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O País dos - Canal : O jornal da bioenergia

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Goiânia/GO dezembro de 2011 Ano 6 N° 63<br />

www.canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

9912258380/2010-DR/GO<br />

Mac Editora<br />

REMETENTE<br />

Caixa Postal 4116<br />

A.C.F Serrinha<br />

74823-971 - Goiânia - Goiás<br />

Energia eólica<br />

O País <strong>dos</strong><br />

ventos<br />

Brasil já possui 64<br />

usinas eólicas em<br />

operação e até 2014<br />

estará com cerca de<br />

7 GW de potência<br />

instala<strong>da</strong><br />

IMPRESSO - Envelopamento autorizado. Pode ser aberto pelo ECT


Nós aju<strong>da</strong>mos<br />

você a se comunicar<br />

com mais energia<br />

Clientes: Asmego - <strong>Canal</strong>, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - FGM - Grupo Naoun - Grupo SJC - GSA - Jornal do MP - Pontal Engenharia<br />

Av. T-63, 984 - Conj. 215 - Ed. Monte Líbano Center, Setor Bueno<br />

Goiânia - GO - Cep 74 230-100 - Fone (62) 3093 4082


10 Minas Gerais<br />

Segundo maior produtor<br />

de cana do País, Minas<br />

Gerais é o Estado<br />

retratado na última<br />

matéria <strong>da</strong> série Polos<br />

Sucroenergéticos.<br />

Divulgação/Brumazi<br />

26 Mais brasil<br />

Conheça as dicas do<br />

<strong>Canal</strong> para você que<br />

quer viajar e conhecer<br />

lugares especiais no<br />

seu período de férias.<br />

divirta-se!<br />

06 Cana multiuso<br />

Novas tecnologias na<br />

utilização do etanol<br />

focam produtos que<br />

tinham nos combustíveis<br />

fósseis a única fonte de<br />

matéria-prima.<br />

Tropical BioEnergia<br />

14 Colheita<br />

Erros diversos causam<br />

eleva<strong>da</strong>s per<strong>da</strong>s na<br />

colheita mecaniza<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

cana-de-açúcar, mas é<br />

possível reduzi-las a níveis<br />

razoáveis.<br />

04 Entrevista<br />

Adézio José Marques,<br />

presidente do Ceise Br,<br />

fala sobre os desafios que<br />

se apresentam à cadeia<br />

produtiva do setor<br />

sucroenergético.<br />

canal, o Jornal <strong>da</strong> Bioenergia, é uma publicação <strong>da</strong> MAC Editora e<br />

Jor na lis mo Lt<strong>da</strong>. - CNPJ 05.751.593/0001-41<br />

Diretor Executivo: César Rezende - diretor@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

Diretora Editorial: Mirian Tomé DRT-GO-629 - editor@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

Gerente Administrativo: Patrícia Arru<strong>da</strong> - financeiro@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

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Executiva de atendimento COMERCIAL: Tatiane Mendonça - atendimento@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

Editor: Evandro Bittencourt DRT-GO - 00694 - re<strong>da</strong>cao@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

Reportagem: Aline Leonardo, Evandro Bittencourt, Fernando Dantas e Mirian Tomé<br />

Estagiária: Gilana Nunes - <strong>jornal</strong>ismo@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

DIREÇÃO DE ARTE: Fábio Santos - arte@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

Banco de Imagens: UNICA - União <strong>da</strong> Agroindústria Canavieira de São Paulo: www.unica.<br />

com.br; SIFAEG - Sindicato <strong>da</strong> Indústria de Fabricação de Álcool do Estado de Goiás: www.sifaeg.<br />

com.br; / Re<strong>da</strong>ção: Av. T-63, 984 - Conj. 215 - Ed. Monte Líbano Center, Setor Bueno - Goiânia -<br />

GO- Cep 74 230-100 Fone (62) 3093 4082 - Fax (62) 3093 4084 - email: canal@canal<strong>bioenergia</strong>.<br />

com.br / Tiragem: 9.000 exemplares / Impressão: Ellite Gráfica – ellitegrafica2003@yahoo.com.<br />

br / CANAL, o Jornal <strong>da</strong> Bioenergia não se responsabiliza pelos conceitos e opiniões emiti<strong>dos</strong><br />

nas reportagens e artigos assina<strong>dos</strong>. Eles representam, literalmente, a opinião de seus autores.<br />

É autoriza<strong>da</strong> a reprodução <strong>da</strong>s matérias, desde que cita<strong>da</strong> a fonte .<br />

Capa: Fotomontagem de Fábio Santos<br />

“Porque a tua graça é melhor<br />

do que a vi<strong>da</strong>; os meus lábios te<br />

louvam..” (Sl 63:3)<br />

Carta do editor<br />

Um exemplo para o mundo<br />

Mi ri an To mé<br />

edi tor@ca nal bi o e ner gia.com.br<br />

Embora não tenha sido<br />

excepcional, 2011 foi um ano<br />

de avanços e, sobretudo, de<br />

amadurecimento. O setor<br />

agrícola brasileiro apresentou rentabili<strong>da</strong>de e o Brasil<br />

se mostrou fortalecido diante <strong>da</strong> crise na Europa,<br />

evidenciando a força do nosso mercado interno.<br />

Nesse contexto, temos a dimensão <strong>da</strong> força do<br />

Brasil neste momento histórico em que um<br />

gigantesco contingente <strong>da</strong> população ascende à<br />

classe média, passando a consumir mais, tornando<br />

mais robusta e menos dependente a economia<br />

brasileira de outros países.<br />

Mas é certo que não podemos nos acomo<strong>da</strong>r com<br />

os avanços já obti<strong>dos</strong> nem hesitar na adoção de<br />

medi<strong>da</strong>s que desenvolvam ain<strong>da</strong> mais a nossa<br />

economia, especialmente no que se refere ao<br />

fortalecimento de nossas indústrias. Elas têm papel<br />

fun<strong>da</strong>mental na geração de divisas e de empregos e<br />

precisam ser estimula<strong>da</strong>s pelo governo federal a se<br />

tornarem ca<strong>da</strong> vez mais competitivas. Assim teremos<br />

não só um 2012 melhor, teremos um futuro de<br />

crescimento sustentável.<br />

Nesta última edição de 2011 este assunto é<br />

abor<strong>da</strong>do na entrevista com Adézio Marques,<br />

presidente do Ceise Br. Trazemos ain<strong>da</strong> o<br />

surpreendente desenvolvimento <strong>da</strong> energia eólica no<br />

Brasil, em nossa reportagem de capa, e diversas outras<br />

matérias produzi<strong>da</strong>s com o objetivo principal de<br />

manter nossos leitores sempre bem informa<strong>dos</strong>.<br />

Boa leitura. Que 2012 seja um ano repleto de<br />

boas notícias para to<strong>dos</strong> nós!<br />

www.twitter.com/canalBioenergia<br />

Assine o CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - Tel. 62.3093-4082 assinaturas@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

O CANAL é uma publicação mensal de circulação nacional e está disponível na internet nos endereços:<br />

www.canal<strong>bioenergia</strong>.com.br e www.sifaeg.com.br<br />

Dezembro de 2011 • 3


Entrevista Adézio José Marques, presidente do CEISE Br<br />

Sinergia na<br />

cadeia produtiva<br />

Evandro Bittencourt<br />

Adézio José Marques é o atual presidente<br />

do Centro Nacional <strong>da</strong>s<br />

Indústrias do Setor Sucroenergético e<br />

Biocombustíveis (CEISE Br) e diretor<br />

titular do Centro <strong>da</strong>s Indústrias do Estado de<br />

São Paulo (CIESP Sertãozinho).<br />

Natural de Sertãozinho (SP), graduado<br />

em Administração de Empresas pelo Centro<br />

Universitário Moura Lacer<strong>da</strong>, acumula<br />

experiências como Membro do Conselho de<br />

Orientação Técnica em Relações Industriais<br />

(Cotri) <strong>da</strong> Federação <strong>da</strong> Indústria do Estado<br />

de São Paulo (Fiesp). É diretor-presidente<br />

<strong>da</strong> Camaq, Caldeiraria e Máquinas<br />

Industriais, instala<strong>da</strong> no município de<br />

Sertãozinho; sócio-diretor <strong>da</strong> Usina<br />

Alvora<strong>da</strong> do Bebedouro, em Guaranésia<br />

(MG) e sócio-diretor <strong>da</strong> Usina Alvora<strong>da</strong> do<br />

Oeste, em Presidente Prudente (SP). Adézio<br />

também foi diretor-presidente <strong>da</strong><br />

Cooperativa de Crédito <strong>dos</strong> Empresários<br />

Industriais e Comerciais <strong>da</strong> Alta Mogiana<br />

(Sicredi).<br />

Divulgação<br />

O Ceise Br tem atuado de forma sinérgica com os<br />

outras enti<strong>da</strong>des representantes <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />

canavieira , a exemplo <strong>da</strong> Unica. Essa união tem<br />

tornado mais fácil ao setor obter avanços em seus<br />

propósitos?<br />

Eu venho pregando, desde o momento em que<br />

assumi o Centro Nacional <strong>da</strong>s Indústrias do<br />

Setor Sucroenergético e Biocombustíveis, que o<br />

setor tem de se apresentar, efetivamente, como<br />

cadeia produtiva, ou seja, não pode mais a<br />

Unica, a Coopersucar e outros representante do<br />

setor, ca<strong>da</strong> um a seu tempo, tratar de suas próprias<br />

reivindicações. Isso só confunde o governo<br />

federal. O pessoal <strong>da</strong> Unica e <strong>da</strong> Orplana, por<br />

exemplo, têm tido uma boa receptivi<strong>da</strong>de<br />

quanto a isso. O Ceise Br tem investido nessa<br />

convergência. Essa união melhorou a nossa<br />

comunicação com o governo, mas acho que<br />

ain<strong>da</strong> falta um diálogo mais consistente entre<br />

governo e o setor. Tínhamos um importante<br />

interlocutor, o ministro <strong>da</strong> Agricultura Wagner<br />

Rossi, e que já vinha desde o governo Lula, mas<br />

que foi demitido. Estávamos avançando em<br />

alguma medi<strong>da</strong>s interessantes, sensibilizando o<br />

governo <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des do setor e que também<br />

são as necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> nação, pois é preciso<br />

deixar claro que o setor sucroenergético é<br />

muito importante para a economia, para o meio<br />

ambiente e para a socie<strong>da</strong>de como um todo.<br />

Recentemente, os representantes do Ceise, <strong>da</strong><br />

Orplana e <strong>da</strong> Unica se reuniram. O que foi tirado<br />

de consenso nessa última reunião?<br />

Basicamente foi isso, que devemos nos apresentar<br />

como cadeia produtiva, sempre juntos<br />

para apresentar as reivindicações e facilitar a<br />

vi<strong>da</strong> do governo federal, de modo que ele saiba<br />

que não está tomando medi<strong>da</strong>s que vão atender,<br />

isola<strong>da</strong>mente, usinas, ou fornecedores de<br />

cana ou só as indústrias de base. Muitas vezes,<br />

o governo não precisa tomar uma medi<strong>da</strong> específica<br />

para atender a indústria de base, por<br />

exemplo. Se ele fomentar o setor, haverá uma<br />

retoma<strong>da</strong> <strong>dos</strong> investimentos e quando isso<br />

acontecer há repercussão positiva para to<strong>dos</strong>,<br />

inclusive para a indústria que fornece máquinas<br />

e equipamentos. Além disso, definimos, de<br />

forma resumi<strong>da</strong>, o que vamos apresentar como<br />

reivindicação ao governo federal; o esforço que<br />

o setor deve fazer, por conta própria, e as políticas<br />

públicas que esperamos.<br />

Quais são, hoje, os maiores desafios para os<br />

fabricantes de equipamentos, peças e prestadores<br />

de serviços no atual contexto do setor<br />

sucroenergético?<br />

As indústrias estão esperando a retoma<strong>da</strong> <strong>dos</strong><br />

investimentos para poder angariar uma carteira<br />

de pedi<strong>dos</strong> e voltar a produzir. Individualmente,<br />

a indústria não consegue fazer na<strong>da</strong>, por isso o<br />

desafio é nos unirmos com os outros elos <strong>da</strong><br />

cadeia produtiva para sensibilizar o governo em<br />

relação à adoção de algumas medi<strong>da</strong>s públicas,<br />

como o fim <strong>da</strong> política de contenção de preço<br />

<strong>da</strong> gasolina, que criou essa dispari<strong>da</strong>de em relação<br />

ao etanol. Nós sabemos que o governo está<br />

fazendo isso para segurar a inflação e esse é<br />

também um interesse <strong>dos</strong> empresários, mas é<br />

necessária uma compensação, desonerando a<br />

carga tributária para o etanol, reduzindo o PIS/<br />

Cofins e o ICMS e readequando a Cide. O setor,<br />

quando está indo bem, faz girar as indústrias e<br />

isso oxigena a economia, o que gera outros<br />

tipos de ganhos. Economiza-se em seguro<br />

desemprego, evita-se o escoamento do Fundo<br />

O incentivo também passa pela definição <strong>da</strong><br />

regra do jogo, pois o investidor precisa ter<br />

segurança a médio e longo prazos. “<br />

de Garantia por Tempo de Serviço – que pode<br />

ser usado para outros investimentos – e a diminuição<br />

de impostos devido à diminuição do<br />

faturamento <strong>da</strong>s indústrias. Há, ain<strong>da</strong>, outros<br />

tipos de impactos sociais, pois as pessoas<br />

desemprega<strong>da</strong>s passam a ter problemas de<br />

saúde, como a depressão.<br />

No Brasil temos mais de 440 usinas, em torno<br />

de 70 mil fornecedores de cana, 4 mil indústrias<br />

fornecedoras de máquinas e equipamentos<br />

e diversos prestadores de serviços que<br />

geram cerca de 2,5 milhões de empregos<br />

diretos e cerca de 10 milhões de emprega<strong>dos</strong>,<br />

incluindo os indiretos, que dependem do setor<br />

sucroenergético.<br />

4 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia


Por qual motivo ain<strong>da</strong> não se obteve avanços na<br />

desoneração <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de produtiva?<br />

Quando se fala em desonerar, a primeira sensação<br />

para quem houve isso é que o governo vai diminuir<br />

a arreca<strong>da</strong>ção, mas enquanto ele fica segurando<br />

e não desonera ele passa a ter um custo<br />

maior na outra ponta e, o que é pior, um custo<br />

social que não precisaria ter, além de diminuir os<br />

investimentos, por exemplo, na área de habitação,<br />

que são feitos com recursos do FGTS. Promovendo<br />

a oxigenação <strong>da</strong> economia, o governo acaba recuperando<br />

possíveis per<strong>da</strong>s com o recolhimento de<br />

outros impostos. Além do setor sucroenergético, o<br />

governo também deveria olhar com outros olhos<br />

para a indústria de bens de capital, pois o Brasil é<br />

o único País do mundo que tributa a indústria<br />

que constrói outra indústria. Quando faz isso, ele<br />

inviabiliza o negócio, o segmento fica estagnado.<br />

Mas se a indústria de capital for desonera<strong>da</strong>,<br />

certamente, dentro de seis meses a um ano, existirão<br />

outras indústrias produzindo, gerando<br />

empregos, impostos e distribuindo ren<strong>da</strong>. É essa<br />

visão que nós estamos tentando passar para o<br />

governo federal.<br />

Esse poderia ser um remédio para o processo de<br />

desindustrialização pelo qual passa a economia<br />

brasileira?<br />

Exatamente. Estamos fechando indústrias e<br />

demitindo trabalhadores já qualifica<strong>dos</strong> para<br />

podermos importar máquinas e equipamentos,<br />

ou seja, estamos fomentando a indústria do<br />

exterior, criando empregos em outros países e<br />

gerando um grande problema social. E se na<strong>da</strong><br />

for feito, as indústrias que resistirem tendem a<br />

partir para outros setores <strong>da</strong> economia, o que<br />

seria péssimo, pois, mais na frente, quando o<br />

governo atentar para o problema e tomar as<br />

medi<strong>da</strong>s necessárias, pode não ter indústria<br />

para produzir as novas greenfields, tão necessária<br />

para abastecer o mercado. As medi<strong>da</strong>s são<br />

claras, todo mundo sabe o que tem de ser feito,<br />

mas não estamos fazendo.<br />

E em relação à evolução tecnológica na indústria<br />

de base. Ela tem se <strong>da</strong>do com consistência e o<br />

ritmo necessários para atender à crescente<br />

indústria sucroenergética?<br />

A indústria tem investido em inovação tecnológica,<br />

aju<strong>da</strong>ndo o setor a reduzir os seus custos,<br />

e esse é um <strong>dos</strong> esforços que precisam ser feitos:<br />

investir em ganho de eficiência e de produtivi<strong>da</strong>de.<br />

Paras isso o setor sucroenergético<br />

precisa que a indústria os ajude no desenvolvimento<br />

e difusão de novas tecnologias. A indústria<br />

tem feito a sua parte, desenvolvendo equipamentos<br />

ca<strong>da</strong> vez mais eficientes e produtivos<br />

e isso pode ser visto na Fenasucro e Agrocana, a<br />

maior vitrine do setor sucroenergético e de<br />

biocombustíveis do mundo.<br />

Que avaliação o senhor faz do perfil <strong>da</strong> indústria<br />

de base volta<strong>da</strong> para o setor sucroenergético e de<br />

produção de biodiesel?<br />

É uma indústria genuinamente brasileira, não é<br />

necessário importar na<strong>da</strong> para que seja construí<strong>da</strong><br />

uma usina. Ela tem difundido novas<br />

tecnologias e tem uma mão de obra extremamente<br />

qualifica<strong>da</strong>.<br />

A indústria tem<br />

investido em<br />

inovação<br />

tecnológica,<br />

aju<strong>da</strong>ndo o setor a<br />

reduzir os seus<br />

custos e esse é um<br />

<strong>dos</strong> esforços que<br />

precisam ser feitos:<br />

investir em ganho<br />

de eficiência e de<br />

produtivi<strong>da</strong>de.”<br />

Divulgação/ETH Bioenergia<br />

Qual é a perspectiva para 2012 no que se refere às<br />

perspectivas de negócios para a indústria de base?<br />

É um ano que pode ser bom ou ruim. Se o setor<br />

como cadeia produtiva e o governo federal não<br />

adotarem as medi<strong>da</strong>s cabíveis o mais rapi<strong>da</strong>mente<br />

possível, será ruim, mas se as providências<br />

necessárias forem adota<strong>da</strong>s será um ano<br />

razoável, pois 2012 ain<strong>da</strong> será um ano de recuperação<br />

<strong>dos</strong> canaviais e de novos plantios. Por<br />

isso não haverá tanto investimento na indústria,<br />

pois a cana planta<strong>da</strong> a partir de agora só<br />

será colhi<strong>da</strong> em 2013. Portanto, medi<strong>da</strong>s que<br />

forem toma<strong>da</strong>s, como a desoneração <strong>da</strong> indústria<br />

de base, podem incentivar novos investimentos<br />

em greenfields para começar a moer<br />

cana-de-açúcar nos próximos anos.<br />

O governo tem demonstrado boa vontade em<br />

ouvir o setor produtivo na busca de soluções para<br />

a expansão <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de canavieira?<br />

