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Desporto&Esport - edição1 2014

Revista digital Desporto&Esport (www.desportoeesport.com)Faça o Download desta revista em: https://www.magzter.com/PT/Desporto&Esport;/Desporto-&-Esport/Sports/201599 ou se preferir o Paypall https://www.presspadapp.com/digital-magazine/desporto-esport

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SER TREINADOR<br />

FUTEBOL: ZONA 14<br />

PAULO BENTO<br />

MARKETING<br />

Os desafios de ser treinador no<br />

desporto moderno<br />

O que é? E a sua importância<br />

?Copa <strong>2014</strong>: culpado ou réu<br />

A importância do Marketing no<br />

desporto e para os clubes<br />

Revista Digital de Estratégia e Gestão Desportiva<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Edição 1• <strong>2014</strong> /2015<br />

NBA & Limites físicos<br />

Os altos números de lesões na NBA faz com que se<br />

questione: estamos a chegar aos limites físicos?<br />

Poker: Desporto?<br />

O poker deve ser considerado como desporto? Ou não é<br />

mais que um jogo de azar?<br />

Ténis & Formação<br />

Quanto custa formar um tenista profissional desde os<br />

juniores até aos seniores?<br />

Ciclismo & Futuro<br />

Qual é o futuro desta modalidades após sucessivos<br />

casos de doping na última década?<br />

MEGAEVENTOS<br />

Legado Positivo? Ou Herança Pesada?<br />

Especial<br />

Brasil e pré temporada: as diferenças entre a Europa<br />

A NÃO PERDER: A ANÁLISE AO CHELSEA <strong>2014</strong>/2015


4 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com


EDITORIAL<br />

A Desporto&<strong>Esport</strong> é um magazine digital mensal e gratuito, suportado<br />

por uma plataforma online, que tem como seu principal propósito pensar<br />

e fazer pensar o desporto em todas as suas vertentes. Dando especial destaque<br />

a questões que derivem da estratégia e da gestão, como o negócio,<br />

o marketing ou a organização. Sem no entanto, esquecer o impacto social<br />

do desporto na nossa sociedade ou as questões éticas, legais ou filosóficas<br />

que levanta. E, não esqueceremos igualmente o que torna o desporto arte:<br />

os atletas, o jogo, as táticas. Tratamos todas as modalidades da mesma<br />

forma. Todos os atletas com o mesmo respeito e consideração.<br />

Procuramos conhecer o desporto por dentro. Como funciona. Quais são<br />

as peças que o fazem mexer. Como se gere um clube, uma competição<br />

ou um desporto. De que forma são organizados os campeonatos. Quais<br />

são as responsabilidades de cada agente nestes processos. Isto sem nunca<br />

esquecer de projetar o futuro e entender como se vão desenvolver os<br />

caminhos para ai chegar.<br />

Um Magazine escrito em português que ambiciona tratar e tocar no desporto<br />

pelos quatro continentes em que se espalham os países da lusofonia:<br />

Portugal, Brasil, Angola, as ilhas de cabo verde, Moçambique e timor,<br />

bem como todos os outros países e regiões onde a bela língua portuguesa<br />

é falada e entendida.<br />

Director geral e Editor<br />

Diogo Sampaio<br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

Colunistas<br />

Pedro M. Silva, Vitor E. Santos,<br />

Diogo Sampaio, Ricardo Reis, Tiago<br />

Dinis<br />

Contatos<br />

contato@desportoeesport.com<br />

Website<br />

www.desportoeesport.com<br />

Nesta primeira edição trazemos para tema de capa os Megaeventos, e os<br />

benefícios e desvantagens que eles trazem para os países e cidades sede.<br />

Depois da terminada a “Copa de <strong>2014</strong>” no brasil, o legado que este evento<br />

deixará para as populações brasileiras está na ordem do dia e nas várias<br />

matérias que apresentamos ao longo das páginas da nossa revista comparamos<br />

inúmeros casos de forma a entender as verdadeiras consequências,<br />

sejam elas positivas ou negativas, de sediar um megaevento desportivo.<br />

Aproveitamos igualmente este primeiro número para introduzir alguns<br />

temas que em futuras edições serão tratados em mais pormenor como é<br />

exemplo o Marketing desportivo, tipos de treino ou formação desportiva<br />

nas mais diversas modalidades. Garrincha atleta de eleição e a saída de<br />

Paulo bento é também amplamente comentada nas nossas páginas. E<br />

não nos esquecemos de apresentar as novas tendências tecnológicas ou o<br />

entretenimento com a apresentação de filmes, software, aplicativos Web<br />

ou livros.<br />

Por fim, resta-nos dizer que vocês, os leitores, têm total acesso as páginas<br />

da nossa revista, assim como a nossa plataforma online que estão recetivas<br />

a publicar matérias, artigos de opinião, cartoons, artigos científicos ou<br />

pequenos contos e histórias reais redigidas por vos.<br />

DIOGO SAMPAIO, DIRETOR<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com


LONDRES<br />

DIAS ANTES<br />

DAS OLIMPÍADAS DE 2012<br />

:<br />

LEGADO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

O marketing, ou seja,<br />

projetar uma imagem<br />

positiva para o exterior<br />

é a principal mais-valia<br />

de um megaevento para<br />

o país sede.<br />

Sediar grandes eventos, possam ser eles culturais, económicos ou desportivos fazem hoje parte<br />

de uma estratégia ampla de redefinir as cidades e os países organizadores assim como projetar<br />

uma imagem para o exterior positiva que traga frutos num curto, medio e longo prazo. Atrair<br />

capitais e investimento privado, apostar em novos fluxos turísticos ou lidar com problemas<br />

socias fazem também parte da ambição mais ampla que está por detrás de todo o processo de<br />

sediar um megaevento e apostar nele para uma “re-transformação” urbana e social. Na organização<br />

de um grande evento desportivo existe igualmente o desejo que o desporto se organize,<br />

se torne mais profissional e acima de tudo que se democratize a toda a população. Muito outros<br />

benefícios são apontados para suportar a ideia que desenhar e implementar um evento desportivo<br />

da envergadura de um Mundial de Futebol ou Europeu, estando a oportunidade para o<br />

progresso e o desenvolvimento à cabeça. Sem esquecer os retornos económicos.<br />

6 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com


Apareceu, no entanto, nos últimos anos<br />

alguma resistência por parte das populações<br />

aos megaeventos. Muitas vozes<br />

questionam, se é possível que eventos<br />

com tão fortes investimentos mas de tão<br />

curta duração e com consequências de<br />

longo prazo poderá ser uma opção com<br />

efetivos ganhos. A literatura e os estudos<br />

académicos acompanham de certo modo<br />

a entoada negativa, onde apresentam os<br />

cidadãos como os principais perdedores<br />

e desmentem a maioria dos benefícios<br />

apresentados. Nas próximas linhas, apresentaremos<br />

os pontos positivos e negativos<br />

de sediar um megaevento desportivo.<br />

Os megaeventos desportivos têm sido sempre<br />

associados ao progresso económico, à<br />

regeneração urbana, ao desenvolvimento<br />

desportivo e a um impacto social positivo<br />

e duradouro. Nas últimas três décadas<br />

com desenvolvimento das tecnologias da<br />

informação e comunicações em massa<br />

estes eventos alcançaram uma visibilidade<br />

planetária à qual nenhum país é alheio,<br />

tornando a sua realização requerida por<br />

governos e administrações locais. Assim<br />

como um grande chamariz para as grandes<br />

corporações e as suas marcas que anseiam<br />

estar associadas aos ideais positivos que<br />

o desporto e os seus atletas carregam. De<br />

facto, olhando da perspetiva do país organizador<br />

e das cidades sede, elas encontram<br />

nos megaeventos a plataforma ideal de<br />

marketing para a venda, divulgação e promoção<br />

em grande escala das suas virtudes<br />

e produtos, sendo o principal destes o turismo<br />

e a criação de uma imagem positiva<br />

para o exterior, acreditando dessa forma<br />

angariar num longo prazo os altos investimentos<br />

que hoje estes eventos comportam.<br />

Isto é de tal forma verdadeiro que a cidade<br />

de Chicago na disputa da candidatura para<br />

sediar os Jogos olímpicos de 2016, gastou<br />

por volta de US$ 100 milhões. Lembramos<br />

que esta batalha foi ganha pela cidade do<br />

Rio de Janeiro, que gastou também uns<br />

incríveis US$ 88 milhões.<br />

Outros fatores são usualmente apontados<br />

para sediar um evento desportivo de<br />

grandes dimensões, como o desenvolvimento<br />

desportivo da região e o impacto<br />

económico de curta e longa duração.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com


O impacto social não pode também ser<br />

desprezado, e em casos particulares pode<br />

ser inclusive o ponto mais importante para<br />

a decisão de sediar um megaevento. Veja-se<br />

por exemplo o caso da Alemanha e do seu<br />

Mundial de 2006, apenas alguns anos após<br />

a unificação do país e queda do muro de<br />

Berlim. Ou a Africa do Sul e a sua política<br />

de unificação dos seus diferentes povos<br />

– culturais, étnicos e religiosos - através<br />

do desporto que culminou na realização<br />

do Mundial de 2010. O lado empreendedor<br />

e económico não pode deixar de ser<br />

mencionado, e os megaeventos por norma<br />

acarretam o investimento público na ordem<br />

dos milhares de milhão, que de outra forma<br />

se daria mais faseada no tempo e repartida<br />

por diversas áreas. A necessidade de<br />

construir arenas desportivas, hotéis, uma<br />

infraestrutura rodoviária, aeroportos, entre<br />

outros, mostra-se como um atrativo para<br />

inúmeras empresas, principalmente construtoras,<br />

que olham para estes megaeventos<br />

de forma muito positiva. As populações<br />

por seu lado sonham em apoiar os seus<br />

atletas ao vivo e nos seus países ao lado dos<br />

amigos e família e acreditam ainda que o<br />

legado após evento será positivo, dadas as<br />

estimativas apresentadas por diversos estudos<br />

feitos pré evento. Renovação urbana e<br />

melhores condições de vida para as populações<br />

é também um dos argumentos mais<br />

utilizados, como o já falado reorganização<br />

do desporto e da difusão da sua prática<br />

para as populações locais. Por im, procurase<br />

a reprodução dos casos de sucesso onde<br />

o impacto deixado pela realização de um<br />

grande evento serviu as suas populações e o<br />

PIB do país organizador.<br />

O caso das Olimpíadas de verão de 1992<br />

em Barcelona é sempre apontado como o<br />

exemplo positivo do impacto dum evento<br />

desta natureza e o legado satisfatório para<br />

as suas populações.<br />

O desenvolvimento urbanístico reabilitou<br />

a cidade espanhola que até à data possuía<br />

inúmeras áreas degradas e desenvolveu<br />

fortemente a atividade turística, sendo atualmente<br />

a segunda cidade europeia com<br />

mais fluxo de turistas, unicamente ultrapassada<br />

por Paris.<br />

“Olhando da perspetiva do<br />

país organizador e das cidades<br />

sede, elas encontram<br />

nos megaeventos a plataforma<br />

ideal de marketing<br />

para a venda, divulgação<br />

e promoção em grande escala das suas virtudes e produtos, sendo o principal<br />

destes o turismo e a criação de uma imagem positiva para o exterior. ”<br />

Definição Legado<br />

O impacto de um megaevento para o futur, ou por outras palavras, o legado, pode ser definido de<br />

duas formas: tangíveis ou intangíveis. Legados tangíveis são referentes ao impacto que é de possível<br />

mensuração, como a variação no emprego, PIB ou o fluxo turístico. Estes podem ainda ser<br />

diretos ou indiretos. Os legados tangíveis diretos referem-se aqueles que estão relacionados diretamente<br />

ao evento e o seu cálculo é feito por meio de um multiplicador. Os impactos intangíveis<br />

possuem um aspecto subjetivo que os tornam mais difíceis de calcular. Alguns exemplos são: o<br />

aumento de felicidade da população, a melhoria da imagem de uma cidade ou do país perante o<br />

mundo, o orgulho nacional, a unificação de um povo, etc. Ainda assim, algumas abordagens podem<br />

possibilitar algum tipo de avaliação, uma que certamente se destaca é o aumento do turismo nos<br />

anos imediatamente após o evento.<br />

8 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com


MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />

Q<br />

uando se iniciaram em 1992 as Olimpíadas,<br />

Barcelona mostrou ao mundo uma nova cidade,<br />

reestrutura e remodelada, projetando uma bela<br />

imagem que perdura ainda no imaginário de todos aqueles que<br />

acompanharam o evento,<br />

tenham-no feito ao vivo ou<br />

pela televisão. O impacto<br />

urbanístico foi de tal forma,<br />

que rendeu à sede olímpica<br />

o prêmio Príncipe de Gales<br />

de desenho Urbano, da<br />

Universidade de Harvard.<br />

A restruturação urbana de<br />

Barcelona, foi mais longe e<br />

devolveu o mediterrânio às<br />

suas populações assim como<br />

as ganhou novas praias –<br />

mais precisamente 5km de<br />

novas praias -, numa cidade<br />

que tinha sempre vivido de<br />

costas para o mar. O sistema de transporte foi totalmente remodelado<br />

e a rede de metro foi amplamente ampliado.<br />

O fluxo de turistas mais que duplicou e agora é mais de 7 milhões de<br />

turistas anos para uma cidade que não chega a 2 milhões de habitantes.<br />

É importante relembrar que no século passado, Barcelona era<br />

a capital industrial da Espanha mas com o declinar da ditadura nos<br />

anos 70 e com a chegada da democracia, tornou-se em uma metrópole<br />

desindustrializada com um porto marítimo decadente, com<br />

alto desemprego, altos índices de crime e elevados indicadores de<br />

violência. As olimpíadas vieram mudar este cenário e mais de vinte<br />

anos depois, Barcelona é uma cidade viva e um dos principais centros<br />

turísticos e culturais da<br />

Europa. Além disso, o<br />

complexo olímpico conta<br />

com instalações utilizadas<br />

pela população e<br />

para várias competições<br />

e continua a ter uma utilização<br />

constante ou pelo<br />

menos periódica..<br />

Barcelona tornou-se<br />

num postal reconhecido<br />

em qualque parte do<br />

mundo.<br />

Existe, no entanto, quem<br />

conteste o modelo que<br />

foi seguido pela cidade<br />

de Barcelona. Neste sentido, a leitura do livro de Manuel Delgado,<br />

La ciudad mentirosa. Fraude y miseria del modelo Barcelona do ano<br />

de 2007 torna-se obrigatória. Neste livro, o autor questiona o modelo<br />

utilizado que invariavelmente leva ao que o mesmo autor apelida de<br />

cidades-negócio, que idealizam unicamente o interesse das grandes<br />

multinacionais e empresas ligadas ao turismo esquecendo as populações<br />

locais.<br />

Desde há três décadas que o tema do legado deixado pelos megaeventos<br />

é altamente debatido na literatura e no meio académico, e<br />

progressivamente as conclusões que estes trabalhos têm chegado<br />

indicam que o impacto de<br />

sediar estes eventos raramente<br />

é positivo. Nomeadamente, o<br />

impacto económico de sediar<br />

um evento desportivo da<br />

envergadura de um Mundial<br />

de futebol ou Olimpíadas pode<br />

deixar marcas de tal forma<br />

profundas, que não raras vezes<br />

pode demorar gerações para<br />

que essas mesmas marcas se<br />

curem. Um exemplo clássico é<br />

o das Olimpíadas de verão de<br />

1976 em Montreal - Canadá<br />

onde a administração local<br />

criou um imposto que durou<br />

mais de trinta anos de forma a<br />

combater a pesada herança do evento.<br />

Pragmaticamente, e olhando unicamente para os números, hospedar<br />

grandes eventos gera indiscutivelmente mais custos do que receitas.<br />

Temos, em primeiro lugar, a dura realidade do investimento ser<br />

sobretudo feito com dinheiros públicos, com raríssimas exceções,<br />

e o superfacturamento ser uma constante, e que não raras vezes,<br />

facilmente eleva os custos previstos para o dobro, em média o<br />

faturamento fixa-se nos 1,67 ao inicialmente orçamentado. A dívida,<br />

para as gerações futuras, acaba por ser inevitável. Inclusive o caso<br />

de sucesso de Barcelona gerou uma dívida de mais de 3 mil milhões<br />

de euros. Em Atenas, o investimento público excedeu mais das duas<br />

dezenas de milhares de milhão de euros e deixou rastros negativos<br />

nas finanças da Grécia até hoje, que vive numa profunda crise<br />

económica. Por outro lado, o superfacturamento, é uma verdadeira<br />

mais-valia para os verdadeiros vencedores de sediar um megaevento<br />

desportivo: a Banca e as Construtoras.<br />

Um outro ponto que merece ser discutido, mas que poucas vezes<br />

o é de forma conveniente, é o mau uso dos terrenos e as inadequadas<br />

planificações e a, muitas vezes inexistente, subutilização de<br />

infraestruturas pós evento.<br />

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />

OS “PREJUÍZOS” DE<br />

UM MEGAEVENTO<br />

Elefantes brancos, dívidas e perdas de soberania, entre outros.<br />

Falamos claro dos elefantes brancos, ou seja, árenas e infraestruturas desportivas<br />

sem uso pós evento, são também bom exemplo do legado negativo.<br />

Algo que acontece sem exceção. Talvez neste ponto apenas a Alemanha e<br />

o seu Mundial de 2006 possa escapar a esta crítica. Por outro lado o caso<br />

dos estádios de Aveiro ou Algarve em Portugal após o Euro2004 são disso<br />

exemplo, tendo inclusive a autarquia de Aveiro sugerido implodir o estádio,<br />

tal os custos que a sua manutenção acarreta. No Brasil, ninguém sabe o<br />

que fazer com os estádios de Brasília e Manaus. Este último tendo sido já<br />

sugerido pelos responsáveis da cidade uma reforma pós “copa” que o transfigure<br />

este recinto num presidio de alta segurança, proposta já recusada,<br />

como mandaria o bom senso.<br />

Socialmente, os megaeventos, na sua generalidade, não são desenhados<br />

para as populações do país organizador, pelo menos não para aquelas<br />

que possuem um rendimento financeiro baixo e o impacto económico no<br />

curto prazo é insuficiente quando comparados com o investimento inicial,<br />

e num longo prazo os prejuízos financeiros tendem-se a agravar. Para as<br />

populações locais outro duro revés é a inflação que nos meses anteriores<br />

ao evento e durante o evento disparam muitas vezes para valores incomportáveis.<br />

O Rio de Janeiro é talvez o melhor exemplo, sendo uma cidade<br />

central em dois megaeventos – Mundial<strong>2014</strong> e Olimpíadas2016 – os preços,<br />

nomeadamente na restauração, subiram para valores proibitivos para a sua<br />

população local, naquela que é já uma das cidades mais cara do mundo.<br />

Muita mão-de-obra durante o evento trabalha em regime de voluntariado<br />

e não raras vezes, questões referentes aos direitos humanos são levantadas.<br />

Talvez o caso mais flagrante seja o do Mundial de 2020 do Qatar. A<br />

repressão policial durante os eventos é também um ponto de destaque, tal<br />

como aconteceu na Africa do Sul, com alguns dos seus cidadãos a serem<br />

condenados em poucos dias a mais de uma dezenas de anos por um simples<br />

furto, que na maioria dos países o castigo se. fica pela reprimenda. Existem<br />

ainda questões ambientais e o impacto que os megaeventos têm muitas<br />

vezes para a própria soberania dos países organizadores. Assim como a<br />

alteração na agenda de turistas mais frequentes e empresários de outros<br />

setores, preferindo evitar o excesso de pessoas.<br />

Outro especto que merece ser mencionado é a falacia da criação de<br />

emprego, uma vez que a maioria dos postos de trabalho criados são limitados<br />

no tempo e estinguem-se mal termine o evento ou até antes disso no<br />

casos desses empregos estarem associados construção das infraestruturas<br />

e arenas.<br />

Por fim, o real retorno económico fica sempre aquém do esperado.<br />

Elefantes brancos são<br />

uma “inevitabilidade” do<br />

legado dos megaeventos.<br />

O estádio de brasília (na<br />

foto) é um dos que mais<br />

preocupa as autoridades<br />

brasileiras.<br />

Perdas de soberania,<br />

impacto ambiental<br />

negativo e dívidas<br />

estão no topo das<br />

contrariedades de<br />

sediar um megaevento<br />

”<br />

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PRÉ-TEMPORADA<br />

O BRASIL COMO DESTINO DOS PRINCIPAIS CLUBES<br />

EUROPEUS PARA REALIZARAM AS PRÉ-TEMPORADAS<br />

Pedro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

Os maiores clubes europeus de futebol, como<br />

Barcelona, Real Madrid, Man. United ou AC Milan,<br />

trabalham com orçamentos exorbitantes para conseguirem<br />

adquirir os melhores jogadores - em<br />

transferências que chegam a valores “pornográficos”, para pagar os<br />

salários milionários e até para o dia-a-dia, onde os estágios, viagens<br />

e hotéis chegam a somas consideráveis no final do ano. Neste<br />

seguimento, os grandes clubes europeus tentam angariar receitas<br />

de todas as formas possíveis e entrar e mercados, onde existe<br />

potencial de negócio. As pré-temporadas têm-se afigurado como<br />

momentos chave para os clubes visitarem países e regiões que<br />

durante os apertados calendários competitivos raramente o podem<br />

fazer, como é o caso dos EUA ou a Asia. O argumento usado é que<br />

estes mercados são primordiais para os patrocinadores. A fonte<br />

primária é a receita, a secundária é expandir a marca<br />

O brasil entra nesta equação como possível destino futuro das prétemporadas<br />

dos principais clubes europeus. Assim como acolher<br />

clubes do norte da Europa (Alemanha ou Rússia) quando estes<br />

pausam os seus campeonatos nos meses de janeiro e fevereiro por<br />

conta das condições atmosféricas rigorosas. Até agora, o destino<br />

desses clubes passava por Portugal ou Espanha, mas como sugere<br />

Frederico Nantes – presidente do comité organizador da copa do<br />

mundo, esses países podem procurar o brasil.<br />

De resto, esta política de “recrutamento” das equipas europeias<br />

para estágios do brasil parecer fazer parte de um programa de um<br />

plano mais amplo de reutilização e rentabilização das infraestruturas<br />

deixas pela realização do Mundial de <strong>2014</strong>.<br />

As boas condições e infraestruturas futebolísticas, como os centros<br />

de treino, e acessos, como os aeroportos e estradas, pode ser o elemento<br />

chave para a escolha do brasil. A aposta, num mercado que<br />

conta com 200 milhões de pessoas, que já vivem apaixonadamente<br />

o futebol, podem ser um chamativo para as marcas e investir neste<br />

mercado pode ser uma decisão com retornos.<br />

Mudando de perspetiva, o futebol brasileiro pode ter muito a ganhar<br />

com este novo paradigma, caso ele se concretize.<br />

Num primeiro plano, tal como aconteceu durante no mundial de<br />

seleções <strong>2014</strong>, os adeptos, mas sobretudo os dirigentes e as equipes<br />

técnicas teriam um acesso privilegiado as formas mais modernas<br />

de trabalho, para além de um contacto mais ou menos formal com<br />

os melhores técnicos do mundo. A troca de experiência poderia<br />

mostra-se decisiva para os técnicos brasileiros adaptarem novos<br />

métodos de trabalho.<br />

Este câmbio entre treinadores pode ser fortalecido com palestras<br />

e curtos estágios.<br />

A competição, mesmo que em apenas jogos particulares, permitirá<br />

as equipas brasileiras confrontar dentro do campo as melhores<br />

equipas do mundo e modelos táticos diversos, mas igualmente<br />

eficazes.<br />

Se no futuro as equipas europeias escolherão os campos brasileiros<br />

para a preparação das suas épocas, ao invés dos EUA ou da Asia<br />

que hoje recolhem as preferências, ainda é incerto. Sente-se a vontade<br />

que tal se suceda. Os benefícios são evidentes, e as vantagens<br />

ultrapassam o lado económico, o podem ser cruciais para modernizar<br />

o futebol brasileiro.<br />

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CHELSEA:<br />

TÁTICA <strong>2014</strong>/2015<br />

OS NOVOS JOGADORES, AS FORMAÇÕES TÁTICAS<br />

SOBRE A BATUTA DE HAZARD E FÁBREGAS.<br />

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Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com


Amudança mais visível no Chelsea versão <strong>2014</strong>/2015 foi na zona<br />

de ataque, que era de longe, pelo menos quando olhando para<br />

a época anterior, a parte mais fraca da maquina montada por<br />

José Mourinho, como a marca de 20% de jogos sem marcar na Premier<br />

League, não deixa esconder. O contratado Diego Costa, o regressado Didier<br />

Drogba e Fernando Torres (agora saído para<br />

o Atlético de Madrid) lutaram pelo lugar de<br />

ponta de lança no início da época; lugar esse,<br />

que é agora indiscutivelmente do avançado<br />

brasileiro naturalizado espanhol, que tem<br />

estado num momento de forma absolutamente<br />

deslumbrante.<br />

O regresso de Drogba é um “docinho” para os<br />

fãs e adeptos do clube londrino que têm visto<br />

desde 2012 o desmembrar da equipa “ganhadora”<br />

que se iniciou na primeira passagem de<br />

Mourinho pelo Chelsea. E Drogba, apesar da<br />

idade, têm-se mostrado um peça fundamental<br />

e claramente que ainda não perdeu o seu<br />

instinto matador. E, agora com a saída de<br />

Fernando Torres e Demba Bamba, permite a<br />

Mourinho passar do esquema tático 4-2-3-1<br />

da época passada e variar para o 4-4-2 com<br />

mais força de fogo no ataque. Srndo que o<br />

modelo mais utilizado continua a ser o 4-3-3.<br />

Mas, a peça chave deste Chelsea é Hazard,<br />

que como o espanhol Fàbragas afirmou é o<br />

“Messi do Chelsea”: “para nós, ele (Hazard)<br />

é a ligação entre o meio-campo e o ataque.<br />

Ele é o nosso Messi porque faz a diferença em campo”. O próprio Mourinho<br />

sublinha essa ideia quando afirma que o medio de 24 anos pode ser o melhor<br />

do Mundo e que a equipa pretende ajuda-lo a chegar a esse patamar. Pelas<br />

palavras do próprio Mourinho: “Estou muito contente pelo Eden ter assinado<br />

um novo contrato. Mostra que ele acredita na equipa técnica e nos jogadores<br />

para o ajudarem a tornar-se o melhor jogador do mundo. Ele já é um jogador<br />

de topo e a sua evolução tem sido fantástica. Ainda é muito jovem, por isso<br />

pode tornar-se no melhor”.<br />

José Mourinho tem o conjunto de jogadores que queria; O dono do Chelsea, o<br />

russo Abramovich trouxe as peças que ele pediu e o português tem um elenco<br />

que é considerado por muitos o melhor da premier league, não sendo de<br />

estranhar a sua liderança. Diego Costa é um jogador que tem a marca e estilo<br />

do técnico português, tecnicamente dotado, fisicamente forte e sempre pronto<br />

para a luta. A isto junta-se Matic, um medio “box-to-box” e pautado por um<br />

rejuvenescido Fàbragas; e tudo isto pela batuta do belga hazard.<br />

O treinador - J. Mourinho<br />

José Mário dos Santos Mourinho<br />

Félix, ou simplesmente Mourinho ou<br />

“the special one”, nasceu em Setúbal<br />

a 26 de Janeiro de 1963. Iniciou-se<br />

no desporto profissional<br />

na década de 90<br />

como preparador físico<br />

e depois como técnicoadjunto,<br />

depois de uma<br />

curta e pouco gloriosa<br />

carreira coo jogador de<br />

futebol. Passou depois<br />

por uma fase de tradutor<br />

para o lendário<br />

técnico inglês Bobby<br />

Robson, passando<br />

depois a ocupar o lugar<br />

de treinador-adjunto<br />

primeiro no Sporting,<br />

depois no FC Porto<br />

e por fim no Barcelona;<br />

onde permanece,<br />

mesmo após a saída<br />

de Robson e passa a<br />

trabalhar diretamente<br />

com Louis Van Gaal.<br />

Mourinho passa enfim<br />

para o lugar de técnico<br />

principal, primeiro no Benfica onde<br />

nem chega a aquecer o lugar e depois<br />

no U. Leiria, antes de se fixar no FC<br />

Porto, onde para além de dois títulos<br />

nacionais e uma Taça de Portugal,<br />

faz a dobradinha europeia, com a<br />

conquista da Taça Uefa (antiga Liga<br />

Europa) e da Liga dos Campões. Catapultado<br />

para o sucesso, Mourinho<br />

torna-se um deus no Chelsea onde se<br />

torna bicampeão nacional; uma passagem<br />

pelo Inter de Milão onde volta<br />

a vencer a Champions; e uma passagem<br />

pelo Real Madrid onde vence<br />

a liga contra o todo poderoso Barcelona<br />

de Guardiola. Agora de volta ao<br />

Chelsea, tende de novo levar o clube<br />

londrino às vitórias.<br />

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“Diego Costa é um jogador que tem a marca e estilo do técnico português, tecnicamente<br />

