Desporto&Esport - edição1 2014
Revista digital Desporto&Esport (www.desportoeesport.com)Faça o Download desta revista em: https://www.magzter.com/PT/Desporto&Esport;/Desporto-&-Esport/Sports/201599 ou se preferir o Paypall https://www.presspadapp.com/digital-magazine/desporto-esport
Revista digital Desporto&Esport (www.desportoeesport.com)Faça o Download desta revista em:
https://www.magzter.com/PT/Desporto&Esport;/Desporto-&-Esport/Sports/201599
ou se preferir o Paypall
https://www.presspadapp.com/digital-magazine/desporto-esport
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
SER TREINADOR<br />
FUTEBOL: ZONA 14<br />
PAULO BENTO<br />
MARKETING<br />
Os desafios de ser treinador no<br />
desporto moderno<br />
O que é? E a sua importância<br />
?Copa <strong>2014</strong>: culpado ou réu<br />
A importância do Marketing no<br />
desporto e para os clubes<br />
Revista Digital de Estratégia e Gestão Desportiva<br />
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
Edição 1• <strong>2014</strong> /2015<br />
NBA & Limites físicos<br />
Os altos números de lesões na NBA faz com que se<br />
questione: estamos a chegar aos limites físicos?<br />
Poker: Desporto?<br />
O poker deve ser considerado como desporto? Ou não é<br />
mais que um jogo de azar?<br />
Ténis & Formação<br />
Quanto custa formar um tenista profissional desde os<br />
juniores até aos seniores?<br />
Ciclismo & Futuro<br />
Qual é o futuro desta modalidades após sucessivos<br />
casos de doping na última década?<br />
MEGAEVENTOS<br />
Legado Positivo? Ou Herança Pesada?<br />
Especial<br />
Brasil e pré temporada: as diferenças entre a Europa<br />
A NÃO PERDER: A ANÁLISE AO CHELSEA <strong>2014</strong>/2015
4 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
EDITORIAL<br />
A Desporto&<strong>Esport</strong> é um magazine digital mensal e gratuito, suportado<br />
por uma plataforma online, que tem como seu principal propósito pensar<br />
e fazer pensar o desporto em todas as suas vertentes. Dando especial destaque<br />
a questões que derivem da estratégia e da gestão, como o negócio,<br />
o marketing ou a organização. Sem no entanto, esquecer o impacto social<br />
do desporto na nossa sociedade ou as questões éticas, legais ou filosóficas<br />
que levanta. E, não esqueceremos igualmente o que torna o desporto arte:<br />
os atletas, o jogo, as táticas. Tratamos todas as modalidades da mesma<br />
forma. Todos os atletas com o mesmo respeito e consideração.<br />
Procuramos conhecer o desporto por dentro. Como funciona. Quais são<br />
as peças que o fazem mexer. Como se gere um clube, uma competição<br />
ou um desporto. De que forma são organizados os campeonatos. Quais<br />
são as responsabilidades de cada agente nestes processos. Isto sem nunca<br />
esquecer de projetar o futuro e entender como se vão desenvolver os<br />
caminhos para ai chegar.<br />
Um Magazine escrito em português que ambiciona tratar e tocar no desporto<br />
pelos quatro continentes em que se espalham os países da lusofonia:<br />
Portugal, Brasil, Angola, as ilhas de cabo verde, Moçambique e timor,<br />
bem como todos os outros países e regiões onde a bela língua portuguesa<br />
é falada e entendida.<br />
Director geral e Editor<br />
Diogo Sampaio<br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
Colunistas<br />
Pedro M. Silva, Vitor E. Santos,<br />
Diogo Sampaio, Ricardo Reis, Tiago<br />
Dinis<br />
Contatos<br />
contato@desportoeesport.com<br />
Website<br />
www.desportoeesport.com<br />
Nesta primeira edição trazemos para tema de capa os Megaeventos, e os<br />
benefícios e desvantagens que eles trazem para os países e cidades sede.<br />
Depois da terminada a “Copa de <strong>2014</strong>” no brasil, o legado que este evento<br />
deixará para as populações brasileiras está na ordem do dia e nas várias<br />
matérias que apresentamos ao longo das páginas da nossa revista comparamos<br />
inúmeros casos de forma a entender as verdadeiras consequências,<br />
sejam elas positivas ou negativas, de sediar um megaevento desportivo.<br />
Aproveitamos igualmente este primeiro número para introduzir alguns<br />
temas que em futuras edições serão tratados em mais pormenor como é<br />
exemplo o Marketing desportivo, tipos de treino ou formação desportiva<br />
nas mais diversas modalidades. Garrincha atleta de eleição e a saída de<br />
Paulo bento é também amplamente comentada nas nossas páginas. E<br />
não nos esquecemos de apresentar as novas tendências tecnológicas ou o<br />
entretenimento com a apresentação de filmes, software, aplicativos Web<br />
ou livros.<br />
Por fim, resta-nos dizer que vocês, os leitores, têm total acesso as páginas<br />
da nossa revista, assim como a nossa plataforma online que estão recetivas<br />
a publicar matérias, artigos de opinião, cartoons, artigos científicos ou<br />
pequenos contos e histórias reais redigidas por vos.<br />
DIOGO SAMPAIO, DIRETOR<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
LONDRES<br />
DIAS ANTES<br />
DAS OLIMPÍADAS DE 2012<br />
:<br />
LEGADO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
O marketing, ou seja,<br />
projetar uma imagem<br />
positiva para o exterior<br />
é a principal mais-valia<br />
de um megaevento para<br />
o país sede.<br />
Sediar grandes eventos, possam ser eles culturais, económicos ou desportivos fazem hoje parte<br />
de uma estratégia ampla de redefinir as cidades e os países organizadores assim como projetar<br />
uma imagem para o exterior positiva que traga frutos num curto, medio e longo prazo. Atrair<br />
capitais e investimento privado, apostar em novos fluxos turísticos ou lidar com problemas<br />
socias fazem também parte da ambição mais ampla que está por detrás de todo o processo de<br />
sediar um megaevento e apostar nele para uma “re-transformação” urbana e social. Na organização<br />
de um grande evento desportivo existe igualmente o desejo que o desporto se organize,<br />
se torne mais profissional e acima de tudo que se democratize a toda a população. Muito outros<br />
benefícios são apontados para suportar a ideia que desenhar e implementar um evento desportivo<br />
da envergadura de um Mundial de Futebol ou Europeu, estando a oportunidade para o<br />
progresso e o desenvolvimento à cabeça. Sem esquecer os retornos económicos.<br />
6 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
Apareceu, no entanto, nos últimos anos<br />
alguma resistência por parte das populações<br />
aos megaeventos. Muitas vozes<br />
questionam, se é possível que eventos<br />
com tão fortes investimentos mas de tão<br />
curta duração e com consequências de<br />
longo prazo poderá ser uma opção com<br />
efetivos ganhos. A literatura e os estudos<br />
académicos acompanham de certo modo<br />
a entoada negativa, onde apresentam os<br />
cidadãos como os principais perdedores<br />
e desmentem a maioria dos benefícios<br />
apresentados. Nas próximas linhas, apresentaremos<br />
os pontos positivos e negativos<br />
de sediar um megaevento desportivo.<br />
Os megaeventos desportivos têm sido sempre<br />
associados ao progresso económico, à<br />
regeneração urbana, ao desenvolvimento<br />
desportivo e a um impacto social positivo<br />
e duradouro. Nas últimas três décadas<br />
com desenvolvimento das tecnologias da<br />
informação e comunicações em massa<br />
estes eventos alcançaram uma visibilidade<br />
planetária à qual nenhum país é alheio,<br />
tornando a sua realização requerida por<br />
governos e administrações locais. Assim<br />
como um grande chamariz para as grandes<br />
corporações e as suas marcas que anseiam<br />
estar associadas aos ideais positivos que<br />
o desporto e os seus atletas carregam. De<br />
facto, olhando da perspetiva do país organizador<br />
e das cidades sede, elas encontram<br />
nos megaeventos a plataforma ideal de<br />
marketing para a venda, divulgação e promoção<br />
em grande escala das suas virtudes<br />
e produtos, sendo o principal destes o turismo<br />
e a criação de uma imagem positiva<br />
para o exterior, acreditando dessa forma<br />
angariar num longo prazo os altos investimentos<br />
que hoje estes eventos comportam.<br />
Isto é de tal forma verdadeiro que a cidade<br />
de Chicago na disputa da candidatura para<br />
sediar os Jogos olímpicos de 2016, gastou<br />
por volta de US$ 100 milhões. Lembramos<br />
que esta batalha foi ganha pela cidade do<br />
Rio de Janeiro, que gastou também uns<br />
incríveis US$ 88 milhões.<br />
Outros fatores são usualmente apontados<br />
para sediar um evento desportivo de<br />
grandes dimensões, como o desenvolvimento<br />
desportivo da região e o impacto<br />
económico de curta e longa duração.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
O impacto social não pode também ser<br />
desprezado, e em casos particulares pode<br />
ser inclusive o ponto mais importante para<br />
a decisão de sediar um megaevento. Veja-se<br />
por exemplo o caso da Alemanha e do seu<br />
Mundial de 2006, apenas alguns anos após<br />
a unificação do país e queda do muro de<br />
Berlim. Ou a Africa do Sul e a sua política<br />
de unificação dos seus diferentes povos<br />
– culturais, étnicos e religiosos - através<br />
do desporto que culminou na realização<br />
do Mundial de 2010. O lado empreendedor<br />
e económico não pode deixar de ser<br />
mencionado, e os megaeventos por norma<br />
acarretam o investimento público na ordem<br />
dos milhares de milhão, que de outra forma<br />
se daria mais faseada no tempo e repartida<br />
por diversas áreas. A necessidade de<br />
construir arenas desportivas, hotéis, uma<br />
infraestrutura rodoviária, aeroportos, entre<br />
outros, mostra-se como um atrativo para<br />
inúmeras empresas, principalmente construtoras,<br />
que olham para estes megaeventos<br />
de forma muito positiva. As populações<br />
por seu lado sonham em apoiar os seus<br />
atletas ao vivo e nos seus países ao lado dos<br />
amigos e família e acreditam ainda que o<br />
legado após evento será positivo, dadas as<br />
estimativas apresentadas por diversos estudos<br />
feitos pré evento. Renovação urbana e<br />
melhores condições de vida para as populações<br />
é também um dos argumentos mais<br />
utilizados, como o já falado reorganização<br />
do desporto e da difusão da sua prática<br />
para as populações locais. Por im, procurase<br />
a reprodução dos casos de sucesso onde<br />
o impacto deixado pela realização de um<br />
grande evento serviu as suas populações e o<br />
PIB do país organizador.<br />
O caso das Olimpíadas de verão de 1992<br />
em Barcelona é sempre apontado como o<br />
exemplo positivo do impacto dum evento<br />
desta natureza e o legado satisfatório para<br />
as suas populações.<br />
O desenvolvimento urbanístico reabilitou<br />
a cidade espanhola que até à data possuía<br />
inúmeras áreas degradas e desenvolveu<br />
fortemente a atividade turística, sendo atualmente<br />
a segunda cidade europeia com<br />
mais fluxo de turistas, unicamente ultrapassada<br />
por Paris.<br />
“Olhando da perspetiva do<br />
país organizador e das cidades<br />
sede, elas encontram<br />
nos megaeventos a plataforma<br />
ideal de marketing<br />
para a venda, divulgação<br />
e promoção em grande escala das suas virtudes e produtos, sendo o principal<br />
destes o turismo e a criação de uma imagem positiva para o exterior. ”<br />
Definição Legado<br />
O impacto de um megaevento para o futur, ou por outras palavras, o legado, pode ser definido de<br />
duas formas: tangíveis ou intangíveis. Legados tangíveis são referentes ao impacto que é de possível<br />
mensuração, como a variação no emprego, PIB ou o fluxo turístico. Estes podem ainda ser<br />
diretos ou indiretos. Os legados tangíveis diretos referem-se aqueles que estão relacionados diretamente<br />
ao evento e o seu cálculo é feito por meio de um multiplicador. Os impactos intangíveis<br />
possuem um aspecto subjetivo que os tornam mais difíceis de calcular. Alguns exemplos são: o<br />
aumento de felicidade da população, a melhoria da imagem de uma cidade ou do país perante o<br />
mundo, o orgulho nacional, a unificação de um povo, etc. Ainda assim, algumas abordagens podem<br />
possibilitar algum tipo de avaliação, uma que certamente se destaca é o aumento do turismo nos<br />
anos imediatamente após o evento.<br />
8 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />
Q<br />
uando se iniciaram em 1992 as Olimpíadas,<br />
Barcelona mostrou ao mundo uma nova cidade,<br />
reestrutura e remodelada, projetando uma bela<br />
imagem que perdura ainda no imaginário de todos aqueles que<br />
acompanharam o evento,<br />
tenham-no feito ao vivo ou<br />
pela televisão. O impacto<br />
urbanístico foi de tal forma,<br />
que rendeu à sede olímpica<br />
o prêmio Príncipe de Gales<br />
de desenho Urbano, da<br />
Universidade de Harvard.<br />
A restruturação urbana de<br />
Barcelona, foi mais longe e<br />
devolveu o mediterrânio às<br />
suas populações assim como<br />
as ganhou novas praias –<br />
mais precisamente 5km de<br />
novas praias -, numa cidade<br />
que tinha sempre vivido de<br />
costas para o mar. O sistema de transporte foi totalmente remodelado<br />
e a rede de metro foi amplamente ampliado.<br />
O fluxo de turistas mais que duplicou e agora é mais de 7 milhões de<br />
turistas anos para uma cidade que não chega a 2 milhões de habitantes.<br />
É importante relembrar que no século passado, Barcelona era<br />
a capital industrial da Espanha mas com o declinar da ditadura nos<br />
anos 70 e com a chegada da democracia, tornou-se em uma metrópole<br />
desindustrializada com um porto marítimo decadente, com<br />
alto desemprego, altos índices de crime e elevados indicadores de<br />
violência. As olimpíadas vieram mudar este cenário e mais de vinte<br />
anos depois, Barcelona é uma cidade viva e um dos principais centros<br />
turísticos e culturais da<br />
Europa. Além disso, o<br />
complexo olímpico conta<br />
com instalações utilizadas<br />
pela população e<br />
para várias competições<br />
e continua a ter uma utilização<br />
constante ou pelo<br />
menos periódica..<br />
Barcelona tornou-se<br />
num postal reconhecido<br />
em qualque parte do<br />
mundo.<br />
Existe, no entanto, quem<br />
conteste o modelo que<br />
foi seguido pela cidade<br />
de Barcelona. Neste sentido, a leitura do livro de Manuel Delgado,<br />
La ciudad mentirosa. Fraude y miseria del modelo Barcelona do ano<br />
de 2007 torna-se obrigatória. Neste livro, o autor questiona o modelo<br />
utilizado que invariavelmente leva ao que o mesmo autor apelida de<br />
cidades-negócio, que idealizam unicamente o interesse das grandes<br />
multinacionais e empresas ligadas ao turismo esquecendo as populações<br />
locais.<br />
Desde há três décadas que o tema do legado deixado pelos megaeventos<br />
é altamente debatido na literatura e no meio académico, e<br />
progressivamente as conclusões que estes trabalhos têm chegado<br />
indicam que o impacto de<br />
sediar estes eventos raramente<br />
é positivo. Nomeadamente, o<br />
impacto económico de sediar<br />
um evento desportivo da<br />
envergadura de um Mundial<br />
de futebol ou Olimpíadas pode<br />
deixar marcas de tal forma<br />
profundas, que não raras vezes<br />
pode demorar gerações para<br />
que essas mesmas marcas se<br />
curem. Um exemplo clássico é<br />
o das Olimpíadas de verão de<br />
1976 em Montreal - Canadá<br />
onde a administração local<br />
criou um imposto que durou<br />
mais de trinta anos de forma a<br />
combater a pesada herança do evento.<br />
Pragmaticamente, e olhando unicamente para os números, hospedar<br />
grandes eventos gera indiscutivelmente mais custos do que receitas.<br />
Temos, em primeiro lugar, a dura realidade do investimento ser<br />
sobretudo feito com dinheiros públicos, com raríssimas exceções,<br />
e o superfacturamento ser uma constante, e que não raras vezes,<br />
facilmente eleva os custos previstos para o dobro, em média o<br />
faturamento fixa-se nos 1,67 ao inicialmente orçamentado. A dívida,<br />
para as gerações futuras, acaba por ser inevitável. Inclusive o caso<br />
de sucesso de Barcelona gerou uma dívida de mais de 3 mil milhões<br />
de euros. Em Atenas, o investimento público excedeu mais das duas<br />
dezenas de milhares de milhão de euros e deixou rastros negativos<br />
nas finanças da Grécia até hoje, que vive numa profunda crise<br />
económica. Por outro lado, o superfacturamento, é uma verdadeira<br />
mais-valia para os verdadeiros vencedores de sediar um megaevento<br />
desportivo: a Banca e as Construtoras.<br />
Um outro ponto que merece ser discutido, mas que poucas vezes<br />
o é de forma conveniente, é o mau uso dos terrenos e as inadequadas<br />
planificações e a, muitas vezes inexistente, subutilização de<br />
infraestruturas pós evento.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />
OS “PREJUÍZOS” DE<br />
UM MEGAEVENTO<br />
Elefantes brancos, dívidas e perdas de soberania, entre outros.<br />
Falamos claro dos elefantes brancos, ou seja, árenas e infraestruturas desportivas<br />
sem uso pós evento, são também bom exemplo do legado negativo.<br />
Algo que acontece sem exceção. Talvez neste ponto apenas a Alemanha e<br />
o seu Mundial de 2006 possa escapar a esta crítica. Por outro lado o caso<br />
dos estádios de Aveiro ou Algarve em Portugal após o Euro2004 são disso<br />
exemplo, tendo inclusive a autarquia de Aveiro sugerido implodir o estádio,<br />
tal os custos que a sua manutenção acarreta. No Brasil, ninguém sabe o<br />
que fazer com os estádios de Brasília e Manaus. Este último tendo sido já<br />
sugerido pelos responsáveis da cidade uma reforma pós “copa” que o transfigure<br />
este recinto num presidio de alta segurança, proposta já recusada,<br />
como mandaria o bom senso.<br />
Socialmente, os megaeventos, na sua generalidade, não são desenhados<br />
para as populações do país organizador, pelo menos não para aquelas<br />
que possuem um rendimento financeiro baixo e o impacto económico no<br />
curto prazo é insuficiente quando comparados com o investimento inicial,<br />
e num longo prazo os prejuízos financeiros tendem-se a agravar. Para as<br />
populações locais outro duro revés é a inflação que nos meses anteriores<br />
ao evento e durante o evento disparam muitas vezes para valores incomportáveis.<br />
O Rio de Janeiro é talvez o melhor exemplo, sendo uma cidade<br />
central em dois megaeventos – Mundial<strong>2014</strong> e Olimpíadas2016 – os preços,<br />
nomeadamente na restauração, subiram para valores proibitivos para a sua<br />
população local, naquela que é já uma das cidades mais cara do mundo.<br />
Muita mão-de-obra durante o evento trabalha em regime de voluntariado<br />
e não raras vezes, questões referentes aos direitos humanos são levantadas.<br />
Talvez o caso mais flagrante seja o do Mundial de 2020 do Qatar. A<br />
repressão policial durante os eventos é também um ponto de destaque, tal<br />
como aconteceu na Africa do Sul, com alguns dos seus cidadãos a serem<br />
condenados em poucos dias a mais de uma dezenas de anos por um simples<br />
furto, que na maioria dos países o castigo se. fica pela reprimenda. Existem<br />
ainda questões ambientais e o impacto que os megaeventos têm muitas<br />
vezes para a própria soberania dos países organizadores. Assim como a<br />
alteração na agenda de turistas mais frequentes e empresários de outros<br />
setores, preferindo evitar o excesso de pessoas.<br />
Outro especto que merece ser mencionado é a falacia da criação de<br />
emprego, uma vez que a maioria dos postos de trabalho criados são limitados<br />
no tempo e estinguem-se mal termine o evento ou até antes disso no<br />
casos desses empregos estarem associados construção das infraestruturas<br />
e arenas.<br />
Por fim, o real retorno económico fica sempre aquém do esperado.<br />
Elefantes brancos são<br />
uma “inevitabilidade” do<br />
legado dos megaeventos.<br />
O estádio de brasília (na<br />
foto) é um dos que mais<br />
preocupa as autoridades<br />
brasileiras.<br />
Perdas de soberania,<br />
impacto ambiental<br />
negativo e dívidas<br />
estão no topo das<br />
contrariedades de<br />
sediar um megaevento<br />
”<br />
10 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
PRÉ-TEMPORADA<br />
O BRASIL COMO DESTINO DOS PRINCIPAIS CLUBES<br />
EUROPEUS PARA REALIZARAM AS PRÉ-TEMPORADAS<br />
Pedro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
Os maiores clubes europeus de futebol, como<br />
Barcelona, Real Madrid, Man. United ou AC Milan,<br />
trabalham com orçamentos exorbitantes para conseguirem<br />
adquirir os melhores jogadores - em<br />
transferências que chegam a valores “pornográficos”, para pagar os<br />
salários milionários e até para o dia-a-dia, onde os estágios, viagens<br />
e hotéis chegam a somas consideráveis no final do ano. Neste<br />
seguimento, os grandes clubes europeus tentam angariar receitas<br />
de todas as formas possíveis e entrar e mercados, onde existe<br />
potencial de negócio. As pré-temporadas têm-se afigurado como<br />
momentos chave para os clubes visitarem países e regiões que<br />
durante os apertados calendários competitivos raramente o podem<br />
fazer, como é o caso dos EUA ou a Asia. O argumento usado é que<br />
estes mercados são primordiais para os patrocinadores. A fonte<br />
primária é a receita, a secundária é expandir a marca<br />
O brasil entra nesta equação como possível destino futuro das prétemporadas<br />
dos principais clubes europeus. Assim como acolher<br />
clubes do norte da Europa (Alemanha ou Rússia) quando estes<br />
pausam os seus campeonatos nos meses de janeiro e fevereiro por<br />
conta das condições atmosféricas rigorosas. Até agora, o destino<br />
desses clubes passava por Portugal ou Espanha, mas como sugere<br />
Frederico Nantes – presidente do comité organizador da copa do<br />
mundo, esses países podem procurar o brasil.<br />
De resto, esta política de “recrutamento” das equipas europeias<br />
para estágios do brasil parecer fazer parte de um programa de um<br />
plano mais amplo de reutilização e rentabilização das infraestruturas<br />
deixas pela realização do Mundial de <strong>2014</strong>.<br />
As boas condições e infraestruturas futebolísticas, como os centros<br />
de treino, e acessos, como os aeroportos e estradas, pode ser o elemento<br />
chave para a escolha do brasil. A aposta, num mercado que<br />
conta com 200 milhões de pessoas, que já vivem apaixonadamente<br />
o futebol, podem ser um chamativo para as marcas e investir neste<br />
mercado pode ser uma decisão com retornos.<br />
Mudando de perspetiva, o futebol brasileiro pode ter muito a ganhar<br />
com este novo paradigma, caso ele se concretize.<br />
Num primeiro plano, tal como aconteceu durante no mundial de<br />
seleções <strong>2014</strong>, os adeptos, mas sobretudo os dirigentes e as equipes<br />
técnicas teriam um acesso privilegiado as formas mais modernas<br />
de trabalho, para além de um contacto mais ou menos formal com<br />
os melhores técnicos do mundo. A troca de experiência poderia<br />
mostra-se decisiva para os técnicos brasileiros adaptarem novos<br />
métodos de trabalho.<br />
Este câmbio entre treinadores pode ser fortalecido com palestras<br />
e curtos estágios.<br />
A competição, mesmo que em apenas jogos particulares, permitirá<br />
as equipas brasileiras confrontar dentro do campo as melhores<br />
equipas do mundo e modelos táticos diversos, mas igualmente<br />
eficazes.<br />
Se no futuro as equipas europeias escolherão os campos brasileiros<br />
para a preparação das suas épocas, ao invés dos EUA ou da Asia<br />
que hoje recolhem as preferências, ainda é incerto. Sente-se a vontade<br />
que tal se suceda. Os benefícios são evidentes, e as vantagens<br />
ultrapassam o lado económico, o podem ser cruciais para modernizar<br />
o futebol brasileiro.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
CHELSEA:<br />
TÁTICA <strong>2014</strong>/2015<br />
OS NOVOS JOGADORES, AS FORMAÇÕES TÁTICAS<br />
SOBRE A BATUTA DE HAZARD E FÁBREGAS.<br />
12 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com
Amudança mais visível no Chelsea versão <strong>2014</strong>/2015 foi na zona<br />
de ataque, que era de longe, pelo menos quando olhando para<br />
a época anterior, a parte mais fraca da maquina montada por<br />
José Mourinho, como a marca de 20% de jogos sem marcar na Premier<br />
League, não deixa esconder. O contratado Diego Costa, o regressado Didier<br />
Drogba e Fernando Torres (agora saído para<br />
o Atlético de Madrid) lutaram pelo lugar de<br />
ponta de lança no início da época; lugar esse,<br />
que é agora indiscutivelmente do avançado<br />
brasileiro naturalizado espanhol, que tem<br />
estado num momento de forma absolutamente<br />
deslumbrante.<br />
O regresso de Drogba é um “docinho” para os<br />
fãs e adeptos do clube londrino que têm visto<br />
desde 2012 o desmembrar da equipa “ganhadora”<br />
que se iniciou na primeira passagem de<br />
Mourinho pelo Chelsea. E Drogba, apesar da<br />
idade, têm-se mostrado um peça fundamental<br />
e claramente que ainda não perdeu o seu<br />
instinto matador. E, agora com a saída de<br />
Fernando Torres e Demba Bamba, permite a<br />
Mourinho passar do esquema tático 4-2-3-1<br />
da época passada e variar para o 4-4-2 com<br />
mais força de fogo no ataque. Srndo que o<br />
modelo mais utilizado continua a ser o 4-3-3.<br />
Mas, a peça chave deste Chelsea é Hazard,<br />
que como o espanhol Fàbragas afirmou é o<br />
“Messi do Chelsea”: “para nós, ele (Hazard)<br />
é a ligação entre o meio-campo e o ataque.<br />
Ele é o nosso Messi porque faz a diferença em campo”. O próprio Mourinho<br />
sublinha essa ideia quando afirma que o medio de 24 anos pode ser o melhor<br />
do Mundo e que a equipa pretende ajuda-lo a chegar a esse patamar. Pelas<br />
palavras do próprio Mourinho: “Estou muito contente pelo Eden ter assinado<br />
um novo contrato. Mostra que ele acredita na equipa técnica e nos jogadores<br />
para o ajudarem a tornar-se o melhor jogador do mundo. Ele já é um jogador<br />
de topo e a sua evolução tem sido fantástica. Ainda é muito jovem, por isso<br />
pode tornar-se no melhor”.<br />
José Mourinho tem o conjunto de jogadores que queria; O dono do Chelsea, o<br />
russo Abramovich trouxe as peças que ele pediu e o português tem um elenco<br />
que é considerado por muitos o melhor da premier league, não sendo de<br />
estranhar a sua liderança. Diego Costa é um jogador que tem a marca e estilo<br />
do técnico português, tecnicamente dotado, fisicamente forte e sempre pronto<br />
para a luta. A isto junta-se Matic, um medio “box-to-box” e pautado por um<br />
rejuvenescido Fàbragas; e tudo isto pela batuta do belga hazard.<br />
O treinador - J. Mourinho<br />
José Mário dos Santos Mourinho<br />
Félix, ou simplesmente Mourinho ou<br />
“the special one”, nasceu em Setúbal<br />
a 26 de Janeiro de 1963. Iniciou-se<br />
no desporto profissional<br />
na década de 90<br />
como preparador físico<br />
e depois como técnicoadjunto,<br />
depois de uma<br />
curta e pouco gloriosa<br />
carreira coo jogador de<br />
futebol. Passou depois<br />
por uma fase de tradutor<br />
para o lendário<br />
técnico inglês Bobby<br />
Robson, passando<br />
depois a ocupar o lugar<br />
de treinador-adjunto<br />
primeiro no Sporting,<br />
depois no FC Porto<br />
e por fim no Barcelona;<br />
onde permanece,<br />
mesmo após a saída<br />
de Robson e passa a<br />
trabalhar diretamente<br />
com Louis Van Gaal.<br />
Mourinho passa enfim<br />
para o lugar de técnico<br />
principal, primeiro no Benfica onde<br />
nem chega a aquecer o lugar e depois<br />
no U. Leiria, antes de se fixar no FC<br />
Porto, onde para além de dois títulos<br />
nacionais e uma Taça de Portugal,<br />
faz a dobradinha europeia, com a<br />
conquista da Taça Uefa (antiga Liga<br />
Europa) e da Liga dos Campões. Catapultado<br />
para o sucesso, Mourinho<br />
torna-se um deus no Chelsea onde se<br />