Sim. O governo tem anunciado um pacote para<br />

o setor, para fomentar a economia do País por<br />

meio <strong>da</strong> produção e essa é uma obrigação de<br />

qualquer governo do mundo. O incentivo também<br />

passa pela definição <strong>da</strong> regra do jogo, pois<br />

o investidor precisa ter segurança a médio e<br />

longo prazos. Fala-se que há uma crise de oferta,<br />

e ela realmente existe, mas ela só existe em<br />

razão de uma crise de confiança. Por um lado<br />

existe uma desconfiança por parte do governo<br />

federal de que, se ele adotar as políticas públicas<br />

necessárias, o setor vai realmente investir e<br />

garantir o abastecimento nacional. Por outro<br />

lado, existe a desconfiança do investidor de que<br />

o governo tomará as medi<strong>da</strong>s que vão garantir<br />

a prosperi<strong>da</strong>de de seus investimentos. E só conversando<br />

é possível alcançar a sensibilização de<br />

ambas as partes.<br />

Quais medi<strong>da</strong>s de incentivo o senhor considera as<br />

mais importantes?<br />

Em primeiro lugar a desoneração tributária para<br />

o etanol, no que se refere ao PIS/Cofins e ICMS<br />

e para a indústria de bens de capital, para<br />

incentivar a construção de novas usinas greenfields,<br />

ou seja, indústria fornecendo equipamentos<br />

para outras indústrias. Além disso, o<br />

governo precisa demonstrar uma maior transparência<br />

na política de formação de preços <strong>da</strong><br />

gasolina no médio e longo prazos. O governo<br />

que prega a liber<strong>da</strong>de de preço está segurando<br />

o preço <strong>da</strong> gasolina há 10 anos e com isso ele<br />

congela o preço do etanol, pois são produtos<br />

concorrentes. Ele desonera a gasolina e faz<br />

movimentações que seguram o preço ao consumidor.<br />

Nós, industriais brasileiros, estamos<br />

pagando o custo de segurar a inflação com essa<br />

estabilização do preço <strong>da</strong> gasolina.<br />

Estamos chegando ao fim <strong>da</strong> safra e começa o<br />

período de manutenção <strong>da</strong>s usinas. Qual é a<br />

expectativa em relação ao impacto desses<br />

investimentos no setor?<br />

A manutenção precisa ser feita e por isso esperamos<br />

que esse processo movimente as nossas<br />

indústrias, mas talvez não tenhamos a manutenção<br />

que precisa ser feita. Eu acredito que ela<br />

representará uma carteira de pedi<strong>dos</strong> para 30%<br />

<strong>da</strong>s nossas indústrias.<br />

Dezembro de 2011 • 5


Inovação<br />

Cana multiuso<br />

Novos produtos prometem revolucionar o mercado<br />

Stock.XCHNG<br />

Gilana Nunes<br />

Óleos lubrificantes, óleo diesel, asfalto, plástico,<br />

embalagens, roupas e sola<strong>dos</strong> de sapato.<br />

Com estes poucos exemplos é possível perceber<br />

o quanto a socie<strong>da</strong>de é dependente<br />

do petróleo e de seus deriva<strong>dos</strong>. Em decorrência <strong>da</strong><br />

emissão excessiva de gases estufa e do consequente<br />

aquecimento global, o mundo tem buscado alternativas<br />

para a utilização de combustíveis fósseis.<br />

O etanol, produto gerado à partir <strong>da</strong> cana-de açúcar,<br />

há muito tempo tem concorrido com a gasolina<br />

no mercado de combustíveis. E, graças aos investimentos<br />

em ciência e tecnologia, o combustível pode<br />

auxiliar ain<strong>da</strong> mais a diminuir a dependência do chamado<br />

“ouro negro”. As mais novas tecnologias na<br />

utilização do etanol e <strong>da</strong> cana envolvem a criação do<br />

plástico e lubrificante verdes, turbinas termelétricas<br />

movi<strong>da</strong>s a etanol, diesel de cana e o próprio asfalto.<br />

Novos produtos<br />

Até pouco tempo atrás, os produtos mais conheci<strong>dos</strong><br />

<strong>da</strong> cana de açúcar se resumiam a álcool, açúcar,<br />

melaço e rapadura. Atualmente, a quanti<strong>da</strong>de<br />

desses deriva<strong>dos</strong> aumentou significativamente.<br />

Hoje, a cana já é uma forte candi<strong>da</strong>ta a auxiliar na<br />

produção de deriva<strong>dos</strong> de combustíveis fósseis, contribuindo<br />

na luta para tornar o planeta mais sustentável<br />

ao diminuir a emissão de gases poluentes.<br />

Veja alguns exemplos desses novos produtos:<br />

Bioplástico<br />

Durante o processo industrial <strong>da</strong> fabricação do<br />

plástico são libera<strong>dos</strong> na atmosfera seis quilos de CO2<br />

para ca<strong>da</strong> quilograma de plástico produzido.<br />

Geralmente composto por plantas como cana-deaçúcar,<br />

trigo, batata e milho, o bioplástico ou plástico<br />

verde, é menos agressivo ao meio ambiente, funcionando<br />

portanto, como uma alternativa sustentável.<br />

No mercado brasileiro, a multinacional Braskem<br />

tem se destacado na produção do bioplástico. Segundo<br />

funcionários <strong>da</strong> empresa, o diferencial desses produtos<br />

consiste no fato de serem renováveis, o que não<br />

ocorre, por exemplo, com o plástico biodegradável<br />

mais comum produzido à base do álcool de milho.<br />

O plástico verde já serve como opção para a<br />

fabricação de uma série de produtos domésticos,<br />

que vão desde estruturas para celular e talheres<br />

descartáveis até sacolas de supermercado e vasos<br />

de flores, incluindo também sapatos e fral<strong>da</strong>s.<br />

Um problema levantado por produtores do setor<br />

sucroenergético é a necessi<strong>da</strong>de de aumentar a produção<br />

para a fabricação do bioplástico, por isso, uma<br />

alternativa aponta<strong>da</strong> é a utilização <strong>dos</strong> restos de<br />

cana que são descarta<strong>dos</strong> pelas fábricas de etanol.<br />

Um projeto desenvolvido no Senai Climatec de<br />

Salvador (BA) em parceria com a Alemanha já produz<br />

plástico a partir de restos de cana-de-açúcar.<br />

Por meio de uma iniciativa como essa é possível<br />

pensar a produção do bioplástico também como<br />

um processo sustentável.<br />

Lubrificante verde<br />

A empresa Americana Amyris apresentou mais<br />

uma novi<strong>da</strong>de na utilização <strong>da</strong> cana-de-açúcar. A<br />

nova linha de lubrificantes renováveis utiliza a cana<br />

como uma de suas matérias-primas e só deve chegar<br />

no mercado por volta de um ano, quando<br />

começará a ser produzi<strong>da</strong> em escala comercial.<br />

Segundo a empresa, o farneseno, molécula de<br />

hidrocarboneto extraí<strong>da</strong> <strong>da</strong> cana, pode ser transformado<br />

em vários produtos e será utilizado para<br />

fabricar os óleos básicos utiliza<strong>dos</strong> nos lubrificantes.<br />

O farneseno produzido pela Amyris tem o<br />

nome comercial de Biofene. Os óleos básicos, feitos<br />

a partir dessa molécula, possuem o mesmo desempenho<br />

<strong>dos</strong> lubrificantes comuns, porém com menor<br />

impacto ambiental.<br />

O mercado mundial de lubrificantes movimenta<br />

cerca de 30 bilhões de dólares por ano. O Brasil está<br />

entre os três maiores merca<strong>dos</strong> do mundo, por isso a<br />

produção de um combustível “verde” é de suma<br />

importância para o País. A Amyris estima que a produção<br />

total de farneseno feito de cana-de-açúcar<br />

deve totalizar perto de 9 milhões de litros em 2011 e<br />

subir para 50 milhões de litros em 2012. Desse total,<br />

a maior parte será direciona<strong>da</strong> para a produção <strong>dos</strong><br />

lubrificantes renováveis.<br />

6 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia


Bagaço de cana no asfalto<br />

Uma tonela<strong>da</strong> de cana moí<strong>da</strong> gera cerca de<br />

270 kg de bagaço e estima-se que a safra brasileira<br />

produza aproxima<strong>da</strong>mente 132 milhões de<br />

tonela<strong>da</strong>s de bagaço por ano. Uma maneira<br />

encontra<strong>da</strong> por pesquisadores para evitar o desperdício<br />

é a utilização desse material na mistura<br />

para fazer o asfalto, pois o uso do bagaço evita<br />

que tonela<strong>da</strong>s desse resíduo sejam descarta<strong>da</strong>s<br />

sem aproveitamento.<br />

O bagaço de cana pode substituir a fibra de<br />

celulose como aditivo estabilizante para o asfalto,<br />

fazendo com que o cimento não escorra durante<br />

as estapas de mistura ou de aplicação. Além disso,<br />

seu custo é inferior e seu aproveitamento contribui<br />

para o desenvolvimento sustentável.<br />

A mistura foi produzi<strong>da</strong> para o asfalto do tipo<br />

pedra matriz (SMA), que é empregado em rodovias<br />

com tráfego intenso, aeroportos, áreas de<br />

carga e descarga, para<strong>da</strong> de ônibus e estacionamentos.<br />

E, segundo as pesquisas, a vi<strong>da</strong> útil do<br />

SMA é 50% maior do que a de misturas comuns.<br />

Diesel de cana<br />

O diesel utilizado no Brasil possui alto teor de<br />

enxofre, gás que contribui para a poluição atmosférica.<br />

Dessa maneira, ca<strong>da</strong> vez mais, busca-se<br />

diminuir a quanti<strong>da</strong>de desse elemento químico<br />

nos combustíveis. O diesel de cana, desenvolvido<br />

pela Amyris Brasil, além de atender à necessi<strong>da</strong>de<br />

do mercado, é uma alternativa que possibilita<br />

significativa redução <strong>dos</strong> gases efeito estufa e<br />

pode auxiliar o país a reduzir importações.<br />

Em agosto, a Amyris iniciou o fornecimento<br />

de diesel de cana para 160 ônibus <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de<br />

São Paulo. Ônibus opera<strong>dos</strong> pela Viação Santa<br />

Brígi<strong>da</strong> começaram a utilizar uma mistura de<br />

10% de diesel renovável <strong>da</strong> Amyris e os restantes<br />

90% de biodiesel e diesel de petróleo forneci<strong>dos</strong><br />

pela Petrobrás. Segundo a empresa, o contrato de<br />

fornecimento vai até o final de 2012.<br />

O combustível desenvolvido pela Amyris possui<br />

ain<strong>da</strong> outra vantagem, pois não exige modificações<br />

no motor ou na infraestrutura do veículo.<br />

Os principais fabricantes de veículos comerciais<br />

no Brasil, lidera<strong>dos</strong> pela Mercedes-Benz,<br />

garantiram autorização para o uso de mistura<br />

com 10% de diesel renovável <strong>da</strong> Amyris no Brasil.<br />

O diesel renovável demonstrou ter desempenho<br />

superior em baixas temperaturas, alto teor<br />

de cetano e densi<strong>da</strong>de de energia comparável ao<br />

diesel de petróleo, o que possibilitou que a<br />

empresa obtivesse o registro de mistrura na categoria<br />

máxima <strong>da</strong> Agência de Proteção Ambiental<br />

norte-americana.<br />

A Amyris Brasil investiu cerca de US$ 500<br />

milhões no desenvolvimento dessa nova tecnologia.<br />

Hoje, o projeto também está sendo testado<br />

na ci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro, mas, futuramente,<br />

pretede-se estender essa tecnologia para outras<br />

regiões do Brasil.<br />

Turbinas<br />

movi<strong>da</strong>s a etanol<br />

Pela primeira vez no mundo o etanol foi utilizado<br />

para produzir energia. A turbina LM6000, desenvolvi<strong>da</strong><br />

pela General Eletrics Brasil (GE Brasil), passará a<br />

operar também com o biocombustível na geração de<br />

energia termelétrica.<br />

Este projeto tem sido desenvolvido pela GE Energy<br />

e a Petrobras desde o final de 2009. As duas empresas<br />

assinaram um acordo de cooperação com o objetivo<br />

de converter para etanol uma turbina LM6000, que<br />

atualmente já está em operação na usina termelétrica<br />

de Juiz de Fora (MG).<br />

Segundo o diretor de produtos <strong>da</strong> GE, John<br />

Ingham, “para fazer a a<strong>da</strong>ptação dessas turbinas para<br />

operar também com etanol (flex fuel), foi necessário<br />

realizar uma série de mu<strong>da</strong>nças, já que ele possui<br />

características próprias, sendo mais corrosivo, volátil e<br />

volumoso que os outros combustíveis”.<br />

A primeira turbina que já foi converti<strong>da</strong> tem capaci<strong>da</strong>de<br />

para gerar 43,5 megawatts de energia, o que é<br />

suficiente para atender 150 mil pessoas. Como a<br />

conversão foi bem sucedi<strong>da</strong>, decidiu-se fazer o<br />

mesmo com uma segun<strong>da</strong> turbina, que também<br />

opera em Juiz de Fora.<br />

Quando as duas turbinas estiverem operando em<br />

plena capaci<strong>da</strong>de haverá uma redução de até 40% na<br />

emissão de óxi<strong>dos</strong> de nitrogênios (NOx), em relação ao<br />

gás natural, e eliminação do óxido de enxofre, em<br />

relação ao diesel.<br />

John Ingham explica que a redução se deu ain<strong>da</strong><br />

na emissão de aldeí<strong>dos</strong>, que também deve ser limita<strong>da</strong>.<br />

“A nova turbina eliminou 150 milhões de vezes<br />

menos aldeído quando estava operando com etanol<br />

do que com outros combustíveis, chegando a um<br />

nível quase nulo desse tipo de emissão”, afirma o<br />

diretor. Dessa forma, o projeto atende a um de seus<br />

maiores objetivos, que é diminuir o impacto ambiental<br />

gerado pela produção de energia.<br />

Fotos: Divulgação<br />

Dezembro de 2011 • 7


Sifaeg em Ação<br />

Safra de 2012 pode ser até 10% menor que a de 2011<br />

Alexandre Mendonça de Barros, sócio consultor<br />

<strong>da</strong> MB Associa<strong>dos</strong>, e André Rocha, presidente<br />

executivo do Sifaeg/Sifaçúcar, durante palestra<br />

para associa<strong>dos</strong> e imprensa.<br />

oano de 2012 seguirá sendo de boa rentabili<strong>da</strong>de<br />

para a agricultura em geral e,<br />

particularmente para o etanol e o açúcar.<br />

A projeção foi feita por Alexandre<br />

Mendonça Barros, professor <strong>da</strong> Esalq/USP, <strong>da</strong><br />

Fun<strong>da</strong>ção Getúlio Vargas e sócio consultor <strong>da</strong> MB<br />

Associa<strong>dos</strong>, em palestra promovi<strong>da</strong> pelo Sindicato<br />

<strong>da</strong> Indústria de Fabricação de Álcool e Açúcar do<br />

Estado de Goiás (Sifaeg/Sifaçúcar), no dia 9 de<br />

dezembro, com o apoio do Comitê de Agronegócio<br />

<strong>da</strong> Federação <strong>da</strong>s Indústrias do Estado de Goiás<br />

(Fieg). A crise na Europa e o aumento no preço <strong>dos</strong><br />

insumos é que puxam as expectativas para baixo.<br />

Apesar de ain<strong>da</strong> não ter cálculos definitivos, ele<br />

acredita que a safra deve ficar entre 5% e 10%<br />

menor que em 2011.<br />

“Dificilmente encontraremos a solução definitiva<br />

para a Europa nos próximos meses.<br />

Parece-me altamente provável que até a nossa<br />

safra isso não terá sido resolvido. Então, devemos<br />

ter um primeiro semestre bem nervoso”,<br />

diz. No entanto, a tendência para o setor sucroenergético,<br />

segundo ele, será de preços muito<br />

bons, tanto de açúcar quanto do álcool. “Pela<br />

escassez que temos, a probabili<strong>da</strong>de é que, em<br />

2012, esses produtos atravessem o ano com<br />

valores muito bons, melhores que os pratica<strong>dos</strong><br />

este ano,” analisa.<br />

Para Mendonça de Barros, a cana-de-açúcar<br />

será exceção no que diz respeito à produtivi<strong>da</strong>de,<br />

que será alta no setor agrícola como um<br />

todo. Isso porque o setor vem de uma crise<br />

financeira que só começou a arrefecer este ano.<br />

Os canaviais estão muito envelheci<strong>dos</strong> – ele<br />

explica – e deve haver uma reforma de cana<br />

muito grande em 2012, em torno de 19% a<br />

20%, o que roubará produção. “As áreas de<br />

reforma estavam em torno de 11% na Região<br />

Centro-Sul por falta de capital nos anos anteriores<br />

e nesse ano devido às regiões climáticas”.<br />

Com tudo isso, ele acredita numa safra<br />

pequena de cana para 2012. O fato, ele analisa,<br />

é ruim porque a produção menor diminui a<br />

receita. Mas, por outro lado, garante que os<br />

preços do álcool fiquem relativamente altos. Já<br />

os preços do açúcar devem ficar restritos à oferta<br />

no mercado internacional. “Mas a tendência<br />

é de preços bons”.<br />

Insumos<br />

Em 2011 houve, segundo Mendonça de<br />

Barros, um aumento considerável no preço <strong>dos</strong><br />

insumos agrícolas, o que tornou os custos de<br />

produção mais altos, principalmente, no segundo<br />

semestre. “Se esses preços se mantiverem<br />

para 2012, pode haver per<strong>da</strong> de ren<strong>da</strong>, seja por<br />

que a receita cai ou porque o custo médio já vai<br />

ser mais alto. O custo médio de 2012 será mais<br />

alto que o de 2011, então as margens devem<br />

estar um pouco mais comprimi<strong>da</strong>s.”<br />

8 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia


Palavra do especialista<br />

Sorgo sacarino na entressafra<br />

<strong>da</strong> cana-de-açúcar no Brasil<br />

O<br />

sorgo sacarino é cultivado em diversas<br />

partes do mundo. O principal uso dessa<br />

gramínea tem sido a produção de grãos e<br />

forragens para alimentação animal. Com alto<br />

potencial forrageiro, apresenta colmos com caldo<br />

semelhante ao <strong>da</strong> cana-de-açúcar, rico em<br />

açúcares fermentescíveis e pode servir para a<br />

produção de etanol na mesma instalação utiliza<strong>da</strong><br />

pela cana-de-açúcar. Trata-se também de<br />

uma <strong>da</strong>s alternativas para reforma ou substituição<br />

de canaviais. A seleção de espécies de expressão<br />

econômica deve contribuir para atender<br />

aos interesses de produção de alimentos e energia.<br />

Neste contexto, por meio de um estudo <strong>da</strong><br />

concorrência amplia<strong>da</strong> de Porter (Estratégia<br />

Competitiva. 2ª ed. 2004), aplica<strong>da</strong> aos produtos<br />

do sorgo sacarino (etanol e bioeletrici<strong>da</strong>de), algumas<br />

propostas são apresenta<strong>da</strong>s e discuti<strong>da</strong>s<br />

como contribuições para uma melhor competitivi<strong>da</strong>de<br />

desta cultura na entressafra <strong>da</strong> cana.<br />

Para Michael Porter, o sucesso de uma empresa<br />

está ligado a dois fatores: o desempenho do<br />

setor em que a empresa atua e o respectivo posicionamento<br />

nesse setor. Podemos estender o<br />

conceito para os produtos gera<strong>dos</strong> do sorgo sacarino,<br />

considerando os diversos agentes que<br />

atuam na cadeia produtiva desta cultura, como<br />

também as diversas estratégias para o uso competitivo<br />

na entressafra <strong>da</strong> cana-de-açúcar. Pelo<br />

conceito de concorrência amplia<strong>da</strong>, fornecedores,<br />

clientes, investidores, culturas e produtos<br />

substitutos, assim como novos entrantes, podem<br />

ter maior ou menor importância, dependendo<br />

do contexto avaliado. A cadeia de agronegócio<br />

do sorgo sacarino abrange fornecedores de insumos<br />

e equipamentos para a fase agrícola e<br />

também para a fase industrial. Usinas e agricultores<br />

como agentes produtores <strong>da</strong> fase agrícola<br />

(plantio, cultivo, colheita, transporte) e <strong>da</strong> industrial<br />

(moagem, produção de etanol e de bioeletrici<strong>da</strong>de).<br />

Os atacadistas são representa<strong>dos</strong><br />

pelos postos de gasolinas, distribuidoras e também<br />

pelas concessionárias de energia elétrica. O<br />

mercado consumidor, por sua vez, consome os<br />

produtos gera<strong>dos</strong> do sorgo, a exemplo de etanol<br />

e bioeletrici<strong>da</strong>de. Considerando to<strong>da</strong> a cadeia<br />

produtiva, a concorrência amplia<strong>da</strong> <strong>dos</strong> produtos<br />

do sorgo sacarino é forma<strong>da</strong> por concorrentes<br />

do setor, fornecedores, novos entrantes, investidores,<br />

clientes, socie<strong>da</strong>de, sindicatos, ONGs,<br />

produtos substitutos e governo.<br />

Um exemplo <strong>da</strong> influência <strong>da</strong> concorrência<br />

amplia<strong>da</strong> é a decisão de plantar ou não o sorgo<br />

na entressafra <strong>da</strong> cana-de-açúcar. O mercado,<br />

neste caso, pode ser diretamente afetado de<br />

forma positiva. Outro aspecto é que o mercado<br />

de sorgo sacarino está se tornando atrativo<br />

com novas empresas e investidores entrando<br />

na cadeia do agronegócio, trazendo novas<br />

competências e capaci<strong>da</strong>des de melhores margens<br />

financeiras.<br />

Atualmente já existem bons investimentos em<br />

sorgo sacarino no Brasil, como por exemplo os<br />

realiza<strong>dos</strong> pela Embrapa e pela Monsanto/Canavialis.<br />

Com parceria <strong>da</strong> Canavialis, a Usina Cerradinho,<br />

de Catanduva (SP), cultivou 1,2 mil<br />

hectares de sorgo sacarino e produziu 1,4 milhão<br />

de litros de etanol no final de março de<br />

2011, conforme informação divulga<strong>da</strong> pelos<br />

próprios investidores. O negócio faz parte de um<br />

projeto desenvolvido desde 2004 com híbrido do<br />

sorgo. No momento, os testes com as novas sementes<br />

estão sendo realiza<strong>dos</strong> em mais 11 usinas,<br />

totalizando 3,1 mil hectares de plantio.<br />

No setor público, a Embrapa Milho e Sorgo<br />

trabalha com varie<strong>da</strong>des de sementes de sorgo<br />

sacarino desde a déca<strong>da</strong> de 70. A Embrapa vem<br />

desenvolvendo, desde 1976, um programa de<br />

pesquisa com esta cultura, abrangendo as áreas<br />

de Fitopatologia, Entomologia, Fertili<strong>da</strong>de, Genética<br />

e Melhoramento, entre outras. Na safra<br />

de 1981, foram instala<strong>da</strong>s microdestilarias nas<br />

Uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Embrapa Arroz e Feijão (Goiânia,<br />