dotado, fisicamente forte e sempre pronto para a luta. A isto juntase<br />

Matic, um medio “box-to-box” e pautado por um rejuvenescido Fàbragas; e<br />

tudo isto pela batuta do belga hazard.”<br />

Registaram-se muitas chegadas este Com Thibaut Courtois na baliza, ganhando<br />

ano ao Chelsea; Kurt Zouma (Saint-<br />

Etienne), Didier Drogba (Galatasaray),<br />

Cesc Fàbregas (Barcelona), Mario Pasalic<br />

(Hadjuk Split e está emprestado ao Elche),<br />

Thibaut Courtois, Diego Costa e Filipe<br />

Luis (ambos do Atlético de Madrid). Por<br />

outro lado, muitas foram as saidas, e muitas<br />

lugar ao eterno guardião checo, o<br />

modelo tático que mais vem sendo utilizado<br />

mais regularmente é o 4-3-3 com<br />

Diego Costa como<br />

ponta de lança de<br />

referencia, e o meio<br />

campo pautado por<br />

delas emblematicas: Ashley Cole (Roma), Fàbregas e com<br />

David Luiz (Paris Saint-Germain), Frank o génio Hazard,<br />

Lampard (New York City FC; emprestado<br />

ao Manchester City), Demba Ba (Besiktas),<br />

Romelu Lukaku (Everton), Samuel Eto’o ,<br />

cada vez mais um<br />

dos melhores do<br />

mundo, definitivamente<br />

pelo pelos na no<br />

Henrique Daniel Hilário Ricciardo (aposentadoria), piloto da Red Patrick Bull esperando<br />

van Box. Aanholt (Sunderland) e a no mercado<br />

de Inverno Fernando Torres (Atlético de<br />

Madrid).<br />

Entre as saídas e as entradas de jogadores,<br />

permitiu a José Mourinho, entre a prétemporada<br />

e o início da época experimentar<br />

essencialmente três esquemas táticos:<br />

4-3-3, 4-4-2 e 4-2-4.<br />

top 5 Mundial.<br />

Terry e Cahill ocupam<br />

o centro da<br />

defesa, e filipe Luis<br />

e azpilicueta nas<br />

alas; Matic no meio<br />

campo, fazendo o<br />

“box-to-box” como<br />

tão bem sabe fazer e já fazia no tempo em<br />

que jogava no SL Benfica. Por fim, William<br />

acrescenta velocidade e qualidade no “umpara-um”.<br />

Fonte imagem: chelseabrasil.com<br />

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FORMULA1:<br />

Pedro M. Silva, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

A<br />

Formula1 (F1) está em<br />

plena reforma e este ano de<br />

<strong>2014</strong> mostra-se como um<br />

dos mais importantes neste<br />

processo. Várias alterações foram introduzidas<br />

nos monologares tendo como<br />

principal objetivo a redução de custos,<br />

aumentar a competitividade e aproximar<br />

a tecnologia usada na F1 e torna-la mais<br />

aplicável aos carros que a maioria de nós<br />

dirige. No entanto, as alterações introduzidas<br />

têm mudado radicalmente a forma<br />

de condução dos pilotos e vêem forçando<br />

uma nova abordagem na condução. Na<br />

pratica, os pilotos da época de <strong>2014</strong> estão<br />

a reaprender a conduzir. E a refinar as suas<br />

habilidades.<br />

Para os fãs, e para desgosto coletivo, a<br />

principal diferença foi a nova tranquilidade<br />

sonora adquirida pelos monologares<br />

durante a corrida, mas as alterações foram<br />

bem mais profundas.<br />

A primeira delas foi a adoção de 1.6<br />

litros motores turbos V6 com transmissões<br />

híbridas sofisticados. A adoção de transmissões<br />

híbridas em conjunto com as<br />

mudanças de aerodinâmica levam que os<br />

monologares possuam menos downforce,<br />

o que por sua vez diminui a aderência do<br />

carro ao solo, o que o torna o carro mais<br />

difícil de ser conduzido. Relembramos de<br />

downforce é o nome dado à força vertical<br />

que empurra o carro contra o solo, usando<br />

para isso a ação do vento e a zona de baixa<br />

pressão criada sobre as asas. Isto obriga<br />

os pilotos a uma maior concentração e<br />

poder de manobra nas curvas para manter<br />

a estabilidade do carro. Como afirma<br />

Gianluca Pisanello, chefe de operações<br />

de engenharia de Caterham, um carro<br />

com menor aderência ao solo, é “menos<br />

indulgente sobre erros”. E temos ainda que<br />

juntar a esta equação os pneus mais duros<br />

introduzidos pela Pirelli que veio agravar<br />

mais a situação.<br />

Temos ainda, que pela primeira vez na<br />

história da F1, os monologares passaram<br />

a ter a tecnologia brake-by-wire nas rodas<br />

traseiras em vez do tradicional sistema<br />

hidráulico. Esta mudança é parte de transmissões<br />

híbridas dos carros, que utilizam<br />

uma bateria e um pequeno motor elétrico<br />

para fornecer um 160 cavalos de potência<br />

adicional em rajadas de 33 segundos, usados<br />

na ultrapassagem. A bateria é carregada,<br />

entre outras, pela captura de energia<br />

de frenagem que seria perdida na forma<br />

de calor. O sistema de travagem brake-bywire<br />

permite aos engenheiros compensar<br />

a força de travagem adicional introduzida<br />

pelo sistema de recuperação de energia.<br />

No entanto, a sensação do pedal de freio,<br />

dado toda a complexidade do sistema,<br />

parece não estar a responder como o esperado<br />

e com a precisão necessária. Neste<br />

seguimento, as inconsistências a cada nova<br />

utilização do freio de travagem, têm sido<br />

umas das principais queixas da maioria<br />

dos pilotos neste pressente ano.<br />

Por fim, a Federação Internacional de<br />

Automobilismo (FIA) reduziu em quase<br />

um terço a quantidade de combustível a<br />

ser utilizada por carro durante uma corrida<br />

- 100kg de combustível. Embora as<br />

transmissões sejam bem mais eficientes,<br />

economizar combustível faz agora também<br />

parte das competências do piloto, com<br />

o risco de não conseguir terminar a corrida.<br />

Normalmente, os pilotos passaram a<br />

utilizar uma técnica denominada de “liftand-coast”.<br />

O piloto ao invés de levantar o pé do<br />

acelerador e aplicar imediatamente o freio,<br />

como ele foi ensinado desde a infância,<br />

ele, ao contrário, trava a aceleração bem<br />

antes do necessário, para permitir que o<br />

carro desacelere por si, e só depois aplica a<br />

travagem pelo freio.<br />

“Em vez de travagem a 80 metros, você<br />

tem que levantar a 120 metros e, em seguida,<br />

você tem que saber quando aplicar os<br />

freios, por quanto tempo para aplicar os<br />

freios”, afirmou Pisanello. E assumidos as<br />

dificuldades nos sistemas de travagem, o<br />

mesmo Pisanello afirma: “Em termos de<br />

condução competitiva, é um pesadelo.”<br />

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NBA:<br />

ESTAMOS A CHEGAR AOS<br />

LIMITES FÍSICOS?<br />

Ricardo Reis colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

V<br />

ivemos em sociedades capitalistas.<br />

Olhando de forma generalizando<br />

para o mundo já o<br />

fazemos há quase um século. E,<br />

apenas os mais distraídos ainda não entenderam<br />

que na base do capitalismo existem<br />

duas ideias chaves: mais e maior. O PIB<br />

precisa de disparar o seu crescimento<br />

todos os anos, o consumo também, assim<br />

como as exportações, a criação de riqueza,<br />

e todos os outros pontos que fazem<br />

parte integrante da nossa sociedade atual,<br />

seja ela económica ou social. O desporto<br />

não é diferente. Queremos mais e maior.<br />

E, mais rápido também. Novos records.<br />

Performances ainda mais memoráveis.<br />

Emoção até ao fim. Aperfeiçoamento.<br />

Queremos todas as semanas ver a superação<br />

dos limites do corpo humano e da<br />

sua fisiologia. Economicamente, em 2008<br />

tivemos seria amostragem de uma politica<br />

constante de mais e melhor. No desporto<br />

pareçam também a aparecer sinais preocupantes.<br />

O doping tornou-se numa presença<br />

constante no desporto e em todas<br />

as suas modalidades. Algumas de forma<br />

tão visível que ameaçam de tal forma a sua<br />

veracidade que se veem na iminência de<br />

implodirem e passarem a ser uma sombra<br />

do que foram. O ciclismo é o caso mais<br />

mediático. Mas há outros. O atletismo. A<br />

natação. Por outro lado, apesar dos avanços<br />

da medicina e da qualidade do treino<br />

e do apoio psicológico proporcionado aos<br />

atletas de topo, as lesões, e lesões graves<br />

e que obrigam a paragem prolongadas<br />

é cada vez mais comum. Olhemos neste<br />

artigo, para o que esta a acontecer com o<br />

Basquetebol e para a NBA. Perguntandonos<br />

se não podemos estar a atingir os<br />

limites físicos neste desporto e se os seus<br />

responsáveis não terão forçosamente de<br />

repensar não só o jogo em si mas principalmente<br />

o seu calendário.<br />

Facilmente na NBA vemos o que podemos<br />

apelidar de Super-Homens. Homens<br />

gigantes, fortes e com uma agilidade que<br />

só existe na imaginação dos simples mortais.<br />

Aliás, a expressão super-homem não<br />

é estranha à terminologia da NBA. Mas<br />

começa a parecer desajustada. O irregularmente<br />

alto número de lesões nas últimas<br />

épocas, como foco principal na última<br />

época, é alarmante, e quer queiramos ou<br />

não, somos forçados a refletir e a encontrar<br />

razões efetivas para esta anormalidade<br />

estatística. A abundância de jogadores de<br />

topo lesionados, com alguma gravidade,<br />

é alarmante e conta com nomes como<br />

Al Horford, Brook Lopez, Kobe Bryant,<br />

Derrick Rose, Steve Nash, Deron Williams,<br />

Paul Pierce, Andrei Kirilenko, Steve Blake,<br />

Luol Deng, Danny Granger ou Tyson<br />

Chandler.<br />

O jogo mudou. Tornou-se mais intenso,<br />

mais físico, mais disputado e claramente<br />

mais profissional e competitivo. Não<br />

existem mãos equipas fracas, onde os melhores<br />

jogadores se podem poupar. Mesmo<br />

que seja uma poupança de esforços em<br />

competição. Hoje jogasse ao máximo.<br />

E, jogasse sempre nesse ritmo. Os jogos<br />

para além de mais competitivos são também<br />

mais frequentes e numerosos, e hoje<br />

na fase regular que dura cinco meses,<br />

fazem-se 82 jogos. Claramente um exagero.<br />

Mas necessário para o negócio. Alterações<br />

ou vontade para alterações parece não<br />

existir. O negócio vai bem. E recomendase.<br />

As arenas estão sistematicamente cheias.<br />

Os direitos televisivos pagam milhões<br />

aos clubes e as entidades reguladoras deste<br />

desporto nos EUA. Os patrocinadores procuram<br />

desesperadamente associar-se a este<br />

desporto. E os planteis estão cheios de<br />

bons jogadores que podem substituir os<br />

lesionados sem grandes perdas de qualidade<br />

exibicional para as equipas. O elo<br />

mais fraco é o atleta.<br />

Se a isto juntarmos a crença irracional que<br />

a maioria dos atletas têm em si mesmos, e<br />

nas suas capacidades sobre-humanas e na<br />

possibilidade de ultrapassarem os limites<br />

dos seus corpos em todos os jugos, talvez<br />

se comece a compreender a nova moda<br />

de lesões. Alargando ainda o começa a<br />

ser uma tendência, o termino de carreiras<br />

promissoras ainda no seu inicio e o afastamento<br />

dos campos em largos períodos das<br />

suas principais estrelas. E isto, será algo<br />

que prejudicará a todos.<br />

Nos próximos anos não se preveem<br />

mudanças. O negócio não o permite. Os<br />

adeptos não o querem. Mas estamos gritantemente<br />

a ultrapassar os limites físicos<br />

na NBA.<br />

O crescimento no conhecimento médico<br />

e de treino não tem conseguido manter-se<br />

a par da subida de nível do basquetebol<br />

praticado na NBA. Os atletas são o elo<br />

mais fraco.<br />

E mais o serão, quanto mais forem<br />

confrontados com a sua própria mortalidade.<br />

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POKER:<br />

DEVE SER DESIGNADO COMO<br />

DESPORTO?<br />

Vitor E. Santos colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

O<br />

Poker tornou-se num dos<br />

casos mais interessantes de<br />

analisar da última década. O<br />

seu crescimento foi exponencial.<br />

Poucos são os jovens que não o jogam,<br />

seja em rede ou rodeados de amigos à volta<br />

da mesa. Durante anos, o Poker foi sempre<br />

visto e definido como um jogo de azar,<br />

mas a situação parece estar a alterar-se.<br />

O Poker em muitos sentidos, já se assemelha<br />

a um qualquer desporto de alta<br />

competição. Muitos dos seus “atletas”, e<br />

usemos ainda as aspas, são profissionais<br />

e são-no com rendimentos muito acima<br />

do que a maioria das modalidades oferece.Existem<br />

um número de competições<br />

significativas, torneios e um importante<br />

circuito mundial.<br />

A capacidade que o Poker teve de entender<br />

a forma como se podia utilizar o digital e a<br />

adaptar-se aquele que é o principal veículo<br />

de informação do seculo 21: a Web. Assim,<br />

não foi difícil angariar jogadores/atletas<br />

e fãs um pouco por todo o lado. Assim<br />

como criar jogadores estrela, facilmente<br />

reconhecidos e que passam em muitas das<br />

várias transmissões televisivas um pouco<br />

por todo o Mundo. Para além de tudo<br />

isto, um dos passos mais importantes foi<br />

a oficialização, há poucos anos, do Poker<br />

como “desporto mental” consentida pela<br />

Associação Internacional dos Desportos<br />

Mentais. Estatuto semelhante ao bridge,<br />

xadrez e damas. E participou juntamente<br />

com os “desportos mentais” acima mencionados<br />

nos World Mind Sports Games a<br />

partir de 2012.<br />

No entanto, o estatuto do Poker ainda não<br />

é totalmente definido e varia consoante o<br />

país onde nos encontramos. Existe quem<br />

olha para o Poker como uma atividade<br />

inofensiva ou como um jogo de perícia, e<br />

apoia a massificação desta atividade como<br />

desporto. Quem por outro lado, muitos<br />

outors vêem o Poker como um jogo de<br />

azar, acreditando que apenas deve ser<br />

jogado em casinos e a sua regulação deve<br />

ser apertada.<br />

Dada toda esta duplicidade de opiniões,<br />

como devemos olha para o Poker?<br />

Desporto ou jogo de azar?<br />

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POKER: AS RAZÕES DE SER DESPORTO<br />

Mesmo quem olha para o Poker como desporto de azar, não o vê<br />

unicamente como uma atividade de azar ou sorte, sem que exista a<br />

necessidade de perícia e estratégia para alcançar a vitória. Num jogo<br />

longo, o jogador mais bem preparado e como uma estratégia mais eficiente<br />

tem maior vantagem e por norma consagrasse como vencedor..<br />

Seguindo nesta noção, em que o Poker não é um jogo apenas baseado<br />

na sorte, a Poker Players Alliance (PPA) na sua campanha para a<br />

regulamentação do poker online, vem acompanhada com matemáticos,<br />

economistas e doutorados de Havard, prontos para testemunhar<br />

que uma partida de poker envolve um vasto conjunto de habilidades.<br />

Uma história famosa que atesta isto mesmo é de pertença de Anette<br />

Obrestad que consegui derrotar 179 jogadores sem olhar uma única<br />

vez para as cartas, utilizando apenas a sua posição e a leitura da linguagem<br />

corporal dos jogadores adversários. Em 2007, a mesma PPA<br />

apresentou uma análise em que as conclusões apontam para que o<br />

fator sorte no golfe não era inferior ao envolvido no poker.<br />

Os jogadores de poker profissionais para atingirem esse estatuto de<br />

topo, tal como em qualquer outra modalidade, necessitam de muitas<br />

horas de treino e preparação. Precisam de estudo dos aspetos<br />

técnicos e táticos e grande controlo emocional. Apesar do poker ser<br />

sobretudo uma atividade mental, o físico é igualmente importante e<br />

uma linguagem corporal cuidada é crítica e pode ser o fator chave<br />

para uma vitória ou uma copiosa derrota. Lembramos que muitos<br />

torneios desenrolam-se durante 12 horas consecutivas, com poucas<br />

e rápidas pausas entre jogos. Assim sendo uma boa preparação física<br />

é básica para tomar um conjunto de decisões consecutivas positivas.<br />

E atira por terra um dos principais argumentos contra o poker como<br />

desporto: a inexistência de uma atividade física propriamente dita.<br />

Por fim, como argumento em favor ao Poker como desporto, temos<br />

o fato do poker se ter tornado um evento de entretinimento, com<br />

audiências televisivas assinaláveis, como já tínhamos referido umas<br />

linhas acima. Hoje podemos ver as cartas de um jogador, as suas táticas<br />

e técnicas de jogo e a forma com ele reage a pressão e podemos<br />

analisar ao pormenor todos os seus movimentos e de que forma ele<br />

muda o seu jogo consoante o adversário. Este motivo por si só tornou<br />

o poker um ícone cultural do nosso tempo, algo que nenhum outro<br />

“jogo de azar” conseguiu, pelo menos não de forma tão paradigmatica<br />

como o Poker o fez.<br />

Desporto, pelo dicionário de Oxford, é definido como uma atividade física ou mental<br />

sujeita a determinados regulamentos e que geralmente visa a competição entre<br />

praticantes. Para ser considerado desporto tem de haver envolvimento de habilidades,<br />

capacidades motoras e competitividade entre opostos; regras instituídas por uma organização<br />

ou federação regente. Algumas modalidades desportivas não requerem esforço<br />

físico, sendo aí mais importante a destreza e a concentração do que o exercício físico<br />

A principal e talvez o mais decisivo argumento<br />

contra o Poker enquanto desporto,<br />

é a importância do dinheiro e o papel fundamental<br />

que desempenha para o desenrolar<br />

do jogo. Embora o desporto profissional<br />

atualmente se mova juntamnente<br />

com o mercado financeiro em em grandes<br />

maquias financeiras, ele não interfere diretamente<br />

no jogo em si.<br />

De certa forma, o envolvimento do dinheiro<br />

no jogo do Poker inviabiliza-o como<br />

desporto profissional, dado que contraria<br />

aquilo que é a essência do desporto.<br />

Talvez para muitos esta não seja uma razão<br />

suficientemente forte para negar o Poker<br />

enquanto uma atividade desportiva. Mas<br />

desvirtuar os ideais do desporto pode ter<br />

consequências graves para a sociedade<br />

civil.<br />

Temos ainda, que o lobby do Poker é<br />

“adoptado” sobretudo por interesses<br />

económicos, principalmente apoiados por<br />

casas de jogos e casinos online, e alcançar<br />

o estatuto de desporto é um passo capital<br />

para a expansão do negócio.<br />

O vício do jogo e as significativas perdas<br />

de dinheiro, igualmente presentes no<br />

Poker, que andam sempre de mão dada<br />

com os jogos de azar parecem ser igualmente<br />

contra o espirito desportivo e a<br />

imagem que o desporto pretende projetar.<br />

Obviamente que existem apostas ligadas<br />

ao desporto, mas elas vivem à margem do<br />

desporto e não fazem parte dele ou estão<br />

na sua génese. Quando isto não acontece<br />

estamos a falar de corrupção.<br />

Assim sendo, o Poker, na nossa opinião,<br />

não deverá, pelo menos ainda, de gozar<br />

do estatuto de modalidade desportiva. Se<br />

em termos de definição existe boas bases<br />

de argumentação, socialmente parece-nos<br />

que esta não é a melhor decisão, e a expansão<br />

do Poker enquanto desporto e sem as<br />

restrições legais atualmente em vigor, pode<br />

facilmente aumentar os casos de vício e de<br />

largas perdas de dinheiro.<br />

O Poker continua e continuará a viver<br />

num limbo entre jogo de azar e desporto,<br />

ou pelo menos desporto da mente. Qual<br />

será a sua definição futura? A resposta<br />

ainda é incerta. Talvez os próximos anos<br />

possam ser esclarecedores.<br />

Estaremos cá para ver.<br />

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MARKETING<br />

DESPORTIVO<br />

Clubes e marcas juntos numa união benéfica a ambas!<br />

Vitor E. Santos colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

O<br />

s “super-homens” mediaticamente,<br />

nos dias de<br />

hoje, são quase de exclusiva<br />

pertença do desporto.<br />

É nele que procuramos, e muitas vezes<br />

encontramos, as mais incríveis performances<br />

e a superação dos limites do corpo<br />

humano. O desporto tem a capacidade<br />

de tocar pessoas de todas as idades ou<br />

classe social, sendo assim considerado<br />

parte integrante em nossas vidas. Se a isto<br />

somarmos a beleza artística do desporto e<br />

o fenómeno cultural que se tornou, não é<br />

de estranhar que as marcas o olhem como<br />

um dos principais veículos de comunicação<br />

com o seu público-alvo. Isto é de<br />

tal forma verdade, que a venda de publicidade<br />

às grandes marcas é cada vez mais<br />

preponderante nas receitas dos grandes<br />

clubes no final do ano. Veja-se o caso da<br />

equipa do Real Madrid e a importância<br />

dos seus patrocinadores para a sustentabilidade<br />

da sua equipa de futebol. Ou o caso<br />

da também equipa futebolista espanhola<br />

Barcelona, que durante anos foi a única<br />

equipa de topo sem publicidade nas camisolas,<br />

mas que desde há três épocas não foi<br />

capaz de continuar a resistir.<br />

No entanto, esta simbiose entre clubes e<br />

marcas, e a necessidade que as grandes<br />

empresas sentem em fazer um forte investimento<br />

em marketing desportivo, encontra<br />

três fortes entraves, que podem fazer<br />

regredir esta importante fonte de receitas<br />

para os clubes. A primeira delas, e é mais<br />

verdadeira para os países europeus, é a<br />

retração generalizada do consumo após a<br />

crise financeira de 2008. Isto traduz uma<br />

menor disponibilidade das corporações<br />

para investirem no desporto. O segundo<br />

entrave, prende-se com as diferentes formas<br />

como se consume hoje o desporto.<br />

O recinto desportivo, a televisão e radio<br />

- ainda que desde há vários anos com<br />

menor peso, têm perdido espaço para as<br />

novas tecnologias. O que dificulta a perceção<br />

por parte das empresas da escolha<br />

de qual o melhor meio para difundir a<br />

sua mensagem. Por último, nunca como<br />

agora, se pode afirmar que vivemos numa<br />

era global. Desta forma, a criatividade e a<br />

diferenciação é fundamental para captar<br />

a atenção do público, o que obriga a um<br />

maior investimento na altura das campanhas<br />

de marketing.<br />

Como é percetível os desafios são complexos,<br />

e a sua resolução é ainda mais<br />

intricada, dai que seja fundamental que<br />

os clubes e as empresas unam esforços<br />

para que as dificuldades passem a oportunidades.<br />

Aumentar a procura do espetáculo desportivo.<br />

Este ponto deve ser pensado e<br />

executado pelos clubes e pela federação de<br />

cada modalidade. Melhorar regulamentos,<br />

aumentar a incerteza do resultado e recrutar<br />

estrelas são algumas das opções.<br />

Criatividade e Inovação.<br />

E, pensar nas novas tecnologias como<br />

ferramentas amigas das marcas e do desporto.<br />

Criar uma maior ligação do fã com o clube<br />

onde a marca seja um condutor direto.<br />

Ofertas de bilhetes ou acesso ao estádio<br />

ou clube são boas oportunidades para<br />

fortalecer o lado emocional do adepto.<br />

Se a marca proporcionar essa aproximação,<br />

também ela se aproxima com o seu<br />

público-alvo.<br />

Outras práticas devem ser pensadas e utilizadas<br />

e serão apresentadas nas próximas<br />

edições desta revista.<br />

Este é um tema da maior importância e<br />

será frequentemente revisitado.<br />

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ENTENDENDO O QUE É O MARKETING DESPORTIVO<br />

Segundo Kotler, o marketing “é a ferramenta de gestão que tem como principal função lidar com<br />

os clientes, visando entender o cliente, criar uma forma de comunicação, fazer novos clientes e<br />

proporcionar ao cliente valor e satisfação”. Ainda segundo Kotler “o marketing pode ser interpretado<br />

como sendo a utilização dos recursos de uma empresa com o propósito de satisfazer aos<br />

desejos e as necessidades do consumidor”.<br />

Matthew Shank define marketing desportivo como “a aplicação específica dos princípios e processos<br />

de marketing aos produtos esportivos e ao marketing de produtos não-desportivos por meio<br />

da associação com o desporto.<br />

Numa pesquisa realizada no Reino Unido sobre a eficácia do marketing desportivo indica que o<br />

patrocínio tem mais impacto numa faixa etária mais jovem - dos 15 a 24 anos. Cerca de 40% dessa<br />

faixa etária assinalou que se sentem mais confiantes em consumir produtos de marcas que patrocinam<br />

eventos desportivos como as Olimpíadas ou o Mundial de clubes de futebol de seleções.<br />