torna bicampeão nacional; uma passagem<br />
pelo Inter de Milão onde volta<br />
a vencer a Champions; e uma passagem<br />
pelo Real Madrid onde vence<br />
a liga contra o todo poderoso Barcelona<br />
de Guardiola. Agora de volta ao<br />
Chelsea, tende de novo levar o clube<br />
londrino às vitórias.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
“Diego Costa é um jogador que tem a marca e estilo do técnico português, tecnicamente<br />
dotado, fisicamente forte e sempre pronto para a luta. A isto juntase<br />
Matic, um medio “box-to-box” e pautado por um rejuvenescido Fàbragas; e<br />
tudo isto pela batuta do belga hazard.”<br />
Registaram-se muitas chegadas este Com Thibaut Courtois na baliza, ganhando<br />
ano ao Chelsea; Kurt Zouma (Saint-<br />
Etienne), Didier Drogba (Galatasaray),<br />
Cesc Fàbregas (Barcelona), Mario Pasalic<br />
(Hadjuk Split e está emprestado ao Elche),<br />
Thibaut Courtois, Diego Costa e Filipe<br />
Luis (ambos do Atlético de Madrid). Por<br />
outro lado, muitas foram as saidas, e muitas<br />
lugar ao eterno guardião checo, o<br />
modelo tático que mais vem sendo utilizado<br />
mais regularmente é o 4-3-3 com<br />
Diego Costa como<br />
ponta de lança de<br />
referencia, e o meio<br />
campo pautado por<br />
delas emblematicas: Ashley Cole (Roma), Fàbregas e com<br />
David Luiz (Paris Saint-Germain), Frank o génio Hazard,<br />
Lampard (New York City FC; emprestado<br />
ao Manchester City), Demba Ba (Besiktas),<br />
Romelu Lukaku (Everton), Samuel Eto’o ,<br />
cada vez mais um<br />
dos melhores do<br />
mundo, definitivamente<br />
pelo pelos na no<br />
Henrique Daniel Hilário Ricciardo (aposentadoria), piloto da Red Patrick Bull esperando<br />
van Box. Aanholt (Sunderland) e a no mercado<br />
de Inverno Fernando Torres (Atlético de<br />
Madrid).<br />
Entre as saídas e as entradas de jogadores,<br />
permitiu a José Mourinho, entre a prétemporada<br />
e o início da época experimentar<br />
essencialmente três esquemas táticos:<br />
4-3-3, 4-4-2 e 4-2-4.<br />
top 5 Mundial.<br />
Terry e Cahill ocupam<br />
o centro da<br />
defesa, e filipe Luis<br />
e azpilicueta nas<br />
alas; Matic no meio<br />
campo, fazendo o<br />
“box-to-box” como<br />
tão bem sabe fazer e já fazia no tempo em<br />
que jogava no SL Benfica. Por fim, William<br />
acrescenta velocidade e qualidade no “umpara-um”.<br />
Fonte imagem: chelseabrasil.com<br />
14 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
FORMULA1:<br />
Pedro M. Silva, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
A<br />
Formula1 (F1) está em<br />
plena reforma e este ano de<br />
<strong>2014</strong> mostra-se como um<br />
dos mais importantes neste<br />
processo. Várias alterações foram introduzidas<br />
nos monologares tendo como<br />
principal objetivo a redução de custos,<br />
aumentar a competitividade e aproximar<br />
a tecnologia usada na F1 e torna-la mais<br />
aplicável aos carros que a maioria de nós<br />
dirige. No entanto, as alterações introduzidas<br />
têm mudado radicalmente a forma<br />
de condução dos pilotos e vêem forçando<br />
uma nova abordagem na condução. Na<br />
pratica, os pilotos da época de <strong>2014</strong> estão<br />
a reaprender a conduzir. E a refinar as suas<br />
habilidades.<br />
Para os fãs, e para desgosto coletivo, a<br />
principal diferença foi a nova tranquilidade<br />
sonora adquirida pelos monologares<br />
durante a corrida, mas as alterações foram<br />
bem mais profundas.<br />
A primeira delas foi a adoção de 1.6<br />
litros motores turbos V6 com transmissões<br />
híbridas sofisticados. A adoção de transmissões<br />
híbridas em conjunto com as<br />
mudanças de aerodinâmica levam que os<br />
monologares possuam menos downforce,<br />
o que por sua vez diminui a aderência do<br />
carro ao solo, o que o torna o carro mais<br />
difícil de ser conduzido. Relembramos de<br />
downforce é o nome dado à força vertical<br />
que empurra o carro contra o solo, usando<br />
para isso a ação do vento e a zona de baixa<br />
pressão criada sobre as asas. Isto obriga<br />
os pilotos a uma maior concentração e<br />
poder de manobra nas curvas para manter<br />
a estabilidade do carro. Como afirma<br />
Gianluca Pisanello, chefe de operações<br />
de engenharia de Caterham, um carro<br />
com menor aderência ao solo, é “menos<br />
indulgente sobre erros”. E temos ainda que<br />
juntar a esta equação os pneus mais duros<br />
introduzidos pela Pirelli que veio agravar<br />
mais a situação.<br />
Temos ainda, que pela primeira vez na<br />
história da F1, os monologares passaram<br />
a ter a tecnologia brake-by-wire nas rodas<br />
traseiras em vez do tradicional sistema<br />
hidráulico. Esta mudança é parte de transmissões<br />
híbridas dos carros, que utilizam<br />
uma bateria e um pequeno motor elétrico<br />
para fornecer um 160 cavalos de potência<br />
adicional em rajadas de 33 segundos, usados<br />
na ultrapassagem. A bateria é carregada,<br />
entre outras, pela captura de energia<br />
de frenagem que seria perdida na forma<br />
de calor. O sistema de travagem brake-bywire<br />
permite aos engenheiros compensar<br />
a força de travagem adicional introduzida<br />
pelo sistema de recuperação de energia.<br />
No entanto, a sensação do pedal de freio,<br />
dado toda a complexidade do sistema,<br />
parece não estar a responder como o esperado<br />
e com a precisão necessária. Neste<br />
seguimento, as inconsistências a cada nova<br />
utilização do freio de travagem, têm sido<br />
umas das principais queixas da maioria<br />
dos pilotos neste pressente ano.<br />
Por fim, a Federação Internacional de<br />
Automobilismo (FIA) reduziu em quase<br />
um terço a quantidade de combustível a<br />
ser utilizada por carro durante uma corrida<br />
- 100kg de combustível. Embora as<br />
transmissões sejam bem mais eficientes,<br />
economizar combustível faz agora também<br />
parte das competências do piloto, com<br />
o risco de não conseguir terminar a corrida.<br />
Normalmente, os pilotos passaram a<br />
utilizar uma técnica denominada de “liftand-coast”.<br />
O piloto ao invés de levantar o pé do<br />
acelerador e aplicar imediatamente o freio,<br />
como ele foi ensinado desde a infância,<br />
ele, ao contrário, trava a aceleração bem<br />
antes do necessário, para permitir que o<br />
carro desacelere por si, e só depois aplica a<br />
travagem pelo freio.<br />
“Em vez de travagem a 80 metros, você<br />
tem que levantar a 120 metros e, em seguida,<br />
você tem que saber quando aplicar os<br />
freios, por quanto tempo para aplicar os<br />
freios”, afirmou Pisanello. E assumidos as<br />
dificuldades nos sistemas de travagem, o<br />
mesmo Pisanello afirma: “Em termos de<br />
condução competitiva, é um pesadelo.”<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
16 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
NBA:<br />
ESTAMOS A CHEGAR AOS<br />
LIMITES FÍSICOS?<br />
Ricardo Reis colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
V<br />
ivemos em sociedades capitalistas.<br />
Olhando de forma generalizando<br />
para o mundo já o<br />
fazemos há quase um século. E,<br />
apenas os mais distraídos ainda não entenderam<br />
que na base do capitalismo existem<br />
duas ideias chaves: mais e maior. O PIB<br />
precisa de disparar o seu crescimento<br />
todos os anos, o consumo também, assim<br />
como as exportações, a criação de riqueza,<br />
e todos os outros pontos que fazem<br />
parte integrante da nossa sociedade atual,<br />
seja ela económica ou social. O desporto<br />
não é diferente. Queremos mais e maior.<br />
E, mais rápido também. Novos records.<br />
Performances ainda mais memoráveis.<br />
Emoção até ao fim. Aperfeiçoamento.<br />
Queremos todas as semanas ver a superação<br />
dos limites do corpo humano e da<br />
sua fisiologia. Economicamente, em 2008<br />
tivemos seria amostragem de uma politica<br />
constante de mais e melhor. No desporto<br />
pareçam também a aparecer sinais preocupantes.<br />
O doping tornou-se numa presença<br />
constante no desporto e em todas<br />
as suas modalidades. Algumas de forma<br />
tão visível que ameaçam de tal forma a sua<br />
veracidade que se veem na iminência de<br />
implodirem e passarem a ser uma sombra<br />
do que foram. O ciclismo é o caso mais<br />
mediático. Mas há outros. O atletismo. A<br />
natação. Por outro lado, apesar dos avanços<br />
da medicina e da qualidade do treino<br />
e do apoio psicológico proporcionado aos<br />
atletas de topo, as lesões, e lesões graves<br />
e que obrigam a paragem prolongadas<br />
é cada vez mais comum. Olhemos neste<br />
artigo, para o que esta a acontecer com o<br />
Basquetebol e para a NBA. Perguntandonos<br />
se não podemos estar a atingir os<br />
limites físicos neste desporto e se os seus<br />
responsáveis não terão forçosamente de<br />
repensar não só o jogo em si mas principalmente<br />
o seu calendário.<br />
Facilmente na NBA vemos o que podemos<br />
apelidar de Super-Homens. Homens<br />
gigantes, fortes e com uma agilidade que<br />
só existe na imaginação dos simples mortais.<br />
Aliás, a expressão super-homem não<br />
é estranha à terminologia da NBA. Mas<br />
começa a parecer desajustada. O irregularmente<br />
alto número de lesões nas últimas<br />
épocas, como foco principal na última<br />
época, é alarmante, e quer queiramos ou<br />
não, somos forçados a refletir e a encontrar<br />
razões efetivas para esta anormalidade<br />
estatística. A abundância de jogadores de<br />
topo lesionados, com alguma gravidade,<br />
é alarmante e conta com nomes como<br />
Al Horford, Brook Lopez, Kobe Bryant,<br />
Derrick Rose, Steve Nash, Deron Williams,<br />
Paul Pierce, Andrei Kirilenko, Steve Blake,<br />
Luol Deng, Danny Granger ou Tyson<br />
Chandler.<br />
O jogo mudou. Tornou-se mais intenso,<br />
mais físico, mais disputado e claramente<br />
mais profissional e competitivo. Não<br />
existem mãos equipas fracas, onde os melhores<br />
jogadores se podem poupar. Mesmo<br />
que seja uma poupança de esforços em<br />
competição. Hoje jogasse ao máximo.<br />
E, jogasse sempre nesse ritmo. Os jogos<br />
para além de mais competitivos são também<br />
mais frequentes e numerosos, e hoje<br />
na fase regular que dura cinco meses,<br />
fazem-se 82 jogos. Claramente um exagero.<br />
Mas necessário para o negócio. Alterações<br />
ou vontade para alterações parece não<br />
existir. O negócio vai bem. E recomendase.<br />
As arenas estão sistematicamente cheias.<br />
Os direitos televisivos pagam milhões<br />
aos clubes e as entidades reguladoras deste<br />
desporto nos EUA. Os patrocinadores procuram<br />
desesperadamente associar-se a este<br />
desporto. E os planteis estão cheios de<br />
bons jogadores que podem substituir os<br />
lesionados sem grandes perdas de qualidade<br />
exibicional para as equipas. O elo<br />
mais fraco é o atleta.<br />
Se a isto juntarmos a crença irracional que<br />
a maioria dos atletas têm em si mesmos, e<br />
nas suas capacidades sobre-humanas e na<br />
possibilidade de ultrapassarem os limites<br />
dos seus corpos em todos os jugos, talvez<br />
se comece a compreender a nova moda<br />
de lesões. Alargando ainda o começa a<br />
ser uma tendência, o termino de carreiras<br />
promissoras ainda no seu inicio e o afastamento<br />
dos campos em largos períodos das<br />
suas principais estrelas. E isto, será algo<br />
que prejudicará a todos.<br />
Nos próximos anos não se preveem<br />
mudanças. O negócio não o permite. Os<br />
adeptos não o querem. Mas estamos gritantemente<br />
a ultrapassar os limites físicos<br />
na NBA.<br />
O crescimento no conhecimento médico<br />
e de treino não tem conseguido manter-se<br />
a par da subida de nível do basquetebol<br />
praticado na NBA. Os atletas são o elo<br />
mais fraco.<br />
E mais o serão, quanto mais forem<br />
confrontados com a sua própria mortalidade.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
POKER:<br />
DEVE SER DESIGNADO COMO<br />
DESPORTO?<br />
Vitor E. Santos colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
O<br />
Poker tornou-se num dos<br />
casos mais interessantes de<br />
analisar da última década. O<br />
seu crescimento foi exponencial.<br />
Poucos são os jovens que não o jogam,<br />
seja em rede ou rodeados de amigos à volta<br />
da mesa. Durante anos, o Poker foi sempre<br />
visto e definido como um jogo de azar,<br />
mas a situação parece estar a alterar-se.<br />
O Poker em muitos sentidos, já se assemelha<br />
a um qualquer desporto de alta<br />
competição. Muitos dos seus “atletas”, e<br />
usemos ainda as aspas, são profissionais<br />
e são-no com rendimentos muito acima<br />
do que a maioria das modalidades oferece.Existem<br />
um número de competições<br />
significativas, torneios e um importante<br />
circuito mundial.<br />
A capacidade que o Poker teve de entender<br />
a forma como se podia utilizar o digital e a<br />
adaptar-se aquele que é o principal veículo<br />
de informação do seculo 21: a Web. Assim,<br />
não foi difícil angariar jogadores/atletas<br />
e fãs um pouco por todo o lado. Assim<br />
como criar jogadores estrela, facilmente<br />
reconhecidos e que passam em muitas das<br />
várias transmissões televisivas um pouco<br />
por todo o Mundo. Para além de tudo<br />
isto, um dos passos mais importantes foi<br />
a oficialização, há poucos anos, do Poker<br />
como “desporto mental” consentida pela<br />
Associação Internacional dos Desportos<br />
Mentais. Estatuto semelhante ao bridge,<br />
xadrez e damas. E participou juntamente<br />
com os “desportos mentais” acima mencionados<br />
nos World Mind Sports Games a<br />
partir de 2012.<br />
No entanto, o estatuto do Poker ainda não<br />
é totalmente definido e varia consoante o<br />
país onde nos encontramos. Existe quem<br />
olha para o Poker como uma atividade<br />
inofensiva ou como um jogo de perícia, e<br />
apoia a massificação desta atividade como<br />
desporto. Quem por outro lado, muitos<br />
outors vêem o Poker como um jogo de<br />
azar, acreditando que apenas deve ser<br />
jogado em casinos e a sua regulação deve<br />
ser apertada.<br />
Dada toda esta duplicidade de opiniões,<br />
como devemos olha para o Poker?<br />
Desporto ou jogo de azar?<br />
18 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
POKER: AS RAZÕES DE SER DESPORTO<br />
Mesmo quem olha para o Poker como desporto de azar, não o vê<br />
unicamente como uma atividade de azar ou sorte, sem que exista a<br />
necessidade de perícia e estratégia para alcançar a vitória. Num jogo<br />
longo, o jogador mais bem preparado e como uma estratégia mais eficiente<br />
tem maior vantagem e por norma consagrasse como vencedor..<br />
Seguindo nesta noção, em que o Poker não é um jogo apenas baseado<br />
na sorte, a Poker Players Alliance (PPA) na sua campanha para a<br />
regulamentação do poker online, vem acompanhada com matemáticos,<br />
economistas e doutorados de Havard, prontos para testemunhar<br />
que uma partida de poker envolve um vasto conjunto de habilidades.<br />
Uma história famosa que atesta isto mesmo é de pertença de Anette<br />
Obrestad que consegui derrotar 179 jogadores sem olhar uma única<br />
vez para as cartas, utilizando apenas a sua posição e a leitura da linguagem<br />
corporal dos jogadores adversários. Em 2007, a mesma PPA<br />
apresentou uma análise em que as conclusões apontam para que o<br />
fator sorte no golfe não era inferior ao envolvido no poker.<br />
Os jogadores de poker profissionais para atingirem esse estatuto de<br />
topo, tal como em qualquer outra modalidade, necessitam de muitas<br />
horas de treino e preparação. Precisam de estudo dos aspetos<br />
técnicos e táticos e grande controlo emocional. Apesar do poker ser<br />
sobretudo uma atividade mental, o físico é igualmente importante e<br />
uma linguagem corporal cuidada é crítica e pode ser o fator chave<br />
para uma vitória ou uma copiosa derrota. Lembramos que muitos<br />
torneios desenrolam-se durante 12 horas consecutivas, com poucas<br />
e rápidas pausas entre jogos. Assim sendo uma boa preparação física<br />
é básica para tomar um conjunto de decisões consecutivas positivas.<br />
E atira por terra um dos principais argumentos contra o poker como<br />
desporto: a inexistência de uma atividade física propriamente dita.<br />
Por fim, como argumento em favor ao Poker como desporto, temos<br />
o fato do poker se ter tornado um evento de entretinimento, com<br />
audiências televisivas assinaláveis, como já tínhamos referido umas<br />
linhas acima. Hoje podemos ver as cartas de um jogador, as suas táticas<br />
e técnicas de jogo e a forma com ele reage a pressão e podemos<br />
analisar ao pormenor todos os seus movimentos e de que forma ele<br />
muda o seu jogo consoante o adversário. Este motivo por si só tornou<br />
o poker um ícone cultural do nosso tempo, algo que nenhum outro<br />
“jogo de azar” conseguiu, pelo menos não de forma tão paradigmatica<br />
como o Poker o fez.<br />
Desporto, pelo dicionário de Oxford, é definido como uma atividade física ou mental<br />
sujeita a determinados regulamentos e que geralmente visa a competição entre<br />
praticantes. Para ser considerado desporto tem de haver envolvimento de habilidades,<br />
capacidades motoras e competitividade entre opostos; regras instituídas por uma organização<br />
ou federação regente. Algumas modalidades desportivas não requerem esforço<br />
físico, sendo aí mais importante a destreza e a concentração do que o exercício físico<br />
A principal e talvez o mais decisivo argumento<br />
contra o Poker enquanto desporto,<br />
é a importância do dinheiro e o papel fundamental<br />
que desempenha para o desenrolar<br />
do jogo. Embora o desporto profissional<br />
atualmente se mova juntamnente<br />
com o mercado financeiro em em grandes<br />
maquias financeiras, ele não interfere diretamente<br />
no jogo em si.<br />
De certa forma, o envolvimento do dinheiro<br />
no jogo do Poker inviabiliza-o como<br />
desporto profissional, dado que contraria<br />
aquilo que é a essência do desporto.<br />
Talvez para muitos esta não seja uma razão<br />
suficientemente forte para negar o Poker<br />
enquanto uma atividade desportiva. Mas<br />
desvirtuar os ideais do desporto pode ter<br />
consequências graves para a sociedade<br />
civil.<br />
Temos ainda, que o lobby do Poker é<br />
“adoptado” sobretudo por interesses<br />
económicos, principalmente apoiados por<br />
casas de jogos e casinos online, e alcançar<br />
o estatuto de desporto é um passo capital<br />
para a expansão do negócio.<br />
O vício do jogo e as significativas perdas<br />
de dinheiro, igualmente presentes no<br />
Poker, que andam sempre de mão dada<br />
com os jogos de azar parecem ser igualmente<br />
contra o espirito desportivo e a<br />
imagem que o desporto pretende projetar.<br />
Obviamente que existem apostas ligadas<br />
ao desporto, mas elas vivem à margem do<br />
desporto e não fazem parte dele ou estão<br />
na sua génese. Quando isto não acontece<br />
estamos a falar de corrupção.<br />
Assim sendo, o Poker, na nossa opinião,<br />
não deverá, pelo menos ainda, de gozar<br />
do estatuto de modalidade desportiva. Se<br />
em termos de definição existe boas bases<br />
de argumentação, socialmente parece-nos<br />
que esta não é a melhor decisão, e a expansão<br />
do Poker enquanto desporto e sem as<br />
restrições legais atualmente em vigor, pode<br />
facilmente aumentar os casos de vício e de<br />
largas perdas de dinheiro.<br />
O Poker continua e continuará a viver<br />
num limbo entre jogo de azar e desporto,<br />
ou pelo menos desporto da mente. Qual<br />
será a sua definição futura? A resposta<br />
ainda é incerta. Talvez os próximos anos<br />
possam ser esclarecedores.<br />
Estaremos cá para ver.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
MARKETING<br />
DESPORTIVO<br />
Clubes e marcas juntos numa união benéfica a ambas!<br />
Vitor E. Santos colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
O<br />
s “super-homens” mediaticamente,<br />
nos dias de<br />
hoje, são quase de exclusiva<br />
pertença do desporto.<br />
É nele que procuramos, e muitas vezes<br />
encontramos, as mais incríveis performances<br />
e a superação dos limites do corpo<br />
humano. O desporto tem a capacidade<br />
de tocar pessoas de todas as idades ou<br />
classe social, sendo assim considerado<br />
parte integrante em nossas vidas. Se a isto<br />
somarmos a beleza artística do desporto e<br />
o fenómeno cultural que se tornou, não é<br />
de estranhar que as marcas o olhem como<br />
um dos principais veículos de comunicação<br />
com o seu público-alvo. Isto é de<br />
tal forma verdade, que a venda de publicidade<br />
às grandes marcas é cada vez mais<br />
preponderante nas receitas dos grandes<br />
clubes no final do ano. Veja-se o caso da<br />
equipa do Real Madrid e a importância<br />
dos seus patrocinadores para a sustentabilidade<br />
da sua equipa de futebol. Ou o caso<br />
da também equipa futebolista espanhola<br />
Barcelona, que durante anos foi a única<br />
equipa de topo sem publicidade nas camisolas,<br />
mas que desde há três épocas não foi<br />
capaz de continuar a resistir.<br />
No entanto, esta simbiose entre clubes e<br />
marcas, e a necessidade que as grandes<br />
empresas sentem em fazer um forte investimento<br />
em marketing desportivo, encontra<br />
três fortes entraves, que podem fazer<br />
regredir esta importante fonte de receitas<br />
para os clubes. A primeira delas, e é mais<br />
verdadeira para os países europeus, é a<br />
retração generalizada do consumo após a<br />
crise financeira de 2008. Isto traduz uma<br />
menor disponibilidade das corporações<br />
para investirem no desporto. O segundo<br />
entrave, prende-se com as diferentes formas<br />
como se consume hoje o desporto.<br />
O recinto desportivo, a televisão e radio<br />
- ainda que desde há vários anos com<br />
menor peso, têm perdido espaço para as<br />
novas tecnologias. O que dificulta a perceção<br />
por parte das empresas da escolha<br />
de qual o melhor meio para difundir a<br />
sua mensagem. Por último, nunca como<br />
agora, se pode afirmar que vivemos numa<br />
era global. Desta forma, a criatividade e a<br />
diferenciação é fundamental para captar<br />
a atenção do público, o que obriga a um<br />
maior investimento na altura das campanhas<br />
de marketing.<br />
Como é percetível os desafios são complexos,<br />
e a sua resolução é ainda mais<br />
intricada, dai que seja fundamental que<br />
os clubes e as empresas unam esforços<br />
para que as dificuldades passem a oportunidades.<br />
Aumentar a procura do espetáculo desportivo.<br />
Este ponto deve ser pensado e<br />
executado pelos clubes e pela federação de<br />
cada modalidade. Melhorar regulamentos,<br />
aumentar a incerteza do resultado e recrutar<br />
estrelas são algumas das opções.<br />
Criatividade e Inovação.<br />
E, pensar nas novas tecnologias como<br />
ferramentas amigas das marcas e do desporto.<br />
Criar uma maior ligação do fã com o clube<br />
onde a marca seja um condutor direto.<br />
Ofertas de bilhetes ou acesso ao estádio<br />
ou clube são boas oportunidades para<br />
fortalecer o lado emocional do adepto.<br />
Se a marca proporcionar essa aproximação,<br />
também ela se aproxima com o seu<br />
público-alvo.<br />
Outras práticas devem ser pensadas e utilizadas<br />
e serão apresentadas nas próximas<br />
edições desta revista.<br />
Este é um tema da maior importância e<br />
será frequentemente revisitado.<br />
20 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
ENTENDENDO O QUE É O MARKETING DESPORTIVO<br />
Segundo Kotler, o marketing “é a ferramenta de gestão que tem como principal função lidar com<br />
os clientes, visando entender o cliente, criar uma forma de comunicação, fazer novos clientes e<br />
proporcionar ao cliente valor e satisfação”. Ainda segundo Kotler “o marketing pode ser interpretado<br />
como sendo a utilização dos recursos de uma empresa com o propósito de satisfazer aos<br />
desejos e as necessidades do consumidor”.<br />
Matthew Shank define marketing desportivo como “a aplicação específica dos princípios e processos<br />
de marketing aos produtos esportivos e ao marketing de produtos não-desportivos por meio<br />
da associação com o desporto.<br />
Numa pesquisa realizada no Reino Unido sobre a eficácia do marketing desportivo indica que o<br />
patrocínio tem mais impacto numa faixa etária mais jovem - dos 15 a 24 anos. Cerca de 40% dessa<br />
faixa etária assinalou que se sentem mais confiantes em consumir produtos de marcas que patrocinam<br />
eventos desportivos como as Olimpíadas ou o Mundial de clubes de futebol de seleções.<br />
O marketing é uma, se não mesmo a<br />
principal, ferramenta para o posicionamento<br />
de uma marca no mercado, e na<br />
angariação de novos clientes por parte das<br />
organizações. Aplicar recursos em marketing<br />
no desporto mostra-se uma aposta<br />
ganha e com retornos imediatos e de longa<br />
duração. Afirmar a marca em conjunto<br />
com um desporto ou uma competição,<br />
para além da divulgação, cria no adepto<br />
– público-alvo para as organizações – não<br />
só confiança mas um elo emocional que<br />
de outra forma seria difícil de conseguir.<br />
Por outro lado, existem competições desportivas<br />
que são assistidas por centenas ou<br />
mesmo milhares de milhões de pessoas,<br />
assim como atletas que são amados se<br />
não mesmo venerados por outros tantos.<br />
Despender alguns recursos nessas competições<br />
ou atletas leva as marcas a viajar<br />
um pouco por todo o mundo e a torna-las<br />
reconhecidas um pouco por todo o lado.<br />
Pudendo inclusive chamar a atenção por<br />
parte de pessoas que escapavam ao público-alvo,<br />
caso o processo de marketing<br />
apostasse em outro veículo de publicidade.<br />
O patrocínio ganhou um espaço considerável<br />
no que se refere à publicidade<br />
de marcas. É importante destacar, que<br />
hoje, as campanhas de marketing não se<br />
limitam a estampar o logotipo nas camisolas<br />
de um clube, mas muitas vezes, as<br />
empresas e as suas marcas transforma-se<br />
em parceiras dos clubes e desenvolvem<br />
um papel fundamental na contratação de<br />
atletas com maior nome, para que dessa<br />
forma aumentem a visibilidade do clube e<br />
por conseguinte a dos seus produtos e da<br />
marca em que mais apostam.<br />
A construção de arenas desportivas ou<br />
de centro de treino também entram nesta<br />
logica e o investimento das marcas é considerável,<br />
muitas vezes em troco no naming<br />
rights da infraestrutura. Ou seja, a<br />
infraestrutura fica com o nome da marca<br />
ou do produto que se pretende publicitar.<br />
Os estudos, na sua generalidade, demostram<br />
os ganhos obtidos pelas marcas<br />
e organizações na aposta do marketing<br />
desportivo, e apontam igualmente para<br />
o ainda défice de desenvolvimento que<br />
existe e nas inúmeras oportunidade de<br />
negócio que aqui existem.<br />
Para os clubes, os patrocínios e a aposta<br />
das marcas nas suas equipas é fundamental<br />
para a viabilidade económica. Pense-se no<br />
ciclismo, em que o patrocínio é a sua única<br />
fonte de recita estável, para se entender a<br />
sua importância. Deste modo, cabe também<br />
aos clubes demonstrar às marcas os<br />
benefícios da aposta nas suas equipas e<br />
atletas.<br />
Por fim, cabe salientar que o marketing<br />
desportivo, só atinge todos os seus objetivos,<br />
tanto para o clube como para a marca,<br />
se for planado e perfeitamente estruturado<br />
para que o retorno tanto em termos de<br />
imagem quer em termos financeiros atinja<br />
todo o seu potencial.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
22 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
TREINO<br />
EM ALTITUDE<br />
As vantagens para os atletas do treino em altitude!<br />