GO), Embrapa Gado de Corte (Campo Grande,<br />

MS), Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG)<br />

com as cultivares BR 500 (Rio), BR 501 (Brandes)<br />

e BR 602. Atualmente, a Embrapa mantém no<br />

mercado duas cultivares do sorgo sacarino (BRS<br />

601 e BRS 602), cujos testes em laboratório<br />

mostraram que é possível chegar a aproxima<strong>da</strong>mente<br />

4 mil litros de etanol por hectare. Novas<br />

varie<strong>da</strong>des de sorgo sacarino estão sendo avalia<strong>da</strong>s<br />

pela Embrapa Milho e Sorgo em diversas<br />

regiões brasileiras. Conclui-se que o mercado do<br />

sorgo está bastante atrativo e não existem barreiras<br />

consideráveis para que um novo negócio<br />

se estabeleça no setor. Esperam-se novos entrantes<br />

e grandes volumes de investimentos<br />

nesta cultura nos próximos anos.<br />

O Brasil está vivendo aumentos <strong>dos</strong> preços de<br />

etanol e riscos de desabastecimento nos perío<strong>dos</strong><br />

de entressafra. Os problemas de estoque e<br />

de alta nos preços do etanol continuarão a<br />

ocorrer nesses perío<strong>dos</strong>. O sorgo sacarino, que<br />

produz etanol a partir <strong>da</strong> mesma levedura que a<br />

cana e é plantado justamente na fase <strong>da</strong> entressafra<br />

dessa, surge como uma possível solução. A<br />

cultura do sorgo sacarino é uma alternativa viável<br />

sob os pontos de vista agronômico e industrial,<br />

para a produção de etanol e bioeletrici<strong>da</strong>de.<br />

O sorgo sacarino na entressafra é uma estratégia<br />

indica<strong>da</strong> para elevar a produção de etanol<br />

sem concorrência com a cultura de cana. A sua<br />

colheita utiliza os mesmos equipamentos <strong>da</strong> cana,<br />

reduzindo o período de ociosi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> indústria.<br />

Mesmo com produtivi<strong>da</strong>de menor em relação<br />

à cana-de-açúcar, a alternativa é viável,<br />

considerando o ciclo completo de produção <strong>da</strong>s<br />

duas culturas. Essa decisão estratégica poderá<br />

mitigar os riscos de falta de etanol, aju<strong>da</strong>r na<br />

estabilização <strong>dos</strong> preços desse produto e reduzir<br />

a importação de etanol e gasolina. Do ponto de<br />

vista <strong>da</strong> análise <strong>da</strong> concorrência amplia<strong>da</strong> é<br />

uma estratégia perfeitamente viável e cuja implantação<br />

deve ser conduzi<strong>da</strong> o mais rapi<strong>da</strong>mente<br />

possível.<br />

Gilmar Souza Santos é pesquisador<br />

<strong>da</strong> Embrapa Agroenergia<br />

Dezembro de 2011 • 9


Polos sucroenergéticos Minas Gerais<br />

64%<br />

4%<br />

Participação - Cana<br />

Participação - Açúcar<br />

Participação - Etanol<br />

9% 1%<br />

7%<br />

1%<br />

Norte<br />

Jequitinhônha<br />

5% Noroeste<br />

5%<br />

Mucuri<br />

3%<br />

3%<br />

3%<br />

77%<br />

2%<br />

Alto Paranaíba<br />

Triângulo<br />

6%<br />

69% 7%<br />

Central<br />

5%<br />

Oeste 0%<br />

6% 2%<br />

7% 6%<br />

Zona <strong>da</strong> Mata<br />

2%<br />

Sul<br />

1%<br />

8%<br />

0%<br />

Raio X do setor sucroenergético de Minas Gerais<br />

18% do PIB do agronegócio<br />

mineiro<br />

Área de cana planta<strong>da</strong> de 830<br />

mil hectares<br />

115 municípios produtores<br />

80 mil empregos diretos<br />

1%<br />

49 milhões de tonela<strong>da</strong>s de cana<br />

na safra 2011/2012 (previsão)<br />

3,2 milhões de tonela<strong>da</strong>s de<br />

açúcar (previsão)<br />

2,03 bilhões de litros de etanol<br />

(previsão)<br />

Da<strong>dos</strong>: Siamig<br />

Uberlândia<br />

Ituiutaba<br />

Crescimento<br />

em ritmo<br />

acelerado<br />

Com 115 municípios produtores de canade-açúcar,<br />

Minas Gerais ocupa posição<br />

de destaque no cenário sucroenergético<br />

e tem chamado a atenção de grupos<br />

e multinacionais que encontraram<br />

em suas terras a possibili<strong>da</strong>de de<br />

desenvolver grandes negócios<br />

Fernando Dantas<br />

Com 18% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, o setor sucroenergético<br />

é responsável por números expressivos para o Estado de<br />

Minas Gerais. São 115 municípios produtores de cana-de-açúcar que<br />

ocupam uma área total de 830 mil hectares, 43 usinas e destilarias espalha<strong>da</strong>s<br />

por diversas regiões do território mineiro e mais de 80 mil empregos<br />

diretos cria<strong>dos</strong>. Esses números levam Minas Gerais a ocupar o segundo lugar na<br />

produção de cana, com previsão de 49 milhões de tonela<strong>da</strong>s para a safra<br />

2011/2012, segundo lugar em açúcar, com previsão de 3,2 milhões de tonela<strong>da</strong>s,<br />

e terceiro na produção de etanol, com estimativas de 2,03 bilhões de litros. De<br />

2003 para cá, US$ 4 bilhões foram investi<strong>dos</strong> no segmento para aumentar a<br />

capaci<strong>da</strong>de industrial, plantio de novas áreas, diversificação de produtos, modernização<br />

e automação de plantas, cogeração, armazenagem, logística e novas<br />

uni<strong>da</strong>des industriais.<br />

O resultado de to<strong>da</strong> essa equação é o desenvolvimento econômico e social do<br />

Estado, em particular de regiões que têm a cana-de-açúcar entre os principais<br />

produtos que contribuem para geração de emprego, ren<strong>da</strong> e tributos. É o caso<br />

do Triângulo Mineiro – formado principalmente por ci<strong>da</strong>des como Uberlândia,<br />

Uberaba, Patos de Minas, Araguari, Araxá e Ituiutaba – onde estão aloja<strong>da</strong>s as<br />

maiores usinas de Minas Gerais, principalmente de grupos alagoanos, paulistas e<br />

de multinacionais. A região, que fica situa<strong>da</strong> entre os rios Grande e Paranaíba,<br />

formadores do rio Paraná, possui 69% <strong>da</strong> produção de cana, 77% <strong>da</strong> produção<br />

de açúcar, 64% de etanol e 23 usinas do total de 43 instala<strong>da</strong>s no Estado.<br />

O município de Uberaba, que pertence ao Triângulo Mineiro, se enquadra<br />

perfeitamente no perfil de polo de desenvolvimento do setor sucroenergético. A<br />

locali<strong>da</strong>de passou por mu<strong>da</strong>nças com a chega<strong>da</strong> <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de canavieira.<br />

Atualmente, são cinco usinas instala<strong>da</strong>s na região – Uberaba (Grupo Balbo), Vale<br />

do Tijuco, Caeté e Volta Grande (Grupo Carlos Lyra) e Santo Ângelo. Segundo o<br />

diretor de Novas Parcerias <strong>da</strong> Secretaria de Desenvolvimento Econômico de<br />

Uberaba, Herivelto Leles, setores econômicos distintos foram impacta<strong>dos</strong> com a<br />

construção <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des industriais. “Houve deman<strong>da</strong> por serviços de baixa e<br />

alta complexi<strong>da</strong>de, desenvolvimento do setor metal mecânico, incentivo para<br />

instalação de reven<strong>da</strong> e assistência técnica em máquinas agrícolas. Até universi<strong>da</strong>des<br />

locais ampliaram suas opções de graduação, criando novos cursos volta<strong>dos</strong><br />

para atender a necessi<strong>da</strong>de por profissionais que atuam no setor sucroenergético”,<br />

destaca. Herivelto acrescenta que foram estimula<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des mercantis<br />

e de serviços liga<strong>da</strong>s à cadeia <strong>da</strong> cana-de-açúcar, desde as fases de implantação<br />

e produção, como construção civil, montagens industriais, informática,<br />

transportes, comunicação, segurança, cozinha industrial etc.<br />

Entre as vantagens que atraem investimentos do setor sucroenergético para<br />

a região, destaca Herivelto, as que mais chamam a atenção são o solo, o clima<br />

e o relevo. “Sua localização geográfica, próxima <strong>dos</strong> grandes centros, é um<br />

atrativo diferenciado. E os investimentos na cadeia do agronegócio, já confirma<strong>dos</strong><br />

para os próximos anos, serão um atrativo para a vin<strong>da</strong> ou a ampliação<br />

<strong>dos</strong> atuais empreendimentos”, enumera. Para estimular a vin<strong>da</strong> de novas uni-<br />

10 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia


Fotos: Divulgação<br />

<strong>da</strong>des, a política de desenvolvimento industrial<br />

de Uberaba prevê incentivos fiscais, tributários<br />

e de infraestrutura.<br />

Uni<strong>da</strong>des<br />

A Companhia Mineira de Açúcar e Álcool<br />

(CMMA) investiu R$ 300 milhões na inauguração<br />

<strong>da</strong> Usina Vale do Tijuco, em Uberaba. A<br />

capaci<strong>da</strong>de inicial de moagem <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de é de<br />

dois milhões de tonela<strong>da</strong>s de cana por ano,<br />

produzindo 180 milhões de litros de etanol e<br />

gerando 140 mil MWh de energia durante a<br />

safra. A usina se preocupou em contratar mão<br />

de obra local, tanto que foram recruta<strong>dos</strong> mais<br />

de 500 jovens de cursos técnicos de Mecânica,<br />

Elétrica e Química do Senai e Escola de Química<br />

de Uberaba. A Vale do Tijuco é a primeira de três<br />

usinas <strong>da</strong> CMMA que serão instala<strong>da</strong>s em áreas<br />

próximas de Uberaba, Uberlândia, Veríssimo e<br />

Prata. Com isso, serão mais de três mil empregos<br />

diretos e 7,5 mil indiretos, além de outros benefícios<br />

econômicos e sociais para a região.<br />

Vislumbrando possibili<strong>da</strong>de de bons negócios,<br />

o grupo Tércio Wanderley, cuja matriz fica<br />

no Estado de Alagoas, também investiu na instalação<br />

de uni<strong>da</strong>des no Estado de Minas Gerais<br />

– Usinas Iturama, Campo Florido, Carneirinho e<br />

Limeira do Oeste. Atualmente, são mais de três<br />

mil empregos diretos e indiretos gera<strong>dos</strong> pela<br />

filial ituramense, incluindo os colaboradores de<br />

fornecedores. Já em Campo Florido, são mais de<br />

1,7 mil empregos entre diretos e colaboradores<br />

diretos de fornecedores. Na uni<strong>da</strong>de Carneirinho<br />

são 230 empregos diretos e cerca de 1.150 indiretos.<br />

Em números de produção, a empresa<br />

também contribui para aumentar as estatísticas<br />

de Minas Gerais. Nesta safra recentemente<br />

encerra<strong>da</strong>, as usinas do grupo esmagaram, no<br />

total, 6,5 milhões de tonela<strong>da</strong>s de cana, o que<br />

resultou em 12,2 milhões de sacos de açúcar e<br />

180 milhões de litros de etanol.<br />

Projeções<br />

De acordo com o presidente <strong>da</strong> Associação<br />

<strong>da</strong>s Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais<br />

(Siamig) e coordenador do Fórum Nacional<br />

Sucroenergético, Luiz Custódio Cotta Martins,<br />

por causa <strong>da</strong> crise econômica e <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des<br />

encontra<strong>da</strong>s pelos produtores devido à seca nas<br />

duas últimas safras, a produção de cana em<br />

2011 apresentará uma que<strong>da</strong> de 5 milhões de<br />

tonela<strong>da</strong>s em relação à safra anterior. “Será a<br />

primeira que<strong>da</strong> desde a safra de 2000, onde<br />

cenário semelhante levou a uma que<strong>da</strong> <strong>da</strong> produção<br />

no Estado”, relembra.<br />

Ele informa que hoje a indústria sucroenergética<br />

mineira possui uma capaci<strong>da</strong>de ociosa estima<strong>da</strong><br />

em mais de 12 milhões de tonela<strong>da</strong>s de<br />

cana. “Sem dúvi<strong>da</strong> nenhuma esta ociosi<strong>da</strong>de<br />

reduzirá nos próximos anos com a recuperação<br />

<strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de agrícola a partir <strong>da</strong> renovação<br />

<strong>dos</strong> canaviais e do plantio de novas áreas”, acrescenta.<br />

Luiz Custódio cita ain<strong>da</strong> que existem em<br />

Minas Gerais alguns projetos de novas uni<strong>da</strong>des<br />

que foram adia<strong>dos</strong> devido à crise financeira. A<br />

retoma<strong>da</strong> desses investimentos dependerá <strong>da</strong><br />

melhora do cenário para os produtos do setor,<br />

principalmente no mercado interno de etanol.<br />

Um fator positivo que ocorreu no setor<br />

sucroenergético do Estado, é a redução do ICMS<br />

do etanol hidratado para 19%. “Há anos estamos<br />

desenvolvendo um trabalho para reduzir o<br />

ICMS dentro de Minas Gerais, aumentando a<br />

competitivi<strong>da</strong>de do combustível renovável<br />

perante a gasolina. No ano passado o governo<br />

do Estado deu o primeiro passo reduzindo o<br />

ICMS do etanol de 25% para 22% e aumentando<br />

o ICMS <strong>da</strong> gasolina de 25% para 27%. No dia<br />

13 de dezembro a Assembleia Legislativa aprovou<br />

um projeto do governo reduzindo ain<strong>da</strong><br />

mais o ICMS, para 19%”, informa.<br />

Segundo ele, no que se refere ao governo<br />

federal, o setor ain<strong>da</strong> espera uma definição, já<br />

que, com custos de produção crescentes, o etanol<br />

tem dificul<strong>da</strong>des de concorrência com a<br />

gasolina na bomba. “O governo tem adotado,<br />

desde 2005, uma política clara de manutenção<br />

<strong>dos</strong> preços <strong>da</strong> gasolina na bomba para segurar a<br />

inflação brasileira. Dessa forma, a desoneração<br />

tributária do etanol, como a redução do PIS/<br />

Cofins, hoje em R$ 0,12/litro, é necessária para<br />

aumentar a competitivi<strong>da</strong>de do combustível<br />

renovável na bomba”, enfatiza. Outra projeção<br />

feita pelo Siamig para o setor sucroenergético<br />

mineiro é a expectativa de liberação de recursos<br />

do BNDES para renovação e plantio de novos<br />

canaviais, a fim de que o setor possa voltar a<br />

crescer na produção de etanol e açúcar.<br />

Uberaba<br />

Araguari<br />

Araxá<br />

Patos de MInas<br />

difícil<br />

Está encontrar<br />

suporte de ver<strong>da</strong>de?<br />

conheça a<br />

Preocupa<strong>da</strong> sempre em comercializar e distribuir produtos<br />

de quali<strong>da</strong>de diferencia<strong>da</strong> e tecnologia de ponta, a Circular<br />

Parafusos vem destacando-se no cenário nacional ao<br />

especializar-se ca<strong>da</strong> vez mais no atendimento a usinas e<br />

PARAFUSOS<br />

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Av. Circular, 561 Setor Pedro Ludovico - Goiânia/Goiás.<br />

indústrias do segmento sucroenergético.<br />

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Dezembro de 2011 • 11


Tributos<br />

Alta carga<br />

compromete a<br />

competitivi<strong>da</strong>de<br />

Apesar do tratamento diferenciado<br />

<strong>da</strong>do por alguns Esta<strong>dos</strong> brasileiros,<br />

carga tributária que incide sobre os<br />

biocombustíveis fica em torno de 30%<br />

Aline Leonardo<br />

Ain<strong>da</strong> que as exportações sejam<br />

isentas de tributos, os resíduos <strong>da</strong><br />

carga tributária aplica<strong>da</strong> ao longo<br />

<strong>da</strong> cadeia produtiva comprometem<br />

a competitivi<strong>da</strong>de <strong>dos</strong> biocombustíveis.<br />

A regra geral, segundo o advogado tributarista<br />

Sidnei Pimentel, é de que todo imposto<br />

cobrado nas etapas anteriores a <strong>da</strong> operação<br />

de exportação (aquela que coloca a<br />

mercadoria no navio e man<strong>da</strong> para o exterior)<br />

deve ser devolvido ao contribuinte.<br />

Entretanto, apesar de alguns avanços, isso<br />

nem sempre é possível.<br />

Além do imposto sobre os insumos,<br />

existe ain<strong>da</strong>, no caso <strong>dos</strong> biocombustíveis,<br />

o ônus sobre o investimento. Ao montar a<br />

fábrica, o empreendedor é onerado com<br />

tributos como ICMS, PIS/Cofins, ISS e,<br />

algumas vezes, até com IPI. “Ora, é um<br />

enorme custo adicional que pode chegar<br />

a 20% do projeto. Parte desse imposto<br />

nunca será recupera<strong>da</strong> e fatalmente vai<br />

onerar o produto final.<br />

Atualmente, incide sobre os combustíveis<br />

brasileiros uma carga tributária em torno de<br />

40%, que é considera<strong>da</strong> “altíssima” por<br />

Pimentel. Quanto aos biocombustíveis, apesar<br />

do tratamento diferenciado <strong>da</strong>do por<br />

alguns Esta<strong>dos</strong> e <strong>da</strong> dispensa <strong>da</strong> Contribuição<br />

sobre a Intervenção de Domínio Econômico<br />

(Cide), os encargos chegam a 30%.<br />

Em relação ao ICMS, só para citar um<br />

exemplo, alguns Esta<strong>dos</strong> reduzem a Base<br />

de Cálculo para o Etanol, de modo que a<br />

alíquota fique bem achata<strong>da</strong>.<br />

Recentemente, a Assembleia Legislativa de<br />

Minas Gerais aprovou um projeto que<br />

reduz a o percentual de ICMS de 22% para<br />

19%, em operações internas com o álcool.<br />

São Paulo cobra 12%, quando a taxa mais<br />

comum é de 25% a 27% no restante do<br />

País. “Goiás costuma fazer acor<strong>dos</strong> com o<br />

setor para, dependendo do período do<br />

ano, diminuir o peso do imposto para alíquotas<br />

de até 20%. Mas isso é válido para<br />

ven<strong>da</strong>s no mercado interno. Nas operações<br />

interestaduais, a alíquota é sempre a<br />

padrão, de 12%.”, explica.<br />

Política tributária do biodiesel e do diesel<br />

Diesel<br />

CIDE + Pis/Pasep e Cofins<br />

3<br />

R$ 218,00 (m )<br />

Aliquota Padrão<br />

3<br />

R$ 178,00 (m )<br />

(-15%)<br />

Biodiesel<br />

Agronegócio+Mamona<br />

ou Palma+Norte,<br />

Nordeste e Semi-árido<br />

Agricultura Familiar Geral<br />

Agricultura Familiar+Norte,<br />

Nordeste e Semi-árido<br />

3<br />

R$ 151,00 (m )<br />

3<br />

R$ 70,00 (m )<br />

R$ 0,00<br />

(-61%)<br />

(-100%)<br />

Selo Combustível<br />

Social MDA


Competitivi<strong>da</strong>de<br />

Para Pimentel, para garantir maior competitivi<strong>da</strong>de<br />

ao setor seria necessário adotar critérios mais<br />

equilibra<strong>dos</strong>. “Alguns Esta<strong>dos</strong>, inclusive Goiás, resolveram<br />

assumir a interpretação de que o óleo diesel<br />

gasto nos caminhões que transportam a matériaprima<br />

entre a lavoura e a indústria não deve ser<br />

considerado como parte do processo produtivo”,<br />

diz. “Com isso negam o direito ao crédito desse<br />

imposto. É uma medi<strong>da</strong> que não guar<strong>da</strong> qualquer<br />

relação com a justiça fiscal ou o princípio <strong>da</strong> nãocumulativi<strong>da</strong>de<br />

do tributo (pressuposto de competitivi<strong>da</strong>de)<br />

e está relaciona<strong>da</strong> diretamente à necessi<strong>da</strong>de<br />

de caixa <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong>”, justifica.<br />

