<br />

Deve-se aos europeus a invenção de uma métrica de inteligibilidade do mun -<br />

do – um verdadeiro cânone – que viria a constituir o traço marcante e agregador<br />

de uma vasta área do Planeta: «O Mundo Ocidental». Essa inspiração<br />

canónica acabaria por ser esmagadoramente adoptada pelas universidades e<br />

instituições do conhecimento, independentemente da sua região de pertença.<br />

Como afirmei, noutro pronunciamento sobre a restauração de uma Europa<br />

dos Valores 9 , o desafio é inadiável.<br />

«Avolumam-se os sinais de declínio do eurocentrismo no mundo. A influência<br />

da Europa e dos europeus empalidece em confronto com o que sucedeu<br />

nos últimos 500 anos. Porém, tal não é justificação para que ao eurocentrismo<br />

se suceda o eurovazio. Nunca o pragmatismo constituiu doutrina<br />

oficial europeia, muito menos matriz de inspiração para o seu porvir. Uma<br />

Europa do relativismo ético, sem alento para se afirmar e meramente segui-<br />

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