O marketing é uma, se não mesmo a<br />

principal, ferramenta para o posicionamento<br />

de uma marca no mercado, e na<br />

angariação de novos clientes por parte das<br />

organizações. Aplicar recursos em marketing<br />

no desporto mostra-se uma aposta<br />

ganha e com retornos imediatos e de longa<br />

duração. Afirmar a marca em conjunto<br />

com um desporto ou uma competição,<br />

para além da divulgação, cria no adepto<br />

– público-alvo para as organizações – não<br />

só confiança mas um elo emocional que<br />

de outra forma seria difícil de conseguir.<br />

Por outro lado, existem competições desportivas<br />

que são assistidas por centenas ou<br />

mesmo milhares de milhões de pessoas,<br />

assim como atletas que são amados se<br />

não mesmo venerados por outros tantos.<br />

Despender alguns recursos nessas competições<br />

ou atletas leva as marcas a viajar<br />

um pouco por todo o mundo e a torna-las<br />

reconhecidas um pouco por todo o lado.<br />

Pudendo inclusive chamar a atenção por<br />

parte de pessoas que escapavam ao público-alvo,<br />

caso o processo de marketing<br />

apostasse em outro veículo de publicidade.<br />

O patrocínio ganhou um espaço considerável<br />

no que se refere à publicidade<br />

de marcas. É importante destacar, que<br />

hoje, as campanhas de marketing não se<br />

limitam a estampar o logotipo nas camisolas<br />

de um clube, mas muitas vezes, as<br />

empresas e as suas marcas transforma-se<br />

em parceiras dos clubes e desenvolvem<br />

um papel fundamental na contratação de<br />

atletas com maior nome, para que dessa<br />

forma aumentem a visibilidade do clube e<br />

por conseguinte a dos seus produtos e da<br />

marca em que mais apostam.<br />

A construção de arenas desportivas ou<br />

de centro de treino também entram nesta<br />

logica e o investimento das marcas é considerável,<br />

muitas vezes em troco no naming<br />

rights da infraestrutura. Ou seja, a<br />

infraestrutura fica com o nome da marca<br />

ou do produto que se pretende publicitar.<br />

Os estudos, na sua generalidade, demostram<br />

os ganhos obtidos pelas marcas<br />

e organizações na aposta do marketing<br />

desportivo, e apontam igualmente para<br />

o ainda défice de desenvolvimento que<br />

existe e nas inúmeras oportunidade de<br />

negócio que aqui existem.<br />

Para os clubes, os patrocínios e a aposta<br />

das marcas nas suas equipas é fundamental<br />

para a viabilidade económica. Pense-se no<br />

ciclismo, em que o patrocínio é a sua única<br />

fonte de recita estável, para se entender a<br />

sua importância. Deste modo, cabe também<br />

aos clubes demonstrar às marcas os<br />

benefícios da aposta nas suas equipas e<br />

atletas.<br />

Por fim, cabe salientar que o marketing<br />

desportivo, só atinge todos os seus objetivos,<br />

tanto para o clube como para a marca,<br />

se for planado e perfeitamente estruturado<br />

para que o retorno tanto em termos de<br />

imagem quer em termos financeiros atinja<br />

todo o seu potencial.<br />

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TREINO<br />

EM ALTITUDE<br />

As vantagens para os atletas do treino em altitude!<br />

Pedro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

A<br />

s metodologias de treino<br />

estão em constante transformação<br />

com o auxílio da<br />

medicina desportiva que esta<br />

em constante desenvolvimento. O desporto<br />

de alto rendimento e ao mais alto nível<br />

competitivo é definido por pormenores e<br />

é no treino que esses mesmos pormenores<br />

são conquistados. Nos últimos anos,<br />

tem-se ouvido insistentemente falar em<br />

treino de altitude como metodologia diferenciadora.<br />

Este tipo de treino é bastante<br />

proveitoso para atletas que compitam em<br />

provas de longa duração, e que procuram<br />

otimizar o seu organismo na produção<br />

de energia aeróbica, e assim aumentar a<br />

resistência e a performance.<br />

O organismo humano foi evoluindo, dada<br />

necessidade diária de água potável e espaços<br />

de mais fácil locomoção, para funcionar<br />

em pleno ao nível do mar. Ao nível<br />

do mar, o ar respirado contém aproximadamente<br />

21% de oxigénio, a percentagem<br />

certa para que o nosso sistema respiratório<br />

e cardiovascular funcione na medida<br />

exata. Na mesma simetria que subimos em<br />

altitude, o nível de oxigénio no ar desce, e<br />

é exatamente esse singularidade que se<br />

procura em treino em altitude. A dificuldade<br />

na captação de oxigénio em altitude<br />

por parte do corpo humano, propicia<br />

uma possibilidade interessante ao corpo<br />

do atleta. As primeiras alterações visíveis<br />

são o aumento dos batimentos cardíacos<br />

e do ritmo respiratório. O organismo,<br />

privado das concentrações ideais de oxigénio,<br />

ordena o aumento de produção<br />

de hemoglobina nos glóbulos vermelhos<br />

– a molécula com a responsabilidade do<br />

transporte do oxigénio. Como consequência,<br />

cada litro de sangue contém mais oxigénio<br />

que anteriormente e a eficiência do<br />

organismo para o transformar em energia<br />

é maximizada.<br />

Existem pelo menos três formas, legais, de<br />

obter os benefícios do treino em altitude.<br />

Treinar ao nível do mar e residir em altitude.<br />

Esta é a forma mais popular, a que<br />

de longe se conseguem melhores resultados<br />

e aquela que é igualmente<br />

mais testada. Desta forma<br />

consegue-se esforços físicos<br />

fortes e constantes no treino<br />

e angariar os benefícios do<br />

défice de oxigénio de viver<br />

parte do dia em altitude. Este<br />

treino deve durar uma média<br />

de 4 semanas. A dificuldade<br />

de locais onde facilmente se<br />

possa descer 2,000 ou 3,000<br />

mil metros diariamente para<br />

o treino, faz com que muitos<br />

atletas adquiram câmaras<br />

hipobáricas, que permitem<br />

um efeito semelhante.<br />

Morar ao nível do mar e treinar<br />

em altitude. Esta é uma técnica<br />

usada para competições desenvolvidas<br />

em altitude e totalmente desaconselhadas<br />

para competições ao nível do mar.<br />

o stress e esforço necessários para o treino<br />

em altitude afetará a performance ao nível<br />

do mar. O cansaço apareceria muito rápido.<br />

Esta é no entanto a melhor forma de<br />

aclimatização à altitude.<br />

Treinar e morar em altitude. Este conceito<br />

surgiu com a necessidade dos atletas se<br />

adaptarem à altitude para futuras competições<br />

também elas em altitude. E, de<br />

certa forma, este método de treino apenas<br />

funciona para a aclimatização em altitude<br />

e para competições que decorram<br />

nas mesmas circunstâncias do treino. Um<br />

regime contínuo de treino e vivência em<br />

altitude, mesmo fortalecendo a capacidade<br />

aeróbica do atleta, diminui a intensidade<br />

de treino. O que em pouco tempo<br />

diminui a performance. Esta modalidade<br />

de treino é totalmente desaconselhada em<br />

qualquer caso.<br />

Os treinos em altitude têm inúmeras vantagens<br />

e para muitos atletas pode ser o<br />

sistema de treino que lhe permita atingir<br />

os objetivos. Não é, no entanto, magia.<br />

Nem apropriada para todos os atletas ou<br />

para todas as modalidades desportivas.<br />

E, deve ser sempre planeada e arquitetada<br />

num plano mais amplo de treino.<br />

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Atualmente, existem já um serie numero de opções<br />

para atletas que pretendam<br />

treinos/estágios de<br />

media altitude, ou seja,<br />

um treino entre os 1550<br />

e 2500 metros de altitude.<br />

Os mais conhecidos<br />

e mais utilizados por<br />

atletas de topo situamse<br />

na serra nevada, em<br />

Espanha - Ilhas Canárias,<br />

Font Romeu, em França e<br />

Davos, na Suíça. O japão,<br />

na altura da preparação para as Olimpíadas de 2008,<br />

criou um fortíssimo centro de alto rendimento que<br />

inclui várias plataformas de alto rendimento.<br />

Quando se pensa em treino e altitude, pensa num<br />

treino feito em qualquer local situado entre os 1800 e<br />

os 6000 metros. Sendo que a altitude indicada, dados<br />

defendidos pela maioria dos autores, deve ser de 2200<br />

metros durante um período medio de 4 semanas.<br />

O défice de oxigénio - hipoxia estimula a produção de<br />

eritopetina (EPO) na<br />

medula óssea, o que<br />

por sua vez desperta a<br />

produção de glóbulos<br />

vermelhos e hemoglobina.<br />

Este processo<br />

otimiza a performance<br />

do corpo,<br />

nomeadamente na<br />

oxigenação dos músculos,<br />

o que traduz<br />

um melhoramento<br />

da performance na ordem dos 3%, de acordo com os<br />

últimos estudos apresentados. Foi com base nestes<br />

estudos, que conduziu muitos atletas ao consumo de<br />

EPO exógena, substancia proibida pela Agencia Mundial<br />

Anti Doping.<br />

A “Operación Puerto”, que dizimou os mais importantes<br />

ciclistas da altura, teve por base a utilização<br />

desta substancia.<br />

A<br />

EPO, ou eritropoitina -<br />

o seu nome técnico é um<br />

hormônio produzido nos<br />

rins, cuja função é controlar a eritropoiese,<br />

ou formação de células vermelhas do<br />

sangue. No desporto, no entanto, tornouse<br />

sinónimo de alteração de resultados<br />

pelo doping, principalmente no ciclismo,<br />

atletismo e natação.<br />

Vários atletas, tentando adquirir os efeitos<br />

e as vantagens de um treino em altitude,<br />

injetavam-se com este hormônio. Para<br />

além da falada ilegalidade, esta técnica<br />

é altamente prejudicial para a saúde do<br />

atleta. Com o aumento “não-natural” e<br />

exponencial dos glóbulos vermelhos, o<br />

sangue adquire uma espessura e viscosidade<br />

acima do normal, e que pode exigir<br />

demasiado do sistema cardiovascular e<br />

causar uma falha cardíaca.<br />

Uma segunda técnica, para simular de<br />

forma fraudulenta os benefícios do treino<br />

em altitude, consiste nas famosas transfusões<br />

de sangue. Coletar uma quantidade<br />

significativa de sangue do atleta, rica em<br />

oxigénio – após um efetivo treino em altitude,<br />

e durante a competição reintroduzilo<br />

no organismo. Esta técnica permite<br />

reganhar os efeitos do treino em altitude<br />

após esses mesmos efeitos se terem naturalmente<br />

perdido.<br />

Durante muito tempo, estas foram duas<br />

técnicas muito utilizadas no desporto de<br />

alta competição, devido à dificuldade de<br />

deteção dos controlos anti doping. De<br />

facto, aqui não existe nenhuma substancia<br />

exógena ao organismo e por norma os testes<br />

não conseguiam detetar qualquer irregularidade.<br />

Felizmente, a ciência evolui, o<br />

hoje estes procedimentos já são detetados<br />

em todos os testes anti doping de rotina.<br />

Vários casos mediáticos de atletas envolvidos<br />

na prática destas técnicas maliciosas,<br />

tornaram-nas conhecidas da maioria do<br />

grande público. A “operacion puerto” ou<br />

o medalhista olimpo Alex Schwazer, são<br />

disso bons exemplos.<br />

O consumo de EPO<br />

exógena provoca os<br />

mesmos efeitos que<br />

o treino em altitude.<br />

Dada a dificuldade,<br />

durante um longo<br />

período de tempo, desta<br />

substância acusar positivo<br />

para doping nas<br />

analises, foi utilizada<br />

frequentemente por<br />

vários atletas, nomeadamente,<br />

no ciclismo e no<br />

atletismo.<br />

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MOTIVAÇÃO PELO RECONHECIMENTO:<br />

O QUE AS EQUIPAS DESPORTIVAS TÊM A GANHAR COM AS<br />

NOVAS PRÁTICAS DAS CORPORAÇÕES EMPRESARIAIS .<br />

Ricardo Reis colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

A<br />

interação entre as equipas profissionais e as chefias<br />

nas grandes corporações empresariais têm mudado<br />

significativamente na última década. A globalização e<br />

a constante necessidade de inovação e diferenciação nos produtos e<br />

serviços prestados por essas mesmas empresas, fez com que se questionassem<br />

sobre qual a melhor forma de motivar e criar um elo mais<br />

duradouro com os seus funcionários que elevasse a performance<br />

individual de cada um deles e que posteriormente essa melhoria se<br />

refletisse na empresa e nos seus ganhos. O sistema hierarquizado e<br />

a cultura de competição constante que reinava até há bem pouco<br />

tempo, foi substituída por uma filosofia motivadora onde elevar a<br />

confiança e a moral de todos os funcionários é crucial. As empresas<br />

e os seus gestores, apoiadas em estudos científicos, principalmente<br />

na área da psicologia comportamental e da sociologia, conseguiram<br />

captar um conjunto de comportamentos e regras que permitiam<br />

incutir um maior índice de felicidade aos seus funcionários e eliminar<br />

um conjunto de práticas que faziam exatamente o oposto. Os<br />

resultados das empresas que seguiram esse caminho são esclarecedores<br />

desta nova abordagem.<br />

Olhar para o exemplo das empresas que seguiram a via acima<br />

apresentada e introduzi-las no desporto e na forma como a equipa<br />

técnica gere a sua equipa e interage com ela parece ser um desafio<br />

interessante e que traz consigo consequentes retornos.<br />

Este desafio torna-se mais precioso quando hoje existe a perceção,<br />

que na maioria das vezes é real, do distanciamento entre o atleta e a<br />

sua entidade patronal - o clube, a história deste e os valores que pretende<br />

representar. Motivar o atleta e engajar com ele um elo emocional<br />

torna-se então fundamental, não só para que a sua performance<br />

dentro de campo mas igualmente contornar os obstáculos quando o<br />

êxito não surge. Ou a titularidade. Ou uma proposta que sendo do<br />

interesse do atleta não é atraente para o clube.<br />

Um ponto fundamental, mas que muitas vezes é esquecido pelos<br />

clubes, é a necessidade das pessoas/atletas se sentirem uteis e uma<br />

das formas mais eficazes para as motivar é simplesmente reconhecelas,<br />

assim como a sua importância dentro da equipa, e o papel determinante<br />

que desempenha para o êxito do projeto. Este ponto deve<br />

ser encarado como uma necessidade básica, mal comparando, como<br />

a água necessária para o bom funcionamento do corpo humano.<br />

O reconhecimento individual dado a cada atleta não necessita de<br />

benefícios tangíveis visíveis (como prémio monetários), ou formalidades;<br />

não se trata de um benefício que tenha como objetivo alterar<br />

o desempenho do atleta, mas identificar a importância do individuo<br />

dentro da organização, o que pode ser verdadeiramente gratificante<br />

para este. A quase isenção de custos desta abordagem é igualmente<br />

uma vantagem para a organização, e o impacto positivo pode ser<br />

enorme. “ A crença cria a realidade”.<br />

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ATENAS: 10 ANOS<br />

DEPOIS<br />

Dez anos depois o cenário é desolador. Uma boa parte das<br />

arenas olímpicas usadas para o evento estão abandonadas,<br />

vandalizadas e com ervas daninhas a crescer um pouco<br />

por todo o lado.<br />

No dia 13 de Agosto deste ano assinalou-se a passagem<br />

dos dez anos dos Jogos Olímpicos de Atenas<br />

na Grécia. Passada esta década existe, no entanto,<br />

poucos motivos de comemoração no país berço<br />

das Olimpíadas modernas. Após derrotar a favorita<br />

cidade de Roma, e de uma fracassada candidatura<br />

para sediar as Olimpíadas de 1996, o povo grego<br />

encheu-se de orgulho e alegria e ostentando o sentimento<br />

patriótico com bandeiras um pouco por<br />

todo o país. Quando a euforia desvaneceu, Atenas<br />

foi confrontada com a dureza e as exigências de<br />

sediar um evento da envergadura das Olimpíadas.<br />

Chamadas de atenção e alertas vigorosos por parte<br />

do COI (Comité Olímpico Internacional) que podiam<br />

por em causa a organização do evento caso não<br />

se verificasse um aumento considerável dos esforços<br />

das autoridades gregas, que tinham em larga medida<br />

desperdiçado os primeiros três anos dos sete que<br />

dispunham de período de preparação até aos jogos.<br />

O risco de perder os jogos, obrigou as autoridades<br />

gregas a despesas e investimentos extras e o evento<br />

custou o dobro do originalmente orçamentando,<br />

ficando-se nuns extraordinários 9 mil milhões de<br />

euros. Com a agravante de as obras apenas se terem<br />

concluído poucos semanas antes do dia de abertura.<br />

Com o passar dos anos, a euforia e orgulho de sediarem<br />

as Olimpíadas foi desaparecendo, e em 2008 o<br />

preço chegou com a crise económica que apesar de<br />

ser mundial, na Grécia foi bem mais severa, algo que<br />

muito se deve aos gastos excessivos com os Jogos.<br />

Após mais de meia dúzia de anos de intensa crise<br />

financeira e social e duas intervenções por parte do<br />

FMI o legado das Olimpíadas de 2004 é ainda mais<br />

desolador, como as imagens que acompanham o<br />

artigo o tão bem o podem demonstrar.<br />

Muitas das arenas olímpicas forma abandonadas e<br />

as que ainda são utilizadas, são rentabilizadas com<br />

eventos não desportivos, como conferencias ou casamentos.<br />

Apesar de sempre negado pela Companhia<br />

de Propriedades Públicas da Grécia – entidade que<br />

desde 2011 assumiu muitas das arenas -, que as<br />

estruturas e edifícios não estão em más condições,<br />

a realidade afirma o oposto. Dez anos depois, a<br />

grande maioria dos espaços utilizados nesses Jogos<br />

estão completamente abandonados, com crescentes<br />

ervas daninhas como principal decoração, tal como<br />

o lixo e os habituais vandalismos.<br />

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Noah Rubin<br />

vencedor de<br />

Wimbedon <strong>2014</strong>-<br />

torneio de juniores<br />

TÉNIS<br />

FORMAÇÃO<br />

Os custos de formar um atleta juvenil até ao profissionalismo!<br />

Pedro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

O<br />

s desportos motorizados<br />

continuam a ser no imaginário<br />

da maioria dos adeptos,<br />

aquele que necessitam de mais encargos<br />

na formação juvenil. Porém, esta é<br />

uma noção cada vez mais errada, dado que<br />

inúmeras outras modalidades abrangem<br />

investimentos semelhantes e por vezes até<br />

superiores. O ténis é, surpreendentemente,<br />

um desses desportos. Talvez assim se compreenda,<br />

como diversos estudos o sugerem,<br />

que os países tidos como “potências”<br />

nesta modalidade se destacam de duas<br />

formas distintas: ou pelo seu rendimento<br />

per capita ou pelo seu desenvolvimento<br />

social e económico. Dai que países como<br />

a França, os Estados Unidos ou Espanha<br />

tenham vários dos seus atletas no Top<br />

100 mundial e países como Portugal ou<br />

Brasil, apenas consigam esporadicamente<br />

lugares de destaque, como foi a grande<br />

exceção Gustavo Kuerten, antigo número<br />

um mundial ou João Sousa, que no último<br />

ano ocupou persistentemente um lugar<br />

nos cinquenta melhores. Outros fatores,<br />

ligados com o próprio desenvolvimento do<br />

ténis e da sua tradição nesse país também<br />

têm influência, mas curiosamente bem<br />

menores. O desenvolvimento depende<br />

essencialmente da capacidade económica<br />

dos encarregados do atleta enquanto este<br />

é menor e da capacidade das entidades<br />

desportivas ou que tem a cargo a si o desporto<br />

juvenil. O caso das universidades<br />

nos Estados Unidos da América é paradigmático,<br />

assim como o apoio prestado<br />

pelo sector empresarial na Espanha. Estes<br />

dados levam-nos então a perguntar quanto<br />

custa formar um tenista até à sua maioridade<br />

e até poder disputar competições<br />

profissionais?<br />

A resposta como é compreensível não é<br />

una. Dependendo muito de região e do<br />

nível a que se eleva o treino, mas é possível<br />

partir de bases mínimas falamos de valores<br />

entre os €90000 a €100000 para todo<br />

o período de formação, ou seja, aproxi-<br />

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madamente 10 anos – dos 7 aos 17 anos.<br />

Referindo ainda, que a estes valores não<br />

foram somados o custo de todo o material<br />

necessário para a prática do ténis.<br />

E, se olhando para os valores eles parecem<br />

elevados, temos que reafirmar que se trata<br />

apenas dos custos mínimos, e que o “investimento”<br />

pode facilmente duplicar ou ir<br />

inclusive mais além. Olhemos algumas das<br />

razões para valores tão elevados.<br />

Um atleta dos 7 aos 9 anos de idade necessita<br />

de duas ou três aulas semanais em<br />

grupos de 4 atletas e pelo menos uma aula<br />

semanal individual, o que acarreta um<br />

custo mensal de €200 a €350, dependendo<br />

da região. Obviamente que dependendo<br />

da qualidade do treinador escolhido esse<br />

valor, mesmo nessas idades, pode facilmente<br />

disparar três ou quatro vezes os<br />

valores apresentados acima.<br />

Dos 10 aos 12 anos, um atleta necessita de<br />

pelo menos quatro a cinco treinos semanais<br />

em grupo e uma ou duas aulas particulares.<br />

Acrescenta-se ainda os custos dos<br />

primeiros torneios locais e alguns torneios<br />

regionais. Isto implicará um custo mensal<br />

na ordem dos €600 a €900.<br />

Somando mais um ano, aos 13 anos, o atleta<br />

necessita de pelo menos mais dois treinos<br />

de fitness individuais o que acrescenta<br />

entre €50 a €150 mensais ao valor anterior.<br />

Aos 15 anos, começa a definir-se o futuro<br />

do atleta, e aqueles que mostram mais<br />

qualidade, passam a competir em torneios<br />

nacionais, o que acrescenta anualmente<br />

pelo menos mais €3000, mas podendo ir<br />

a valores bem superiores. Por essa mesma<br />

ordem, alguns torneios internacionais também<br />

aparecem no horizonte por volta dessas<br />

idades, o que aumenta os custos em<br />

mais alguns milhares de euros. Acrescentase<br />

ainda, que a partir dos 16 ou 17 anos,<br />

os atletas que pretendam ser profissionais,<br />

necessitam de um treinador a tempo<br />

inteiro, o que dispara ainda mais os valores<br />

necessários. Um bom treinador custa no<br />

mínimo €5000.<br />

Olhando para estes valores acima, existe<br />

uma outra pergunta, economicamente vale<br />

a pena o investimento? Posta desta forma,<br />

a resposta não é muito animadora. Apenas<br />

os atletas do Top 100 mundial conseguem<br />

ganhar dinheiro com este desporto e<br />

apenas os 60 melhores atletas conseguem<br />

retirar dividendos suficientes para uma<br />

vida confortável, sendo que os verdadeiros<br />

ganhos vêm dos patrocinadores e isso apenas<br />

alguns, muito poucos, o alcançam.<br />

No entanto, não podemos reduzir o ténis<br />

ou o desporto em geral apenas do ponto de<br />

vista financeiro e económico, muitos outros<br />

fatores têm de ser levados em consideração<br />

para olhar este deporto como profissão.<br />

Destes valores acima apresentados, fica-nos<br />

igualmente a ideia que é preciso repensar<br />

a forma como se pensa o ténis nos países<br />

de língua portuguesa para que possamos<br />

num futuro próximo ter mais que apenas<br />

exceções no circuito profissional.<br />

O custo de formação de<br />

um tenista varia entre<br />

os €90000 a €100000 –<br />

valores mínimos<br />

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POR ONDE PASSA O FUTURO DESTA MODALIDADE?<br />

QUE DESAFIOS? E QUE SOLUÇÕES?<br />

Não é segredo algum que o ciclismo profissional ao<br />

mais alto nível se encontra num ponto alarmante<br />

de inflação e necessita de uma rápida viragem na<br />

sua organização e estrutura competitiva e no seu<br />

modelo de negócio para assegurar no limite a sua<br />

sobrevivência como desporto de elite. Neste seguimento, basta<br />

olhar para o que está a acontecer com o ciclismo profissional em<br />

Espanha, uma potência mundial neste desporto desde sempre,<br />

tem vindo a perder equipas profissionais de forma preocupante,<br />

inclusive na UCI ProTeam – a primeira liga do ciclismo mundial.<br />

A crise económica mundial que se iniciou em 2008 mas que<br />

persiste na Europa, pode ser um dos principais culpados para o<br />

declínio deste desporto, até porque é na Europa que se disputam as<br />

principais provas e é também na Europa onde se sedeiam as principais<br />

equipas e patrocinadores. Mas, infelizmente, os problemas<br />

do ciclismo profissional não se ficam por aqui. O ProCycling vive<br />

ainda extramente diminuído com os inúmeros casos de doping,<br />

mal com o qual conviveu na sua história mas que têm aumentado<br />

de mediatismo nos últimos dez anos, com casos como o Giro de<br />

2001, “Operación Puerto” em 2006 ou a recente retirado dos sete<br />

triunfos a Lance Armstrong da volta a frança. Neste sentido, a<br />

situação geral no ciclismo profissional é bem complexa mas necessita<br />

de medidas urgentes para ultrapassar os vários desafios que vai<br />

encontrar nos próximos anos e que iremos descrever nas próximas<br />

linhas, influenciados pelas perspetiva de Hein Verbruggen, antigo<br />

presidente da UCI (Union Cycliste Internationale) – de 1991 a<br />

2005-, sendo agora presidente honorário desta mesma instituição.<br />

O primeiro dos desafios é a estrutura comercial deste desporto,<br />

onde existem três entidades chave: os organizadores das corridas/provas,<br />

as equipas de ciclismo profissional e os atletas.<br />

Reconhecendo que cada um destes grupos tem interesses e objetivos<br />

diferentes, nenhuma das organizações que tutelam estes<br />

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mesmos grupos tem um poder efetivo. Organizações como AIOCC<br />

(Associação Internacional de Organizadores de corrida de ciclismo) ou<br />

AIGCP (Associação Internacional des Groupes Cyclistes Professionels)<br />

ou CPA (os Cyclistes Professionnels Associés) detém pouca ou nenhuma<br />

capacidade governativa ou de influenciarem positivamente os acontecimentos<br />

de forma a atenderem aos seus objetivos. Neste particular, a<br />

organização ASO (Amaury Sport Organisation), que tutela entre outras<br />

a volta a frança, detém bem mais poder que a AIOCC. Dar poder as<br />

organizações acima mencionadas e criando-lhes objetivos comuns tem<br />

de passar no imediato como uma das medidas de forma a reformular a<br />

organização do ciclismo e com ele se move nos bastidores. É importante<br />

relembrar que a UCI é acima de tudo um jogador comercial no campeonato<br />

mundial de ciclismo.<br />

O segundo problema que necessita de uma intervenção imediata é o<br />

muitíssimo baixo volume de negócios a nível global que o ciclismo<br />

profissional movimenta por ano. A impossibilidade de cobrança de<br />

bilhetes aos seus adeptos, os baixos prémios por vitória e a dependência<br />

quase em exclusivo dos patrocinadores dificultam imenso a viabilidade<br />

económica desta modalidade e das suas equipas e dos seus atletas. Esta<br />

falta de capacidade de gerar receitas, mostra-se também ser um forte<br />

entrave na angariação de novos atletas, que são obrigados a ponderar<br />

muito bem quando e se a profissionalização é a melhor opção. Optar<br />

por uma estratégia semelhante à encontrada pela F1, onde o licenciamento<br />

das corridas leva a que as cidades/países sede investam consideráveis<br />

valores para acolher o evento e esperar depois esse retorno como<br />

destino turístico ou como promoção das suas marcas ou empresas.<br />

Financeiramente, os grandes beneficiários do ciclismo profissional são<br />

os organizadores das provas, em grande medida pelas receitas televisivas.<br />

As receitas televisivas levam-nos ao terceiro grande desafio, a<br />

agregação dos direitos televisivos, que de regra geral são “vendidos”<br />

individualmente. Para se ter a noção da dificuldade neste ponto,<br />

existem cerca de 700 contratos de televisão de corridas diferentes, o<br />

que é de grande vantagem para as emissoras de televisão mas péssimo<br />

para o ciclismo profissional e os seus principais agentes. Centralizar os<br />

direitos televisivos é primordial de forma a fazer crescer este enorme<br />

potencial de receitas.<br />

O quarto desafio é diminuir o domínio esmagador da ASO que parece<br />

pouco interessada em cooperar com as entidades desportivas desta<br />

modalidade desportiva, e dividir um pouco mais os quase 70% das<br />

receitas totais de televisão. Assumindo como possível a centralização<br />

dos direitos de televisão, a diminuição da percentagem de ganhos poderia<br />

não significar uma diminuição bruta dos dividendos económicos<br />

da ASO, mas infelizmente, esta organização parece não querer apostar<br />

neste novo modelo de negócio.<br />

Muito mais há a pensar e ainda mais há a fazer para que o ciclismo<br />

entre no século xxi, e se modernize, assim como existe ainda um<br />

longo caminho para que a imagem negativa que hoje é associada a esta<br />

modalidade se dissipe e possamos olhar para este desporto sem qualquer<br />

desconfiança. É imperativo que mudanças aconteçam num curto<br />

espaço de tempo, para que este tão belo desporto não se torne numa<br />

sombra do que já foi.<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

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PORTUGAL<br />

E OS ELEFANTES BRANCOS<br />

Câmaras gastam aproximadamente<br />

20 milhões de euros<br />

anualmente nos estádios<br />

municipais do Europeu 2004.<br />

POUCA OU NENHUMA UTILIZAÇAO DE MUITAS DAS ARENAS DESPORTIVAS<br />

É O LEGADO MAIS NEGATIVO DO EURO 2004<br />

A<br />

euforia portuguesa de há 15 anos era compreensível<br />

e vital para um país que vivia há muito anos com<br />

a cabeça em baixo, vergado por um século de vida<br />

difícil e um regime ditatorial que durou quase 50<br />

anos. Mas no final dos anos 90, Portugal mudava o seu rumo.<br />

Ajudada pelos dinheiros europeus, a economia portuguesa tornava-se<br />

dinâmica e evoluía num sentido muito positivo. Os portugueses<br />

ganhavam algum poder de compra e as suas vidas, vividas<br />

até ai sempre com dificuldade, melhoram consideravelmente.<br />

As universidades enchiam de jovens de todas as classes sociais.<br />

A saúde tinha evoluído em menos de uma década o que levou<br />

o dobro ou o triplo para maioria dos países europeus. De certo<br />

modo, Portugal estava a sair da “cauda da Europa” e decidiu dizer<br />

ao mundo isso mesmo, com a realização de dois megaeventos, a<br />

Expo 98 e o Europeu de futebol em 2004. O investimento da Expo<br />

98 - rondou os 5 mil milhões de euros, incluindo as acessibilidades<br />

como a ponte Vasco da Gama e a Gare do oriente. Por seu lado, O<br />

estado português gastou com o euro 2004 um valor não inferior a<br />

1035 milhões de euros. Alguns exemplos dos gastos são: estádios<br />

(384 milhões), acessibilidades (228 milhões) e apoios indiretos das<br />

câmaras do Porto (152 milhões) e de Lisboa (59 milhões).<br />

O legado da Expo 98 é pacífico entre os portugueses, mesmo<br />

o que retorno económico tenha ficado aquém do prometido.<br />

Lisboa - capital de Portugal reabilitou-se e ganhou mais 5 km com<br />

este evento. A zona oriental da cidade, antiga Doca dos Olivais,<br />

transformou-se, dando lugar a amplos espaços verdes com ligação<br />

ao rio tejo e ganhou diversos pavilhões inovadores dos quais se<br />

destacam o Oceanário – um dos maiores do mundo. A mobilidade<br />

entre a cidade melhorou bastante com o ampliamento do número<br />

de linhas e estações do metro e um novo interface de transportes.<br />

Quase dez anos depois, o que mais se destaca são os “Elefantes<br />

brancos”, os estádios com pouco ou nenhuma utilização e rentabilidade<br />

económica, que se transformaram numa enorme dor de<br />

cabeça, nomeadamente para os autarcas. Relembramos que uma<br />

boa parte das arenas desportivas criadas de raiz para o europeu<br />

ficaram a cargo das autarquias.<br />

A cidade de Braga paga 6 milhões por ano à banca, Leiria paga 5<br />

milhões anuais só em amortizações e juros e Aveiro desembolsa<br />

quatro milhões no pagamento de empréstimos e manutenção. Faro<br />

e Loulé, em conjunto, pagam 3,1 milhões por ano e Coimbra, que<br />

é aquela que tem os custos mais baixos, transfere 1,8 de euros para<br />

a banca. Simplificando, as câmaras que construíram recintos para<br />

o Euro 2004 gastam anualmente 19,9 milhões de euros.<br />

A isto soma-se mais 6,1 milhões distribuídos entre a câmara de<br />

Guimarães e a câmara do Porto pelos apoios que deram aos clubes<br />

locais. A autarquia contraiu empréstimos de 89,8 milhões de<br />

euros, estando<br />

previsto que este ano pague à banca seis milhões de euros, além<br />

de pagar os empréstimos bancários, assume ainda uma parte da<br />

manutenção da arena desportiva.<br />

Estes custos tornam-se insuportáveis para autarquias já extremamente<br />

endividadas e em cima da mesa, particularmente no estádio<br />

de Aveiro, já esteve a proposta de impulsão da arena desportiva.<br />

Felizmente, a proposta nunca foi avante, tendo sido permanentemente<br />

afasta.<br />

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />

Estadio do Aveiro<br />

A expressão elefante branco tem origem na mesma expressão usada na Índia e Tailândia para designar os grandes elefantes brancos,<br />

um animal sagrado que não podia ser usado em trabalho. Muitas vezes, o rei ou o senhor de determinada região, oferecia um destes<br />

animais a um cidadão que se tivesses positivamente destacado. O animal era então protegido e alimentado a partir da oferenda do rei<br />

por parte do cidadão. Notando que algum proveito económico poderia advir do animal. Na prática, isso significava que esse cidadão<br />

possuía algo extramente valioso mas que não raras vezes se transformava numa despesa insustentável e que o levava, na maioria dos<br />

casos, à ruina. Nos últimos anos, temos visto a reutilização desta expressão para descrever as arenas desportivas, nomeadamente estádios<br />

de futebol, que somam o facto de não terem uso desportivo nem rentabilidade económica uma despesa anual significativa.<br />