Segundo ele, já existem programas que reduzem<br />

a carga tributária, principalmente aqueles volta<strong>dos</strong><br />

para a produção de biodiesel a partir de matériaprima<br />

forneci<strong>da</strong> pela agricultura familiar. Mas o grande<br />

problema é que a matriz energética,<br />

nela incluí<strong>da</strong>s os combustíveis, são, no<br />

Brasil, uma <strong>da</strong>s principais fontes de arreca<strong>da</strong>ção<br />

de tributos. “São iniciativas váli<strong>da</strong>s,<br />

mas considerando a importância do<br />

produto, ain<strong>da</strong> incipientes. O poder público é<br />

sempre relutante em matéria de incentivos nessa<br />

área”, opina.<br />

Pimentel considera que o Brasil tem forte política<br />

protecionista, em que há uma soma de subsídios a<br />

produtores locais com barreiras restritivas à entra<strong>da</strong><br />

de produto estrangeiro. “É o que se verifica, particularmente,<br />

nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>. Isso penaliza sobremaneira<br />

o produtor brasileiro que, além de to<strong>da</strong>s as<br />

dificul<strong>da</strong>des domésticas, tem de enfrentar não só o<br />

produtor americano, mas também o peso do tesouro<br />

americano, que, apesar de to<strong>da</strong> a crise, ain<strong>da</strong><br />

man<strong>da</strong> muito”.<br />

‘Falta de competitivi<strong>da</strong>de é<br />

níti<strong>da</strong>’, diz diretor <strong>da</strong> Ubrabio<br />

De acordo com o diretor executivo <strong>da</strong> União<br />

Brasileira de Biodiesel, Sérgio Beltrão, a falta de competitivi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong>s exportações brasileiras do produto é<br />

níti<strong>da</strong>. Segundo ele, apesar de o Brasil reunir as melhores<br />

condições no mundo em relação aos biocombustíveis<br />

– o País tem a capaci<strong>da</strong>de de produção de biodiesel<br />

ociosa em cerca de 60% – os produtores que utilizam<br />

tecnologia no estado <strong>da</strong> arte e com possibili<strong>da</strong>de<br />

de produzir um biodiesel de quali<strong>da</strong>de até hoje não<br />

exportam litro algum de biodiesel.<br />

A principal razão para isso, ain<strong>da</strong> de acordo com<br />

Beltrão, é anterior ao próprio biodiesel. “É a mesma<br />

lógica perversa do “complexo soja” (grão, farelo e óleo)”,<br />

afirma ele, segundo quem essa situação ocorre desde o<br />

surgimento <strong>da</strong> Lei Kandir (1996) pelo desequilíbrio do<br />

ICMS (falta de isonomia tributária entre matéria-prima<br />

e produtos). “Ela desonerou a exportação de matériaprima,<br />

mas não o fez de maneira completa, com a<br />

produção industrial para exportação. Isso fez com que<br />

se gerasse acúmulo estrutural de créditos tributários de<br />

ICMS de difícil aproveitamento pelo setor”, explica.<br />

Para o diretor <strong>da</strong> Ubrabio, a situação é diferente, por<br />

exemplo, na Argentina. O país vizinho, embora tribute<br />

seus produtos de exportação do complexo soja e biodiesel,<br />

o faz a partir de alíquotas diferencia<strong>da</strong>s, cobrando,<br />

ao contrário do Brasil, mais imposto sobre a exportação<br />

de matéria-prima relativamente à exportação de<br />

produtos. “Isso favorece a exportação de produtos com<br />

maior valor agregado. Esse cenário tornou, por sua vez,<br />

o biodiesel argentino imbatível economicamente diante<br />

do biodiesel brasileiro e elevou nosso vizinho a maior<br />

exportador mundial”.<br />

Como solução para o problema, Beltrão acredita ser<br />

necessário reduzir as discrepâncias tributárias existentes<br />

em relação à Argentina, com mecanismos de incentivos<br />

à exportação de produtos com maior valor agregado.<br />

Isso poderia ser feito, segundo ele, por meio <strong>da</strong><br />

desoneração proporcional em to<strong>dos</strong> os elos <strong>da</strong> cadeia<br />

de produção e comercialização. “Defendemos ajustes<br />

na tributação como um todo e estamos desenvolvendo<br />

estu<strong>dos</strong>, ain<strong>da</strong> em fase inicial, de viabilização <strong>da</strong>s<br />

exportações com técnicos do Ministério do<br />

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior<br />

(MDIC)”, afirma.<br />

Saiba Mais<br />

Veja a tributação do diesel por metro cúbico:<br />

Pis/Cofins R$ 148,00; CIDE R$ 47,00, que<br />

soma<strong>da</strong>s resultam em R$ 195,00:<br />

A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico,<br />

denomina<strong>da</strong> Cide-Combustíveis (CIDE) , incide sobre a<br />

importação e a comercialização de combustíveis. A<br />

incidência é monofásica sobre o volume<br />

comercializado pelo produtor, ou seja, não há<br />

incidência nos elos subsequentes (distribuidoras e<br />

postos). Essa contribuição foi regulamenta<strong>da</strong> pela Lei<br />

nº 10.336, de 19 de dezembro de 2001. A alíquota<br />

específica <strong>da</strong> Cide-combustíveis é R$ 0,47 por litro de<br />

óleo diesel (ou R$ 47,00 por metro cúbico, antes era de<br />

R$ 70,00).<br />

Fonte: Ubrabio<br />

Dezembro de 2011 • 13


Colheita mecaniza<strong>da</strong><br />

Fotos: Divulgação/Sifaeg<br />

Como utilizar máquinas com<br />

eficiência e reduzir os desperdícios<br />

Usinas enfrentam<br />

problemas com<br />

máquinas que não<br />

cortam a cana rente ao<br />

solo. Per<strong>da</strong>s chegam a<br />

16%, mas podem cair a<br />

5% com uso adequado<br />

<strong>da</strong>s colhedoras<br />

Aline Leonardo<br />

Não há mais volta. A mecanização <strong>da</strong><br />

colheita de cana é uma reali<strong>da</strong>de. Mas,<br />

como a tecnologia é nova, muitas usinas<br />

estão enfrentando problemas com as per<strong>da</strong>s<br />

que chegam a 16% do Açúcar Total Recuperável<br />

(ATR). É que as máquinas não cortam a cana rente<br />

ao solo, como é feito manualmente, e o desperdício<br />

é grande. Além disso, as impurezas trazi<strong>da</strong>s pelas<br />

colhedoras são em volume bem maior.<br />

Mas as máquinas não são as únicas vilãs. Entre<br />

as principais causas de per<strong>da</strong>s na colheita mecaniza<strong>da</strong><br />

estão o preparo e nivelamento do solo inadequa<strong>dos</strong>;<br />

falta de paralelismo entre fileiras de plantio;<br />

inabili<strong>da</strong>de <strong>dos</strong> operadores <strong>da</strong>s colhedoras;<br />

excesso de veloci<strong>da</strong>de de trabalho; canavial deitado;<br />

facas de corte ou fracionamento <strong>dos</strong> colmos<br />

quebra<strong>dos</strong> ou gastos; falta de sincronismo entre<br />

colhedora e transbordo durante o corte e rotação<br />

<strong>dos</strong> exaustores incompatível com o canavial.<br />

A análise <strong>dos</strong> problemas mais recorrentes na<br />

colheita mecaniza<strong>da</strong> foi feita pelo professor<br />

Tomaz Caetano Cannavam Ripoli, do<br />

Departamento de Engenharia de Biossistemas <strong>da</strong><br />

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz<br />

(Esalq-USP). Segundo ele, é fun<strong>da</strong>mental que os<br />

produtores enten<strong>da</strong>m que a colhedora, sozinha,<br />

não faz milagres. Ela requer, ele explica, investimentos<br />

no preparo do solo e na capacitação <strong>dos</strong><br />

operadores de máquinas.<br />

“Será que alguma escuderia de Fórmula 1 aceitaria<br />

correr em pista esburaca<strong>da</strong>? Colhedora também<br />

exige boas condições para operar a contento”,<br />

afirmou.<br />

Para que haja um melhor desempenho dessas<br />

máquinas, o professor recomen<strong>da</strong> diminuir ao<br />

máximo as imperfeições do micro-relevo, trabalhar<br />

para se obter um terreno bem destorroado,<br />

sem tocos e pedras. Além disso, ele orienta os<br />

produtores a adotar uma prática ain<strong>da</strong> pouco<br />

comum no Brasil, que é a aplicação de plainas<br />

niveladoras.<br />

Muitas usinas já possuem, segundo Ripoli, os<br />

profissionais chama<strong>dos</strong> de operadores-mantenedores,<br />

que, além de bem operarem a máquina,<br />

participam de seus reparos, manutenção no<br />

campo e <strong>da</strong>s reformas de entressafra. “Esses colaboradores<br />

são treina<strong>dos</strong> para avaliar a quali<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> colheita sabendo que decisões tomar em função<br />

<strong>dos</strong> ambientes de produção”, comentou.<br />

Per<strong>da</strong>s menores<br />

De acordo com o coordenador de Engenharia<br />

Agrícola do Centro de Tecnologia Canavieira, José<br />

Guilherme Perticarrari, quando to<strong>da</strong>s as condições<br />

para a colheita são favoráveis, as per<strong>da</strong>s médias<br />

atingem um valor máximo de 5%. Do contrário, elas<br />

podem passar de 15%.<br />

De acordo com ele, os maiores vilões são o<br />

14 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia


Fotos: Divulgação/Unica<br />

corte de base, quando se corta a cana muito alto em relação ao solo,<br />

e os extratores, quando a veloci<strong>da</strong>de de limpeza <strong>dos</strong> mesmos não é<br />

compatível com as características <strong>da</strong> cana colhi<strong>da</strong>. Guilherme acredita,<br />

ain<strong>da</strong>, que a falta de habili<strong>da</strong>de do operador é o maior fator<br />

externo de per<strong>da</strong>s na colheita.<br />

No entanto, já existe tecnologia para manter os níveis de per<strong>da</strong>s<br />

inferiores a 5%, afirma Guilherme. Trata-se de uma soma de fatores<br />

que engloba várias operações agrícolas, além <strong>dos</strong> equipamentos. “O<br />

CTC é, atualmente, a única instituição do Brasil que tem estrutura e<br />

conhecimento técnico em to<strong>da</strong>s estas áreas interativas <strong>da</strong> cadeia<br />

produtiva <strong>da</strong> cana-de-açúcar para monitorar e reduzir estes níveis de<br />

per<strong>da</strong>s na colheita mecaniza<strong>da</strong>”, diz.<br />

Na Safra 2010/11 o percentual de cana colhi<strong>da</strong> mecanicamente no<br />

Brasil foi de 73% para o Estado de São Paulo e 76% para o Centro-<br />

Sul, segundo <strong>da</strong><strong>dos</strong> do CTC. Já a colheita mecaniza<strong>da</strong> de cana, sem a<br />

queima prévia, foi de 61% para o Estado de São Paulo e 54% para o<br />

Centro-Sul. Na Safra 2011/12, ain<strong>da</strong> em an<strong>da</strong>mento, os percentuais<br />

de colheita mecaniza<strong>da</strong> para o Estado de São Paulo e Centro-Sul,<br />

aponta<strong>dos</strong> até setembro de 2011, indicam estabili<strong>da</strong>de nestes valores<br />

em relação à safra passa<strong>da</strong>.<br />

Para Guilherme, a colheita mecaniza<strong>da</strong> no Brasil está crescendo de<br />

forma exponencial, principalmente no Estado de São Paulo. Lá existe<br />

a Lei Estadual n° 11. 241/02, que determina a eliminação <strong>da</strong>s queima<strong>da</strong>s<br />

<strong>da</strong> cana de açúcar até 2017 para as áreas mecanizáveis, e até<br />

2031 para as áreas não mecanizáveis. “Temos ain<strong>da</strong> um Protocolo<br />

Ambiental assinado pelas uni<strong>da</strong>des produtoras de açúcar e álcool<br />

que antecipa estas <strong>da</strong>tas, respectivamente, para 2014 e 2021”, diz.<br />

Já nos demais Esta<strong>dos</strong> produtores do Centro-Sul, onde se concentra<br />

a maior parte <strong>da</strong>s novas uni<strong>da</strong>des industriais e as últimas grandes<br />

expansões <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong> com cana, a implantação do sistema de<br />

colheita mecaniza<strong>da</strong> está em quase 100% <strong>da</strong>s novas áreas, principalmente<br />

devido à falta de mão de obra para a colheita manual e à topografia<br />

plana e regular que facilita a mecanização <strong>da</strong> colheita e plantio.<br />

√ Reforma de colhedoras, plantadoras e implementos<br />

canavieiros, além de manutenção de componentes<br />

√ Elevador de colhedora<br />

√ Divisor de linha<br />

√ Extrator primário e secundário<br />

√ Mesa do giro<br />

√ Despontador e pirulitos<br />

√ Caixa do corte de base<br />

√ Transporte de máquinas agrícolas<br />

√ Serviço de coleta e entrega no cliente<br />

√ Terceirização de mão-de-obra com profissionais<br />

qualifica<strong>dos</strong> em caminhão-oficina equipado para<br />

atendimento em campo, além de mecânico de<br />

colhedoras, caminhões, plantadoras, implementos e<br />

refrigeração; eletricista, sol<strong>da</strong>dor e caldeireiro<br />

Também contamos com transporte<br />

de equipamentos e componentes.<br />

Buscamos e entregamos sem custo.<br />

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Dezembro de 2011 • 15


Indústria lança colhedora com controle<br />

automático de altura do corte<br />

As indústrias também já se movimentam e apresentam lançamentos que prometem<br />

reduzir o percentual de per<strong>da</strong>s. A Case IH lançou recentemente uma máquina com sistema<br />

Auto Tracker (controle automático de altura do corte de base), único do mercado que<br />

possui referência de altura e pressão, recurso que garante uma maior veloci<strong>da</strong>de de resposta<br />

em relação às irregulari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> área. Com isso, a colhedora A8000 consegue reduzi<strong>dos</strong><br />

índices de per<strong>da</strong>s em função <strong>da</strong>s impurezas minerais oriun<strong>da</strong>s do corte de base.<br />

A empresa também aposta num equipamento voltado para pequenos e médios produtores,<br />

cuja viabili<strong>da</strong>de produtiva se dá com o plantio em espaçamento de até um<br />

metro, característico em regiões como o Nordeste brasileiro. As dimensões e todo o<br />

sistema de colheita <strong>da</strong> A4000 foram projeta<strong>dos</strong> para que, mesmo com o sistema de<br />

espaçamento reduzido, o operador consiga colher uma linha por vez sem pisotear as<br />

soqueiras, aumentando a quali<strong>da</strong>de do corte, reduzindo os índices de per<strong>da</strong> e gerando<br />

maior longevi<strong>da</strong>de para o canavial.<br />

Lâminas serrilha<strong>da</strong>s<br />

Visando diminuir os <strong>da</strong>nos causa<strong>dos</strong> à cana-de-açúcar na hora <strong>da</strong> colheita, o Instituto<br />

Agronômico de Campinas (IAC) lançou no início deste ano uma nova tecnologia que<br />

utiliza lâminas serrilha<strong>da</strong>s com corte por deslizamento, o que reduz de 3,4% para 0,2%<br />

a quanti<strong>da</strong>de de soqueiras(raízes ao redor <strong>da</strong> planta) arranca<strong>da</strong>s, que não rebrotam<br />

mais. O sistema também diminui o ataque de fungos e doenças às soqueiras, assim<br />

como a deterioração <strong>da</strong> cana que chega para as usinas.<br />

O IAC trabalhou por dez anos nas pesquisas de corte de cana com lâmina serrilha<strong>da</strong><br />

e realizou os testes em campo nas safras de 2006, 2007 e 2008. Apesar de o investimento<br />

no produto ser aproxima<strong>da</strong>mente quatro vezes maior, as lâminas duram mais, pois<br />

sofrem menos desgaste ao colherem a cana um pouco acima <strong>da</strong> superfície do solo.<br />

Enquanto as lâminas convencionais têm de ser troca<strong>da</strong>s diariamente, as serrilha<strong>da</strong>s<br />

duram, em média, seis dias.<br />

Fotos: Divulgação/Case<br />

Vantagens e desvantagens <strong>da</strong> Colheita Mecaniza<strong>da</strong>:<br />

Vantagens<br />

Permite a colheita sem queima prévia,<br />

respeitando o meio ambiente;<br />

Requer menos mão de obra e é muito mais<br />

qualifica<strong>da</strong>, permitindo melhores salários e<br />

melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> do funcionário;<br />

Custos por tonela<strong>da</strong> colhi<strong>da</strong> e transporta<strong>da</strong> menores;<br />

Menor índice de terra;<br />

Rebolos de melhor quali<strong>da</strong>de, sem exsu<strong>da</strong>ção;<br />

Alto desempenho operacional (t/h);<br />

Obriga a usina a desenvolver melhor logística<br />

no CCT (Corte,Carregamento e Transporte, que<br />

representa 30% do custo de produção de cana);<br />

Exige profissionais de nível superior<br />

de formação diversifica<strong>da</strong>.<br />

Desvantagens<br />

Maior percentagem de matéria estranha<br />

vegetal na matéria-prima colhi<strong>da</strong>;<br />

Se não houver boa logística, os custos se elevam muito;<br />

Investimento inicial elevado;<br />

Exige total mu<strong>da</strong>nça no sistema de<br />

produção (do preparo do solo ao cultivo).<br />

16 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia


Opinião<br />

Sereni<strong>da</strong>de para avaliar o novo Código Florestal<br />

Depois de dez meses de discussões e quinze audiências públicas,<br />

o Senado aprovou o novo Código Florestal. O texto<br />

equilibrado, prudente e harmônico, equaliza a ativi<strong>da</strong>de<br />

econômica e a preservação <strong>da</strong> natureza, no campo e nas ci<strong>da</strong>des.<br />

Como boa obra política, a arte do possível, o texto não agradou<br />

inteiramente aos dois la<strong>dos</strong>. Os ambientalistas buscam<br />

maiores restrições à exploração econômica. Produtores rurais e<br />

setores imobiliários, por sua vez, querem maior liber<strong>da</strong>de para<br />

empreender.<br />

A quase totali<strong>da</strong>de <strong>dos</strong> envolvi<strong>dos</strong>, no entanto, admite que<br />

se conseguiu um amplo consenso para substituir o atual Código,<br />

vigente desde 1965. A Câmara <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> deu início à<br />

reforma no texto, que se desatualizou nestes 46 anos.<br />

A proposta que os deputa<strong>dos</strong> enviaram ao Senado, consubstancia<strong>da</strong><br />

no substitutivo do relator Aldo Rebelo, hoje ministro<br />

do Esporte, provocou forte reação <strong>dos</strong> ambientalistas e sinais<br />

de que, tal como estava, tornava previsível o veto presidencial.<br />

O Senado sanou esse problema introduzindo inovações criativas<br />

e interessantes. Entre elas, a separação entre os dispositivos<br />

permanentes e os transitórios, a diferenciação <strong>da</strong>s normas<br />

para áreas urbanas, os incentivos para recuperação <strong>da</strong>s áreas<br />

degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s, as medi<strong>da</strong>s de apoio à agricultura familiar.<br />

O tratamento <strong>da</strong>do às chama<strong>da</strong>s “áreas consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s” é o<br />

ponto que ain<strong>da</strong> encontra maior resistência entre ambientalistas.<br />

É, porém, a solução possível diante de reali<strong>da</strong>des como a<br />

cafeicultura em Minas Gerais e no Espírito Santo, a produção<br />

de maçãs em Santa Catarina, e uva no Rio Grande do Sul.<br />

As ativi<strong>da</strong>des consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s nas APPs, porém, estão condiciona<strong>da</strong>s<br />

a requisitos como utili<strong>da</strong>de pública, interesse social e<br />

de baixo impacto ambiental.<br />

Para se livrar <strong>da</strong> multa sobre desmatamentos em APPs,<br />

ocorri<strong>dos</strong> até julho de 2008, os produtores terão que recuperar<br />

um mínimo <strong>da</strong> mata nativa e ca<strong>da</strong>strar o seu imóvel, para que<br />

os órgãos ambientais possam monitorar desmatamentos futuros.<br />

Com isso, estima-se que serão replanta<strong>dos</strong> 23,5 milhões<br />

de hectares de mata nativa.<br />

A grande mu<strong>da</strong>nça para os municípios é a obrigatorie<strong>da</strong>de<br />

de preservar as margens de cursos d’água e garantir, nos novos<br />

empreendimentos e expansões urbanas, um mínimo de 20 metros<br />

quadra<strong>dos</strong> de área verde por habitante.<br />

O Senado ain<strong>da</strong> alterou disposição <strong>da</strong> Câmara para obrigar<br />

o reflorestamento de matas ciliares na faixa de 15 metros pra<br />

os rios mais estreitos e 100 metros para os rios mais largos.<br />

O novo Código Florestal foi aprovado por expressiva maioria<br />

<strong>dos</strong> senadores, 59 votos a favor e sete contra. A ministra do<br />

Meio Ambiente, Izabella Teixeira, acompanhou as negociações<br />

e apoiou a solução encontra<strong>da</strong>.<br />

Como houve modificações no texto original, a proposta volta<br />

à Câmara, que deverá colocar o tema em votação no início<br />

de março. Aos deputa<strong>dos</strong> cabe aprovar o texto amplamente<br />

consensual no Senado, tal como se encontra, ou retomar ao<br />

anterior. Não há alternativa regimental.<br />

O que a socie<strong>da</strong>de espera, agora, é sereni<strong>da</strong>de na decisão <strong>da</strong><br />

