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Novembro de 2012 - Canal : O jornal da bioenergia

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Goiânia/GO novembro <strong>de</strong> <strong>2012</strong> Ano 7 N° 73<br />

Bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

IMPRESSO - Envelopamento autorizado. Po<strong>de</strong> ser aberto pelo ECT<br />

www.canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

Com apoio para custeio <strong>da</strong> construção<br />

<strong>da</strong>s linhas <strong>de</strong> transmissão, Brasil po<strong>de</strong>ria<br />

saltar na geração <strong>de</strong> energia a partir<br />

<strong>da</strong> biomassa, aten<strong>de</strong>ndo parte<br />

significativa <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> nacional<br />

Mala Direta Postal<br />

Básica<br />

9912258380/2010-DR/GO<br />

Mac Editora<br />

REMETENTE<br />

Caixa Postal 4116<br />

A.C.F Serrinha<br />

74823-971 - Goiânia - Goiás<br />

À espera <strong>de</strong> incentivos<br />

Entrevista: José Luiz Olivério, vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Dedini


<strong>2012</strong> © Spectrum Art Company<br />

Supre<br />

Supre<br />

o sistema solo-planta,<br />

fornecendo fósforo e<br />

cálcio em abundância.<br />

Uniformiza<br />

Uniformiza<br />

a fertili<strong>da</strong><strong>de</strong> do solo,<br />

com suprimento contínuo<br />

<strong>de</strong> fósforo.<br />

Promove<br />

Promove<br />

o crescimento <strong>da</strong>s raízes,<br />

aumentando o volume <strong>de</strong><br />

solo explorado.<br />

Recomen<strong>da</strong>do<br />

Recomen<strong>da</strong>do<br />

tanto para fosfatagem<br />

corretiva e como para<br />

adubação <strong>de</strong> manutenção.<br />

Aumenta<br />

Aumenta<br />

o volume <strong>de</strong> matéria ver<strong>de</strong>,<br />

o número <strong>de</strong> colmos e a<br />

altura <strong>de</strong> plantas.<br />

Em campo a nova linha<br />

<strong>de</strong> fertilizantes sustentáveis,<br />

garantia <strong>de</strong> suprimento<br />

contínuo <strong>de</strong> fósforo.<br />

Composição<br />

Composição<br />

Fósforo (P2O5) solúvel<br />

em CNA* + água 9 %<br />

Fósforo (P2O5) total 14 %<br />

Cálcio (Ca) total 12 %<br />

Central Central <strong>de</strong> <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s<br />

Ven<strong>da</strong>s<br />

(64) 3442-4356<br />

Catafós Fertilizantes<br />

Catalão - Goiás<br />

www.supraphos.com.br<br />

Potencializa<br />

Potencializa<br />

a brotação e formação <strong>da</strong>s<br />

soqueiras, aumentando a<br />

longevi<strong>da</strong><strong>de</strong> do canavial.<br />

Hastes<br />

Hastes<br />

com internódios longos,<br />

mais produtivas e com<br />

elevado teor <strong>de</strong> açúcar.<br />

Otimiza<br />

Otimiza<br />

os resultados <strong>da</strong> safra – é<br />

um produto sustentável<br />

e economicamente viável.<br />

Supera<br />

Supera<br />

concorrentes com melhor<br />

custo/benefício e excelentes<br />

vantagens para o produtor.<br />

canal, o Jor nal <strong>da</strong> Bi o e ner gia, é uma pu bli ca ção <strong>da</strong> MAC Edi to ra e<br />

Jor na lis mo Lt<strong>da</strong>. - CNPJ 05.751.593/0001-41<br />

Diretor executivo: césar rezen<strong>de</strong> - diretor@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

Diretora eDitorial: Mirian tomé Drt-Go-629 - editor@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

Gerente aDMinistrativo: Patrícia arru<strong>da</strong> - financeiro@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

Gerente De atenDiMento coMercial: Beth ramos - comercial@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

executiva De atenDiMento coMercial: tatiane Mendonça - atendimento@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

estaGiário De atenDiMento coMercial: Bruno santos - opec@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

eDitor: evandro Bittencourt Drt-Go - 00694 - re<strong>da</strong>cao@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

rePortaGeM: evandro Bittencourt, Fernando Dantas, igor augusto Pereira e Mirian tomé<br />

estaGiário Pelo convênio uFG/canal BioenerGia:<br />

Guilherme Barbosa - <strong>jornal</strong>ismo@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

DireÇÃo De arte: Fernando rafael - arte@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

Banco De iMaGens: UNICA - União <strong>da</strong> Agroindústria Canavieira <strong>de</strong> São Paulo: www.unica.com.<br />

br; SIFAEG - Sindicato <strong>da</strong> Indústria <strong>de</strong> Fabricação <strong>de</strong> Álcool do Estado <strong>de</strong> Goiás: www.sifaeg.com.<br />

br; / reDaÇÃo: Av. T-63, 984 - Conj. 215 - Ed. Monte Líbano Center, Setor Bueno - Goiânia -<br />

GO- Cep 74 230-100 Fone (62) 3093 4082 - Fax (62) 3093 4084 - email: canal@canal<strong>bioenergia</strong>.<br />

com.br / Tiragem: 11.000 exemplares / impressão: Ellite Gráfica – ellitegrafica2003@yahoo.com.<br />

br / canal, o Jornal <strong>da</strong> Bioenergia não se responsabiliza pelos conceitos e opiniões emitidos<br />

nas reportagens e artigos assinados. Eles representam, literalmente, a opinião <strong>de</strong> seus autores.<br />

É autoriza<strong>da</strong> a reprodução <strong>da</strong>s matérias, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que cita<strong>da</strong> a fonte .<br />

Capa: Fernando Rafael. FoTo: SJC Bioenergia<br />

“Porque, se perdoar<strong>de</strong>s aos homens as<br />

suas ofensas, também vosso Pai celeste<br />

vos perdoará.” (Mateus 6:14)<br />

22 eNergiA dAs oNdAs<br />

está em FAse <strong>de</strong> testes A<br />

primeirA usiNA <strong>de</strong><br />

eNergiA mAremotriz,<br />

LoCALizAdA No estAdo do<br />

CeArá e CoNstruídA Com<br />

teCNoLogiA BrAsiLeirA.<br />

10 LevedurAs<br />

pesquisAs BusCAm<br />

meLhoriA do reNdimeNto<br />

dA produção <strong>de</strong> etANoL<br />

por meio dA mANipuLAção<br />

geNétiCA dAs LevedurAs<br />

utiLizAdAs No proCesso.<br />

Carta dO editOr<br />

O caminho do conhecimento<br />

Mi ri an To mé<br />

edi tor@ca nal bi o e ner gia.com.br<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento<br />

tecnológico do setor<br />

sucroenergético é motivo <strong>de</strong><br />

orgulho para todos os<br />

brasileiros. A eficiência produtiva vem sendo<br />

apura<strong>da</strong> ca<strong>da</strong> vez mais, mostrando a vocação do País<br />

para produzir cana-<strong>de</strong>-açúcar e seus diversos<br />

<strong>de</strong>rivados, com <strong>de</strong>staque para o etanol, o açúcar e a<br />

energia, a partir <strong>da</strong> biomassa.<br />

A inexistência <strong>de</strong> uma política setorial volta<strong>da</strong> para<br />

a bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> é um dos motivos que explicam o<br />

ain<strong>da</strong> reduzido aproveitando do gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong><br />

geração <strong>de</strong> energia elétrica do setor sucroenergético<br />

brasileiro. Este é o tema abor<strong>da</strong>do em <strong>de</strong>staque nesta<br />

edição, uma reportagem que revela os principais<br />

entraves para que o País dê um salto na produção.<br />

Mesmo sem o <strong>de</strong>vido apoio, seguimos evoluindo, em<br />

12 sorgo sACAriNo<br />

FALtA <strong>de</strong> CoNheCimeNto<br />

soBre BoAs prátiCAs <strong>de</strong><br />

mANejo AiNdA é um<br />

eNtrAve pArA A<br />

CoNsoLidAção dA CuLturA<br />

NA iNdústriA<br />

suCroeNergétiCA.<br />

26 perFiL<br />

héLio BeLAi, ex-CortAdor<br />

<strong>de</strong> CANA e hoje gereNte<br />

iNdustriAL dA sjC<br />

BioeNergiA, é o<br />

persoNAgem dA mAis<br />

NovA CoLuNA do CANAL.<br />

16 etANoLduto<br />

diANte dos ANuNCiAdos<br />

proLemAs <strong>de</strong> CAixA,<br />

etANoLduto <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong><br />

ser prioridA<strong>de</strong> pArA A<br />

petroBrAs, AvALiAm<br />

ANAListAs.<br />

busca <strong>de</strong> novas conquistas, a exemplo do etanol <strong>de</strong><br />

segun<strong>da</strong> geração em escala e preços competitivos; <strong>da</strong><br />

economia <strong>de</strong> recursos importantes como a água e a<br />

energia nos processos industriais, sem nunca per<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

vista o aumento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Esse esforço, retratado em diversas matérias e na<br />

entrevista <strong>de</strong>sta edição, está personificado na história<br />

<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> Hélio Belai, gerente industrial <strong>da</strong> SJC<br />

Bioenergia, um ex-cortador <strong>de</strong> cana que acreditou na<br />

força do trabalho e na vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescer, pelo caminho<br />

do conhecimento, e que se tornou um exemplo <strong>de</strong><br />

perseverança, apesar <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s que enfrentou ao<br />

longo <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong>.<br />

Ao conferir esta edição, caro leitor, é possível<br />

confirmar que o sucesso nunca acontece por acaso.<br />

Boa leitura!<br />

www.twitter.com/canalBioenergia<br />

Assine o CA NAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - Tel. 62.3093-4082 assinaturas@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />

O CA NAL é uma pu bli ca ção men sal <strong>de</strong> cir cu la ção na ci o nal e es tá dis po ní vel na in ter net nos en <strong>de</strong> re ços:<br />

www.ca nal bi o e ner gia.com.br e www.si fa eg.com.br<br />

<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 3


Entrevista José Luiz Olivério, vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Dedini<br />

‘O setor está investindo<br />

em diversificação’<br />

evandro Bittencourt<br />

Engenheiro mecânico <strong>de</strong> produção<br />

formado pela Escola<br />

Politécnica <strong>da</strong> USP, José Luiz<br />

Olivério é vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

Tecnologia e Desenvolvimento <strong>da</strong><br />

Dedini S/A Indústrias <strong>de</strong> Base.<br />

Representa a indústria <strong>de</strong> equipamentos<br />

na Câmara Setorial do Biodiesel e,<br />

<strong>de</strong> 2004 a 2007, atuou na mesma função<br />

na Câmara do Açúcar e do Álcool,<br />

ambas do Ministério <strong>da</strong> Agricultura.<br />

É membro do Conselho <strong>de</strong> Tecnologia<br />

e do Conselho Superior do Agronegócio<br />

(ambos <strong>da</strong> Fiesp), do Conselho <strong>de</strong><br />

Orientação do Instituto <strong>de</strong> Pesquisas<br />

Tecnológicas (IPT), do Conselho<br />

Consultivo Internacional <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção<br />

Dom Cabral (FDC), membro do Comitê<br />

Técnico <strong>de</strong> Bens <strong>de</strong> Capital do Centro<br />

Nacional <strong>da</strong>s Indústrias do Setor<br />

Sucroalcooleiro e Energético (Ceise Br)<br />

e membro do Comitê Técnico-Científico<br />

do Laboratório Nacional <strong>de</strong> Ciência e<br />

Tecnologia do Bioetanol (CTBE).<br />

Foi professor, chefe <strong>de</strong> <strong>de</strong>partamento,<br />

membro do Conselho Departamental<br />

e <strong>da</strong> Congregação <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção<br />

Educacional Inaciana (FEI) e professor<br />

do Curso <strong>de</strong> Extensão Universitária na<br />

Mauá.<br />

4 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />

o senhor acredita que o país possa realmente<br />

passar por um apagão <strong>de</strong> combustíveis em<br />

até dois anos caso o governo não adote<br />

medi<strong>da</strong>s consistentes <strong>de</strong> apoio ao setor<br />

sucroenergético?<br />

É muito difícil falar com certeza, mas há<br />

indício <strong>de</strong> que isso realmente po<strong>de</strong> ocorrer<br />

porque o abastecimento <strong>de</strong> combustíveis<br />

estava indo numa certa direção. E o que se<br />

imaginava é que dos combustíveis que<br />

abastecem os veículos <strong>de</strong> ciclo Oto o etanol<br />

continuaria sendo o principal e isso foi<br />

o que aconteceu até 2010. Mas <strong>de</strong>vido a<br />

uma série <strong>de</strong> fatores, principalmente as<br />

consequências <strong>da</strong> crise financeira <strong>de</strong> 2008,<br />

e a falta <strong>de</strong> investimentos em aumento <strong>de</strong><br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, houve uma redução na produção<br />