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FUTEBOL:<br />

ZONA 14<br />

O QUE É? ONDE FICA? QUEM LÁ JOGA?<br />

E QUAL A IMPORTÂNCIA?<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

NO desporto, como o temos vindo a salientar, tornouse<br />

em todas as áreas impressionantemente profissional<br />

e aproximou-se de ferramentas que possibilitam<br />

análises mais científicas deixando progressivamente<br />

de lado observações empíricas. No futebol, os<br />

últimos anos têm sido de grandes mudanças, nomeadamente na<br />

análise de desempenho de jogadores e equipas. Destas análises<br />

tem-se chegado a interessantes conclusões. Uma das mais importantes<br />

é da “Zona 14”.<br />

Pela foto de capa deste artigo é possível percecionar a área geográfica<br />

no campo a que pertence a zona 14. E as inúmeras pesquisas<br />

realizadas apontam-na como um fator-chave para as equipas<br />

conseguirem resultados positivos e para chegarem ao que mais<br />

desejam, o golo. Esses mesmos estudos apontam quatro formas<br />

chaves como as equipas vencedoras exploram a esta área: Maior<br />

utilização e procura – tanto de dentro dazona para fora como de<br />

fora para dentro, maior número de passes de rutura a partir desta<br />

local geográfica do terreno, e maior capacidade de recuperar a bola<br />

neste local.<br />

Existem inúmeros bons exemplos de equipas que exploraram e<br />

exploram particularmente bem a Zona 14 e se deram extremamente<br />

bem com isso. O primeiro exemplo é a seleção francesa<br />

campeão do Mundo e da Europa em 1998 e 2000, respetivamente.<br />

Com Zidane frequentemente a aparecer e a fazer a diferença.<br />

Uma equipa que explorou como nenhuma outra a Zona 14 foi o<br />

Barcelona de Guardiola, que com Iniesta e Messi e um pouco mais<br />

atrás Xavi fazia circular sistematicamente a bola nessa área do<br />

relvado na procura de desequilíbrios e passes de rutura. Um outro<br />

bom exemplo, é o da equipa do Manchester United campeã da<br />

Europa em 1999, que no anterior seculo possuía um dos maiores<br />

índices de passes e de utilização na Zona 14.<br />

Por norma a Zona 14 é “habitada” por jogadores com dotes técnicos<br />

acima da média, e jogam nas posições de segundo avançado centro,<br />

o número 10 – o organizador de jogo ou o que atualmente é comum<br />

pelo médio box-to-box. O uso eficaz desta zona passa por passes<br />

positivos e de ataque e sempre para a frente. Um passe nesta zona<br />

tem quatro vezes mais hipóteses de êxito.<br />

O tempo de utilização desta área é também crucial e não deve ultrapassar<br />

os 8 segundos ou as chances de êxito diminuem consideravelmente,<br />

sendo que o tempo ideal seria de 2,7 segundos.<br />

Em jeito de conclusão, a zona 14 está localizada fora da área de<br />

grande penalidade, e demostrou-se que equipas com um maior<br />

número de êxitos são aquelas que usam mais frequentemente esta<br />

zona.<br />

A forma mais eficaz de utilizar esta zona geográfica do terrono de<br />

jogo é o passe para a frente e executado rápidamente.<br />

Por fim, é nesta zona que se registam as maiores taxas de sucesso<br />

em passes de rutura, quatro vezes superiores às encontradas nas alas.<br />

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Xavi, Iniesta, Zidane<br />

ou Lionel Messi são<br />

alguns dos Mestres<br />

da zona 14 que<br />

sabem como fazer a<br />

diferença ”<br />

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SERÁ ESTE O CAMINHO?<br />

LIMITAÇÃO DE ESTRANGEIROS:<br />

O CASO DO CAMPEONATO RUSSO DE FUTEBOL<br />

O GOVERNO DA RÚSSIA QUER REDUZIR PARA SEIS O NÚMERO DE FUTEBOLISTAS<br />

ESTRANGEIROS NOS CLUBES DO PAÍS<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

A motivação do governo russo passa por potenciar a progressão<br />

dos jogadores russos e tornar mais competitiva a<br />

sua seleção de seniores no panorama mundial.<br />

E<br />

m muitos países Europeus a progressão dos<br />

seus jogadores nacionais nas principais equipas<br />

de futebol é restrita e ameaçada pelo elevado<br />

número de estrangeiros que participam nos seus<br />

campeonatos. Países como a Inglaterra, Portugal, Itália, França<br />

ou Rússia são alguns dos melhores exemplos, e como tal não é<br />

de estranhar que sistematicamente apareça no debate púbico<br />

a limitação de atletas estrangeiros nos clubes como forma de<br />

fazer progredir com mais facilidade os jogadores nacionais. Até<br />

agora, esta ideia nunca passou das palavras, em vista inclusive<br />

das normas europeias que negam como principio tal limitação,<br />

mas a Rússia, país não pertencente à União Europeia e como<br />

tal obrigada a respeitar os seus tratados, parece estar a avançar.<br />

O ministro russo, Vitaly Mutko, afirmou no início do mês<br />

de Setembro que está em preparação uma lei que visa reduzir<br />

drasticamente o número de jogadores estrangeiros nos diversos<br />

campeonatos. A este respeito Mutko disse: ” “Queremos que<br />

os desportistas russos tenham um papel de primeiro plano<br />

nos clubes do país”. É importante relembrar que esta intensão<br />

de decisão surge a quatro anos do mundial de futebol sediado<br />

no país russo, e onde certamente os russos quererão fazer boa<br />

figura.<br />

Nos clubes de futebol pretende-se reduzir o número de<br />

estrangeiros a seis. A limitação não pretende restringir-se<br />

apenas nos clubes de futebol, e para os clubes de hóquei no<br />

gelo, voleibol e basquetebol não deve haver mais três atletas<br />

estrangeiros.<br />

Talvez se compreenda mais facilmente esta decisão olhando para<br />

as declarações do italiano Fabio Capello, selecionador russo,<br />

em que se lamentava do reduzido número de jogadores selecionáveis<br />

para o campeonato do mundo de futebol, que se veio<br />

a provar uma desilusão para os russos. A melhor equipa russa<br />

dos últimos anos, o Zenit São Petersburgo – treinada pelo português<br />

Villas-Boas, para dar um exemplo, tem doze estrangeiros<br />

no seu plantel, sendo a grande maioria titular. O espaço para os<br />

jogadores nacionais é reduzido.<br />

Mas, é este o único caminho? Se por um lado achamos ser compreensível<br />

e entendemos as intenções do ministério do desporto<br />

russo, por outro lado parece-nos que existem outras medidas<br />

mais favoráveis para alcançar os mesmos objetivos sem que<br />

para isso seja necessário apostar numa estratégia de “mercado<br />

futebolístico protecionista”.<br />

Na nossa opinião existem pelo menos duas abordagens que<br />

devem ser iniciadas e protegidas antes de avançar para uma<br />

medida como aquela que se pretende implementar no campeonato<br />

russo: aumentar o numero e levar a qualidade dos centros<br />

de estágios jovens e assumir para as seleções nacionais o crescimento<br />

dos jovens jogadores nacionais, entre os 20 e os 25 anos,<br />

quando tal não acontece nos clubes.<br />

O mercado e o negócio do futebol dão cada vez menos espaço<br />

aos jogadores da casa, e medidas e novas abordagens têm necessariamente<br />

de ser pensadas, desenhadas e depois implementadas.<br />

Que medidas devem ser essas. Essa é uma pergunta que<br />

deixamos aos nossos leitores e que esperamos uma réplica na<br />

nossa plataforma online.<br />

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GARRINCHA<br />

A “ALEGRIA DO<br />

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MANÉ<br />

GARRINCHA<br />

O MITO<br />

E O HOMEM<br />

Etiam eu eros nisl. Nunc<br />

elementum porttitor<br />

quam sed consequat.<br />

Vivamus purus nibh,<br />

condimentum sed porta<br />

non portis liberum.”<br />

:<br />

POVO”<br />

Quem é o melhor jogador de futebol de<br />

todos os tempos? Sempre que este debate<br />

surge, seja na televisão feita por especialistas<br />

ou no café entre amigos, dois nomes se<br />

destacam: Pelé e Maradona. Nos últimos<br />

anos Lionel Messi vai ameaçando entrar<br />

nesta luta. Inexplicavelmente o nome<br />

de Manuel Francisco dos Santos, Mané<br />

Garrincha ou simplesmente Garrincha,<br />

nunca é mencionado. Talvez a rivalidade<br />

Brasil com a Argentina, faz com que mesmo<br />

os seus conterrâneos puxem por Pelé e se<br />

esqueçam d´ “O Anjo das Pernas Tortas”,<br />

nome pelo qual Garrincha também é conhecido.<br />

O vídeo, que só começou em 62,<br />

falhando os melhores anos de Garrincha,<br />

também ajudará a explicar o seu esquecimento.<br />

Contudo, o principal fator há-de<br />

ser o próprio Garrinha, a sua personalidade,<br />

ser antissistema, o alcoolismo, a vida<br />

boémia que levou pós futebol, e ter vivido<br />

os seus últimos anos em total miséria.<br />

Com o surgimento das plataformas de<br />

partilha de vídeos, existe toda uma nova<br />

geração a descobrir este craque e muitos<br />

outros a relembrar porque este homem é o<br />

melhor ponta direita de sempre do futebol<br />

Mundial.<br />

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Manuel Santos, de sangue índio, nasceu no<br />

seio de uma família extramente humilde a<br />

28 de Outubro de 1933, em Pau Grande,<br />

uma pequena localidade a 70km do Rio<br />

de Janeiro. Ganhou alcunha que o haveria<br />

de acompanhar para toda a vida pelo rebatismo<br />

da sua irmã Rosa, que encontrou<br />

semelhanças entre ele e uma ave chamada<br />

Garrincha, uma ave irrequieta e que recusava<br />

o cativeiro. Diga-se aliás que o amor<br />

aos pássaros era uma das grandes paixões<br />

de Garrincha.<br />

Começou a jogar futebol no clube da<br />

sua terra aos 15 anos, e a sua verdadeira<br />

oportunidade chegou tarde, apenas aos 19.<br />

Depois de recusado em vários dos grandes<br />

clubes da cidade do Rio de Janeiro, e<br />

sem interesse por parte deste pelo seu ar<br />

“aleijado”, Garrincha chegou ao Botafogo<br />

para um teste. Teste esse que é hoje uma<br />

das maiores lendas do futebol brasileiro:<br />

um rapaz que nem chegava ao metro e<br />

setenta de altura, com as pernas tortas e a<br />

perna direita seis centímetros mais pequena<br />

que a direita enfrentou no primeiro<br />

treino Nilton Santos, o lateral-esquerdo<br />

da seleção brasileira, e fintou-o e driblou<br />

várias vezes.<br />

O Botafogo havia de se tornar no clube<br />

de toda a sua carreira. Ao todo 95% dos<br />

seus jogos profissionais foram lá jogados,<br />

sagrando-se tricampeão carioca. Já em<br />

final de carreira havia de jogar , em curtas<br />

passagens, pelo Sport Club Corinthians<br />

Paulista, Clube de Regatas do Flamengo e<br />

no Olaria Atlético Clube.<br />

Fora dos campos, Garrincha casou-se com<br />

Nair, namorada da infância, com quem<br />

teve nove filhas. Separou-se de Nair e foi<br />

casado com Elza Soares por 15 anos. Os<br />

dois tiveram um filho, Manuel Garrincha<br />

dos Santos Júnior – que faleceu ainda bem<br />

jovem aos nove anos de idade, num acidente<br />

automobilístico.<br />

Vivendo sempre uma vida ao som das suas<br />

vontades, Garrincha nunca foi um atleta<br />

exemplar. Demasiado álcool e constantes<br />

aventuras sexuais fizeram com que nem<br />

sempre Garrincha estivesse ao seu melhor<br />

e a vitória escapou-lhe por muitas vezes.<br />

Mas jogava o futebol como vivia, apontando<br />

apenas para a diversão, a sua e a<br />

dos adeptos. Por isso recebeu a alcunha de<br />

“Alegria do Povo”.<br />

Garrincha realizou 60 jogos pela seleção nacional do<br />

Brasil, apontou 16 golos e foi 2 vezes campeão do Mundo:<br />

1958 e 1962. Em 62, com Pelé lesionado, Garrincha<br />

fez o mesmo que Maradona consegui com a Argentina<br />

em 86: ser a figura principal e marcar os golos mais decisivos.<br />

Como se costuma dizer: ser “campeão sozinho”.<br />

Garrincha assinou algumas das páginas mais brilhantes da seleção<br />

brasileira. Foi campeão mundial em 1958 e 1962. Estrou-se no<br />

mundial de 58 pela amarelinha, na suécia, mas podia nem ter sido<br />

convocado tal era a desconfiança que cai sobre si por parte do<br />

selecionador, que muitos acusavam de preferir jogadores brancos<br />

a jogadores negros. João Máximo conta: “Antes da Copa de 1958,<br />

a selecção contratou um psicólogo para examinar os jogadores.<br />

O Nilton Santos foi um dos primeiros a fazer os testes, em que<br />

tinham, por exemplo, de botar um triângulo dentro do círculo,<br />

depois um quadrado dentro do triângulo. O Nilton percebeu que<br />

algo ia correr mal com o Garrincha e disse ao médico: ‘doutor, vem<br />

aí um rapaz chamado Garrincha. Ele não vai saber nada disso que<br />

o senhor está pedindo, mas não liga não, porque ele joga muito<br />

futebol’. Não sei o que aconteceu lá dentro, mas o João Carvalhais,<br />

o psicólogo, aprovou o Garrincha.”<br />

Com Garrincha em bom plano, o Brasil conquistou o primeiro<br />

trofeu mundial; seleção onde também aparecia Pelé com apenas 17<br />

anos, mas já um “craque”.<br />

A consagração de Garrincha aconteceu 4 anos depois, no Mundial<br />

no chile. Com a dupla Pelé e Garrincha o Brasil partia como claro<br />

favorito. Mas Pelé lesionou-se gravemente no segundo jogo, contra<br />

a Checoslováquia, e não atuou mais nesse Mundial. Garrincha<br />

assumiu então as rédeas da equipa, “sem Pelé, apareceu o Mané”, e<br />

conduziu o seu país a um novo triunfo. Tal como acontece aos melhores<br />

atletas, Garrincha superou-se e mostrou atributos que até ai<br />

eram pouco habituais como golos de cabeça ou de pé esquerdo.<br />

“Garrincha, de que planeta vienes?”, foi a capa do jornal chileno<br />

El Mercurio. L’Équipe descreveu-o como “o ponta-direita mais<br />

extraordinário que o futebol já conheceu.” O mundial de 62 tornou<br />

Garrincha em uma lenda.<br />

Haveria de novo de jogar em um Mundial – na Inglaterra em 66,<br />

mas Garrincha era já uma sombra do que fora. A idade e a vida<br />

de excesso começaram a ganhar vantagem ao génio. O brasil sairia<br />

eliminado na fase de grupos com duas derrotas frente à Hungria<br />

e a Portugal.<br />

Depois disso jogaria mais seis anos. Mas não mais no seu Botafogo.<br />

E não mais com o seu génio, que só a espaços aparecia. O álcool<br />

tornou-se ainda mais presente na sua vida. Depois do futebol era<br />

a única coisa que passou a conhecer. Assim como a pobreza com<br />

que voltaria a criar laços de intimidade.<br />

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Uma das suas características<br />

mais notadas<br />

era o fato de ter as pernas<br />

tortas. A sua perna<br />

direita, seis centímetros<br />

mais curta que a<br />

esquerda, era curvada<br />

para o lado esquerdo, e<br />

a perna esquerda seguia<br />

o mesmo sentido. Segundo<br />

o biógrafo Ruy<br />

Castro, Garrincha teria<br />

nascido assim. Outros<br />

depoimentos apontam<br />

essa característica como<br />

sequela de uma poliomielite.<br />

“Houve um brasileiro melhor que Pelé: Garrincha. Tinha uma perna<br />

torta e outra normal, como podia fazer tudo aquilo? Era um paralítico.<br />

Ele era muito melhor do que todos nós, mas era do povo, gostava de<br />

uma bebida que não era água e, por isso, ficou marginalizado”, Eusebio,<br />

ex.jogador de futebol, eleito como um dos 10 melhores de sempre pela FIFA.<br />

Garrincha foi um fenômeno que ultrapassou as fronteiras do<br />

futebol. Foi um artista que inspirou artistas por toda a américa<br />

do sul. O escritor uruguaio, Eduardo Galeano, escreveu: “Quando<br />

ele estava em campo, o gramado virava um picadeiro de circo: a<br />

bola se tornava um animal amestrado e a partida, um convite para<br />

a festa”. No mesmo texto Galeano descreveu perfeitamente o que<br />

era este futebolista com a bola: “Garrincha defendia o seu bicho de<br />

estimação — a bola — e juntos faziam travessuras que matavam o<br />

público de rir. Ele pulava sobre a bola, ela saltava sobre ele e depois<br />

se escondia. Ele fugia dela e ela o alcançava. Enquanto isso, os<br />

adversários se chocavam entre si”.<br />

Foi um génio. Um génio improvável. As suas pernas tortas não<br />

o deveriam deixar jogar futebol. A sua personalidade também<br />

não. João Máximo a esse respeito escreveu: “O Garrincha, como<br />

o Brasil, não poderia ter acontecido. E, como o Brasil, aconteceu.<br />

Um era analfabeto, aleijado, alcóolatra. O outro é enorme, com o<br />

número de analfabetos e a corrupção que teve, não era para acontecer,<br />

mas aconteceu”.<br />

Depois do futebol, a vida de Garrincha foi difícil. Decadente.<br />

Triste. Voltou à pobreza. O alcoolismo levou-lhe a melhor.<br />

Frequentemente era apanhado embriago, desmaiado na rua, e<br />

levado para as urgências do hospital. Em 1983 e com 49 anos<br />

Garrincha morreu. Jovem e em desgraça. As tragedia acompanharam-no<br />

sempre. Atropelou o pai. Num acidente de viação, em<br />

1969, em que Garrincha conduzia o carro acabaria por ser fatal<br />

para a sua sogra. O seu filho com Elza Soares, como já falado,<br />

acabaria por falecer também num acidente de automóvel. E o<br />

mesmo aconteceria com outro seu filho, Nenem, falecendo nas<br />

estradas portuguesas.<br />

O que poderia ser Garrincha no futebol atual é difícil de imaginar.<br />

Seria um génio ainda maior? Talvez o fosse. Os relvados são melhores.<br />

Os equipamentos também. E todo o seu talento estaria lá.<br />

Mas, num futebol de regras inamovíveis e táticas inalteráveis seria<br />

a sua personalidade compatível? Poderia ele deixar-se “prender”?<br />

Não sei. Sei apenas que Garrincha é a imagem do jogador que<br />

todo o menino sonha ser. Com os seus dribles impossíveis e que<br />

desafiavam as leis da física. A arte dos seus golos. Um ídolo que<br />

talvez até pela sua morte prematura é mitificado pelos adeptos do<br />

seu país. Mas em grande medida esquecido pelo resto do Mundo.<br />

Esperemos que o seu nome carimbado no estádio de Brasília leve<br />

as pessoas fora do Brasil a perguntarem-se quem era este homem.<br />

Quem o fizer não se irá arrepender.<br />

Quando Garrinha morreu, eu ainda não tinha nascido. Nunca tive<br />

a oportunidade de o ver jogar em direto. Tenho pena. Muita pena.<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

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EXOSQUELETOS BIOMECÂNICOS<br />

SÃO O FUTURO DO DESPORTO?<br />

PODEMOS CRIAR SUPER-HOMENS PARA O DESPORTO! MAS SERÁ UMA POSITIVO?<br />

Pedro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

No ano de <strong>2014</strong>, um paraplégico<br />

deu simbolicamente o<br />

pontapé de saída na Copa<br />

do Mundo no Brasil, servindo-se<br />

para o efeito de um exosqueletos<br />

biomecânicos, num projeto desenvolvido<br />

por um neurocientista brasileiro Miguel<br />

Nicolelis. Em Fukushima, após o acidente<br />

nuclear, foi necessário fortes trabalhos de<br />

refrigeração. Esta dura tarefa, para além de<br />

muito perigosa e obrigar os trabalhadores<br />

a arriscarem a vida, tinham ainda que<br />

transportar fatos antirradiação que pesam<br />

cerca de 60 quilos. A robótica solucionou<br />

esse problema com o desenvolvimento de<br />

exosqueletos -extensões eletromecânicas<br />

do corpo humano que conferem super<br />

poderes.<br />

“O que o exosqueleto faz é aumentar a<br />

capacidade do operário para transportar<br />

o fato e se deslocar no interior da central<br />

e aumentar a duração do trabalho, ou<br />

seja, consegue ficar lá dentro mais horas a<br />

trabalhar porque é o exosqueleto que faz o<br />

esforço, ele tem de fazer depois a operação<br />

ao nível do pormenor, a carga quem transporta<br />

é o exosqueleto e não o próprio.”<br />

Garantiu Jorge Martins, investigador do<br />

Instituto Superior Técnico, em entrevista<br />

ao Expresso online.<br />

Temos ainda que estes dispositivos já<br />

começam a ajudar os pacientes a reaprender<br />

a andar e a correr com segurança, permitindo<br />

que sentiu o peso do corpo para<br />

ser diminuída por todo o caminho até 80%<br />

de desconto (similar a Alter-G a escada<br />

rolante). Isto permite que um paciente<br />

para reconstruir a força e o exosqueleto<br />

também poderia ser usado para reaprender<br />

marcha. Ou aumentar a capacidade de<br />

elevação e de transferência de peso.<br />

Em muito breve trecho, os exosqueletos<br />

biomecânicos estarão no mercado unicamente<br />

com intuitos comerciais e desportivos.<br />

No vídeo abaixo podemos ver<br />

observar um protótipo de um exosqueleto<br />

para a corrida.<br />

Isto leva-nos a uma questão pertinente:<br />

deverão os exosqueletos biomecânicos<br />

fazer parte do desporto?<br />

Numa época desportiva em que os limites<br />

do corpo humano estão cada vez<br />

mais próximos todos procuram soluções,<br />

mais ou menos inventivas, para a perceção<br />

da ideia de superação não desapareça da<br />

mente dos adeptos e com isso elimine um<br />

dos mais importantes pontos no desporto<br />

da era moderna.<br />

Obviamente que introduzir toda esta nova<br />

tecnologia nas modalidades atuais seria<br />

no imediato impossível e um disparate,<br />

mas seria eventualmente possível criar<br />

novas modalidades ou novas competições<br />

onde o hibrido entre o mecânico e o<br />

corpo humano podem-se medir-se, numa<br />

competição de super-homens. No vídeo<br />

abaixo podemos ver outro excelente exemplo<br />

de como a biomecânica pode facilitar e<br />

aumentar a capacidade do corpo humano,<br />

novamente na corrida.<br />

Estas “maquinas” como é natural levantam<br />

inúmeras questões que podem e devem<br />

ser debatidas, e que se enquadram em<br />

diversões e abrangentes temas, como a<br />

ética, a noção e definição do que é o<br />

desporto, a condição humana e do corpo<br />

humano, ou ainda, como ficam os anteriores<br />

recordes e marcas. Ou mesmo a<br />

segurança.<br />

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ALEMANHA<br />

E ÁFRICA<br />

DO SUL<br />

DOIS CASOS BEM DISTINTOS DE APROVEITAMENTO<br />

DE UM MEGAEVENTO DESPORTIVO - MUNDIAL DE FUTEBOL!<br />

Olegado de um megaevento desportivo são bastante<br />

distintos entre países que possuem diferentes<br />

níveis de desenvolvimento. Países em desenvolvimento<br />

requerem, por norma, investimentos de maior<br />

envergadura, aumentando consideravelmente os riscos e custos<br />

de oportunidade. Temos, por outro lado, que o custo de trabalho<br />

em países desenvolvidos é maior, criando desse modo maiores<br />

custos operacionais e de infraestruturas diretas, como as arenas<br />

desportivas, ou indiretas, como estradas ou aeroportos. Um bom<br />

exemplo para analisarmos estas diferenças são o caso da realização<br />

do Mundial de futebol na Alemanha e na Africa do Sul.<br />

Olhemos primeiro para o caso da Alemanha. Segundo as entidades<br />

reesposáveis alemãs, o Mundial de futebol de 2006 gerou<br />

entre 25.000 e 50.000, sendo a grande maioria deles trabalhos<br />

temporários. Apesar de parecerem representar bons números de<br />

criação de emprego, a realidade mostra que são pouco significativos<br />

dado que nesse período existiam cerca de 40 milhões de trabalhadores.<br />

Durante o período em que se deu o evento desportivo<br />

os hotéis apresentaram uma diminuição de perto de 3% nas taxas<br />

de ocupação em relação à mesma data do ano anterior. O número<br />

de passageiros nos aeroportos apresentou somente um aumento<br />

vestigial. Economicamente a realização do Mundial de futebol não<br />

trouxe grandes proveitos. Os custos, por seu lado, não foram tão<br />

exorbitantes quanto os encontrados na Africa do Sul ou no Brasil.<br />

Na sua grande maioria, as estruturas estavam feitas, incluindo os<br />

estádios de futebol, e foram apenas necessárias algumas remodelações.<br />

Os orçamentos previstos em comparação com os reais apesar<br />

de pecarem por defeito não apresentaram grandes disparidades.<br />

O maior benefício alcançado foi a imagem projetada do país um<br />

pouco por todo o mundo. De acordo com o Anholt Nations Brand<br />

Index (NBI) – Índice mundial de perceção de marcas, a Alemanha<br />

saltou um lugar pós Mundial, saltando para o quinto posto. Do<br />

ponto de vista social, foi um evento igualmente fundamental<br />

para o povo germânico. Realizado menos de duas décadas após<br />

a queda do muro e da reunificação da Alemanha, o Mundial de<br />

futebol tornou-se igualmente fundamental para a reconquista do<br />

orgulho nacional e da expressão do mesmo sem pudores. Algo<br />

que nos sessenta anos anteriores, e em muito devido aos horrores<br />

cometidos por esse país na segunda grande guerra, acontecia com<br />

muita dificuldade.<br />

Por fim, o legado desportivo é sem dúvida aquele que encontrou<br />

um retorno mais positivo no caso Alemão. Estádios cheios e um<br />

aumento de competitividade que adveio em grande medida de<br />

uma política desportiva e uma mudança de paradigma de formação<br />

de jogadores que se desenvolveu em paralelo com o Mundial<br />

de Futebol. Culminando com a conquista do trofeu no Mundial<br />

do Brasil em 2004.<br />

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />

Na Africa do sul as expetativas eram<br />

demasiados otimistas e excediam em<br />

grande medida o que era realisticamente<br />

possível. Esperavam-se centenas de milhares<br />

de empregos, uma alta injeção de<br />

dinheiro na economia e uma melhoria<br />

generalizada na qualidade de vida da população,<br />

para além da criação e posterior<br />

usufruição de dezenas de infraestruturas<br />

criadas especialmente para o evento. Dos<br />

10 estádios contruídos apenas um - Soccer<br />

City, em Joanesburgo, é capaz de gerar<br />

dividendos que cobrem seus custos. Os<br />

restantes 9 estádios são um peso para o<br />

erário público com custos anuais acima de<br />

5 milhões de euros. Apresentando de certo<br />

modo os mesmos problemas encontrados<br />

com o caso português e grego.<br />

Dos mais de $ 5 mil milhões que era esperado<br />

que chegasse à economia através do<br />

turismo, nem um quinto desse valor se<br />

verificou – existe uma enorme discrepância<br />

entre os valores oficiais suportados<br />

pelo governo sul-africano e os valores<br />

aduzidos pelas auditorias externas, para<br />

este texto descartamos os valores oficiais<br />

por existirem serias dúvidas em relação á<br />

veracidade dos mesmos.<br />

Os orçamentos iniciais, como mais facilmente<br />

acontece em países em desenvolvimento,<br />

dispararam para bem perto do<br />

dobro.<br />

Os principais benefícios, para além da<br />

melhoria do sistema de transportes para as<br />

populações locais, é a melhoria da imagem<br />

internacional do país e o grande sentimento<br />

de orgulho da população.<br />

O legado de um<br />

megaevento desportivo<br />

são bastante<br />

distintos entre países<br />

que possuem<br />

diferentes níveis de<br />

desenvolvimento. ”<br />

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O DESPORTO E O SEU CONTRIBUTO SOCIAL<br />

