O País dos - Canal : O jornal da bioenergia

Etanol e açúcar
Novas tecnologias
em fermentação
Linhagem modificada de fungo é capaz de aumentar
a produção de etanol em relação à espécie selvagem
Gilana Nunes
Atualmente, os produtores de etanol se
deparam com o desafio de aumentar a
produção para atender à crescente demanda
do mercado interno e externo. A ciência
tem auxiliado de forma a encontrar soluções para
aumentar a produtividade sem que seja necessário
aumentar a área plantada em grandes quantidades.
Além de pesquisas que envolvem o melhoramento
genético da cana-de-açúcar e a criação de
espécies transgênicas que possuam características
específicas, o etanol de segunda geração é uma das
formas de auxiliar na obtenção do álcool combustível.
O etanol celulósico, como também pode ser
chamado, é produzido a partir da celulose presente
nos resíduos da cana-de-açúcar e em outras
matérias-primas vegetais.
Projeto de pesquisa realizado entre a Universidade
de São Paulo (USP), a Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) e a Universidade de Tecnologia de
Delft, na Holanda, trouxe mais uma novidade no
processo de geração de etanol.
A inovação se deve ao processo de melhoramento
genético do microorganismo que faz a fermentação
alcoólica do álcool combustível. Segundo o
coordenador do projeto na USP, Andreas Gombert,
a linhagem modificada do fungo da espécie
Saccharomyces cerevisiae é capaz de aumentar a
obtenção de etanol para a mesma quantidade de
cana fermentada pela espécie selvagem.
Funcionamento
Andreas relata que o experimento durou cerca
de um mês, em que, por pressão seletiva durante
um longo tempo, foram selecionados os fungos
mais adaptados às condições de cultivo. Ele
explica que os testes foram realizados com etanol
de primeira geração e ainda não foram utilizados
em escala industrial.
Segundo Andreas, uma das principais características
da nova linhagem é que, devido a produção
de uma enzima denominada invertase, o
fungo adquiriu a capacidade de hidrolisar sacarose
(açúcar) do lado de dentro da célula, evitando
assim o desperdício desse açúcar.
O projeto teve início em Santa Catarina, a
partir de uma iniciativa do professor Boris
Ugarte, que obteve como resultado da sua pesquisa
a levedura geneticamente modificada.
Mas, segundo Andreas, essa linhagem possuía
uma capacidade limitada de transportar etanol
e que, por meio do experimento realizado na
USP, parte dessa deficiência foi corrigida, chegando
a aumentar o rendimento de etanol
sobre sacarose em 11%.
O professor Andreas ressalta que ainda não
foram realizados testes em escala industrial, mas
que “um aumento de apenas 3% no rendimento
da fermentação alcoólica permitiria hoje um
incremento de 1 bilhão de litros de etanol por
ano, só no Brasil, a partir da mesma quantidade
de cana-de-açúcar.”
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