Pedro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
A<br />
s metodologias de treino<br />
estão em constante transformação<br />
com o auxílio da<br />
medicina desportiva que esta<br />
em constante desenvolvimento. O desporto<br />
de alto rendimento e ao mais alto nível<br />
competitivo é definido por pormenores e<br />
é no treino que esses mesmos pormenores<br />
são conquistados. Nos últimos anos,<br />
tem-se ouvido insistentemente falar em<br />
treino de altitude como metodologia diferenciadora.<br />
Este tipo de treino é bastante<br />
proveitoso para atletas que compitam em<br />
provas de longa duração, e que procuram<br />
otimizar o seu organismo na produção<br />
de energia aeróbica, e assim aumentar a<br />
resistência e a performance.<br />
O organismo humano foi evoluindo, dada<br />
necessidade diária de água potável e espaços<br />
de mais fácil locomoção, para funcionar<br />
em pleno ao nível do mar. Ao nível<br />
do mar, o ar respirado contém aproximadamente<br />
21% de oxigénio, a percentagem<br />
certa para que o nosso sistema respiratório<br />
e cardiovascular funcione na medida<br />
exata. Na mesma simetria que subimos em<br />
altitude, o nível de oxigénio no ar desce, e<br />
é exatamente esse singularidade que se<br />
procura em treino em altitude. A dificuldade<br />
na captação de oxigénio em altitude<br />
por parte do corpo humano, propicia<br />
uma possibilidade interessante ao corpo<br />
do atleta. As primeiras alterações visíveis<br />
são o aumento dos batimentos cardíacos<br />
e do ritmo respiratório. O organismo,<br />
privado das concentrações ideais de oxigénio,<br />
ordena o aumento de produção<br />
de hemoglobina nos glóbulos vermelhos<br />
– a molécula com a responsabilidade do<br />
transporte do oxigénio. Como consequência,<br />
cada litro de sangue contém mais oxigénio<br />
que anteriormente e a eficiência do<br />
organismo para o transformar em energia<br />
é maximizada.<br />
Existem pelo menos três formas, legais, de<br />
obter os benefícios do treino em altitude.<br />
Treinar ao nível do mar e residir em altitude.<br />
Esta é a forma mais popular, a que<br />
de longe se conseguem melhores resultados<br />
e aquela que é igualmente<br />
mais testada. Desta forma<br />
consegue-se esforços físicos<br />
fortes e constantes no treino<br />
e angariar os benefícios do<br />
défice de oxigénio de viver<br />
parte do dia em altitude. Este<br />
treino deve durar uma média<br />
de 4 semanas. A dificuldade<br />
de locais onde facilmente se<br />
possa descer 2,000 ou 3,000<br />
mil metros diariamente para<br />
o treino, faz com que muitos<br />
atletas adquiram câmaras<br />
hipobáricas, que permitem<br />
um efeito semelhante.<br />
Morar ao nível do mar e treinar<br />
em altitude. Esta é uma técnica<br />
usada para competições desenvolvidas<br />
em altitude e totalmente desaconselhadas<br />
para competições ao nível do mar.<br />
o stress e esforço necessários para o treino<br />
em altitude afetará a performance ao nível<br />
do mar. O cansaço apareceria muito rápido.<br />
Esta é no entanto a melhor forma de<br />
aclimatização à altitude.<br />
Treinar e morar em altitude. Este conceito<br />
surgiu com a necessidade dos atletas se<br />
adaptarem à altitude para futuras competições<br />
também elas em altitude. E, de<br />
certa forma, este método de treino apenas<br />
funciona para a aclimatização em altitude<br />
e para competições que decorram<br />
nas mesmas circunstâncias do treino. Um<br />
regime contínuo de treino e vivência em<br />
altitude, mesmo fortalecendo a capacidade<br />
aeróbica do atleta, diminui a intensidade<br />
de treino. O que em pouco tempo<br />
diminui a performance. Esta modalidade<br />
de treino é totalmente desaconselhada em<br />
qualquer caso.<br />
Os treinos em altitude têm inúmeras vantagens<br />
e para muitos atletas pode ser o<br />
sistema de treino que lhe permita atingir<br />
os objetivos. Não é, no entanto, magia.<br />
Nem apropriada para todos os atletas ou<br />
para todas as modalidades desportivas.<br />
E, deve ser sempre planeada e arquitetada<br />
num plano mais amplo de treino.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
Atualmente, existem já um serie numero de opções<br />
para atletas que pretendam<br />
treinos/estágios de<br />
media altitude, ou seja,<br />
um treino entre os 1550<br />
e 2500 metros de altitude.<br />
Os mais conhecidos<br />
e mais utilizados por<br />
atletas de topo situamse<br />
na serra nevada, em<br />
Espanha - Ilhas Canárias,<br />
Font Romeu, em França e<br />
Davos, na Suíça. O japão,<br />
na altura da preparação para as Olimpíadas de 2008,<br />
criou um fortíssimo centro de alto rendimento que<br />
inclui várias plataformas de alto rendimento.<br />
Quando se pensa em treino e altitude, pensa num<br />
treino feito em qualquer local situado entre os 1800 e<br />
os 6000 metros. Sendo que a altitude indicada, dados<br />
defendidos pela maioria dos autores, deve ser de 2200<br />
metros durante um período medio de 4 semanas.<br />
O défice de oxigénio - hipoxia estimula a produção de<br />
eritopetina (EPO) na<br />
medula óssea, o que<br />
por sua vez desperta a<br />
produção de glóbulos<br />
vermelhos e hemoglobina.<br />
Este processo<br />
otimiza a performance<br />
do corpo,<br />
nomeadamente na<br />
oxigenação dos músculos,<br />
o que traduz<br />
um melhoramento<br />
da performance na ordem dos 3%, de acordo com os<br />
últimos estudos apresentados. Foi com base nestes<br />
estudos, que conduziu muitos atletas ao consumo de<br />
EPO exógena, substancia proibida pela Agencia Mundial<br />
Anti Doping.<br />
A “Operación Puerto”, que dizimou os mais importantes<br />
ciclistas da altura, teve por base a utilização<br />
desta substancia.<br />
A<br />
EPO, ou eritropoitina -<br />
o seu nome técnico é um<br />
hormônio produzido nos<br />
rins, cuja função é controlar a eritropoiese,<br />
ou formação de células vermelhas do<br />
sangue. No desporto, no entanto, tornouse<br />
sinónimo de alteração de resultados<br />
pelo doping, principalmente no ciclismo,<br />
atletismo e natação.<br />
Vários atletas, tentando adquirir os efeitos<br />
e as vantagens de um treino em altitude,<br />
injetavam-se com este hormônio. Para<br />
além da falada ilegalidade, esta técnica<br />
é altamente prejudicial para a saúde do<br />
atleta. Com o aumento “não-natural” e<br />
exponencial dos glóbulos vermelhos, o<br />
sangue adquire uma espessura e viscosidade<br />
acima do normal, e que pode exigir<br />
demasiado do sistema cardiovascular e<br />
causar uma falha cardíaca.<br />
Uma segunda técnica, para simular de<br />
forma fraudulenta os benefícios do treino<br />
em altitude, consiste nas famosas transfusões<br />
de sangue. Coletar uma quantidade<br />
significativa de sangue do atleta, rica em<br />
oxigénio – após um efetivo treino em altitude,<br />
e durante a competição reintroduzilo<br />
no organismo. Esta técnica permite<br />
reganhar os efeitos do treino em altitude<br />
após esses mesmos efeitos se terem naturalmente<br />
perdido.<br />
Durante muito tempo, estas foram duas<br />
técnicas muito utilizadas no desporto de<br />
alta competição, devido à dificuldade de<br />
deteção dos controlos anti doping. De<br />
facto, aqui não existe nenhuma substancia<br />
exógena ao organismo e por norma os testes<br />
não conseguiam detetar qualquer irregularidade.<br />
Felizmente, a ciência evolui, o<br />
hoje estes procedimentos já são detetados<br />
em todos os testes anti doping de rotina.<br />
Vários casos mediáticos de atletas envolvidos<br />
na prática destas técnicas maliciosas,<br />
tornaram-nas conhecidas da maioria do<br />
grande público. A “operacion puerto” ou<br />
o medalhista olimpo Alex Schwazer, são<br />
disso bons exemplos.<br />
O consumo de EPO<br />
exógena provoca os<br />
mesmos efeitos que<br />
o treino em altitude.<br />
Dada a dificuldade,<br />
durante um longo<br />
período de tempo, desta<br />
substância acusar positivo<br />
para doping nas<br />
analises, foi utilizada<br />
frequentemente por<br />
vários atletas, nomeadamente,<br />
no ciclismo e no<br />
atletismo.<br />
24 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
MOTIVAÇÃO PELO RECONHECIMENTO:<br />
O QUE AS EQUIPAS DESPORTIVAS TÊM A GANHAR COM AS<br />
NOVAS PRÁTICAS DAS CORPORAÇÕES EMPRESARIAIS .<br />
Ricardo Reis colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
A<br />
interação entre as equipas profissionais e as chefias<br />
nas grandes corporações empresariais têm mudado<br />
significativamente na última década. A globalização e<br />
a constante necessidade de inovação e diferenciação nos produtos e<br />
serviços prestados por essas mesmas empresas, fez com que se questionassem<br />
sobre qual a melhor forma de motivar e criar um elo mais<br />
duradouro com os seus funcionários que elevasse a performance<br />
individual de cada um deles e que posteriormente essa melhoria se<br />
refletisse na empresa e nos seus ganhos. O sistema hierarquizado e<br />
a cultura de competição constante que reinava até há bem pouco<br />
tempo, foi substituída por uma filosofia motivadora onde elevar a<br />
confiança e a moral de todos os funcionários é crucial. As empresas<br />
e os seus gestores, apoiadas em estudos científicos, principalmente<br />
na área da psicologia comportamental e da sociologia, conseguiram<br />
captar um conjunto de comportamentos e regras que permitiam<br />
incutir um maior índice de felicidade aos seus funcionários e eliminar<br />
um conjunto de práticas que faziam exatamente o oposto. Os<br />
resultados das empresas que seguiram esse caminho são esclarecedores<br />
desta nova abordagem.<br />
Olhar para o exemplo das empresas que seguiram a via acima<br />
apresentada e introduzi-las no desporto e na forma como a equipa<br />
técnica gere a sua equipa e interage com ela parece ser um desafio<br />
interessante e que traz consigo consequentes retornos.<br />
Este desafio torna-se mais precioso quando hoje existe a perceção,<br />
que na maioria das vezes é real, do distanciamento entre o atleta e a<br />
sua entidade patronal - o clube, a história deste e os valores que pretende<br />
representar. Motivar o atleta e engajar com ele um elo emocional<br />
torna-se então fundamental, não só para que a sua performance<br />
dentro de campo mas igualmente contornar os obstáculos quando o<br />
êxito não surge. Ou a titularidade. Ou uma proposta que sendo do<br />
interesse do atleta não é atraente para o clube.<br />
Um ponto fundamental, mas que muitas vezes é esquecido pelos<br />
clubes, é a necessidade das pessoas/atletas se sentirem uteis e uma<br />
das formas mais eficazes para as motivar é simplesmente reconhecelas,<br />
assim como a sua importância dentro da equipa, e o papel determinante<br />
que desempenha para o êxito do projeto. Este ponto deve<br />
ser encarado como uma necessidade básica, mal comparando, como<br />
a água necessária para o bom funcionamento do corpo humano.<br />
O reconhecimento individual dado a cada atleta não necessita de<br />
benefícios tangíveis visíveis (como prémio monetários), ou formalidades;<br />
não se trata de um benefício que tenha como objetivo alterar<br />
o desempenho do atleta, mas identificar a importância do individuo<br />
dentro da organização, o que pode ser verdadeiramente gratificante<br />
para este. A quase isenção de custos desta abordagem é igualmente<br />
uma vantagem para a organização, e o impacto positivo pode ser<br />
enorme. “ A crença cria a realidade”.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
26 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
ATENAS: 10 ANOS<br />
DEPOIS<br />
Dez anos depois o cenário é desolador. Uma boa parte das<br />
arenas olímpicas usadas para o evento estão abandonadas,<br />
vandalizadas e com ervas daninhas a crescer um pouco<br />
por todo o lado.<br />
No dia 13 de Agosto deste ano assinalou-se a passagem<br />
dos dez anos dos Jogos Olímpicos de Atenas<br />
na Grécia. Passada esta década existe, no entanto,<br />
poucos motivos de comemoração no país berço<br />
das Olimpíadas modernas. Após derrotar a favorita<br />
cidade de Roma, e de uma fracassada candidatura<br />
para sediar as Olimpíadas de 1996, o povo grego<br />
encheu-se de orgulho e alegria e ostentando o sentimento<br />
patriótico com bandeiras um pouco por<br />
todo o país. Quando a euforia desvaneceu, Atenas<br />
foi confrontada com a dureza e as exigências de<br />
sediar um evento da envergadura das Olimpíadas.<br />
Chamadas de atenção e alertas vigorosos por parte<br />
do COI (Comité Olímpico Internacional) que podiam<br />
por em causa a organização do evento caso não<br />
se verificasse um aumento considerável dos esforços<br />
das autoridades gregas, que tinham em larga medida<br />
desperdiçado os primeiros três anos dos sete que<br />
dispunham de período de preparação até aos jogos.<br />
O risco de perder os jogos, obrigou as autoridades<br />
gregas a despesas e investimentos extras e o evento<br />
custou o dobro do originalmente orçamentando,<br />
ficando-se nuns extraordinários 9 mil milhões de<br />
euros. Com a agravante de as obras apenas se terem<br />
concluído poucos semanas antes do dia de abertura.<br />
Com o passar dos anos, a euforia e orgulho de sediarem<br />
as Olimpíadas foi desaparecendo, e em 2008 o<br />
preço chegou com a crise económica que apesar de<br />
ser mundial, na Grécia foi bem mais severa, algo que<br />
muito se deve aos gastos excessivos com os Jogos.<br />
Após mais de meia dúzia de anos de intensa crise<br />
financeira e social e duas intervenções por parte do<br />
FMI o legado das Olimpíadas de 2004 é ainda mais<br />
desolador, como as imagens que acompanham o<br />
artigo o tão bem o podem demonstrar.<br />
Muitas das arenas olímpicas forma abandonadas e<br />
as que ainda são utilizadas, são rentabilizadas com<br />
eventos não desportivos, como conferencias ou casamentos.<br />
Apesar de sempre negado pela Companhia<br />
de Propriedades Públicas da Grécia – entidade que<br />
desde 2011 assumiu muitas das arenas -, que as<br />
estruturas e edifícios não estão em más condições,<br />
a realidade afirma o oposto. Dez anos depois, a<br />
grande maioria dos espaços utilizados nesses Jogos<br />
estão completamente abandonados, com crescentes<br />
ervas daninhas como principal decoração, tal como<br />
o lixo e os habituais vandalismos.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
Noah Rubin<br />
vencedor de<br />
Wimbedon <strong>2014</strong>-<br />
torneio de juniores<br />
TÉNIS<br />
FORMAÇÃO<br />
Os custos de formar um atleta juvenil até ao profissionalismo!<br />
Pedro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
O<br />
s desportos motorizados<br />
continuam a ser no imaginário<br />
da maioria dos adeptos,<br />
aquele que necessitam de mais encargos<br />
na formação juvenil. Porém, esta é<br />
uma noção cada vez mais errada, dado que<br />
inúmeras outras modalidades abrangem<br />
investimentos semelhantes e por vezes até<br />
superiores. O ténis é, surpreendentemente,<br />
um desses desportos. Talvez assim se compreenda,<br />
como diversos estudos o sugerem,<br />
que os países tidos como “potências”<br />
nesta modalidade se destacam de duas<br />
formas distintas: ou pelo seu rendimento<br />
per capita ou pelo seu desenvolvimento<br />
social e económico. Dai que países como<br />
a França, os Estados Unidos ou Espanha<br />
tenham vários dos seus atletas no Top<br />
100 mundial e países como Portugal ou<br />
Brasil, apenas consigam esporadicamente<br />
lugares de destaque, como foi a grande<br />
exceção Gustavo Kuerten, antigo número<br />
um mundial ou João Sousa, que no último<br />
ano ocupou persistentemente um lugar<br />
nos cinquenta melhores. Outros fatores,<br />
ligados com o próprio desenvolvimento do<br />
ténis e da sua tradição nesse país também<br />
têm influência, mas curiosamente bem<br />
menores. O desenvolvimento depende<br />
essencialmente da capacidade económica<br />
dos encarregados do atleta enquanto este<br />
é menor e da capacidade das entidades<br />
desportivas ou que tem a cargo a si o desporto<br />
juvenil. O caso das universidades<br />
nos Estados Unidos da América é paradigmático,<br />
assim como o apoio prestado<br />
pelo sector empresarial na Espanha. Estes<br />
dados levam-nos então a perguntar quanto<br />
custa formar um tenista até à sua maioridade<br />
e até poder disputar competições<br />
profissionais?<br />
A resposta como é compreensível não é<br />
una. Dependendo muito de região e do<br />
nível a que se eleva o treino, mas é possível<br />
partir de bases mínimas falamos de valores<br />
entre os €90000 a €100000 para todo<br />
o período de formação, ou seja, aproxi-<br />
28 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
madamente 10 anos – dos 7 aos 17 anos.<br />
Referindo ainda, que a estes valores não<br />
foram somados o custo de todo o material<br />
necessário para a prática do ténis.<br />
E, se olhando para os valores eles parecem<br />
elevados, temos que reafirmar que se trata<br />
apenas dos custos mínimos, e que o “investimento”<br />
pode facilmente duplicar ou ir<br />
inclusive mais além. Olhemos algumas das<br />
razões para valores tão elevados.<br />
Um atleta dos 7 aos 9 anos de idade necessita<br />
de duas ou três aulas semanais em<br />
grupos de 4 atletas e pelo menos uma aula<br />
semanal individual, o que acarreta um<br />
custo mensal de €200 a €350, dependendo<br />
da região. Obviamente que dependendo<br />
da qualidade do treinador escolhido esse<br />
valor, mesmo nessas idades, pode facilmente<br />
disparar três ou quatro vezes os<br />
valores apresentados acima.<br />
Dos 10 aos 12 anos, um atleta necessita de<br />
pelo menos quatro a cinco treinos semanais<br />
em grupo e uma ou duas aulas particulares.<br />
Acrescenta-se ainda os custos dos<br />
primeiros torneios locais e alguns torneios<br />
regionais. Isto implicará um custo mensal<br />
na ordem dos €600 a €900.<br />
Somando mais um ano, aos 13 anos, o atleta<br />
necessita de pelo menos mais dois treinos<br />
de fitness individuais o que acrescenta<br />
entre €50 a €150 mensais ao valor anterior.<br />
Aos 15 anos, começa a definir-se o futuro<br />
do atleta, e aqueles que mostram mais<br />
qualidade, passam a competir em torneios<br />
nacionais, o que acrescenta anualmente<br />
pelo menos mais €3000, mas podendo ir<br />
a valores bem superiores. Por essa mesma<br />
ordem, alguns torneios internacionais também<br />
aparecem no horizonte por volta dessas<br />
idades, o que aumenta os custos em<br />
mais alguns milhares de euros. Acrescentase<br />
ainda, que a partir dos 16 ou 17 anos,<br />
os atletas que pretendam ser profissionais,<br />
necessitam de um treinador a tempo<br />
inteiro, o que dispara ainda mais os valores<br />
necessários. Um bom treinador custa no<br />
mínimo €5000.<br />
Olhando para estes valores acima, existe<br />
uma outra pergunta, economicamente vale<br />
a pena o investimento? Posta desta forma,<br />
a resposta não é muito animadora. Apenas<br />
os atletas do Top 100 mundial conseguem<br />
ganhar dinheiro com este desporto e<br />
apenas os 60 melhores atletas conseguem<br />
retirar dividendos suficientes para uma<br />
vida confortável, sendo que os verdadeiros<br />
ganhos vêm dos patrocinadores e isso apenas<br />
alguns, muito poucos, o alcançam.<br />
No entanto, não podemos reduzir o ténis<br />
ou o desporto em geral apenas do ponto de<br />
vista financeiro e económico, muitos outros<br />
fatores têm de ser levados em consideração<br />
para olhar este deporto como profissão.<br />
Destes valores acima apresentados, fica-nos<br />
igualmente a ideia que é preciso repensar<br />
a forma como se pensa o ténis nos países<br />
de língua portuguesa para que possamos<br />
num futuro próximo ter mais que apenas<br />
exceções no circuito profissional.<br />
O custo de formação de<br />
um tenista varia entre<br />
os €90000 a €100000 –<br />
valores mínimos<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
POR ONDE PASSA O FUTURO DESTA MODALIDADE?<br />
QUE DESAFIOS? E QUE SOLUÇÕES?<br />
Não é segredo algum que o ciclismo profissional ao<br />
mais alto nível se encontra num ponto alarmante<br />
de inflação e necessita de uma rápida viragem na<br />
sua organização e estrutura competitiva e no seu<br />
modelo de negócio para assegurar no limite a sua<br />
sobrevivência como desporto de elite. Neste seguimento, basta<br />
olhar para o que está a acontecer com o ciclismo profissional em<br />
Espanha, uma potência mundial neste desporto desde sempre,<br />
tem vindo a perder equipas profissionais de forma preocupante,<br />
inclusive na UCI ProTeam – a primeira liga do ciclismo mundial.<br />
A crise económica mundial que se iniciou em 2008 mas que<br />
persiste na Europa, pode ser um dos principais culpados para o<br />
declínio deste desporto, até porque é na Europa que se disputam as<br />
principais provas e é também na Europa onde se sedeiam as principais<br />
equipas e patrocinadores. Mas, infelizmente, os problemas<br />
do ciclismo profissional não se ficam por aqui. O ProCycling vive<br />
ainda extramente diminuído com os inúmeros casos de doping,<br />
mal com o qual conviveu na sua história mas que têm aumentado<br />
de mediatismo nos últimos dez anos, com casos como o Giro de<br />
2001, “Operación Puerto” em 2006 ou a recente retirado dos sete<br />
triunfos a Lance Armstrong da volta a frança. Neste sentido, a<br />
situação geral no ciclismo profissional é bem complexa mas necessita<br />
de medidas urgentes para ultrapassar os vários desafios que vai<br />
encontrar nos próximos anos e que iremos descrever nas próximas<br />
linhas, influenciados pelas perspetiva de Hein Verbruggen, antigo<br />
presidente da UCI (Union Cycliste Internationale) – de 1991 a<br />
2005-, sendo agora presidente honorário desta mesma instituição.<br />
O primeiro dos desafios é a estrutura comercial deste desporto,<br />
onde existem três entidades chave: os organizadores das corridas/provas,<br />
as equipas de ciclismo profissional e os atletas.<br />
Reconhecendo que cada um destes grupos tem interesses e objetivos<br />
diferentes, nenhuma das organizações que tutelam estes<br />
30 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
mesmos grupos tem um poder efetivo. Organizações como AIOCC<br />
(Associação Internacional de Organizadores de corrida de ciclismo) ou<br />
AIGCP (Associação Internacional des Groupes Cyclistes Professionels)<br />
ou CPA (os Cyclistes Professionnels Associés) detém pouca ou nenhuma<br />
capacidade governativa ou de influenciarem positivamente os acontecimentos<br />
de forma a atenderem aos seus objetivos. Neste particular, a<br />
organização ASO (Amaury Sport Organisation), que tutela entre outras<br />
a volta a frança, detém bem mais poder que a AIOCC. Dar poder as<br />
organizações acima mencionadas e criando-lhes objetivos comuns tem<br />
de passar no imediato como uma das medidas de forma a reformular a<br />
organização do ciclismo e com ele se move nos bastidores. É importante<br />
relembrar que a UCI é acima de tudo um jogador comercial no campeonato<br />
mundial de ciclismo.<br />
O segundo problema que necessita de uma intervenção imediata é o<br />
muitíssimo baixo volume de negócios a nível global que o ciclismo<br />
profissional movimenta por ano. A impossibilidade de cobrança de<br />
bilhetes aos seus adeptos, os baixos prémios por vitória e a dependência<br />
quase em exclusivo dos patrocinadores dificultam imenso a viabilidade<br />
económica desta modalidade e das suas equipas e dos seus atletas. Esta<br />
falta de capacidade de gerar receitas, mostra-se também ser um forte<br />
entrave na angariação de novos atletas, que são obrigados a ponderar<br />
muito bem quando e se a profissionalização é a melhor opção. Optar<br />
por uma estratégia semelhante à encontrada pela F1, onde o licenciamento<br />
das corridas leva a que as cidades/países sede investam consideráveis<br />
valores para acolher o evento e esperar depois esse retorno como<br />
destino turístico ou como promoção das suas marcas ou empresas.<br />
Financeiramente, os grandes beneficiários do ciclismo profissional são<br />
os organizadores das provas, em grande medida pelas receitas televisivas.<br />
As receitas televisivas levam-nos ao terceiro grande desafio, a<br />
agregação dos direitos televisivos, que de regra geral são “vendidos”<br />
individualmente. Para se ter a noção da dificuldade neste ponto,<br />
existem cerca de 700 contratos de televisão de corridas diferentes, o<br />
que é de grande vantagem para as emissoras de televisão mas péssimo<br />
para o ciclismo profissional e os seus principais agentes. Centralizar os<br />
direitos televisivos é primordial de forma a fazer crescer este enorme<br />
potencial de receitas.<br />
O quarto desafio é diminuir o domínio esmagador da ASO que parece<br />
pouco interessada em cooperar com as entidades desportivas desta<br />
modalidade desportiva, e dividir um pouco mais os quase 70% das<br />
receitas totais de televisão. Assumindo como possível a centralização<br />
dos direitos de televisão, a diminuição da percentagem de ganhos poderia<br />
não significar uma diminuição bruta dos dividendos económicos<br />
da ASO, mas infelizmente, esta organização parece não querer apostar<br />
neste novo modelo de negócio.<br />
Muito mais há a pensar e ainda mais há a fazer para que o ciclismo<br />
entre no século xxi, e se modernize, assim como existe ainda um<br />
longo caminho para que a imagem negativa que hoje é associada a esta<br />
modalidade se dissipe e possamos olhar para este desporto sem qualquer<br />
desconfiança. É imperativo que mudanças aconteçam num curto<br />
espaço de tempo, para que este tão belo desporto não se torne numa<br />
sombra do que já foi.<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
PORTUGAL<br />
E OS ELEFANTES BRANCOS<br />
Câmaras gastam aproximadamente<br />
20 milhões de euros<br />
anualmente nos estádios<br />
municipais do Europeu 2004.<br />
POUCA OU NENHUMA UTILIZAÇAO DE MUITAS DAS ARENAS DESPORTIVAS<br />
É O LEGADO MAIS NEGATIVO DO EURO 2004<br />
A<br />
euforia portuguesa de há 15 anos era compreensível<br />
e vital para um país que vivia há muito anos com<br />
a cabeça em baixo, vergado por um século de vida<br />
difícil e um regime ditatorial que durou quase 50<br />
anos. Mas no final dos anos 90, Portugal mudava o seu rumo.<br />
Ajudada pelos dinheiros europeus, a economia portuguesa tornava-se<br />
dinâmica e evoluía num sentido muito positivo. Os portugueses<br />
ganhavam algum poder de compra e as suas vidas, vividas<br />
até ai sempre com dificuldade, melhoram consideravelmente.<br />
As universidades enchiam de jovens de todas as classes sociais.<br />
A saúde tinha evoluído em menos de uma década o que levou<br />
o dobro ou o triplo para maioria dos países europeus. De certo<br />
modo, Portugal estava a sair da “cauda da Europa” e decidiu dizer<br />
ao mundo isso mesmo, com a realização de dois megaeventos, a<br />
Expo 98 e o Europeu de futebol em 2004. O investimento da Expo<br />
98 - rondou os 5 mil milhões de euros, incluindo as acessibilidades<br />
como a ponte Vasco da Gama e a Gare do oriente. Por seu lado, O<br />
estado português gastou com o euro 2004 um valor não inferior a<br />
1035 milhões de euros. Alguns exemplos dos gastos são: estádios<br />
(384 milhões), acessibilidades (228 milhões) e apoios indiretos das<br />
câmaras do Porto (152 milhões) e de Lisboa (59 milhões).<br />
O legado da Expo 98 é pacífico entre os portugueses, mesmo<br />
o que retorno económico tenha ficado aquém do prometido.<br />
Lisboa - capital de Portugal reabilitou-se e ganhou mais 5 km com<br />
este evento. A zona oriental da cidade, antiga Doca dos Olivais,<br />
transformou-se, dando lugar a amplos espaços verdes com ligação<br />
ao rio tejo e ganhou diversos pavilhões inovadores dos quais se<br />
destacam o Oceanário – um dos maiores do mundo. A mobilidade<br />
