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Florescimento
Inibir antes que
Fatores que influenciam
o florescimento da cana
Fotoperíodo
Temperatura
Latitude
Umidade
Nutrientes –
destaque para o
nitrogênio
floresça
Temperatura, luminosidade e umidade são alguns dos
fatores que contribuem para o florescimento da
cana-de-açúcar. Perdas na lavoura podem chegar a 30%
se medidas não forem tomadas no tempo adequado
Fernando Dantas
Para a maioria das culturas, a fase de florescimento
(ou floração) é vista como o apogeu da
planta, etapa anterior aos frutos e maturação
de grãos. Já para a cana-de-açúcar é o contrário.
O florescimento resulta em alterações morfofisiológicas
da planta, interrupção do crescimento,
brotação lateral, decréscimo de produtividade e, por
consequência, prejuízos ao agricultor.
A influência nas perdas é muito variável e depende
de fatores como variedade cultivada, região de cultivo,
época de corte, clima, entre outros. Para pesquisadores
que avaliam esse processo de floração na cultura,
três variedades têm se destacado como as mais
suscetíveis - SP 81-3250; RB 855156 e RB 855453.
Variedades floríferas colhidas em meio e final de safra
que não sejam inibidas podem gerar perdas de até
30% em massa. Além da diminuição de peso, em
anos mais específicos, outros aspectos de interesse
econômico são prejudicados, como a redução da
quantidade de açúcar (ATR por hectare), o aumento
do teor de fibra e o decréscimo da umidade dos colmos.
Nesse caso, ocorre prejuízo operacional da
colheita e do transporte, além de interferência no
rendimento da indústria na extração do caldo.
O pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), da
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado
de São Paulo, Maximiliano Salles Scarpari, explica que
a principal causa do florescimento da cana-de-açúcar
se deve ao fotoperíodo, que nada mais é do que
o período de luz de um dia, desde quando o sol nasce
até ele se por. Esse fator físico determina a época de
indução floral em cana-de-açúcar. Apesar de ocorrer
por um conjunto de fatores, o florescimento é mais
comum em plantas submetidas a dias com comprimentos
inferiores, portanto uma planta de dia curto.
Além do fotoperíodo, as condições de temperatura,
latitude e a quantidade de chuvas no período
indutivo – que na região Centro-Sul vai de final de
fevereiro ao final de março - também afetam o florescimento,
causando prejuízos e perdas ao canavial
ao prejudicar a produtividade da planta.
Segundo o agronômo de desenvolvimento de
mercado da Bayer, Juliano Barela, o plantio em si não
exerce interferência no florescimento, já o manejo de
colheita, sim é muito influenciado. “A antecipação de
corte de alg,umas variedades para o início de safra
pode ser uma opção, desde que não haja prejuízos
em relação ao acúmulo de açúcar e se respeite o ciclo
de maturação”, diz. Em algumas regiões de São Paulo,
Minas Gerais e Goiás, o uso de inibidor é indispensável
no manejo da colheita. Ele reforça que, sem essa
tecnologia, a perda em produtividade (florescimento
associado à isoporização/desidratação do colmo) é
muito grande, principalmente em anos mais secos.
Para a prevenção, recomenda-se utilizar inibidor
de florescimento durante o período indutivo, inibindo
o florescimento de variedades que apresentam esta
característica e que estejam destinadas à colheita em
meio e fim de safra. “Em São Paulo, por exemplo, o
inibidor de florescimento deve ser aplicado em meados
de fevereiro até meados de março”, acrescenta.
Solução
Além do uso de variedades com menos potencial ou
não florífero, outros métodos têm sido aplicados com o
intuito de controlar o florescimento, como interrupção
do período escuro por iluminação artificial, controle de
temperatura, suspensão de irrigação e pulverização de
substâncias químicas. Diversas opções oferecidas no
mercado também têm papel importante, seja como
maturadores, definidos como reguladores vegetais, que
agem alterando a morfologia e a fisiologia da planta,
podendo-se levar a modificações qualitativas e quantitativas
na produção; ou inibidores do florescimento. É o
caso do Ethrel, produto da Bayer CropScience. Seu
modo de ação proporciona a liberação de etileno no
interior das plantas, responsável pela maturação natural
das plantas (acúmulo de sacarose no caso da cana-deaçúcar).
Segundo Juliano Barela, com o uso de Ethrel a
planta sofre pouca alteração em seu metabolismo, não
prejudicando o posterior acúmulo de massa verde dos
colmos.
O produto tem sido indicado para ser usado no
sulco de plantio com o objetivo de acelerar a brotação,
aumentar o número de perfilhos e, consequentemente,
a produtividade por área; como maturador
para ser aplicado no início da safra e, por último,
como inibidor de florescimento, em que a aplicação
precisa ser feita no período indutivo do florescimento
de cada região produtora.
Juliano explica que o Ethrel, se adotado como
maturador, auxilia no gerenciamento da colheita,
proporcionando a entrega da matéria-prima com
alta qualidade no início da safra. Já como inibidor,
reduz as perdas pelo florescimento e isoporização,
com o benefício de uma soqueira mais produtiva no
próximo ano e, consequentemente, aumentando a
longevidade do canavial. “Dessa forma, agrega valor
a todo o sistema agroindustrial durante todo o ciclo
da cultura”, ressalta.
Foto: Divulgação
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