CARACAS<br />

O EXEMPLO POSITIVO DO GINÁSIO VERTICAL E O<br />

SEU PAPEL NA REDUÇÃO DO CRIME NA CAPITAL DA<br />

EM TRÊS ANOS VERIFICOU-SE UMA REDUÇÃO DE MAIS<br />

30% NA CRIMINALIDADE<br />

Pedro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

O<br />

desporto e a prática do desporto detêm um papel<br />

determinante na sociedade e é fundamental na<br />

integração daqueles que tem menos oportunidades<br />

e na reabilitação dos que seguiram uma<br />

vida às margens da lei. O exemplo do pavilhão<br />

multidesportivo vertical, criado pelo atelier de arquitetura Urban<br />

Think-Tank em Caracas, capital da Venezuela, no ano de 1993 é<br />

um perfeito exemplo disso.<br />

Caracas, com mais de vinte mil homicídios por ano, é uma das<br />

cidades mais violentas do mundo e durante muitos anos vivia num<br />

ciclo que parecia impossível de quebrar, onde a violência gerava<br />

mais violência. Uma realidade que até há poucos anos se afigurava<br />

impossível de mudar. No entanto, nos últimos anos, um forte<br />

esforço com um respetivo investimento em programas socias criou<br />

espaço para a mudança, e fez com que a pobreza caísse de 60% a<br />

meio da década de 90 para 27% em 2011. Num espaço de três anos<br />

a queda da criminalidade em 30 % no Bairro La Cruz, favela de<br />

Caracas, local onde foi instalado o ginásio vertical.<br />

O conceito de Ginásio Vertical apareceu da necessidade de<br />

enquadrar o desporto e arenas desportivas, assim como a cultura<br />

e os ideais que acompanham o desporto para dentro das comunidades<br />

urbanas, principalmente aquelas que vivem com maior<br />

desigualdade e expostas a um maior conjunto de problemas<br />

e caminhos desviantes. A abordagem geral deste conceito em<br />

Caracas baseou-se em três componentes base. Em primeiro lugar,<br />

inserir um sistema de um conjunto de estruturas pré-fabricados<br />

em uma pequena área de terra, que foi facilmente disponibilizada<br />

ou “arranjada” e construir um espaço atraente e vertical de desporto.<br />

Onde coexistem diversas modalidades. Desde a natação, ao<br />

ténis ou ao culturismo. Depois tornou-se fundamental a participação<br />

das organizações humanitárias e as autoridades municipais no<br />

projeto. E aproveitar aquele que era o investimento e dos esforços<br />

que eram feitos na altura para a redução da pobreza e da criminalidade.<br />

Por fim, a inserção das comunidades da fabela também se<br />

mostrou uma jogada fundamental.<br />

O ginásio, através da sua estrutura vertical e com diversos pisos,<br />

torna-se num espaço de quatro mil metros quadrados, quatro vezes<br />

maiores que a generalidade dos grandes ginásios. Possibilitando<br />

que o espaço recebe todos os meses cerca de 15 mil visitantes.<br />

Este exemplo, que já encontra réplicas em cidades como São Paulo,<br />

Nova Iorque ou Zurique, reforça o papel que o desporto e espaços<br />

desportivos têm em cidades urbanas onde o betão figura como<br />

a única paisagem. Construir arenas desportivas para as comunidades<br />

e trazer os seus habitantes mais desfavorecidos tem necessariamente<br />

de fazer parte da ideia mais geral de inclusão social e<br />

Caracas e o seu ginásio vertical é um exemplo que merece atenção.<br />

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Campo de basquetebol - ginásio vertical<br />

CFachada Ginásio Vertical<br />

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PAULO BENTO:<br />

RÉU OU VÍTIMA?<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

A<br />

ntes de analisarmos a pergunta que faz título neste<br />

artigo de opinião vamos tentar entender as razões<br />

da saída de Paulo Bento.<br />

A saída de Bento de selecionador nacional dias<br />

após a derrota com a Albânia consuma-se como sendo apenas<br />

uma sequência logica de acontecimentos daquilo que é as especificidades<br />

do futebol português, que na maioria das vezes se torna<br />

incompreensível para quem o analisa de fora. Estrategicamente e<br />

como gestão a saída de Paulo Bento é incompreensível. O processo<br />

foi mal gerido desde a sua génese. Uma semana antes a FPF em<br />

conferência de imprensa atribuía poderes reforçados ao então<br />

ainda selecionador nacional com vista ao apuramento para o Euro<br />

2016 e a necessária “renovação” de atletas para os próximos anos.<br />

Alguns meses antes, após o insucesso da participação portuguesa<br />

no Mundial de <strong>2014</strong> o presidente da FPF, Fernando Gomes, reafirmou<br />

a confiança no Paulo Bento, e na assinatura de renovação de<br />

contrato, em Abril, apelidou-o de “um dos melhores treinadores<br />

do mundo”. Se o plano estratégico era bom, se as pessoas eram as<br />

certas, como é possível explicar o seu despedimento?<br />

Comecemos primeiro pelo próprio Paulo Bento. Logo após o desafio<br />

de Aveiro foi sendo-nos gradualmente percetível, desde logo na<br />

conferência de imprensa minutos depois do jogo, que o próprio<br />

entendia que o seu campo de manobra era demasiado estreito se<br />

não mesmo inexistente. “Não sei se [o lugar] está em causa ou não.<br />

Os lenços brancos são uma situação normal no futebol, temos de<br />

aceitá-los com naturalidade”, dizia Paulo Bento, no seu natural tom<br />

confrontacionista, após essa partida.<br />

Se dentro da federação, o apoio de Fernando Gomes era expectável,<br />

o mesmo não acontecia com a restante estrutura. O melhor<br />

exemplo disso foi o artigo de opinião de Herminio Loureiro<br />

dirigentes da FPF que colocava em causa algumas das decisões do<br />

selecionador.<br />

Os lenços brancos e a clara perceção que os “adeptos” da seleção<br />

nacional não acreditavam mais naquela equipa. A opinião publicada<br />

na sua generalidade pedia a “cabeça” do treinador. Recorrentes<br />

notícias, verdadeiras ou não, que o grupo, entenda-se o núcleo<br />

duro de jogadores, já não acreditavam no projeto e em Bento<br />

enquanto seu líder faziam aumentar as hipóteses de um final prematuro<br />

na ligação entre treinador e federação.<br />

As opções eram poucas para Fernando Gomes: ou continuava com<br />

Paulo Bento e arriscava-se a cair com ele ou despedia-o. Como diz<br />

o personagem Nascimento no filme Tropa de Elite 2: “o sistema<br />

corta a mão para salvar o braço”. Neste caso aconteceu isso mesmo,<br />

o elo mais fraco caiu para que todos os outros continuassem vivos.<br />

Mas quanta cota de responsabilidade tem de facto que ser atribuída<br />

a Paulo Bento? Ou ele, Paulo Bento, não é mais que uma vítima<br />

das circunstâncias?Julgo que a resposta é dúbia mas Paulo Bento<br />

consegue ser ao mesmo tempo Réu e Vítima.<br />

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Porque réu?<br />

Paulo Bento chega a técnico da seleção<br />

como solução de recurso após a polemica<br />

dispensa de Carlos Queirós do cargo de<br />

selecionador e a recusa de Florentino Pérez<br />

de “emprestar” José Mourinho para os<br />

jogos da seleção.<br />

“Para mim é um orgulho e uma satisfação<br />

poder ser uma opção a seguir a um dos<br />

melhores treinadores do mundo”, admitiu<br />

Bento nessa altura quando confrontado<br />

com o facto de ter sido uma segunda<br />

opção. O seu curriculum era curto e contava<br />

unicamente por uma passagem pelo<br />

Sporting clube de Portugal e a vitória em<br />

2 Taças de Portugal e 2 Taças Cândido de<br />

Oliveira, para além de 4 segundos lugares<br />

consecutivos na Liga, sempre atrás do<br />

Futebol Clube do Porto.<br />

A estreia como selecionador nacional deuse<br />

em Outubro de 2010 com uma vitória<br />

por 3-1 frente à Dinamarca. Um resultado<br />

fundamental para a seleção portuguesa e<br />

para a colocar na rota da qualificação para<br />

o Euro 2012. Lembremos que Portugal<br />

vinha de um empate com o Chipre e uma<br />

derrota com a Noruega. Ainda assim, a<br />

qualificação só apareceu após um playoff<br />

frente à Bósnia-Herzegovina. Pelo<br />

meio, algumas boas exibições intercaladas<br />

com resultados dececionantes e abaixo<br />

da qualidade dos jogadores selecionáveis.<br />

Surgiram os primeiros casos de incompatibilidade<br />

com jogadores como Ricardo<br />

Carvalho ou José Bosingwa. “Não há pedidos<br />

de desculpa que resolvam. Vão ver<br />

o Euro como espectadores”, sentenciou<br />

o técnico. Algo que encontrava várias<br />

semelhanças com o período de Bento no<br />

Sporting onde surgirem também diversos<br />

casos de divergência com jogadores.<br />

Depois, deu-se o “auge” de Bento à frente<br />

na seleção: as meias-finais e a eliminação<br />

frente à Espanha apenas nos penaltis, um<br />

resultado muito acima das espectativas.<br />

Algo que lhe valeu a renovação de contrato<br />

por mais dois anos com o objetivo<br />

de colocar a seleção portuguesa em terras<br />

brasileiras para a “copa de <strong>2014</strong>”. Talvez<br />

aqui tenha surgido o primeiro erro. Sendo<br />

obviamente a maior responsabilidade de F.<br />

Gomes. Se Bento se tinha revelado como<br />

uma boa solução de recurso em 2010,<br />

teria ele o perfil indicado para um projeto<br />

de longo prazo? O bom resultado no<br />

Euro 2012 talvez dissesse que sim. Outros<br />

indicadores diziam claramente que não.<br />

“Paulo Bento é tanto vítima como réu. A qualidade dos jogadores potencialmente<br />

convocáveis é a mais baixa em duas décadas. Mas Bento<br />

também não soube ser solução. Quem não é solução é parte do problema.”<br />

Indicadores esses que foram aumentando<br />

e tornando-se mais visíveis com o passar<br />

dos jogos para a qualificação do Mundial.<br />

O seu caracter rigoroso e disciplinador,<br />

muitas vezes perpassando o marcial, levou<br />

com que Bento se incompatibiliza-se<br />

com mais jogadores, sendo o caso mais<br />

mediático o de Danny, indiscutivelmente<br />

o jogador português de maior-valia e<br />

em melhor forma a seguir a Cristiano<br />

Ronaldo. As escolhas, muitas delas incompreensíveis,<br />

passavam muitas vezes por<br />

jogadores pouco ativos nos seus clubes em<br />

detrimento de atletas em melhor condição<br />

física e atlética. Paulo Bento justificava as<br />

suas escolhas com duas palavras: gratidão<br />

e fé. Duas palavras que na minha opinião<br />

não podem fazer parte do vocabulário de<br />

um selecionador, pelo menos não, quando<br />

em prejuízo de outras palavras como<br />

competência e qualidade. Qualidade que<br />

falhou em quase todos os jogos da seleção<br />

das quinas nos últimos dois anos.<br />

E, foi dentro de campo onde foram dados<br />

os sinais mais preocupantes que o caminho<br />

desenhado por Paulo Bento não era<br />

o mais indicado. Mau futebol, sem uma<br />

ideia de jogo facilmente percetível, onde<br />

os jogadores atuavam bem abaixo das suas<br />

capacidades, uma super-dependência de<br />

Ronaldo, e um acumular de maus resultados<br />

culminaram novamente na necessidade<br />

de um play-off, desta vez conta a<br />

Suécia. Quatro golos de Cristiano Ronaldo<br />

carimbaram o passaporte para o Brasil.<br />

No Brasil deu-se a derrocada. Tudo foi<br />

mau. Na maioria das vezes: mau de mais.<br />

Começando na convocatória dos 23, passando<br />

pelo estágio nos EUA, ou a clausura<br />

no centro de estágio no Brasil. Demasiadas<br />

conversas sobre o joelho do Ronaldo e<br />

expetativas totalmente irrealistas e deslocadas<br />

da realidade. “Sinto que é desta”,<br />

afirmou Cristiano Ronaldo acerca do<br />

jogo com a Alemanha, o primeiro para<br />

Portugal no Mundial, onde o capitão da<br />

seleção nacional se afirmava confiante em<br />

uma vitória. Bastaram dez minutos para<br />

que se percebesse que a superioridade<br />

da Alemanha se vincasse de forma avassaladora.<br />

Pior que os quatro pontos e a<br />

não qualificação para os oitavos de final<br />

foi a triste imagem que Portugal mostrou<br />

ao mundo. E quanto mais olhávamos<br />

para as restantes seleções mais percebíamos<br />

quanto impreparada estava a equipa<br />

nacional. Fisicamente devastada. Lesões.<br />

Declarações e conferências de imprensa<br />

sem logica ou sentido pratico. Para justificar<br />

o que era facilmente entendível:<br />

Portugal não foi competitivo. Quando<br />

tinha obrigação de o ser. E qualidade para<br />

o ser. E qualidade para o ser.<br />

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Nem tudo pode ser apontado como única<br />

responsabilidade de Paulo Bento mas<br />

como o próprio o afirmou ele era o líder<br />

Bento apostou nos seus. E os seus falharam.<br />

Na minha opinião a demissão era<br />

a única saída limpa e a mais aconselhada.<br />

Optou por continuar. Errou. Acreditou<br />

que podia alterar tudo para a qualificação<br />

para o Euro 2016. Mudar a imagem do<br />

fraco futebol deixado no Mundial. O jogo<br />

com a Albânia mostrou que não. Paulo<br />

Bento caiu com as sua convicções. Poucas<br />

foram as alterações na equipa titular, variações<br />

que apareceram por circunstância. A<br />

derrota terminou com o percurso de Paulo<br />

Bento. Com muitas culpas próprias.<br />

Mas Bento também é vítima. Aparece<br />

numa altura em que Portugal vive numa<br />

“crise” de jogadores de topo mundial.<br />

Durante uma década, com foco na passagem<br />

de Scolari, foi afastada a preparação<br />

de uma geração que pudesse substituir<br />

com ímpeto a atual. Os campeonatos<br />

nacionais e as duas das suas três principais<br />

equipas, FCP e Benfica, contam com<br />

pouquíssimos portugueses nos seus quadros.<br />

Os jogadores que saem da formação<br />

ou jogam na equipa B ou em campeonatos<br />

menores e com pouca competitividade<br />

como o Chipre<br />

No fundo, Paulo Bento viu-se confrontado<br />

com uma situação estrutural de fundo que<br />

lhe era pouco favorável com a agravante<br />

de espectativas exageradas em relação a<br />

resultados que a qualidade atual dos jogadores<br />

não permite. Portugal tem “o melhor<br />

do Mundo” e isso elava a seleção para um<br />

patamar acima daquele que é verdadeiramente<br />

o seu. Mas mesmo essa subida de<br />

qualidade pela presença de Ronaldo não a<br />

torna equivalente às melhores seleções do<br />

mundo. Comparando, quantos jogadores<br />

português titulares entravam no lote de<br />

convocados de seleções como Espanha,<br />

Brasil, Argentina ou França?<br />

A própria FPF parece ter dificuldades em<br />

implementar um plano e arranjar soluções<br />

para um maior desenvolvimento do jogador<br />

português. O perfil mais reservado de<br />

Fernando Gomes, que prefere afastar-se<br />

das luzes, muitas vezes não ajuda, num<br />

país em que qualquer “passo” dado no<br />

futebol é analisado mil e uma vezes pelos<br />

diversos jornais e programas desportivos.<br />

Em conclusão, Paulo Bento é tanto vítima<br />

como réu. A qualidade dos jogadores<br />

potencialmente convocáveis é a mais baixa<br />

em duas décadas. Mas Bento também não<br />

soube ser solução. Quem não é solução é<br />

parte do problema. A sua saída era inevitável.<br />

Perca por tardia. Deveria ter acontecido<br />

após o Mundial. Assim, todos ficaram<br />

mal na fotografia. Todos.<br />

A primeira entrevista do ex-selecionador,<br />

na RTP Informação, trousse poucas ou<br />

nenhumas novidades. A única certeza foi<br />

que a rescisão do contrato não partiu de<br />

Paulo Bento. E que a sua permanência no<br />

cargo não era consensual entre os dirigentes<br />

da federação, apesar do apoio de<br />

F. Gomes.<br />

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />

LONDRES 2012<br />

A CIDADE BRITÂNICA E AS OLIMPÍADAS DE 2012 PROMETEM TRANSFORMAR-<br />

SE NO PRÓXIMO EXEMPLO POSITIVO DE LEGADO DE UM MEGAEVENTO.<br />

Dois anos após o evento na cidade Britânica existe<br />

um consenso entre os especialistas e académicos<br />

que as olimpíadas de londres foi uma das sedes<br />

mais bem-sucedidas de todos os tempos. O mesmo<br />

garante Boris Johnson, prefeito de Londres, um acérrimo defensor<br />

do legado deixado pelas Olimpíadas. De tal forma, que o próprio<br />

assegura que os investimentos não só se pagaram como já dão<br />

lucro.<br />

As olimpíadas de Londres foram a oportunidade perfeita para<br />

reurbanizar a Zona Leste de Londres, uma área tradicionalmente<br />

carente de recursos. Nessa mesma zona, que ganhou uma cara<br />

totalmente nova, foram estabelecidas novas conexões de transporte,<br />

linhas de comunicação e sistemas de abastecimento de<br />

energia elétrica e água.<br />

Segundo as fontes oficiais, o impacto económico na economia<br />

britânica devido aos jogos foi de 11,4 mil milhões de euros. De<br />

acordo com as mesmas fontes, o impacto relacionado aos Jogos de<br />

2012 pode atingir 41 bilhões de libras até o fim de 2020. O evento<br />

teve um custo total de 8,92 bilhões de libras, e o orçamento do<br />

comitê organizador local ficou na casa de 3 bilhões de libras.<br />

Segundo autoridades de turismo, a difusão da marca “Londres”<br />

deve dobrar o número de turistas no país nos próximos meses, o<br />

que movimenta os segmentos de transporte, hotelaria e alimentação,<br />

entre outros.<br />

Segundo autoridades de turismo, a difusão da marca “Londres”<br />

deve dobrar o número de turistas no país nos próximos meses, o<br />

que movimenta os segmentos de transporte, hotelaria e alimentação,<br />

entre outros. Neste seguimento, o prefeito da cidade de<br />

Londres, chega inclusive a afirmar que a capital inglesa é a primeira<br />

cidade-sede que não só conseguiu recuperar os anteriores números<br />

de turistas após espetáculo como registou um aumento de 6% no<br />

fluxo internacional 13% no nacional, nos meses seguintes, quando<br />

em comparação com o mesmo período dos anos anteriores.<br />

Desportivamente e socialmente também se registaram indicadores<br />

positivos. 1,4 milhões de pessoas passaram a praticar algum<br />

tipo de atividade desportiva pelo menos uma vez por semana. O<br />

investimento no desporto quer com dinheiros públicos que com<br />

dinheiros privados tendo em vista as olimpíadas do Rio em 2016.<br />

A qualidade das transmissões dos jogos, nomeadamente da<br />

cerimónia de abertura - uma das melhores de sempre, contribuíram<br />

imenso para gerar uma imagem positiva para o mundo,<br />

e acentuaram imenso o sentimento de patriotismo dos ingleses e<br />

londrinos.<br />

O ponto mais negativos mais apontado ao legado de Londres’12,<br />

para além da natural contestação aos números oficiais, refere-se<br />

ao facto de que este evento nada mais foi que uma manobra de<br />

fachada para a desapropriação forçada e a retirada de populações<br />

mais pobres do East End. Repassando esta zona da cidade, reurbazinada,<br />

para as populações mais ricas. Para mais informações<br />

aconselhamos a leitura de Ashok Kumar e Anna Minton.<br />

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />

LONDRES 2012<br />

- OS SEGREDOS DE<br />

GESTÃO<br />

T<br />

al como o resto da Europa, também o Reino<br />

unido e as suas populações vivem com<br />

dificuldades económicas e com altas taxas<br />

de desemprego. O comité olímpico local<br />

e os seus parceiros desenvolverem um programa de<br />

formação e de geração de empregos, virado especialmente<br />

para as mulheres, os afrodescendentes,<br />

os asiáticos e pessoas com necessidades físicas especiais.<br />

Capacitando-os para trabalhar em projetos<br />

diretamente ligados com o evento como, nas áreas de<br />

organização ou construção civil. Um bom exemplo foi<br />

o “Women into Construction Project”, que recrutou e<br />

empregou mulheres diretamente nas obras do Olympic<br />

Park.<br />

As vilas olímpicas e paraolímpicas, espalhadas um<br />

pouco por toda a ilha britânica, estão a ser convertidas<br />

em milhares de residências para venda e aluguer;<br />

onde será igualmente construído um campus educacional,<br />

um centro de saúde, entre muitos outros<br />

equipamentos comunitários.<br />

Durante a organização e realização dos jogos o<br />

Comitê Olímpico Internacional (IOC) granjeou de<br />

uma capacidade de decisão que se sobrepôs ao poder<br />

político local. Esta autoridade institucional faz com<br />

que decisões fossem tomadas com muito mais rapidez<br />

do que seria normal, e garante a convergência entre as<br />

dezenas de organizações envolvidas no governo local<br />

de Londres.<br />

Movimentou-se mais de US$ 11 bilhões unicamente<br />

em obras estruturais em contratos específicos. Estes<br />

negócios gerarão dezenas de milhares de empregos.<br />

Todas as empresas associadas a estes programas tiverem<br />

de alterar os seus sistemas produtivos, investindo<br />

na saúde laboral, segurança e sustentabilidade.<br />

O poder público e a imprensa, como os jornais e<br />

telejornais, denunciaram, regularmente, todas as irregularidades<br />

encontradas em obras e contratos, entre<br />

outros. Este ponto em conjunto com uma muito boa<br />

gestão por parte do governo e as entidades organizativas<br />

das olimpíadas fez com que os gastos realizados<br />

não fossem substancialmente superiores ao inicialmente<br />

orçamentado.<br />

Reurbanização da Zona Leste de Londres, uma área<br />

tradicionalmente carente de recursos, dando uma<br />

nova e mais moderna cara à capital inglesa e diminuindo<br />

os índices de pobreza e degradação urbana na<br />

área acima mencionada.<br />

A iniciativa privada foi fundamental em todas as<br />

obras para as olimpíadas quer para a reurbanização<br />

de londres nomeadamente da zona Este. Os planos de<br />

construção de um dos maiores shoppings da Europa<br />

no que viria a ser a entrada do parque olímpico já<br />

haviam sido aprovados ainda antes da eleição de Londres<br />

como sede.<br />

Múltiplas instalações e infraestruturas montadas para<br />

os jogos que foram totalmente entregues à iniciativa<br />

privada.<br />

De forma a garantir elefantes brancos, entenda-se<br />

infraestruturas criadas para as olimpíadas mas sem<br />

uso após o evento, foi desenhado um projeto cuja as<br />

estruturas que não se mostrem viáveis a longo prazo<br />

devem ser reduzidas ou mesmo desmontadas. Fazendo<br />

com que grandes áreas possam ser reaproveitadas<br />

para novos projetos e empreendimentos.<br />

O legado de Londres, no entanto, não ficou restrito ao<br />

Reino Unido. O programa International Inspiration,<br />

dedicado a desenvolver ações educativas por meio do<br />

esporte, beneficiou 12 milhões de crianças e jovens<br />

em 20 países.<br />

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AS DÍVIDAS DECLARADAS DOS TRÊS GRANDES EM<br />