entre a cidade melhorou bastante com o ampliamento do número<br />
de linhas e estações do metro e um novo interface de transportes.<br />
Quase dez anos depois, o que mais se destaca são os “Elefantes<br />
brancos”, os estádios com pouco ou nenhuma utilização e rentabilidade<br />
económica, que se transformaram numa enorme dor de<br />
cabeça, nomeadamente para os autarcas. Relembramos que uma<br />
boa parte das arenas desportivas criadas de raiz para o europeu<br />
ficaram a cargo das autarquias.<br />
A cidade de Braga paga 6 milhões por ano à banca, Leiria paga 5<br />
milhões anuais só em amortizações e juros e Aveiro desembolsa<br />
quatro milhões no pagamento de empréstimos e manutenção. Faro<br />
e Loulé, em conjunto, pagam 3,1 milhões por ano e Coimbra, que<br />
é aquela que tem os custos mais baixos, transfere 1,8 de euros para<br />
a banca. Simplificando, as câmaras que construíram recintos para<br />
o Euro 2004 gastam anualmente 19,9 milhões de euros.<br />
A isto soma-se mais 6,1 milhões distribuídos entre a câmara de<br />
Guimarães e a câmara do Porto pelos apoios que deram aos clubes<br />
locais. A autarquia contraiu empréstimos de 89,8 milhões de<br />
euros, estando<br />
previsto que este ano pague à banca seis milhões de euros, além<br />
de pagar os empréstimos bancários, assume ainda uma parte da<br />
manutenção da arena desportiva.<br />
Estes custos tornam-se insuportáveis para autarquias já extremamente<br />
endividadas e em cima da mesa, particularmente no estádio<br />
de Aveiro, já esteve a proposta de impulsão da arena desportiva.<br />
Felizmente, a proposta nunca foi avante, tendo sido permanentemente<br />
afasta.<br />
32 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />
Estadio do Aveiro<br />
A expressão elefante branco tem origem na mesma expressão usada na Índia e Tailândia para designar os grandes elefantes brancos,<br />
um animal sagrado que não podia ser usado em trabalho. Muitas vezes, o rei ou o senhor de determinada região, oferecia um destes<br />
animais a um cidadão que se tivesses positivamente destacado. O animal era então protegido e alimentado a partir da oferenda do rei<br />
por parte do cidadão. Notando que algum proveito económico poderia advir do animal. Na prática, isso significava que esse cidadão<br />
possuía algo extramente valioso mas que não raras vezes se transformava numa despesa insustentável e que o levava, na maioria dos<br />
casos, à ruina. Nos últimos anos, temos visto a reutilização desta expressão para descrever as arenas desportivas, nomeadamente estádios<br />
de futebol, que somam o facto de não terem uso desportivo nem rentabilidade económica uma despesa anual significativa.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
FUTEBOL:<br />
ZONA 14<br />
O QUE É? ONDE FICA? QUEM LÁ JOGA?<br />
E QUAL A IMPORTÂNCIA?<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
NO desporto, como o temos vindo a salientar, tornouse<br />
em todas as áreas impressionantemente profissional<br />
e aproximou-se de ferramentas que possibilitam<br />
análises mais científicas deixando progressivamente<br />
de lado observações empíricas. No futebol, os<br />
últimos anos têm sido de grandes mudanças, nomeadamente na<br />
análise de desempenho de jogadores e equipas. Destas análises<br />
tem-se chegado a interessantes conclusões. Uma das mais importantes<br />
é da “Zona 14”.<br />
Pela foto de capa deste artigo é possível percecionar a área geográfica<br />
no campo a que pertence a zona 14. E as inúmeras pesquisas<br />
realizadas apontam-na como um fator-chave para as equipas<br />
conseguirem resultados positivos e para chegarem ao que mais<br />
desejam, o golo. Esses mesmos estudos apontam quatro formas<br />
chaves como as equipas vencedoras exploram a esta área: Maior<br />
utilização e procura – tanto de dentro dazona para fora como de<br />
fora para dentro, maior número de passes de rutura a partir desta<br />
local geográfica do terreno, e maior capacidade de recuperar a bola<br />
neste local.<br />
Existem inúmeros bons exemplos de equipas que exploraram e<br />
exploram particularmente bem a Zona 14 e se deram extremamente<br />
bem com isso. O primeiro exemplo é a seleção francesa<br />
campeão do Mundo e da Europa em 1998 e 2000, respetivamente.<br />
Com Zidane frequentemente a aparecer e a fazer a diferença.<br />
Uma equipa que explorou como nenhuma outra a Zona 14 foi o<br />
Barcelona de Guardiola, que com Iniesta e Messi e um pouco mais<br />
atrás Xavi fazia circular sistematicamente a bola nessa área do<br />
relvado na procura de desequilíbrios e passes de rutura. Um outro<br />
bom exemplo, é o da equipa do Manchester United campeã da<br />
Europa em 1999, que no anterior seculo possuía um dos maiores<br />
índices de passes e de utilização na Zona 14.<br />
Por norma a Zona 14 é “habitada” por jogadores com dotes técnicos<br />
acima da média, e jogam nas posições de segundo avançado centro,<br />
o número 10 – o organizador de jogo ou o que atualmente é comum<br />
pelo médio box-to-box. O uso eficaz desta zona passa por passes<br />
positivos e de ataque e sempre para a frente. Um passe nesta zona<br />
tem quatro vezes mais hipóteses de êxito.<br />
O tempo de utilização desta área é também crucial e não deve ultrapassar<br />
os 8 segundos ou as chances de êxito diminuem consideravelmente,<br />
sendo que o tempo ideal seria de 2,7 segundos.<br />
Em jeito de conclusão, a zona 14 está localizada fora da área de<br />
grande penalidade, e demostrou-se que equipas com um maior<br />
número de êxitos são aquelas que usam mais frequentemente esta<br />
zona.<br />
A forma mais eficaz de utilizar esta zona geográfica do terrono de<br />
jogo é o passe para a frente e executado rápidamente.<br />
Por fim, é nesta zona que se registam as maiores taxas de sucesso<br />
em passes de rutura, quatro vezes superiores às encontradas nas alas.<br />
34 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
Xavi, Iniesta, Zidane<br />
ou Lionel Messi são<br />
alguns dos Mestres<br />
da zona 14 que<br />
sabem como fazer a<br />
diferença ”<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
36 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
SERÁ ESTE O CAMINHO?<br />
LIMITAÇÃO DE ESTRANGEIROS:<br />
O CASO DO CAMPEONATO RUSSO DE FUTEBOL<br />
O GOVERNO DA RÚSSIA QUER REDUZIR PARA SEIS O NÚMERO DE FUTEBOLISTAS<br />
ESTRANGEIROS NOS CLUBES DO PAÍS<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
A motivação do governo russo passa por potenciar a progressão<br />
dos jogadores russos e tornar mais competitiva a<br />
sua seleção de seniores no panorama mundial.<br />
E<br />
m muitos países Europeus a progressão dos<br />
seus jogadores nacionais nas principais equipas<br />
de futebol é restrita e ameaçada pelo elevado<br />
número de estrangeiros que participam nos seus<br />
campeonatos. Países como a Inglaterra, Portugal, Itália, França<br />
ou Rússia são alguns dos melhores exemplos, e como tal não é<br />
de estranhar que sistematicamente apareça no debate púbico<br />
a limitação de atletas estrangeiros nos clubes como forma de<br />
fazer progredir com mais facilidade os jogadores nacionais. Até<br />
agora, esta ideia nunca passou das palavras, em vista inclusive<br />
das normas europeias que negam como principio tal limitação,<br />
mas a Rússia, país não pertencente à União Europeia e como<br />
tal obrigada a respeitar os seus tratados, parece estar a avançar.<br />
O ministro russo, Vitaly Mutko, afirmou no início do mês<br />
de Setembro que está em preparação uma lei que visa reduzir<br />
drasticamente o número de jogadores estrangeiros nos diversos<br />
campeonatos. A este respeito Mutko disse: ” “Queremos que<br />
os desportistas russos tenham um papel de primeiro plano<br />
nos clubes do país”. É importante relembrar que esta intensão<br />
de decisão surge a quatro anos do mundial de futebol sediado<br />
no país russo, e onde certamente os russos quererão fazer boa<br />
figura.<br />
Nos clubes de futebol pretende-se reduzir o número de<br />
estrangeiros a seis. A limitação não pretende restringir-se<br />
apenas nos clubes de futebol, e para os clubes de hóquei no<br />
gelo, voleibol e basquetebol não deve haver mais três atletas<br />
estrangeiros.<br />
Talvez se compreenda mais facilmente esta decisão olhando para<br />
as declarações do italiano Fabio Capello, selecionador russo,<br />
em que se lamentava do reduzido número de jogadores selecionáveis<br />
para o campeonato do mundo de futebol, que se veio<br />
a provar uma desilusão para os russos. A melhor equipa russa<br />
dos últimos anos, o Zenit São Petersburgo – treinada pelo português<br />
Villas-Boas, para dar um exemplo, tem doze estrangeiros<br />
no seu plantel, sendo a grande maioria titular. O espaço para os<br />
jogadores nacionais é reduzido.<br />
Mas, é este o único caminho? Se por um lado achamos ser compreensível<br />
e entendemos as intenções do ministério do desporto<br />
russo, por outro lado parece-nos que existem outras medidas<br />
mais favoráveis para alcançar os mesmos objetivos sem que<br />
para isso seja necessário apostar numa estratégia de “mercado<br />
futebolístico protecionista”.<br />
Na nossa opinião existem pelo menos duas abordagens que<br />
devem ser iniciadas e protegidas antes de avançar para uma<br />
medida como aquela que se pretende implementar no campeonato<br />
russo: aumentar o numero e levar a qualidade dos centros<br />
de estágios jovens e assumir para as seleções nacionais o crescimento<br />
dos jovens jogadores nacionais, entre os 20 e os 25 anos,<br />
quando tal não acontece nos clubes.<br />
O mercado e o negócio do futebol dão cada vez menos espaço<br />
aos jogadores da casa, e medidas e novas abordagens têm necessariamente<br />
de ser pensadas, desenhadas e depois implementadas.<br />
Que medidas devem ser essas. Essa é uma pergunta que<br />
deixamos aos nossos leitores e que esperamos uma réplica na<br />
nossa plataforma online.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
GARRINCHA<br />
A “ALEGRIA DO<br />
38 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
MANÉ<br />
GARRINCHA<br />
O MITO<br />
E O HOMEM<br />
Etiam eu eros nisl. Nunc<br />
elementum porttitor<br />
quam sed consequat.<br />
Vivamus purus nibh,<br />
condimentum sed porta<br />
non portis liberum.”<br />
:<br />
POVO”<br />
Quem é o melhor jogador de futebol de<br />
todos os tempos? Sempre que este debate<br />
surge, seja na televisão feita por especialistas<br />
ou no café entre amigos, dois nomes se<br />
destacam: Pelé e Maradona. Nos últimos<br />
anos Lionel Messi vai ameaçando entrar<br />
nesta luta. Inexplicavelmente o nome<br />
de Manuel Francisco dos Santos, Mané<br />
Garrincha ou simplesmente Garrincha,<br />
nunca é mencionado. Talvez a rivalidade<br />
Brasil com a Argentina, faz com que mesmo<br />
os seus conterrâneos puxem por Pelé e se<br />
esqueçam d´ “O Anjo das Pernas Tortas”,<br />
nome pelo qual Garrincha também é conhecido.<br />
O vídeo, que só começou em 62,<br />
falhando os melhores anos de Garrincha,<br />
também ajudará a explicar o seu esquecimento.<br />
Contudo, o principal fator há-de<br />
ser o próprio Garrinha, a sua personalidade,<br />
ser antissistema, o alcoolismo, a vida<br />
boémia que levou pós futebol, e ter vivido<br />
os seus últimos anos em total miséria.<br />
Com o surgimento das plataformas de<br />
partilha de vídeos, existe toda uma nova<br />
geração a descobrir este craque e muitos<br />
outros a relembrar porque este homem é o<br />
melhor ponta direita de sempre do futebol<br />
Mundial.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
Manuel Santos, de sangue índio, nasceu no<br />
seio de uma família extramente humilde a<br />
28 de Outubro de 1933, em Pau Grande,<br />
uma pequena localidade a 70km do Rio<br />
de Janeiro. Ganhou alcunha que o haveria<br />
de acompanhar para toda a vida pelo rebatismo<br />
da sua irmã Rosa, que encontrou<br />
semelhanças entre ele e uma ave chamada<br />
Garrincha, uma ave irrequieta e que recusava<br />
o cativeiro. Diga-se aliás que o amor<br />
aos pássaros era uma das grandes paixões<br />
de Garrincha.<br />
Começou a jogar futebol no clube da<br />
sua terra aos 15 anos, e a sua verdadeira<br />
oportunidade chegou tarde, apenas aos 19.<br />
Depois de recusado em vários dos grandes<br />
clubes da cidade do Rio de Janeiro, e<br />
sem interesse por parte deste pelo seu ar<br />
“aleijado”, Garrincha chegou ao Botafogo<br />
para um teste. Teste esse que é hoje uma<br />
das maiores lendas do futebol brasileiro:<br />
um rapaz que nem chegava ao metro e<br />
setenta de altura, com as pernas tortas e a<br />
perna direita seis centímetros mais pequena<br />
que a direita enfrentou no primeiro<br />
treino Nilton Santos, o lateral-esquerdo<br />
da seleção brasileira, e fintou-o e driblou<br />
várias vezes.<br />
O Botafogo havia de se tornar no clube<br />
de toda a sua carreira. Ao todo 95% dos<br />
seus jogos profissionais foram lá jogados,<br />
sagrando-se tricampeão carioca. Já em<br />
final de carreira havia de jogar , em curtas<br />
passagens, pelo Sport Club Corinthians<br />
Paulista, Clube de Regatas do Flamengo e<br />
no Olaria Atlético Clube.<br />
Fora dos campos, Garrincha casou-se com<br />
Nair, namorada da infância, com quem<br />
teve nove filhas. Separou-se de Nair e foi<br />
casado com Elza Soares por 15 anos. Os<br />
dois tiveram um filho, Manuel Garrincha<br />
dos Santos Júnior – que faleceu ainda bem<br />
jovem aos nove anos de idade, num acidente<br />
automobilístico.<br />
Vivendo sempre uma vida ao som das suas<br />
vontades, Garrincha nunca foi um atleta<br />
exemplar. Demasiado álcool e constantes<br />
aventuras sexuais fizeram com que nem<br />
sempre Garrincha estivesse ao seu melhor<br />
e a vitória escapou-lhe por muitas vezes.<br />
Mas jogava o futebol como vivia, apontando<br />
apenas para a diversão, a sua e a<br />
dos adeptos. Por isso recebeu a alcunha de<br />
“Alegria do Povo”.<br />
Garrincha realizou 60 jogos pela seleção nacional do<br />
Brasil, apontou 16 golos e foi 2 vezes campeão do Mundo:<br />
1958 e 1962. Em 62, com Pelé lesionado, Garrincha<br />
fez o mesmo que Maradona consegui com a Argentina<br />
em 86: ser a figura principal e marcar os golos mais decisivos.<br />
Como se costuma dizer: ser “campeão sozinho”.<br />
Garrincha assinou algumas das páginas mais brilhantes da seleção<br />
brasileira. Foi campeão mundial em 1958 e 1962. Estrou-se no<br />
mundial de 58 pela amarelinha, na suécia, mas podia nem ter sido<br />
convocado tal era a desconfiança que cai sobre si por parte do<br />
selecionador, que muitos acusavam de preferir jogadores brancos<br />
a jogadores negros. João Máximo conta: “Antes da Copa de 1958,<br />
a selecção contratou um psicólogo para examinar os jogadores.<br />
O Nilton Santos foi um dos primeiros a fazer os testes, em que<br />
tinham, por exemplo, de botar um triângulo dentro do círculo,<br />
depois um quadrado dentro do triângulo. O Nilton percebeu que<br />
algo ia correr mal com o Garrincha e disse ao médico: ‘doutor, vem<br />
aí um rapaz chamado Garrincha. Ele não vai saber nada disso que<br />
o senhor está pedindo, mas não liga não, porque ele joga muito<br />
futebol’. Não sei o que aconteceu lá dentro, mas o João Carvalhais,<br />
o psicólogo, aprovou o Garrincha.”<br />
Com Garrincha em bom plano, o Brasil conquistou o primeiro<br />
trofeu mundial; seleção onde também aparecia Pelé com apenas 17<br />
anos, mas já um “craque”.<br />
A consagração de Garrincha aconteceu 4 anos depois, no Mundial<br />
no chile. Com a dupla Pelé e Garrincha o Brasil partia como claro<br />
favorito. Mas Pelé lesionou-se gravemente no segundo jogo, contra<br />
a Checoslováquia, e não atuou mais nesse Mundial. Garrincha<br />
assumiu então as rédeas da equipa, “sem Pelé, apareceu o Mané”, e<br />
conduziu o seu país a um novo triunfo. Tal como acontece aos melhores<br />
atletas, Garrincha superou-se e mostrou atributos que até ai<br />
eram pouco habituais como golos de cabeça ou de pé esquerdo.<br />
“Garrincha, de que planeta vienes?”, foi a capa do jornal chileno<br />
El Mercurio. L’Équipe descreveu-o como “o ponta-direita mais<br />
extraordinário que o futebol já conheceu.” O mundial de 62 tornou<br />
Garrincha em uma lenda.<br />
Haveria de novo de jogar em um Mundial – na Inglaterra em 66,<br />
mas Garrincha era já uma sombra do que fora. A idade e a vida<br />
de excesso começaram a ganhar vantagem ao génio. O brasil sairia<br />
eliminado na fase de grupos com duas derrotas frente à Hungria<br />
e a Portugal.<br />
Depois disso jogaria mais seis anos. Mas não mais no seu Botafogo.<br />
E não mais com o seu génio, que só a espaços aparecia. O álcool<br />
tornou-se ainda mais presente na sua vida. Depois do futebol era<br />
a única coisa que passou a conhecer. Assim como a pobreza com<br />
que voltaria a criar laços de intimidade.<br />
40 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
Uma das suas características<br />
mais notadas<br />
era o fato de ter as pernas<br />
tortas. A sua perna<br />
direita, seis centímetros<br />
mais curta que a<br />
esquerda, era curvada<br />
para o lado esquerdo, e<br />
a perna esquerda seguia<br />
o mesmo sentido. Segundo<br />
o biógrafo Ruy<br />
Castro, Garrincha teria<br />
nascido assim. Outros<br />
depoimentos apontam<br />
essa característica como<br />
sequela de uma poliomielite.<br />
“Houve um brasileiro melhor que Pelé: Garrincha. Tinha uma perna<br />
torta e outra normal, como podia fazer tudo aquilo? Era um paralítico.<br />
Ele era muito melhor do que todos nós, mas era do povo, gostava de<br />
uma bebida que não era água e, por isso, ficou marginalizado”, Eusebio,<br />
ex.jogador de futebol, eleito como um dos 10 melhores de sempre pela FIFA.<br />
Garrincha foi um fenômeno que ultrapassou as fronteiras do<br />
futebol. Foi um artista que inspirou artistas por toda a américa<br />
do sul. O escritor uruguaio, Eduardo Galeano, escreveu: “Quando<br />
ele estava em campo, o gramado virava um picadeiro de circo: a<br />
bola se tornava um animal amestrado e a partida, um convite para<br />
a festa”. No mesmo texto Galeano descreveu perfeitamente o que<br />
era este futebolista com a bola: “Garrincha defendia o seu bicho de<br />
estimação — a bola — e juntos faziam travessuras que matavam o<br />
público de rir. Ele pulava sobre a bola, ela saltava sobre ele e depois<br />
se escondia. Ele fugia dela e ela o alcançava. Enquanto isso, os<br />
adversários se chocavam entre si”.<br />
Foi um génio. Um génio improvável. As suas pernas tortas não<br />
o deveriam deixar jogar futebol. A sua personalidade também<br />
não. João Máximo a esse respeito escreveu: “O Garrincha, como<br />
o Brasil, não poderia ter acontecido. E, como o Brasil, aconteceu.<br />
Um era analfabeto, aleijado, alcóolatra. O outro é enorme, com o<br />
número de analfabetos e a corrupção que teve, não era para acontecer,<br />
mas aconteceu”.<br />
Depois do futebol, a vida de Garrincha foi difícil. Decadente.<br />
Triste. Voltou à pobreza. O alcoolismo levou-lhe a melhor.<br />
Frequentemente era apanhado embriago, desmaiado na rua, e<br />
levado para as urgências do hospital. Em 1983 e com 49 anos<br />
Garrincha morreu. Jovem e em desgraça. As tragedia acompanharam-no<br />
sempre. Atropelou o pai. Num acidente de viação, em<br />
1969, em que Garrincha conduzia o carro acabaria por ser fatal<br />
para a sua sogra. O seu filho com Elza Soares, como já falado,<br />
acabaria por falecer também num acidente de automóvel. E o<br />
mesmo aconteceria com outro seu filho, Nenem, falecendo nas<br />
estradas portuguesas.<br />
O que poderia ser Garrincha no futebol atual é difícil de imaginar.<br />
Seria um génio ainda maior? Talvez o fosse. Os relvados são melhores.<br />
Os equipamentos também. E todo o seu talento estaria lá.<br />
Mas, num futebol de regras inamovíveis e táticas inalteráveis seria<br />
a sua personalidade compatível? Poderia ele deixar-se “prender”?<br />
Não sei. Sei apenas que Garrincha é a imagem do jogador que<br />
todo o menino sonha ser. Com os seus dribles impossíveis e que<br />
desafiavam as leis da física. A arte dos seus golos. Um ídolo que<br />
talvez até pela sua morte prematura é mitificado pelos adeptos do<br />
seu país. Mas em grande medida esquecido pelo resto do Mundo.<br />
Esperemos que o seu nome carimbado no estádio de Brasília leve<br />
as pessoas fora do Brasil a perguntarem-se quem era este homem.<br />
Quem o fizer não se irá arrepender.<br />
Quando Garrinha morreu, eu ainda não tinha nascido. Nunca tive<br />
a oportunidade de o ver jogar em direto. Tenho pena. Muita pena.<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
42 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
EXOSQUELETOS BIOMECÂNICOS<br />
SÃO O FUTURO DO DESPORTO?<br />
PODEMOS CRIAR SUPER-HOMENS PARA O DESPORTO! MAS SERÁ UMA POSITIVO?<br />
Pedro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
No ano de <strong>2014</strong>, um paraplégico<br />
deu simbolicamente o<br />
pontapé de saída na Copa<br />
do Mundo no Brasil, servindo-se<br />
para o efeito de um exosqueletos<br />
biomecânicos, num projeto desenvolvido<br />
por um neurocientista brasileiro Miguel<br />
Nicolelis. Em Fukushima, após o acidente<br />
nuclear, foi necessário fortes trabalhos de<br />
refrigeração. Esta dura tarefa, para além de<br />
muito perigosa e obrigar os trabalhadores<br />
a arriscarem a vida, tinham ainda que<br />
transportar fatos antirradiação que pesam<br />
cerca de 60 quilos. A robótica solucionou<br />
esse problema com o desenvolvimento de<br />
exosqueletos -extensões eletromecânicas<br />
do corpo humano que conferem super<br />
poderes.<br />
“O que o exosqueleto faz é aumentar a<br />
capacidade do operário para transportar<br />
o fato e se deslocar no interior da central<br />
e aumentar a duração do trabalho, ou<br />
seja, consegue ficar lá dentro mais horas a<br />
trabalhar porque é o exosqueleto que faz o<br />
esforço, ele tem de fazer depois a operação<br />
ao nível do pormenor, a carga quem transporta<br />
é o exosqueleto e não o próprio.”<br />
Garantiu Jorge Martins, investigador do<br />
Instituto Superior Técnico, em entrevista<br />
ao Expresso online.<br />
Temos ainda que estes dispositivos já<br />
começam a ajudar os pacientes a reaprender<br />
a andar e a correr com segurança, permitindo<br />
que sentiu o peso do corpo para<br />
ser diminuída por todo o caminho até 80%<br />
de desconto (similar a Alter-G a escada<br />
rolante). Isto permite que um paciente<br />
para reconstruir a força e o exosqueleto<br />
também poderia ser usado para reaprender<br />
marcha. Ou aumentar a capacidade de<br />
elevação e de transferência de peso.<br />
Em muito breve trecho, os exosqueletos<br />
biomecânicos estarão no mercado unicamente<br />
com intuitos comerciais e desportivos.<br />
No vídeo abaixo podemos ver<br />
observar um protótipo de um exosqueleto<br />
para a corrida.<br />
Isto leva-nos a uma questão pertinente:<br />
deverão os exosqueletos biomecânicos<br />
fazer parte do desporto?<br />
Numa época desportiva em que os limites<br />
do corpo humano estão cada vez<br />
mais próximos todos procuram soluções,<br />
mais ou menos inventivas, para a perceção<br />
da ideia de superação não desapareça da<br />
mente dos adeptos e com isso elimine um<br />
dos mais importantes pontos no desporto<br />
da era moderna.<br />
Obviamente que introduzir toda esta nova<br />
tecnologia nas modalidades atuais seria<br />
no imediato impossível e um disparate,<br />
mas seria eventualmente possível criar<br />
novas modalidades ou novas competições<br />
onde o hibrido entre o mecânico e o<br />
corpo humano podem-se medir-se, numa<br />
competição de super-homens. No vídeo<br />
abaixo podemos ver outro excelente exemplo<br />
de como a biomecânica pode facilitar e<br />
aumentar a capacidade do corpo humano,<br />
novamente na corrida.<br />
Estas “maquinas” como é natural levantam<br />
inúmeras questões que podem e devem<br />
ser debatidas, e que se enquadram em<br />
diversões e abrangentes temas, como a<br />
ética, a noção e definição do que é o<br />
desporto, a condição humana e do corpo<br />
humano, ou ainda, como ficam os anteriores<br />
recordes e marcas. Ou mesmo a<br />
segurança.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
ALEMANHA<br />
E ÁFRICA<br />
DO SUL<br />
DOIS CASOS BEM DISTINTOS DE APROVEITAMENTO<br />
DE UM MEGAEVENTO DESPORTIVO - MUNDIAL DE FUTEBOL!<br />
Olegado de um megaevento desportivo são bastante<br />
distintos entre países que possuem diferentes<br />
níveis de desenvolvimento. Países em desenvolvimento<br />
requerem, por norma, investimentos de maior<br />
envergadura, aumentando consideravelmente os riscos e custos<br />
de oportunidade. Temos, por outro lado, que o custo de trabalho<br />
em países desenvolvidos é maior, criando desse modo maiores<br />
custos operacionais e de infraestruturas diretas, como as arenas<br />
desportivas, ou indiretas, como estradas ou aeroportos. Um bom<br />
exemplo para analisarmos estas diferenças são o caso da realização<br />
do Mundial de futebol na Alemanha e na Africa do Sul.<br />
Olhemos primeiro para o caso da Alemanha. Segundo as entidades<br />
reesposáveis alemãs, o Mundial de futebol de 2006 gerou<br />
entre 25.000 e 50.000, sendo a grande maioria deles trabalhos<br />
temporários. Apesar de parecerem representar bons números de<br />
criação de emprego, a realidade mostra que são pouco significativos<br />
dado que nesse período existiam cerca de 40 milhões de trabalhadores.<br />
Durante o período em que se deu o evento desportivo<br />
os hotéis apresentaram uma diminuição de perto de 3% nas taxas<br />
de ocupação em relação à mesma data do ano anterior. O número<br />
de passageiros nos aeroportos apresentou somente um aumento<br />
vestigial. Economicamente a realização do Mundial de futebol não<br />
trouxe grandes proveitos. Os custos, por seu lado, não foram tão<br />
exorbitantes quanto os encontrados na Africa do Sul ou no Brasil.<br />
Na sua grande maioria, as estruturas estavam feitas, incluindo os<br />
estádios de futebol, e foram apenas necessárias algumas remodelações.<br />
Os orçamentos previstos em comparação com os reais apesar<br />
de pecarem por defeito não apresentaram grandes disparidades.<br />
O maior benefício alcançado foi a imagem projetada do país um<br />
pouco por todo o mundo. De acordo com o Anholt Nations Brand<br />
Index (NBI) – Índice mundial de perceção de marcas, a Alemanha<br />
saltou um lugar pós Mundial, saltando para o quinto posto. Do<br />
ponto de vista social, foi um evento igualmente fundamental<br />
para o povo germânico. Realizado menos de duas décadas após<br />
a queda do muro e da reunificação da Alemanha, o Mundial de<br />
futebol tornou-se igualmente fundamental para a reconquista do<br />
orgulho nacional e da expressão do mesmo sem pudores. Algo<br />
que nos sessenta anos anteriores, e em muito devido aos horrores<br />
cometidos por esse país na segunda grande guerra, acontecia com<br />
muita dificuldade.<br />
Por fim, o legado desportivo é sem dúvida aquele que encontrou<br />
um retorno mais positivo no caso Alemão. Estádios cheios e um<br />
aumento de competitividade que adveio em grande medida de<br />
uma política desportiva e uma mudança de paradigma de formação<br />
de jogadores que se desenvolveu em paralelo com o Mundial<br />
de Futebol. Culminando com a conquista do trofeu no Mundial<br />
do Brasil em 2004.<br />
44 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />
Na Africa do sul as expetativas eram<br />
demasiados otimistas e excediam em<br />
grande medida o que era realisticamente<br />
possível. Esperavam-se centenas de milhares<br />
de empregos, uma alta injeção de<br />
dinheiro na economia e uma melhoria<br />
generalizada na qualidade de vida da população,<br />
para além da criação e posterior<br />
usufruição de dezenas de infraestruturas<br />
