Sistematização, correção e adubação adequadas dão ao solo as ...
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Sustentabilidade<br />
Modernização agrícola abre<br />
espaço para a vida silvestre<br />
Eliminação d<strong>as</strong><br />
queimad<strong>as</strong><br />
favorece o retorno<br />
gradativo de<br />
espécies divers<strong>as</strong><br />
n<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> de<br />
conservação d<strong>as</strong><br />
usin<strong>as</strong><br />
Fernando Dant<strong>as</strong><br />
Reprodução: K<strong>as</strong>sius Santos/Ecobiolife<br />
A<br />
manutenção e a recomposição de<br />
mat<strong>as</strong>, em especial Áre<strong>as</strong> de<br />
Preservação Permanente (APPs), e o<br />
estabelecimento legal em alguns<br />
Estados para a redução e o fim da queima controlada<br />
de cana-de-açúcar têm promovido alterações<br />
profund<strong>as</strong> nos métodos e procedimentos<br />
aplicados no setor sucroenergético, principalmente<br />
no que diz respeito às questões ambientais.<br />
Isso porque <strong>as</strong> norm<strong>as</strong> que estabelecem o<br />
fim da queima, como é o c<strong>as</strong>o da Lei nº<br />
15.834/2006, de Goiás, e a Lei Estadual de São<br />
Paulo, de nº 11.241/2002, exigem um planejamento<br />
a ser realizado pel<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> do setor e<br />
que deve ser entregue anualmente <strong>ao</strong>s órgãos<br />
responsáveis de fiscalização, de modo a adequar<br />
<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> de produção <strong>ao</strong> plano de eliminação de<br />
queimad<strong>as</strong>. Com isso, velh<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> estão<br />
sendo abandonad<strong>as</strong> e, gradativamente, vão<br />
dando lugar a técnic<strong>as</strong> e ações mais eficientes e<br />
modern<strong>as</strong>, como é o c<strong>as</strong>o da colheita mecanizada.<br />
Esse fator leva a outra realidade ambiental<br />
que, neste c<strong>as</strong>o, é menos agressiva <strong>ao</strong> meio<br />
ambiente.<br />
Com a eliminação d<strong>as</strong> queimad<strong>as</strong> em escala<br />
cada vez maior até a sua extinção, por exemplo,<br />
o que se percebe é o retorno gradativo de animais<br />
que foram prejudicados não só com a<br />
prática da queima, m<strong>as</strong> também com a supressão<br />
de seu hábitat natural para a implantação<br />
de canaviais. Antes sumidos de mat<strong>as</strong> e áre<strong>as</strong><br />
próxim<strong>as</strong> de usin<strong>as</strong>, agora é possível avistar a<br />
presença de gatos do mato, onç<strong>as</strong>-pard<strong>as</strong>,<br />
lobos-guará, veados, tamanduás, tatus, cobr<strong>as</strong>,<br />
capivar<strong>as</strong>, pac<strong>as</strong>, além de um grande número de<br />
outros integrantes da fauna, como insetos,<br />
pequenos roedores e pássaros - pomb<strong>as</strong>, nhambus,<br />
codorn<strong>as</strong>, perdizes etc.<br />
O resgate e o incremento da fauna são, com<br />
certeza, um dos impactos positivos sobre o meio<br />
ambiente de maior significado, pois, com o fim<br />
da queima, além de reduzir o impacto sobre<br />
muit<strong>as</strong> espécies – já que a cana colhida crua<br />
permite que a fauna tenha maior tempo para<br />
fuga –, se proporciona maiores índices de preservação<br />
e eliminação de ameaç<strong>as</strong> de extinção de<br />
animais nativos d<strong>as</strong> respectiv<strong>as</strong> regiões do País. O<br />
retorno dos animais <strong>ao</strong> seu hábitat natural e a sua<br />
reprodução e multiplicação são consequênci<strong>as</strong><br />