<strong>de</strong> etanol <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong> redução <strong>da</strong><br />

produção <strong>de</strong> cana quando a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> era<br />

crescente. E isso foi reconhecido muito<br />

tardiamente, muito em cima <strong>da</strong> ocorrência<br />

do fato <strong>de</strong> não haver etanol suficiente, o<br />

que levou a uma série <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

urgência que, infelizmente, estão permanecendo<br />

até hoje, porque a Petrobras se<br />

viu com o problema <strong>de</strong> garantir o abastecimento<br />

nacional. E a empresa estava<br />

contando que os veículos <strong>de</strong> ciclo Oto<br />

seriam abastecidos com etanol. Ela estava<br />

exportando gasolina e se concentrando no<br />

refino <strong>de</strong> diesel. Com a falta do etanol o<br />

que aconteceu foi que, <strong>de</strong> uma hora para<br />

outra, foi necessário mu<strong>da</strong>r essa tendência.<br />

Houve uma <strong>de</strong>man<strong>da</strong> imprevista <strong>de</strong> gasolina,<br />

a Petrobras teve que <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> exportar<br />

a gasolina como ela fazia e teve que passar<br />

a importar.<br />

e o sistema <strong>de</strong> distribução não estava<br />

preparado para isso.<br />

Sim, foram soluções <strong>de</strong> emergência, <strong>de</strong><br />

curto prazo, não foram otimiza<strong>da</strong>s. Não<br />

havia tanques regionais e foi um esforço<br />

enorme garantir o abastecimento justamente<br />

por falta <strong>de</strong>ssa produção <strong>de</strong> etanol.<br />

A partir <strong>da</strong>í se i<strong>de</strong>ntificou o problema,<br />

mas não houve solução. Hoje continua<br />

ocorrendo uma menor produção <strong>de</strong> cana<br />

do que é necessário para aten<strong>de</strong>r a<br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong>. Nós estamos com uma produ-<br />

ção <strong>de</strong> cana <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 600 milhões <strong>de</strong><br />

tonela<strong>da</strong>s por safra, uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

industrial um pouco acima, <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

700 milhões <strong>de</strong> tonela<strong>da</strong>s por safra, mas a<br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong> está num nível <strong>de</strong> 800 milhões<br />

<strong>de</strong> tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> cana para fazer açúcar e<br />

etanol. Nesse momento nós <strong>de</strong>veríamos<br />

estar num processo <strong>de</strong> expansão, tanto <strong>da</strong><br />

área <strong>de</strong> cana, quanto na implantação <strong>de</strong><br />

usinas novas e isso não está acontecendo.<br />

Se não forem anuncia<strong>da</strong>s as medi<strong>da</strong>s que<br />

restabeleçam a confiança do investidor, o<br />

setor vai continuar, por alguns anos, com<br />

uma produção <strong>de</strong> cana ain<strong>da</strong> insuficiente<br />

e uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> industrial também<br />

insuficiente para um mercado que é altamente<br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong>nte. Se não houver medi<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> políticas públicas, principalmente,<br />

que restabeleçam a confiança do investidor<br />

no aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> agrícola e<br />

industrial, nós vamos realmente ter essa<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do cenário atual por muito<br />

tempo.<br />

Quando se tem um mercado<br />

vigoroso as empresas, pelo estímulo<br />

que recebem, investem bastante no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tecnologias.”<br />

Como o senhor avalia as tecnologias disponíveis<br />

no Brasil, atualmente, para a produção <strong>de</strong><br />

etanol, açúcar e bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> ?<br />

São tecnologias no Estado <strong>da</strong> arte. Hoje<br />

nós temos no Brasil, tanto para produzir<br />

açúcar, etanol e bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>, as melhores<br />

tecnologias disponíveis mundialmente.<br />

Em alguns casos, nós até estamos acima,<br />

somos referência para essas tecnologias,<br />

somo o benchmarking mundial para essas<br />

tecnologias. Mas isso não quer dizer que<br />

não se possa melhorar. Existe a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> termos ain<strong>da</strong> um progresso bastante<br />

gran<strong>de</strong> na área <strong>de</strong> tecnologia. Mas se compararmos<br />

no contexto mundial, com a<br />

tecnologias que existem em outros países,<br />

estamos muito bem situados.<br />

A crise <strong>de</strong> 2008 impactou no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong>ssas tecnologias?<br />

A curto prazo não, mas hoje ela já está<br />

impactando, pois quem possibilita o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> tecnologia é o mercado.<br />

Quando se tem um mercado vigoroso as<br />

empresas, pelo estímulo que recebem,<br />

investem bastante no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

tecnologias. Até 2008 nós estávamos vindo<br />

<strong>de</strong> um crescimento enorme, com a continui<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

dos investimentos em tecnologia, mas já<br />

a partir <strong>de</strong> 2010 os investimentos começaram<br />

a diminuir. E isso gerou um fato perverso.<br />

Aquelas tecnologias que estavam em <strong>de</strong>senvolvimento<br />

e que se completaram até 2010,<br />

2011 ain<strong>da</strong> não foram implanta<strong>da</strong>s, elas estão<br />

estoca<strong>da</strong>s, esperando novos investimentos.<br />

Essas novas tecnologias serão incorpora<strong>da</strong>s<br />

quando o setor voltar a investir em aumento<br />

<strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e em usinas novas.<br />

Como está a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por equipamentos e<br />

usinas prontas no Brasil e quais as perspectivas<br />

para os próximos anos?<br />

O setor não parou <strong>de</strong> investir. Ele continua a<br />

fazê-lo, mas num ritmo menor. Continuam os<br />

investimentos <strong>de</strong> entressafra, normalmente, a<br />

parte to<strong>da</strong> <strong>de</strong> recondicionamento <strong>da</strong> usina,<br />

troca <strong>de</strong> peças sobressalentes e ajustes dos<br />

equipamentos. Já em relação aos equipamentos<br />

novos o setor não está investindo em<br />

aumento <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas ele está investindo<br />

em diversificação. Ou seja, quem está<br />

fazendo etanol coloca uma fábrica <strong>de</strong> açúcar.<br />

Nesse caso, com a mesma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cana<br />

ele também passa a produzir açúcar, aumentando<br />

a sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Muitas vezes a usina<br />

produz álcool hidratado, que abastece o veí-<br />

culo flex, mas a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> está boa em anidro,<br />

para a mistura com a gasolina. Nesse caso ela<br />

põe uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação para completar<br />

o processo <strong>de</strong> transformar a cana em<br />

etanol anidro. Outras vezes a usina está produzindo<br />

açúcar e etanol e tem o interesse <strong>de</strong><br />

ven<strong>de</strong>r energia elétrica para a re<strong>de</strong>. Nesse<br />

caso ela investe em energia, compra cal<strong>de</strong>iras,<br />

turbinas etc. O setor tem investido nessa<br />

diversificação, assim como em troca <strong>de</strong> equipamentos<br />

em fim <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> ou para ganhar<br />

mais eficiência. Esse ciclo <strong>de</strong> investimento em<br />

diversificação acomo<strong>da</strong> a produção <strong>da</strong> usina à<br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong> do mercado, mas não é tão representativa<br />

quanto os investimentos em greenfields,<br />

em que há uma <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por todos os<br />

equipamentos <strong>da</strong> linha e não só <strong>de</strong> alguns<br />

específicos.<br />

e há sinais <strong>de</strong> que o setor vai voltar a investir?<br />

Os sinais, hoje, são <strong>de</strong> que o setor vai voltar a<br />

investir. Digo isso porque estamos per<strong>de</strong>ndo<br />

muita coisa ao não ter uma produção a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong><br />

do setor sucroenergético. Hoje nós<br />

temos problemas com a Petrobras, que está<br />

tendo prejuízo, estamos tendo problemas na<br />

balança comercial pois, em vez <strong>de</strong> exportar<br />

gasolina, estamos importando, em vez <strong>de</strong><br />

exportar etanol, às vezes até o importamos. Já<br />

estamos com problemas na balança <strong>de</strong> paga-<br />

mentos e tem diminuído o saldo comercial do<br />

País. Aquele crescimento que se verificou <strong>de</strong><br />

forma intensa, principalmente na região <strong>da</strong>s<br />

novas fronteiras, como é o Centro-Oeste, já<br />

diminuiu. To<strong>da</strong> aquela evolução social que se<br />

tem associa<strong>da</strong> à implantação <strong>de</strong> usinas novas<br />

está sendo estabiliza<strong>da</strong>. Nós precisamos crescer<br />

mais, criar mais empregos, distribuir mais<br />

ren<strong>da</strong> e esten<strong>de</strong>r benefícios sociais. Se comparamos<br />

a energia <strong>da</strong> cana com a energia do<br />

petróleo, a que tem maior impacto social é a<br />

energia <strong>da</strong> cana, pois é ela quem cria mais<br />

emprego e distribui melhor a ren<strong>da</strong>, afetando<br />

uma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> muito maior do que o crescimento<br />

promovido pelo petróleo, que é um<br />

mundo muito pequeno. Não há a promoção<br />

<strong>de</strong> um movimento regional e a universalização<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento quando se investe<br />

mais em petróleo e menos em cana. Por isso,<br />

como o País precisa crescer e melhorar suas<br />

contas no exterior, caminhando no sentido <strong>da</strong><br />

sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, tudo isso vai levar a uma<br />

solução <strong>de</strong> curto prazo. Nós já estamos sentindo<br />

isso na Dedini. Não estamos fechando<br />

negócios, mas estamos fazendo orçamentos.<br />

Temos tido muitos contatos <strong>de</strong> clientes procurando<br />

atualizar os orçamentos antigos, que<br />

estavam parados <strong>de</strong>vido à crise. Os sinais são<br />

<strong>de</strong> que o setor acredita no anúncio <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s<br />

que vão possibilitar a retoma<strong>da</strong> do inves-<br />

<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 5


Entrevista José Olivério, vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Dedini<br />

timento e do crescimento do setor.<br />

o segmento <strong>da</strong>s indústrias <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital,<br />

do qual faz parte a <strong>de</strong>dini, tem conseguido uma<br />

boa interlocução com o governo fe<strong>de</strong>ral no que<br />

se refere às dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s enfrenta<strong>da</strong>s pelo setor<br />

industrial?<br />

O governo está muito sensível aos problemas<br />

que a indústria está sofrendo. Muito se fala<br />

nos jornais em <strong>de</strong>sindustrialização, em retomar<br />

o crescimento do setor <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital.<br />

O reconhecimento do problema existe,<br />

não só com o setor <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital, mas <strong>de</strong><br />

maneira geral para a área industrial. O que<br />

não me parece suficiente é que as medi<strong>da</strong>s<br />

que estão sendo toma<strong>da</strong>s são pontuais, a<br />

exemplo <strong>da</strong> <strong>de</strong>soneração fiscal <strong>da</strong>s empresas<br />

automobilísticas, dos eletrodomésticos <strong>da</strong><br />

linha branca e a <strong>da</strong> indústria têxtil. Isso é<br />

medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> emergência, não é uma medi<strong>da</strong><br />

estrutura<strong>da</strong>, <strong>de</strong> política industrial. O que eu<br />

acho que está faltando são <strong>de</strong>finições <strong>de</strong><br />

médio e longo prazos. O governo se mostra<br />

sensível ao aten<strong>de</strong>r essas emergências, mas<br />

isso não é suficiente para proporcionar uma<br />

retoma<strong>da</strong> do investimento. É suficiente apenas<br />

para salvar o nível <strong>de</strong> operação e a indústria<br />

<strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital vive <strong>de</strong> novos investimentos,<br />

ela vive do crescimento. É diferente<br />

<strong>de</strong> uma indústria automobilística que vive do<br />

consumo e <strong>de</strong> uma indústria <strong>de</strong> eletrodomésticos,<br />

que vive <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong> crédito que<br />

facilita o fluxo <strong>de</strong> caixa.<br />

As <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> petróleo na cama<strong>da</strong> pré-sal já<br />

apresentam reflexos <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> na indústria<br />

<strong>de</strong> base?<br />

Muito pouco, ain<strong>da</strong>. Nós estamos numa fase<br />

<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r bem o que é o pré-sal. É um<br />

patrimônio enorme que o País tem, uma vantagem<br />

competitiva para nós que tem <strong>de</strong> ser<br />

aproveita<strong>da</strong>, mas as condições para isso ain<strong>da</strong><br />

são, tecnicamente, muito difíceis. Existe algum<br />

investimento, mas não no ritmo suficiente<br />

para promover um crescimento do setor <strong>de</strong><br />

bens <strong>de</strong> capital. Mas ele <strong>de</strong>ve ser continuado<br />

e <strong>de</strong>ve ter um efeito importante, mas isso<br />

ain<strong>da</strong> vai <strong>de</strong>morar algum tempo.<br />

Como a indústria <strong>de</strong> base po<strong>de</strong> colaborar para<br />

aumentar a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s usinas<br />

sucroenergéticas brasileiras?<br />

Gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong>s tecnologias que têm sido<br />

introduzi<strong>da</strong>s nas usinas é <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> na<br />

indústria <strong>de</strong> equipamentos. Tem uma parte<br />

que a própria usina faz, outra parte é dos<br />

centros <strong>de</strong> pesquisa e consultorias, mas, ao<br />

final, é preciso por uma máquina para fazer o<br />

que foi elaborado e obter resultado <strong>de</strong> uma<br />

forma a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, em escala e confiabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Por isso, a contribuição que a indústria <strong>de</strong><br />

equipamentos faz é total. E nesse caso, na<br />

indústria sucroenergética, os equipamentos<br />

são 100% produzidos no País. É o único caso<br />

no Brasil que nós dominamos a tecnologia em<br />

todos os níveis, seja na pesquisa, no <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

na engenharia, na fabricação, na<br />

montagem e na operação.<br />

Não há nenhum outro setor <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica<br />

do Brasil que nós dominamos tudo. A<br />

6 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />

<strong>da</strong> indústria automobilística vem <strong>de</strong> fora; na<br />