PORTUGAL – PORTO, BENFICA E SPORTING<br />

Pedro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

J<br />

á é conhecido o relatório e contas dos três grandes<br />

relativo ao primeiro trimestre da época, e permite, por<br />

exemplo, fazer uma comparação entre a dívida que<br />

cada um declarou ter ao bancos.<br />

Por fim, o FC Porto é a equipa dos três grandes é aquela que apresenta<br />

o menor valor de divida, com um soma de 126,973 milhões<br />

de euros, dividida entre 91 milhões de dívida corrente e 35 milhões<br />

de dívida não corrente.<br />

Neste seguimento, a primeira conclusão que salta à vista é que<br />

a dívida do Benfica, no seu total, é superior à divida somada<br />

declarada por Sporting e Porto.<br />

Existe, no entanto, um ponto que tem de ser levados em conta: o<br />

Benfica tem a dívida da construção do estádio na SAD, pelo que<br />

entra no relatório e contas.<br />

O Benfica, que é o único dos três grandes que apresenta estes<br />

valores auditados, tem um valor de dívida de 317,756 milhões de<br />

euros, sendo que 198 milhões são de dívida corrente e 119 milhões<br />

são de dívida não corrente.<br />

Pelo contrário o Sporting, por exemplo, tinha a dívida relativa<br />

à construção do novo Alvalade no clube e só com a fusão da<br />

reestruturação financeira vai passar para a SAD. É provável que no<br />

próximo relatório e contas já surja a dívida o estádio.<br />

Em segundo lugar em termos de total de dívida aos bancos aparece<br />

o Sporting, com 179,327 milhões em falta com os bancos, sendo<br />

147 milhões de dívida corrente e 31 milhões de dívida não corrente.<br />

O FC Porto, esse, ficou com uma dívida de construção do Estádio<br />

Dragão inferior aos rivais ao abrigo do projeto EuroAntas.<br />

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PRÉ-TEMPORADA<br />

A DIFERENÇA NA FILOSOFIA E NOS DIAS DE PREPARAÇÃO DE UMA<br />

PRÉ-TEMPORADA ENTRE BRASIL E OS PRINCIPAIS CLUBES EUROPEUS.<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

E<br />

xistem várias diferenças entre o futebol de topo europeu<br />

e o futebol sul-americano, nomeadamente o futebol<br />

brasileiro e o seu brasileirão, independentemente<br />

da beleza artística que cada um deles proporciona, e<br />

que é levada em ambos os casos. A intensidade competitiva, o trabalho<br />

tático ou a preponderância física são alguns bons exemplos.<br />

Um outro ponto que diferem é na preparação das suas pré-temporadas<br />

e o menor tempo que disponibilizam os clubes brasileiros<br />

para os seus treinadores trabalharem as equipas e os atletas<br />

nesta fase da época. Em média, as pré-temporadas dos clubes do<br />

brasileirão duram 12 dias. Os principais clubes europeus gastam<br />

nesta fase da época pelo menos 30 dias, sendo que a maioria chega<br />

aos 45 a 50 dias de preparação.<br />

Na Europa, as pré-temporadas são olhadas como a base para toda<br />

a época, seja em termos físicos, psicológicos e principalmente na<br />

definição de um modelo tático. E, nos últimos anos, com digressões<br />

pelos EUA e pela Ásia, as pré-temporadas são também utilizadas<br />

para gerar receitas e retorno econômico, bem como angariar novos<br />

adeptos nos mercados já mencionados, e que só agora acordaram<br />

para o futebol. No brasil, as pré-temporadas são vistas como forma<br />

de preparar a competição, principalmente a nível físico, e a componente<br />

tática é adquirida durante a competição.<br />

Os números são esclarecedores. Olhemos primeiro as equipas do<br />

primeiro escalão do brasil. Cruzeiro (19 dias), Palmeiras (15 dias),<br />

Botafogo (15 dias). São Paulo (13 dias), Corinthians (12 dias),<br />

Flamengo (11 dias), Internacional (10 dias) e Santos (9 dias). As<br />

equipas europeias, revelam números totalmente opostos. Inter de<br />

Milão (53 dias), AC Milan (52 dias); Juventus (48 dias), Liverpool<br />

(41 dias), Barcelona (40 dias), Manchester United (37 dias);<br />

Bayern de Munique e Chelsea (35 dias); Manchester City (34 dias);<br />

Arsenal (33 dias) e Real Madrid (30 dias).<br />

A diferença dos números acima é representativa de uma filosofia<br />

de jogo distinta. Enquanto na europa se privilegia o treino e a<br />

preparação antes do jogo assente em uma estratégia tática bem<br />

definida e sistematizada. Já no brasil, o talento do atleta e a sua<br />

habilidade é o que mais conta, assim como a capacidade de fazer<br />

o inesperado. Aos treinadores pede-se que sejam capazes de lidar<br />

com o improviso. Na europa, o treinador deve antecipar o improviso<br />

e desenhar um plano para o ultrapassar.<br />

Sem ser excessivamente duro, parece-nos que há uns anos as<br />

duas filosofias poderiam estar certas, mas atualmente a abordagem<br />

europeia é claramente mais vantajosa. Enquanto abordagem<br />

competitiva e técnica, olhando para a performance da equipa no<br />

terreno de jogo, sem dúvida que a abordagem europeia acarreta<br />

mais vantagens. Como aliás, muitas atletas que jogaram nos dois<br />

continentes o afirmam. Na página ao lado, a descrição dos objetivos<br />

da pré-temporada e da necessidade do tempo necessário, ajuda<br />

a esclarecer este ponto.<br />

Do ponto de vista económico e de marketing os clubes brasileiros<br />

também optam pela estratégia errada. A maioria dos clubes europeus<br />

optam, como já referido, por pré-temporadas ao estilo de<br />

digressões, nomeadamente nos EUA e Asia e aproveitam esses<br />

mercados ainda pouco explorados mas sedentos pelas maiores<br />

estrelas e clubes futebolísticos, como forma de recolha de receitas<br />

e dividendos financeiros. Os clubes brasileiros poderiam optar por<br />

uma estratégia semelhante, aproveitando a força que a marca Brasil<br />

tem no futebol mundial e aumentar desse modo as suas receitas.<br />

Talvez o número de jogos por época no Brasil, ligeiramente<br />

superior que na Europa, seja proibitivo de uma pré-temporada<br />

mais longa, mas o ultimo campeonato do Mundo de seleções<br />

mostrou alguns dos erros que o futebol brasileiro “convive” nos<br />

atuais dias. Uma mudança torna-se fundamental. Talvez estejas na<br />

mudança de filosofia perante as pré-temporadas uma ideia chave<br />

na mudança.<br />

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As principais equipas europeias procuram fazer as pré-temporadas<br />

em países como os EUA, onde o mercado é imenso e<br />

ainda por explorar<br />

FONTE E IMAGEM: GLOBOESPORTE.GLOBO.COM/<br />

As duas realidades encontram muitas diferenças, como facilmente é visível. No entanto, que a comunidade acadêmica e cientifica define<br />

como uma boa preparação encontra na Europa um modelo mais fiel. Exatamente, pelo maior tempo disponibilizado pelos clubes europeus,<br />

que permite uma maior sistematização e cuidados em todas as áreas do treino e por conseguinte uma maior eficácia nos objetivos<br />

primordiais de uma pré-temporada.<br />

O primeiro objetivo é a preparação física. Analisar o estágio físico da equipa e de cada jogador individualmente e definir o trabalho<br />

físico necessário para a progressão da equipa e de cada jogador ao longo da época. Bem como adquirir os índices físicos necessários para<br />

o início da época. Por outro lado, é igualmente necessário sistematizar e programa os conteúdos do processo de treino.<br />

A preparação técnica é também iniciada e sistematizada neste nesta fase da época. Administrar um conjunto de trabalhos específicos<br />

que visando colocar a equipa em condições de dominar os elementos fundamentais do jogo, como o remate, o passe, o controlo de bola,<br />

as finalizações, etc.<br />

Definição e preparação de um modelo tático. A equipa técnica tem neste momento a fase ideal para implementar um modelo tático,<br />

condições estratégicas que levem à vitória e um sistema de jogo confiável e sistematizado. Um plano alternativo deve ter o seu início de<br />

preparação igualmente na pré-temporada.<br />

Por fim, a preparação psicológica, tão importante no futebol contemporâneo de alto nível, tem nesta fase da época um momento crucial<br />

e a preparação dos atletas e até da equipa técnica deve ser cuidadosamente ajustado nesta fase para que possa responder positivamente a<br />

todos os futuros estímulos dos treinos e jogos. Assim como adaptar os atletas de mecanismos que o ajudem a ultrapassar as dificuldades,<br />

como as derrotas no campo de jogo ou a pressão inerente ao futebol profissional.<br />

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RELVA SINTÉTICA<br />

OS BENEFICIOS E DESVANTAGENS DO RELVADO SINTÉTICO EM<br />

COMPARAÇÃO COM A RELVA NATURAL<br />

A RELVA SINTÉTICA PERMITE MAIORES PERIODOS DE UTILIZAÇÃO<br />

MAS AS LESÕES SÃO MAIS FREQUENTES<br />

Ricardo Reis. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

A<br />

desportiva. O futebol, no entanto, continua reticente à mudança<br />

relva sintética tem ganho cada vez mais espaço no<br />

desporto profissional. Modalidades como rugby,<br />

golfe, hóquei em campo, futebol americano, ténis<br />

ou cricket já aderiram em massa a esta superfície<br />

e prefere ainda tapetes de relva natural. Começa-se, no entanto, a<br />

sentir sinais de mudança.<br />

Tapetes mistos, em que a mistura de relva artificial com relva natural<br />

para fortalecer o tapete, é agora uma prática comum. O Estádio<br />

de Wembley, em Londres, é um excelente exemplo deste sistema.<br />

San Siro, casa do Inter de Milão e do AC Milan, há duas épocas<br />

apostou num relvado sintético após repetidas péssimas críticas<br />

ao seu anterior relvado natural. O Boavista FC, clube da primeira<br />

divisão portuguesa, também optou por um tapete de relva artificial,<br />

e muitos mais clubes e estádios podem servir de exemplo.<br />

Temos que nos perguntar, então, quais são os benefícios da relva<br />

artificial, e porque começa a ser uma aposta de vários clubes e para<br />

diversos estádios? E quais as suas limitações para a escolha não seja<br />

mais efetiva e generalizada?<br />

O primeiro e principal benefício da relva sintética é a possibilidade<br />

de um maior tempo de utilização. Os relvados artificiais permitem<br />

mais horas e mais dias consecutivos de utilização sem que o relvado<br />

se deteriore. Em média, em perfeitas condições um relvado<br />

natural não vai além das 250 horas anuais. O segundo ponto que<br />

merece destaque é a evolução positiva dos relvados artificiais e as<br />

melhorias continuadas no tempo, que passo a passo os aproximam<br />

aos relvados de relva natural e para algumas modalidades já é a<br />

melhor opção. Os relvados artificiais encontram-se em estudos<br />

permanentes e existem um sem número de empresas que apostam<br />

fortemente no negócio da relva o que permite esperar mudanças<br />

e melhoramentos com maior rapidez num futuro próximo. A<br />

manutenção é mais fácil, bem como os custos que lhe estão associados,<br />

que são também menores. Por fim, a durabilidade é bem<br />

superior quando comparados com os relvados naturais.<br />

Temos, no entanto, que a relva sintética é mais adequada - e mais<br />

utilizada – em estádios ou arenas desportivas cobertas. A relva<br />

sintética é também mais dura que a relva natural e como tal mais<br />

propicia às lesões, caso especialmente notado no futebol e no<br />

próprio ténis, onde entre as articulações são mais castigadas e mais<br />

sujeitas a lesões. Risco de queimaduras em caso de deslizamento<br />

dos atletas, o que obriga regar abundantemente com água os relvados<br />

antes dos jogos e treinos e por vezes igualmente ao intervalo.<br />

Para atletas habituados ao relvado natural a adaptação a relvados<br />

sintéticos pode ser longa e difícil.<br />

A certificação é também um problema dado os parâmetros de<br />

critério mais apertados<br />

Os equipamentos desportivos também têm de apresentar melhorias<br />

para acompanhar o desenvolvimento da relava sintética, e<br />

diminuir o potencial de lesões.<br />

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A relva artificial em comparação com a relva natural é muito mais resistente e permite um uso mais intensivo,<br />

tanto em treino como em competição. Em média, um tapete de relva natural permite apenas 250 horas<br />

de uso por ano, em casos excecionais no máximo esse valor pode aproximar-se das 300 horas. Um tapete de<br />

relva artificial pode ser utilizado 7 dias por semana.<br />

A longo prazo, a relva artificial mostra ser um investimento ganho. Requer menos manutenção e os custos<br />

dessa mesma manutenção são bem mais baixos. O investimento na primeira fase é no entanto bastante<br />

significativo.<br />

“Um campo de relva artificial é um sistema total formado por diversos componentes. Todos estes componentes<br />

têm uma função específica, que juntos determinam as características desportivas e técnicas do<br />

campo de relva artificial. As fibras de relva artificial e o infill (enchimento de borracha e/ou areia) determinam<br />

o especto final da sua relva. Se optar pela borracha pesada, o efeito será diferente do que se optar<br />

pelo enchimento com o material de borracha verde. O que não se vê, mas que é de grande importância,<br />

é a camada de base do campo de relva artificial. Esta é composta de material permeável, e dinâmico que<br />

juntamente com um sistema de drenagem evita a formação de poços no campo. Sobre esta camada de base<br />

aplica-se uma mistura de aglomerado britado selecionado, evitando-se o recurso a ao asfalto mesmo que<br />

sendo permeável e/ou borracha com cerca de 10 cm. Também se pode optar por um e-layer, ou seja, uma<br />

camada elástica formada por borracha não tecida. Esta é responsável pela absorção dos choques e a restituição<br />

de energia”<br />

Estádio do Bessa. O Boavista FC optou por um relvado arteficial para a epoca<br />

<strong>2014</strong>/2015 onde vai competir na primeira liga Portuguesa<br />

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NFL: “COMUNISMO NO DESPORTO”<br />

O MODELO DE NEGÓCIO DA NFL E A DISTRIBUIÇÃO DOS DIREI-<br />

TOS TELEVISIVOS NESTE DESPORTO<br />

AS RECEITAS ANGARIADAS PELAS RECEITAS TELEVISIVAS SÃO DIVIDIDAS<br />

EM IGUAL MODO PELAS 32 EQUIPAS DA NFL<br />

Oe sul-americanas. E, para alguns casos, nomeadamente o futebol<br />

modelo de negócio da NFL, principal campeonato<br />

de futebol americano disputado nos EUA, é um<br />

verdadeiro caso de sucesso e que merece um estudo<br />

aprofundado pelas entidades desportivas europeias<br />

e os principais campeonatos pode ser copiado. Desportivamente<br />

a NFL nunca foi tão competitiva. Financeiramente nunca foram<br />

tão ricos.<br />

Isto é de tal forma verdadeiro, que Roger Goodell, comissário da<br />

National Football League (NFL), anunciou o ambicioso objetivo de<br />

$ 25 bilhões de receitas no ano de 2027. Para colocar este número<br />

em perspetiva, os países do Panamá, Jordânia, Gana ou Islândia, na<br />

viragem da presente década apresentavam valores de PIB nominais<br />

inferiores. Para além do impacto das receitas oriundas das transmissões<br />

televisivas, que falaremos mais abaixo, o bom desempenho<br />

e a possível alta estimativa para o futuro devem-se aos contratos de<br />

patrocínio milionários, a exploração comercial das marcas e pela<br />

venda de produtos licenciados – centralizados pela liga, e por fim<br />

pela receita dos estádios que estão sistematicamente cheios.<br />

Mas um ponto fundamental para a competitividade e a saúde<br />

financeira dos 32 clubes da NFL deve-se à forma como as receitas<br />

televisivas são distribuídas: de forma igual para os 32 clubes. Ou<br />

seja, do mesmo pote, independentemente do tamanho dos clubes<br />

e da capacidade destes de gerar público e receitas, recebem exatamente<br />

o mesmo dos grandes clubes. Talvez por isso, o sistema da<br />

NFL é muitas vezes olhado como “o comunismo no desporto”. E<br />

se olharmos para os resultados desta política podemos facilmente<br />

afirmar que é “ o comunismo que funciona”.<br />

Olhemos para o exemplo do campeão da Super Bowl da temporada<br />

de 2010, o Green Bay Packers. Oriundo de uma pequena cidade<br />

do Winsconsin, com pouco mais de 100.000 habitantes superou o<br />

New York Giants. Sem a partilha igualitária de receitas televisivas<br />

isto seria apenas uma miragem.<br />

O aumento da competitividade no jogo aumentou igualmente a<br />

popularidade do mesmo e em consequência as suas receitas. Hoje<br />

dentro dos quatro grandes desportos o futebol americano domina<br />

totalmente. Por exemplo, até à poucos anos o basebol dominava<br />

as preferências. Hoje, a audiência do Super Bowl supera em 85<br />

milhões a do World Series.<br />

Temos ainda, o fato de quem ganha o Superbowl é o último a<br />

escolher novos jogadores na temporada seguinte, ou seja “pune-se”<br />

o sucesso de modo a equilibrar a competição. Criando incerteza<br />

quanto ao campeão, que é talvez o fator mais preponderante para<br />

gerar emoção no desporto.<br />

Este modelo administrativo da NFL tem-se mostrado ganhador<br />

em todos os sentidos. Se pode ou não ser copiado nas principais<br />

campeonatos europeus e sul-americanos, não é uma resposta<br />

fácil. O desporto é diferente. Os adeptos são outros. E os interesse<br />

também. Mas fará sentido termos sempre os mesmos campeões,<br />

que saem sempre de um lote de dois ou três clubes? Faz sentido as<br />

meias-finais das últimas cinco/seis edições da Liga dos Campeões<br />

serem disputadas invariavelmente pelos mesmo clubes, com a<br />

exceção de um ou outro intruso? E, mais importante: pode o futebol<br />

aguentar-se deste modo?<br />

Este é um tema que voltaremos recorrentemente nas páginas da<br />

Desporto&<strong>Esport</strong>e.<br />

Tiago Dinis. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

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STREAMING:<br />

O FUTURO DAS TRANSMISSÕES DESPORTIVAS EM DIRETO<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

A<br />

s plataformas digitais de<br />

streaming de vídeo, como<br />

são exemplo a Netflix ou o<br />

Hulu, ganham por dia milhares<br />

de novos assinantes todos os dias. O<br />

exemplo da Netflix é ainda mais demonstrativo<br />

com mais de cinquenta milhões<br />

de assinantes globais. Estes números indicam<br />

uma tendência num mercado ainda<br />

fortemente por explorar. E, se os exemplos<br />

acima se referem à ficção criada<br />

pela indústria televisiva e cinematográfica,<br />

começam a observar-se sinais muito interessantes<br />

relativos ao streaming de desporto<br />

em direto. De acordo com a cadeia televisiva<br />

FOX, 528 mil espectadores assistiram<br />

ao Super Bowl de <strong>2014</strong>, tornando o<br />

evento desportivo ao vivo (live-stream)<br />

mais assistido de um único evento. No<br />

mesmo seguimento, os Jogos Olímpicos<br />

de Inverno assistiu a uma duplicação de<br />

horas transmitidas graças ao streaming,<br />

mais de mil horas de conteúdos, oferecidos<br />

aos assinantes.<br />

O sucesso do streaming, de uma forma<br />

geral, advém de duas novas realidades. A<br />

primeira delas é a democratização de aparelhos<br />

com ligação à Internet, como o Pc<br />

e sobretudo os tabletes e os telemóveis de<br />

última geração. E, a crescente vontade dos<br />

telespetadores de acederam aos conteúdos,<br />

mesmo aqueles que são transmitidos em<br />

direto, com total controlo e sem restrições<br />

de locais ou de aparelhos eletrónicos. A<br />

isto podemos ainda somar as vantagens<br />

apresentadas pelos operadores de streaming<br />

desportivo, como escolha de câmeras,<br />

o acesso a estatísticas ao minuto e à distância<br />

de um click ou acompanhar um único<br />

jogador durante todo um jogo, caso exista<br />

essa vontade por parte do espetador. O<br />

potencial é imenso..<br />

“Streaming é uma tecnologia<br />

que envia informações<br />

multimídia,<br />

nomeadamente vídeos,<br />

através da transferência<br />

de dados, utilizando<br />

redes de computadores,<br />

especialmente a Internet.”.<br />

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A MLB.tv tornou-se numa das principais operadoras de<br />

streaming para o baseball dos EUA<br />

“O sucesso do streaming, de uma forma geral, advém de duas novas realidades:<br />

a democratização de aparelhos com ligação à Internet... e, a crescente vontade<br />

dos telespetadores de acederam aos conteúdos, mesmo aqueles que são transmitidos<br />

em direto, com total controlo e sem restrições de locais...”<br />

E, não fica por aqui. Os assinantes de TV<br />

paga, ou TV Cabo como também é designada,<br />

começam a sentir algum desconforto<br />

em relação a esta forma, ainda dominante,<br />

de consumir televisão e eventos<br />

desportivas pela TV em direto. Olhemos<br />

alguns números referentes ao mercado<br />

norte-americano, aquele que é sem dúvida<br />

alguma o mais estudado. Hoje, existem<br />

cerca de 84 milhões de assinantes de Tv<br />

paga. No entanto, desde de 2010 que os<br />

lares americanos veem cortando as suas<br />

assinaturas, sempre valores acima de 4,5%<br />

ao ano e chegando o ano passado ao 6,5%.<br />

A principal razão apontada é o alto preço<br />

destas assinaturas, que muitas vezes não<br />

compensa o investimento. E um relatório<br />

apresentado pela Experian Marketing<br />

Services revela ainda que esses números<br />

disparariam não fossem os pacotes de<br />

desporto distribuídos por cabo. De acordo<br />

com CouponCabin, 43% dos assinantes<br />

de cabo, afirmaram que a única razão<br />

pela qual não “rasgavam” o contrato com<br />

as suas subscrições de cabo se devia ao<br />

desporto e à necessidade que tinham de<br />

assistir com regularidade a eventos desportivos.<br />

Com o crescente decréscimo da televisão<br />

paga e o crescente aumento de consumidores<br />

a migrarem para o live-stream,<br />

leva-nos a questionar qual será o futuro<br />

das transmissões ao vivo de eventos desportivos.<br />

Existem vários fatores que nos levam a<br />

apontar que o futuro passa pelo streaming.<br />

Sem que pelo menos num futuro a curto<br />

prazo o domínio da televisão paga seja<br />

quebrado ou seriamente ameaçado.<br />

Em primeiro lugar temos a assunção da<br />

realidade, em que um meio de transmissão<br />

esta em crescimento e outro em perda.<br />

Seguindo esta mesma ideia, o streaming<br />

mais que uma moda, é uma forma de<br />

consumir conteúdos de entretenimento<br />

que vai de acordo ao que é hoje uma nova<br />

filosofia de consumo em crescente aceitação,<br />

nomeadamente pelas faixas etárias<br />

mais jovens, entre os dezoito e quarenta<br />

e cinco anos, que significam hoje a maior<br />

fatia do mercado e em poucos anos o<br />

dominarão totalmente. Temos ainda, a<br />

forma como os aplicativos Web, que analisamos<br />

em um outro artigo desta edição,<br />

estão a mudar o perfil dos consumidores<br />

e como a interação com a Web se tornou<br />

fundamental neste processo.<br />

Com o crescente avançado das velocidades<br />

de download e upload disponibilizadas<br />

pelas operadoras de internet – fixa<br />

e móvel -, a qualidade de imagem e som<br />

entre o streaming e televisão não é mais<br />

significativo. Com as vantagens, já mencionadas,<br />

na possibilidade de ângulos de<br />

visão ou acesso imediato a estatísticas para<br />

o streaming online.<br />

A televisão é igualmente limitada pelo<br />

número de canais que possui e com tal é<br />

também limitada na cadência de conteúdos<br />

que pode disponibilizar.<br />

O streaming e as suas operadoras tem<br />

igualmente sabido captar anunciantes, e<br />

integrar anúncios individualizados não<br />

intrusivos, o que permite por um lado,<br />

uma maior competitividade ao preço oferecido<br />

aos seus anunciantes, e a oferta de<br />

um maior número de conteúdos.<br />

O streaming parece ser de facto o futuro,<br />

os próximos anos serão fundamentais,<br />

assim como se dará a adaptação das tradicionais<br />

cadeias televisivas a esta nova realidade.<br />

É esperar para ver.<br />

60 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com


ACTN3: O GENE DOS CAMPEÕES<br />

Tiago Dinis. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

GENE ACTN3<br />

Realizar testes de perfil genético para o<br />

comum dos cidadãos tonou-se nos últimos<br />

anos uma tarefa relativamente simples e não<br />

muito dispendiosa. A organização atlasgene,<br />

disponível em atlasgene.com, possibilita<br />

facilmente essa análise.<br />

O primeiro passo, é obter um kit, que pode<br />

ser obtido através do Website mencionado<br />

acima. Preencher o formulário de candidatura.<br />

Realizar o teste, que consiste em molhar<br />

com saliva a almofada de algodão do kit.<br />

Enviar o kit para o laboratório e esperar o<br />

resultado, que demora cerca de três semanas<br />

a um mês.<br />

T<br />

radicionalmente, o desempenho desportivo tem<br />

sido atribuído ao treino, a uma nutrição adequada e<br />

a um talento natural do atleta. Talento que é sempre<br />

ligado a um dom que é inexequível justificar. Nascese<br />

assim, porque assim aconteceu. Porém, nos últimos anos, tem-se<br />

olhado insistentemente para o perfil genético dos atletas de modo<br />

a entender quer se as suas características se adequam às modalidades<br />

que praticam. Ou para compreender se os resultados obtidos<br />

se devem à superação física ou a uma predisposição genética que<br />

eleva determinado atleta a patamares impossíveis para os seus<br />

pares. Consequentemente, na análise de diversos fatores genéticos,<br />

nomeadamente através do polimorfismos de DNA, tornou-se fundamental<br />

para a compreensão do rendimento desportivo.<br />

Define-se polimorfismos de DNA as sequências de bases que diferem<br />

do que é tido como “normal” ou “comum”. Ou seja, presente<br />

na maioria da população mundial. Essa sequências diferenciadora<br />

podem influenciar a expressão ou percentagem de determinadas<br />

proteínas e desse modo influenciar e alterar o desempenho físico<br />

e desportivo. Diversos estudos e trabalhos começam a demonstrar<br />

uma relação direta com certos polimorfismos de DNA e o desempenho<br />

desportivo, em particular em modalidades de alto esforço<br />

muscular. Entre todos, o que indiscutivelmente mais se destaca é<br />

o gene ACTN3.<br />

De certo modo, este é inclusive um polimorfismo de DNA relativamente<br />

comum. Esta presente em cerca de 18% a 25% da população<br />

geral, com ligeiras diferenças dependendo da região geográfica. O<br />

ACTN3 resulta da síntese de uma forma truncada e não-funcional<br />

de alfa-actinina-3. Diversos estudos, demostraram que a presença<br />

ou ausência de alfa-actinina-3 tem consequência no desempenho<br />

físico. Simplisticamente, a sua presença beneficia funções que<br />

exijam um maior desempenho muscular. Enquanto a sua ausência<br />

beneficia provas de longa duração.<br />

Os cientistas expuseram que os indivíduos com a variante em<br />

ambas as cópias do seu gene ACTN3 pode ter uma pré-disposição<br />

natural para a resistência (eventos relacionados com cagas de<br />

energia aeróbica), tais como corrida de longa distância, natação<br />

distância ou esqui. Esses atletas com uma cópia da variante no<br />

seu gene ACTN3. Pode ser igualmente adequado para tanto<br />

resistência e Sprint / potência desportiva como o futebol ou andar<br />

de bicicleta. Atletas que não possuem nenhuma cópia da variante<br />

na sua ACTN3 gene podem ter uma predisposição natural para a<br />

velocidade desportes ou potência como eventos de futebol, levantamento<br />

de peso e de sprint.<br />

Os atletas profissionais passaram a incorporar testes genéticos no<br />

seu treino. Compreender as suas características inatas tornou-se<br />

fundamental para a avaliação do treino e para selecionar sistemas<br />

e técnicas de treino.<br />

Por fim, apesar das vantagens competitivas do gene ACTN3, não<br />

significa que tê-lo fará de si ou do seu filho um astro no desporto.<br />

Muitos outros fatores tem de ser levados em conta. Este é somente<br />

mais um.<br />

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CONTRADITÓRIO:<br />

A IMPORTÂNCIA DE DIFERENTES IDEIAS NA GESTÃO DESPORTIVA<br />

Pedro M. Silva. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

N<br />

os últimos dez anos, em<br />

alguns países isso acontece<br />

há já mais tempo, uma<br />

política de comunicação<br />

fechada por parte dos clubes de futebol<br />

e obrigando os seus intermediários a um<br />

discurso cheio de lugares comuns e em<br />

sintonia com o que a mensagem que se<br />

pretende passar e sem lugar a um pensamento<br />

original ou individual. Vemos igualmente<br />

presidentes a agregarem significativamente<br />

mais poder e a secarem tudo à<br />

sua volta. A crítica jornalística ou mesmo<br />

dos adeptos é desvalorizada no melhor<br />

dos cenários e severamente atacada na<br />

maioria das vezes. Mesmo as seleções<br />

nacionais dos países, instituições de utilidade<br />

pública e subsidiada em parte por<br />

dinheiros do orçamento de estado, não se<br />

coíbem de afirmar se não for para ajudar<br />

e suportar, que é melhor nem aparecerem.<br />

Olhamos para dentro dos clubes e dificilmente<br />

achamos pessoas com capacidade e<br />

estatuto para apresentarem novas abordagens<br />

e diferentes ideias. Vivemos numa era<br />

de pensamento único e de estratégias sem<br />

planos B. Mas que vantagens existem nesta<br />

forma de agir?<br />

Na nossa opinião muito poucas. Em última<br />

análise, um modelo de negócio desportivo<br />

e de treino chega a um ponto de saturação.<br />

Como afirma Birkinshaw, “um dos inimigos<br />

da agilidade estratégica é a empresa<br />

basear-se em métricas velhas e restritivas<br />

e não questionar com frequência os<br />

indicadores de desempenho, acarretando<br />

a criação de pontos cegos muito perigosos<br />

na visão estratégica.”<br />

Frans Johansson autor de diversos livros<br />

de gestão e finanças, aponta diversos<br />

exemplos de sucesso de empresas e clubes<br />

desportivos que alcançaram o sucesso<br />

saindo de “dentro da caixa”. Ou seja, apostando<br />

em ideias e conceções de negócio<br />

inexplorados ou desvalorizados.<br />

Neste seguimento, apostar em formar ideias<br />

contrárias e diferentes nas organizações<br />

desportivas pode ser a única forma<br />

de sobrevivência principalmente para as<br />

organizações com menores recursos financeiros.<br />

E menor capacidade para se adaptarem<br />

rapidamente a mudanças repentinas.<br />

Julian Birkinshaw, da London Business<br />

School, assume a ideia que uma das principais<br />

causas para o declínio das organizações,<br />

nas quais podemos colocar as<br />

organizações desportivas: “é a perda de<br />

agilidade estratégica: a capacidade que<br />

uma empresa tem de mobilizar as pessoas<br />

por toda a organização para manterem<br />

seus olhos abertos para as mudanças no<br />

ambiente externo, e assumirem a responsabilidade<br />

de disseminar suas novas ideias<br />

e desafiar os processos atuais”.<br />

Por fim, a velha máxima que em equipa<br />

que ganha não se mexe pode ser uma conceção<br />

falaciosa. Uma boa ideia hoje pode<br />

não significar que essa mesma ideia seja<br />

vencedora amanha.<br />

No fundo, a adaptabilidade, mesmo no<br />

meio desportivo e nas suas organizações,<br />

é um ponto fundamental e isto é melhor<br />

conseguido quando existem ideias diferentes<br />

e abordagem que se diferenciem.<br />

Privilegiar um debate saudável é a melhor<br />

solução para o sucesso no presente e principalmente<br />

no futuro.<br />

“... um dos inimigos da<br />

agilidade estratégica<br />

é a empresa basear-se<br />

em métricas velhas e<br />

restritivas e não questionar<br />

com frequência<br />

os indicadores de desempenho,<br />

acarretando a<br />

criação de pontos cegos<br />

muito perigosos na<br />

visão estratégica”<br />

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COPA <strong>2014</strong>: OS NÚMEROS<br />

