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turismo<br />
Paisagem<br />
mágica<br />
Uma das regiões mais ricas da Itália, o Vêneto lidera o fluxo turístico do<br />
país graças aos seus castelos e cidadelas encravados em colinas de parreiras<br />
Castelos, cidadelas, mansões<br />
e habitações históricas,<br />
salpicados entre vales<br />
e colinas forradas de<br />
parreiras e árvores frutíferas. Assim<br />
é o Vêneto, uma região mágica<br />
de 18.391 quilômetros quadrados<br />
com quase cinco milhões de<br />
habitantes. A capital da região,<br />
a majestosa Veneza, atrai milhares<br />
de turistas ao longo do ano.<br />
Mas o charme de cidades menores<br />
como Vicenza, Pádua, Treviso<br />
ou Belluno instigam a vontade de<br />
percorrer outras piazzas e ruelas.<br />
Quem se aventura pela região<br />
se depara com antigas ruínas<br />
da pré-história, entrelaçadas<br />
com os vestígios da idade média<br />
e dos impérios romano e bizantino.<br />
Percorre obras do período<br />
renascentista e arquiteturas sob<br />
influência desde a corte austrohúngara<br />
até as modernas construções<br />
de nossa época.<br />
Encravado na parte nordeste<br />
da Itália, o Vêneto é banhado pelo<br />
Mar Adriático, tendo seus confins<br />
territoriais na cadeia montanhosa<br />
dos Alpes Ocidentais e nas<br />
vizinhas regiões de Friuli-Venezia<br />
Giulia, Lombardia e Emilia Romanha,<br />
além de fazer fronteira com<br />
Mais de 50 milhões de turistas<br />
passam anualmente pelo<br />
Vêneto. Destaque para Treviso<br />
(alto), Vicenza (acima) e<br />
Bassano del Grappa (ao lado)<br />
Lisomar Si lva<br />
Correspondente • Ro m a<br />
a Áustria. Apresenta também os<br />
fortes traços herdados da potência<br />
econômica e comercial veneziana<br />
do século 16, que durou quase<br />
trezentos anos. Sofreu mais tarde<br />
os contragolpes das batalhas travadas<br />
com os povos otomanos e<br />
com Napoleão III. Acabou anexado<br />
primeiro à Áustria e, depois de<br />
inúmeras guerras sangrentas, ao<br />
reino lombardo-vêneto, para finalmente<br />
pertencer à Itália no século<br />
19. Sofreu as agruras das guerras<br />
devastadoras que marcaram o século<br />
20 com a intensa emigração<br />
de seus cidadãos para outros continentes<br />
- os italianos que desembarcaram<br />
no Brasil eram, na maioria,<br />
de origem vêneta.<br />
Hoje o Vêneto, uma das regiões<br />
mais ricas da Itália, lidera o<br />
fluxo turístico do país e representa<br />
uma das mais atraentes áreas<br />
européias do novo destino migratório<br />
originário de outros países.<br />
Mais de 50 milhões de turistas<br />
passam pela região. É possível explorá-la<br />
navegando pelo rio Brenta<br />
ou explorando a malha ferroviária<br />
local. Muitos, porém, optam por<br />
percorrê-la de carro para conhecer<br />
localidades menores, que oferecem<br />
o melhor da produção local<br />
da cultura enogastronômica.<br />
Arte viva<br />
Obras de arte de célebres artistas<br />
do calibre de Tintoretto, Tiziano,<br />
Lorenzo Lotto, Tiepolo, Paolo Veronese<br />
e Andrea Palladio estão presentes<br />
quase em todo o território,<br />
em cidades que mantêm uma clara<br />
organização do espaço urbano.<br />
Tem-se a sensação de que o tempo<br />
ganha um ritmo diverso, pois<br />
se torna perfeitamente possível<br />
visitar museus, antigas mansões<br />
e praças caminhando com muita<br />
tranqüilidade, com pausa para um<br />
aperitivo nos mais tradicionais cafés<br />
ou desfrutar de uma refeição<br />
com pratos típicos do lugar. Mesmo<br />
sendo relativamente pequenas<br />
em sua conformação urbana, as<br />
cidades vênetas se transformam<br />
em mágicos espaços noturnos<br />
para passeios ao ar livre. No verão<br />
europeu, praças e monumentos<br />
tornam-se cenários de grandes<br />
eventos musicais e teatrais.<br />
Verona, por exemplo, reserva<br />
aos turistas o mais importante<br />
evento do verão europeu: o festival<br />
lírico ao ar livre, com suntuosas<br />
cenografias montadas no espaço<br />
da Arena, anfiteatro do Império<br />
romano construído em 30 d.C.. A<br />
Arena de Verona é o terceiro maior<br />
anfiteatro do mundo depois do<br />
Coliseu de Roma e de Santa Maria<br />
Cápua Vetere, perto de Nápoles.<br />
A cidade é também uma excelente<br />
opção para os amantes das<br />
artes plásticas. Lá, Castelvecchio,<br />
um imponente castelo construído<br />
no século 14, abriga um das mais<br />
belas galerias de arte do Vêneto.<br />
Estão expostos obras, objetos artísticos,<br />
jóias e adornos pertencentes<br />
aos períodos do império romano<br />
e da expansão do cristianismo,<br />
com outras seções dedicadas à<br />
arte medieval e renascentista. Esse<br />
último período se transformou em<br />
fonte de inspiração para a grande<br />
mostra com 140 obras de arte<br />
que virão diretamente do Museu<br />
do Louvre, em Paris – entre elas<br />