criadas especialmente para o evento. Dos<br />
10 estádios contruídos apenas um - Soccer<br />
City, em Joanesburgo, é capaz de gerar<br />
dividendos que cobrem seus custos. Os<br />
restantes 9 estádios são um peso para o<br />
erário público com custos anuais acima de<br />
5 milhões de euros. Apresentando de certo<br />
modo os mesmos problemas encontrados<br />
com o caso português e grego.<br />
Dos mais de $ 5 mil milhões que era esperado<br />
que chegasse à economia através do<br />
turismo, nem um quinto desse valor se<br />
verificou – existe uma enorme discrepância<br />
entre os valores oficiais suportados<br />
pelo governo sul-africano e os valores<br />
aduzidos pelas auditorias externas, para<br />
este texto descartamos os valores oficiais<br />
por existirem serias dúvidas em relação á<br />
veracidade dos mesmos.<br />
Os orçamentos iniciais, como mais facilmente<br />
acontece em países em desenvolvimento,<br />
dispararam para bem perto do<br />
dobro.<br />
Os principais benefícios, para além da<br />
melhoria do sistema de transportes para as<br />
populações locais, é a melhoria da imagem<br />
internacional do país e o grande sentimento<br />
de orgulho da população.<br />
O legado de um<br />
megaevento desportivo<br />
são bastante<br />
distintos entre países<br />
que possuem<br />
diferentes níveis de<br />
desenvolvimento. ”<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
O DESPORTO E O SEU CONTRIBUTO SOCIAL<br />
CARACAS<br />
O EXEMPLO POSITIVO DO GINÁSIO VERTICAL E O<br />
SEU PAPEL NA REDUÇÃO DO CRIME NA CAPITAL DA<br />
EM TRÊS ANOS VERIFICOU-SE UMA REDUÇÃO DE MAIS<br />
30% NA CRIMINALIDADE<br />
Pedro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
O<br />
desporto e a prática do desporto detêm um papel<br />
determinante na sociedade e é fundamental na<br />
integração daqueles que tem menos oportunidades<br />
e na reabilitação dos que seguiram uma<br />
vida às margens da lei. O exemplo do pavilhão<br />
multidesportivo vertical, criado pelo atelier de arquitetura Urban<br />
Think-Tank em Caracas, capital da Venezuela, no ano de 1993 é<br />
um perfeito exemplo disso.<br />
Caracas, com mais de vinte mil homicídios por ano, é uma das<br />
cidades mais violentas do mundo e durante muitos anos vivia num<br />
ciclo que parecia impossível de quebrar, onde a violência gerava<br />
mais violência. Uma realidade que até há poucos anos se afigurava<br />
impossível de mudar. No entanto, nos últimos anos, um forte<br />
esforço com um respetivo investimento em programas socias criou<br />
espaço para a mudança, e fez com que a pobreza caísse de 60% a<br />
meio da década de 90 para 27% em 2011. Num espaço de três anos<br />
a queda da criminalidade em 30 % no Bairro La Cruz, favela de<br />
Caracas, local onde foi instalado o ginásio vertical.<br />
O conceito de Ginásio Vertical apareceu da necessidade de<br />
enquadrar o desporto e arenas desportivas, assim como a cultura<br />
e os ideais que acompanham o desporto para dentro das comunidades<br />
urbanas, principalmente aquelas que vivem com maior<br />
desigualdade e expostas a um maior conjunto de problemas<br />
e caminhos desviantes. A abordagem geral deste conceito em<br />
Caracas baseou-se em três componentes base. Em primeiro lugar,<br />
inserir um sistema de um conjunto de estruturas pré-fabricados<br />
em uma pequena área de terra, que foi facilmente disponibilizada<br />
ou “arranjada” e construir um espaço atraente e vertical de desporto.<br />
Onde coexistem diversas modalidades. Desde a natação, ao<br />
ténis ou ao culturismo. Depois tornou-se fundamental a participação<br />
das organizações humanitárias e as autoridades municipais no<br />
projeto. E aproveitar aquele que era o investimento e dos esforços<br />
que eram feitos na altura para a redução da pobreza e da criminalidade.<br />
Por fim, a inserção das comunidades da fabela também se<br />
mostrou uma jogada fundamental.<br />
O ginásio, através da sua estrutura vertical e com diversos pisos,<br />
torna-se num espaço de quatro mil metros quadrados, quatro vezes<br />
maiores que a generalidade dos grandes ginásios. Possibilitando<br />
que o espaço recebe todos os meses cerca de 15 mil visitantes.<br />
Este exemplo, que já encontra réplicas em cidades como São Paulo,<br />
Nova Iorque ou Zurique, reforça o papel que o desporto e espaços<br />
desportivos têm em cidades urbanas onde o betão figura como<br />
a única paisagem. Construir arenas desportivas para as comunidades<br />
e trazer os seus habitantes mais desfavorecidos tem necessariamente<br />
de fazer parte da ideia mais geral de inclusão social e<br />
Caracas e o seu ginásio vertical é um exemplo que merece atenção.<br />
46 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
Campo de basquetebol - ginásio vertical<br />
CFachada Ginásio Vertical<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
PAULO BENTO:<br />
RÉU OU VÍTIMA?<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
A<br />
ntes de analisarmos a pergunta que faz título neste<br />
artigo de opinião vamos tentar entender as razões<br />
da saída de Paulo Bento.<br />
A saída de Bento de selecionador nacional dias<br />
após a derrota com a Albânia consuma-se como sendo apenas<br />
uma sequência logica de acontecimentos daquilo que é as especificidades<br />
do futebol português, que na maioria das vezes se torna<br />
incompreensível para quem o analisa de fora. Estrategicamente e<br />
como gestão a saída de Paulo Bento é incompreensível. O processo<br />
foi mal gerido desde a sua génese. Uma semana antes a FPF em<br />
conferência de imprensa atribuía poderes reforçados ao então<br />
ainda selecionador nacional com vista ao apuramento para o Euro<br />
2016 e a necessária “renovação” de atletas para os próximos anos.<br />
Alguns meses antes, após o insucesso da participação portuguesa<br />
no Mundial de <strong>2014</strong> o presidente da FPF, Fernando Gomes, reafirmou<br />
a confiança no Paulo Bento, e na assinatura de renovação de<br />
contrato, em Abril, apelidou-o de “um dos melhores treinadores<br />
do mundo”. Se o plano estratégico era bom, se as pessoas eram as<br />
certas, como é possível explicar o seu despedimento?<br />
Comecemos primeiro pelo próprio Paulo Bento. Logo após o desafio<br />
de Aveiro foi sendo-nos gradualmente percetível, desde logo na<br />
conferência de imprensa minutos depois do jogo, que o próprio<br />
entendia que o seu campo de manobra era demasiado estreito se<br />
não mesmo inexistente. “Não sei se [o lugar] está em causa ou não.<br />
Os lenços brancos são uma situação normal no futebol, temos de<br />
aceitá-los com naturalidade”, dizia Paulo Bento, no seu natural tom<br />
confrontacionista, após essa partida.<br />
Se dentro da federação, o apoio de Fernando Gomes era expectável,<br />
o mesmo não acontecia com a restante estrutura. O melhor<br />
exemplo disso foi o artigo de opinião de Herminio Loureiro<br />
dirigentes da FPF que colocava em causa algumas das decisões do<br />
selecionador.<br />
Os lenços brancos e a clara perceção que os “adeptos” da seleção<br />
nacional não acreditavam mais naquela equipa. A opinião publicada<br />
na sua generalidade pedia a “cabeça” do treinador. Recorrentes<br />
notícias, verdadeiras ou não, que o grupo, entenda-se o núcleo<br />
duro de jogadores, já não acreditavam no projeto e em Bento<br />
enquanto seu líder faziam aumentar as hipóteses de um final prematuro<br />
na ligação entre treinador e federação.<br />
As opções eram poucas para Fernando Gomes: ou continuava com<br />
Paulo Bento e arriscava-se a cair com ele ou despedia-o. Como diz<br />
o personagem Nascimento no filme Tropa de Elite 2: “o sistema<br />
corta a mão para salvar o braço”. Neste caso aconteceu isso mesmo,<br />
o elo mais fraco caiu para que todos os outros continuassem vivos.<br />
Mas quanta cota de responsabilidade tem de facto que ser atribuída<br />
a Paulo Bento? Ou ele, Paulo Bento, não é mais que uma vítima<br />
das circunstâncias?Julgo que a resposta é dúbia mas Paulo Bento<br />
consegue ser ao mesmo tempo Réu e Vítima.<br />
48 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
Porque réu?<br />
Paulo Bento chega a técnico da seleção<br />
como solução de recurso após a polemica<br />
dispensa de Carlos Queirós do cargo de<br />
selecionador e a recusa de Florentino Pérez<br />
de “emprestar” José Mourinho para os<br />
jogos da seleção.<br />
“Para mim é um orgulho e uma satisfação<br />
poder ser uma opção a seguir a um dos<br />
melhores treinadores do mundo”, admitiu<br />
Bento nessa altura quando confrontado<br />
com o facto de ter sido uma segunda<br />
opção. O seu curriculum era curto e contava<br />
unicamente por uma passagem pelo<br />
Sporting clube de Portugal e a vitória em<br />
2 Taças de Portugal e 2 Taças Cândido de<br />
Oliveira, para além de 4 segundos lugares<br />
consecutivos na Liga, sempre atrás do<br />
Futebol Clube do Porto.<br />
A estreia como selecionador nacional deuse<br />
em Outubro de 2010 com uma vitória<br />
por 3-1 frente à Dinamarca. Um resultado<br />
fundamental para a seleção portuguesa e<br />
para a colocar na rota da qualificação para<br />
o Euro 2012. Lembremos que Portugal<br />
vinha de um empate com o Chipre e uma<br />
derrota com a Noruega. Ainda assim, a<br />
qualificação só apareceu após um playoff<br />
frente à Bósnia-Herzegovina. Pelo<br />
meio, algumas boas exibições intercaladas<br />
com resultados dececionantes e abaixo<br />
da qualidade dos jogadores selecionáveis.<br />
Surgiram os primeiros casos de incompatibilidade<br />
com jogadores como Ricardo<br />
Carvalho ou José Bosingwa. “Não há pedidos<br />
de desculpa que resolvam. Vão ver<br />
o Euro como espectadores”, sentenciou<br />
o técnico. Algo que encontrava várias<br />
semelhanças com o período de Bento no<br />
Sporting onde surgirem também diversos<br />
casos de divergência com jogadores.<br />
Depois, deu-se o “auge” de Bento à frente<br />
na seleção: as meias-finais e a eliminação<br />
frente à Espanha apenas nos penaltis, um<br />
resultado muito acima das espectativas.<br />
Algo que lhe valeu a renovação de contrato<br />
por mais dois anos com o objetivo<br />
de colocar a seleção portuguesa em terras<br />
brasileiras para a “copa de <strong>2014</strong>”. Talvez<br />
aqui tenha surgido o primeiro erro. Sendo<br />
obviamente a maior responsabilidade de F.<br />
Gomes. Se Bento se tinha revelado como<br />
uma boa solução de recurso em 2010,<br />
teria ele o perfil indicado para um projeto<br />
de longo prazo? O bom resultado no<br />
Euro 2012 talvez dissesse que sim. Outros<br />
indicadores diziam claramente que não.<br />
“Paulo Bento é tanto vítima como réu. A qualidade dos jogadores potencialmente<br />
convocáveis é a mais baixa em duas décadas. Mas Bento<br />
também não soube ser solução. Quem não é solução é parte do problema.”<br />
Indicadores esses que foram aumentando<br />
e tornando-se mais visíveis com o passar<br />
dos jogos para a qualificação do Mundial.<br />
O seu caracter rigoroso e disciplinador,<br />
muitas vezes perpassando o marcial, levou<br />
com que Bento se incompatibiliza-se<br />
com mais jogadores, sendo o caso mais<br />
mediático o de Danny, indiscutivelmente<br />
o jogador português de maior-valia e<br />
em melhor forma a seguir a Cristiano<br />
Ronaldo. As escolhas, muitas delas incompreensíveis,<br />
passavam muitas vezes por<br />
jogadores pouco ativos nos seus clubes em<br />
detrimento de atletas em melhor condição<br />
física e atlética. Paulo Bento justificava as<br />
suas escolhas com duas palavras: gratidão<br />
e fé. Duas palavras que na minha opinião<br />
não podem fazer parte do vocabulário de<br />
um selecionador, pelo menos não, quando<br />
em prejuízo de outras palavras como<br />
competência e qualidade. Qualidade que<br />
falhou em quase todos os jogos da seleção<br />
das quinas nos últimos dois anos.<br />
E, foi dentro de campo onde foram dados<br />
os sinais mais preocupantes que o caminho<br />
desenhado por Paulo Bento não era<br />
o mais indicado. Mau futebol, sem uma<br />
ideia de jogo facilmente percetível, onde<br />
os jogadores atuavam bem abaixo das suas<br />
capacidades, uma super-dependência de<br />
Ronaldo, e um acumular de maus resultados<br />
culminaram novamente na necessidade<br />
de um play-off, desta vez conta a<br />
Suécia. Quatro golos de Cristiano Ronaldo<br />
carimbaram o passaporte para o Brasil.<br />
No Brasil deu-se a derrocada. Tudo foi<br />
mau. Na maioria das vezes: mau de mais.<br />
Começando na convocatória dos 23, passando<br />
pelo estágio nos EUA, ou a clausura<br />
no centro de estágio no Brasil. Demasiadas<br />
conversas sobre o joelho do Ronaldo e<br />
expetativas totalmente irrealistas e deslocadas<br />
da realidade. “Sinto que é desta”,<br />
afirmou Cristiano Ronaldo acerca do<br />
jogo com a Alemanha, o primeiro para<br />
Portugal no Mundial, onde o capitão da<br />
seleção nacional se afirmava confiante em<br />
uma vitória. Bastaram dez minutos para<br />
que se percebesse que a superioridade<br />
da Alemanha se vincasse de forma avassaladora.<br />
Pior que os quatro pontos e a<br />
não qualificação para os oitavos de final<br />
foi a triste imagem que Portugal mostrou<br />
ao mundo. E quanto mais olhávamos<br />
para as restantes seleções mais percebíamos<br />
quanto impreparada estava a equipa<br />
nacional. Fisicamente devastada. Lesões.<br />
Declarações e conferências de imprensa<br />
sem logica ou sentido pratico. Para justificar<br />
o que era facilmente entendível:<br />
Portugal não foi competitivo. Quando<br />
tinha obrigação de o ser. E qualidade para<br />
o ser. E qualidade para o ser.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
Nem tudo pode ser apontado como única<br />
responsabilidade de Paulo Bento mas<br />
como o próprio o afirmou ele era o líder<br />
Bento apostou nos seus. E os seus falharam.<br />
Na minha opinião a demissão era<br />
a única saída limpa e a mais aconselhada.<br />
Optou por continuar. Errou. Acreditou<br />
que podia alterar tudo para a qualificação<br />
para o Euro 2016. Mudar a imagem do<br />
fraco futebol deixado no Mundial. O jogo<br />
com a Albânia mostrou que não. Paulo<br />
Bento caiu com as sua convicções. Poucas<br />
foram as alterações na equipa titular, variações<br />
que apareceram por circunstância. A<br />
derrota terminou com o percurso de Paulo<br />
Bento. Com muitas culpas próprias.<br />
Mas Bento também é vítima. Aparece<br />
numa altura em que Portugal vive numa<br />
“crise” de jogadores de topo mundial.<br />
Durante uma década, com foco na passagem<br />
de Scolari, foi afastada a preparação<br />
de uma geração que pudesse substituir<br />
com ímpeto a atual. Os campeonatos<br />
nacionais e as duas das suas três principais<br />
equipas, FCP e Benfica, contam com<br />
pouquíssimos portugueses nos seus quadros.<br />
Os jogadores que saem da formação<br />
ou jogam na equipa B ou em campeonatos<br />
menores e com pouca competitividade<br />
como o Chipre<br />
No fundo, Paulo Bento viu-se confrontado<br />
com uma situação estrutural de fundo que<br />
lhe era pouco favorável com a agravante<br />
de espectativas exageradas em relação a<br />
resultados que a qualidade atual dos jogadores<br />
não permite. Portugal tem “o melhor<br />
do Mundo” e isso elava a seleção para um<br />
patamar acima daquele que é verdadeiramente<br />
o seu. Mas mesmo essa subida de<br />
qualidade pela presença de Ronaldo não a<br />
torna equivalente às melhores seleções do<br />
mundo. Comparando, quantos jogadores<br />
português titulares entravam no lote de<br />
convocados de seleções como Espanha,<br />
Brasil, Argentina ou França?<br />
A própria FPF parece ter dificuldades em<br />
implementar um plano e arranjar soluções<br />
para um maior desenvolvimento do jogador<br />
português. O perfil mais reservado de<br />
Fernando Gomes, que prefere afastar-se<br />
das luzes, muitas vezes não ajuda, num<br />
país em que qualquer “passo” dado no<br />
futebol é analisado mil e uma vezes pelos<br />
diversos jornais e programas desportivos.<br />
Em conclusão, Paulo Bento é tanto vítima<br />
como réu. A qualidade dos jogadores<br />
potencialmente convocáveis é a mais baixa<br />
em duas décadas. Mas Bento também não<br />
soube ser solução. Quem não é solução é<br />
parte do problema. A sua saída era inevitável.<br />
Perca por tardia. Deveria ter acontecido<br />
após o Mundial. Assim, todos ficaram<br />
mal na fotografia. Todos.<br />
A primeira entrevista do ex-selecionador,<br />
na RTP Informação, trousse poucas ou<br />
nenhumas novidades. A única certeza foi<br />
que a rescisão do contrato não partiu de<br />
Paulo Bento. E que a sua permanência no<br />
cargo não era consensual entre os dirigentes<br />
da federação, apesar do apoio de<br />
F. Gomes.<br />
50 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />
LONDRES 2012<br />
A CIDADE BRITÂNICA E AS OLIMPÍADAS DE 2012 PROMETEM TRANSFORMAR-<br />
SE NO PRÓXIMO EXEMPLO POSITIVO DE LEGADO DE UM MEGAEVENTO.<br />
Dois anos após o evento na cidade Britânica existe<br />
um consenso entre os especialistas e académicos<br />
que as olimpíadas de londres foi uma das sedes<br />
mais bem-sucedidas de todos os tempos. O mesmo<br />
garante Boris Johnson, prefeito de Londres, um acérrimo defensor<br />
do legado deixado pelas Olimpíadas. De tal forma, que o próprio<br />
assegura que os investimentos não só se pagaram como já dão<br />
lucro.<br />
As olimpíadas de Londres foram a oportunidade perfeita para<br />
reurbanizar a Zona Leste de Londres, uma área tradicionalmente<br />
carente de recursos. Nessa mesma zona, que ganhou uma cara<br />
totalmente nova, foram estabelecidas novas conexões de transporte,<br />
linhas de comunicação e sistemas de abastecimento de<br />
energia elétrica e água.<br />
Segundo as fontes oficiais, o impacto económico na economia<br />
britânica devido aos jogos foi de 11,4 mil milhões de euros. De<br />
acordo com as mesmas fontes, o impacto relacionado aos Jogos de<br />
2012 pode atingir 41 bilhões de libras até o fim de 2020. O evento<br />
teve um custo total de 8,92 bilhões de libras, e o orçamento do<br />
comitê organizador local ficou na casa de 3 bilhões de libras.<br />
Segundo autoridades de turismo, a difusão da marca “Londres”<br />
deve dobrar o número de turistas no país nos próximos meses, o<br />
que movimenta os segmentos de transporte, hotelaria e alimentação,<br />
entre outros.<br />
Segundo autoridades de turismo, a difusão da marca “Londres”<br />
deve dobrar o número de turistas no país nos próximos meses, o<br />
que movimenta os segmentos de transporte, hotelaria e alimentação,<br />
entre outros. Neste seguimento, o prefeito da cidade de<br />
Londres, chega inclusive a afirmar que a capital inglesa é a primeira<br />
cidade-sede que não só conseguiu recuperar os anteriores números<br />
de turistas após espetáculo como registou um aumento de 6% no<br />
fluxo internacional 13% no nacional, nos meses seguintes, quando<br />
em comparação com o mesmo período dos anos anteriores.<br />
Desportivamente e socialmente também se registaram indicadores<br />
positivos. 1,4 milhões de pessoas passaram a praticar algum<br />
tipo de atividade desportiva pelo menos uma vez por semana. O<br />
investimento no desporto quer com dinheiros públicos que com<br />
dinheiros privados tendo em vista as olimpíadas do Rio em 2016.<br />
A qualidade das transmissões dos jogos, nomeadamente da<br />
cerimónia de abertura - uma das melhores de sempre, contribuíram<br />
imenso para gerar uma imagem positiva para o mundo,<br />
e acentuaram imenso o sentimento de patriotismo dos ingleses e<br />
londrinos.<br />
O ponto mais negativos mais apontado ao legado de Londres’12,<br />
para além da natural contestação aos números oficiais, refere-se<br />
ao facto de que este evento nada mais foi que uma manobra de<br />
fachada para a desapropriação forçada e a retirada de populações<br />
mais pobres do East End. Repassando esta zona da cidade, reurbazinada,<br />
para as populações mais ricas. Para mais informações<br />
aconselhamos a leitura de Ashok Kumar e Anna Minton.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />
LONDRES 2012<br />
- OS SEGREDOS DE<br />
GESTÃO<br />
T<br />
al como o resto da Europa, também o Reino<br />
unido e as suas populações vivem com<br />
dificuldades económicas e com altas taxas<br />
de desemprego. O comité olímpico local<br />
e os seus parceiros desenvolverem um programa de<br />
formação e de geração de empregos, virado especialmente<br />
para as mulheres, os afrodescendentes,<br />
os asiáticos e pessoas com necessidades físicas especiais.<br />
Capacitando-os para trabalhar em projetos<br />
diretamente ligados com o evento como, nas áreas de<br />
organização ou construção civil. Um bom exemplo foi<br />
o “Women into Construction Project”, que recrutou e<br />
empregou mulheres diretamente nas obras do Olympic<br />
Park.<br />
As vilas olímpicas e paraolímpicas, espalhadas um<br />
pouco por toda a ilha britânica, estão a ser convertidas<br />
em milhares de residências para venda e aluguer;<br />
onde será igualmente construído um campus educacional,<br />
um centro de saúde, entre muitos outros<br />
equipamentos comunitários.<br />
Durante a organização e realização dos jogos o<br />
Comitê Olímpico Internacional (IOC) granjeou de<br />
uma capacidade de decisão que se sobrepôs ao poder<br />
político local. Esta autoridade institucional faz com<br />
que decisões fossem tomadas com muito mais rapidez<br />
do que seria normal, e garante a convergência entre as<br />
dezenas de organizações envolvidas no governo local<br />
de Londres.<br />
Movimentou-se mais de US$ 11 bilhões unicamente<br />
em obras estruturais em contratos específicos. Estes<br />
negócios gerarão dezenas de milhares de empregos.<br />
Todas as empresas associadas a estes programas tiverem<br />
de alterar os seus sistemas produtivos, investindo<br />
na saúde laboral, segurança e sustentabilidade.<br />
O poder público e a imprensa, como os jornais e<br />
telejornais, denunciaram, regularmente, todas as irregularidades<br />
encontradas em obras e contratos, entre<br />
outros. Este ponto em conjunto com uma muito boa<br />
gestão por parte do governo e as entidades organizativas<br />
das olimpíadas fez com que os gastos realizados<br />
não fossem substancialmente superiores ao inicialmente<br />
orçamentado.<br />
Reurbanização da Zona Leste de Londres, uma área<br />
tradicionalmente carente de recursos, dando uma<br />
nova e mais moderna cara à capital inglesa e diminuindo<br />
os índices de pobreza e degradação urbana na<br />
área acima mencionada.<br />
A iniciativa privada foi fundamental em todas as<br />
obras para as olimpíadas quer para a reurbanização<br />
de londres nomeadamente da zona Este. Os planos de<br />
construção de um dos maiores shoppings da Europa<br />
no que viria a ser a entrada do parque olímpico já<br />
haviam sido aprovados ainda antes da eleição de Londres<br />
como sede.<br />
Múltiplas instalações e infraestruturas montadas para<br />
os jogos que foram totalmente entregues à iniciativa<br />
privada.<br />
De forma a garantir elefantes brancos, entenda-se<br />
infraestruturas criadas para as olimpíadas mas sem<br />
uso após o evento, foi desenhado um projeto cuja as<br />
estruturas que não se mostrem viáveis a longo prazo<br />
devem ser reduzidas ou mesmo desmontadas. Fazendo<br />
com que grandes áreas possam ser reaproveitadas<br />
para novos projetos e empreendimentos.<br />
O legado de Londres, no entanto, não ficou restrito ao<br />
Reino Unido. O programa International Inspiration,<br />
dedicado a desenvolver ações educativas por meio do<br />
esporte, beneficiou 12 milhões de crianças e jovens<br />
em 20 países.<br />
52 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
AS DÍVIDAS DECLARADAS DOS TRÊS GRANDES EM<br />
PORTUGAL – PORTO, BENFICA E SPORTING<br />
Pedro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
J<br />
á é conhecido o relatório e contas dos três grandes<br />
relativo ao primeiro trimestre da época, e permite, por<br />
exemplo, fazer uma comparação entre a dívida que<br />
cada um declarou ter ao bancos.<br />
Por fim, o FC Porto é a equipa dos três grandes é aquela que apresenta<br />
o menor valor de divida, com um soma de 126,973 milhões<br />
de euros, dividida entre 91 milhões de dívida corrente e 35 milhões<br />
de dívida não corrente.<br />
Neste seguimento, a primeira conclusão que salta à vista é que<br />
a dívida do Benfica, no seu total, é superior à divida somada<br />
declarada por Sporting e Porto.<br />
Existe, no entanto, um ponto que tem de ser levados em conta: o<br />
Benfica tem a dívida da construção do estádio na SAD, pelo que<br />
entra no relatório e contas.<br />
O Benfica, que é o único dos três grandes que apresenta estes<br />
valores auditados, tem um valor de dívida de 317,756 milhões de<br />
euros, sendo que 198 milhões são de dívida corrente e 119 milhões<br />
são de dívida não corrente.<br />
Pelo contrário o Sporting, por exemplo, tinha a dívida relativa<br />
à construção do novo Alvalade no clube e só com a fusão da<br />
reestruturação financeira vai passar para a SAD. É provável que no<br />
próximo relatório e contas já surja a dívida o estádio.<br />
Em segundo lugar em termos de total de dívida aos bancos aparece<br />
o Sporting, com 179,327 milhões em falta com os bancos, sendo<br />
147 milhões de dívida corrente e 31 milhões de dívida não corrente.<br />
O FC Porto, esse, ficou com uma dívida de construção do Estádio<br />
Dragão inferior aos rivais ao abrigo do projeto EuroAntas.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
PRÉ-TEMPORADA<br />
A DIFERENÇA NA FILOSOFIA E NOS DIAS DE PREPARAÇÃO DE UMA<br />
PRÉ-TEMPORADA ENTRE BRASIL E OS PRINCIPAIS CLUBES EUROPEUS.<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
E<br />
xistem várias diferenças entre o futebol de topo europeu<br />
e o futebol sul-americano, nomeadamente o futebol<br />
brasileiro e o seu brasileirão, independentemente<br />
da beleza artística que cada um deles proporciona, e<br />
que é levada em ambos os casos. A intensidade competitiva, o trabalho<br />
tático ou a preponderância física são alguns bons exemplos.<br />
Um outro ponto que diferem é na preparação das suas pré-temporadas<br />
e o menor tempo que disponibilizam os clubes brasileiros<br />
para os seus treinadores trabalharem as equipas e os atletas<br />
nesta fase da época. Em média, as pré-temporadas dos clubes do<br />
brasileirão duram 12 dias. Os principais clubes europeus gastam<br />
nesta fase da época pelo menos 30 dias, sendo que a maioria chega<br />
aos 45 a 50 dias de preparação.<br />
Na Europa, as pré-temporadas são olhadas como a base para toda<br />
a época, seja em termos físicos, psicológicos e principalmente na<br />
definição de um modelo tático. E, nos últimos anos, com digressões<br />
pelos EUA e pela Ásia, as pré-temporadas são também utilizadas<br />
para gerar receitas e retorno econômico, bem como angariar novos<br />
adeptos nos mercados já mencionados, e que só agora acordaram<br />
para o futebol. No brasil, as pré-temporadas são vistas como forma<br />
de preparar a competição, principalmente a nível físico, e a componente<br />
tática é adquirida durante a competição.<br />
Os números são esclarecedores. Olhemos primeiro as equipas do<br />
primeiro escalão do brasil. Cruzeiro (19 dias), Palmeiras (15 dias),<br />
Botafogo (15 dias). São Paulo (13 dias), Corinthians (12 dias),<br />
Flamengo (11 dias), Internacional (10 dias) e Santos (9 dias). As<br />
equipas europeias, revelam números totalmente opostos. Inter de<br />
Milão (53 dias), AC Milan (52 dias); Juventus (48 dias), Liverpool<br />
(41 dias), Barcelona (40 dias), Manchester United (37 dias);<br />
Bayern de Munique e Chelsea (35 dias); Manchester City (34 dias);<br />
Arsenal (33 dias) e Real Madrid (30 dias).<br />
A diferença dos números acima é representativa de uma filosofia<br />