INVESTIMENTOS, GANHOS E PERDAS!<br />

A<br />

última década brasileira foi<br />

marcada por importantes<br />

conquistas económicas e<br />

sociais. Transformou-se<br />

na sexta maior economia<br />

a nível mundial, e acima de tudo existiu<br />

um esforço palpável de esbater muitas das<br />

desigualdades socias que há muito fazem<br />

parte da realidade das populações brasileiras.<br />

Na base desta transmutação passa<br />

segundo as autoridades brasileiras por um<br />

modelo de desenvolvimento baseado no<br />

crescimento com estabilidade, equilíbrio<br />

fiscal, inclusão social e competitividade.<br />

Apesar de muitas dúvidas colocadas ao<br />

modelo adotado e do Brasil estar ou não<br />

num crescimento sustentável e viável a<br />

longo prazo, existe um facto que é indesmentível,<br />

entre 2002 e 2012, 37 milhões de<br />

brasileiros passaram a pertencer à classe<br />

média. E muitos milhões mais deixaram<br />

a extrema pobreza. Os megaeventos,<br />

Mundial seguido de Olimpíadas no espaço<br />

de apenas 2 anos, surgem dentro deste<br />

espirito e no sentido de afirmar ainda mais<br />

a marca “Brasil” pelo mundo.<br />

Pensando no legado e nos efeitos positivos<br />

para mais à frente, olhemos primeiro para<br />

os números e concentremo-nos apenas no<br />

Mundial de <strong>2014</strong>.<br />

O custo do Mundial de <strong>2014</strong> de acordo<br />

com informações da Matriz de<br />

Responsabilidades situou-se em “ R$ 28,1<br />

bilhões, sendo que os investimentos em<br />

mobilidade urbana somam R$ 8,9 bilhões,<br />

para os aeroportos chegam a R$ 8,4 bilhões,<br />

em estádios registram R$ 7,6 bilhões<br />

e em portos, R$ 700 milhões. Para as<br />

estruturas, equipamentos e capacitação em<br />

segurança, o recurso é de R$ 1,9 bilhão. A<br />

área de telecomunicações recebeu R$ 400<br />

milhões e a de turismo, R$ 200 milhões”.<br />

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />

Mais de 85% do investimento na “Copa do Mundo”<br />

foi feito com dinheiros públicos. 60,1% dos investimentos<br />

foram gastos em obras de vias e transportes<br />

públicos, bem como os aeroportos – 33,6% para as<br />

deslocações terrestes e 26,5% referentes aos transportes<br />

aéreos. A segunda maior fatia foi gasta com os<br />

10 estádios, que somando perfazem 27,7%. Os portos<br />

somaram 2,6% do total dos investimentos, enquanto<br />

as infraestruturas e comunicação no seu conjunto<br />

chegam aos 1,4% dos investimentos.<br />

No entanto, estes valores podem sofrer acréscimos significativos, já<br />

que ficaram fora das contas todas as obras que não ficaram pronta<br />

a tempo para o Mundial, e não contabilizados igualmente todos as<br />

despesas com as estruturas temporárias exigidas pela FIFA para<br />

todas as arenas do Mundial, tais como aluguel de tendas, aparelhos<br />

de primeiros socorros, sistemas de informação, entre outros.<br />

Puxando o custo total do Mundial para os R$ 30 bilhões.<br />

Relativamente ao retorno económico já existem alguns dados que<br />

podem ser apresentados.<br />

Pouco mais de uma semana após o se ter jogado a final e de<br />

terminado o evento foi divulgado que as estimativas apontavam<br />

para que tinha sido injetado na economia brasileira cerca de R$<br />

30 bilhões em resultado direto com o Mundial de futebol. Esta<br />

estimativa surgiu fruto de uma pesquisa efetuada pela Fundação<br />

Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e encomendada pelo<br />

Ministério do Turismo. O estudo indica que o impacto do Mundial<br />

será sensivelmente três vezes maior que o valor conseguido na<br />

Copa das Confederações, a partir de dados que incluem impactos<br />

iniciais, diretos, indiretos e induzidos na economia. Relembramos<br />

que os números consolidados durante a realização da Copa das<br />

Confederações no ano de 2013 se fixaram nos R$ 9,7 bilhões<br />

injetados no PIB brasileiro.<br />

Segundo estimativas do ministério brasileiro do turismo foram<br />

criados para o Mundial quase um 1 milhão de empregos no<br />

país, sendo que 710 mil empregos são fixos e 200 mil apenas<br />

temporários. Representando cerca de 15% dos empregos criados<br />

durante o mandado de Dilma Rousseff. Aproveitando a visibilidade<br />

do Mundial de futebol a Agência Brasileira de Promoção<br />

das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) promoveu ações<br />

e encontros durante a realização do torneio e trouxe mais de 2,3<br />

mil empresários oriundos um pouco por todo o mundo. O mesmo<br />

ministério do turismo afirma que o número de turistas superou<br />

em mais de 100 mil as espectativas, fixando-se em 700 mil os visitantes<br />

estrangeiros que chegaram ao Brasil durante o período da<br />

“Copa”. Um acréscimo de 131% quanto comparado com o mesmo<br />

intervalo do ano anterior. Os argentinos são a maior fatia e vieram<br />

em grande número, cerca de 101 mil, seguidos bem de perto pelos<br />

norte-americanos com 83 mil e os chilenos com 44 mil. As cidades<br />

que registaram um maior acentuado de número de turistas foram<br />

Natal (RN) registrou aumento de 851%, Cuiabá (MT) de 963%,<br />

Curitiba (PR) de 167% e Manaus (AM) de 409%, novamente em<br />

comparação com o mesmo período do ano passado.<br />

Segundo estimativas oficiais, o evento Mundial de futebol, desde o<br />

ano de 2011, há-de ter representado um acréscimo no crescimento<br />

do PIB brasileiro entre 1 a 1,5%.<br />

Mas nem tudo foram ganhos, de acordo com a Cielo – empresa<br />

ligada às transferências comerciais por cartão de crédito e debito,<br />

o valor gasto por turistas decaiu em 7%. O sector industrial registou<br />

uma pequena queda, em muito devido ao encarecimento do<br />

crédito e ao aumento da inflação - nos últimos 12 meses até ao<br />

Mundial um aumento de 6,52%.<br />

Por fim, o lado mais negativo, economicamente falado, deveu-se<br />

às paragens de produção e laborais devido aos vários feriados que<br />

foram acontecendo durante o Mundial. Numa estimativa previa ao<br />

Mundial esperava-se avultadas perdas para a economia brasileira,<br />

em um valor especialmente alarmante de R$ 30 bilhões.<br />

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MUNDIAL BRASIL:<br />

CRITICAS, MANIFESTAÇÕES E IMPRENSA MUNDIAL.<br />

C<br />

havões como “não vai ter<br />

Copa” tornaram-se comuns<br />

e largamente audíveis nos<br />

meses que antecederam a<br />

realização do Mundial do<br />

Brasil. Ao contrário do que era espectável<br />

uma boa parte da população brasileira<br />

mostrou-se contra a realização do Mundial<br />

no seu país. As manifestações que se iniciaram<br />

na Taça das confederações e se prolongaram<br />

por mais de um ano foram uma<br />

surpresa ainda maior. Uma surpresa que<br />

as autoridades na grande maioria das vezes<br />

não souberam lidar. E fizeram com que<br />

muitas manifestações pacíficas se tornassem<br />

violentas. Diga-se, a bem da verdade,<br />

que existiram vários grupos que utilizaram<br />

as manifestações para criar distúrbios e<br />

foram igualmente culpa deles o rastilho de<br />

muita violência.<br />

As críticas da população brasileira à realização<br />

do Mundial começaram a ouvirse<br />

desde o ano de 2011 e iniciaram-se<br />

em grande medida aos enormes gastos<br />

que a organização comportaria para os<br />

cofres do estado, cerca de R$ 25,5 bilhões.<br />

Relembremos que perto de 90% do<br />

investimento é público. A organização dos<br />

últimos três mundiais no seu conjunto<br />

não chegou a esse valor. Num país, que<br />

apesar do crescimento e do esbatimento<br />

das igualdades nos últimos anos, onde<br />

existem índices preocupantes na saúde,<br />

segurança ou educação uma boa parte dos<br />

cidadãos brasileiros e da sociedade civil,<br />

com destaque em muito jornalistas e “opinion<br />

makers”, olhou para os gastos da “copa”<br />

como supérfluos e desnecessários. Para se<br />

ter uma noção do investimento feito, com<br />

os mesmos valores seria possível construir<br />

mais de 90 mil postos de saúde completamente<br />

equipados, comprar cerca de 350<br />

mil ambulâncias equipadas, contratar mais<br />

de 2 milhões de professores por ano ou<br />

construir perto de 25 mil km de estradas<br />

alcatroadas.<br />

Outra das críticas levantadas refere-se à<br />

sentida falta de transparência em muitos<br />

de negócios e o superfacturamento em<br />

muito deles, sem boas razões justificativas.<br />

O andamento das obras e o fato de muita<br />

delas não se concluírem até ao Mundial<br />

também levantavam muitas incertezas. Mas<br />

a pergunta mais frequentemente feita e<br />

que continua atual é: depois do evento que<br />

legado fica para a posteridade?<br />

Uma dúvida a que se juntaram muitas vozes<br />

com notoriedade pública ou que ganharam<br />

essa mesma notoriedade por conta do seu<br />

descontentamento se ter tornado viral nas<br />

redes socias. Um dos casos mais notórios<br />

é o da brasileira Carla Dauden criou um<br />

vídeo No, I’m not going to the World Cup,<br />

onde nele fazia censuras à forma como a<br />

preparação e o investimento dos dinheiros<br />

públicos foram feitas para a organização do<br />

Mundial.<br />

Curiosamente, o vídeo acima referido,<br />

surgiu exatamente no momento em que<br />

explodiram as manifestações. Milhares de<br />

pessoas manifestaram o seu descontentamento<br />

na rua, exemplificando o poder de<br />

mobilização das redes sociais, origem da<br />

maioria das “convocatórias”. Professores,<br />

“sem tetos”, índios, estudantes e muitos<br />

outros saíram à rua em protesto como raras<br />

vezes se tinha visto nas principais cidades<br />

brasileiras.<br />

As manifestações durante<br />

a Taça das confederações<br />

apanharam as<br />

autoridades totalmente<br />

de surpresa. Superfacturamento,<br />

desigualdades<br />

sociais e necessidades<br />

estruturais mais<br />

prioritárias quando<br />

comparadas com a<br />

realização do Mundial,<br />

foram alguns dos<br />

pontos mais escutados<br />

pelos manifestantes.<br />

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />

Os cartoons foram um dos principais<br />

meios de mostrar o descontentamento<br />

com a realização do<br />

Mundial no Braasil.<br />

Depois surgiram as duras críticas da Fifa<br />

aos atrasos na construção nas obras, nomeadamente<br />

dos estádios e das infraestruturas<br />

de ligação.<br />

A imprensa internacional caiu igualmente<br />

fortemente sobre a organização brasileira.<br />

Ao lado, temos a capa da revista france<br />

football, que se veio a provar falsa, mas que<br />

se tornou viral e causou imensa polemica.<br />

Mesmo a capa da revista francesa sendo<br />

falsa, muitas outras ouve, nomeadamente<br />

da imprensa britânica, com duríssimas<br />

críticas à organização brasileira e as suas<br />

autoridades.<br />

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />

COPA <strong>2014</strong>:<br />

QUE LEGADO?<br />

Acopa aconteceu. Dentro do campo o Mundial do<br />

Brasil foi um sucesso, mas deixa para as populações<br />

um legado positivo? Talvez essa seja a pergunta<br />

mais frequente e necessária agora que os jogos já<br />

fazem parte do passado, mas é também a mais difícil<br />

de responder. Existe ainda muita informação a necessitar de uma<br />

imprescindível e cuidadosa observação. Muitas obras periféricas<br />

ao Mundial que precisam de ser concluídas; e de que forma serão<br />

concluídas e se ficaram dentro do orçamentado. Dados a ser adicionados<br />

como o fluxo turístico dos próximos meses e do próximo<br />

ano. Deste modo, ao contrário do que aconteceu com Portugal,<br />

Grécia, Alemanha, Africa do Sul e Londres apontamos para mais<br />

tarde, em futuras edições uma resposta mais definitiva e concreta<br />

em relação ao legado deixado pelo Mundial em terras brasileiras.<br />

Mas algumas considerações podem ser feitas desde já.<br />

O principal objetivo do Brasil, projetar uma imagem positiva e<br />

impositiva no Mundo, em grande medida falhou. E tinha falhado<br />

ainda os jogos não se tinham iniciado. As constantes críticas da<br />

imprensa mundial, como referido na página anterior, debilitaram<br />

a perceção de muitos países em relação ao Brasil, principalmente<br />

os países que têm um menor conhecimento deste país. Antes do<br />

mundial se iniciar, neste ponto o brasil já perdia de goleada, tal<br />

como afirmara Juca Kfouri no programa Roda Viva. Restava tentar<br />

empatar. A “copa das copas” era apenas uma ilusão.<br />

Como referido, dentro do campo o Mundial do Brasil foi um<br />

sucesso. E os adeptos de forma generalizada ajudaram a abrilhantar<br />

o evento. Muitas das situações que podiam projetar uma<br />

imagem negativa foram bem mascaradas e passaram quase despercebidas<br />

a quem assistia o Mundial pela televisão. Os adeptos<br />

que foram ao Brasil na sua grande maioria gostaram e têm e publicaram<br />

opiniões bastantes favoráveis. As transmissões televisivas,<br />

como norma da Fifa, foram de muito boa qualidade.<br />

Mas existiram igualmente situação negativas. A queda do viaduto<br />

que resultou em algumas mortes e alguns feridos e que correu<br />

mundo em pleno Mundial – numa obra construída de prepósito<br />

para o campeonato do Mundo. Algumas fotos e vídeos virais nas<br />

redes sociais mostraram um lado do brasil que muito provavelmente<br />

as autoridades brasileiras dispensavam.<br />

Dentro dos jornalistas internacionais que presenciaram o Mundial<br />

em terras brasileiras não existe um consenso claro relativamente a<br />

questões ligadas com a organização. Enquanto muitos elogiaram,<br />

outros tantos teceram duras críticas. O Hélder Conduto, jornalista<br />

da RTP que acompanhou a seleção portuguesa, em entrevista para<br />

a RTP Informação, afirmou, que só não podia afirmar que a organização<br />

da Copa de <strong>2014</strong> não tinha sido a pior de sempre porque<br />

não tinha estado presente em todos os Mundiais.<br />

Por fim, como “legado” do Mundial de <strong>2014</strong> para o brasil, desde já<br />

parecem ter-se destacado dois pontos.<br />

O primeiro é a necessidade de consultar as populações e a sua<br />

opinião relativa a megaeventos futuros.<br />

Em segundo, a necessidade de reformular o futebol brasileiro<br />

que se mostrou claramente atrás de muitos dos países europeus e<br />

mesmo de alguns países sul-americanos. Sendo que o Brasil tem de<br />

longe o maior potencial de criação de taletos para o futebol.<br />

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PLAYNIFY<br />

A REDE SOCIAL DESPORTIVA PARA TODOS OS ATLETAS<br />

AMADORES<br />

Vitor E. Santos. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

Desde há vários anos que as redes socias determinam<br />

em grande medida a forma como interagimos<br />

com o mundo. Olhemos para o facebook e a<br />

forma como ele se tornou o nosso bilhete de identidade<br />

digital. Cumprindo um papel fundamental<br />

como uma das principais, se não mesmo a principal, plataforma<br />

de comunicação nesta nossa década. Com o sucesso do facebook.<br />

Várias outras redes socias chegaram até nós. Nesta edição olhamos<br />

para uma rede social desportiva: Playnify.<br />

Playnify, uma rede social portuguesa e portuense, que se assume<br />

como um facilitador para quem quer sair de casa e praticar desporto,<br />

colaborando na procura de companhia e parceiros desportivos.<br />

Quantas vezes acontece marcar um jogo de futebol entre amigos, e<br />

faltar um para fazer duas equipas completas? Ou querer fazer uma<br />

caminhada ou corrida mas por falta de companhia ficar em casa?<br />

O Playnify pretende exatamente quebrar essas barreiras e ligar<br />

atletas amadores um pouco por todo o mundo.<br />

Em declarações ao Jornal de Noticias, Joaquim Valente, cofundador<br />

e CEO da Playnify, explica que “a plataforma aposta em ligar<br />

as pessoas de todo o mundo através do desporto”. “No Facebook<br />

partilhamos a nossa vida pessoal e interagimos com amigos, no<br />

LinkedIn partilhamos a nossa vida profissional e encontramos<br />

oportunidades de negócios. Na Playnify, partilhamos a nossa vida<br />

desportista e encontramos outros jogadores e jogos para participar”.<br />

Existe igualmente espaço, na Playnify, para as associações e recintos<br />

desportivos e possibilitam a plataforma ideal para exponenciar<br />

e alargar o espaço de comunicação com os seus futuros utilizadores,<br />

e melhorar a rentabilidade desses mesmos recintos.<br />

Playnify aposta na facilidade de uso e na simplicidade para captar<br />

o máximo de utilizadores possíveis, sem que o nível de conhecimentos<br />

informáticos e de adaptação à plataforma sejam um<br />

problema.<br />

Disponível desde novembro de 2012, a Playnify não pretende<br />

ser uma rede social exclusivamente portuguesa, mas sim, do<br />

mundo. A sua mudança para Silicom Valley, nos Estados Unidos<br />

da América, após terem vencido o AIDA Startup Challenge em<br />

Aveiro, é um exemplo da ambição desta plataforma.<br />

O bom feedback, e a já considerável aderência a esta plataforma,<br />

e as vantagens que ela proporciona fazem desta rede social uma<br />

ótima opção para pessoas que se querem exercitar e não tem<br />

companhia. É possível fazer a autenticação através da conta do<br />

facebook, o que é de grande auxílio.<br />

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Joze Mourinho (Por) - Futebol<br />

Doc Rivers (USA) - NBA<br />

Zico (Bra) - Futebol<br />

TREINADOR<br />

Os principais desafios e tarefas que a<br />

evolução no desporto obrigam.<br />

Tiago Dinis. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

FORMADOR<br />

GESTOR MULTIDISCIPLINAR<br />

COMUNICADOR<br />

ESTRATEGA<br />

LÍDER E MUITO MAIS...<br />

Formar e gerir uma equipa técnica multidisciplinar.<br />

O desporto de alto rendimento<br />

1.<br />

tornou-se nas últimas duas décadas uma<br />

atividade totalmente profissional e foi com<br />

naturalidade que se deu a segmentação<br />

das suas áreas em várias disciplinas chefiadas<br />

por técnicos e especialistas. O treinador tomou assim para<br />

si a responsabilidade de gerir e chefiar todos estes grupos para<br />

um objetivo comum: a vitória. É importante reconhecer que esta<br />

gestão é a cada novo dia mais complexa, na medida, que cada<br />

disciplina evolui num ritmo próprio e a necessidade de alterações<br />

constantes é uma realidade que requer adaptação constante.<br />

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Escolher e gerir atletas que se completem.<br />

Formar uma equipa, que<br />

2.<br />

dependendo do desporto, pode facilmente<br />

contar com mais de vinte atletas<br />

é uma tarefa ardilosa e que deve<br />

ser feita com um critério científico.<br />

Acrescentando a isso, a mediatização dos atletas como estrelas<br />

internacionais e publicitárias. Misturar atletas de diferentes<br />

idades e diferente maturidade competitiva e diminuir a<br />

influência dos objetivos pessoais é uma tarefa herculana mas<br />

absolutamente necessária para o sucesso.<br />

3.<br />

Gerir uma estratégia e valores<br />

comuns. Cabe ao treinador, como<br />

primeiro e principal líder, mais do<br />

que criar, gerir uma estratégia que<br />

leve a equipa desportiva aos seus objetivos. Atualmente, esta<br />

tarefa é bem mais complexa que numa primeira análise possa<br />

parecer. Cada atleta tem os seus objetivos próprios, e muitas<br />

vezes esses mesmos objetivos não coincidem com as necessidades<br />

da equipa. Cabe ao treinador avaliar cada situação<br />

individualmente e arranjar consensos para que pelo menos<br />

se tente arranjar uma fórmula que beneficie a todos, principalmente<br />

o clube desportivo, sem que para isso se percam<br />

ativos fundamentais.<br />

Criar um plano B. E, um plano C.<br />

4.<br />

É das tarefas mais importantes de<br />

um treinador antecipar o inesperado.<br />

Lesões, castigos, condições atmosféricas<br />

adversas, ou o mais frequente,<br />

uma estratégia tática eficiente da<br />

equipa adversaria. É fundamental também mudar e saber<br />

quando deve mudar quando os resultados/exibições não<br />

aparecem.<br />

O<br />

s clubes modernizaram-se. O jogo, dentro<br />

do campo, mudou radicalmente. O perfil do<br />

atleta também. Assim como toda a estrutura<br />

técnica de uma equipa desportiva de alto<br />

nível. Não pode então ser surpreendente que o perfil de treinador<br />

tenha também sofrido profundas alterações. Hoje, os<br />

treinadores desportivos são obrigados a executar diariamente<br />

um largo conjunto de habilidades e conhecimentos que os<br />

auxiliem a atuar da forma mais competente com todos os<br />

desafios que lhes surgem. E, os desafios são mais que muitos<br />

que obrigam o treinador a um perfeito domínio de diversas<br />

dimensões no treino, que vai além do conhecimento técnico<br />

e tático, como são os aspetos mentais, a psicologia de grupo,<br />

a definição de objetivos comuns que influenciam diretamente<br />

o desempenho das equipas e a classificação no final de uma<br />

época desportiva.<br />

O treinador tornou-se num “super-especialista”, com a particularidade<br />

de ser aquele que está mais próximo dos atletas,<br />

e aquele que mais influencia diretamente o comportamento<br />

destes, como educador, conselheiro, estratega e acima de tudo<br />

como líder.<br />

Muito daquilo que acontece nas equipas profissionais depende<br />

do treinador enquanto líder de todo o processo. Tanto os<br />

treinadores, como os restantes elementos da equipa técnica,<br />

influenciam a equipa com quem trabalham e interagem, seja<br />

de forma pensada ou mesmo através do próprio exemplo.<br />

Gerir o insucesso e os erros individuais de cada atleta de uma<br />

forma que da sua intervenção possam resultar melhorias e<br />

desenhar um plano B é igualmente uma tarefa da competência<br />

do treinador.<br />

Por fim, gerir a comunicação com a imprensa é fundamental.<br />

Na era digital em que vivemos, a informação viaja instantaneamente<br />

em todo globalmente, e erros de comunicação<br />

é fundamental. Por muito que os clubes possuam áreas de<br />

comunicação com especialistas, não raras vezes, o microfone<br />

e as câmeras de vídeo estão unicamente apontadas para o treinador<br />

e é a ele que cabe a incumbência de passar a mensagem.<br />

Formação constante. O treinador não<br />

5.<br />

pode parar. Como diz o ditado popular:<br />

para é morrer. Como fica facilmente<br />

percetível, os treinadores estão obrigados<br />

a dominar inúmeras disciplinas<br />

num desporto em contante mudança e<br />

inovação. Sem formação e estudo, rapidamente o treinador,<br />

enquanto especialista que o é, torna-se obsoleto.<br />

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CHESSBOXING:<br />

BOXE E XADREZ<br />

A união de duas modalidades tão diferentes que está a fazer furor<br />

e pretende em breve tempo ser incluida nas Olimpiadas.<br />

Vitor E. Santos. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

D<br />

esportos híbridos, ou seja,<br />

desportos que fundem<br />

duas modalidades distintas,<br />

e que a uma primeira<br />

vista nada têm a ver um com o<br />

outro, começam a ser usuais e populares.<br />

O Chessboxing, um desporto que junto<br />

no mesmo ringue, a perícia do xadrez e a<br />

força do boxe, é disso exemplo.<br />

O Chessboxing foi inventado, na década de<br />

90, pelo holandês Iepe Rubingh, inspirado<br />

pela banda desenhada Froid Équateur,<br />

do artista Enki Bilal. Ao contrario do<br />

que acontecia na obra de Bilal, um combate<br />

de boxe seguido por um jogo de<br />

xadrez, o Chessboxing alterna um embate<br />

de xadrez com um combate de boxe, em<br />

onze rounds, 6 de xadrez e cinco de boxe.<br />

É interessante constatar que este conceito,<br />

boxe e xadrez na mesma modalidade,<br />

é algo recorrente na ficção. Em 1991, o<br />

filme finlandês Uuno Turhapuro—herra<br />

Helsingin herra, apresenta um conceito<br />

semelhante. Onde a personagem principal<br />

e herói da história, joga xadrez com os<br />

olhos vendados com uma pessoa, usando<br />

para isso um sistema de comunicação<br />

mãos-livres, enquanto no ringue boxeia<br />

com outra pessoa. Um outro filme, Ninja<br />

Checkmate de 1979, assume estas mesmas<br />

premissas. Sendo que, Rubingh afirma ter<br />

conhecimento destes dois filmes na altura<br />

que criou o Chessboxing.<br />

Este desporto é regido pelas duas organizações,<br />

a World Chess Boxing Organisation<br />

(WCBO) com base em Berlin e a World<br />

Chessboxing Association (WCBA) com<br />

base em londres. A WCBA já acolheu e<br />

organizou mais de 20 torneios ao longo<br />

dos últimos 5 anos e tem como principal<br />

objetivo e missão unificar as organizações<br />

Chessboxing internacionais sob uma única<br />

bandeira. A WCBO recebeu vários eventos<br />

desde 2003, em cidades como Amesterdão,<br />

Berlim, Colônia, Munique, Krasnoyarsk,<br />

Moscovo ou Paris. Desempenhando um<br />

papel fundamental na divulgação desta<br />

nova modalidade e na angariação de novos<br />

fãs..<br />

Curiosamente e apesar de parecer<br />

improvável este novo desporto tem cada<br />

vez mais novos seguidores, havendo<br />

mesmo quem afirme que esta pode vem<br />

vir a ser o desporto perfeito, uma associação<br />

entre o esforço físico e a destreza<br />

mental, inteligência e músculos.<br />

Rubingh acredita que, tal como outros<br />

desportos híbridos como o triatlo, também<br />

o chessboxing pode vir a competir nos<br />

jogos olímpicos. E este é possivelmente a<br />

primeira grande ambição do Chessboxing,<br />

e talvez o ponto de viragem para este novo<br />

desporto conquistar definitivamente o seu<br />

lugar no desporto mundial.<br />

Chessboxing é um jogo<br />

que funde duas modalidades:<br />

boxe e xadrez, e<br />

que contra as espectativas<br />

conquista todos<br />

os dias novos fãs. A<br />

ambição é torna-lo num<br />

desporto olímpico.<br />

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REGRAS:<br />

As regras do Chessboxing são bastante simples. Cada “embate” é composto por 11 rounds, 6 desses rounds<br />

de xadrez e 5 rounds de boxe. Cada rodada de xadrez leva 4 minutos, enquanto uma rodada de boxe leva 3<br />

minutos. Entre rodadas, é dado um minuto de descanso, que é na maioria das vezes gasto para colocar ou<br />

tirar as luvas. O jogo só termina por xeque-mate ou K.O.<br />

CURIOSIDADE:<br />

Os atletas usam fones durante os rounds de xadrez para evitarem ser distraídos pela narração ao vivo do<br />

comentador, assim como pelos gritos e incentivos do público.<br />

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LIVRO<br />

THE FIX: ORGANIZED CRIME AND SOCCER<br />

DECLAN HILL<br />

76 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com


Declan Hill é um jornalista, académico, consultor e documentarista. Nos últimos<br />

anos, ele tornou-se em um dos maiores especialistas na viciação de resultados e<br />

muito do seu trabalho mais recente incide sobre este tema. Anteriormente, Hill<br />

trabalhou em pelas sobre os assassinatos generalizados de jornalistas filipinos, o<br />

assassinato do chefe da máfia canadense, feudos de sangue no Kosovo, a limpeza<br />

étnica no Iraque, as religiões pagãs na Bolívia e os crimes de honra na Turquia.<br />