Câmara para que o Brasil tenha, o mais rápido possível, um<br />

marco regulatório que dê segurança jurídica aos produtores,<br />

garantia de preservação do meio ambiente existente, assim<br />

como estímulos para recuperação de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s e regras<br />

para expansão <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des.<br />

Clésio Andrade é senador por<br />

Minas Gerais e Presidente <strong>da</strong> CNT -<br />

Confederação Nacional do Transporte<br />

Marcello Casal Jr/ABr<br />

Dezembro de 2011 • 17


Fontes alternativas<br />

Bons ventos<br />

aju<strong>da</strong>m o Brasil a crescer<br />

Eólica já é a segun<strong>da</strong> fonte de<br />

energia mais barata do País<br />

Gilana Nunes<br />

A<br />

produção de energia eólica começou<br />

a ganhar força em 2004,<br />

entretanto, apesar do pouco<br />

tempo de vi<strong>da</strong>, já se mostra como<br />

uma <strong>da</strong>s mais promissoras formas de geração<br />

de energia renovável do País. Com o<br />

avanço, o Brasil assumiu o primeiro lugar<br />

no ranking <strong>dos</strong> produtores <strong>da</strong> energia eólica<br />

mais barata do mundo e passou a ser<br />

considerado um modelo a ser seguido.<br />

Segundo a diretora-presidente executiva<br />

<strong>da</strong> Associação Brasileira de Energia<br />

Eólica (ABEEólica), Elbia Melo, esse crescimento<br />

se deve, principalmente, ao avanço<br />

tecnológico e ao aumento do número de<br />

políticas públicas de incentivo, principalmente<br />

com a criação do Programa<br />

Nacional de Incentivo às Fontes<br />

Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).<br />

Elbia destaca que, hoje, o Brasil possui<br />

64 usinas eólicas em operação, totalizando<br />

1324 megawatts (MW) de potência instala<strong>da</strong>,<br />

e quase 1 gigawatt (GW) de potência<br />

em processo de construção, além <strong>dos</strong> 4900<br />

megawatts já contrata<strong>dos</strong>. Segundo a diretora,<br />

até 2014 o País estará com cerca de 7<br />

GW de potência em plena operação.<br />

O maior potencial de aproveitamento<br />

<strong>dos</strong> ventos está na região Nordeste, principalmente<br />

no Estado do Ceará, que possui<br />

17 parques em operação e soma 518<br />

MW de potência instala<strong>da</strong>. Logo atrás<br />

encontram-se o Rio Grande do Sul, com<br />

298 MW de potência, e o Rio Grande do<br />

Norte, que possui capaci<strong>da</strong>de de geração<br />

de 206 MW de energia.<br />

Avanços<br />

Segundo <strong>da</strong><strong>dos</strong> do primeiro Atlas Eólico<br />

Brasileiro, lançando em 2001, o País possuía<br />

um potencial para geração de energia<br />

de 143 GW. No final deste ano será lançado<br />

o segundo Atlas, que aponta um<br />

potencial de 300 GW, mais que o dobro do<br />

que foi avaliado dez anos atrás.<br />

Para Elbia, um <strong>dos</strong> motivos desse salto<br />

foi o desenvolvimento tecnológico. “Em<br />

2001, as medições foram feitas quando<br />

ain<strong>da</strong> se utilizavam torres de captação de<br />

ventos de 50 metros, hoje a medição é<br />

feita com torres de 100 metros, o que,<br />

naturalmente, aumenta o potencial de<br />

geração”, destaca a diretora <strong>da</strong> ABEEólica.<br />

Outro fator que influenciou o salto na<br />

produção foi o próprio potencial do País,<br />

fazendo com que empresas europeias e<br />

Enten<strong>da</strong> como funcionam os parques eólicos<br />

O vento gira uma hélice gigante<br />

conecta<strong>da</strong> a um gerador que produz<br />

eletrici<strong>da</strong>de. Quando vários<br />

mecanismos como esse – conhecido<br />

como turbina de vento – são liga<strong>dos</strong><br />

a uma central de transmissão de<br />

energia, temos uma central eólica.<br />

A quanti<strong>da</strong>de de energia produzi<strong>da</strong><br />

por uma turbina varia de acordo<br />

com o tamanho <strong>da</strong>s suas hélices e,<br />

claro, o regime de ventos na região<br />

em que está instala<strong>da</strong>. E não pense<br />

que o ideal é contar simplesmente<br />

com ventos fortes. “Além <strong>da</strong><br />

veloci<strong>da</strong>de <strong>dos</strong> ventos, é importante<br />

que eles sejam regulares, não<br />

sofram turbulências e nem estejam<br />

sujeitos a fenômenos climáticos<br />

como tufões”, diz o engenheiro<br />

mecânico Everaldo Feitosa, vicepresidente<br />

<strong>da</strong> Associação Mundial<br />

de Energia Eólica.<br />

Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br<br />

18 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia


Fotos: Divulgação<br />

norteamericanas, que trabalham com esse tipo de<br />

tecnologia há muito tempo, vissem no Brasil uma<br />

oportuni<strong>da</strong>de de investimento. Dessa forma,<br />

aumentou-se a competitivi<strong>da</strong>de e, consequentemente,<br />

reduziram-se os custos de produção.<br />

Elbia Melo explica que, atualmente, 70%<br />

<strong>dos</strong> produtos utiliza<strong>dos</strong> para a construção de<br />

parques eólicos já são produzi<strong>dos</strong> em território<br />

nacional, ain<strong>da</strong> que sejam oriun<strong>dos</strong> de empresas<br />

estrangeiras.<br />

E isso se deve aos investimentos governamentais<br />

que se intensificaram com o Proinfa em 2004 e<br />

abriram espaço para a indústria de bens de capital,<br />

como pás e aerogeradores. Em decorrência <strong>da</strong>s<br />

crises financeiras na Europa e nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> o<br />

Brasil tem se destacado como um <strong>dos</strong> principais<br />

focos de investimentos de energia eólica do mundo.<br />

Leilões<br />

O último leilão de energias renováveis, ocorrido<br />

dia 17 de agosto desse ano, colocou a energia eólica<br />

em destaque junto às outras fontes alternativas.<br />

Segundo Elbia, foi concedi<strong>da</strong> licença para geração<br />

de 2 gigawatts de energia a um preço abaixo de<br />

100 reais o megawatt.<br />

Dessa forma, “o leilão foi um marco <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> energia eólica no País”, afirma a diretora.<br />

Portanto, desde que os leilões sejam assegura<strong>dos</strong>,<br />

o Brasil pode aumentar muito a sua capaci<strong>da</strong>de<br />

geradora.<br />

O último leilão de energia A-5, ocorrido dia 20<br />

de dezembro, contratou 42 projetos de geração,<br />

<strong>dos</strong> quais, 39 foram de energia eólica, totalizando<br />

uma potência instala<strong>da</strong> de 976,5 MW.<br />

Impactos na economia<br />

O investimento em energias renováveis gera benefícios<br />

não apenas para o meio ambiente, mas também<br />

para a economia. No processo de implantação<br />

de parques eólicos, inúmeros postos de trabalho são<br />

cria<strong>dos</strong> e registra-se ain<strong>da</strong> um aumento no volume<br />

de negócios liga<strong>dos</strong> à essa área.<br />

Segundo Elbia Melo, as principais empresas produtoras<br />

de aerogeradores atuantes no País são GE Brasil,<br />

Wind Power, Gamesa, WEG e Alfa Energy, inaugura<strong>da</strong><br />

há pouco tempo na Bahia. Todo esse investimento,<br />

portanto, diminui a dependência do País em relação<br />

à importação de equipamentos, e, consequentemente,<br />

diminui os custos de produção. Além disso, gera<br />

emprego e movimenta a economia local e nacional,<br />

já que o Brasil se tornou também um exportador<br />

desses equipamentos.<br />

Dezembro de 2011 • 19


Energia solar requer<br />

mais investimentos<br />

Hoje, a energia oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong>s hidrelétricas é a mais utiliza<strong>da</strong> no País, tanto pelo<br />

baixo custo como por ser uma fonte renovável e limpa. Mas, devido à larga exploração,<br />

as alternativas para esse tipo de geração estão se esgotando. Dessa forma, é<br />

necessário investir em fontes alternativas que venham complementar a matriz<br />

energética brasileira.<br />

Diferentemente <strong>da</strong> eólica, a energia solar ain<strong>da</strong> precisa de muito investimento<br />

para ter seu custo barateado. Segundo o professor do departamento de energia<br />

elétrica <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal do Ceará (UFC), Paulo Carvalho, “diante do potencial<br />

o setor solar no Brasil cresce lentamente e a principal causa é a falta de uma política<br />

clara de incentivo à tecnologia, que ain<strong>da</strong> apresenta custos muito eleva<strong>dos</strong>.”<br />

Como o Brasil busca se destacar e inovar na produção de energia é preciso valorizar<br />

seu potencial para geração de energia solar. Mas, para que essa matriz se torne<br />

competitiva ain<strong>da</strong> serão necessários grandes investimentos na área.<br />

Elbia Melo, diretora-presidente executiva <strong>da</strong> ABEEólica, afirma que, justamente<br />

por causa <strong>dos</strong> custos, a energia solar ain<strong>da</strong> não entrou na matriz energética renovável<br />

brasileira, composta hoje pela biomassa, eólica, e pequenas centrais hidrelétricas<br />

(PCH’s). “Não faz sentido submeter o consumidor a fontes mais caras se existem<br />

opções mais baratas. Por isso, a solar só se tornará competitiva quando for economicamente<br />

viável, assim como ocorreu com a eólica”, destaca Elbia.<br />

Inovação no Nordeste<br />

A Rio Alta Energia irá construir no município de Coremas, na Paraíba, uma usina<br />

solar com capaci<strong>da</strong>de de geração de 50 MW. Quando estiver completa, além de se<br />

tornar a maior usina desse tipo no País, a obra utilizará uma tecnologia inédita, que<br />

promete reduzir os custos de geração em até 66%.<br />

Um <strong>dos</strong> sócios <strong>da</strong> empresa, Sérgio Reinas, garante que a nova tecnologia, denomina<strong>da</strong><br />

Concentrated Solar Power (CSP), é muito diferente <strong>da</strong>s convencionais<br />

placas fotovoltaicas.<br />

Segundo Sérgio, a tecnologia consiste na utilização de coletores em formato<br />

parabólico, que captam a radiação solar e tranformam-na em energia. O sistema se<br />

assemelha a uma usina nuclear, onde o calor gerado pela fissão é tranformado em<br />

energia nas instalações de uma usina térmica.<br />

A Usina Termosolar Coremas exigirá investimentos <strong>da</strong> ordem de R$350<br />

milhões e, por meio <strong>da</strong> tecnologia utiliza<strong>da</strong>, será possível gerar energia solar a<br />

um custo médio de 150 reais por megawatt/hora (MWh), o que representa uma<br />

grande redução em relação aos painéis utiliza<strong>dos</strong> atualmente, que geram energia<br />

à 450 reais o MWh.<br />

Elbia Melo, diretora-presidente executiva <strong>da</strong><br />

Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica),<br />

Inovação no Sudeste<br />

Em 2012, o Espírito Santo terá seus primeiros bairros solares, localiza<strong>dos</strong> nos<br />

munícipios de Serra e Cariacica, Grande Vitória. O projeto, realizado pelo Estado e a<br />

EDP Escelsa, irá construir quatro mil casas nos bairros Serra Doura<strong>da</strong> I, II e III, em<br />

Serra, e 240 apartamentos no bairro Itanguá, em Cariacica. Segundo o vice-governador<br />

do Estado, Givaldo Vieira, o objetivo é utilizar a energia solar de forma inteligente<br />

e, posteriormente, colocar em prática esta experiência em outros bairros.<br />

O diretor geral <strong>da</strong> agência de serviços públicos de energia do Espírito Santo, Luiz<br />

Fernando Schettino, afirma que o governo tem pretensão de levar o programa para<br />

o interior do Estado e fazer projetos pilotos em bairros carentes <strong>da</strong> Grande Vitória.<br />

Para as instalações <strong>dos</strong> painéis na Serra e em Cariacica foram feitos estu<strong>dos</strong> e ca<strong>da</strong>stros<br />

levando em consideração a ren<strong>da</strong> familiar.<br />

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento do Estado, a instalação de painéis<br />

solares para aquecimento de água já começaram e permitiram substituir a energia<br />

elétrica utiliza<strong>da</strong>s nos chuveiros elétricos. Com as obras já inicia<strong>da</strong>s, a previsão<br />

é que até abril de 2012 as primeiras duas mil casas sejam entregues. De<br />

acordo com a EDP Escelsa, o investimento no condomínio e no bairro solar será<br />

de cerca de 3,79 milhões.<br />

20 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia


Apoio à diversificação<br />

O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas<br />

de Energia Elétrica (Proinfa) foi instituído com<br />

o objetivo de aumentar a participação <strong>da</strong><br />

energia elétrica produzi<strong>da</strong> por fontes renováveis<br />

como a eólica, biomassa e pequenas centrais<br />

hidrelétricas (PCHs) no Sistema Elétrico<br />

Interligado Nacional (SIN).<br />

O principal intuito é promover a diversificação<br />

<strong>da</strong> Matriz Energética Brasileira, buscando<br />

alternativas para aumentar a segurança no<br />

abastecimento de energia elétrica, além de<br />

permitir a valorização <strong>da</strong>s características e<br />

potenciali<strong>da</strong>des regionais e locais.<br />

Porém, é preciso destacar que as fontes<br />

renováveis de energia não são a única e melhor<br />

solução para a matriz energética de ca<strong>da</strong> País.<br />

Como explica Elbia Melo, “as necessi<strong>da</strong>des<br />

variam de local para local, assim como as<br />

variações climáticas e geográficas”.<br />

É ilusão pensar que a oferta de energia será<br />

atendi<strong>da</strong> apenas com alternativas<br />

limpas. “Infelizmente, a reali<strong>da</strong>de é que, à<br />

medi<strong>da</strong> que o consumo cresce, precisamos de<br />

mais fontes para obter energia, incluindo as<br />

não tão ecologicamente corretas, como as<br />

termelétricas”, afirma Elbia.<br />

Tanto a energia eólica como a solar, por<br />

exemplo, assim como a produzi<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong><br />

biomassa e as PCH’s devem ser vistas como<br />

fontes alternativas, que complementem a<br />

geração de energia do País. Explorar apenas<br />

uma fonte é levá-la ao esgotamento ou à<br />

saturação, por isso é preciso sempre inovar e<br />

investir em novas formas de geração de<br />

energia.<br />

Fotos: Divulgação<br />

Dezembro de 2011 • 21


Balanço <strong>da</strong> safra<br />

Quebra na<br />

produção de cana<br />

Seca em 2010 e o excesso<br />

de chuvas no início<br />

de 2011 são alguns <strong>dos</strong><br />

fatores responsáveis pela<br />

menor produção<br />

Aline Leonardo<br />

Condições climáticas desfavoráveis e baixo<br />

investimento nas lavouras. Essas foram as<br />

principais razões para a menor produtivi<strong>da</strong>de<br />

de cana do Centro-Sul do País em 24<br />

anos. Segundo balanço divulgado pela União <strong>da</strong>s<br />

Indústrias de Cana-de-açúcar (Unica), no dia 13 de<br />

dezembro, houve que<strong>da</strong> de quase 11% no volume<br />

de cana processa<strong>da</strong> em relação à safra passa<strong>da</strong>.<br />

A seca de 2010 e o excesso de chuva no início deste<br />

ano são fatores que, alia<strong>dos</strong> ao baixo investimento em<br />

renovação e adubação <strong>dos</strong> canaviais nos últimos anos,<br />

resultaram na produção de 69 tonela<strong>da</strong>s de cana por<br />

hectare, 18% a menos em comparação com a média<br />

histórica de 84 tonela<strong>da</strong>s por hectare.<br />

“Seca e chuva na hora erra<strong>da</strong>, além de gea<strong>da</strong>s,<br />

fizeram com que tivéssemos um início de safra<br />

muito conturbado”, explica o presidente <strong>da</strong><br />

Organização <strong>dos</strong> Plantadores de Cana-de-Açúcar<br />

<strong>da</strong> Região Centro-Sul do Brasil (Orplana), Ismael<br />

Perina. “A previsão para o ano que vem não é<br />

melhor que a desse ano, mas está na hora de colocarmos<br />

a casa em ordem e tomar os cui<strong>da</strong><strong>dos</strong> que<br />

ficaram esqueci<strong>dos</strong>”.<br />

Até o final de novembro, a moagem de cana-deaçúcar<br />

pelas uni<strong>da</strong>des produtoras <strong>da</strong> região Centro-<br />

Sul atingiu 488,46 milhões de tonela<strong>da</strong>s contra o<br />

volume de 544,12 milhões de tonela<strong>da</strong>s processado<br />

no mesmo período do ano anterior. Considerando<br />

apenas a segun<strong>da</strong> quinzena de novembro (9,11<br />

milhões de tonela<strong>da</strong>s), a que<strong>da</strong> é 50% superior a<br />

igual período <strong>da</strong> safra 2010/2011.<br />

No entanto, cerca de 60 uni<strong>da</strong>des no Centro-Sul<br />

ain<strong>da</strong> não haviam encerrado a safra no fim de<br />

novembro. A maior parte dessas empresas deverá<br />

finalizar o processamento de cana no início de<br />

dezembro. De acordo com o diretor técnico <strong>da</strong><br />

UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, a produção<br />

observa<strong>da</strong> até o momento “está em linha com a<br />

última revisão de safra divulga<strong>da</strong> pela UNICA.”<br />

Segundo ele, os valores finais de safra devem ficar<br />

ligeiramente superiores aos estima<strong>dos</strong> pela enti<strong>da</strong>de,<br />

já que o volume de cana processa<strong>da</strong> em dezembro<br />

deverá ser residual.<br />


A quanti<strong>da</strong>de de Açúcares Totais Recuperáveis<br />

(ATR) atingiu 128,89 kg por tonela<strong>da</strong> de cana-de-<br />

IMPACTO DO CLIMA<br />

400<br />

300<br />

Precipitação Centro-Sul (mm)<br />

Safra 09/10<br />

Safra 10/11<br />

Safra 11/12<br />

200<br />

100<br />

(mm)<br />

0<br />

J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D<br />

2009 2010 2011<br />

22 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia


açúcar na segun<strong>da</strong> quinzena de novembro. A quantia<br />

é 2,05% mais baixa que a consegui<strong>da</strong> no mesmo período<br />

de 2010. A concentração de ATR também ficou<br />

reduzi<strong>da</strong> no acumulado do ano, apresentando que<strong>da</strong><br />

de 2,32% em relação ao mesmo período do último<br />

ano, totalizando 137,68 kg por tonela<strong>da</strong> de matéria-<br />

-prima.
No total, 44,58% do volume global de cana<br />

processado na segun<strong>da</strong> quinzena de novembro foi<br />

utilizado para a fabricação de açúcar, número praticamente<br />

idêntico aos 44,47% observa<strong>dos</strong> no último ano.<br />

Neste mesmo espaço de tempo a produção de açúcar<br />

totalizou 498,60 mil tonela<strong>da</strong>s, volume 51,68% menor<br />

que a produção obti<strong>da</strong> no mesmo período <strong>da</strong> safra<br />

passa<strong>da</strong> (1,03 milhão de tonela<strong>da</strong>s). Quanto ao etanol,<br />

foram produzi<strong>dos</strong> 383,80 milhões de litros, <strong>dos</strong> quais<br />

99,60 milhões de etanol anidro e 284,20 milhões de<br />

hidratado.