<strong>de</strong> celulose a tecnologia do processo está nos<br />

países escandinavos e no Canadá; em mineração<br />

compramos tecnologia do Japão e <strong>da</strong><br />

Alemanha. O setor <strong>de</strong> cana é o único que é<br />

100% brasileiro, a não ser por pequenos componentes<br />

eletrônicos que são feitos na China.<br />

A contribuição que o setor tem <strong>da</strong>do é <strong>de</strong> ter<br />

possibilitado todo esse <strong>de</strong>senvolvimento. No<br />

início do Proálcool, por exemplo, com seis<br />

moen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 78 polega<strong>da</strong>s eram processa<strong>da</strong>s<br />

5,5 mil tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> cana por dia. Hoje o<br />

mesmo equipamento possibilita processar 15<br />

mil tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> cana por dia e esse foi um<br />

<strong>de</strong>senvolvimento brasileiro. Naquela época,<br />

as moen<strong>da</strong>s tiravam 93% do açúcar. Hoje,<br />

mesmo aumentando a moagem, tira 97%.<br />

Antes fazíamos 66 litros <strong>de</strong> etanol por tonela<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> cana, hoje fazemos 87 litros. Tudo isso<br />

foi uma contribuição <strong>de</strong> muitos, mas em<br />

todos eles a indústria <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital esteve<br />

presente.<br />

O reconhecimento<br />

do problema existe,<br />

não só com o setor<br />

<strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital,<br />

mas <strong>de</strong> maneira geral<br />

para a área industrial.”<br />

Como se dá a sinergia <strong>da</strong> indústria <strong>de</strong> bens <strong>de</strong><br />

capital com as instituições <strong>de</strong> pesquisa?<br />

Nós trabalhamos muito em contato com universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

e centros <strong>de</strong> pesquisa, principalmente<br />

na fase <strong>de</strong> concepção <strong>da</strong>s soluções e<br />

na fase <strong>de</strong> engenharia processual. Não temos<br />

participação na parte do projeto do equipamento,<br />

pois aí é qualificação interna <strong>da</strong><br />

empresa, mas temos muitos trabalhos juntos.<br />

Temos um bom entrosamento com a Unicamp,<br />

com a USP <strong>de</strong> São Carlos, a Esalq <strong>de</strong> Piracicaba,<br />

com o Centro <strong>de</strong> Tecnologia Canavieira (CTC)<br />

e com o Instituto <strong>de</strong> Pesquisas Tecnológicas<br />

(IPT). Nós trabalhamos muitas vezes em conjunto<br />

e, em outras, contratando um serviço<br />

que é intermediário e faz parte do processo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Como a preocupação com a preservação<br />

ambiental se insere no processo produtivo <strong>da</strong>s<br />

indústrias <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital, a exemplo <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>dini?<br />

Em relação ao setor sucroenergético, sobre<br />

o qual eu posso falar melhor, o reconhecimento<br />

<strong>de</strong> que nós precisamos melhorar a<br />

sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos processos e <strong>da</strong>s usinas<br />

teve início no começo <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 2000.<br />

Nós começamos a estu<strong>da</strong>r o assunto e a<br />

<strong>de</strong>senvolver processos <strong>de</strong> maior sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

ou seja, que não contaminem o<br />

meio ambiente e possibilitem melhorias<br />

nas condições agrícolas e industriais. E<br />

chegamos a enxergar a usina como um<br />

todo na ótica <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Foi um<br />

enfoque diferente, inovador. Todos procuram<br />

analisar a usina – e nós também – para<br />

ter mais açúcar, mais etanol e mais energia<br />

elétrica com a mesma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cana,<br />

mas ninguém tinha, ain<strong>da</strong>, avaliado a usina,<br />

no seu todo, procurando <strong>de</strong>senvolver soluções<br />

ambientalmente amigáveis. E foi isso<br />

o que nós fizemos. Nós chegamos como<br />

solução a processos que aten<strong>de</strong>m ao que<br />

chamamos <strong>de</strong> conceito zero. Hoje temos na<br />

usina sustentável Dedini processos que não<br />

têm resíduos, efluentes líquidos nem odor<br />

<strong>de</strong>sagradável e que não usa água, apenas<br />

recicla a água <strong>da</strong> cana e tem uma condição<br />

máxima <strong>de</strong> mitigação <strong>de</strong> gases do efeito<br />

estufa, que promovem o aquecimento global.<br />

Terminamos o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssa<br />

usina em 2009 e estamos aguar<strong>da</strong>ndo um<br />

projeto greenfield para implantar tudo isso<br />

que está disponível.<br />

que avaliação o senhor faz dos investimentos<br />

em bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> no Brasil por parte do po<strong>de</strong>r<br />

público e <strong>da</strong> iniciativa priva<strong>da</strong>?<br />

Acho que tem <strong>de</strong> haver uma reorientação. O<br />

programa teve resultados no começo, com os<br />

leilões, o que levou a um crescimento <strong>da</strong> produção<br />

e do fornecimento <strong>de</strong> bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

para a re<strong>de</strong>. Mas ultimamente a forma <strong>de</strong><br />

conduzir os leilões não tem atraído investidores.<br />

Isso tem que ser reformulado <strong>de</strong> várias<br />

formas, fazendo leilões específicos <strong>de</strong> biomassa.<br />

Hoje nós estamos usando energia <strong>de</strong><br />

usinas térmicas, que custam muito mais caro,<br />

pela falta <strong>de</strong> investimento a<strong>de</strong>quado na produção<br />

<strong>de</strong> energia elétrica por meio <strong>da</strong> biomassa,<br />

a exemplo do bagaço <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-<br />

açúcar.<br />

Como o senhor vê o estado <strong>de</strong> goiás no cenário<br />

nacional <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar e seus<br />

<strong>de</strong>rivados?<br />

É uma nova fronteira agrícola pujante, que<br />

está possibilitando um crescimento substancial<br />

do setor sucroenergético. E o que é muito<br />

bom é que ain<strong>da</strong> há condição <strong>de</strong> expandir<br />

muito mais. Ela disponibiliza uma área <strong>de</strong><br />

expansão <strong>de</strong> cana – que vai possibilitar a<br />

produção <strong>de</strong> uma energia renovável – que<br />

não se encontra em outros países.<br />

Hoje o crescimento <strong>da</strong> área agrícola para a<br />

função energética está limita<strong>da</strong> no mundo<br />

inteiro pela necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>da</strong> área para<br />

a produção <strong>de</strong> alimentos. Esse dilema nós<br />

não vivemos aqui no Brasil, on<strong>de</strong> temos um<br />

plano <strong>de</strong> zoneamento agroecológico que<br />

<strong>de</strong>fine exatamente quais são as áreas em<br />

que se po<strong>de</strong> expandir sem impacto ambiental<br />

e sem competir com alimento.<br />

Goiás está numa posição privilegia<strong>da</strong> e tenho<br />

a convicção que, com essa retoma<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

investimentos que está próxima, muitos<br />

novos investimentos vão surgir. Acredito ser<br />

fun<strong>da</strong>mental que esse estímulo para a<br />

implantação <strong>de</strong> novas usinas no Estado permaneça,<br />

pois será em benefício do Estado <strong>de</strong><br />

Goiás e do Brasil como um todo.<br />

Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Curitiba adota ônibus híbrido<br />

movido a biodiesel e eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

A prefeitura <strong>de</strong> Curitiba (PR) comprou 60 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

do Hibribus, veículos movidos a biodiesel,<br />

fornecido pela Bsbios, uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Passo Fundo, e<br />

a eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Para esta primeira etapa, na linha<br />

Interbairros 1, serão <strong>de</strong>z ônibus híbridos. A partir<br />

<strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> outubro, outros vinte passarão a circular<br />

e os trinta restantes passarão a fazer parte do<br />

transporte público <strong>de</strong> Curitiba a partir <strong>de</strong> 2013.<br />

Além dos Hibribus, outros 32 ônibus já circulam<br />

por Curitiba <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2009 movidos com 100%<br />

<strong>de</strong> biodiesel, que é fornecido com exclusivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

pela Bsbios. A indústria <strong>de</strong> Passo Fundo fornece<br />

aproxima<strong>da</strong>mente 160 mil litros <strong>de</strong> biodiesel por<br />

mês para o transporte <strong>de</strong> passageiros <strong>da</strong> capital<br />

do Paraná, para o projeto <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Linha<br />

Ver<strong>de</strong>.<br />

motores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

O mo<strong>de</strong>lo, com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para acomo<strong>da</strong>r<br />

até 80 passageiros, é <strong>de</strong> fabricação <strong>da</strong> marca<br />

Volvo e vem sendo testado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2010. Ele<br />

funciona com os dois motores – elétrico e a<br />

biodiesel – <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. O elétrico é<br />

usado para arrancar o veículo e acelerá-lo até<br />

uma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>, aproxima<strong>da</strong>mente, 20<br />

km/h. A fonte, que fica na parte superior do<br />

ônibus, também é utiliza<strong>da</strong> como geradora <strong>de</strong><br />

energia durante as frenagens.<br />

Já o motor biodiesel entra em funcionamento<br />

em veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais altas. Quando os freios<br />

são acionados, a energia <strong>de</strong> <strong>de</strong>saceleração é<br />

utiliza<strong>da</strong> para carregar as baterias. E quando o<br />

ônibus está parado, no trânsito, nos pontos <strong>de</strong><br />

ônibus ou nos semáforos, o motor biodiesel<br />

fica <strong>de</strong>sligado. O mo<strong>de</strong>lo foi lançado durante a<br />

Rio+20 – a conferência <strong>da</strong> ONU sobre sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

–, que ocorreu no mês <strong>de</strong> junho, no<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

“Os novos coletivos trazem ganhos à população<br />

e ao meio ambiente, emitem 90% menos<br />

gases poluentes, possuem sistema que economiza<br />

até 35% do biocombustível e emitem menos<br />

Prefeitura <strong>de</strong> Curitiba comprou 60 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s do Hibribus, movido a biodiesel e a eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

ruídos,” salientou o diretor presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Bsbios,<br />

Erasmo Carlos Battistella.<br />

Battistella <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o exemplo <strong>de</strong> Curitiba<br />

seja seguido por to<strong>da</strong>s as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s se<strong>de</strong>s <strong>da</strong> Copa<br />

do Mundo <strong>de</strong> Futebol. “Esse é um mo<strong>de</strong>lo que<br />

<strong>de</strong>veria ser adotado pelas capitais e <strong>de</strong>mais municípios,<br />

pois traz benefícios sociais, econômicos e<br />

ambientais,” <strong>de</strong>staca o empresário.<br />

O biodiesel, misturado à proporção <strong>de</strong> 5% por<br />

litro <strong>de</strong> diesel vendido no País, emite menos 57%<br />

<strong>de</strong> gases poluentes que o combustível convencional<br />

e não possui enxofre. Os benefícios ao meio<br />

ambiente, à saú<strong>de</strong> humana e às políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

pública são comprovados por estudo <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção<br />

Getúlio Vargas. Com 10% <strong>de</strong> mistura, como esperado<br />

para 2020, a emissão <strong>de</strong> gás carbônico reduzirá<br />

em 8%. Com 20% misturados, ela cairia em<br />

12%. (Com informações <strong>da</strong> Bsbios).<br />

<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 7


Sifaeg em ação<br />

Goiás encerra safra<br />

em clima <strong>de</strong> otimismo<br />

Embora as últimas usinas do Estado<br />

só tenham programado finalizar a<br />

colheita na segun<strong>da</strong> quinzena <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro, os números preliminares<br />

do setor sucroenergético em Goiás apontam<br />

resultados satisfatórios. É o que<br />

garante o coor<strong>de</strong>nador do Comitê<br />

Temático Agrícola dos Sindicatos <strong>da</strong><br />

Indústria <strong>de</strong> Fabricação <strong>de</strong> Etanol e Açúcar<br />