naturais do fim da prática da queima. Porém,<br />
deve-se alertar para o fato de que esse fenômeno<br />
seja devidamente acompanhado pelos órgãos e<br />
autoridades competentes, pois existe o risco de<br />
ocorrência de um desequilíbrio entre <strong>as</strong> espécies.<br />
Ao mesmo tempo em que esses animais retornam,<br />
sobram dúvid<strong>as</strong> de produtores rurais e de<br />
representantes de usin<strong>as</strong> do que fazer ness<strong>as</strong><br />
situações. Por esse motivo, a União da Indústria<br />
de Cana-de-Açúcar (Unica) e o Instituto Chico<br />
Mendes de Conservação da Biodiversidade<br />
(ICMBio), órgão ligado <strong>ao</strong> Ministério do Meio<br />
Ambiente, <strong>as</strong>sinaram em junho deste ano acordo<br />
para a proteção da onça-parda, considerado o<br />
segundo maior felino do Br<strong>as</strong>il e que corre perigo<br />
de extinção no Estado de São Paulo. A escolha<br />
deste animal foi feita porque a onça-parda está<br />
p<strong>as</strong>sando por um ressurgimento que pesquisadores<br />
atribuem, em grande medida, às mudanç<strong>as</strong><br />
dos últimos anos nos canaviais paulist<strong>as</strong>.<br />
Especificamente, à redução no uso do fogo e à<br />
manutenção e recomposição de mat<strong>as</strong>.<br />
Segundo a analista ambiental da Unica, Beatriz<br />
Secaf, a proposta do trabalho e parceria que será<br />
desenvolvida é de alertar todo o público envolvido<br />
– desde canavieiros <strong>ao</strong>s colaboradores de usin<strong>as</strong><br />
– sobre como proceder em c<strong>as</strong>o da ocorrência<br />
desses animais, principalmente a onça-parda.<br />
Durante dois anos, o acordo vai viabilizar três<br />
eixos de atuação: a capacitação de técnicos d<strong>as</strong><br />
empres<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> à Unica por meio de<br />
workshops; a elaboração de um manual de procedimentos;<br />
e apoio à construção de um centro<br />
para reabilitação de animais para que sejam posteriormente<br />
reintegrados à natureza e monitorados<br />
via satélite. “A parceria reforça o crescente<br />
envolvimento d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> à entidade<br />
com o manejo e a conservação da biodiversidade<br />
que habita os canaviais e seus arredores. Além<br />
disso, esta pode ser uma oportunidade para<br />
ampliarmos o impacto dest<strong>as</strong> ações e, com o<br />
apoio do ICMBio, aperfeiçoarmos o que já vem<br />
sendo feito,” explica Beatriz.<br />
O projeto visa contribuir ainda com o processo<br />
de renovação populacional da espécie e permitir<br />
que os animais cumpram seu papel no ecossistema,<br />
como predadores de topo da cadeia alimentar<br />
da região. Essa ação beneficiará indiretamente os<br />
produtores de cana-de-açúcar, uma vez que a<br />
onça-parda se alimenta de espécies menores<br />
como javalis, lebres e capivar<strong>as</strong>, responsáveis por<br />
perd<strong>as</strong> significativ<strong>as</strong> de produtividade, já que se<br />
alimentam dos brotos da cana-de-açúcar. “O<br />
envolvimento do setor sucroenergético, que já<br />
vem contribuindo para a recuperação da fauna no<br />
Estado, é essencial em iniciativ<strong>as</strong> como essa para<br />
a conservação da biodiversidade por meio da<br />
adoção de melhores prátic<strong>as</strong>,” acredita a analista<br />
do ICMBio, Márcia Rodrigues.<br />
Mudança de postura<br />
Há alguns anos, <strong>as</strong> usin<strong>as</strong> do setor sucroenergético<br />
começaram a se adaptar às nov<strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong><br />