de jogo distinta. Enquanto na europa se privilegia o treino e a<br />
preparação antes do jogo assente em uma estratégia tática bem<br />
definida e sistematizada. Já no brasil, o talento do atleta e a sua<br />
habilidade é o que mais conta, assim como a capacidade de fazer<br />
o inesperado. Aos treinadores pede-se que sejam capazes de lidar<br />
com o improviso. Na europa, o treinador deve antecipar o improviso<br />
e desenhar um plano para o ultrapassar.<br />
Sem ser excessivamente duro, parece-nos que há uns anos as<br />
duas filosofias poderiam estar certas, mas atualmente a abordagem<br />
europeia é claramente mais vantajosa. Enquanto abordagem<br />
competitiva e técnica, olhando para a performance da equipa no<br />
terreno de jogo, sem dúvida que a abordagem europeia acarreta<br />
mais vantagens. Como aliás, muitas atletas que jogaram nos dois<br />
continentes o afirmam. Na página ao lado, a descrição dos objetivos<br />
da pré-temporada e da necessidade do tempo necessário, ajuda<br />
a esclarecer este ponto.<br />
Do ponto de vista económico e de marketing os clubes brasileiros<br />
também optam pela estratégia errada. A maioria dos clubes europeus<br />
optam, como já referido, por pré-temporadas ao estilo de<br />
digressões, nomeadamente nos EUA e Asia e aproveitam esses<br />
mercados ainda pouco explorados mas sedentos pelas maiores<br />
estrelas e clubes futebolísticos, como forma de recolha de receitas<br />
e dividendos financeiros. Os clubes brasileiros poderiam optar por<br />
uma estratégia semelhante, aproveitando a força que a marca Brasil<br />
tem no futebol mundial e aumentar desse modo as suas receitas.<br />
Talvez o número de jogos por época no Brasil, ligeiramente<br />
superior que na Europa, seja proibitivo de uma pré-temporada<br />
mais longa, mas o ultimo campeonato do Mundo de seleções<br />
mostrou alguns dos erros que o futebol brasileiro “convive” nos<br />
atuais dias. Uma mudança torna-se fundamental. Talvez estejas na<br />
mudança de filosofia perante as pré-temporadas uma ideia chave<br />
na mudança.<br />
54 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
As principais equipas europeias procuram fazer as pré-temporadas<br />
em países como os EUA, onde o mercado é imenso e<br />
ainda por explorar<br />
FONTE E IMAGEM: GLOBOESPORTE.GLOBO.COM/<br />
As duas realidades encontram muitas diferenças, como facilmente é visível. No entanto, que a comunidade acadêmica e cientifica define<br />
como uma boa preparação encontra na Europa um modelo mais fiel. Exatamente, pelo maior tempo disponibilizado pelos clubes europeus,<br />
que permite uma maior sistematização e cuidados em todas as áreas do treino e por conseguinte uma maior eficácia nos objetivos<br />
primordiais de uma pré-temporada.<br />
O primeiro objetivo é a preparação física. Analisar o estágio físico da equipa e de cada jogador individualmente e definir o trabalho<br />
físico necessário para a progressão da equipa e de cada jogador ao longo da época. Bem como adquirir os índices físicos necessários para<br />
o início da época. Por outro lado, é igualmente necessário sistematizar e programa os conteúdos do processo de treino.<br />
A preparação técnica é também iniciada e sistematizada neste nesta fase da época. Administrar um conjunto de trabalhos específicos<br />
que visando colocar a equipa em condições de dominar os elementos fundamentais do jogo, como o remate, o passe, o controlo de bola,<br />
as finalizações, etc.<br />
Definição e preparação de um modelo tático. A equipa técnica tem neste momento a fase ideal para implementar um modelo tático,<br />
condições estratégicas que levem à vitória e um sistema de jogo confiável e sistematizado. Um plano alternativo deve ter o seu início de<br />
preparação igualmente na pré-temporada.<br />
Por fim, a preparação psicológica, tão importante no futebol contemporâneo de alto nível, tem nesta fase da época um momento crucial<br />
e a preparação dos atletas e até da equipa técnica deve ser cuidadosamente ajustado nesta fase para que possa responder positivamente a<br />
todos os futuros estímulos dos treinos e jogos. Assim como adaptar os atletas de mecanismos que o ajudem a ultrapassar as dificuldades,<br />
como as derrotas no campo de jogo ou a pressão inerente ao futebol profissional.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
RELVA SINTÉTICA<br />
OS BENEFICIOS E DESVANTAGENS DO RELVADO SINTÉTICO EM<br />
COMPARAÇÃO COM A RELVA NATURAL<br />
A RELVA SINTÉTICA PERMITE MAIORES PERIODOS DE UTILIZAÇÃO<br />
MAS AS LESÕES SÃO MAIS FREQUENTES<br />
Ricardo Reis. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
A<br />
desportiva. O futebol, no entanto, continua reticente à mudança<br />
relva sintética tem ganho cada vez mais espaço no<br />
desporto profissional. Modalidades como rugby,<br />
golfe, hóquei em campo, futebol americano, ténis<br />
ou cricket já aderiram em massa a esta superfície<br />
e prefere ainda tapetes de relva natural. Começa-se, no entanto, a<br />
sentir sinais de mudança.<br />
Tapetes mistos, em que a mistura de relva artificial com relva natural<br />
para fortalecer o tapete, é agora uma prática comum. O Estádio<br />
de Wembley, em Londres, é um excelente exemplo deste sistema.<br />
San Siro, casa do Inter de Milão e do AC Milan, há duas épocas<br />
apostou num relvado sintético após repetidas péssimas críticas<br />
ao seu anterior relvado natural. O Boavista FC, clube da primeira<br />
divisão portuguesa, também optou por um tapete de relva artificial,<br />
e muitos mais clubes e estádios podem servir de exemplo.<br />
Temos que nos perguntar, então, quais são os benefícios da relva<br />
artificial, e porque começa a ser uma aposta de vários clubes e para<br />
diversos estádios? E quais as suas limitações para a escolha não seja<br />
mais efetiva e generalizada?<br />
O primeiro e principal benefício da relva sintética é a possibilidade<br />
de um maior tempo de utilização. Os relvados artificiais permitem<br />
mais horas e mais dias consecutivos de utilização sem que o relvado<br />
se deteriore. Em média, em perfeitas condições um relvado<br />
natural não vai além das 250 horas anuais. O segundo ponto que<br />
merece destaque é a evolução positiva dos relvados artificiais e as<br />
melhorias continuadas no tempo, que passo a passo os aproximam<br />
aos relvados de relva natural e para algumas modalidades já é a<br />
melhor opção. Os relvados artificiais encontram-se em estudos<br />
permanentes e existem um sem número de empresas que apostam<br />
fortemente no negócio da relva o que permite esperar mudanças<br />
e melhoramentos com maior rapidez num futuro próximo. A<br />
manutenção é mais fácil, bem como os custos que lhe estão associados,<br />
que são também menores. Por fim, a durabilidade é bem<br />
superior quando comparados com os relvados naturais.<br />
Temos, no entanto, que a relva sintética é mais adequada - e mais<br />
utilizada – em estádios ou arenas desportivas cobertas. A relva<br />
sintética é também mais dura que a relva natural e como tal mais<br />
propicia às lesões, caso especialmente notado no futebol e no<br />
próprio ténis, onde entre as articulações são mais castigadas e mais<br />
sujeitas a lesões. Risco de queimaduras em caso de deslizamento<br />
dos atletas, o que obriga regar abundantemente com água os relvados<br />
antes dos jogos e treinos e por vezes igualmente ao intervalo.<br />
Para atletas habituados ao relvado natural a adaptação a relvados<br />
sintéticos pode ser longa e difícil.<br />
A certificação é também um problema dado os parâmetros de<br />
critério mais apertados<br />
Os equipamentos desportivos também têm de apresentar melhorias<br />
para acompanhar o desenvolvimento da relava sintética, e<br />
diminuir o potencial de lesões.<br />
56 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
A relva artificial em comparação com a relva natural é muito mais resistente e permite um uso mais intensivo,<br />
tanto em treino como em competição. Em média, um tapete de relva natural permite apenas 250 horas<br />
de uso por ano, em casos excecionais no máximo esse valor pode aproximar-se das 300 horas. Um tapete de<br />
relva artificial pode ser utilizado 7 dias por semana.<br />
A longo prazo, a relva artificial mostra ser um investimento ganho. Requer menos manutenção e os custos<br />
dessa mesma manutenção são bem mais baixos. O investimento na primeira fase é no entanto bastante<br />
significativo.<br />
“Um campo de relva artificial é um sistema total formado por diversos componentes. Todos estes componentes<br />
têm uma função específica, que juntos determinam as características desportivas e técnicas do<br />
campo de relva artificial. As fibras de relva artificial e o infill (enchimento de borracha e/ou areia) determinam<br />
o especto final da sua relva. Se optar pela borracha pesada, o efeito será diferente do que se optar<br />
pelo enchimento com o material de borracha verde. O que não se vê, mas que é de grande importância,<br />
é a camada de base do campo de relva artificial. Esta é composta de material permeável, e dinâmico que<br />
juntamente com um sistema de drenagem evita a formação de poços no campo. Sobre esta camada de base<br />
aplica-se uma mistura de aglomerado britado selecionado, evitando-se o recurso a ao asfalto mesmo que<br />
sendo permeável e/ou borracha com cerca de 10 cm. Também se pode optar por um e-layer, ou seja, uma<br />
camada elástica formada por borracha não tecida. Esta é responsável pela absorção dos choques e a restituição<br />
de energia”<br />
Estádio do Bessa. O Boavista FC optou por um relvado arteficial para a epoca<br />
<strong>2014</strong>/2015 onde vai competir na primeira liga Portuguesa<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
NFL: “COMUNISMO NO DESPORTO”<br />
O MODELO DE NEGÓCIO DA NFL E A DISTRIBUIÇÃO DOS DIREI-<br />
TOS TELEVISIVOS NESTE DESPORTO<br />
AS RECEITAS ANGARIADAS PELAS RECEITAS TELEVISIVAS SÃO DIVIDIDAS<br />
EM IGUAL MODO PELAS 32 EQUIPAS DA NFL<br />
Oe sul-americanas. E, para alguns casos, nomeadamente o futebol<br />
modelo de negócio da NFL, principal campeonato<br />
de futebol americano disputado nos EUA, é um<br />
verdadeiro caso de sucesso e que merece um estudo<br />
aprofundado pelas entidades desportivas europeias<br />
e os principais campeonatos pode ser copiado. Desportivamente<br />
a NFL nunca foi tão competitiva. Financeiramente nunca foram<br />
tão ricos.<br />
Isto é de tal forma verdadeiro, que Roger Goodell, comissário da<br />
National Football League (NFL), anunciou o ambicioso objetivo de<br />
$ 25 bilhões de receitas no ano de 2027. Para colocar este número<br />
em perspetiva, os países do Panamá, Jordânia, Gana ou Islândia, na<br />
viragem da presente década apresentavam valores de PIB nominais<br />
inferiores. Para além do impacto das receitas oriundas das transmissões<br />
televisivas, que falaremos mais abaixo, o bom desempenho<br />
e a possível alta estimativa para o futuro devem-se aos contratos de<br />
patrocínio milionários, a exploração comercial das marcas e pela<br />
venda de produtos licenciados – centralizados pela liga, e por fim<br />
pela receita dos estádios que estão sistematicamente cheios.<br />
Mas um ponto fundamental para a competitividade e a saúde<br />
financeira dos 32 clubes da NFL deve-se à forma como as receitas<br />
televisivas são distribuídas: de forma igual para os 32 clubes. Ou<br />
seja, do mesmo pote, independentemente do tamanho dos clubes<br />
e da capacidade destes de gerar público e receitas, recebem exatamente<br />
o mesmo dos grandes clubes. Talvez por isso, o sistema da<br />
NFL é muitas vezes olhado como “o comunismo no desporto”. E<br />
se olharmos para os resultados desta política podemos facilmente<br />
afirmar que é “ o comunismo que funciona”.<br />
Olhemos para o exemplo do campeão da Super Bowl da temporada<br />
de 2010, o Green Bay Packers. Oriundo de uma pequena cidade<br />
do Winsconsin, com pouco mais de 100.000 habitantes superou o<br />
New York Giants. Sem a partilha igualitária de receitas televisivas<br />
isto seria apenas uma miragem.<br />
O aumento da competitividade no jogo aumentou igualmente a<br />
popularidade do mesmo e em consequência as suas receitas. Hoje<br />
dentro dos quatro grandes desportos o futebol americano domina<br />
totalmente. Por exemplo, até à poucos anos o basebol dominava<br />
as preferências. Hoje, a audiência do Super Bowl supera em 85<br />
milhões a do World Series.<br />
Temos ainda, o fato de quem ganha o Superbowl é o último a<br />
escolher novos jogadores na temporada seguinte, ou seja “pune-se”<br />
o sucesso de modo a equilibrar a competição. Criando incerteza<br />
quanto ao campeão, que é talvez o fator mais preponderante para<br />
gerar emoção no desporto.<br />
Este modelo administrativo da NFL tem-se mostrado ganhador<br />
em todos os sentidos. Se pode ou não ser copiado nas principais<br />
campeonatos europeus e sul-americanos, não é uma resposta<br />
fácil. O desporto é diferente. Os adeptos são outros. E os interesse<br />
também. Mas fará sentido termos sempre os mesmos campeões,<br />
que saem sempre de um lote de dois ou três clubes? Faz sentido as<br />
meias-finais das últimas cinco/seis edições da Liga dos Campeões<br />
serem disputadas invariavelmente pelos mesmo clubes, com a<br />
exceção de um ou outro intruso? E, mais importante: pode o futebol<br />
aguentar-se deste modo?<br />
Este é um tema que voltaremos recorrentemente nas páginas da<br />
Desporto&<strong>Esport</strong>e.<br />
Tiago Dinis. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
58 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
STREAMING:<br />
O FUTURO DAS TRANSMISSÕES DESPORTIVAS EM DIRETO<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
A<br />
s plataformas digitais de<br />
streaming de vídeo, como<br />
são exemplo a Netflix ou o<br />
Hulu, ganham por dia milhares<br />
de novos assinantes todos os dias. O<br />
exemplo da Netflix é ainda mais demonstrativo<br />
com mais de cinquenta milhões<br />
de assinantes globais. Estes números indicam<br />
uma tendência num mercado ainda<br />
fortemente por explorar. E, se os exemplos<br />
acima se referem à ficção criada<br />
pela indústria televisiva e cinematográfica,<br />
começam a observar-se sinais muito interessantes<br />
relativos ao streaming de desporto<br />
em direto. De acordo com a cadeia televisiva<br />
FOX, 528 mil espectadores assistiram<br />
ao Super Bowl de <strong>2014</strong>, tornando o<br />
evento desportivo ao vivo (live-stream)<br />
mais assistido de um único evento. No<br />
mesmo seguimento, os Jogos Olímpicos<br />
de Inverno assistiu a uma duplicação de<br />
horas transmitidas graças ao streaming,<br />
mais de mil horas de conteúdos, oferecidos<br />
aos assinantes.<br />
O sucesso do streaming, de uma forma<br />
geral, advém de duas novas realidades. A<br />
primeira delas é a democratização de aparelhos<br />
com ligação à Internet, como o Pc<br />
e sobretudo os tabletes e os telemóveis de<br />
última geração. E, a crescente vontade dos<br />
telespetadores de acederam aos conteúdos,<br />
mesmo aqueles que são transmitidos em<br />
direto, com total controlo e sem restrições<br />
de locais ou de aparelhos eletrónicos. A<br />
isto podemos ainda somar as vantagens<br />
apresentadas pelos operadores de streaming<br />
desportivo, como escolha de câmeras,<br />
o acesso a estatísticas ao minuto e à distância<br />
de um click ou acompanhar um único<br />
jogador durante todo um jogo, caso exista<br />
essa vontade por parte do espetador. O<br />
potencial é imenso..<br />
“Streaming é uma tecnologia<br />
que envia informações<br />
multimídia,<br />
nomeadamente vídeos,<br />
através da transferência<br />
de dados, utilizando<br />
redes de computadores,<br />
especialmente a Internet.”.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
A MLB.tv tornou-se numa das principais operadoras de<br />
streaming para o baseball dos EUA<br />
“O sucesso do streaming, de uma forma geral, advém de duas novas realidades:<br />
a democratização de aparelhos com ligação à Internet... e, a crescente vontade<br />
dos telespetadores de acederam aos conteúdos, mesmo aqueles que são transmitidos<br />
em direto, com total controlo e sem restrições de locais...”<br />
E, não fica por aqui. Os assinantes de TV<br />
paga, ou TV Cabo como também é designada,<br />
começam a sentir algum desconforto<br />
em relação a esta forma, ainda dominante,<br />
de consumir televisão e eventos<br />
desportivas pela TV em direto. Olhemos<br />
alguns números referentes ao mercado<br />
norte-americano, aquele que é sem dúvida<br />
alguma o mais estudado. Hoje, existem<br />
cerca de 84 milhões de assinantes de Tv<br />
paga. No entanto, desde de 2010 que os<br />
lares americanos veem cortando as suas<br />
assinaturas, sempre valores acima de 4,5%<br />
ao ano e chegando o ano passado ao 6,5%.<br />
A principal razão apontada é o alto preço<br />
destas assinaturas, que muitas vezes não<br />
compensa o investimento. E um relatório<br />
apresentado pela Experian Marketing<br />
Services revela ainda que esses números<br />
disparariam não fossem os pacotes de<br />
desporto distribuídos por cabo. De acordo<br />
com CouponCabin, 43% dos assinantes<br />
de cabo, afirmaram que a única razão<br />
pela qual não “rasgavam” o contrato com<br />
as suas subscrições de cabo se devia ao<br />
desporto e à necessidade que tinham de<br />
assistir com regularidade a eventos desportivos.<br />
Com o crescente decréscimo da televisão<br />
paga e o crescente aumento de consumidores<br />
a migrarem para o live-stream,<br />
leva-nos a questionar qual será o futuro<br />
das transmissões ao vivo de eventos desportivos.<br />
Existem vários fatores que nos levam a<br />
apontar que o futuro passa pelo streaming.<br />
Sem que pelo menos num futuro a curto<br />
prazo o domínio da televisão paga seja<br />
quebrado ou seriamente ameaçado.<br />
Em primeiro lugar temos a assunção da<br />
realidade, em que um meio de transmissão<br />
esta em crescimento e outro em perda.<br />
Seguindo esta mesma ideia, o streaming<br />
mais que uma moda, é uma forma de<br />
consumir conteúdos de entretenimento<br />
que vai de acordo ao que é hoje uma nova<br />
filosofia de consumo em crescente aceitação,<br />
nomeadamente pelas faixas etárias<br />
mais jovens, entre os dezoito e quarenta<br />
e cinco anos, que significam hoje a maior<br />
fatia do mercado e em poucos anos o<br />
dominarão totalmente. Temos ainda, a<br />
forma como os aplicativos Web, que analisamos<br />
em um outro artigo desta edição,<br />
estão a mudar o perfil dos consumidores<br />
e como a interação com a Web se tornou<br />
fundamental neste processo.<br />
Com o crescente avançado das velocidades<br />
de download e upload disponibilizadas<br />
pelas operadoras de internet – fixa<br />
e móvel -, a qualidade de imagem e som<br />
entre o streaming e televisão não é mais<br />
significativo. Com as vantagens, já mencionadas,<br />
na possibilidade de ângulos de<br />
visão ou acesso imediato a estatísticas para<br />
o streaming online.<br />
A televisão é igualmente limitada pelo<br />
número de canais que possui e com tal é<br />
também limitada na cadência de conteúdos<br />
que pode disponibilizar.<br />
O streaming e as suas operadoras tem<br />
igualmente sabido captar anunciantes, e<br />
integrar anúncios individualizados não<br />
intrusivos, o que permite por um lado,<br />
uma maior competitividade ao preço oferecido<br />
aos seus anunciantes, e a oferta de<br />
um maior número de conteúdos.<br />
O streaming parece ser de facto o futuro,<br />
os próximos anos serão fundamentais,<br />
assim como se dará a adaptação das tradicionais<br />
cadeias televisivas a esta nova realidade.<br />
É esperar para ver.<br />
60 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
ACTN3: O GENE DOS CAMPEÕES<br />
Tiago Dinis. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
GENE ACTN3<br />
Realizar testes de perfil genético para o<br />
comum dos cidadãos tonou-se nos últimos<br />
anos uma tarefa relativamente simples e não<br />
muito dispendiosa. A organização atlasgene,<br />
disponível em atlasgene.com, possibilita<br />
facilmente essa análise.<br />
O primeiro passo, é obter um kit, que pode<br />
ser obtido através do Website mencionado<br />
acima. Preencher o formulário de candidatura.<br />
Realizar o teste, que consiste em molhar<br />
com saliva a almofada de algodão do kit.<br />
Enviar o kit para o laboratório e esperar o<br />
resultado, que demora cerca de três semanas<br />
a um mês.<br />
T<br />
radicionalmente, o desempenho desportivo tem<br />
sido atribuído ao treino, a uma nutrição adequada e<br />
a um talento natural do atleta. Talento que é sempre<br />
ligado a um dom que é inexequível justificar. Nascese<br />
assim, porque assim aconteceu. Porém, nos últimos anos, tem-se<br />
olhado insistentemente para o perfil genético dos atletas de modo<br />
a entender quer se as suas características se adequam às modalidades<br />
que praticam. Ou para compreender se os resultados obtidos<br />
se devem à superação física ou a uma predisposição genética que<br />
eleva determinado atleta a patamares impossíveis para os seus<br />
pares. Consequentemente, na análise de diversos fatores genéticos,<br />
nomeadamente através do polimorfismos de DNA, tornou-se fundamental<br />
para a compreensão do rendimento desportivo.<br />
Define-se polimorfismos de DNA as sequências de bases que diferem<br />
do que é tido como “normal” ou “comum”. Ou seja, presente<br />
na maioria da população mundial. Essa sequências diferenciadora<br />
podem influenciar a expressão ou percentagem de determinadas<br />
proteínas e desse modo influenciar e alterar o desempenho físico<br />
e desportivo. Diversos estudos e trabalhos começam a demonstrar<br />
uma relação direta com certos polimorfismos de DNA e o desempenho<br />
desportivo, em particular em modalidades de alto esforço<br />
muscular. Entre todos, o que indiscutivelmente mais se destaca é<br />
o gene ACTN3.<br />
De certo modo, este é inclusive um polimorfismo de DNA relativamente<br />
comum. Esta presente em cerca de 18% a 25% da população<br />
geral, com ligeiras diferenças dependendo da região geográfica. O<br />
ACTN3 resulta da síntese de uma forma truncada e não-funcional<br />
de alfa-actinina-3. Diversos estudos, demostraram que a presença<br />
ou ausência de alfa-actinina-3 tem consequência no desempenho<br />
físico. Simplisticamente, a sua presença beneficia funções que<br />
exijam um maior desempenho muscular. Enquanto a sua ausência<br />
beneficia provas de longa duração.<br />
Os cientistas expuseram que os indivíduos com a variante em<br />
ambas as cópias do seu gene ACTN3 pode ter uma pré-disposição<br />
natural para a resistência (eventos relacionados com cagas de<br />
energia aeróbica), tais como corrida de longa distância, natação<br />
distância ou esqui. Esses atletas com uma cópia da variante no<br />
seu gene ACTN3. Pode ser igualmente adequado para tanto<br />
resistência e Sprint / potência desportiva como o futebol ou andar<br />
de bicicleta. Atletas que não possuem nenhuma cópia da variante<br />
na sua ACTN3 gene podem ter uma predisposição natural para a<br />
velocidade desportes ou potência como eventos de futebol, levantamento<br />
de peso e de sprint.<br />
Os atletas profissionais passaram a incorporar testes genéticos no<br />
seu treino. Compreender as suas características inatas tornou-se<br />
fundamental para a avaliação do treino e para selecionar sistemas<br />
e técnicas de treino.<br />
Por fim, apesar das vantagens competitivas do gene ACTN3, não<br />
significa que tê-lo fará de si ou do seu filho um astro no desporto.<br />
Muitos outros fatores tem de ser levados em conta. Este é somente<br />
mais um.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
CONTRADITÓRIO:<br />
A IMPORTÂNCIA DE DIFERENTES IDEIAS NA GESTÃO DESPORTIVA<br />
Pedro M. Silva. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
N<br />
os últimos dez anos, em<br />
alguns países isso acontece<br />
há já mais tempo, uma<br />
política de comunicação<br />
fechada por parte dos clubes de futebol<br />
e obrigando os seus intermediários a um<br />
discurso cheio de lugares comuns e em<br />
sintonia com o que a mensagem que se<br />
pretende passar e sem lugar a um pensamento<br />
original ou individual. Vemos igualmente<br />
presidentes a agregarem significativamente<br />
mais poder e a secarem tudo à<br />
sua volta. A crítica jornalística ou mesmo<br />
dos adeptos é desvalorizada no melhor<br />
dos cenários e severamente atacada na<br />
maioria das vezes. Mesmo as seleções<br />
nacionais dos países, instituições de utilidade<br />
pública e subsidiada em parte por<br />
dinheiros do orçamento de estado, não se<br />
coíbem de afirmar se não for para ajudar<br />
e suportar, que é melhor nem aparecerem.<br />
Olhamos para dentro dos clubes e dificilmente<br />
achamos pessoas com capacidade e<br />
estatuto para apresentarem novas abordagens<br />
e diferentes ideias. Vivemos numa era<br />
de pensamento único e de estratégias sem<br />
planos B. Mas que vantagens existem nesta<br />
forma de agir?<br />
Na nossa opinião muito poucas. Em última<br />
análise, um modelo de negócio desportivo<br />
e de treino chega a um ponto de saturação.<br />
Como afirma Birkinshaw, “um dos inimigos<br />
da agilidade estratégica é a empresa<br />
basear-se em métricas velhas e restritivas<br />
e não questionar com frequência os<br />
indicadores de desempenho, acarretando<br />
a criação de pontos cegos muito perigosos<br />
na visão estratégica.”<br />
Frans Johansson autor de diversos livros<br />
de gestão e finanças, aponta diversos<br />
exemplos de sucesso de empresas e clubes<br />
desportivos que alcançaram o sucesso<br />
saindo de “dentro da caixa”. Ou seja, apostando<br />
em ideias e conceções de negócio<br />
inexplorados ou desvalorizados.<br />
Neste seguimento, apostar em formar ideias<br />
contrárias e diferentes nas organizações<br />
desportivas pode ser a única forma<br />
de sobrevivência principalmente para as<br />
organizações com menores recursos financeiros.<br />
E menor capacidade para se adaptarem<br />
rapidamente a mudanças repentinas.<br />
Julian Birkinshaw, da London Business<br />
School, assume a ideia que uma das principais<br />
causas para o declínio das organizações,<br />
nas quais podemos colocar as<br />
organizações desportivas: “é a perda de<br />
agilidade estratégica: a capacidade que<br />
uma empresa tem de mobilizar as pessoas<br />
por toda a organização para manterem<br />
seus olhos abertos para as mudanças no<br />
ambiente externo, e assumirem a responsabilidade<br />
de disseminar suas novas ideias<br />
e desafiar os processos atuais”.<br />
Por fim, a velha máxima que em equipa<br />
que ganha não se mexe pode ser uma conceção<br />
falaciosa. Uma boa ideia hoje pode<br />
não significar que essa mesma ideia seja<br />
vencedora amanha.<br />
No fundo, a adaptabilidade, mesmo no<br />
meio desportivo e nas suas organizações,<br />
é um ponto fundamental e isto é melhor<br />
conseguido quando existem ideias diferentes<br />
e abordagem que se diferenciem.<br />
Privilegiar um debate saudável é a melhor<br />
solução para o sucesso no presente e principalmente<br />
no futuro.<br />
“... um dos inimigos da<br />
agilidade estratégica<br />
é a empresa basear-se<br />
em métricas velhas e<br />
restritivas e não questionar<br />
com frequência<br />
os indicadores de desempenho,<br />
acarretando a<br />
criação de pontos cegos<br />
muito perigosos na<br />
visão estratégica”<br />
62 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
COPA <strong>2014</strong>: OS NÚMEROS<br />
INVESTIMENTOS, GANHOS E PERDAS!<br />
A<br />
última década brasileira foi<br />
marcada por importantes<br />
conquistas económicas e<br />
sociais. Transformou-se<br />
na sexta maior economia<br />
a nível mundial, e acima de tudo existiu<br />
um esforço palpável de esbater muitas das<br />