(Sifaeg/Sifaçucar), Rogério Bremm. “O<br />

balanço ain<strong>da</strong> será fechado com as empresas<br />

associa<strong>da</strong>s, mas acreditamos em uma<br />

melhoria <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> maneira<br />

geral”, ressalta.<br />

Segundo Bremm, a renovação dos canaviais<br />

trouxe a esta safra um <strong>de</strong>sempenho<br />

superior à última. Embora tenha prejudicado<br />

o ritmo <strong>de</strong> moagem, o atraso nas chuvas<br />

proporcionou um efeito positivo à quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar e po<strong>de</strong> resultar em benefícios<br />

para a próxima safra. “Estamos sob<br />

efeito <strong>de</strong> um El Niño mo<strong>de</strong>rado, que representa<br />

chuvas um pouco acima <strong>da</strong> média. Se<br />

isso se confirmar, teremos melhorias mais<br />

acentua<strong>da</strong>s na produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>”, explica o<br />

coor<strong>de</strong>nador.<br />

As usinas do Sul do Estado <strong>de</strong>vem ser<br />

as últimas a encerrar a safra, entre o fim<br />

<strong>de</strong> novembro e meados <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro. No<br />

Norte Goiano, as empresas já finalizaram<br />

a colheita. As duas usinas <strong>da</strong> Jalles<br />

Machado, em Goianésia, terminaram os<br />

8 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />

trabalhos no fim <strong>de</strong> outubro, conta<br />

Bremm, que também é gerente corporativo<br />

agrícola <strong>da</strong> empresa.<br />

Outras uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem, ain<strong>da</strong>, <strong>de</strong>ixar<br />

cana em pé, mas em menor quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

“Como a previsão inicial era ter menos<br />

cana disponível, as usinas protelaram.<br />

Quando vieram as chuvas e aumentaram<br />

as expectativas <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, muitas<br />

não estavam prepara<strong>da</strong>s para processar<br />

todo esse volume”, explica. De olho no<br />

tema, o Comitê Agrícola irá recomen<strong>da</strong>r<br />

Fique <strong>de</strong> olho!<br />

n No trato com a cana – Para a<br />

próxima safra, os cui<strong>da</strong>dos com pragas<br />

e ervas <strong>da</strong>ninhas <strong>de</strong>vem ser redobrados<br />

n Na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> matéria-prima – O<br />

uso <strong>de</strong> maturadores e adubos po<strong>de</strong><br />

oferecer uma planta com mais<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para processamento<br />

n Na manutenção – Alocar<br />

estrategicamente mais recursos nos<br />

cui<strong>da</strong>dos com equipamentos po<strong>de</strong> fazer<br />

a diferença na hora <strong>de</strong> moer.<br />

maior atenção à manutenção na entressafra.<br />

“Como a participação <strong>da</strong> colheita mecaniza<strong>da</strong><br />

tem aumentado, há necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

investir nessa área. A dica é que o produtor<br />

não segure investimentos que possam<br />

comprometer a próxima safra”, assinala. A<br />

recomen<strong>da</strong>ção também vale para os fornecedores<br />

do setor sucroenergético, que<br />

<strong>de</strong>vem perceber a maior <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por<br />

peças e insumos a<strong>de</strong>quados para manutenção.<br />

MbAC Fertilizantes abre<br />

vagas para o Tocantins<br />

A MbAC Fertilizantes, produtora integra<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

fertilizantes fosfatados e potássicos, disponibiliza<br />

vagas para atuação no seu projeto Itafós Arraias SSP,<br />

no Estado do Tocantins, que está em fase final <strong>de</strong><br />

construção. A empresa oferece 213 oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

em diversas áreas com grau <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> que varia<br />

entre o Ensino Médio e Técnico até a graduação.<br />

A maior parte <strong>da</strong>s vagas está na área <strong>de</strong><br />

Manutenção (91) e na planta <strong>de</strong> fertilizantes (52).<br />

“Nosso compromisso e priori<strong>da</strong><strong>de</strong> é contratar mão <strong>de</strong><br />

obra local. Temos orgulho em po<strong>de</strong>r oferecer<br />

centenas <strong>de</strong> vagas à população, pois, <strong>de</strong>sta maneira,<br />

colaboramos com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

socioeconômico <strong>da</strong> região por meio <strong>da</strong> geração <strong>de</strong><br />

emprego e ren<strong>da</strong>”, diz Ana Paula Rodrigues, gerente<br />

<strong>de</strong> Recursos Humanos <strong>da</strong> companhia.<br />

Os interessados po<strong>de</strong>m ca<strong>da</strong>strar o currículo no<br />

Centro <strong>de</strong> Referência <strong>da</strong> MbAC Fertilizantes,<br />

localizado na Praça Doutor João <strong>de</strong> Abreu, 23, no<br />

centro <strong>de</strong> Arraias. Pela internet, é possível enviá-lo<br />

para o e-mail recrutamento@mbacfert.com ou<br />

Congresso Brasileiro<br />

<strong>de</strong> Pinhão-manso<br />

O 3º Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisa em<br />

Pinhão-manso, promovido pela Embrapa<br />

Agroenergia em parceria com Associação<br />

Brasileira dos Produtores <strong>de</strong> Pinhão-manso<br />

(ABPPM), foi realizado nos dias 19 e 20 <strong>de</strong><br />

novembro <strong>de</strong> 2013, em Brasília/DF.<br />

A Embrapa Agroenergia coor<strong>de</strong>na uma re<strong>de</strong><br />

com 22 instituições <strong>de</strong> pesquisa em to<strong>da</strong>s as<br />

regiões do Brasil, que está estu<strong>da</strong>ndo a<br />

cultura. “A terceira edição do Congresso<br />

apresentou avanços no conhecimento <strong>da</strong><br />

cultura e <strong>da</strong> utilização do óleo e <strong>de</strong> seus<br />

coprodutos, para que, em poucos anos<br />

tenhamos condições <strong>de</strong> implantá-la com<br />

sucesso. É imperativo que o Brasil diversifique<br />

as matérias-primas para a produção <strong>de</strong><br />

biodiesel e o pinhão-manso cumpre muito<br />

bem essa finali<strong>da</strong><strong>de</strong>”, diz o chefe <strong>de</strong><br />

Transferência <strong>de</strong> Tecnologia <strong>da</strong> Embrapa<br />

Agroenergia, José Manuel Cabral.<br />

Mais informaçõess po<strong>de</strong>m ser obti<strong>da</strong>s pelo<br />

site <strong>da</strong> Embrapa Agroenergia: http://www.<br />

embrapa.br/cnpae.<br />

pelos sites www.vagas.com.br/mbac e http://brasil.<br />

infomine.com/careers/eoc/mbacfert.asp. Mais<br />

informações: 0800 648 1621.<br />

A MbAC Fertilizantes tem como objetivo tornar-se<br />

uma importante produtora integra<strong>da</strong> <strong>de</strong> fertilizantes<br />

fosfatados e potássicos nos mercados brasileiro e<br />

latino-americano. A companhia possui uma equipe<br />

experiente com sóli<strong>da</strong> trajetória profissional nas áreas<br />

<strong>de</strong> operações para negócios <strong>de</strong> fertilizantes, gestão,<br />

marketing e finanças no Brasil e no exterior. Em<br />

outubro <strong>de</strong> 2008, adquiriu a Itafós Mineração Lt<strong>da</strong>., a<br />

Grupo Jalles Machado investe alto em irrigação<br />

A Jalles Machado realiza investimentos em<br />

irrigação na Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Otávio Lage, visando obter<br />

resultados ain<strong>da</strong> melhores. Recentemente foi<br />

implantado um pivô com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para<br />

irrigar 414 hectares, consi<strong>de</strong>rado um dos<br />

maiores <strong>da</strong> América Latina. O pivô abrange uma<br />

área que faz parte do programa <strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> cana <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Otávio Lage, voltado para a<br />

seleção <strong>de</strong> materiais que melhor se<br />

<strong>de</strong>senvolvem em um ambiente irrigado.<br />

A irrigação foi feita antes e após o plantio <strong>da</strong><br />

cana, com a utilização <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> balanço<br />

Panorama<br />

qual consiste em uma mina <strong>de</strong> fosfato, planta e uma<br />

uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> britagem e sua respectiva estrutura,<br />

localiza<strong>da</strong>s na região central do Brasil. O portfólio <strong>de</strong><br />

exploração inclui ain<strong>da</strong> projetos <strong>de</strong> fosfato e<br />

potássio, além <strong>da</strong> recente <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong><br />

terras raras também em território brasileiro. O projeto<br />

Santana é uma jazi<strong>da</strong> <strong>de</strong> fosfato <strong>de</strong> alto teor<br />

localiza<strong>da</strong> muito próxima do maior mercado<br />

brasileiro para fertilizantes, o Estado <strong>de</strong> Mato Grosso,<br />

e <strong>de</strong> importante mercado <strong>de</strong> nutrição animal, o<br />

Estado do Pará.<br />

hídrico para recomen<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> lâmina a ser<br />

aplica<strong>da</strong>. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> lâminas até a colheita<br />

po<strong>de</strong>rá chegar a oito. Os tratos culturais como<br />

adubação, aplicação <strong>de</strong> herbici<strong>da</strong>s, controle <strong>de</strong><br />

formiga são realizados <strong>de</strong> forma a obter máxima<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e eficiência.<br />

O pivô tem um comprimento (raio) <strong>de</strong><br />

1.148,32 metros e uma vazão <strong>de</strong> 493,17 m³/h<br />

<strong>de</strong> água. O tempo necessário para <strong>da</strong>r volta<br />

completa com uma lâmina <strong>de</strong> 60 mm é <strong>de</strong> 25<br />

dias. (<strong>Canal</strong>, com <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> assessoria <strong>de</strong> imprensa <strong>da</strong><br />

Jalles Machado).<br />

FORIND Nor<strong>de</strong>ste 2013<br />

A 5ª Feira <strong>de</strong> Fornecedores Industriais do Nor<strong>de</strong>ste – FORIND NE, que acontecerá no Centro <strong>de</strong><br />

Convenções <strong>de</strong> Pernambuco (Cecon), em Olin<strong>da</strong>, entre os dias 15 e 18 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2013 <strong>de</strong>verá movimentar<br />

mais <strong>de</strong> R$ 30 milhões em negócios para a região. A expectativa é que 280 empresas nacionais e<br />

internacionais – 45% a mais que em <strong>2012</strong> – exponham lançamentos e novas tecnologias <strong>de</strong> gestão<br />

industrial. Feira terá duas gran<strong>de</strong>s novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. A primeira é a inclusão <strong>de</strong> um quarto setor <strong>da</strong> economia no<br />

evento, o <strong>de</strong> movimentação industrial, envolvendo as áreas <strong>de</strong> armazenagem, movimentação, embalagem,<br />

condomínios logísticos e <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> TI para logística, o que tornará a feira mais completa. A segun<strong>da</strong> é<br />

que o evento passará a contar com o 1º Encontro dos Compradores <strong>de</strong> Suape, uma ro<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong> negócios<br />

que terá como objetivo criar um ambiente propício para os negócios, aproximando fornecedores e<br />

compradores. A Reed Exhibitions Alcântara Machado é a promotora do evento.<br />

<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 9


Leveduras<br />

Pequenos aliados <strong>da</strong> produção<br />

Microorganismos<br />

utilizados na fabricação<br />

<strong>de</strong> alimentos, bebi<strong>da</strong>s,<br />

medicamentos e<br />

combustíveis, as<br />

leveduras têm passado<br />

por modificações<br />

genéticas, sendo<br />

foco <strong>de</strong> importantes<br />

pesquisas<br />

com o objetivo <strong>de</strong><br />

melhorar o rendimento<br />

na produção <strong>de</strong> etanol<br />

10 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />

Fernando <strong>da</strong>ntas<br />

Diversos processos são <strong>de</strong>senvolvidos em<br />

uma usina para transformar a cana-<strong>de</strong>-<br />

açúcar em um dos seus principais <strong>de</strong>rivados,<br />

que é o etanol. As leveduras, fungos<br />

que recebem, normalmente, nomes em taxonomia<br />

– ou seja, em latim, com gênero e espécie como a<br />

Saccharomyces cerevisiae –, exercem papel <strong>de</strong><br />

protagonistas nessa equação química. São elas<br />

responsáveis por transformar açúcares que estão<br />

na cana-<strong>de</strong>-açúcar (sacarose) ou no milho (amido)<br />

em etanol, através <strong>de</strong> um processo bioquímico<br />

conhecido como fermentação alcoólica.<br />

Atualmente, existe uma série <strong>de</strong> linhagens <strong>de</strong><br />

Saccharomyces cerevisiae disponíveis no mercado<br />

e bem a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s ao processo fermentativo<br />

para utilização para a produção <strong>de</strong> etanol. Entre<br />

elas <strong>de</strong>stacam-se as linhagens Pedra2 (PE-2) e<br />

CAT-1, que juntas são responsáveis por mais <strong>de</strong><br />

50% <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> etanol no Brasil. Segundo o<br />

professor An<strong>de</strong>rson Ferreira <strong>da</strong> Cunha, do<br />

Laboratório <strong>de</strong> Bioquímica e Genética Aplica<strong>da</strong> do<br />