ambientais. Existe uma maior consciência<br />
ambiental e da necessidade de preservação do<br />
meio ambiente, tanto é que a expressão desenvolvimento<br />
sustentável nunca foi tão dita e<br />
praticada quanto agora. Algum<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> têm<br />
estabelecido em sua Licença Ambiental ou no<br />
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) - e no<br />
relatório resultado desse estudo, conhecido<br />
como Relatório de Impacto<br />
Ambiental (RIMA) -, a necessidade de<br />
monitorar a fauna e a flora. Nada impede<br />
também que empres<strong>as</strong> do setor façam<br />
parceri<strong>as</strong> com ONG´s que atuam na proteção<br />
dos animais, no sentido de resguardar<br />
e preservar a fauna, principalmente<br />
aquel<strong>as</strong> espécies atingid<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> queimad<strong>as</strong><br />
ou ameaçad<strong>as</strong> de extinção.<br />
É o c<strong>as</strong>o da Odebrecht Agroindustrial,<br />
empresa da Organização Odebrecht, que<br />
reúne nove unidades produtiv<strong>as</strong>, sendo<br />
três del<strong>as</strong> em Goiás. A empresa adota o<br />
compromisso de preservação da biodiversidade<br />
e de conservação dos biom<strong>as</strong> locais<br />
onde atua. A Organização Odebrecht possui<br />
parceria com o Instituto Onça Pintada<br />
(IOP) para o monitoramento de espécies<br />
da fauna no entorno de su<strong>as</strong> unidades em<br />
Alto Taquari (MT) e Mineiros (GO). São<br />
locais próximos da n<strong>as</strong>cente do Araguaia e<br />
do Parque Nacional d<strong>as</strong> Em<strong>as</strong>.<br />
Segundo o supervisor do Polo Araguaia,<br />
Fabiano Zillo, a proposta é avaliar se há<br />
equilíbrio e desequilíbrio da fauna na<br />
região. O acompanhamento é feito por<br />
meio de armadilh<strong>as</strong> fotográfic<strong>as</strong>, que<br />
detectam populações, e colares georreferenciados,<br />
que ajudam a identificar os<br />
hábitos dos animais, principalmente da<br />
onça pintada. Ele explica que a onça foi<br />
escolhida como foco porque se há a presença<br />
do animal na região, significa que<br />
toda a cadeia está preservada. “É porque a<br />
onça pintada está no topo da cadeia. O<br />
registro desse animal circulando pelos<br />
canaviais e áre<strong>as</strong> próxim<strong>as</strong>, representa que<br />
a população continua em equilíbrio”,<br />
explica.<br />
Fabiano informa que o trabalho de<br />
monitoramento começou há qu<strong>as</strong>e sete<br />
anos, época em que <strong>as</strong> unidades p<strong>as</strong>saram<br />
a atuar no Polo Araguaia. Antes desse<br />
período, orienta o supervisor, o Instituto<br />
Onça Pintada tinha informações apen<strong>as</strong><br />
do impacto causado pela entrada da produção<br />
de grãos. “Como a cana-de-açúcar<br />
é mais recente, decidimos por essa parceria<br />
para entender como seria a relação da<br />
fauna com a produção, se seria positiva e<br />
para ter dados comportamentais”, diz. Ele<br />
enfatiza também que todo o monitoramento<br />
e estudo serão a longo prazo, e que<br />
os resultados que vão surgir ajudarão a<br />
desenvolver trabalhos posteriores de preservação<br />
da fauna e da flora. “Exemplo<br />
disso são os corredores ecológicos. Por<br />
meio do monitoramento, poderemos identificar<br />
<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> preferenciais dos animais”,<br />
reforça.<br />
Você vai alimentar o mundo<br />
e nós vamos estar <strong>ao</strong> seu lado.<br />
Agora e POR GERAÇÕES.<br />
28 de julho. Dia do Agricultor.<br />
26 • CANAL, Jornal da Bioenergia Julho de 2013 • 27