“O Brasil 3-0 Gana é um dos casos de viciação<br />

de resultados apresentados neste<br />

livro”<br />

C<br />

orrupção no futebol. Este é o tema deste livro. O<br />

jornalista e investigador canadiano Declan Hill,<br />

descreve minuciosamente como as máfias controlam<br />

os bastidores e de como a viabilidade do<br />

futebol pode estar gravemente em perigo devido à corrupção e a<br />

todas as consequências nefastas que ela provoca. A abrangência de<br />

combinação de resultados é de tal forma gigantesca que engloba<br />

desde os campeonatos juvenis da Escócia ou Finlândia, aos torneios<br />

de sub-20, até ao jogos Olímpicos e ao mundial de 2006.<br />

Depois de três longos anos de investigação Hill afirma que o futebol<br />

corre um grande perigo, e afiança que a maioria dos homens<br />

que destruíram os campeonatos na Ásia está agora com os pés bens<br />

assentes na Europa. E os seus métodos não mudaram. O homem<br />

por trás da cortina é Lee Chin - nome fictício. Segundo Hill, que<br />

se encontrou pessoalmente com Chin o poder deste homem é bem<br />

real e os seus tentáculos estão um pouco por todo o lado e por<br />

todas as competições.<br />

Um dos casos mais bombásticos retratados neste livro é o do jogo<br />

Gana-Brasil do mundial da Alemanha em 2006. “Ele disse-me que<br />

era o treinador da selecção sub-17, alguém que se movimentava<br />

à vontade no futebol do Gana. Chin assegurou-me que ele tinha<br />

conseguido manipular oito jogadores”, explicou Hill em entrevista<br />

a um jornal germânico. Cada jogador receberia 30 mil euros. O<br />

jogo apesar de bem disputado segundo as cronicas, ficou em 3-0,<br />

vitória para o Brasil, decidido com uma serie de erros anormais,<br />

como passes falhados e descuidos na defesa inaceitáveis em jogadores<br />

profissionais e a este nível.<br />

Este livro é uma excelente escolha para aqueles que pretendem<br />

conhecer de mais de perto o lado mais negro do futebol e a forma<br />

como as “sombras” influenciam os resultados fora das quatro<br />

linhas. Simples e de fácil leitura. Como único problema, talvez a<br />

narrativa na primeira pessoa e alguma tentativa de heroicidade por<br />

parte do autor. Mas, uma coisa é garantida, após a leitura da última<br />

página percebesse perfeitamente como se pode manipular um<br />

resultado e a forma simples e eficaz como é feita. Entendendo-se<br />

igualmente as imensas fragilidades que existem no sistema futebolístico<br />

mundial e nas suas organizações, onde parece não existir<br />

vontade para mudar e aumentar as “proteções”.<br />

Pedro Silva. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

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FILME<br />

MONEYBALL:<br />

ESTATÍSTICA, INOVAÇÃO E ARROJO<br />

CORPORATIVO<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

78 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com


“... é inacreditável o quanto você não sabe<br />

do jogo que tem jogado a vida toda”<br />

Frase de abertura do filme Moneyball<br />

S<br />

ão poucos os filmes que agregam tão bem quanto<br />

Moneyball o faz., todas as áreas que compõem o desporto<br />

moderno: a gestão, a equipa técnica, o scouting<br />

e os atletas. Sem esquecer o sonho e a superação dos<br />

limites que estão na base do desporto e de toda a paixão que ele<br />

nos proporciona.<br />

Realizado por Bennett Miller, que anteriormente nos tinha trazido<br />

Capote, e escrito pela dupla Steven Zaillian e Asron Sorkin, a<br />

trama debruça-se na história verídica de Billy Beane (Brad Pitt) e<br />

a equipa Oakland Athetics e a forma como eles revolucionaram o<br />

basebol e o seu jogo e a forma de olhar para cada atleta.<br />

A narrativa do filme passa como já dissemos por Billy Beane, um<br />

ex-atleta que ficou aquém do seu potencial, manager da equipa de<br />

basebol Oakland Athetics que tem a difícil tarefa de competir com<br />

equipas de maior nomeada e orçamento, cerca de quatro a cinco<br />

vezes mais. Com a agravante de os seus três melhores atletas da<br />

época anterior terem sido transferidos e não ter qualquer hipótese<br />

de com os meios que dispõem poder encontrar substitutos com<br />

semelhantes qualidades e capacidades competitivas. Certo que a<br />

derrota é o desfecho mais provável caso aposte nas mesmas estratégias<br />

e paradigmas e as mesmas ideias apoiadas pelo seu staff, Beane<br />

sabe que algo precisa de mudar para alterar a sua sorte, mas o quê?<br />

É nesse ponto de indecisão que aparece Peter Brand (Jonah Hill),<br />

um recém-formado economista de Yale que impressiona Beane<br />

com uma abordagem ao jogo de basebol pouco convencional e<br />

assente na estatística e em equações matemáticas, que derivam da<br />

teoria económica, e retiram grande parte da “componente humana“<br />

e a substituem por números. É disso bom exemplo, uma das cenas<br />

de seleção de um jogador, em que um dos olheiros afirma que esse<br />

jogador nunca poderá ser um atleta de topo: porque tem falta de<br />

confiança, dando o exemplo de esse atleta ter uma namorada feia.<br />

Mas para o esquema de Beane e Brand isso não interessava porque<br />

ele tinha os melhores números e como tal era a melhor escolha.<br />

A nova estratégia montada por estes dois homens acaba por identificar<br />

um vasto conjunto de jogadores desvalorizados e esquecidos,<br />

essencialmente pelas suas personalidades ou pela fraca espetacularidade<br />

que proporcionam, mas com excelentes números e talentos<br />

específicos e acessíveis à bolsa do Oakland Athetics.<br />

Talvez o lado mais feliz do filme é a forma como mostra todos os<br />

desafios e resistências tanto dentro como fora do clube desta nova<br />

abordagem ao jogo e ao desporto que conta com mais de cem anos<br />

e onde se acreditava que tudo tinha já sido inventado. As próprias<br />

dúvidas dos dois protagonistas, que aparecem de tempos a tempos,<br />

demostram igualmente que atravessar um caminho nunca antes<br />

caminhado é pantanoso e perigosos, mas que pode ser benéfico.<br />

Depois de assistirmos ao desenrolar dos primeiros jogos com a<br />

nova estratégia e paradigma do clube, da superação de todos os<br />

obstáculos temos por fim a recompensa e a certeza que o método<br />

funcionou e as primeiras vitórias começam a aparecer.<br />

Moneyball é um excelente metáfora de gestão desportiva e de<br />

mudança de paradigma que se aplica a qualquer desporto e a qualquer<br />

clube, bem como a qualquer ambiente corporativo. Mudar,<br />

reorganizar e alterar pensamentos e formas de agir é vital para<br />

encontrar a vitória. Ao mesmo tempo, este filme é também uma<br />

fonte de inspiração na forma como categoricamente demonstra o<br />

poder de uma missão e da força de uma ideia pode exercer sobre<br />

líderes e as suas equipes, os clientes e todo o público base. “A arte<br />

da Estratégia é a possibilidade de lidarmos com a realidade e suas<br />

limitações para garantir a adaptabilidade permanente do corpo<br />

empresarial.”<br />

Bem realizado e escrito e com interpretações fortes este é assim o<br />

filme a não perder...<br />

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GOLFE: E O ESTATUTO SOCIAL<br />

NA COREIA DO SUL<br />

Pedro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

A<br />

o longo de toda a história do homem, mas sobretudo<br />

a partir do século vinte, altura em que a atividade<br />

desportiva se popularizou e se democratizou, que<br />

o desporto é usado como uma forma de prestigio<br />

social. Assim como a forma como e com quem é<br />

praticado.Um dos casos mais interessantes no momento é o golfe<br />

e a forma como este desporto se está a desenvolver na Coreia do<br />

Sul. Com taxas de adesão na ordem das centenas de milhares e<br />

mensalidades acessíveis apenas a uma elite, o golfe neste país mais<br />

de um exercício físico ou uma prática desportiva é um sinal de<br />

riqueza e de estatuto social.<br />

Num negócio em crescendo e em clara expansão, as infraestruturas<br />

contruídas para albergar os campos de golfes são desenhadas pelos<br />

melhores e mais reputados arquitetos do país. As empresas gastam<br />

avultadas quantias para contruírem os maiores e mais luxuosos<br />

campos. As zonas ao redor dos campos não se assemelham em<br />

nada ou que é espectável de um local destinado para a prática do<br />

golfe e assemelham-se mais a hotéis luxuosos de cinco estrelas.<br />

A indústria da moda percebendo esta tendência têm igualmente<br />

feito uma forte aposta para ir de encontro às necessidades e principalmente<br />

às vontades dos novos praticantes de golfe, que levam<br />

muito a serio o que usam quando dão “umas tacadas”.<br />

Praticado sobretudo ao fim da tarde, o golfe tornou-se na principal<br />

indicação de riqueza na Coreia do Sul.<br />

Se usas um campo de golfe é sinonimo de riqueza, poder e influencia.<br />

Num mundo de aparências, como é aquele que vivemos hoje,<br />

praticar golfe na Coreia do Sul tornou-se essencial para o sucesso.<br />

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Ao lado Jack<br />

Nicklaus Golf<br />

Club Korea,<br />

em baixo<br />

Whistling Rock<br />

Country Club<br />

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RUSSIA E CATAR:<br />

O QUE ESPERAR?<br />

A<br />

A eleição da Rússia e do Catar como países sede,<br />

vem numa clara estratégia da Fifa de escolher países<br />

em desenvolvimento e com democracias recentes.<br />

Isto não é alheio o fato de desta forma se poderem<br />

operar nesses países de forma mais “livre” e assim<br />

construir e desenvolver as infraestruturas e arenas necessárias para<br />

os eventos sem muitos entraves e questões.<br />

Se a organização russa era até bem pouco tempo a decisão da Fifa<br />

pelo Catar sempre foi polémica.<br />

As maiores criticas à organização russa apareceram à poucos<br />

meses e devem-se sobretudo à sua interferência na crise/conflito<br />

ucraniano. Neste seguimento, o vice-primeiro ministro britânico<br />

chegou a afirmar que a Rússia deveria de perder a possibilidade de<br />

sediar o Mundial de <strong>2014</strong>.<br />

O Catar recebeu desde logo bastante desconfiança um pouco por<br />

parte de toda a imprensa mundial.<br />

A primeira das críticas deve-se as falhas na democracia que existe<br />

neste país. A pouco cultura futebolística deste país também se tornou<br />

uma das principais críticas. Assim como as poucas condições<br />

para a prática desportiva com temperaturas frequentemente acima<br />

dos quarenta graus.<br />

No último ano tem surgido muitas questões sobre o trabalho, trabalho<br />

escravo, na construção das infraestruturas e das arenas desportivas,<br />

assim como, a falta de condições desse mesmo trabalho<br />

que tem provocado vários acidentes de trabalho.<br />

No último ano tem surgido muitas questões sobre o trabalho,<br />

trabalho escravo, na construção das infraestruturas e das arenas<br />

desportivas, assim como, a falta de condições desse mesmo trabalho<br />

que tem provocado vários acidentes de trabalho. O facto das<br />

autoridades do Catar terem afirmado mudanças no sector laboral,<br />

confirmam pelo menos vários problemas.<br />

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />

MEGAEVENTOS:<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS.<br />

Os megaeventos desportivos são acontecimentos que<br />

transcendem em muito o próprio desporto em si e o<br />

que se passa dentro do campo. São acontecimentos<br />

mundiais e visualizados por centenas de milhões<br />

de pessoas. A sua realização agrupa e afeta diferentes<br />

áreas como a social, a política, a econômica, a ambiental e a<br />

urbana, sendo capaz, até mesmo, de transformar a autoestima de<br />

toda uma nação.<br />

Durante anos, sediar o Mundial de futebol, o europeu de futebol<br />

ou as olimpíadas foram olhados como a oportunidade perfeita<br />

para o país sede se desenvolver por meio dos investimentos e negócios<br />

associados a estes eventos. No entanto, esta perceção começa<br />

a alterar-se. Os altos custos necessários para organizar um evento<br />

como os acima referidos são altíssimos e na maioria das vezes<br />

suportados maioritariamente por dinheiros públicos. E o retorno<br />

dos gastos fica na generalidade abaixo das altas espectativas apontados<br />

pelos estudos pré eventos. Estudos esses, que carecem muitas<br />

vezes de conceitos económicos básicos e as suas motivações são<br />

sobretudo politicas.<br />

De facto, os impactos mais importantes dos megaeventos são<br />

intangíveis e pretendem-se sobretudo com a projeção de imagem<br />

internacional e o aumento de felicidade e orgulho durante as<br />

semanas do evento. Se isso por si só são razões suficientes é difícil<br />

de dizer. Talvez para alguns países valha a pena. Para outros nem<br />

tanto.<br />

Claramente, os legados são mais positivos quanto mais os megaeventos<br />

estiverem inseridos numa politica mais abrangentes, que<br />

normalmente passa por uma restruturação urbana radical de uma<br />

cidade ou de uma parte desta. Bons exemplos são as olimpíadas de<br />

Barcelona e Londres e o Mundial de futebol da Alemanha. Têm-se<br />

também que países com maiores índices de desenvolvimento tendem<br />

a retirar mais proveitos de sediar megaeventos e como é de<br />

esperar necessitam de fazer menos investimentos, nomeadamente<br />

investimentos periféricos como aeroportos, ligações rodoviárias,<br />

entre outras.<br />

Para outros países, como Portugal, Africa do sul ou Brasil os megaeventos<br />

parecem apostas falhadas, em que o legado nada tem de<br />

positivo, onde em principal destaque ficam os elefantes brancos e<br />

as dívidas.<br />

Megaeventos: legado positivo ou herança pesada? Após esta matéria,<br />

de certo modo, a pergunta mantem-se, a cabe a cada leitor,<br />

após cuidadosa analise, definir uma resposta.<br />

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SOFTWARE<br />

SAP MATCH INSIGHTS:<br />

O SOFTWARE “CAMPEÃO DO MUNDO”<br />

Tiago Dinis. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

E<br />

xiste sempre uma pergunta<br />

após uma grande vitória:<br />

Qual é o segredo? A vitória<br />

no campeonato do mundo<br />

da Alemanha não é excepção. Muito se<br />

tem falado das mudanças feitas pela federação<br />

alemã depois das derrotas do Euro<br />

2000 para Portugal e em 2002 no Mundial<br />

para o Brasil que resultou em mais e melhores<br />

academias de treino. E, a mudança<br />

das características procuradas nos jogadores<br />

nas formações, apostando em jogadores<br />

com mais habilidade em vez da tão<br />

característica força, sempre apontada aos<br />

jogadores gemanicos.<br />

Mas um ponto menos abordado mas possivelmente<br />

tão importante é a utilização do<br />

software SAP match insights.<br />

A aplicação SAP para desporto fornece<br />

um vasto conjunto de soluções e funcionalidades<br />

tecnológicas que garantem<br />

avançadas análises para as equipes e para<br />

as suas equipes técnicas com o principal<br />

propósito de aprimorar os desempenhos<br />

primeiro nos treinos e depois em competição.<br />

A análise de desempenho dos<br />

jogadores auxilia os treinadores com informações<br />

trabalhadas dos treinos e jogos de<br />

fácil compreensão e disponíveis em tempo<br />

real e em qualquer dispositivo móvel.<br />

A equipa técnica pode igualmente analisar<br />

performances individuais e por diversas<br />

categorias como velocidade, posição em<br />

campo, percentagens de acerto de passe –<br />

curto e longo, capacidade de dribles, etc.<br />

Neste ponto, Stegan Wagner, diretor da<br />

SAP no Brasil, afirma: “o mundo do desporto<br />

está a mudar com as novas tecnologias<br />

e se inovando em diversas aéreas,<br />

como experiencias dos adeptos, o monitoramento<br />

do desempenho dos jogadores, a<br />

gestão de equipas…”.<br />

É importante salientar que esta ferramenta<br />

não serve apenas para analisar as nossas<br />

equipas mas também analisar as equipas<br />

adversárias e os seus principais jogadores.<br />

Esta ferramenta pode ser extremamente<br />

útil na perceção da tática e dinâmicas de<br />

jogo praticadas pela equipa adversaria e na<br />

compreensão ao pormenor dos seus jogadores.<br />

Antes do jogo Brasil – Alemanha<br />

do mundial, os alguns responsáveis da<br />

equipe técnica alemã afirmaram conhecer<br />

muito bem a equipa canarinha já que a<br />

tinham analisado ao pormenor com a ferramenta<br />

aqui em observação. O resultado<br />

foi aquele que se conhece, a superação da<br />

equipa alemã em todos os aspetos do jogo,<br />

inclusive no resultado final.<br />

O jornalismo desportivo e os adeptos<br />

podem igualmente ter muito a ganhar<br />

com esta ferramenta, uma vez que ela<br />

incorpora inúmeras ferramentas para ir<br />

de encontra as necessidades destes, como<br />

uma leitura exata das equipas e dos seus<br />

atletas preferidos.<br />

Por último, olhando para a SAP somos<br />

obrigados a concordar que o espaço para<br />

o acaso e até de algum modo a sorte está<br />

claramente a diminuir no desporto profissional<br />

e mais particularmente no futebol.<br />

O futebol está a tornar-se científico.<br />

“A tecnologia no treino<br />

e no jogo é parte<br />

integrante há já muitos<br />

anos no desporto e<br />

a SAP match insights<br />

eleva em muito as tecnologias<br />

existentes para<br />

um patamar superior. ”.<br />

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A SAP é uma das empresas líderes de aplicações de software para empresas.<br />

Apostando em todo o tipo de organizações, ela desenvolve aplicações<br />

para empresas de todos os tamanhos e setores. As aplicações desenvolvidas<br />

pela SAP tem como principal objetivo capacitar e facilitar a interpretação<br />

dos enormes quantidades de dados que hoje qualquer empresa gera<br />

e que se torna impossível ser feita sem ajuda digital. A SAP aposta em<br />

melhorar as condições para operar, decidir, adaptar e de colaboração para<br />

que os seus clientes possam crescer com sustentabilidade, que são já mais<br />

de 260 mil.<br />

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APLICATIVO WEB<br />

YAHOO!<br />

SPORTACULAR<br />

O Aplicativo Web para acompanhar todas as noticias do desporto.<br />

Tiago Dinis. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

86 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com


A<br />

tecnologia e mais precisamente<br />

os sistemas de<br />

informação e o software<br />

tem alterado se não mesmo<br />

revolucionado o desporto e a forma como<br />

ele é praticado ao mais alto nível nos<br />

últimos dez anos. Mas, esta mudança,<br />

ameaça agora chegar também ao adepto e<br />

à forma como este interage com o jogo e<br />

como acompanha as suas equipas e atletas<br />

preferidos. A democratização de aparelhos<br />

móveis com acesso à Internet como os<br />

tablets ou telemóveis de última geração,<br />

permitiram o rápido crescimento dos aplicativos<br />

Web. A imensa paixão dos adeptos<br />

e a sua imensa vontade de querer saber<br />

mais fez explodir o número de aplicações<br />

ligadas ao desporto. Neste artigo, analisamos<br />

o aplicativo Web: Yahoo Sportacular.<br />

Sportacular tornou-se numa das melhores<br />

e mais completas aplicações de desporto,<br />

possibilitando acesso rápido a pontuação,<br />

estatísticas, posições e noticias que todos<br />

os adeptos anseiam. Fundamental para<br />

disseca equipas e campeonatos de um<br />

conjunto alargado de modalidades, como<br />

são o caso do futebol – e os seus principais<br />

campeonatos e competições-, a NBA, o<br />

ténis, a Formula 1 ou o ciclismo, entre<br />

muitos outros.<br />

Esta ferramenta elemina a necessidade de<br />

navegar na Web para obter notícias desportivas.<br />

Basta selecione a opção da equipe<br />

que se quer seguir, a partir do menu, e abre<br />

uma nova janela com todas as notícias e<br />

informação atualizadas dessa equipa. É<br />

igualmente possível, criar alertas ajustáveis<br />

para jogos ou equipas: : início do jogo, fim<br />

de jogo, mudança de pontuação, etc. O<br />

aplicativo envia um ruído ou uma vibração<br />

como aviso de nova notificações.<br />

Fundamental para acompanhar as novidades<br />

como uma lesão do jogador, as<br />

transferências, o escândalo da equipe, ou<br />

simplesmente o mais recente Tweet de<br />

uma estrela. Sportacular puxa links para<br />

as principais notícias de fontes como Fox,<br />

ESPN, Yahoo! ou The Sporting News.<br />

Sportacular também se tornou uma ferramenta<br />

essencial para apostadores, uma<br />

vez que indica as “odds” para cada jogo.<br />

Socialmente, esta ferramenta permite fazer<br />

comentários sobre o jogo e publicá-las no<br />

Facebook e interagir com outros utilizadores.<br />

ESTATÍSTICAS<br />

NOTÍCIAS<br />

PONTUAÇÃO<br />

ATUALIZADAS<br />

Sportacular é uma<br />

ferramenta<br />

indispensável para<br />

seguir campeonatos,<br />

equipas e atletas de inúmeros<br />

campeonatos e<br />

de muitas modalidades.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com


FALÊNCIAS<br />

A REALIDADE DE MUITOS ATLETAS POUCOS ANOS<br />

APÓS SE RETIRAREM DA COMPETIÇÃO<br />

78% DOS ATLETAS DA NFL E 60% DOS JOGADORES DA NBA ENTRAM EM<br />

FALÊNCIA CINCO ANOS APÓS A RETIRADA<br />

Vitor E. Santos colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

V<br />

ivemos num mundo altamente mediatizado. As<br />

estrelas do nosso tempo, onde se incluem os atletas<br />

profissionais, ganham mais num ano que a maioria<br />

dos cidadãos em toda a vida. No entanto, a vida<br />

desses mesmos atletas é bem menos glamorosa apenas alguns<br />

anos após abandonarem a alta competição, onde a maioria vive<br />

com sérios problemas financeiros. Algumas estatísticas apontam<br />

que 78% dos atletas na NFL e 60% dos jogadores da NBA entram<br />

em falência num período de cinco anos após o ultimar ano como<br />

profissionais. Em outras modalidades, como o futebol, as percentagens<br />

não diferem muito. Muitas são as razões que levam a<br />

esta triste realidade, abaixo analisamos algumas delas.<br />

Falta de conhecimento em finanças. A maioria dos atletas profissionais<br />

tem uma clara falta de conhecimento de gestão dos<br />

dinheiros que aferem. a maioria doa atletas não aprendeu progressivamente<br />

a lidar com dinheiro nem se qualificou nas escolas e<br />

universidades para isso, nem procura esse conhecimento depois.<br />

Abrindo assim caminho para o erro.<br />

Maus investimentos. Investir acaba por tornar-se uma prioridade<br />

para a maioria dos atletas, acreditando dessa forma precaver<br />

o futuro. No entanto, devido à falta de conhecimentos, ponto<br />

abordado acima, muitas vezes o investimento realizado mostra-se<br />

ruinoso.<br />

Gastos excessivos. Os atletas profissionais personificam a vida sem<br />

limites. Carros, casas e mulheres bonitas. E essa vida tem custos<br />

altos. A maioria das pessoas pensa, assim como muitos dos atletas,<br />

que o dinheiro chega e sobra para todos os luxos e caprichos. No<br />

entanto, como qualquer contabilista o pode dizer, um salário de 5<br />

milhões, após impostos e agente, rapidamente se transforma em<br />

2 milhões.<br />

Duração das carreiras. O tempo médio da carreira de um atleta de<br />

alta competição é baixo e o seu período auge ainda é menor, em<br />

média menor a cinco anos, o que fornece uma janela muito curta<br />

ao atleta para ganhar “milhões”. E isto assumindo que chega a um<br />

patamar superior e de destaque onde apenas os melhores dos melhores<br />

conseguem atingir.<br />

Más companhias. A maioria dos atletas transformaram-se em<br />

PMEs – pequenas e médias empresas, com uma entourage gigantesca<br />

sempre ao seu redor que precisa de ser “alimentada”. Muitas<br />

vezes, essas mesmas más companhias estão na origem dos maus<br />

investimentos.<br />

Na página ao lado, alguns doa atletas mais destacados que declararam<br />

falência.<br />

88 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com


Nem mesmo os ganhos entre $300 e $400 milhões por<br />

Mike Tyson ao longo da sua carreira o poupara, à falência.<br />

Demasiadas extravagancias, um divórcio dispendioso<br />

e uma vida de polémicas levaram todo o dinheiro.<br />

George Best foi no seu tempo a estrala entre as estrelas.<br />

Mas uma vida de excessos, onde o álcool e as mulheres<br />

nunca faltavam, levaram o craque á falência.<br />

JohnArne Riise, jogador internacional pela Dinamarca,<br />

declarou falência em 2007, enquanto ainda jogava ao<br />

mais alto nível na Premier League no Fulham. A razão:<br />

as dívidas. Na altura, Riise interpôs um processo em<br />

tribunal contra o seu agente.<br />

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PUBLIQUE CONOSCO<br />

As páginas das nossas revistas e da nossa plataforma on-line estão abertas<br />

para publicação de artigos e matérias por parte dos nossos leitores.<br />

Neste momento aceitamos artigos de opinião, matérias informativas, cartoons,<br />

contos literários, Banda desenhada (ficção) e artigos científicos.<br />

Antes de enviar algum documento devera consultar os Termos e Condições,<br />

na nossa plataforma on-line.<br />

Para Mais informações visite: www.desportoeesport.com/publique-conosco/<br />

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Atletas das duas delegações trocam<br />

presentes.<br />

MOMENTO HISTÓRICO<br />

1971 e o encontro entre as equipas de ping-pong chinesas e<br />

norte-americanas.<br />

Vitor E. Santos colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

D<br />

urante praticamente vinte<br />

e dois anos, desde o período<br />

pós segunda Guerra<br />

Mundial e início da década<br />

de setenta, as relações entre a China e<br />

os EUA foram inexistentes. Mas, a situação<br />

mudou em 1971, quando a delegação<br />

chinesa de ping-pong convidou a equipa<br />

norte-americana a visitar a china.<br />

A equipa dos Estados unidos de ténis de<br />

mesa estava em Nagoya, Japão, em 1971<br />

em preparação para os campeonatos do<br />

Mundo desta modalidade, quando surgiu<br />

o convite por parte da delegação chinesa.<br />

À altura, o convite foi divulgado como<br />

espontâneo e da exclusiva responsabilidade<br />

dos responsáveis pelo ténis de mesa<br />

chinesas. A realidade, é bem mais prática,<br />

e foi orquestrada pelo governo Chinês.<br />

O principal objetivo foi iniciar um primeiro<br />

contacto com o país norte-americano para<br />

futuras relações futuras. Assim, a equipa<br />

americana de ping-pong tornaram-se nos<br />

primeiros americanos a visitar Pequim<br />

desde 1949. Esta visita teve um extremo<br />

impacto na transformação na perceção<br />

que os americanos tinham da Cina comunista,<br />

lembremos que a guerra fria estava<br />

no auge, e criou o cenário perfeito para a<br />

importante viagem do presidente Nixon<br />

em 1971. E à criação de ligações comerciais<br />

e diplomáticas entre estes países.<br />

Durante a semana de 09 de junho de 2008,<br />

foi realizado um evento de ténis de mesa de<br />

três dias na Biblioteca Presidencial Nixon<br />

Richard e Museu Yorba Linda, Califórnia.<br />

Os membros originais de ambos os chineses<br />

e americanos equipas de pinguepongue<br />

de 1971 estavam presentes e competiram<br />

novamente.<br />

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F1 EM PORTUGAL:<br />

QUANTO CUSTARIA?<br />

€ 20 milhões<br />

Segundo Carlos Barbosa, presidente do ACP, sediar uma prova de F1 custaria um valor aproximado aos<br />

vinte milhões de euros. Barbosa afirma que existe inclusive o interesse que a formula 1 volte a terras lusas,<br />

sugerindo que o próprio Ecclestone deseja voltar a Portugal. Mas a falta de apoios por parte das instituições<br />

portuguesas parece dificultar, se não mesmo condenar as possibilidades dos circuitos portugueses, nomeadamente<br />

o circuito do Estoril e do Algarve. A concorrência com países do Médio Oriente, e o seu dinheiro<br />

fresco, é também um forte entrave.<br />

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O CUSTO SERIA DE:<br />

MEDALHAS OLÍMPICAS<br />

QUAL O CUSTO DE UMA MEDALHA DE OURO: CASO<br />

ELA FOSSE FEITA 100% DE OURO<br />

$75,992.5<br />

Na sua grande maioria, os prémios e distinções desportivas individuais são feitas com trofeus e medalhas de<br />

ouro. Ou melhor, banhadas a ouro. As medalhas olímpicas não são exceção. Há alguns anos, foi notícia que<br />

a medalha olímpica é feita com apenas 1% de ouro. Assim, uma das maiores curiosidades da maioria das<br />

pessoas é: qual o custo de uma medalha totalmente feita de ouro? Felizmente a revista Wired fez as contas.<br />

A medalha olímpica de ouro olímpica <strong>2014</strong> tem um diâmetro de 100 mm e uma 10 mm de espessura, com<br />

uma massa de 531 gramas. Caso fosse 100% de ouro, que teria uma massa de 1,52 kg. Usando o preço<br />

de ouro de 49,5 dólares por grama de ouro, colocaria a medalha a um preço de (apenas para o ouro) $<br />

75,992.5.<br />

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