Departamento <strong>de</strong> Genética e Evolução <strong>de</strong> São<br />

Carlos (SP), nos últimos anos, durante o processo<br />

<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> etanol, se percebeu que existiam<br />

diferentes linhagens a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s a diferentes<br />

ambientes e que, com a utilização <strong>de</strong> leveduras<br />

seleciona<strong>da</strong>s, o processo fermentativo po<strong>de</strong>ria ser<br />

melhorado.<br />

Ele explica que uma série <strong>de</strong> pesquisas vem<br />

sendo realiza<strong>da</strong>s no sentido <strong>de</strong> fazer o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

acelerado <strong>de</strong> leveduras <strong>de</strong> aplicação<br />

industrial. Nestas pesquisas, orienta o professor,<br />

as leveduras são coloca<strong>da</strong>s sobre diferentes situações,<br />

como estresse por temperatura, concentração<br />

<strong>de</strong> açúcar e etanol etc, e seleciona<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

acordo com sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sobrevivência<br />

nestes ambientes. “Além disso, com o conhecimento<br />

do DNA <strong>da</strong>s linhagens, assim como <strong>da</strong>s<br />

proteínas por elas produzi<strong>da</strong>s, existe a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

em um futuro bem próximo, <strong>de</strong> se conseguir,<br />

através <strong>de</strong> manipulações genéticas, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> linhagens com características industriais<br />

importantes, a exemplo <strong>da</strong> fermentação em<br />

temperaturas mais eleva<strong>da</strong>s”, ressalta.<br />

An<strong>de</strong>rson reforça que a fermentação para a<br />

produção <strong>de</strong> etanol requer uma temperatura<br />

i<strong>de</strong>al que normalmente <strong>de</strong>ve oscilar entre 30 e<br />

35°C, no intuito <strong>de</strong> maximizar a produção. Para<br />

que esta temperatura seja manti<strong>da</strong> é necessária,<br />

principalmente em países <strong>de</strong> clima tropical,<br />

como é o caso do Brasil, a instalação <strong>de</strong> sistemas<br />

<strong>de</strong> resfriamento que têm um custo bastante elevado.<br />

“Por isso, seria econômica e tecnicamente<br />

interessante se a fermentação pu<strong>de</strong>sse ocorrer a<br />

altas temperaturas. Neste caso, as linhagens<br />

<strong>de</strong>veriam ser melhora<strong>da</strong>s a ponto <strong>de</strong> produzirem<br />

o máximo <strong>de</strong> etanol em temperaturas eleva<strong>da</strong>s”,<br />

acrescenta o professor.<br />

incentivos<br />

Com o apoio <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> fomento, como<br />

Capes, CNPq, Fapesp (Programa Bioen), entre outras,<br />

diversas pesquisas no Brasil têm recebido apoio. É o<br />

caso do projeto ‘Melhoramento <strong>da</strong> Fermentação<br />

Fermentec<br />

Alcóolica em Saccharomyces Cerevisiae por<br />

Engenharia Evolutiva’, que tem a proposta <strong>de</strong><br />

melhorar o rendimento <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> etanol por<br />

meio <strong>da</strong> manipulação genética <strong>da</strong>s leveduras utiliza<strong>da</strong>s<br />

no processo.<br />

Segundo um dos autores do projeto, o farmacêutico<br />

Thiago Basso, formado em Bioquímica pela<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e doutorando em<br />

Biotecnologia na USP, o setor sucroenergético vem<br />

sendo constantemente pressionado a aumentar o<br />

rendimento e a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do etanol para aten<strong>de</strong>r<br />

a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> crescente por combustíveis renováveis,<br />

por isso a importância do projeto. “No Brasil, o<br />

etanol é produzido a partir <strong>da</strong> fermentação <strong>da</strong><br />

sacarose, presente na cana-<strong>de</strong>- açúcar, utilizando-<br />

-se a levedura Saccharomyces cerevisiae. Assim, o<br />

projeto busca contribuir para que estas metas<br />

sejam atingi<strong>da</strong>s.<br />

Basso afirma que um aumento <strong>de</strong> apenas 3% no<br />

rendimento <strong>da</strong> fermentação representaria um<br />

aumento <strong>de</strong> 1 bilhão <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> etanol por ano.<br />

Apesar <strong>de</strong> o projeto não ter passado por teste em<br />

ambiente industrial durante o doutorado, as leveduras<br />

modifica<strong>da</strong>s foram testa<strong>da</strong>s em condições<br />

laboratoriais controla<strong>da</strong>s, o que possibilitou a produção<br />

<strong>de</strong> 11% a mais do álcool combustível. A<br />

pesquisa mostra o potencial econômico <strong>da</strong> engenharia<br />

genética e <strong>da</strong> evolução em laboratório<br />

quando associa<strong>da</strong>s à produção sucroenergética.<br />

“Hoje, a modificação genética em leveduras indus-<br />

Pesquisas na iniciativa priva<strong>da</strong><br />

Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1987, a LNF Latino Americana tem atuado no mercado <strong>de</strong> leveduras seleciona<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996. A empresa oferece as cepas <strong>de</strong> leveduras SA-1, CAT-1, BG-1, PE-2 e FT-858. A novi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

é a LNF FT-858, inseri<strong>da</strong> no mercado neste ano, alcançando excelentes resultados em performance<br />

e implantação. De acordo com o engenheiro <strong>de</strong> alimentos e gerente técnico <strong>da</strong> LNF, Luis<br />

Francisco Flores, as leveduras cultiva<strong>da</strong>s pela empresa no Brasil têm melhores condições <strong>de</strong> resistir<br />

ao estresse constante imposto a elas durante to<strong>da</strong> a safra, sendo menos suscetíveis aos choques<br />

<strong>de</strong> pH, para<strong>da</strong>s na fermentação e picos <strong>de</strong> temperatura, o que termina por gerar excelentes<br />

resultados em rendimento fermentativo. Para alcançar resultados sempre satisfatórios e positivos,<br />

Luis revela que faz parte <strong>da</strong> política <strong>da</strong> LNF investir todos os anos em pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

relacionados ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas cepas.<br />

triais já foi obti<strong>da</strong> recentemente através <strong>de</strong> um<br />

projeto <strong>de</strong> P&D com a Usina Cerradinho Açúcar e<br />

Álcool, com apoio <strong>da</strong> Financiadora <strong>de</strong> Estudos e<br />

Projetos (Finep), e estas leveduras industriais modifica<strong>da</strong>s<br />

já estão sendo testa<strong>da</strong>s no ambiente indústria”,<br />

enfatiza.<br />

O trabalho <strong>de</strong> doutoramento (Programa<br />

Interuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pós-Graduação em Biotecnologia<br />

<strong>da</strong> USP) foi uma parceria entre a Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

São Paulo (USP), a Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa<br />

Catarina (UFSC) e a Delft University of Technology<br />

(TU Delft, Holan<strong>da</strong>). A tese foi orienta<strong>da</strong> pelo Prof.<br />

Andreas Gombert e co-orienta<strong>da</strong> pelo Prof. Aldo<br />

Tonso, ambos <strong>da</strong> Escola Politécnica <strong>da</strong> USP. O trabalho<br />

faz parte <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> pesquisa maior,<br />

coor<strong>de</strong>nado pelo Prof. Boris Stambuk, <strong>da</strong> UFSC.<br />

<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 11


Sorgo<br />

O coadjuvante volta à cena<br />

Com a retoma<strong>da</strong> nos investimentos em sorgo sacarino, cultura volta a figurar<br />

no rol <strong>da</strong>s estratégias para a diversificação <strong>da</strong> matriz energética brasileira<br />

40 milhões<br />

<strong>de</strong> litros<br />

É o volume <strong>de</strong> etanol <strong>de</strong> sorgo sacarino<br />

produzido no Brasil durante a última safra<br />

12 • 12 CANAL, • CANAL, Jornal Jornal <strong>da</strong> Bioenergia <strong>da</strong> Bioenergia<br />

60 dias<br />

É o prazo máximo que a cultura <strong>de</strong> sorgo<br />

sacarino po<strong>de</strong> ocupar na entressafra <strong>de</strong><br />

cana-<strong>de</strong>-açúcar atualmente<br />

R$ 270 milhões<br />

É o total <strong>de</strong> recursos liberados pelo governo<br />

fe<strong>de</strong>ral, por linhas <strong>de</strong> créditos, para os<br />

produtores interessados no cultivo <strong>de</strong> sorgo<br />

sacarino<br />

3,5 mil litros<br />

É a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> por hectare indica<strong>da</strong> pela<br />

Embrapa para a safra <strong>2012</strong>/2013<br />

igor Augusto Pereira<br />

A<br />

utilização do sorgo sacarino<br />

como matéria-prima para a produção<br />

<strong>de</strong> etanol não é um assunto<br />

novo. As pesquisas para o<br />

incremento <strong>da</strong> cultura existem no Brasil<br />

há pelo menos 40 anos, embora tenham<br />

perdido o ritmo com a criação do<br />

Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool),<br />

com foco na cana-<strong>de</strong>-açúcar. Esse panorama,<br />

contudo, tem ganhado novos contornos.<br />

Com a crescente <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por<br />

biocombustíveis, o sorgo sacarino volta a<br />

<strong>de</strong>spontar como alternativa viável para o<br />

consumidor e lucrativa para o produtor.<br />

A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir em até 60<br />

dias o período <strong>de</strong> entressafra, amortizando<br />

os custos <strong>de</strong> para<strong>da</strong> e reservando a<br />

cana-<strong>de</strong>-açúcar, é aponta<strong>da</strong> por especia-<br />

listas como o principal atrativo do sorgo<br />

sacarino para o setor sucroenergético.<br />

Entretanto, polêmicas a respeito <strong>da</strong> real<br />

produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> planta ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>ixam<br />

muitos empresários com o pé atrás na<br />

hora <strong>de</strong> investir, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> relatos<br />

sobre volumes <strong>de</strong>cepcionantes em experiências<br />

anteriores.<br />

Segundo o pesquisador André May, <strong>da</strong><br />

Embrapa Milho e Sorgo, a falta <strong>de</strong> conhecimento<br />

sobre boas práticas <strong>de</strong> manejo<br />

ain<strong>da</strong> é um entrave para a consoli<strong>da</strong>ção<br />

<strong>de</strong>sta cultura. “Para quem tem a tradição<br />

<strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar, é difícil enten<strong>de</strong>r as<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> planta. O sorgo sacarino<br />

não ‘aguenta tanto <strong>de</strong>saforo’, é exigente.<br />

Para maiores produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, exige uma<br />

fertilização equilibra<strong>da</strong>”, explica.<br />

Em razão <strong>da</strong>s características i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong><br />

manejo do sorgo sacarino, o pesquisador<br />

Para o pesquisador<br />

André May, maiores<br />

empresas do setor têm<br />

mais facili<strong>da</strong><strong>de</strong> na<br />

produção <strong>de</strong> sorgo<br />

sacarino<br />

acredita que empresas com estruturas <strong>de</strong><br />

negócios mais consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s saiam na frente<br />

na hora <strong>de</strong> produzir. “É uma planta<br />

específica para empresas que tenham sistemas<br />

<strong>de</strong> gestão agrícola mais <strong>de</strong>senvolvidos,<br />

que invistam pesado em tecnologia e<br />

capacitação”, conta May.<br />

Hoje, aproxima<strong>da</strong>mente 15 empresas do<br />

setor sucroenergético exploram o negócio<br />

no Brasil, incluindo Raízen, ETH, Bunge e<br />

São Martinho. Anuncia<strong>da</strong> como uma <strong>da</strong>s<br />

primeiras do setor a investir no cultivo <strong>de</strong><br />

sorgo sacarino no Brasil, a Cerradinho<br />

informou, por meio <strong>de</strong> sua assessoria <strong>de</strong><br />

imprensa, que não tem planos para a cultura<br />

no momento. Na última safra, a<br />

empresa produziu 1,4 milhão litros <strong>de</strong> etanol<br />

<strong>da</strong> planta, cultiva<strong>da</strong> a partir <strong>de</strong> híbridos<br />

<strong>de</strong>senvolvidos pela Monsanto/<br />

CanaVialis.<br />

Durante a safra 2011/<strong>2012</strong>, a área planta<strong>da</strong><br />

no País chegou a 20 mil hectares, com total<br />

<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> 40 milhões <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> etanol.<br />

O valor está bem abaixo <strong>da</strong> previsão<br />

divulga<strong>da</strong> no início do ciclo pela consultoria<br />

internacional Datagro, que apontava um cultivo<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 60 mil hectares no País. Para<br />