Do início <strong>da</strong> safra até o final de novembro,<br />

a produção de etanol ficou em 20,38 bilhões de litros,<br />

<strong>dos</strong> quais 7,89 bilhões de litros de etanol anidro e<br />

12,49 bilhões de litros de hidratado. Já a produção de<br />

açúcar alcançou 30,99 milhões de tonela<strong>da</strong>s, que<strong>da</strong> de<br />

6,19% em relação à safra 2010/2011.<br />

Produção de açúcar e etanol também<br />

fica abaixo do esperado em Goiás<br />

Em Goiás, os resulta<strong>dos</strong> não são melhores.<br />

De acordo com balanço divulgado no início<br />

de dezembro pelo presidente do Sindicato<br />

<strong>da</strong>s Indústrias de Fabricação de Álcool e<br />

Açúcar do Estado de Goiás (Sifaeg/Sifaçúcar),<br />

André Rocha, caiu a produção de açúcar e<br />

etanol. A de cana-de-açúcar ficou 2,9%<br />

menor que a registra<strong>da</strong> na safra passa<strong>da</strong>,<br />

saindo de 46,61milhões de tonela<strong>da</strong>s para<br />

45,22 milhões de tonela<strong>da</strong>s. A produção de<br />

açúcar também recuou 2,5% em comparação<br />

com o mesmo período, passando de<br />

1,798 milhão de tonela<strong>da</strong>s para 1,752 milhão<br />

de tonela<strong>da</strong>s.<br />

O total de etanol produzido no Estado<br />

despencou 7,6%, caindo de 2,895 milhões de<br />

metros cúbicos para 2,677 milhões. O etanol<br />

do tipo anidro teve, entretanto, um melhor<br />

desempenho, registrando aumento de 9,8% ,<br />

passando de 659,4 mil metros cúbicos na<br />

safra de 2010 para 724,5 mil metros cúbicos<br />

na atual. Já o hidratado teve redução de<br />

12,7%, caindo 2,235 milhões de metros cúbicos<br />

para 1,995 milhão.<br />

O desempenho ruim desta safra se deve,<br />

segundo André Rocha, à falta de investimentos<br />

no setor e à dificul<strong>da</strong>de <strong>dos</strong> produtores<br />

em promover a renovação <strong>dos</strong> canaviais e a<br />

expansão <strong>da</strong>s lavouras. “O que ocorre é que<br />

estamos com canaviais com 4 e 5 anos de<br />

i<strong>da</strong>de. Houve diminuição <strong>dos</strong> tratos e, além<br />

disso, foi feita colheita mecaniza<strong>da</strong> em locais<br />

em que era prevista colheita manual, o que<br />

prejudicou o ritmo do setor”, justifica.<br />

RETRATO DA DÉCADA<br />

700<br />

1. Crise financeira mundial compra de empresas em dificul<strong>da</strong>des<br />

2. Problemas climáticos nas últimas três safras<br />

3. Per<strong>da</strong> de competitivi<strong>da</strong>de do etanol em relação à gasolina<br />

Desaceleração<br />

<strong>da</strong> produção<br />

600<br />

555 MT<br />

Milhões de Tonela<strong>da</strong>s<br />

500<br />

400<br />

300<br />

Crescimento vigoroso<br />

<strong>da</strong> produção10,4 a.a<br />

200<br />

100<br />

2000/01<br />

2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12<br />

Açúcar Etanol exportado Etanol mercado interno<br />

Dezembro de 2011 • 23


Florescimento<br />

Inibir antes que<br />

Fatores que influenciam<br />

o florescimento <strong>da</strong> cana<br />

Fotoperíodo<br />

Temperatura<br />

Latitude<br />

Umi<strong>da</strong>de<br />

Nutrientes –<br />

destaque para o<br />

nitrogênio<br />

floresça<br />

Temperatura, luminosi<strong>da</strong>de e umi<strong>da</strong>de são alguns <strong>dos</strong><br />

fatores que contribuem para o florescimento <strong>da</strong><br />

cana-de-açúcar. Per<strong>da</strong>s na lavoura podem chegar a 30%<br />

se medi<strong>da</strong>s não forem toma<strong>da</strong>s no tempo adequado<br />

Fernando Dantas<br />

Para a maioria <strong>da</strong>s culturas, a fase de florescimento<br />

(ou floração) é vista como o apogeu <strong>da</strong><br />

planta, etapa anterior aos frutos e maturação<br />

de grãos. Já para a cana-de-açúcar é o contrário.<br />

O florescimento resulta em alterações morfofisiológicas<br />

<strong>da</strong> planta, interrupção do crescimento,<br />

brotação lateral, decréscimo de produtivi<strong>da</strong>de e, por<br />

consequência, prejuízos ao agricultor.<br />

A influência nas per<strong>da</strong>s é muito variável e depende<br />

de fatores como varie<strong>da</strong>de cultiva<strong>da</strong>, região de cultivo,<br />

época de corte, clima, entre outros. Para pesquisadores<br />

que avaliam esse processo de floração na cultura,<br />

três varie<strong>da</strong>des têm se destacado como as mais<br />

suscetíveis - SP 81-3250; RB 855156 e RB 855453.<br />

Varie<strong>da</strong>des floríferas colhi<strong>da</strong>s em meio e final de safra<br />

que não sejam inibi<strong>da</strong>s podem gerar per<strong>da</strong>s de até<br />

30% em massa. Além <strong>da</strong> diminuição de peso, em<br />

anos mais específicos, outros aspectos de interesse<br />

econômico são prejudica<strong>dos</strong>, como a redução <strong>da</strong><br />

quanti<strong>da</strong>de de açúcar (ATR por hectare), o aumento<br />

do teor de fibra e o decréscimo <strong>da</strong> umi<strong>da</strong>de <strong>dos</strong> colmos.<br />

Nesse caso, ocorre prejuízo operacional <strong>da</strong><br />

colheita e do transporte, além de interferência no<br />

rendimento <strong>da</strong> indústria na extração do caldo.<br />

O pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), <strong>da</strong><br />

Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado<br />

de São Paulo, Maximiliano Salles Scarpari, explica que<br />

a principal causa do florescimento <strong>da</strong> cana-de-açúcar<br />

se deve ao fotoperíodo, que na<strong>da</strong> mais é do que<br />

o período de luz de um dia, desde quando o sol nasce<br />

até ele se por. Esse fator físico determina a época de<br />

indução floral em cana-de-açúcar. Apesar de ocorrer<br />

por um conjunto de fatores, o florescimento é mais<br />

comum em plantas submeti<strong>da</strong>s a dias com comprimentos<br />

inferiores, portanto uma planta de dia curto.<br />

Além do fotoperíodo, as condições de temperatura,<br />

latitude e a quanti<strong>da</strong>de de chuvas no período<br />

indutivo – que na região Centro-Sul vai de final de<br />

fevereiro ao final de março - também afetam o florescimento,<br />

causando prejuízos e per<strong>da</strong>s ao canavial<br />

ao prejudicar a produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> planta.<br />

Segundo o agronômo de desenvolvimento de<br />

mercado <strong>da</strong> Bayer, Juliano Barela, o plantio em si não<br />

exerce interferência no florescimento, já o manejo de<br />

colheita, sim é muito influenciado. “A antecipação de<br />

corte de alg,umas varie<strong>da</strong>des para o início de safra<br />

pode ser uma opção, desde que não haja prejuízos<br />

em relação ao acúmulo de açúcar e se respeite o ciclo<br />

de maturação”, diz. Em algumas regiões de São Paulo,<br />

Minas Gerais e Goiás, o uso de inibidor é indispensável<br />

no manejo <strong>da</strong> colheita. Ele reforça que, sem essa<br />

tecnologia, a per<strong>da</strong> em produtivi<strong>da</strong>de (florescimento<br />

associado à isoporização/desidratação do colmo) é<br />

muito grande, principalmente em anos mais secos.<br />

Para a prevenção, recomen<strong>da</strong>-se utilizar inibidor<br />

de florescimento durante o período indutivo, inibindo<br />

o florescimento de varie<strong>da</strong>des que apresentam esta<br />

característica e que estejam destina<strong>da</strong>s à colheita em<br />

meio e fim de safra. “Em São Paulo, por exemplo, o<br />

inibidor de florescimento deve ser aplicado em mea<strong>dos</strong><br />

de fevereiro até mea<strong>dos</strong> de março”, acrescenta.<br />

Solução<br />

Além do uso de varie<strong>da</strong>des com menos potencial ou<br />

não florífero, outros méto<strong>dos</strong> têm sido aplica<strong>dos</strong> com o<br />

intuito de controlar o florescimento, como interrupção<br />

do período escuro por iluminação artificial, controle de<br />

temperatura, suspensão de irrigação e pulverização de<br />

substâncias químicas. Diversas opções ofereci<strong>da</strong>s no<br />

mercado também têm papel importante, seja como<br />

maturadores, defini<strong>dos</strong> como reguladores vegetais, que<br />

agem alterando a morfologia e a fisiologia <strong>da</strong> planta,<br />

podendo-se levar a modificações qualitativas e quantitativas<br />

na produção; ou inibidores do florescimento. É o<br />

caso do Ethrel, produto <strong>da</strong> Bayer CropScience. Seu<br />

modo de ação proporciona a liberação de etileno no<br />

interior <strong>da</strong>s plantas, responsável pela maturação natural<br />

<strong>da</strong>s plantas (acúmulo de sacarose no caso <strong>da</strong> cana-deaçúcar).<br />

Segundo Juliano Barela, com o uso de Ethrel a<br />

planta sofre pouca alteração em seu metabolismo, não<br />

prejudicando o posterior acúmulo de massa verde <strong>dos</strong><br />

colmos.<br />

O produto tem sido indicado para ser usado no<br />

sulco de plantio com o objetivo de acelerar a brotação,<br />

aumentar o número de perfilhos e, consequentemente,<br />

a produtivi<strong>da</strong>de por área; como maturador<br />

para ser aplicado no início <strong>da</strong> safra e, por último,<br />

como inibidor de florescimento, em que a aplicação<br />

precisa ser feita no período indutivo do florescimento<br />

de ca<strong>da</strong> região produtora.<br />

Juliano explica que o Ethrel, se adotado como<br />

maturador, auxilia no gerenciamento <strong>da</strong> colheita,<br />

proporcionando a entrega <strong>da</strong> matéria-prima com<br />

alta quali<strong>da</strong>de no início <strong>da</strong> safra. Já como inibidor,<br />

reduz as per<strong>da</strong>s pelo florescimento e isoporização,<br />

com o benefício de uma soqueira mais produtiva no<br />

próximo ano e, consequentemente, aumentando a<br />

longevi<strong>da</strong>de do canavial. “Dessa forma, agrega valor<br />

a todo o sistema agroindustrial durante todo o ciclo<br />

<strong>da</strong> cultura”, ressalta.<br />

Foto: Divulgação<br />

24 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia


Panorama<br />

Carro elétrico exigirá<br />

alta oferta de energia<br />

Raízem/Divulgação<br />

A substituição <strong>dos</strong> carros utiliza<strong>dos</strong> hoje por<br />

equivalentes movi<strong>dos</strong> a eletrici<strong>da</strong>de é vista como<br />

uma <strong>da</strong>s soluções para redução <strong>da</strong>s emissões de<br />

poluentes. Tal mu<strong>da</strong>nça, no entanto, significaria<br />

um acréscimo significativo na deman<strong>da</strong> por<br />

energia elétrica. Segundo cálculos <strong>da</strong> consultoria<br />

Andrade & Canellas, a substituição <strong>dos</strong> veículos<br />

hoje em circulação no Brasil por modelos elétricos<br />

exigiria que o parque gerador brasileiro produzisse<br />

mais 190.108 GWh por ano. Ou seja, para que o<br />

sistema elétrico nacional gerasse energia<br />

suficiente para abastecer to<strong>da</strong> a frota atual de<br />

veículos leves movi<strong>dos</strong> a gasolina ou etanol, seria<br />

preciso construir cinco usinas hidrelétricas como<br />

a de Belo Monte ou três usinas como a de Itaipu.<br />

Segundo <strong>da</strong><strong>dos</strong> do Departamento Nacional de<br />

Trânsito (Denatran), o Brasil possui, hoje, cerca de<br />

39 milhões de veículos leves emplaca<strong>dos</strong>. Ca<strong>da</strong><br />

um deles consome, em média, 1,4 tonela<strong>da</strong><br />

equivalente de petróleo (tep) por ano, o que<br />

resulta num gasto total de 54 milhões de tep pela<br />

frota de automóveis leves. Esse volume se deve,<br />

em parte, ao desempenho <strong>dos</strong> motores a<br />

combustão interna, que trabalham com níveis de<br />

eficiência médios de apenas 27%.<br />

Os motores elétricos apresentam níveis de<br />

eficiência superiores, <strong>da</strong> ordem de 90%. Assim, se<br />

to<strong>da</strong> a frota for converti<strong>da</strong> para automóveis que<br />

utilizam eletrici<strong>da</strong>de, o consumo total cairia para<br />

pouco mais de 16 milhões de tep por ano, o que<br />

equivale a 190.108 GWh. Mas, apesar <strong>da</strong> redução<br />

no volume de energia utiliza<strong>da</strong>, o montante<br />

representa uma quanti<strong>da</strong>de significativa. Só para<br />

se ter ideia, a usina de Itaipu produziu cerca de<br />

71.744 GWh no último ano, ou seja, pouco mais<br />

de um terço do total que seria gasto pelos carros<br />

elétricos. A usina de Belo Monte, quando estiver<br />

operando plenamente, deve gerar por volta de<br />

39.360 GWh por ano, valor cinco vezes menor do<br />

que a nova deman<strong>da</strong>.<br />

“Em princípio, os veículos elétricos são opções<br />

interessantes para a descarbonização <strong>da</strong> matriz<br />

de transportes. Mas é preciso atenção porque a<br />

eletrici<strong>da</strong>de para abastecê-los terá de ser<br />

produzi<strong>da</strong> de alguma forma, o que exigirá<br />

investimentos significativos no parque gerador e<br />

na infraestrutura de transmissão e distribuição”,<br />

afirma a gerente do Núcleo de Energia Térmica e<br />

Fontes Alternativas <strong>da</strong> Andrade & Canellas,<br />

Monica Rodrigues de Souza.<br />

Raízen faz entrega de presentes de Natal em Jataí<br />

As crianças do CMEI Recanto Feliz, em<br />

Jataí, receberam presentes doa<strong>dos</strong> por<br />

funcionários <strong>da</strong> Raízen, empresa<br />

resultante <strong>da</strong> integração entre Shell e<br />

Cosan. A iniciativa integra a campanha<br />

“Seja o Papai Noel de Alguém”,<br />

promovi<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as uni<strong>da</strong>des do<br />

grupo e que completa três anos em<br />

Jataí. Ao longo desses três anos, cerca de<br />

400 crianças de quatro instituições do<br />

município já foram beneficia<strong>da</strong>s com os<br />

presentes doa<strong>dos</strong> pela Campanha.<br />

Parque Nacional <strong>da</strong>s Emas<br />

A Uni<strong>da</strong>de Jataí <strong>da</strong> Raízen fez doação<br />

de um veículo 0 km para o Parque<br />

Nacional <strong>da</strong>s Emas, localizado em<br />

Mineiros, Região Sudoeste de Goiás. O<br />

automóvel uma Sprinter, com<br />

capaci<strong>da</strong>de para 16 passageiros, será<br />

utilizado para o transporte de visitantes<br />

do parque e para a implantação <strong>da</strong>s<br />

ações de educação ambiental, realização<br />

de ativi<strong>da</strong>des de pesquisas, transporte de<br />

brigadistas e funcionários.<br />

A ação faz parte do Programa de<br />

Investimento em Uni<strong>da</strong>des de<br />

Conservação Existente, implantado pela<br />

Raízen em Jataí com o objetivo de<br />

apoiar uni<strong>da</strong>des de conservação<br />

ambiental <strong>da</strong> região e, dessa forma,<br />

contribuir para a disseminação de<br />

conceitos de educação ambiental com<br />

experiências práticas.<br />

Petrobras é vencedora em prêmio de comunicação<br />

O prêmio Empresas que Melhor se<br />

Comunicam com Jornalistas teve a Petrobras<br />

como uma de suas principais vencedoras. O<br />

prêmio é promovido pela revista Negócios <strong>da</strong><br />

Comunicação e a escolha foi feita por 25 mil<br />

profissionais de imprensa <strong>da</strong>s principais<br />

re<strong>da</strong>ções e agências de comunicação do País.<br />

Eles foram ouvi<strong>dos</strong> numa pesquisa realiza<strong>da</strong><br />

pela empresa H2R e audita<strong>da</strong> pela BDO Brasil,<br />

consultoria com atuação em 119 países.<br />

Dentre os 30 setores <strong>da</strong> economia que a<br />

pesquisa abrangeu, a Companhia foi a única<br />

empresa eleita em três categorias:<br />

Biocombustível e Energia Alternativa,<br />

Petróleo e Gás e Química e Petroquímica.<br />

O prêmio visa reconhecer a quali<strong>da</strong>de do<br />

relacionamento que as companhias mantêm<br />

com os <strong>jornal</strong>istas e o mercado e ressaltar o<br />

nível de tratamento que elas conferem aos<br />

profissionais <strong>da</strong> imprensa quanto ao acesso,<br />

disponibilização e facili<strong>da</strong>de de apuração de<br />

informações empresariais, setoriais e gerais.<br />

Reitor <strong>da</strong> UFG assume<br />

presidência <strong>da</strong> Ridesa<br />

O reitor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal de Goiás (UFG),<br />

Edward Madureira Brasil, assumiu, no final de<br />

novembro, a presidência <strong>da</strong> Rede Interuniversitária<br />

para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro<br />

(Ridesa). O cargo era ocupado pela reitora <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong>de Federal de Alagoas, Ana Dayse Dorea.<br />

Cria<strong>da</strong> há 20 anos, a Ridesa reúne 11 universi<strong>da</strong>des<br />

federais no trabalho de pesquisa de novas<br />

varie<strong>da</strong>des de cana-de-açúcar.<br />

Ridesa/Divulgação<br />

Dezembro de 2011 • 25


Cardápio<br />

de viagens<br />

Natal<br />

Parque aquático em Cal<strong>da</strong>s Novas (GO). Abaixo<br />

paisagens <strong>da</strong> Chapa<strong>da</strong> <strong>dos</strong> Guimarães (MT)<br />

O período de dezembro a fevereiro é sempre<br />

festivo. Tempo de reunir a família e os amigos<br />

e de colocar o pé na estra<strong>da</strong> para aproveitar as<br />

férias <strong>da</strong> melhor maneira possível. Pensando<br />

nisso, o <strong>Canal</strong> fez uma seleção de vários<br />

destinos do País para os amantes de viagens.<br />

Ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de apresenta<strong>da</strong> possui suas particulari<strong>da</strong>des e atende a diferentes necessi<strong>da</strong>des <strong>dos</strong><br />

turistas. Veja a que mais combina com você e divirta-se!<br />

Cal<strong>da</strong>s Novas<br />

Cal<strong>da</strong>s Novas, no interior de Goiás, foi particularmente abençoa<strong>da</strong> pela natureza. O lugar<br />

abriga um manancial de águas termais que registram temperaturas que vão de 35ºC à 45ºC.<br />

Uma espécie de oásis no coração do Cerrado brasileiro, localizado a 170 quilômetros de Goiânia,<br />

capital do Estado.<br />

A ci<strong>da</strong>de conquistou fama turística por ser uma grandiosa estância de águas termais em que<br />

reservas de águas cristalinas, quentes e balneáveis fazem a alegria <strong>dos</strong> visitantes. Mas Cal<strong>da</strong>s<br />

Novas não tem apenas águas quentes, oferece outras belezas que também precisam ser aprecia<strong>da</strong>s<br />

como o Parque Estadual <strong>da</strong> Serra de Cal<strong>da</strong>s Novas, o Jardim Japonês, o Lago Corumbá e<br />

a bela Lagoa Quente.<br />

Chapa<strong>da</strong> <strong>dos</strong> Guimarães<br />

Uma praça com uma igrejinha branca e azul e bancos espalha<strong>dos</strong> sob árvores. O centro <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de Chapa<strong>da</strong> <strong>dos</strong> Guimarãoes (MT) – a 65 quilômetros de Cuiabá – é assim, parecido com o<br />

de centenas de vilarejos interioranos. Mas o clima pacato e pachorrento fica por aí. A poucos<br />

quilômetros <strong>da</strong> calma pracinha, a natureza é escan<strong>da</strong>losa. Parece gritar. A começar <strong>dos</strong> penhascos,<br />

paisagens que mais impressionam naquela região.<br />

A Chapa<strong>da</strong> oferece atrações surpreendentes. Uma <strong>da</strong>s dicas é o roteiro <strong>da</strong> Caverna Aroe Jari<br />

e <strong>da</strong> Lagoa Azul, que ficam a 46 quilômetros <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. O circuito de 8 quilômetros de caminha<strong>da</strong><br />

começa numa fazen<strong>da</strong>, de onde parte-se para trilhas em meio ao Cerrado até a caverna, uma<br />

<strong>da</strong>s maiores de arenito do Brasil, com 1,4 mil metros de extensão.<br />

Pouco adiante, a Lagoa Azul chega a ofuscar os olhos com suas águas cristalinas, que se<br />

tornam fortemente azula<strong>da</strong>s quando incidem os raios solares. Nesse passeio, o turista tem a<br />

opção de se deliciar com a comi<strong>da</strong> caseira que é servi<strong>da</strong> sob encomen<strong>da</strong> na sede <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong>, na<br />

volta <strong>da</strong> caminha<strong>da</strong>.<br />

Natal<br />

Com pouco mais de 800 mil habitantes, segundo <strong>da</strong><strong>dos</strong> do Instituto Brasileiro de Geografia<br />

e Estatística (IBGE) de 2010, Natal recebe cerca de 2 milhões de turistas por ano, sendo que, desse<br />

total, 30% são de estrangeiros. Motivos não faltam para conhecer a capital brasileira mais próxima<br />

do continente europeu.<br />

Natal é líder na produção de camarão, o que torna esse “fruto do mar” um <strong>dos</strong> principais<br />

ingredientes <strong>da</strong> culinária local. Risoto, bobó, à milanesa, são incontáveis as misturas feitas com<br />

o produto. Há também a carangueja<strong>da</strong>, que utiliza o crustáceo cozido com leite de côco e diversos<br />

temperos. Se ain<strong>da</strong> não está com água na boca, pense na tradicional carne de sol <strong>da</strong> região,<br />

que é exporta<strong>da</strong> para outros Esta<strong>dos</strong>.<br />

26 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia


Aracajú<br />

Abrolhos<br />

Fotos: Divulgação<br />

Para começar o passeio pelas praias de Natal a<br />

dica é Ponta Negra. Com cerca de quatro quilômetros<br />

de extensão litorânea, Ponta Negra é a praia<br />

mais frequenta<strong>da</strong> <strong>da</strong> capital potiguar e tem particulari<strong>da</strong>des<br />

que só quem já visitou sabe dizer. O nascer<br />

e o pôr do sol são de encher os olhos e outro atrativo<br />

<strong>da</strong> região é o Morro do Careca, formado por<br />

dunas de 107 metros de altura.<br />

Quando for à Natal não deixe de conhecer também<br />

o Centro de Turismo, que possui várias lojas de<br />

artesanato e souvenirs, galeria de arte, restaurante,<br />

bares e eventos.<br />

Aracajú<br />

Aracaju, capital de Sergipe, reúne a tranquili<strong>da</strong>de<br />

de ci<strong>da</strong>de do interior com a agradável presença do<br />

mar. A ci<strong>da</strong>de oferece belas praias de águas mornas, a<br />

típica culinária do litoral nordestino e bons passeios<br />

para quem aprecia o turismo histórico.<br />

Aracaju têm, aproxima<strong>da</strong>mente, 35 quilômetros de<br />

litoral. A Praia de Atalaia oferece aos banhistas larga<br />

faixa de areia e diversas barracas, que servem comi<strong>da</strong>s<br />

e bebi<strong>da</strong>s. Nela, está localizado o Oceanário de<br />

Aracaju, onde os visitantes têm a oportuni<strong>da</strong>de de<br />

conhecer espécies <strong>da</strong> fauna do Rio São Francisco e <strong>da</strong><br />

costa sergipana.<br />

A Orla de Atalaia concentra grande varie<strong>da</strong>de de<br />

hotéis e pousa<strong>da</strong>s, além <strong>dos</strong> bares e restaurantes <strong>da</strong><br />