desigualdades socias que há muito fazem<br />
parte da realidade das populações brasileiras.<br />
Na base desta transmutação passa<br />
segundo as autoridades brasileiras por um<br />
modelo de desenvolvimento baseado no<br />
crescimento com estabilidade, equilíbrio<br />
fiscal, inclusão social e competitividade.<br />
Apesar de muitas dúvidas colocadas ao<br />
modelo adotado e do Brasil estar ou não<br />
num crescimento sustentável e viável a<br />
longo prazo, existe um facto que é indesmentível,<br />
entre 2002 e 2012, 37 milhões de<br />
brasileiros passaram a pertencer à classe<br />
média. E muitos milhões mais deixaram<br />
a extrema pobreza. Os megaeventos,<br />
Mundial seguido de Olimpíadas no espaço<br />
de apenas 2 anos, surgem dentro deste<br />
espirito e no sentido de afirmar ainda mais<br />
a marca “Brasil” pelo mundo.<br />
Pensando no legado e nos efeitos positivos<br />
para mais à frente, olhemos primeiro para<br />
os números e concentremo-nos apenas no<br />
Mundial de <strong>2014</strong>.<br />
O custo do Mundial de <strong>2014</strong> de acordo<br />
com informações da Matriz de<br />
Responsabilidades situou-se em “ R$ 28,1<br />
bilhões, sendo que os investimentos em<br />
mobilidade urbana somam R$ 8,9 bilhões,<br />
para os aeroportos chegam a R$ 8,4 bilhões,<br />
em estádios registram R$ 7,6 bilhões<br />
e em portos, R$ 700 milhões. Para as<br />
estruturas, equipamentos e capacitação em<br />
segurança, o recurso é de R$ 1,9 bilhão. A<br />
área de telecomunicações recebeu R$ 400<br />
milhões e a de turismo, R$ 200 milhões”.<br />
64 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />
Mais de 85% do investimento na “Copa do Mundo”<br />
foi feito com dinheiros públicos. 60,1% dos investimentos<br />
foram gastos em obras de vias e transportes<br />
públicos, bem como os aeroportos – 33,6% para as<br />
deslocações terrestes e 26,5% referentes aos transportes<br />
aéreos. A segunda maior fatia foi gasta com os<br />
10 estádios, que somando perfazem 27,7%. Os portos<br />
somaram 2,6% do total dos investimentos, enquanto<br />
as infraestruturas e comunicação no seu conjunto<br />
chegam aos 1,4% dos investimentos.<br />
No entanto, estes valores podem sofrer acréscimos significativos, já<br />
que ficaram fora das contas todas as obras que não ficaram pronta<br />
a tempo para o Mundial, e não contabilizados igualmente todos as<br />
despesas com as estruturas temporárias exigidas pela FIFA para<br />
todas as arenas do Mundial, tais como aluguel de tendas, aparelhos<br />
de primeiros socorros, sistemas de informação, entre outros.<br />
Puxando o custo total do Mundial para os R$ 30 bilhões.<br />
Relativamente ao retorno económico já existem alguns dados que<br />
podem ser apresentados.<br />
Pouco mais de uma semana após o se ter jogado a final e de<br />
terminado o evento foi divulgado que as estimativas apontavam<br />
para que tinha sido injetado na economia brasileira cerca de R$<br />
30 bilhões em resultado direto com o Mundial de futebol. Esta<br />
estimativa surgiu fruto de uma pesquisa efetuada pela Fundação<br />
Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e encomendada pelo<br />
Ministério do Turismo. O estudo indica que o impacto do Mundial<br />
será sensivelmente três vezes maior que o valor conseguido na<br />
Copa das Confederações, a partir de dados que incluem impactos<br />
iniciais, diretos, indiretos e induzidos na economia. Relembramos<br />
que os números consolidados durante a realização da Copa das<br />
Confederações no ano de 2013 se fixaram nos R$ 9,7 bilhões<br />
injetados no PIB brasileiro.<br />
Segundo estimativas do ministério brasileiro do turismo foram<br />
criados para o Mundial quase um 1 milhão de empregos no<br />
país, sendo que 710 mil empregos são fixos e 200 mil apenas<br />
temporários. Representando cerca de 15% dos empregos criados<br />
durante o mandado de Dilma Rousseff. Aproveitando a visibilidade<br />
do Mundial de futebol a Agência Brasileira de Promoção<br />
das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) promoveu ações<br />
e encontros durante a realização do torneio e trouxe mais de 2,3<br />
mil empresários oriundos um pouco por todo o mundo. O mesmo<br />
ministério do turismo afirma que o número de turistas superou<br />
em mais de 100 mil as espectativas, fixando-se em 700 mil os visitantes<br />
estrangeiros que chegaram ao Brasil durante o período da<br />
“Copa”. Um acréscimo de 131% quanto comparado com o mesmo<br />
intervalo do ano anterior. Os argentinos são a maior fatia e vieram<br />
em grande número, cerca de 101 mil, seguidos bem de perto pelos<br />
norte-americanos com 83 mil e os chilenos com 44 mil. As cidades<br />
que registaram um maior acentuado de número de turistas foram<br />
Natal (RN) registrou aumento de 851%, Cuiabá (MT) de 963%,<br />
Curitiba (PR) de 167% e Manaus (AM) de 409%, novamente em<br />
comparação com o mesmo período do ano passado.<br />
Segundo estimativas oficiais, o evento Mundial de futebol, desde o<br />
ano de 2011, há-de ter representado um acréscimo no crescimento<br />
do PIB brasileiro entre 1 a 1,5%.<br />
Mas nem tudo foram ganhos, de acordo com a Cielo – empresa<br />
ligada às transferências comerciais por cartão de crédito e debito,<br />
o valor gasto por turistas decaiu em 7%. O sector industrial registou<br />
uma pequena queda, em muito devido ao encarecimento do<br />
crédito e ao aumento da inflação - nos últimos 12 meses até ao<br />
Mundial um aumento de 6,52%.<br />
Por fim, o lado mais negativo, economicamente falado, deveu-se<br />
às paragens de produção e laborais devido aos vários feriados que<br />
foram acontecendo durante o Mundial. Numa estimativa previa ao<br />
Mundial esperava-se avultadas perdas para a economia brasileira,<br />
em um valor especialmente alarmante de R$ 30 bilhões.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
MUNDIAL BRASIL:<br />
CRITICAS, MANIFESTAÇÕES E IMPRENSA MUNDIAL.<br />
C<br />
havões como “não vai ter<br />
Copa” tornaram-se comuns<br />
e largamente audíveis nos<br />
meses que antecederam a<br />
realização do Mundial do<br />
Brasil. Ao contrário do que era espectável<br />
uma boa parte da população brasileira<br />
mostrou-se contra a realização do Mundial<br />
no seu país. As manifestações que se iniciaram<br />
na Taça das confederações e se prolongaram<br />
por mais de um ano foram uma<br />
surpresa ainda maior. Uma surpresa que<br />
as autoridades na grande maioria das vezes<br />
não souberam lidar. E fizeram com que<br />
muitas manifestações pacíficas se tornassem<br />
violentas. Diga-se, a bem da verdade,<br />
que existiram vários grupos que utilizaram<br />
as manifestações para criar distúrbios e<br />
foram igualmente culpa deles o rastilho de<br />
muita violência.<br />
As críticas da população brasileira à realização<br />
do Mundial começaram a ouvirse<br />
desde o ano de 2011 e iniciaram-se<br />
em grande medida aos enormes gastos<br />
que a organização comportaria para os<br />
cofres do estado, cerca de R$ 25,5 bilhões.<br />
Relembremos que perto de 90% do<br />
investimento é público. A organização dos<br />
últimos três mundiais no seu conjunto<br />
não chegou a esse valor. Num país, que<br />
apesar do crescimento e do esbatimento<br />
das igualdades nos últimos anos, onde<br />
existem índices preocupantes na saúde,<br />
segurança ou educação uma boa parte dos<br />
cidadãos brasileiros e da sociedade civil,<br />
com destaque em muito jornalistas e “opinion<br />
makers”, olhou para os gastos da “copa”<br />
como supérfluos e desnecessários. Para se<br />
ter uma noção do investimento feito, com<br />
os mesmos valores seria possível construir<br />
mais de 90 mil postos de saúde completamente<br />
equipados, comprar cerca de 350<br />
mil ambulâncias equipadas, contratar mais<br />
de 2 milhões de professores por ano ou<br />
construir perto de 25 mil km de estradas<br />
alcatroadas.<br />
Outra das críticas levantadas refere-se à<br />
sentida falta de transparência em muitos<br />
de negócios e o superfacturamento em<br />
muito deles, sem boas razões justificativas.<br />
O andamento das obras e o fato de muita<br />
delas não se concluírem até ao Mundial<br />
também levantavam muitas incertezas. Mas<br />
a pergunta mais frequentemente feita e<br />
que continua atual é: depois do evento que<br />
legado fica para a posteridade?<br />
Uma dúvida a que se juntaram muitas vozes<br />
com notoriedade pública ou que ganharam<br />
essa mesma notoriedade por conta do seu<br />
descontentamento se ter tornado viral nas<br />
redes socias. Um dos casos mais notórios<br />
é o da brasileira Carla Dauden criou um<br />
vídeo No, I’m not going to the World Cup,<br />
onde nele fazia censuras à forma como a<br />
preparação e o investimento dos dinheiros<br />
públicos foram feitas para a organização do<br />
Mundial.<br />
Curiosamente, o vídeo acima referido,<br />
surgiu exatamente no momento em que<br />
explodiram as manifestações. Milhares de<br />
pessoas manifestaram o seu descontentamento<br />
na rua, exemplificando o poder de<br />
mobilização das redes sociais, origem da<br />
maioria das “convocatórias”. Professores,<br />
“sem tetos”, índios, estudantes e muitos<br />
outros saíram à rua em protesto como raras<br />
vezes se tinha visto nas principais cidades<br />
brasileiras.<br />
As manifestações durante<br />
a Taça das confederações<br />
apanharam as<br />
autoridades totalmente<br />
de surpresa. Superfacturamento,<br />
desigualdades<br />
sociais e necessidades<br />
estruturais mais<br />
prioritárias quando<br />
comparadas com a<br />
realização do Mundial,<br />
foram alguns dos<br />
pontos mais escutados<br />
pelos manifestantes.<br />
66 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />
Os cartoons foram um dos principais<br />
meios de mostrar o descontentamento<br />
com a realização do<br />
Mundial no Braasil.<br />
Depois surgiram as duras críticas da Fifa<br />
aos atrasos na construção nas obras, nomeadamente<br />
dos estádios e das infraestruturas<br />
de ligação.<br />
A imprensa internacional caiu igualmente<br />
fortemente sobre a organização brasileira.<br />
Ao lado, temos a capa da revista france<br />
football, que se veio a provar falsa, mas que<br />
se tornou viral e causou imensa polemica.<br />
Mesmo a capa da revista francesa sendo<br />
falsa, muitas outras ouve, nomeadamente<br />
da imprensa britânica, com duríssimas<br />
críticas à organização brasileira e as suas<br />
autoridades.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />
COPA <strong>2014</strong>:<br />
QUE LEGADO?<br />
Acopa aconteceu. Dentro do campo o Mundial do<br />
Brasil foi um sucesso, mas deixa para as populações<br />
um legado positivo? Talvez essa seja a pergunta<br />
mais frequente e necessária agora que os jogos já<br />
fazem parte do passado, mas é também a mais difícil<br />
de responder. Existe ainda muita informação a necessitar de uma<br />
imprescindível e cuidadosa observação. Muitas obras periféricas<br />
ao Mundial que precisam de ser concluídas; e de que forma serão<br />
concluídas e se ficaram dentro do orçamentado. Dados a ser adicionados<br />
como o fluxo turístico dos próximos meses e do próximo<br />
ano. Deste modo, ao contrário do que aconteceu com Portugal,<br />
Grécia, Alemanha, Africa do Sul e Londres apontamos para mais<br />
tarde, em futuras edições uma resposta mais definitiva e concreta<br />
em relação ao legado deixado pelo Mundial em terras brasileiras.<br />
Mas algumas considerações podem ser feitas desde já.<br />
O principal objetivo do Brasil, projetar uma imagem positiva e<br />
impositiva no Mundo, em grande medida falhou. E tinha falhado<br />
ainda os jogos não se tinham iniciado. As constantes críticas da<br />
imprensa mundial, como referido na página anterior, debilitaram<br />
a perceção de muitos países em relação ao Brasil, principalmente<br />
os países que têm um menor conhecimento deste país. Antes do<br />
mundial se iniciar, neste ponto o brasil já perdia de goleada, tal<br />
como afirmara Juca Kfouri no programa Roda Viva. Restava tentar<br />
empatar. A “copa das copas” era apenas uma ilusão.<br />
Como referido, dentro do campo o Mundial do Brasil foi um<br />
sucesso. E os adeptos de forma generalizada ajudaram a abrilhantar<br />
o evento. Muitas das situações que podiam projetar uma<br />
imagem negativa foram bem mascaradas e passaram quase despercebidas<br />
a quem assistia o Mundial pela televisão. Os adeptos<br />
que foram ao Brasil na sua grande maioria gostaram e têm e publicaram<br />
opiniões bastantes favoráveis. As transmissões televisivas,<br />
como norma da Fifa, foram de muito boa qualidade.<br />
Mas existiram igualmente situação negativas. A queda do viaduto<br />
que resultou em algumas mortes e alguns feridos e que correu<br />
mundo em pleno Mundial – numa obra construída de prepósito<br />
para o campeonato do Mundo. Algumas fotos e vídeos virais nas<br />
redes sociais mostraram um lado do brasil que muito provavelmente<br />
as autoridades brasileiras dispensavam.<br />
Dentro dos jornalistas internacionais que presenciaram o Mundial<br />
em terras brasileiras não existe um consenso claro relativamente a<br />
questões ligadas com a organização. Enquanto muitos elogiaram,<br />
outros tantos teceram duras críticas. O Hélder Conduto, jornalista<br />
da RTP que acompanhou a seleção portuguesa, em entrevista para<br />
a RTP Informação, afirmou, que só não podia afirmar que a organização<br />
da Copa de <strong>2014</strong> não tinha sido a pior de sempre porque<br />
não tinha estado presente em todos os Mundiais.<br />
Por fim, como “legado” do Mundial de <strong>2014</strong> para o brasil, desde já<br />
parecem ter-se destacado dois pontos.<br />
O primeiro é a necessidade de consultar as populações e a sua<br />
opinião relativa a megaeventos futuros.<br />
Em segundo, a necessidade de reformular o futebol brasileiro<br />
que se mostrou claramente atrás de muitos dos países europeus e<br />
mesmo de alguns países sul-americanos. Sendo que o Brasil tem de<br />
longe o maior potencial de criação de taletos para o futebol.<br />
68 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com<br />
Visite-nos<br />
e<br />
dê-nos<br />
a<br />
sua<br />
Opinião<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
PLAYNIFY<br />
A REDE SOCIAL DESPORTIVA PARA TODOS OS ATLETAS<br />
AMADORES<br />
Vitor E. Santos. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
Desde há vários anos que as redes socias determinam<br />
em grande medida a forma como interagimos<br />
com o mundo. Olhemos para o facebook e a<br />
forma como ele se tornou o nosso bilhete de identidade<br />
digital. Cumprindo um papel fundamental<br />
como uma das principais, se não mesmo a principal, plataforma<br />
de comunicação nesta nossa década. Com o sucesso do facebook.<br />
Várias outras redes socias chegaram até nós. Nesta edição olhamos<br />
para uma rede social desportiva: Playnify.<br />
Playnify, uma rede social portuguesa e portuense, que se assume<br />
como um facilitador para quem quer sair de casa e praticar desporto,<br />
colaborando na procura de companhia e parceiros desportivos.<br />
Quantas vezes acontece marcar um jogo de futebol entre amigos, e<br />
faltar um para fazer duas equipas completas? Ou querer fazer uma<br />
caminhada ou corrida mas por falta de companhia ficar em casa?<br />
O Playnify pretende exatamente quebrar essas barreiras e ligar<br />
atletas amadores um pouco por todo o mundo.<br />
Em declarações ao Jornal de Noticias, Joaquim Valente, cofundador<br />
e CEO da Playnify, explica que “a plataforma aposta em ligar<br />
as pessoas de todo o mundo através do desporto”. “No Facebook<br />
partilhamos a nossa vida pessoal e interagimos com amigos, no<br />
LinkedIn partilhamos a nossa vida profissional e encontramos<br />
oportunidades de negócios. Na Playnify, partilhamos a nossa vida<br />
desportista e encontramos outros jogadores e jogos para participar”.<br />
Existe igualmente espaço, na Playnify, para as associações e recintos<br />
desportivos e possibilitam a plataforma ideal para exponenciar<br />
e alargar o espaço de comunicação com os seus futuros utilizadores,<br />
e melhorar a rentabilidade desses mesmos recintos.<br />
Playnify aposta na facilidade de uso e na simplicidade para captar<br />
o máximo de utilizadores possíveis, sem que o nível de conhecimentos<br />
informáticos e de adaptação à plataforma sejam um<br />
problema.<br />
Disponível desde novembro de 2012, a Playnify não pretende<br />
ser uma rede social exclusivamente portuguesa, mas sim, do<br />
mundo. A sua mudança para Silicom Valley, nos Estados Unidos<br />
da América, após terem vencido o AIDA Startup Challenge em<br />
Aveiro, é um exemplo da ambição desta plataforma.<br />
O bom feedback, e a já considerável aderência a esta plataforma,<br />
e as vantagens que ela proporciona fazem desta rede social uma<br />
ótima opção para pessoas que se querem exercitar e não tem<br />
companhia. É possível fazer a autenticação através da conta do<br />
facebook, o que é de grande auxílio.<br />
70 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
Joze Mourinho (Por) - Futebol<br />
Doc Rivers (USA) - NBA<br />
Zico (Bra) - Futebol<br />
TREINADOR<br />
Os principais desafios e tarefas que a<br />
evolução no desporto obrigam.<br />
Tiago Dinis. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
FORMADOR<br />
GESTOR MULTIDISCIPLINAR<br />
COMUNICADOR<br />
ESTRATEGA<br />
LÍDER E MUITO MAIS...<br />
Formar e gerir uma equipa técnica multidisciplinar.<br />
O desporto de alto rendimento<br />
1.<br />
tornou-se nas últimas duas décadas uma<br />
atividade totalmente profissional e foi com<br />
naturalidade que se deu a segmentação<br />
das suas áreas em várias disciplinas chefiadas<br />
por técnicos e especialistas. O treinador tomou assim para<br />
si a responsabilidade de gerir e chefiar todos estes grupos para<br />
um objetivo comum: a vitória. É importante reconhecer que esta<br />
gestão é a cada novo dia mais complexa, na medida, que cada<br />
disciplina evolui num ritmo próprio e a necessidade de alterações<br />
constantes é uma realidade que requer adaptação constante.<br />
72 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
Escolher e gerir atletas que se completem.<br />
Formar uma equipa, que<br />
2.<br />
dependendo do desporto, pode facilmente<br />
contar com mais de vinte atletas<br />
é uma tarefa ardilosa e que deve<br />
ser feita com um critério científico.<br />
Acrescentando a isso, a mediatização dos atletas como estrelas<br />
internacionais e publicitárias. Misturar atletas de diferentes<br />
idades e diferente maturidade competitiva e diminuir a<br />
influência dos objetivos pessoais é uma tarefa herculana mas<br />
absolutamente necessária para o sucesso.<br />
3.<br />
Gerir uma estratégia e valores<br />
comuns. Cabe ao treinador, como<br />
primeiro e principal líder, mais do<br />
que criar, gerir uma estratégia que<br />
leve a equipa desportiva aos seus objetivos. Atualmente, esta<br />
tarefa é bem mais complexa que numa primeira análise possa<br />
parecer. Cada atleta tem os seus objetivos próprios, e muitas<br />
vezes esses mesmos objetivos não coincidem com as necessidades<br />
da equipa. Cabe ao treinador avaliar cada situação<br />
individualmente e arranjar consensos para que pelo menos<br />
se tente arranjar uma fórmula que beneficie a todos, principalmente<br />
o clube desportivo, sem que para isso se percam<br />
ativos fundamentais.<br />
Criar um plano B. E, um plano C.<br />
4.<br />
É das tarefas mais importantes de<br />
um treinador antecipar o inesperado.<br />
Lesões, castigos, condições atmosféricas<br />
adversas, ou o mais frequente,<br />
uma estratégia tática eficiente da<br />
equipa adversaria. É fundamental também mudar e saber<br />
quando deve mudar quando os resultados/exibições não<br />
aparecem.<br />
O<br />
s clubes modernizaram-se. O jogo, dentro<br />
do campo, mudou radicalmente. O perfil do<br />
atleta também. Assim como toda a estrutura<br />
técnica de uma equipa desportiva de alto<br />
nível. Não pode então ser surpreendente que o perfil de treinador<br />
tenha também sofrido profundas alterações. Hoje, os<br />
treinadores desportivos são obrigados a executar diariamente<br />
um largo conjunto de habilidades e conhecimentos que os<br />
auxiliem a atuar da forma mais competente com todos os<br />
desafios que lhes surgem. E, os desafios são mais que muitos<br />
que obrigam o treinador a um perfeito domínio de diversas<br />
dimensões no treino, que vai além do conhecimento técnico<br />
e tático, como são os aspetos mentais, a psicologia de grupo,<br />
a definição de objetivos comuns que influenciam diretamente<br />
o desempenho das equipas e a classificação no final de uma<br />
época desportiva.<br />
O treinador tornou-se num “super-especialista”, com a particularidade<br />
de ser aquele que está mais próximo dos atletas,<br />
e aquele que mais influencia diretamente o comportamento<br />
destes, como educador, conselheiro, estratega e acima de tudo<br />
como líder.<br />
Muito daquilo que acontece nas equipas profissionais depende<br />
do treinador enquanto líder de todo o processo. Tanto os<br />
treinadores, como os restantes elementos da equipa técnica,<br />
influenciam a equipa com quem trabalham e interagem, seja<br />
de forma pensada ou mesmo através do próprio exemplo.<br />
Gerir o insucesso e os erros individuais de cada atleta de uma<br />
forma que da sua intervenção possam resultar melhorias e<br />
desenhar um plano B é igualmente uma tarefa da competência<br />
do treinador.<br />
Por fim, gerir a comunicação com a imprensa é fundamental.<br />
Na era digital em que vivemos, a informação viaja instantaneamente<br />
em todo globalmente, e erros de comunicação<br />
é fundamental. Por muito que os clubes possuam áreas de<br />
comunicação com especialistas, não raras vezes, o microfone<br />
e as câmeras de vídeo estão unicamente apontadas para o treinador<br />
e é a ele que cabe a incumbência de passar a mensagem.<br />
Formação constante. O treinador não<br />
5.<br />
pode parar. Como diz o ditado popular:<br />
para é morrer. Como fica facilmente<br />
percetível, os treinadores estão obrigados<br />
a dominar inúmeras disciplinas<br />
num desporto em contante mudança e<br />
inovação. Sem formação e estudo, rapidamente o treinador,<br />
enquanto especialista que o é, torna-se obsoleto.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
CHESSBOXING:<br />
BOXE E XADREZ<br />
A união de duas modalidades tão diferentes que está a fazer furor<br />
e pretende em breve tempo ser incluida nas Olimpiadas.<br />
Vitor E. Santos. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
D<br />
esportos híbridos, ou seja,<br />
desportos que fundem<br />
duas modalidades distintas,<br />
e que a uma primeira<br />
vista nada têm a ver um com o<br />
outro, começam a ser usuais e populares.<br />
O Chessboxing, um desporto que junto<br />
no mesmo ringue, a perícia do xadrez e a<br />
força do boxe, é disso exemplo.<br />
O Chessboxing foi inventado, na década de<br />
90, pelo holandês Iepe Rubingh, inspirado<br />
pela banda desenhada Froid Équateur,<br />
do artista Enki Bilal. Ao contrario do<br />
que acontecia na obra de Bilal, um combate<br />
de boxe seguido por um jogo de<br />
xadrez, o Chessboxing alterna um embate<br />
de xadrez com um combate de boxe, em<br />
onze rounds, 6 de xadrez e cinco de boxe.<br />
É interessante constatar que este conceito,<br />
boxe e xadrez na mesma modalidade,<br />
é algo recorrente na ficção. Em 1991, o<br />
filme finlandês Uuno Turhapuro—herra<br />
Helsingin herra, apresenta um conceito<br />
semelhante. Onde a personagem principal<br />
e herói da história, joga xadrez com os<br />
olhos vendados com uma pessoa, usando<br />
para isso um sistema de comunicação<br />
mãos-livres, enquanto no ringue boxeia<br />
com outra pessoa. Um outro filme, Ninja<br />
Checkmate de 1979, assume estas mesmas<br />
premissas. Sendo que, Rubingh afirma ter<br />
conhecimento destes dois filmes na altura<br />
que criou o Chessboxing.<br />
Este desporto é regido pelas duas organizações,<br />
a World Chess Boxing Organisation<br />
(WCBO) com base em Berlin e a World<br />
Chessboxing Association (WCBA) com<br />
base em londres. A WCBA já acolheu e<br />
organizou mais de 20 torneios ao longo<br />
dos últimos 5 anos e tem como principal<br />
objetivo e missão unificar as organizações<br />
Chessboxing internacionais sob uma única<br />
bandeira. A WCBO recebeu vários eventos<br />
desde 2003, em cidades como Amesterdão,<br />
Berlim, Colônia, Munique, Krasnoyarsk,<br />
Moscovo ou Paris. Desempenhando um<br />
papel fundamental na divulgação desta<br />
nova modalidade e na angariação de novos<br />
fãs..<br />
Curiosamente e apesar de parecer<br />
improvável este novo desporto tem cada<br />
vez mais novos seguidores, havendo<br />
mesmo quem afirme que esta pode vem<br />
vir a ser o desporto perfeito, uma associação<br />
entre o esforço físico e a destreza<br />
mental, inteligência e músculos.<br />
Rubingh acredita que, tal como outros<br />
desportos híbridos como o triatlo, também<br />
o chessboxing pode vir a competir nos<br />
jogos olímpicos. E este é possivelmente a<br />
primeira grande ambição do Chessboxing,<br />
e talvez o ponto de viragem para este novo<br />
desporto conquistar definitivamente o seu<br />
lugar no desporto mundial.<br />
Chessboxing é um jogo<br />
que funde duas modalidades:<br />
boxe e xadrez, e<br />
que contra as espectativas<br />
conquista todos<br />
os dias novos fãs. A<br />
ambição é torna-lo num<br />
desporto olímpico.<br />
74 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
REGRAS:<br />
As regras do Chessboxing são bastante simples. Cada “embate” é composto por 11 rounds, 6 desses rounds<br />
de xadrez e 5 rounds de boxe. Cada rodada de xadrez leva 4 minutos, enquanto uma rodada de boxe leva 3<br />
minutos. Entre rodadas, é dado um minuto de descanso, que é na maioria das vezes gasto para colocar ou<br />
tirar as luvas. O jogo só termina por xeque-mate ou K.O.<br />
CURIOSIDADE:<br />
Os atletas usam fones durante os rounds de xadrez para evitarem ser distraídos pela narração ao vivo do<br />
comentador, assim como pelos gritos e incentivos do público.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
LIVRO<br />
THE FIX: ORGANIZED CRIME AND SOCCER<br />
DECLAN HILL<br />
76 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
Declan Hill é um jornalista, académico, consultor e documentarista. Nos últimos<br />
anos, ele tornou-se em um dos maiores especialistas na viciação de resultados e<br />
muito do seu trabalho mais recente incide sobre este tema. Anteriormente, Hill<br />
trabalhou em pelas sobre os assassinatos generalizados de jornalistas filipinos, o<br />
assassinato do chefe da máfia canadense, feudos de sangue no Kosovo, a limpeza<br />
étnica no Iraque, as religiões pagãs na Bolívia e os crimes de honra na Turquia.<br />
“O Brasil 3-0 Gana é um dos casos de viciação<br />
de resultados apresentados neste<br />
livro”<br />
C<br />
orrupção no futebol. Este é o tema deste livro. O<br />
jornalista e investigador canadiano Declan Hill,<br />
descreve minuciosamente como as máfias controlam<br />
os bastidores e de como a viabilidade do<br />
futebol pode estar gravemente em perigo devido à corrupção e a<br />
todas as consequências nefastas que ela provoca. A abrangência de<br />
combinação de resultados é de tal forma gigantesca que engloba<br />
desde os campeonatos juvenis da Escócia ou Finlândia, aos torneios<br />
de sub-20, até ao jogos Olímpicos e ao mundial de 2006.<br />
Depois de três longos anos de investigação Hill afirma que o futebol<br />
corre um grande perigo, e afiança que a maioria dos homens<br />
que destruíram os campeonatos na Ásia está agora com os pés bens<br />
assentes na Europa. E os seus métodos não mudaram. O homem<br />