2013/2014, a Embrapa Milho e Sorgo espera<br />

que esse índice se mantenha, uma vez que o<br />

volume <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar disponível para<br />

moagem é consi<strong>de</strong>rado alto. De acordo com<br />

o pesquisador, o impacto se justifica porque o<br />

mercado ten<strong>de</strong> a se interessar menos pela<br />

cultura complementar quando a principal, a<br />

cana-<strong>de</strong>-açúcar, tem gran<strong>de</strong> oferta.<br />

Para a fabricante <strong>de</strong> híbridos Ceres, no<br />

entanto, o clima é <strong>de</strong> mais otimismo.<br />

Especializa<strong>da</strong> em culturas energéticas, a<br />

empresa preten<strong>de</strong> dobrar o fornecimento<br />

<strong>de</strong> sementes no Brasil em relação à safra<br />

passa<strong>da</strong>. Para isso, irá lançar seis novos produtos,<br />

além <strong>de</strong> reforçar as ven<strong>da</strong>s dos híbridos<br />

comerciais Bla<strong>de</strong>, disponíveis <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

2011. Já o governo fe<strong>de</strong>ral tem uma meta<br />

ain<strong>da</strong> mais au<strong>da</strong>ciosa. O Ministério <strong>da</strong><br />

Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />

espera uma safra <strong>de</strong> até 120 mil hectares e,<br />

para isso, incluiu o sorgo sacarino no Pacote<br />

Agrícola, reservando R$ 270 milhões em<br />

linhas <strong>de</strong> crédito para a produção.<br />

Conciliando manutenção e produção agrícola<br />

Em virtu<strong>de</strong> dos expressivos custos em horas-<br />

para<strong>da</strong>s, uma <strong>da</strong>s maiores preocupações aponta<strong>da</strong>s<br />

por profissionais do setor sucroenergético é<br />

com a manutenção <strong>de</strong> equipamentos industriais,<br />

feita durante a entressafra. Entretanto, o aumento<br />

no interesse pelo cultivo <strong>de</strong> sorgo sacarino<br />

neste período <strong>de</strong>ixou uma dúvi<strong>da</strong>: como fazer as<br />

duas coisas ao mesmo tempo?<br />

A resposta, segundo o pesquisador André May,<br />

<strong>da</strong> Embrapa Milho e Sorgo, po<strong>de</strong> estar na remo<strong>de</strong>lagem<br />

<strong>da</strong>s usinas. Para o especialista, o agronegócio<br />

tem apontado uma tendência em reduzir ca<strong>da</strong><br />

vez mais a entressafra. “É possível até chegar a um<br />

momento em que não exista mais esse período,<br />

mas isso vai exigir certos investimentos. Para a<br />

cultura <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar, por exemplo, uma<br />

alternativa seria separar as moen<strong>da</strong>s em conjuntos.<br />

Assim, enquanto parte operaria, o restante<br />

estaria em manutenção”, esclarece.<br />

Antônio Kaupert, <strong>da</strong> Ceres: novo<br />

cronograma para manutenção po<strong>de</strong><br />

aju<strong>da</strong>r a conciliar produção <strong>de</strong> sorgo<br />

sacarino e cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />

Enquanto esse novo layout <strong>da</strong>s usinas não<br />

chega ao mercado, a opção é fazer alterações<br />

no cronograma tradicional <strong>de</strong> manutenção.<br />

Segundo o gerente <strong>de</strong> Marketing <strong>da</strong> Ceres,<br />

Antônio Kaupert, uma possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> é concentrar<br />

o trabalho no fim <strong>da</strong> safra <strong>de</strong> sorgo sacarino.<br />

“A entressafra vai <strong>de</strong> novembro a abril e<br />

estamos ocupando até dois meses <strong>de</strong>sse período.<br />

Para conciliar as duas culturas, é preciso<br />

fazer a manutenção nos <strong>de</strong>mais meses”, avalia<br />

Kaupert.<br />

O investimento, na visão do gerente, vale a<br />

pena. Embora o sorgo sacarino apresente níveis <strong>de</strong><br />

produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> inferiores ao <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar e<br />

ain<strong>da</strong> não mostre vocação para li<strong>de</strong>rar a produção<br />

<strong>de</strong> etanol, a planta po<strong>de</strong> trazer um acréscimo <strong>de</strong><br />

recursos e <strong>de</strong> conhecimentos técnicos estratégicos<br />

para o setor. “Tudo isso aproveitando os ativos<br />

já existentes”, acrescenta.<br />

<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 13


tecnologia <strong>da</strong> Informação<br />

A<strong>de</strong>us aos<br />

ca<strong>de</strong>rninhos<br />

Monitoramento hi-tech<br />

<strong>de</strong> gestão do campo<br />

reforça profissionalismo<br />

do setor. Para<br />

especialistas, novos<br />

sistemas <strong>de</strong> informação<br />

<strong>de</strong>cretam extinção dos<br />

tradicionais controles<br />

manuais<br />

Luciano Lacer<strong>da</strong>, diretor executivo<br />

<strong>da</strong> TOTVS em Goiás<br />

14 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />

igor Augusto Pereira<br />

Disso ninguém duvi<strong>da</strong>: em um<br />

mercado ca<strong>da</strong> vez mais competitivo,<br />

não é possível levar adiante<br />

um projeto <strong>de</strong> agronegócio, que<br />

envolve um gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> colaboradores,<br />

recursos e informações, sem pensar<br />

na informática. Respon<strong>de</strong>ndo por mais <strong>da</strong><br />

meta<strong>de</strong> do custo final <strong>de</strong> produtos, as<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s na área agrícola ganharam, nos<br />

últimos anos, investimentos em Tecnologia<br />

<strong>da</strong> Informação (TI) que impactaram positivamente<br />

o setor.<br />

Embora os especialistas não arrisquem<br />

palpites sobre o ganho <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

trazido pelo emprego <strong>de</strong>ssas soluções nos<br />

últimos anos, o fato é que uma série <strong>de</strong><br />

aspectos estratégicos para quem produz já<br />

está à disposição na ponta do lápis – ou<br />

melhor, nas telas do <strong>da</strong>tacenter.<br />

“Foi-se o tempo em que era possível<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r apenas <strong>da</strong> experiência <strong>de</strong> campo<br />

dos envolvidos ou até do acompanhamento<br />

direto <strong>da</strong>s áreas e operações. Hoje,<br />

é necessário que os <strong>da</strong>dos colhidos nestas<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sejam analisados, gerando subsídios<br />

para as <strong>de</strong>cisões”, garante o diretor<br />

comercial <strong>da</strong> CHB, Mário Arias Martinez.<br />

Apesar <strong>da</strong>s primeiras experiências <strong>de</strong>ssa<br />

natureza existirem há mais <strong>de</strong> 20 anos, o<br />

mercado <strong>de</strong> TI tem investido na criação <strong>de</strong><br />

plataformas integra<strong>da</strong>s. Assim, <strong>da</strong>dos<br />

sobre indicadores financeiros, movimentação<br />

agrícola, aspectos contábeis e volumes<br />

<strong>de</strong> estoque, para citar alguns exemplos,<br />

saíram <strong>de</strong> sistemas próprios e se<br />

incorporaram em softwares que colaboram<br />

para uma visão mais gerencial <strong>da</strong><br />

produção.<br />

A gestão <strong>da</strong> matéria-prima e o controle<br />

<strong>da</strong> frota são consi<strong>de</strong>rados os aspectos em<br />

que há melhor aproveitamento <strong>da</strong>s soluções<br />

<strong>de</strong> TI no setor sucroenergético. Para<br />

o diretor executivo <strong>da</strong> TOTVS em Goiás,<br />

Luciano Lacer<strong>da</strong>, embora tanto a <strong>de</strong>man<strong>da</strong><br />

quanto a oferta <strong>de</strong> novos sistemas estejam<br />

vivendo um período aquecido, é preciso<br />

ter cautela ao investir.<br />

“Muitas empresas trabalham com até<br />

cinco fornecedores <strong>de</strong> software ao mesmo<br />

tempo. Isso dificulta o processo <strong>de</strong> integração<br />

dos sistemas e, consequentemente,<br />

acarreta uma falta <strong>de</strong> informações consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

<strong>da</strong> operação”, garante.<br />

Com produtos implantados em mais <strong>da</strong><br />

meta<strong>de</strong> <strong>da</strong>s usinas <strong>de</strong> açúcar e etanol do<br />

Brasil, segundo estatísticas internas, a<br />

TOTVS apostou suas fichas no setor sucroenergético.<br />

“No agronegócio, foi o primeiro<br />

subsegmento a ser informatizado”,<br />

revela o gestor <strong>de</strong> Estratégia <strong>de</strong> Oferta <strong>de</strong><br />

Sofware <strong>da</strong> empresa, Sidney Regi Junior.<br />

O executivo <strong>de</strong>staca o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> recursos para reduzir as per<strong>da</strong>s no processo<br />

industrial e os custos <strong>de</strong> alocação <strong>de</strong><br />

máquinas e insumos, aumentar produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do manejo varietal direcionado e a<br />

visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos resultados <strong>da</strong> empresa,<br />

além <strong>de</strong> expandir a rastreabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do processo<br />

produtivo.<br />

Para resolver aten<strong>de</strong>r a essas <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s,<br />

na<strong>da</strong> <strong>de</strong> planilhas eletrônicas ou controles<br />

manuais. “Atualmente, os sistemas <strong>de</strong> gestão<br />

são multiplataformas. Po<strong>de</strong>m estar<br />

hospe<strong>da</strong>dos fisicamente na própria<br />

agroindústria ou em um <strong>da</strong>tacenter terceirizado.<br />

On<strong>de</strong> está o sistema? Hoje em<br />

dia, isso é ca<strong>da</strong> vez menos relevante”,<br />

endossa.<br />

Divulgação Jalles Machado<br />

C<br />

M<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K<br />

o que a Ti po<strong>de</strong><br />

FazeR poR sua<br />

pRodução?<br />

n Manter os indicadores sanitários em<br />

conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com as exigências<br />

regulatórias;<br />

n Revelar, durante a produção, as<br />

margens <strong>de</strong> lucro espera<strong>da</strong>s <strong>de</strong> acordo<br />

com os custos <strong>de</strong> produção praticados;<br />

n Trazer informações para subsidiar o<br />

planejamento do plantio, <strong>da</strong> colheita e<br />

<strong>da</strong> reforma dos canaviais;<br />

n Oferecer informações sobre quando<br />

e como abastecer os veículos utilizados<br />

no transporte <strong>de</strong> matéria-prima e<br />

insumos;<br />

n Programar fases <strong>da</strong> manutenção<br />

básica, corretiva e preditiva, mostrando<br />

a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos veículos.<br />

AD Jornal CANAL BIOENERGIA - 26 cm x 19,5 cm.pdf 1 14/08/12 10:58<br />

Não jogue<br />

dinheiro<br />

pelo ralo.<br />

Na Saneago, óleo <strong>de</strong> cozinha usado<br />

vira crédito na sua fatura.<br />

Mais domínio<br />

Quando <strong>de</strong>scartado in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente, o óleo residual <strong>de</strong> fritura<br />

polúi rios, corregos, lagos e até mesmo o solo. Por isso,<br />

a Saneago lançou o Programa Olho no Óleo, que vai<br />

bonificar o cliente com crédito na fatura.<br />

Para participar, leve o seu óleo <strong>de</strong> cozinha usado, em garrafas<br />

tipo PET com tampa rosqueável, até um dos pontos<br />

<strong>de</strong> coleta.<br />

Essa é uma excelente oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para você também<br />

colaborar com o meio ambiente.<br />

Para informações sobre os pontos <strong>de</strong> coleta, ligue SANEAGO 115<br />

ou acesse www.saneago.com.br/relacionamento<br />

Em se tratando <strong>de</strong> TI, <strong>de</strong>senvolver produtos e<br />

serviços que aten<strong>da</strong>m às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do mercado<br />

requer, muitas vezes, aprimorar recursos já existentes<br />

e torná-los viáveis comercialmente. É o<br />

caso <strong>da</strong> Procenge, empresa sedia<strong>da</strong> em Recife (PE),<br />

que <strong>de</strong>senvolveu um sistema <strong>de</strong> geotecnologia<br />

capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar problemas nos talhões <strong>da</strong><br />

cana-<strong>de</strong>-açúcar a partir <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> satélite.<br />

“Utilizamos sensores que i<strong>de</strong>ntificam a aproximação<br />

dos implementos agrícolas e rastreiam o <strong>de</strong>slocamento<br />

<strong>da</strong>s composições responsáveis pela colheita<br />

e pelo transporte <strong>da</strong> cana”, completa Luiz<br />

Malheiros, assessor técnico <strong>da</strong> empresa. As imagens<br />

são forneci<strong>da</strong>s uma vez por mês e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fim <strong>de</strong><br />

outubro, receberam incrementos em sua resolução.<br />

“Uma usina po<strong>de</strong> acompanhar o <strong>de</strong>sempenho<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> área cultiva<strong>da</strong> e antecipar possíveis<br />

problemas, prever safras e ajustar seu plano<br />

<strong>de</strong> colheita, <strong>de</strong>cidir pela reforma <strong>de</strong> um talhão,<br />