Passarela do Caranguejo, um lugar agradável, à beira<br />

mar, onde o programa é se deliciar com a culinária<br />

sergipana. Os pratos são varia<strong>dos</strong>, com destaque para<br />

os frutos do mar e a carne de sol.<br />

Visitar o Centro Histórico de Aracaju é outro programa<br />

que vale a pena. Nos merca<strong>dos</strong> públicos, a<br />

pedi<strong>da</strong> é degustar castanhas de caju, queijo de coalho<br />

e requeijão, doces caseiros e deliciosas frutas tropicais.<br />

Outra sugestão é caminhar pelas praças Fausto<br />

Car<strong>dos</strong>o e Olímpio Campos e admirar os detalhes<br />

arquitetônicos <strong>da</strong> Catedral Metropolitana, <strong>dos</strong> Palácios<br />

Olímpio Campos e Inácio Barbosa. Já no Mirante <strong>da</strong> 13<br />

de Julho, aproveite para ver o encontro do rio Sergipe<br />

com o mar e o extenso manguezal.<br />

Abrolhos<br />

A caça (fotográfica) às baleias nas águas do Sul <strong>da</strong><br />

Bahia é só emoção. Todo mundo vira criança diante<br />

do fascínio <strong>da</strong>queles gigantes que se exibem sem<br />

timidez em seus saltos e acrobacias. E assistir a esse<br />

espetáculo é mais fácil do que pode parecer, pois<br />

milhares de baleias jubartes invadem as águas mornas<br />

<strong>da</strong> região de Abrolhos para reprodução, entre os<br />

meses de junho e novembro.<br />

Elas fogem do frio <strong>da</strong> Antárti<strong>da</strong> no inverno em<br />

busca de mares menos hostis para o acasalamento e<br />

para as primeiras semanas de vi<strong>da</strong> de seus filhotes. No<br />

Banco <strong>dos</strong> Abrolhos - amplo complexo de recifes que<br />

se estende por 6 mil quilômetros quadra<strong>dos</strong>, do Norte<br />

do Espírito Santo até a região de Canavieiras (BA) -<br />

encontram um ambiente seguro para montar um<br />

ver<strong>da</strong>deiro berçário.<br />

Os movimentos suaves em contraste com a imensidão<br />

<strong>da</strong>s baleias fazem do turismo de observação<br />

uma experiência incomparável. E junto com o safári<br />

fotográfico em alto mar, a viagem à Costa <strong>da</strong>s<br />

Baleias associa outros atrativos, garantindo um passeio<br />

perfeito. Praias desertas, boa comi<strong>da</strong>, gente<br />

hospitaleira, mergulhos e a natureza pulsante.<br />

Precisa de mais alguma coisa?<br />

Carnaval<br />

O <strong>Canal</strong> Bioenergia selecionou as principais dicas<br />

de locais, que incluem festas tradicionais e até muito<br />

Cal<strong>da</strong>s novas<br />

Recife<br />

Dezembro de 2011 • 27


Gramado<br />

Gramado<br />

São Paulo<br />

São Paulo<br />

descanso em destinos paradisíacos. O feriado tem programação tradicional no Rio<br />

de Janeiro, Bahia, Recife e São Paulo, mas também tem boas opções em Goiás,<br />

Minas Gerais e em todo o litoral brasileiro.<br />

Um <strong>dos</strong> lugares mais visita<strong>dos</strong> é a ci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro, onde acontecem<br />

os espetaculares desfiles <strong>da</strong>s escolas de samba, conheci<strong>dos</strong> internacionalmente.<br />

Durante a noite, os desfiles movimentam a capital fluminense e, durante o dia, é<br />

possível curtir a orla carioca e belezas naturais, como o Pão de Açúcar e o Jardim<br />

Botânico.<br />

Na capital paulista, os desfiles também dão o tom ao Carnaval, na sexta e no<br />

sábado. Mas para quem quer curtir o sossego longe <strong>dos</strong> agitos de São Paulo, o<br />

cenário ideal é o litoral paulista, com ci<strong>da</strong>des como Ubatuba, onde lin<strong>da</strong>s praias<br />

fazem a festa de famílias inteiras.<br />

Já a capital baiana Salvador possui um Carnaval gigantesco, movido ao som<br />

<strong>dos</strong> trios elétricos, que arrastam pelas ruas milhões de anima<strong>dos</strong> carnavalescos.<br />

Ain<strong>da</strong> no Nordeste, são muitas as opções de praias paradisíacas com diversão para<br />

a família. Entre elas, o paraíso de Fernando de Noronha, onde é possível observar<br />

os golfinhos e até mergulhar com eles.<br />

Em Goiás também há boas opções de destino. Na charmosa ci<strong>da</strong>de de Pirenópolis<br />

a programação inclui marchinhas históricas e muita <strong>da</strong>nça nas antigas ruas <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de centenária. E para quem quer aproveitar o feriado para “recarregar as baterias”,<br />

a ci<strong>da</strong>de é rica em cachoeiras cerca<strong>da</strong>s por natureza exuberante.<br />

Outro roteiro muito interessante é formado pelas ci<strong>da</strong>des históricas de Minas<br />

Gerais. Em Diamantina, Mariana, Ouro Preto, Sabará, São João del Rei e Tiradentes<br />

é possível conhecer um pouco do Brasil colonial com sua arquitetura barroca e<br />

artistas consagra<strong>dos</strong>, além de se divertir nas ruas com blocos carnavalescos<br />

tocando sambas e marchinhas.<br />

Gramado<br />

Cita<strong>da</strong> como um <strong>dos</strong> melhores destinos turísticos do Brasil, a ci<strong>da</strong>de, juntamente<br />

com a vizinha Canela, integra uma <strong>da</strong>s paisagens mais exuberantes e<br />

curiosas do país. Gramado consegue se manter viva e fascinante também no<br />

verão, que é uma época extremamente favorável à visitação.<br />

A principal atração é o Natal Luz, comemorado até o dia 16 de janeiro e<br />

já considerado um <strong>dos</strong> maiores eventos natalinos do mundo. Nesta época,<br />

as margens do Lago Joaquina Rita Bier ficam repletas de convi<strong>da</strong><strong>dos</strong> e<br />

visitantes instiga<strong>dos</strong> a assistir a um show inesquecível. O palco a céu aberto<br />

reúne uma mescla de luzes, sons e cores, orna<strong>dos</strong> com águas <strong>da</strong>nçantes,<br />

chamas reluzentes, raios laser e fogos de artifício, ao som de óperas repletas<br />

de cantores líricos.<br />

Rodea<strong>da</strong> por hortênsias, a catedral e o resto <strong>da</strong> região se enchem de cores para<br />

receber o turista. E uma boa pedi<strong>da</strong> é acompanhar os passeios com quitutes e<br />

delícias compra<strong>da</strong>s nas lojinhas e cafés <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, como uma cuca bem fofinha<br />

ou um pão italiano assado nos típicos fornos a lenha, rechea<strong>dos</strong> com salames e<br />

queijos produzi<strong>dos</strong> na região. Por falar nisso, beba sucos de uvas e também vinhos<br />

se ain<strong>da</strong> sobrar espaço no estômago.<br />

São tantas possibili<strong>da</strong>des, para to<strong>dos</strong> os gostos, que não é por menos que a<br />

região é considera<strong>da</strong> o terceiro destino mais desejado do Brasil. Seja no inverno<br />

ou no verão, Gramado e Canela continuam a oferecer aquele lugarzinho especial<br />

para os visitantes.<br />

São Paulo<br />

A terra <strong>da</strong> garoa e sexta maior ci<strong>da</strong>de do mundo reúne o tradicional e o<br />

moderno, o passado e o futuro, consoli<strong>da</strong>ndo-se como destino de turistas do<br />

mundo inteiro, que buscam lazer, cultura, entretenimento, gastronomia, conhecimento<br />

e outros atrativos que a ci<strong>da</strong>de pode oferecer.<br />

Estabelecimentos espalha<strong>dos</strong> por diversos bairros oferecem delícias e guloseimas<br />

que acalentam os olhos e dão água na boca. Depois de experimentar um<br />

pouco <strong>da</strong> gastronomia que Sampa oferece e recompor as energias, a sugestão é<br />

conhecer os pontos que contam a história <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />

A dica para quem vai a São Paulo pela primeira vez é visitar o Largo de São<br />

Bento, o Páteo do Colégio e o Mosteiro de São Bento. Aproveitando a proximi<strong>da</strong>de,<br />

que tal conhecer a Catedral <strong>da</strong> Sé? Também localiza<strong>da</strong> no Centro <strong>da</strong> capital<br />

paulista, a catedral é a maior igreja de São Paulo e tem capaci<strong>da</strong>de para abrigar<br />

8 mil pessoas. As manhãs e as tardes podem ser aproveita<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> para visitar<br />

alguns <strong>dos</strong> 110 museus que existem em São Paulo.<br />

Indecisão na hora de escolher o que fazer à noite? Dicas não faltam. Para<br />

quem realmente quer cair na noite, São Paulo é, sem dúvi<strong>da</strong>, a ci<strong>da</strong>de brasileira<br />

que mais oferece alternativas de diversão. São festas e boates que atendem a<br />

to<strong>dos</strong> os gostos e perfis. Já para aqueles menos festeiros vale a pena fazer um<br />

roteiro gastronômico, em que não pode faltar uma tradicional pizzaria, já que<br />

pizza é a cara de São Paulo.<br />

São Paulo<br />

28 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia


Capacitação<br />

Goiás terá<br />

MBA do Etanol<br />

Curso oferecerá<br />

visão estratégica<br />

do ambiente<br />

de negócios<br />

<strong>da</strong>s empresas<br />

sucroenergéticas<br />

O que o curso oferece<br />

Uma base sóli<strong>da</strong> em economia,<br />

estatística e finanças;<br />

Aplicação dessa teoria em<br />

análises setoriais,<br />

macroeconômicas e financeiras;<br />

As principais técnicas de<br />

análise e interpretação de <strong>da</strong><strong>dos</strong><br />

para a toma<strong>da</strong> de decisões,<br />

especificamente no Setor<br />

Sucroenergético;<br />

Visão atualiza<strong>da</strong> do cenário<br />

econômico brasileiro e mundial;<br />

Técnicas para a mensuração e<br />

avaliação do risco financeiro e de<br />

mercado para o setor;<br />

Técnicas para a gestão <strong>dos</strong><br />

riscos, instrumentos disponíveis e<br />

formas de utilização, aplica<strong>da</strong>s<br />

ao Setor Sucroenergético;<br />

Análise de estruturas e<br />

instrumentos financeiros.<br />

Serviço<br />

Carga horária: 408 horas-aula<br />

Local <strong>da</strong>s aulas: Acieg<br />

Horário: aulas quinzenais, às<br />

sextas-feiras, <strong>da</strong>s 19h às 23h, e<br />

aos sába<strong>dos</strong>, <strong>da</strong>s 8h às 12 h e <strong>da</strong>s<br />

13h às 17h<br />

Número de vagas: 45 vagas<br />

Preço: R$800,00 mensais,<br />

totalizando R$14.400,00<br />

Início em março de 2012.<br />

Aline Leonardo<br />

Há 13 anos, Goiás contava apenas com 11 usinas. No ano que vem, esse número<br />

chegará a 38. No total já são 20 projetos em implantação, <strong>dos</strong> quais 16 em instalação<br />

e mais 4 em expansão. Estratégico para Goiás, o setor sucroenergético tem crescimento<br />

agressivo, mas ain<strong>da</strong> sofre com a falta de mão-de-obra qualifica<strong>da</strong>. Melhorar este<br />

quadro é o objetivo de parceria entre o governo do Estado e a Universi<strong>da</strong>de de São<br />

Paulo (USP), com a criação do MBA em Gestão, Finanças, Risco e Ambiente Econômico<br />

para o Setor Sucroenergético.<br />

Já conhecido como o MBA do Etanol, o curso será realizado a partir de março, com<br />

o apoio <strong>da</strong> Associação Comercial e Industrial do Estado (Acieg), do Instituto<br />

Proeconomia e do Sindicato <strong>da</strong> Indústria <strong>da</strong> Fabricação de Etanol de Goiás (Sifaeg). “Por<br />

se tratar de um setor em expansão, é natural que haja uma deman<strong>da</strong> não atendi<strong>da</strong> por<br />

mão de obra qualifica<strong>da</strong>”, afirma o administrador do curso em Goiás, Caio Faiad. “Dessa<br />

forma, o MBA vem de forma inédita e oportuna para o Estado de Goiás, o 1° do País a<br />

receber MBA <strong>da</strong> USP visando a qualificação <strong>da</strong> mão de obra local para atender a crescente<br />

deman<strong>da</strong> do setor”, complementa.<br />

As aulas serão ministra<strong>da</strong>s a partir de março de 2012 na Associação Comercial e<br />

Industrial do Estado (Acieg) e são volta<strong>da</strong>s para profissionais de nível superior, como<br />

economistas, administradores, engenheiros, advoga<strong>dos</strong> e contadores. A intenção <strong>dos</strong><br />

idealizadores do curso é oferecer “uma visão estratégica do ambiente de negócios em<br />

que as organizações do Setor Sucroenergético estejam inseri<strong>da</strong>s, e que buscam as<br />

melhores técnicas para avaliar e gerir o risco a que estas organizações estejam expostas,<br />

maximizando o retorno esperado <strong>dos</strong> investimentos”.<br />

As inscrições podem ser feitas pelo endereço eletrônico www.institutoproeconomia.<br />

com.br. As aulas serão quinzenais e ministra<strong>da</strong>s às sextas-feiras e sába<strong>dos</strong>, ao longo de<br />

18 meses. Totalizam-se 408 horas-aula, desenvolvi<strong>da</strong>s em salas de aula, e mais um número<br />

equivalente de horas destina<strong>da</strong>s ao desenvolvimento de ativi<strong>da</strong>des, exercícios e pesquisas<br />

volta<strong>da</strong>s para a consoli<strong>da</strong>ção do conteúdo desenvolvido em sala de aula.<br />

De acordo com Caio Faiad, a grade curricular foi elabora<strong>da</strong> por especialistas <strong>da</strong> área,<br />

to<strong>dos</strong> <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Economia, Administração e Contabili<strong>da</strong>de (FEA/USP), o que,<br />

segundo ele, garante que o conteúdo aten<strong>da</strong> a necessi<strong>da</strong>de setorial. “A chancela <strong>da</strong><br />

USP é garantia de quali<strong>da</strong>de. Estamos falando <strong>da</strong> mais conceitua<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

América Latina”, afirma.<br />

O presidente-executivo do Sindicato <strong>da</strong> Indústria de Fabricação de Etanol de Goiás<br />

(Sifaeg), André Luiz Rocha, afirmou, na ocasião do lançamento do curso, que a parceria<br />

é um passo importante para que o setor invista e qualifique ca<strong>da</strong> vez mais seus profissionais.<br />

“Tivemos o apoio <strong>da</strong> Sectec e essa iniciativa abre a possibili<strong>da</strong>de de outros<br />

segmentos receberem também outros MBA’s com a USP”.<br />

A seleção <strong>dos</strong> candi<strong>da</strong>tos será feita por meio de análise de currículo e entrevista com<br />

os coordenadores. O corpo docente é formado por uma equipe de professores <strong>da</strong> USP<br />

de São Paulo e Ribeirão Preto.<br />

Dezembro de 2011 • 29


Etanol e açúcar<br />

Novas tecnologias<br />

em fermentação<br />

Linhagem modifica<strong>da</strong> de fungo é capaz de aumentar<br />

a produção de etanol em relação à espécie selvagem<br />

Gilana Nunes<br />

Atualmente, os produtores de etanol se<br />

deparam com o desafio de aumentar a<br />

produção para atender à crescente deman<strong>da</strong><br />

do mercado interno e externo. A ciência<br />

tem auxiliado de forma a encontrar soluções para<br />

aumentar a produtivi<strong>da</strong>de sem que seja necessário<br />

aumentar a área planta<strong>da</strong> em grandes quanti<strong>da</strong>des.<br />

Além de pesquisas que envolvem o melhoramento<br />

genético <strong>da</strong> cana-de-açúcar e a criação de<br />

espécies transgênicas que possuam características<br />

específicas, o etanol de segun<strong>da</strong> geração é uma <strong>da</strong>s<br />

formas de auxiliar na obtenção do álcool combustível.<br />

O etanol celulósico, como também pode ser<br />

chamado, é produzido a partir <strong>da</strong> celulose presente<br />

nos resíduos <strong>da</strong> cana-de-açúcar e em outras<br />

matérias-primas vegetais.<br />

Projeto de pesquisa realizado entre a Universi<strong>da</strong>de<br />

de São Paulo (USP), a Universi<strong>da</strong>de Federal de Santa<br />

Catarina (UFSC) e a Universi<strong>da</strong>de de Tecnologia de<br />

Delft, na Holan<strong>da</strong>, trouxe mais uma novi<strong>da</strong>de no<br />

processo de geração de etanol.<br />

A inovação se deve ao processo de melhoramento<br />

genético do microorganismo que faz a fermentação<br />

alcoólica do álcool combustível. Segundo o<br />

coordenador do projeto na USP, Andreas Gombert,<br />

a linhagem modifica<strong>da</strong> do fungo <strong>da</strong> espécie<br />

Saccharomyces cerevisiae é capaz de aumentar a<br />

obtenção de etanol para a mesma quanti<strong>da</strong>de de<br />

cana fermenta<strong>da</strong> pela espécie selvagem.<br />

Funcionamento<br />

Andreas relata que o experimento durou cerca<br />

de um mês, em que, por pressão seletiva durante<br />

um longo tempo, foram seleciona<strong>dos</strong> os fungos<br />

mais a<strong>da</strong>pta<strong>dos</strong> às condições de cultivo. Ele<br />

explica que os testes foram realiza<strong>dos</strong> com etanol<br />

de primeira geração e ain<strong>da</strong> não foram utiliza<strong>dos</strong><br />

em escala industrial.<br />

Segundo Andreas, uma <strong>da</strong>s principais características<br />

<strong>da</strong> nova linhagem é que, devido a produção<br />

de uma enzima denomina<strong>da</strong> invertase, o<br />

fungo adquiriu a capaci<strong>da</strong>de de hidrolisar sacarose<br />

(açúcar) do lado de dentro <strong>da</strong> célula, evitando<br />

assim o desperdício desse açúcar.<br />

O projeto teve início em Santa Catarina, a<br />

partir de uma iniciativa do professor Boris<br />

Ugarte, que obteve como resultado <strong>da</strong> sua pesquisa<br />

a levedura geneticamente modifica<strong>da</strong>.<br />

Mas, segundo Andreas, essa linhagem possuía<br />

uma capaci<strong>da</strong>de limita<strong>da</strong> de transportar etanol<br />

e que, por meio do experimento realizado na<br />

USP, parte dessa deficiência foi corrigi<strong>da</strong>, chegando<br />

a aumentar o rendimento de etanol<br />

sobre sacarose em 11%.<br />

O professor Andreas ressalta que ain<strong>da</strong> não<br />

foram realiza<strong>dos</strong> testes em escala industrial, mas<br />

que “um aumento de apenas 3% no rendimento<br />

<strong>da</strong> fermentação alcoólica permitiria hoje um<br />

incremento de 1 bilhão de litros de etanol por<br />

ano, só no Brasil, a partir <strong>da</strong> mesma quanti<strong>da</strong>de<br />

de cana-de-açúcar.”<br />

30 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia


Praga pode auxiliar na produção<br />

de etanol de segun<strong>da</strong> geração<br />

O molusco <strong>da</strong> classe Gastropo<strong>da</strong>, nativo <strong>da</strong><br />

região leste e nordeste <strong>da</strong> África (foto abaixo), foi<br />

introduzido no Brasil em 1988 para ser comercializado<br />

como alternativa econômica ao famoso prato<br />

francês, o escargot. Como se prolifera rapi<strong>da</strong>mente<br />

e tem hábitos vegetarianos, não demorou muito<br />

para que o caramujo africano se tornasse uma<br />

praga em muitas regiões agrícolas do país.<br />

Apesar desse malefício, estu<strong>dos</strong> realiza<strong>dos</strong> pelo<br />

Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e<br />

Quali<strong>da</strong>de Industrial (Inmetro) apontam uma quali<strong>da</strong>de<br />

do molusco que pode ser utilizado para<br />

auxiliar a produção de etanol de segun<strong>da</strong> geração.<br />

Especialistas afirmam que o processo digestivo<br />

que ocorre no estômago desses animais é semelhante<br />

aos processos realiza<strong>dos</strong> nas usinas. O<br />

caramujo africano pode se alimentar de cerca de<br />

500 tipos de plantas, e, de acordo com os estu<strong>dos</strong>,<br />

o seu aparelho digestivo é dotado de enzimas,<br />

bactérias e fungos capazes de quebrar moléculas<br />

de celulose, produzindo assim os açúcares necessários<br />

para a fabricação do etanol.<br />

O objetivo <strong>da</strong> pesquisa é encontrar uma maneira<br />

de isolar os microorganismos presentes no<br />

trato digestivo do caramujo, fazendo-os crescer<br />

fora do corpo do animal. A utilização <strong>da</strong> “biomassa”<br />

desses moluscos pode auxiliar no processo<br />

convencional de fermentação e, possivelmente,<br />

dobrar a quanti<strong>da</strong>de de etanol de segun<strong>da</strong> geração<br />

produzi<strong>da</strong> em um prazo de dois anos.<br />

Fotos: Divulgação<br />

Pesquisa <strong>da</strong> USP/Esalq seleciona<br />

leveduras mais eficientes<br />

Roberto Amaral<br />

Em pesquisa conduzi<strong>da</strong> no laboratório de<br />

Bioquímica e Tecnologia de Fermentações do<br />

Departamento de Ciências Biológicas (LCB), <strong>da</strong> Escola<br />

Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/Esalq,<br />

foram seleciona<strong>da</strong>s leveduras capazes de conduzir<br />

fermentações com teores de 15% de etanol, o que<br />

reduz o volume de vinhaça em cerca de 50%.<br />

Atualmente, as destilarias brasileiras operam<br />

com teores alcoólicos ao redor de 8% em suas fermentações,<br />

gerando um grande volume de vinhaça<br />

(12 litros de vinhaça por litro de etanol produzido).<br />

Sob a coordenação do professor Luiz Carlos<br />

Basso, o estudo possibilita que, a partir dessa redução<br />

no volume de vinhaça, ocorra uma redução nos<br />

custos de seu transporte e distribuição no campo<br />

(fertirrigação), com grande impacto econômico<br />

para a indústria. “Além disso, contribui também<br />

para a sustentabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção do bioetanol,<br />

pois diminui ain<strong>da</strong> o impacto ambiental <strong>da</strong> disposição<br />

<strong>da</strong> vinhaça no campo além, de minimizar o<br />

custo energético na etapa <strong>da</strong> destilação do etanol<br />

(menor consumo de vapor)”, ressalta Basso.<br />

As leveduras seleciona<strong>da</strong>s foram capazes de<br />

conduzir fermentações com alto teor alcoólico sem<br />

a necessi<strong>da</strong>de de refrigeração especial, o que normalmente<br />

seria exigido em condições de alto teor<br />

alcoólico, porém encarecendo o processo.<br />

Além do professor Basso, o estudo contou com a<br />

colaboração do pesquisador e técnico de nível superior<br />

Luis Humberto Gomes, e <strong>da</strong>s estu<strong>da</strong>ntes de pós-<br />

-graduação Renata Christofoleti Furlan, Natália<br />

Alexandrino e Thalita Peixoto Basso. A pesquisa tem<br />

apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento<br />

Científico e Tecnológico (CNPq).<br />

Luiz Carlos Basso, docente do<br />

Departamento de Ciências Biológicas (LCB),<br />

desenvovleu pesquisa que poderá reduzir o<br />

volume de vinhaça em cerca de 50%.<br />

Dezembro de 2011 • 31


Empresas e Mercado<br />

ETH obtém certificação para<br />

acesso ao mercado europeu<br />

A ETH Bioenergia obteve a certificação<br />

internacional Bonsucro, que atesta práticas<br />

sustentáveis e permite a exportação de deriva<strong>dos</strong><br />

<strong>da</strong> cana-de-açúcar para países <strong>da</strong> União Europeia<br />

e Ásia. O volume de cana certificado é de 1,9<br />

milhão de tonela<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong>de Conquista do<br />

Pontal, greenfield localiza<strong>da</strong> no município de<br />

Mirante do Paranapanema (SP). A Uni<strong>da</strong>de<br />

Conquista do Pontal é a primeira uni<strong>da</strong>de<br />

greenfield certifica<strong>da</strong> pela Bonsucro e está apenas<br />

2 anos em operação.<br />

“A estratégia <strong>da</strong> ETH sempre considerou a<br />

competitivi<strong>da</strong>de e sustentabili<strong>da</strong>de como pilares<br />

do negócio e a certificação Bonsucro é o<br />

reconhecimento de que estamos implementando<br />

um modelo de negócios diferenciado no setor de<br />

<strong>bioenergia</strong> no Brasil”, afirma José Carlos<br />

Grubisich, presidente <strong>da</strong> ETH Bioenergia. “É um<br />

orgulho recebermos este selo. Ele atesta que<br />

estamos fazendo a coisa certa. A meta é certificar<br />

to<strong>da</strong>s as Uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> ETH até o final <strong>da</strong> safra<br />

2012/2013”.<br />

A certificação Bonsucro, que até 2010 se<br />

chamava BSI (Better Sugarcane Initiative), é a<br />

única que exige ao mesmo tempo o cumprimento<br />

<strong>da</strong>s leis, o respeito aos direitos humanos e<br />

trabalhistas, a garantia <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de na<br />

produção, a preservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e <strong>dos</strong><br />

serviços do ecossistema, além de produtivi<strong>da</strong>de e<br />

melhoramento contínuo <strong>dos</strong> processos<br />

produtivos. Em julho deste ano, tornou-se<br />

exigência obrigatória para as importações de<br />

etanol e açúcar no mercado europeu. O selo vale<br />

nos 27 países membros <strong>da</strong> União Europeia, que<br />

precisam elevar consideravelmente o consumo de<br />

biocombustíveis até 2020, reduzindo a emissão<br />

<strong>dos</strong> gases de efeito estufa e o impacto nas<br />

mu<strong>da</strong>nças do clima.<br />

Desde Junho, a ETH já possui a certificação<br />

RFS2 – Renewable Fuel Stan<strong>da</strong>rd em cinco<br />

Uni<strong>da</strong>des Industriais (Conquista do Pontal, Alcídia,<br />

Eldorado, Santa Luzia e Rio Claro). Esta<br />

certificação atende aos padrões americanos para<br />

controle <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> de biocombustíveis nos EUA.<br />

EPE lança primeira edição do<br />

Anuário Estatístico de<br />

Energia Elétrica<br />

A Empresa de<br />

Pesquisa Energética<br />

– EPE está<br />

lançando a<br />

primeira edição do<br />

Anuário Estatístico<br />

de Energia Elétrica.<br />

O documento, que<br />

tem como base o<br />

ano de 2010,<br />

compila<br />

informações históricas e consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

sobre oferta e deman<strong>da</strong> de energia elétrica<br />

no País e no exterior. O Anuário amplia as<br />

informações que já são trazi<strong>da</strong>s pelo<br />

Balanço Energético Nacional, anualmente,<br />

e pela Resenha Mensal do Mercado de<br />

Energia Elétrica – ambos os trabalhos<br />

produzi<strong>dos</strong> pela EPE.<br />

O Anuário 2011 é dividido em três<br />

seções. A primeira, “Panorama<br />

Internacional”, traz <strong>da</strong><strong>dos</strong> de capaci<strong>da</strong>de<br />

instala<strong>da</strong>, geração elétrica por região e<br />

fonte e de emissões de GEE no mundo. A<br />

Seção 2, “Panorama Nacional de Geração”,<br />

apresenta, no contexto brasileiro, <strong>da</strong><strong>dos</strong><br />

equivalentes aos <strong>da</strong> primeira parte,<br />

acresci<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> empreendimentos de<br />

geração de eletrici<strong>da</strong>de em construção no<br />

país até 2010. A Seção 3, sobre “Mercado<br />

Consumidor”, abor<strong>da</strong> a deman<strong>da</strong> elétrica<br />

nos segmentos cativo e livre; nas classes<br />

industrial, residencial, comercial e rural;<br />

nas cinco regiões geográficas e nos quatro<br />

subsistemas elétricos; além de informações<br />

sobre tarifas e agentes de distribuição.<br />

A íntegra do Anuário Estatístico de Energia<br />

Elétrica 2011 pode ser acessa<strong>da</strong> na página <strong>da</strong><br />

EPE na internet, através do link http://www.<br />

epe.gov.br/anuarioestatisticode<br />

energiaeletrica/Forms/anurio.aspx<br />

Empresas do Brasil e de Israel<br />

vão desenvolver biocombustíveis<br />

a partir <strong>da</strong> mamona<br />

A empresa israelense Evogene, pioneira em<br />

tecnologia para o melhoramento genético de<br />

plantas, e a SLC Agrícola do Brasil anunciaram um<br />

acordo de cooperação para o desenvolvimento e<br />

cultivo de sementes de mamona como matériaprima<br />

para biocombustíveis no semiárido<br />

nordestino.<br />

O acordo veio na sequência de testes recentes<br />

no Nordeste brasileiro, que mostraram que as<br />

cepas <strong>da</strong> planta desenvolvi<strong>da</strong> pela Evogene têm<br />

maior potencial de rendimento do que as<br />

varie<strong>da</strong>des atualmente disponíveis.<br />

A Evogene tem foco na definição do genoma de<br />

certas espécies vegetais, com o objetivo voltado<br />

para potencializar as melhores características<br />

produtivas; permitir melhores práticas de cultivo<br />

liga<strong>da</strong>s à mecanização agrícola e obter melhores<br />

respostas no uso de defensivos agrícolas.<br />

O mercado de biocombustíveis vem<br />

aumentando nos últimos anos, atingindo o valor<br />

de US$ 18 bilhões em 2010. O mercado de<br />

biocombustível para aviação deve chegar a 15<br />

bilhões de litros em 2020.<br />

32 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia


Resulta<strong>dos</strong> <strong>da</strong> safra<br />

2011/12 <strong>da</strong> Raízen em<br />

Jataí são positivos<br />

A Raízen, empresa resultante <strong>da</strong> união<br />

entre Shell e Cosan, apresentou os resulta<strong>dos</strong><br />

<strong>da</strong> safra 2011/12 <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong>de Jataí. Foram<br />

mais de 2,6 milhões de tonela<strong>da</strong>s de canade-açúcar<br />

processa<strong>da</strong>s e 232 milhões de<br />

litros de etanol produzi<strong>dos</strong> – 56 milhões de<br />

litros a mais que o ano passado.<br />

“Novamente, os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong><br />

mostram que caminhamos para atingir plena<br />

capaci<strong>da</strong>de de produção, que é de 370<br />

milhões de litros de etanol”, diz o gerente de<br />

polo agrícola <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong>de Jataí, João<br />

Saccomano. A área de colheita foi de 27.500<br />

hectares, com uma produtivi<strong>da</strong>de de 94<br />

tonela<strong>da</strong>s por hectare e uma média de<br />

140,53 kg/t de ATR (Açúcar Total<br />

Recuperável).<br />

Os bons resulta<strong>dos</strong> <strong>da</strong> safra também se<br />

refletiram no aumento do quadro de geração<br />

de empregos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Desde janeiro, mais<br />

de 300 colaboradores foram efetiva<strong>dos</strong>, a<br />

maioria de Jataí. Para o próximo ano safra, a<br />

Uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Raízen prevê investir R$ 22<br />

milhões para processar quatro milhões de<br />

tonela<strong>da</strong>s de cana. A expectativa é que sejam<br />

colhi<strong>dos</strong> 38.500 hectares de cana. Já para os<br />

próximos cinco anos, a empresa pretende<br />

expandir a capaci<strong>da</strong>de de moagem <strong>da</strong><br />

companhia <strong>da</strong>s atuais 65 milhões de<br />

tonela<strong>da</strong>s de cana por ano para 80 milhões<br />

de tonela<strong>da</strong>s no período.<br />

Cerradinho tem<br />

novos logotipos<br />

Para acompanhar as transformações que<br />

vêm ocorrendo no mundo nos últimos anos,<br />

bem como para realçar os valores <strong>da</strong><br />

sustentabili<strong>da</strong>de, inovação e excelência, a<br />

Cerradinho renovou seu logotipo. A<br />

renovação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de corporativa do<br />

grupo, tanto o nome <strong>da</strong>s empresas como seus<br />

logotipos, marcam a implementação de uma<br />

intensa agen<strong>da</strong> de mu<strong>da</strong>nças. As empresas<br />

passam a ser a Cerradinho Participações S.A.<br />

(antiga Cerradinho Holding S.A.), Cerradinho<br />

Bioenergia S.A. (antiga Usina Porto <strong>da</strong>s Águas<br />

Lt<strong>da</strong>) e Cerradinho Terra Lt<strong>da</strong>. (antiga<br />

Cerradinho Floresta).<br />

A mu<strong>da</strong>nça do logotipo, segundo<br />

informações <strong>da</strong> empresa, procurou marcar a<br />

transformação com um olhar para o futuro,<br />

mostrando evolução e o constante<br />

movimento, com traços numa gráfica circular,<br />

projetando um efeito dinâmico e futurista. Um<br />

conceito que transmite a integração de<br />

processos, sistemas e pessoas, em busca <strong>dos</strong><br />

mesmos objetivos: superação de limites.<br />

De acordo com o presidente <strong>da</strong> empresa,<br />

Luciano Sanches Fernandes, esta mu<strong>da</strong>nça<br />

acontece num momento decisivo. “Estamos<br />

em nova fase, abrindo fronteiras e<br />

ampliando os negócios. E esta renovação<br />

reflete este momento evolutivo. Temos um<br />

compromisso sólido em produzir energia<br />

limpa e gerar desenvolvimento onde a<br />

Cerradinho aportar”, diz.<br />

Recapadora Par<strong>da</strong>l obtém registro<br />

no Inmetro para pneus de carga<br />

Pela segun<strong>da</strong> vez no Paraná uma reformadora <strong>da</strong> Rede<br />

Autoriza<strong>da</strong> Vipal recebe o Registro de Declaração de<br />

Conformi<strong>da</strong>de do Fornecedor do Inmetro, com a inclusão <strong>dos</strong><br />

processos de reforma de pneu de carga. A Recapadora Par<strong>da</strong>l,<br />

de Francisco Beltrão (PR), além de ser a segun<strong>da</strong> do Estado, é<br />

uma <strong>da</strong>s primeiras do Brasil a possuir a certificação para pneus<br />

de carga e passeio.<br />

Com esta iniciativa, a Par<strong>da</strong>l adianta-se ao mercado, uma vez<br />

que to<strong>dos</strong> os reformadores de pneus de carga têm até<br />

novembro 2012 para obterem o registro no Inmetro, conforme<br />

a Portaria n° 444 desta instituição.<br />

De acordo com o gerente de marketing <strong>da</strong> Vipal, Eduardo<br />

Sacco, a empresa vem mostrando seu pioneirismo. “Os<br />

reformadores <strong>da</strong> Rede Autoriza<strong>da</strong> estão sendo os primeiros a<br />

obterem o registro no Inmetro para pneus de carga em seus<br />

Esta<strong>dos</strong>”, ressalta.<br />

Este processo de adequação <strong>dos</strong> reformadores aos requisitos<br />

do Inmetro traz uma série de benefícios ao mercado de reforma<br />

de pneus e ao segmento de transporte. Caminhoneiros e<br />

frotistas passam a contar com um padrão ca<strong>da</strong> vez melhor na<br />

reforma de pneus, por meio de produtos e serviços que<br />

garantem uma maior vi<strong>da</strong> útil do pneu com mais desempenho<br />

e segurança.<br />

A Vipal vem atuando junto a sua Rede Autoriza<strong>da</strong> no sentido<br />

de fornecer todo o suporte necessário aos reformadores para a<br />

obtenção do registro do Inmetro através de orientação,<br />

capacitação <strong>da</strong>s equipes e suporte técnico. Durante esse processo,<br />

o Inmetro determina o ensaio de amostras de pneus reforma<strong>dos</strong>,<br />

que são envia<strong>dos</strong> para laboratórios especializa<strong>dos</strong>, um deles<br />

pertencente ao Grupo Vipal: o Vipaltec. Este laboratório de alta<br />

tecnologia é utilizado pela instituição desde 2007, e disponibiliza<br />

seus serviços para todo o segmento de pneus.<br />

Dezembro de 2011 • 33


Expansão<br />

ETH Bioenergia<br />

inaugura nova uni<strong>da</strong>de<br />

produtiva em Goiás<br />

Localiza<strong>da</strong> no município de Perolândia (GO), a<br />

Uni<strong>da</strong>de Água Emen<strong>da</strong><strong>da</strong> é responsável pela criação<br />

de 1,5 mil postos de trabalho diretos e 3 mil<br />

empregos indiretos<br />

José Eliton Júnior, vice-governador de Goiás,<br />

(à esquer<strong>da</strong>); André Rocha, presidente do<br />

Sifaeg (ao centro) e José Carlos Grubisich,<br />

presidente <strong>da</strong> ETH Bioenergia, (à direita),<br />

durante inauguração <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong>de Água<br />

Emen<strong>da</strong><strong>da</strong>, em Perolândia, Goiás.<br />

Fotos: Divulgação/ETH Bioenergia<br />

Com investimentos de R$ 1 bilhão nas<br />

áreas agrícola e industrial, a ETH<br />

Bioenergia, empresa controla<strong>da</strong> pela<br />

Organização Odebrecht que atua na produção<br />

de etanol e energia elétrica a partir <strong>da</strong><br />

biomassa <strong>da</strong> cana-de-açúcar, inaugurou, no dia<br />

16 de dezembro, a Uni<strong>da</strong>de Água Emen<strong>da</strong><strong>da</strong>, localiza<strong>da</strong><br />

no município de Perolândia, Região<br />

Sudoeste de Goiás. A nova uni<strong>da</strong>de terá capaci<strong>da</strong>de<br />

instala<strong>da</strong> para processar 3,8 milhões de tonela<strong>da</strong>s<br />

de cana por safra e produzir 360 milhões de<br />

litros de etanol e 380 GWh de energia elétrica.<br />

Terceira uni<strong>da</strong>de de <strong>bioenergia</strong> <strong>da</strong> ETH no Estado<br />

de Goiás, segun<strong>da</strong> a entrar em operação em 2011 e<br />

nona <strong>da</strong> empresa, a Água Emen<strong>da</strong><strong>da</strong> será responsável<br />

pela criação de 1,5 mil empregos diretos e mais<br />

3 mil indiretos. “A ETH é líder na produção de <strong>bioenergia</strong><br />

no país e o início <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des de mais uma<br />

uni<strong>da</strong>de representa mais um importante passo em<br />

nossa estratégia de crescimento e nossa confiança<br />

no setor de <strong>bioenergia</strong>”, destaca José Carlos<br />

Grubisich, presidente <strong>da</strong> empresa. “Por meio <strong>da</strong><br />

concretização de mais este projeto, demonstramos<br />

a capaci<strong>da</strong>de de realização de nossas equipes e o<br />

compromisso <strong>da</strong> ETH com o desenvolvimento e<br />

crescimento do Brasil”, finaliza o executivo.<br />

O vice-governador de Goiás, José Eliton Júnior,<br />

lembra que a EHT Bionergia é parceira de grande<br />

peso na tarefa de fazer Goiás seguir crescendo, e<br />

ressaltou a meta <strong>da</strong> economia goiana de atingir o<br />

PIB de R$100 bilhões, prevista para 2012, e já<br />

alcança<strong>da</strong> este ano. José Eliton pontuou o impacto<br />

positivo que a instalação <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de agroindustrial<br />

vai exercer na região. Lembrou ain<strong>da</strong> que o trabalho<br />

realizado pelo atual Governo vai consoli<strong>da</strong>ndo<br />

Goiás como um polo produtor de biocombustíveis.<br />

Responsabili<strong>da</strong>de socioambiental<br />

As operações agrícolas <strong>da</strong> nova Uni<strong>da</strong>de são<br />

100% mecaniza<strong>da</strong>s para a produção de energia<br />

limpa e renovável. A empresa busca preservar o<br />

meio ambiente, contribuir para o desenvolvimento<br />

<strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des no entorno de suas operações e<br />

adota eleva<strong>dos</strong> padrões de saúde e segurança para<br />

seus integrantes.<br />

A ETH é a empresa que mais investiu no setor<br />

em 2011 e é responsável por 60% do aumento <strong>da</strong><br />

capaci<strong>da</strong>de produtiva no País na safra 2011/12. A<br />

empresa também se destacou pelo plantio de mais<br />

de 350 mil hectares de cana própria em quatro<br />

anos, cerca de 100 mil hectares por ano. A inauguração<br />

marca a conclusão do primeiro ciclo de<br />

investimentos <strong>da</strong> ETH, iniciado em 2007. Em 2012,<br />

a empresa iniciará o processo de internacionalização<br />

<strong>da</strong> produção de etanol, energia elétrica e açúcar<br />

em regiões como África e América Latina. Tratase<br />

de um importante passo para a consoli<strong>da</strong>ção do<br />

etanol brasileiro como melhor alternativa para<br />

atender a deman<strong>da</strong> mundial por energia limpa.<br />

Assim, a ETH Bioenergia inicia a próxima<br />

safra, 2012/2013, com nove uni<strong>da</strong>des em operação<br />

e capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong> de moagem superior<br />

a 35 milhões de tonela<strong>da</strong>s de cana.<br />

Fonte: ETH e Governo de Goiás<br />

34 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia

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