por trás da cortina é Lee Chin - nome fictício. Segundo Hill, que<br />
se encontrou pessoalmente com Chin o poder deste homem é bem<br />
real e os seus tentáculos estão um pouco por todo o lado e por<br />
todas as competições.<br />
Um dos casos mais bombásticos retratados neste livro é o do jogo<br />
Gana-Brasil do mundial da Alemanha em 2006. “Ele disse-me que<br />
era o treinador da selecção sub-17, alguém que se movimentava<br />
à vontade no futebol do Gana. Chin assegurou-me que ele tinha<br />
conseguido manipular oito jogadores”, explicou Hill em entrevista<br />
a um jornal germânico. Cada jogador receberia 30 mil euros. O<br />
jogo apesar de bem disputado segundo as cronicas, ficou em 3-0,<br />
vitória para o Brasil, decidido com uma serie de erros anormais,<br />
como passes falhados e descuidos na defesa inaceitáveis em jogadores<br />
profissionais e a este nível.<br />
Este livro é uma excelente escolha para aqueles que pretendem<br />
conhecer de mais de perto o lado mais negro do futebol e a forma<br />
como as “sombras” influenciam os resultados fora das quatro<br />
linhas. Simples e de fácil leitura. Como único problema, talvez a<br />
narrativa na primeira pessoa e alguma tentativa de heroicidade por<br />
parte do autor. Mas, uma coisa é garantida, após a leitura da última<br />
página percebesse perfeitamente como se pode manipular um<br />
resultado e a forma simples e eficaz como é feita. Entendendo-se<br />
igualmente as imensas fragilidades que existem no sistema futebolístico<br />
mundial e nas suas organizações, onde parece não existir<br />
vontade para mudar e aumentar as “proteções”.<br />
Pedro Silva. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
FILME<br />
MONEYBALL:<br />
ESTATÍSTICA, INOVAÇÃO E ARROJO<br />
CORPORATIVO<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
78 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
“... é inacreditável o quanto você não sabe<br />
do jogo que tem jogado a vida toda”<br />
Frase de abertura do filme Moneyball<br />
S<br />
ão poucos os filmes que agregam tão bem quanto<br />
Moneyball o faz., todas as áreas que compõem o desporto<br />
moderno: a gestão, a equipa técnica, o scouting<br />
e os atletas. Sem esquecer o sonho e a superação dos<br />
limites que estão na base do desporto e de toda a paixão que ele<br />
nos proporciona.<br />
Realizado por Bennett Miller, que anteriormente nos tinha trazido<br />
Capote, e escrito pela dupla Steven Zaillian e Asron Sorkin, a<br />
trama debruça-se na história verídica de Billy Beane (Brad Pitt) e<br />
a equipa Oakland Athetics e a forma como eles revolucionaram o<br />
basebol e o seu jogo e a forma de olhar para cada atleta.<br />
A narrativa do filme passa como já dissemos por Billy Beane, um<br />
ex-atleta que ficou aquém do seu potencial, manager da equipa de<br />
basebol Oakland Athetics que tem a difícil tarefa de competir com<br />
equipas de maior nomeada e orçamento, cerca de quatro a cinco<br />
vezes mais. Com a agravante de os seus três melhores atletas da<br />
época anterior terem sido transferidos e não ter qualquer hipótese<br />
de com os meios que dispõem poder encontrar substitutos com<br />
semelhantes qualidades e capacidades competitivas. Certo que a<br />
derrota é o desfecho mais provável caso aposte nas mesmas estratégias<br />
e paradigmas e as mesmas ideias apoiadas pelo seu staff, Beane<br />
sabe que algo precisa de mudar para alterar a sua sorte, mas o quê?<br />
É nesse ponto de indecisão que aparece Peter Brand (Jonah Hill),<br />
um recém-formado economista de Yale que impressiona Beane<br />
com uma abordagem ao jogo de basebol pouco convencional e<br />
assente na estatística e em equações matemáticas, que derivam da<br />
teoria económica, e retiram grande parte da “componente humana“<br />
e a substituem por números. É disso bom exemplo, uma das cenas<br />
de seleção de um jogador, em que um dos olheiros afirma que esse<br />
jogador nunca poderá ser um atleta de topo: porque tem falta de<br />
confiança, dando o exemplo de esse atleta ter uma namorada feia.<br />
Mas para o esquema de Beane e Brand isso não interessava porque<br />
ele tinha os melhores números e como tal era a melhor escolha.<br />
A nova estratégia montada por estes dois homens acaba por identificar<br />
um vasto conjunto de jogadores desvalorizados e esquecidos,<br />
essencialmente pelas suas personalidades ou pela fraca espetacularidade<br />
que proporcionam, mas com excelentes números e talentos<br />
específicos e acessíveis à bolsa do Oakland Athetics.<br />
Talvez o lado mais feliz do filme é a forma como mostra todos os<br />
desafios e resistências tanto dentro como fora do clube desta nova<br />
abordagem ao jogo e ao desporto que conta com mais de cem anos<br />
e onde se acreditava que tudo tinha já sido inventado. As próprias<br />
dúvidas dos dois protagonistas, que aparecem de tempos a tempos,<br />
demostram igualmente que atravessar um caminho nunca antes<br />
caminhado é pantanoso e perigosos, mas que pode ser benéfico.<br />
Depois de assistirmos ao desenrolar dos primeiros jogos com a<br />
nova estratégia e paradigma do clube, da superação de todos os<br />
obstáculos temos por fim a recompensa e a certeza que o método<br />
funcionou e as primeiras vitórias começam a aparecer.<br />
Moneyball é um excelente metáfora de gestão desportiva e de<br />
mudança de paradigma que se aplica a qualquer desporto e a qualquer<br />
clube, bem como a qualquer ambiente corporativo. Mudar,<br />
reorganizar e alterar pensamentos e formas de agir é vital para<br />
encontrar a vitória. Ao mesmo tempo, este filme é também uma<br />
fonte de inspiração na forma como categoricamente demonstra o<br />
poder de uma missão e da força de uma ideia pode exercer sobre<br />
líderes e as suas equipes, os clientes e todo o público base. “A arte<br />
da Estratégia é a possibilidade de lidarmos com a realidade e suas<br />
limitações para garantir a adaptabilidade permanente do corpo<br />
empresarial.”<br />
Bem realizado e escrito e com interpretações fortes este é assim o<br />
filme a não perder...<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
GOLFE: E O ESTATUTO SOCIAL<br />
NA COREIA DO SUL<br />
Pedro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
A<br />
o longo de toda a história do homem, mas sobretudo<br />
a partir do século vinte, altura em que a atividade<br />
desportiva se popularizou e se democratizou, que<br />
o desporto é usado como uma forma de prestigio<br />
social. Assim como a forma como e com quem é<br />
praticado.Um dos casos mais interessantes no momento é o golfe<br />
e a forma como este desporto se está a desenvolver na Coreia do<br />
Sul. Com taxas de adesão na ordem das centenas de milhares e<br />
mensalidades acessíveis apenas a uma elite, o golfe neste país mais<br />
de um exercício físico ou uma prática desportiva é um sinal de<br />
riqueza e de estatuto social.<br />
Num negócio em crescendo e em clara expansão, as infraestruturas<br />
contruídas para albergar os campos de golfes são desenhadas pelos<br />
melhores e mais reputados arquitetos do país. As empresas gastam<br />
avultadas quantias para contruírem os maiores e mais luxuosos<br />
campos. As zonas ao redor dos campos não se assemelham em<br />
nada ou que é espectável de um local destinado para a prática do<br />
golfe e assemelham-se mais a hotéis luxuosos de cinco estrelas.<br />
A indústria da moda percebendo esta tendência têm igualmente<br />
feito uma forte aposta para ir de encontro às necessidades e principalmente<br />
às vontades dos novos praticantes de golfe, que levam<br />
muito a serio o que usam quando dão “umas tacadas”.<br />
Praticado sobretudo ao fim da tarde, o golfe tornou-se na principal<br />
indicação de riqueza na Coreia do Sul.<br />
Se usas um campo de golfe é sinonimo de riqueza, poder e influencia.<br />
Num mundo de aparências, como é aquele que vivemos hoje,<br />
praticar golfe na Coreia do Sul tornou-se essencial para o sucesso.<br />
80 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
Ao lado Jack<br />
Nicklaus Golf<br />
Club Korea,<br />
em baixo<br />
Whistling Rock<br />
Country Club<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
RUSSIA E CATAR:<br />
O QUE ESPERAR?<br />
A<br />
A eleição da Rússia e do Catar como países sede,<br />
vem numa clara estratégia da Fifa de escolher países<br />
em desenvolvimento e com democracias recentes.<br />
Isto não é alheio o fato de desta forma se poderem<br />
operar nesses países de forma mais “livre” e assim<br />
construir e desenvolver as infraestruturas e arenas necessárias para<br />
os eventos sem muitos entraves e questões.<br />
Se a organização russa era até bem pouco tempo a decisão da Fifa<br />
pelo Catar sempre foi polémica.<br />
As maiores criticas à organização russa apareceram à poucos<br />
meses e devem-se sobretudo à sua interferência na crise/conflito<br />
ucraniano. Neste seguimento, o vice-primeiro ministro britânico<br />
chegou a afirmar que a Rússia deveria de perder a possibilidade de<br />
sediar o Mundial de <strong>2014</strong>.<br />
O Catar recebeu desde logo bastante desconfiança um pouco por<br />
parte de toda a imprensa mundial.<br />
A primeira das críticas deve-se as falhas na democracia que existe<br />
neste país. A pouco cultura futebolística deste país também se tornou<br />
uma das principais críticas. Assim como as poucas condições<br />
para a prática desportiva com temperaturas frequentemente acima<br />
dos quarenta graus.<br />
No último ano tem surgido muitas questões sobre o trabalho, trabalho<br />
escravo, na construção das infraestruturas e das arenas desportivas,<br />
assim como, a falta de condições desse mesmo trabalho<br />
que tem provocado vários acidentes de trabalho.<br />
No último ano tem surgido muitas questões sobre o trabalho,<br />
trabalho escravo, na construção das infraestruturas e das arenas<br />
desportivas, assim como, a falta de condições desse mesmo trabalho<br />
que tem provocado vários acidentes de trabalho. O facto das<br />
autoridades do Catar terem afirmado mudanças no sector laboral,<br />
confirmam pelo menos vários problemas.<br />
82 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?<br />
MEGAEVENTOS:<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS.<br />
Os megaeventos desportivos são acontecimentos que<br />
transcendem em muito o próprio desporto em si e o<br />
que se passa dentro do campo. São acontecimentos<br />
mundiais e visualizados por centenas de milhões<br />
de pessoas. A sua realização agrupa e afeta diferentes<br />
áreas como a social, a política, a econômica, a ambiental e a<br />
urbana, sendo capaz, até mesmo, de transformar a autoestima de<br />
toda uma nação.<br />
Durante anos, sediar o Mundial de futebol, o europeu de futebol<br />
ou as olimpíadas foram olhados como a oportunidade perfeita<br />
para o país sede se desenvolver por meio dos investimentos e negócios<br />
associados a estes eventos. No entanto, esta perceção começa<br />
a alterar-se. Os altos custos necessários para organizar um evento<br />
como os acima referidos são altíssimos e na maioria das vezes<br />
suportados maioritariamente por dinheiros públicos. E o retorno<br />
dos gastos fica na generalidade abaixo das altas espectativas apontados<br />
pelos estudos pré eventos. Estudos esses, que carecem muitas<br />
vezes de conceitos económicos básicos e as suas motivações são<br />
sobretudo politicas.<br />
De facto, os impactos mais importantes dos megaeventos são<br />
intangíveis e pretendem-se sobretudo com a projeção de imagem<br />
internacional e o aumento de felicidade e orgulho durante as<br />
semanas do evento. Se isso por si só são razões suficientes é difícil<br />
de dizer. Talvez para alguns países valha a pena. Para outros nem<br />
tanto.<br />
Claramente, os legados são mais positivos quanto mais os megaeventos<br />
estiverem inseridos numa politica mais abrangentes, que<br />
normalmente passa por uma restruturação urbana radical de uma<br />
cidade ou de uma parte desta. Bons exemplos são as olimpíadas de<br />
Barcelona e Londres e o Mundial de futebol da Alemanha. Têm-se<br />
também que países com maiores índices de desenvolvimento tendem<br />
a retirar mais proveitos de sediar megaeventos e como é de<br />
esperar necessitam de fazer menos investimentos, nomeadamente<br />
investimentos periféricos como aeroportos, ligações rodoviárias,<br />
entre outras.<br />
Para outros países, como Portugal, Africa do sul ou Brasil os megaeventos<br />
parecem apostas falhadas, em que o legado nada tem de<br />
positivo, onde em principal destaque ficam os elefantes brancos e<br />
as dívidas.<br />
Megaeventos: legado positivo ou herança pesada? Após esta matéria,<br />
de certo modo, a pergunta mantem-se, a cabe a cada leitor,<br />
após cuidadosa analise, definir uma resposta.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
SOFTWARE<br />
SAP MATCH INSIGHTS:<br />
O SOFTWARE “CAMPEÃO DO MUNDO”<br />
Tiago Dinis. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
E<br />
xiste sempre uma pergunta<br />
após uma grande vitória:<br />
Qual é o segredo? A vitória<br />
no campeonato do mundo<br />
da Alemanha não é excepção. Muito se<br />
tem falado das mudanças feitas pela federação<br />
alemã depois das derrotas do Euro<br />
2000 para Portugal e em 2002 no Mundial<br />
para o Brasil que resultou em mais e melhores<br />
academias de treino. E, a mudança<br />
das características procuradas nos jogadores<br />
nas formações, apostando em jogadores<br />
com mais habilidade em vez da tão<br />
característica força, sempre apontada aos<br />
jogadores gemanicos.<br />
Mas um ponto menos abordado mas possivelmente<br />
tão importante é a utilização do<br />
software SAP match insights.<br />
A aplicação SAP para desporto fornece<br />
um vasto conjunto de soluções e funcionalidades<br />
tecnológicas que garantem<br />
avançadas análises para as equipes e para<br />
as suas equipes técnicas com o principal<br />
propósito de aprimorar os desempenhos<br />
primeiro nos treinos e depois em competição.<br />
A análise de desempenho dos<br />
jogadores auxilia os treinadores com informações<br />
trabalhadas dos treinos e jogos de<br />
fácil compreensão e disponíveis em tempo<br />
real e em qualquer dispositivo móvel.<br />
A equipa técnica pode igualmente analisar<br />
performances individuais e por diversas<br />
categorias como velocidade, posição em<br />
campo, percentagens de acerto de passe –<br />
curto e longo, capacidade de dribles, etc.<br />
Neste ponto, Stegan Wagner, diretor da<br />
SAP no Brasil, afirma: “o mundo do desporto<br />
está a mudar com as novas tecnologias<br />
e se inovando em diversas aéreas,<br />
como experiencias dos adeptos, o monitoramento<br />
do desempenho dos jogadores, a<br />
gestão de equipas…”.<br />
É importante salientar que esta ferramenta<br />
não serve apenas para analisar as nossas<br />
equipas mas também analisar as equipas<br />
adversárias e os seus principais jogadores.<br />
Esta ferramenta pode ser extremamente<br />
útil na perceção da tática e dinâmicas de<br />
jogo praticadas pela equipa adversaria e na<br />
compreensão ao pormenor dos seus jogadores.<br />
Antes do jogo Brasil – Alemanha<br />
do mundial, os alguns responsáveis da<br />
equipe técnica alemã afirmaram conhecer<br />
muito bem a equipa canarinha já que a<br />
tinham analisado ao pormenor com a ferramenta<br />
aqui em observação. O resultado<br />
foi aquele que se conhece, a superação da<br />
equipa alemã em todos os aspetos do jogo,<br />
inclusive no resultado final.<br />
O jornalismo desportivo e os adeptos<br />
podem igualmente ter muito a ganhar<br />
com esta ferramenta, uma vez que ela<br />
incorpora inúmeras ferramentas para ir<br />
de encontra as necessidades destes, como<br />
uma leitura exata das equipas e dos seus<br />
atletas preferidos.<br />
Por último, olhando para a SAP somos<br />
obrigados a concordar que o espaço para<br />
o acaso e até de algum modo a sorte está<br />
claramente a diminuir no desporto profissional<br />
e mais particularmente no futebol.<br />
O futebol está a tornar-se científico.<br />
“A tecnologia no treino<br />
e no jogo é parte<br />
integrante há já muitos<br />
anos no desporto e<br />
a SAP match insights<br />
eleva em muito as tecnologias<br />
existentes para<br />
um patamar superior. ”.<br />
84 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
A SAP é uma das empresas líderes de aplicações de software para empresas.<br />
Apostando em todo o tipo de organizações, ela desenvolve aplicações<br />
para empresas de todos os tamanhos e setores. As aplicações desenvolvidas<br />
pela SAP tem como principal objetivo capacitar e facilitar a interpretação<br />
dos enormes quantidades de dados que hoje qualquer empresa gera<br />
e que se torna impossível ser feita sem ajuda digital. A SAP aposta em<br />
melhorar as condições para operar, decidir, adaptar e de colaboração para<br />
que os seus clientes possam crescer com sustentabilidade, que são já mais<br />
de 260 mil.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
APLICATIVO WEB<br />
YAHOO!<br />
SPORTACULAR<br />
O Aplicativo Web para acompanhar todas as noticias do desporto.<br />
Tiago Dinis. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
86 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
A<br />
tecnologia e mais precisamente<br />
os sistemas de<br />
informação e o software<br />
tem alterado se não mesmo<br />
revolucionado o desporto e a forma como<br />
ele é praticado ao mais alto nível nos<br />
últimos dez anos. Mas, esta mudança,<br />
ameaça agora chegar também ao adepto e<br />
à forma como este interage com o jogo e<br />
como acompanha as suas equipas e atletas<br />
preferidos. A democratização de aparelhos<br />
móveis com acesso à Internet como os<br />
tablets ou telemóveis de última geração,<br />
permitiram o rápido crescimento dos aplicativos<br />
Web. A imensa paixão dos adeptos<br />
e a sua imensa vontade de querer saber<br />
mais fez explodir o número de aplicações<br />
ligadas ao desporto. Neste artigo, analisamos<br />
o aplicativo Web: Yahoo Sportacular.<br />
Sportacular tornou-se numa das melhores<br />
e mais completas aplicações de desporto,<br />
possibilitando acesso rápido a pontuação,<br />
estatísticas, posições e noticias que todos<br />
os adeptos anseiam. Fundamental para<br />
disseca equipas e campeonatos de um<br />
conjunto alargado de modalidades, como<br />
são o caso do futebol – e os seus principais<br />
campeonatos e competições-, a NBA, o<br />
ténis, a Formula 1 ou o ciclismo, entre<br />
muitos outros.<br />
Esta ferramenta elemina a necessidade de<br />
navegar na Web para obter notícias desportivas.<br />
Basta selecione a opção da equipe<br />
que se quer seguir, a partir do menu, e abre<br />
uma nova janela com todas as notícias e<br />
informação atualizadas dessa equipa. É<br />
igualmente possível, criar alertas ajustáveis<br />
para jogos ou equipas: : início do jogo, fim<br />
de jogo, mudança de pontuação, etc. O<br />
aplicativo envia um ruído ou uma vibração<br />
como aviso de nova notificações.<br />
Fundamental para acompanhar as novidades<br />
como uma lesão do jogador, as<br />
transferências, o escândalo da equipe, ou<br />
simplesmente o mais recente Tweet de<br />
uma estrela. Sportacular puxa links para<br />
as principais notícias de fontes como Fox,<br />
ESPN, Yahoo! ou The Sporting News.<br />
Sportacular também se tornou uma ferramenta<br />
essencial para apostadores, uma<br />
vez que indica as “odds” para cada jogo.<br />
Socialmente, esta ferramenta permite fazer<br />
comentários sobre o jogo e publicá-las no<br />
Facebook e interagir com outros utilizadores.<br />
ESTATÍSTICAS<br />
NOTÍCIAS<br />
PONTUAÇÃO<br />
ATUALIZADAS<br />
Sportacular é uma<br />
ferramenta<br />
indispensável para<br />
seguir campeonatos,<br />
equipas e atletas de inúmeros<br />
campeonatos e<br />
de muitas modalidades.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
FALÊNCIAS<br />
A REALIDADE DE MUITOS ATLETAS POUCOS ANOS<br />
APÓS SE RETIRAREM DA COMPETIÇÃO<br />
78% DOS ATLETAS DA NFL E 60% DOS JOGADORES DA NBA ENTRAM EM<br />
FALÊNCIA CINCO ANOS APÓS A RETIRADA<br />
Vitor E. Santos colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
V<br />
ivemos num mundo altamente mediatizado. As<br />
estrelas do nosso tempo, onde se incluem os atletas<br />
profissionais, ganham mais num ano que a maioria<br />
dos cidadãos em toda a vida. No entanto, a vida<br />
desses mesmos atletas é bem menos glamorosa apenas alguns<br />
anos após abandonarem a alta competição, onde a maioria vive<br />
com sérios problemas financeiros. Algumas estatísticas apontam<br />
que 78% dos atletas na NFL e 60% dos jogadores da NBA entram<br />
em falência num período de cinco anos após o ultimar ano como<br />
profissionais. Em outras modalidades, como o futebol, as percentagens<br />
não diferem muito. Muitas são as razões que levam a<br />
esta triste realidade, abaixo analisamos algumas delas.<br />
Falta de conhecimento em finanças. A maioria dos atletas profissionais<br />
tem uma clara falta de conhecimento de gestão dos<br />
dinheiros que aferem. a maioria doa atletas não aprendeu progressivamente<br />
a lidar com dinheiro nem se qualificou nas escolas e<br />
universidades para isso, nem procura esse conhecimento depois.<br />
Abrindo assim caminho para o erro.<br />
Maus investimentos. Investir acaba por tornar-se uma prioridade<br />
para a maioria dos atletas, acreditando dessa forma precaver<br />
o futuro. No entanto, devido à falta de conhecimentos, ponto<br />
abordado acima, muitas vezes o investimento realizado mostra-se<br />
ruinoso.<br />
Gastos excessivos. Os atletas profissionais personificam a vida sem<br />
limites. Carros, casas e mulheres bonitas. E essa vida tem custos<br />
altos. A maioria das pessoas pensa, assim como muitos dos atletas,<br />
que o dinheiro chega e sobra para todos os luxos e caprichos. No<br />
entanto, como qualquer contabilista o pode dizer, um salário de 5<br />
milhões, após impostos e agente, rapidamente se transforma em<br />
2 milhões.<br />
Duração das carreiras. O tempo médio da carreira de um atleta de<br />
alta competição é baixo e o seu período auge ainda é menor, em<br />
média menor a cinco anos, o que fornece uma janela muito curta<br />
ao atleta para ganhar “milhões”. E isto assumindo que chega a um<br />
patamar superior e de destaque onde apenas os melhores dos melhores<br />
conseguem atingir.<br />
Más companhias. A maioria dos atletas transformaram-se em<br />
PMEs – pequenas e médias empresas, com uma entourage gigantesca<br />
sempre ao seu redor que precisa de ser “alimentada”. Muitas<br />
vezes, essas mesmas más companhias estão na origem dos maus<br />
investimentos.<br />
Na página ao lado, alguns doa atletas mais destacados que declararam<br />
falência.<br />
88 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
Nem mesmo os ganhos entre $300 e $400 milhões por<br />
Mike Tyson ao longo da sua carreira o poupara, à falência.<br />
Demasiadas extravagancias, um divórcio dispendioso<br />
e uma vida de polémicas levaram todo o dinheiro.<br />
George Best foi no seu tempo a estrala entre as estrelas.<br />
Mas uma vida de excessos, onde o álcool e as mulheres<br />
nunca faltavam, levaram o craque á falência.<br />
JohnArne Riise, jogador internacional pela Dinamarca,<br />
declarou falência em 2007, enquanto ainda jogava ao<br />
mais alto nível na Premier League no Fulham. A razão:<br />
as dívidas. Na altura, Riise interpôs um processo em<br />
tribunal contra o seu agente.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
PUBLIQUE CONOSCO<br />
As páginas das nossas revistas e da nossa plataforma on-line estão abertas<br />
para publicação de artigos e matérias por parte dos nossos leitores.<br />
Neste momento aceitamos artigos de opinião, matérias informativas, cartoons,<br />
contos literários, Banda desenhada (ficção) e artigos científicos.<br />
Antes de enviar algum documento devera consultar os Termos e Condições,<br />
na nossa plataforma on-line.<br />
Para Mais informações visite: www.desportoeesport.com/publique-conosco/<br />
90 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
Atletas das duas delegações trocam<br />
presentes.<br />
MOMENTO HISTÓRICO<br />
1971 e o encontro entre as equipas de ping-pong chinesas e<br />
norte-americanas.<br />
Vitor E. Santos colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
D<br />
urante praticamente vinte<br />
e dois anos, desde o período<br />
pós segunda Guerra<br />
Mundial e início da década<br />
de setenta, as relações entre a China e<br />
os EUA foram inexistentes. Mas, a situação<br />
mudou em 1971, quando a delegação<br />
chinesa de ping-pong convidou a equipa<br />
norte-americana a visitar a china.<br />
A equipa dos Estados unidos de ténis de<br />
mesa estava em Nagoya, Japão, em 1971<br />
em preparação para os campeonatos do<br />
Mundo desta modalidade, quando surgiu<br />
o convite por parte da delegação chinesa.<br />
À altura, o convite foi divulgado como<br />
espontâneo e da exclusiva responsabilidade<br />
dos responsáveis pelo ténis de mesa<br />
chinesas. A realidade, é bem mais prática,<br />
e foi orquestrada pelo governo Chinês.<br />
O principal objetivo foi iniciar um primeiro<br />
contacto com o país norte-americano para<br />
futuras relações futuras. Assim, a equipa<br />
americana de ping-pong tornaram-se nos<br />
primeiros americanos a visitar Pequim<br />
desde 1949. Esta visita teve um extremo<br />
impacto na transformação na perceção<br />
que os americanos tinham da Cina comunista,<br />
lembremos que a guerra fria estava<br />
no auge, e criou o cenário perfeito para a<br />
importante viagem do presidente Nixon<br />
em 1971. E à criação de ligações comerciais<br />
e diplomáticas entre estes países.<br />
Durante a semana de 09 de junho de 2008,<br />
foi realizado um evento de ténis de mesa de<br />
três dias na Biblioteca Presidencial Nixon<br />
Richard e Museu Yorba Linda, Califórnia.<br />
Os membros originais de ambos os chineses<br />
e americanos equipas de pinguepongue<br />
de 1971 estavam presentes e competiram<br />
novamente.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
F1 EM PORTUGAL:<br />
QUANTO CUSTARIA?<br />
€ 20 milhões<br />
Segundo Carlos Barbosa, presidente do ACP, sediar uma prova de F1 custaria um valor aproximado aos<br />
vinte milhões de euros. Barbosa afirma que existe inclusive o interesse que a formula 1 volte a terras lusas,<br />
sugerindo que o próprio Ecclestone deseja voltar a Portugal. Mas a falta de apoios por parte das instituições<br />
portuguesas parece dificultar, se não mesmo condenar as possibilidades dos circuitos portugueses, nomeadamente<br />
o circuito do Estoril e do Algarve. A concorrência com países do Médio Oriente, e o seu dinheiro<br />
fresco, é também um forte entrave.<br />
92 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com
O CUSTO SERIA DE:<br />
MEDALHAS OLÍMPICAS<br />
QUAL O CUSTO DE UMA MEDALHA DE OURO: CASO<br />
ELA FOSSE FEITA 100% DE OURO<br />
$75,992.5<br />
Na sua grande maioria, os prémios e distinções desportivas individuais são feitas com trofeus e medalhas de<br />
ouro. Ou melhor, banhadas a ouro. As medalhas olímpicas não são exceção. Há alguns anos, foi notícia que<br />
a medalha olímpica é feita com apenas 1% de ouro. Assim, uma das maiores curiosidades da maioria das<br />
pessoas é: qual o custo de uma medalha totalmente feita de ouro? Felizmente a revista Wired fez as contas.<br />
A medalha olímpica de ouro olímpica <strong>2014</strong> tem um diâmetro de 100 mm e uma 10 mm de espessura, com<br />
uma massa de 531 gramas. Caso fosse 100% de ouro, que teria uma massa de 1,52 kg. Usando o preço<br />
de ouro de 49,5 dólares por grama de ouro, colocaria a medalha a um preço de (apenas para o ouro) $<br />
75,992.5.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www. Desprto&<strong>Esport</strong>.com
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
WWW. DESPORTOEESPORT.COM