<strong>de</strong>ntre outros”, explica.<br />

De acordo com especialistas, os investimentos<br />

em TI são apontados como vitais para melhorar o<br />

<strong>de</strong>sempenho do setor frente à crescente <strong>de</strong>man<strong>da</strong><br />

mundial por alimentos e biocombustíveis. Nesse<br />

contexto, ter mais domínio sobre o processo produtivo<br />

para tomar <strong>de</strong>cisões em tempo real é palavra<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m para quem quer se manter no mercado<br />

<strong>de</strong> maneira orgânica e sustentável.<br />

Mário Arias Martinez, diretor comercial <strong>da</strong> CHB<br />

treinamento necessário<br />

A operação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> controle geral em<br />

uma usina envolve diversos profissionais. Por isso<br />

mesmo, além <strong>da</strong> implantação dos softwares pelas<br />

equipes <strong>da</strong>s empresas fornecedoras, o processo<br />

inclui uma série <strong>de</strong> treinamentos para o pessoal<br />

interno. Quem for <strong>de</strong>signado para operar o<br />

AgroGIS, software <strong>de</strong> geotecnologia <strong>da</strong> Procenge,<br />

passa por pelo menos uma semana <strong>de</strong> treinamento.<br />

Depen<strong>de</strong>ndo do porte <strong>da</strong> solução adquiri<strong>da</strong>,<br />

receber to<strong>da</strong>s as instruções sobre o software po<strong>de</strong><br />

levar ain<strong>da</strong> mais tempo. “Para o nosso produto<br />

completo, que conta com 20 módulos, estimamos<br />

um total <strong>de</strong> 1,6 mil horas <strong>de</strong> treinamentos”, revela<br />

Mário Arias Martinez, diretor comercial <strong>da</strong> CHB.<br />

PROGRAMA DE COLETA<br />

DE ÓLEO DA SANEAGO<br />

Bônus para você e para o meio ambiente<br />

<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 15


Logística<br />

16 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />

Petrobras recua<br />

no etanolduto<br />

A Petrobras, uma<br />

<strong>da</strong>s investidoras<br />

na construção<br />

do duto que<br />

vai ligar Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, São<br />

Paulo, Minas<br />

Gerais e Goiás,<br />

anunciou que<br />

não vai investir<br />

na obra em<br />

2013. Valor total<br />

do projeto é<br />

estimado em<br />

R$ 7 bi<br />

rogério Guimarães,<br />

<strong>de</strong> São Paulo<br />

A<br />

notícia dá continui<strong>da</strong><strong>de</strong> à sequência <strong>de</strong><br />

anúncios negativos <strong>da</strong> Petrobras no<br />

segundo semestre <strong>de</strong>ste ano. Em outubro<br />

a empresa anunciou que<strong>da</strong> na<br />

produção diária para uma média <strong>de</strong> 1,843<br />

milhão <strong>de</strong> barris <strong>de</strong> petróleo em setembro, o<br />

menor índice nos últimos quatro anos. Ain<strong>da</strong><br />

em outubro a estatal admitiu uma retração <strong>de</strong><br />

12% no lucro líquido do terceiro trimestre em<br />

relação ao mesmo período <strong>de</strong> 2011. Em agosto o<br />

baque veio com a confirmação <strong>de</strong> um prejuízo<br />

histórico <strong>de</strong> R$ 1,346 bilhão no segundo trimestre<br />

<strong>de</strong> <strong>2012</strong>, enquanto no mesmo período <strong>de</strong><br />

2011 o cenário foi bem diferente: lucro líquido<br />

<strong>de</strong> R$ 10,943 bilhões.<br />

Para o diretor do Centro Brasileiro <strong>de</strong><br />

Infraestrutura, Adriano Pires, a Petrobras se<br />

viu obriga<strong>da</strong> a reavaliar o etanolduto. “A<br />

Petrobras está repensando a obra. O etanolduto<br />

foi pensado num momento <strong>de</strong> crescimento<br />

vertiginoso do etanol, muito diferente do<br />

cenário <strong>de</strong> hoje que é <strong>de</strong> crise. A produção<br />

vem caindo ao longo dos anos, o setor sucroenergético<br />

não é amparado por política pública,<br />

ain<strong>da</strong> mais após o pré-sal. A situação é tão<br />

<strong>de</strong>sfavorável que o próprio governo se viu<br />

obrigado a reduzir a mistura <strong>de</strong> álcool anidro<br />

na gasolina <strong>de</strong> 25 para 20% no ano passado”,<br />

explicou o diretor do CBIE. Ain<strong>da</strong> segundo<br />

Pires, a Petrobras passa por uma fase <strong>de</strong> rearrumação<br />

<strong>da</strong> Casa, palavras <strong>da</strong> própria presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>da</strong> estatal, Graça Foster.<br />

Diante do quadro <strong>da</strong> empresa, Pires acredita<br />

que investimentos no etanol só no final <strong>de</strong> 2014<br />

ou em 2015. “A empresa enfrenta problema <strong>de</strong><br />

caixa e, por isso, o etanolduto <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser<br />

priori<strong>da</strong><strong>de</strong>, e talvez para os outros sócios a análise<br />

possa ser a mesma. Teremos <strong>de</strong> esperar<br />

quase dois anos pra saber se a Petrobras já terá<br />

condições <strong>de</strong> fazer o aporte. A priori<strong>da</strong><strong>de</strong> agora<br />

<strong>da</strong> empresa petrolífera é levantar a curva <strong>de</strong><br />

produção. Apesar <strong>de</strong>sse cenário, o projeto não<br />

foi abortado,” analisou Pires.<br />

O comunicado foi divulgado no final <strong>de</strong><br />

outubro. Na época a Petrobras informou aos<br />

seus sócios junto à Logum Logística S/A, a<br />

empresa responsável pela construção e operação<br />

do Sistema Logístico <strong>de</strong> Etanol, que não vai<br />

fazer em 2013 o aporte financeiro para as obras<br />

do duto. Mas a Petrobras anunciou também,<br />

durante a divulgação dos resultados financeiros<br />

do 3º trimestre, que manterá a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> com a<br />

Logum. A Companhia vai avaliar até março <strong>de</strong><br />

2013, a partir do que prevê o Plano <strong>de</strong> Negócios<br />

<strong>2012</strong>-2016, o valor do novo aporte, mas o percentual<br />

<strong>de</strong> participação <strong>de</strong>verá ser mantido no<br />

mesmo patamar <strong>de</strong> 20%. Em nota, a Petrobras<br />

disse que “consi<strong>de</strong>ra o etanolduto um empreendimento<br />

<strong>de</strong> infraestrutura importante para o<br />

País, que contribuirá para a melhoria <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do sistema”.<br />

Os outros sócios <strong>da</strong> Logum são as gigantes<br />

produtoras e comercializadoras <strong>de</strong> etanol<br />

Raízen, Copersucar e O<strong>de</strong>brecht/ETH, e ain<strong>da</strong>,<br />

Uniduto e Camargo Corrêa. Apesar do recuo <strong>da</strong><br />

Petrobras, esses investidores <strong>de</strong>vem honrar os<br />

aportes no ano que vem. Em <strong>2012</strong> os investi-<br />

mentos no duto vão somar R$ 1 bilhão, sendo R$<br />

700 milhões obtidos por meio <strong>de</strong> um empréstimo<br />

do Banco Nacional do Desenvolvimento<br />

Econômico e Social (BNDES) e R$ 300 milhões<br />

pelos sócios.<br />

A direção <strong>da</strong> Logum, por meio <strong>da</strong> assessoria <strong>de</strong><br />

imprensa, diz que não vai falar mais sobre o assunto<br />

por enquanto. À época do anúncio <strong>da</strong> Petrobras,<br />

o presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> empresa, Alberto Guimarães, falou<br />

que a situação está sendo discuti<strong>da</strong> e que <strong>de</strong>ve ser<br />

resolvi<strong>da</strong> até meados do ano que vem, quando<br />

haverá a primeira chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> capital para 2013.<br />

Ain<strong>da</strong> segundo o presi<strong>de</strong>nte, o cronograma <strong>de</strong><br />

obras <strong>de</strong>ve ser mantido com a primeira inauguração<br />

<strong>de</strong> trecho em março do ano que vem. As obras<br />

no percurso <strong>de</strong> 212 quilômetros entre Ribeirão<br />

Preto (SP) e Paulínia (SP) já estão com 97% do<br />

previsto concluí<strong>da</strong>s. Já o segundo trecho entre<br />

Ribeirão Preto (SP) e Uberaba (MG), prevista para<br />

ter início no terceiro trimestre <strong>de</strong>ste ano, ain<strong>da</strong> não<br />

começou. As obras, segundo a Logum, <strong>de</strong>vem<br />

começar assim que houver a primeira inauguração.<br />

Esse atraso preocupa os produtores que estão na<br />

ponta do etanolduto, em Goiás, on<strong>de</strong> usineiros<br />

investem na construção e ampliação <strong>de</strong> indústrias<br />

pensando no escoamento <strong>da</strong> produção pelo novo<br />

mo<strong>da</strong>l <strong>de</strong> 1,3 mil quilômetros <strong>de</strong> extensão, mais<br />

seguro e com maior rapi<strong>de</strong>z no escoamento. Além<br />

disso, dizem especialistas, o duto vai aju<strong>da</strong>r a diminuir<br />

o volume <strong>de</strong> caminhões trafegando nas estra<strong>da</strong>s,<br />

reduzindo assim os gastos com manutenção e<br />

conservação <strong>de</strong> rodovias.<br />

Após a conclusão em Uberaba, o projeto original<br />

prevê o prolongamento até Itumbiara (GO), no<br />

Sul do Estado, e, na sequência, um ramal até Jataí,<br />

no Sudoeste goiano. “O anúncio <strong>da</strong> Petrobras traz<br />

ms<br />

presi<strong>de</strong>nte<br />

epitácio<br />

jataí<br />

Apareci<strong>da</strong><br />

taboado<br />

pr<br />

go<br />

quirinópolis<br />

Araçatuba<br />

sp<br />

senador<br />

Canedo<br />

itumbiara<br />

Anhembi<br />

Barueri<br />

uberaba<br />

uma atenção especial a esse assunto, mas <strong>de</strong>vemos<br />

buscar ter mais informações a respeito, pois<br />

a Petrobras po<strong>de</strong> fazer os aportes imobilizando<br />

dutos que já pertencem a ela, os outros sócios<br />

po<strong>de</strong>m fazer os aportes e diluírem a participação<br />

<strong>da</strong> Petrobras ou po<strong>de</strong>ria haver a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> outro<br />

sócio no projeto. Caso os sócios <strong>de</strong>ci<strong>da</strong>m pelo<br />

adiamento do cronograma, isso po<strong>de</strong>rá provocar<br />

um gran<strong>de</strong> entrave à nossa competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong>”, avaliou<br />

o Presi<strong>de</strong>nte-executivo dos sindicatos <strong>da</strong><br />

Indústria <strong>de</strong> Fabricação <strong>de</strong> Etanol e Açúcar do<br />

Estado <strong>de</strong> Goiás (Sifaeg/Sifaçúcar), André Luiz<br />

Baptista Lins Rocha<br />

A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> adiamento <strong>da</strong> construção<br />

até Goiás coinci<strong>de</strong> com a fase <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> retração<br />

do consumo <strong>de</strong> etanol no País <strong>de</strong>vido à per<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto em relação à gasolina,<br />

afirma André Rocha. “Houve aumento <strong>de</strong><br />

custos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> etanol e diminuição <strong>da</strong><br />

ribeirão preto<br />

guararema<br />

guarulhos<br />

paulínia<br />

mg<br />

são josé<br />

dos Campos<br />

são sebastião<br />

rj<br />

rio <strong>de</strong> janeiro<br />

porto <strong>de</strong> ilha d’água<br />

tributação <strong>da</strong> gasolina (fim <strong>da</strong> Ci<strong>de</strong>), que hoje é<br />

praticamente a mesma do etanol, ao contrário do<br />

resto do mundo, que valoriza tributariamente os<br />

combustíveis limpos e renováveis. Em alguns<br />

casos, chegando a subsidiar os produtores e/ou os<br />

consumidores”. Ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> acordo com o Presi<strong>de</strong>nte/<br />

Executivo do Sifaeg/Sifaçúcar, atualmente apenas<br />

nos Estados <strong>de</strong> Goiás, São Paulo e Mato Grosso há<br />

pari<strong>da</strong><strong>de</strong> do preço do etanol frente à gasolina<br />

(que acontece quando o preço do etanol é inferior<br />

a 70 % do valor <strong>da</strong> gasolina). “Os consumidores<br />

não estão valorizando os ganhos ambientais do<br />

etanol (que emite 90% a menos <strong>de</strong> CO2 do que a<br />

gasolina), a maior geração <strong>de</strong> empregos (8 vezes<br />

mais do que a gasolina), entre outras vantagens.<br />

Apesar do aumento <strong>da</strong> frota flex, a participação<br />

do etanol como combustível dos veículos leves<br />

hoje é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 35%, tendo alcançado mais <strong>de</strong><br />