a <strong>La</strong> Belle Ferronnière de Leonardo<br />
da Vinci e Cristo na Cruz de El Greco<br />
– e permanecerão expostas em<br />
Verona no Palácio Gran Guardia, a<br />
partir do dia 19 de setembro.<br />
A 51 quilômetros de Verona<br />
está Vicenza. A cidade é um importante<br />
patrimônio arquitetônico<br />
integrado à política de tutela da<br />
UNESCO. Tudo graças a um ex-pedreiro<br />
transformado em arquiteto.<br />
Andrea Palladio criou, no século<br />
16, as mais belas mansões surgidas<br />
na encosta dos Montes Béricos,<br />
ao longo do rio Brenta. Importante<br />
centro industrial e econômico<br />
constituído de empresas<br />
pequenas e médias, Vicenza ocupa<br />
o terceiro lugar na renda nacional<br />
<strong>italiana</strong> pelo faturado em exportações,<br />
com atividades concentradas<br />
nos setores metal-mecânico,<br />
têxtil e da produção de jóias. Ao<br />
longo do ano, são realizadas quatro<br />
grandes feiras de luxo, dedicadas<br />
ao mundo das jóias.<br />
Por ser relativamente pequena,<br />
Vicenza requer apenas dois dias<br />
para um passeio turístico. O ponto<br />
de partida é a Piazza dei Signori,<br />
onde se encontram alguns dos<br />
mais importantes edifícios e monumentos<br />
históricos da cidade. Como<br />
na Praça São Marco, de Veneza,<br />
existem na praça vicentina duas<br />
colunas com o Leão alado, símbolo<br />
histórico da região, além da Torre<br />
Bissara e a imponente Basílica realizada<br />
por Palladio no século 16.<br />
O Olímpico é o mais antigo<br />
teatro fechado e preservado da<br />
Europa. Construído em boa parte<br />
com madeira e estuque pintado<br />
com a arte do tromp l’oei, dá a ilusão<br />
de um acabamento feito em<br />
mármore. Palladio morreu antes<br />
que o teatro fosse concluído, mas<br />
seu discípulo Vincenzo Scamozzi<br />
completou a construção do edifício<br />
em 1585. É interessante visitar<br />
também as Villas Valmarana ai<br />
Nani - recoberta com afrescos de<br />
Tiepolo - e <strong>La</strong> Rotonda, a mais<br />
famosa obra de Palladio.<br />
Santo Antonio<br />
Apenas 30 quilômetros separam<br />
Vicenza de Pádua, sede de um dos<br />
mais antigos centros universitários<br />
europeus – com Galileu Galilei<br />
entre seus ilustres professores<br />
– e cidade do padroeiro Santo Antonio.<br />
A grande surpresa para os<br />
olhos dos visitantes se concentra<br />
nas paredes da magnífica Capella<br />
degli Scrovegni, construída em<br />
1303, com os maravilhosos afrescos<br />
que o artista florentino Giotto<br />
criou a partir de 1304 e que<br />
foram restaurados recentemente.<br />
Outros artistas como Donatello<br />
e Andrea Mantegna também deixaram<br />
preciosas obras de arte na<br />
cidade. Depois de ver essas e outras<br />
obras artísticas e arquitetônicas<br />
como o Duomo e o Batistério,<br />
além do Palazzo della Ragione, é<br />
fundamental fazer uma pausa no<br />
célebre Caffè Pedrocchi, famoso<br />
desde 1831 por jamais fechar as<br />
suas portas aos fregueses.<br />
À esquerda, a Basílica de Santo<br />
Antônio, em Pádua. Acima,<br />
a cidade de Belluno entre as<br />
Dolomite, belezas arquitetônicas e<br />
naturais que atraem<br />
Em Pádua, é possível conhecer<br />
a exótica Basílica de Santo Antonio<br />
com seus minaretes ou o Oratório<br />
de San Giorgio, com afrescos<br />
de surpreendente beleza, realizados<br />
por Tiziano. Mas o bom mesmo<br />
é começar a curtir o passeio<br />
com o burchiello, navegando pelo<br />
rio Brenta. Todos os anos, de março<br />
a outubro, podem-se fazer itinerários<br />
breves ou que durem toda<br />
a jornada, até Veneza, para se<br />
conhecer as habitações para veraneio<br />
da antiga nobreza vêneta.<br />
Comes e bebes<br />
A cozinha vêneta é uma combinação<br />
de sabores e aromas tendo<br />
como base os peixes de água doce<br />
e salgada, além dos frutos-domar<br />
pescados ao longo da costa<br />
adriática. Mas não faltam os<br />
produtos de estação, como o radicchio<br />
(endivia) de Treviso e os<br />
aspargos de Bassano del Grappa,<br />
com uma rica produção de queijos<br />
e carnes. Dois pratos representam<br />
a especialidade daquela<br />
cozinha: polenta e baccalà (pedaços<br />
de bacalhau banhado e cozido<br />
no leite, acompanhado com<br />
polenta) e fegato alla veneziana<br />
(fígado de novilho cozido com<br />
cebolas em rodelas).<br />
Em termos de vinhos, a produção<br />
vêneta – cerca de 7 milhões<br />
de hectolitros, mais da<br />
metade somente na província<br />
de Verona – equivale a 12% da<br />
nacional. Existem produtos de<br />
excelência como o Amarone di<br />
Valpolicella, Bardolino, Recioto<br />
di Soave, Torcolato di Breganze,<br />
originários de 19 regiões com<br />
Denominações de Origem, que<br />
determinam mais de 88 tipologias<br />
diferentes de vinho.<br />
44 C o m u n i t à I t a l i a n a / Ag o s t o 2008<br />
A g o s t o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 45