50% em 2010, finalizou Rocha.<br />

<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 17


Bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

À espera <strong>da</strong><br />

luz no fim do túnel<br />

Estudos realizados<br />

no Brasil mapeiam<br />

os motivos que<br />

impe<strong>de</strong>m o<br />

crescimento em<br />

investimentos<br />

na cogeração <strong>de</strong><br />

energia a partir <strong>da</strong><br />

biomassa<br />

18 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />

Fernando <strong>da</strong>ntas<br />

A<br />

energia gera<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> cana<strong>de</strong>-açúcar<br />

representa 3,5% <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong> total do País. O aproveitamento<br />

<strong>da</strong> biomassa ain<strong>da</strong> é<br />

pequeno se for leva<strong>da</strong> em consi<strong>de</strong>ração a<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> usinas espalha<strong>da</strong>s pelo Brasil,<br />

que já somam 441 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s em operação.<br />

Entretanto, não é por falta <strong>de</strong> interesse <strong>da</strong>s<br />

indústrias que esse número não é maior,<br />

existem motivos que explicam os entraves<br />

para a expansão <strong>da</strong> bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>. As respostas<br />

foram mapea<strong>da</strong>s em dois estudos<br />

realizados nos últimos anos por especialistas<br />

brasileiros e que revelam as causas possíveis<br />

para o pouco aproveitamento do<br />

potencial <strong>de</strong> utilização <strong>da</strong> biomassa.<br />

O estudo sobre regulação <strong>de</strong> energia elétrica<br />

com biomassa <strong>da</strong> cana, feito pelo pósdoutorando<br />

<strong>da</strong> Unicamp e professor <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília (UnB), Luiz Vicente<br />

Gentil, i<strong>de</strong>ntificou que a conexão entre a<br />

usina <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar e o ponto <strong>de</strong> acesso<br />

à re<strong>de</strong> distribuidora ou <strong>da</strong> transmissora é<br />

um dos principais obstáculos para ampliar a<br />

bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Dados <strong>da</strong> pesquisa mostram<br />

que a obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> as empresas do<br />

setor sucroenergético terem <strong>de</strong> arcar sozinhas<br />

com os custos <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> linhas<br />

<strong>de</strong> transmissão po<strong>de</strong> representar até 30%<br />

do total <strong>de</strong> investimento em um projeto <strong>de</strong><br />

bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Com incentivos para custeio <strong>da</strong> construção<br />

<strong>da</strong>s linhas <strong>de</strong> transmissão, que ligam a usina a<br />

um ponto <strong>de</strong> acesso à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição<br />

elétrica, o Brasil po<strong>de</strong>ria, nos próximos anos,<br />

saltar na geração <strong>de</strong> energia a partir <strong>da</strong> biomassa,<br />

aten<strong>de</strong>ndo mais <strong>de</strong> 8% <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><br />

nacional, resultando ain<strong>da</strong> em US$ 1,75 bilhão<br />

em receita para as usinas. Atualmente, 90% <strong>da</strong><br />

carga elétrica do País têm origem nas usinas<br />

hidroelétricas e o restante vem <strong>de</strong> outras fontes,<br />

inclusive a eólica. O investimento, seja por<br />

meio <strong>da</strong> <strong>de</strong>soneração ou oferta <strong>de</strong> incentivos<br />

para a geração <strong>de</strong> energia a partir <strong>da</strong> biomassa,<br />

eólica, solar e outras po<strong>de</strong>ria contribuir<br />

para reduzir a carga <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

hidroelétricas e evitar, assim, os frequentes<br />

apagões que têm ocorrido no Brasil nos último<br />

anos.<br />

De acordo com o gerente <strong>de</strong> Bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> União <strong>da</strong> Indústria <strong>de</strong> Cana-<strong>de</strong>-Açúcar<br />

(Unica), Zilmar José <strong>de</strong> Souza, o atual mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> regulação implica em custos, onerando a<br />

usina. “Há a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma política<br />

setorial <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> à bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>, em especial<br />

ao aspecto <strong>da</strong> conexão. Se essa infraestrutura<br />

fosse oferta<strong>da</strong>, <strong>de</strong>soneraria em 30% o<br />

investimento e tornaria a energia oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

biomassa mais competitiva nos leilões”,<br />

acrescenta.<br />

mapeamento<br />

A pesquisa ‘Determinantes do baixo aproveitamento<br />

do potencial elétrico do setor<br />

sucroenergético: uma pesquisa <strong>de</strong> campo’,<br />

realiza<strong>da</strong> pelo Banco Nacional do<br />

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),<br />

em parceria com o Grupo <strong>de</strong> Estudos do Setor<br />

Elétrico <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

(UFRJ), verificou que as principais causas para<br />

inibir o investimento na cogeração <strong>de</strong> energia<br />

elétrica se <strong>de</strong>vem: à dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conexão <strong>da</strong>s<br />

centrais térmicas à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição, a fragili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

econômica e financeira, e a inexperiência<br />

em operar no setor elétrico <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s<br />

usinas. O estudo foi feito na safra 2009/2010, em<br />

207 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s sucroenergéticas no País (<strong>de</strong> um<br />

total <strong>de</strong> 438 na época), com a proposta <strong>de</strong><br />

conhecer a ótica <strong>da</strong>s usinas e estimular o melhor<br />

aproveitamento do potencial elétrico do setor<br />

sucroenergético.<br />

De acordo com a pesquisa, a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conexão <strong>da</strong>s centrais térmicas está relaciona<strong>da</strong><br />

com o fato <strong>de</strong> a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição ter sido<br />

projeta<strong>da</strong> apenas para atendimento <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> consumidores e não <strong>de</strong> coleta <strong>da</strong> geração <strong>de</strong><br />

energia. Essa situação torna necessários, para a<br />

conexão <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s cogeradoras, investimentos<br />

para o dimensionamento econômico, e <strong>de</strong> menor<br />

custo global para o sistema. O levantamento<br />

i<strong>de</strong>ntificou também que parte <strong>da</strong>s usinas que<br />

ain<strong>da</strong> não investe em cogeração não o faz <strong>de</strong>vido<br />

ao custo dos investimentos em mo<strong>de</strong>rnização<br />

<strong>da</strong> planta e às condições <strong>de</strong> financiamento ao<br />

investimento.<br />

No caso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar uma planta já existente,<br />

é necessário substituir equipamentos do<br />

processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> energia que ain<strong>da</strong> pos-<br />

Luiz Vicente Gentil,<br />

professor <strong>da</strong> UNB,<br />

<strong>de</strong>senvolveu estudo<br />

sobre regulação <strong>de</strong><br />

energia elétrica com<br />

biomassa <strong>da</strong> cana<br />

suem vi<strong>da</strong> útil, como cal<strong>de</strong>iras, turbinas e geradores,<br />

o que representa custo para as usinas.<br />

Agora, existe uma diferença nos projetos greenfields<br />

e <strong>de</strong> expansão <strong>da</strong> moagem <strong>de</strong> cana, pois os<br />

equipamentos já integram um plano <strong>de</strong> investimento<br />

e estão previstos na receita <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

industriais.<br />

Outro ponto verificado no estudo, e que não é<br />

comum <strong>de</strong> ser tratado como entrave, foi a carga<br />

tributária. O problema tributário ocorre principalmente<br />

nos investimentos em bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

que optam por separar a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> usina <strong>de</strong><br />

açúcar e etanol, criando uma empresa <strong>de</strong> geração<br />

<strong>de</strong> energia elétrica.<br />

<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 19


Cogeração<br />

Difícil, mas possível<br />

ETH Bioenergia<br />

comprova que, apesar<br />

<strong>de</strong> entraves, cogeração<br />

<strong>de</strong> energia a partir<br />

<strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />

é uma alternativa<br />

sustentável e viável<br />

economicamente<br />

20 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />

Guilherme Barbosa<br />

Em meio à discussão sobre economia<br />

ver<strong>de</strong>, um dos temas que vem<br />

ganhando <strong>de</strong>staque é a geração <strong>de</strong><br />

energia por fontes limpas e renováveis.<br />

Segundo <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Empresa <strong>de</strong><br />

Pesquisa Energética (EPE), ao longo <strong>da</strong><br />

próxima déca<strong>da</strong>, o conjunto <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong><br />

energia renováveis no País crescerá a uma<br />

taxa média <strong>de</strong> 5,1% ao ano. Estudos indicam<br />

que, até 2021, estas fontes passarão<br />

a ser responsáveis por 45% do total <strong>da</strong><br />

matriz energética brasileira. Atualmente,<br />

43,1% <strong>da</strong> matriz energética brasileira é<br />

composta por renováveis, energia produzi<strong>da</strong><br />

principalmente por usinas hidrelétricas<br />

e biocombustíveis. De acordo com<br />

informações <strong>da</strong> União <strong>da</strong> Indústria <strong>de</strong><br />

Cana-<strong>de</strong>-açúcar (Unica), <strong>de</strong>ste total,<br />

17,8% são provenientes <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar,<br />

a primeira fonte <strong>de</strong> energia sustentável<br />

do País.<br />

O Brasil possui cerca <strong>de</strong> 450 usinas<br />

sucroenergéticas, sendo que a maior parte<br />

<strong>de</strong>las está localiza<strong>da</strong> na região Centro-<br />

Sul, maior consumidora <strong>de</strong> energia. Tratase<br />

<strong>de</strong> uma enorme reserva <strong>de</strong> bagaço <strong>de</strong><br />

cana-<strong>de</strong>-açúcar, fonte <strong>de</strong> energia limpa e<br />

renovável, disponível perto dos centros <strong>de</strong><br />

consumo elétrico. Com uma tonela<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

bagaço, que significa 25% a 30% do peso<br />

<strong>da</strong> cana processa<strong>da</strong> com 50% <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

po<strong>de</strong>-se gerar 300 KWh, quase o dobro do<br />

consumo médio <strong>de</strong> uma residência, que é<br />

<strong>de</strong> 154 KWh. Além disso, a energia <strong>de</strong><br />

biomassa é ain<strong>da</strong> altamente complementar<br />

às hidrelétricas, pois se encontra disponível<br />

nos meses <strong>de</strong> safra, exatamente o<br />

período <strong>de</strong> menor pluviosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, em que<br />

rios e reservatórios estão baixos. Mesmo<br />

assim, só 22% <strong>de</strong>stas usinas exportam<br />

energia para o sistema elétrico, contribuindo<br />

com 2% do consumo anual.<br />

É importante ressaltar que, do total <strong>da</strong><br />

energia conti<strong>da</strong> na planta <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-<br />

açúcar, o álcool respon<strong>de</strong> por cerca <strong>de</strong> um<br />

terço, estando o restante distribuído entre<br />

o bagaço, os ponteiros e a palha<strong>da</strong>. Logo,<br />

a cogeração movimenta uma ca<strong>de</strong>ia energética<br />

com potencial <strong>de</strong> dobrar a energia<br />

obti<strong>da</strong> pela produção do álcool.<br />

Dados <strong>da</strong> Secretaria <strong>de</strong> Energia Elétrica<br />

do Ministério <strong>de</strong> Minas e Energia mostram<br />

que a biomassa está em terceiro<br />

lugar na geração <strong>de</strong> energia, atrás <strong>da</strong><br />

hidroeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> e gás, o que <strong>de</strong>monstra<br />

a importância do setor sucroenergético<br />

para o País. Ambientalmente sustentável,<br />

o sistema <strong>de</strong> cogeração produz baixo<br />

nível <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> poluentes, possibilita<br />

a mitigação <strong>de</strong> impactos ambientais,<br />

substitui a produção <strong>da</strong>s térmicas a óleo<br />

combustível ou gás natural, ambas mais<br />

caras e poluentes, complementando a energia<br />

hidráulica. Além <strong>da</strong>s vantagens ambientais, a<br />

geração <strong>de</strong> energia a partir <strong>de</strong> biomassa apresenta<br />

importantes benefícios econômicos.<br />

Como a geração é <strong>de</strong>scentraliza<strong>da</strong> e próxima<br />

dos centros <strong>de</strong> consumo, há uma redução nos<br />

custos para a população.<br />

É claro que existem <strong>de</strong>safios para a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sta produção. As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> distribuição são<br />

falhas e não alcançam as diversas regiões compradoras,<br />

os leilões <strong>de</strong> energia não recebem os<br />

incentivos necessários e faltam políticas nacionais<br />

para a integração <strong>da</strong> energia <strong>de</strong> biomassa<br />

na matriz energética. Porém, <strong>de</strong>ntre tantos<br />

percalços, existem exemplos <strong>de</strong> quem obtém<br />

sucesso neste setor. A ETH Bioenergia, controla<strong>da</strong><br />

pela Organização O<strong>de</strong>brecht, é lí<strong>de</strong>r em <strong>bioenergia</strong>,<br />

com a produção <strong>de</strong> 2.700 Gwh/ano <strong>de</strong><br />

Sistema <strong>de</strong> cogeração<br />

produz baixo nível <strong>de</strong><br />

emissão <strong>de</strong> poluentes<br />

energia elétrica a partir <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>- açúcar. O<br />

grupo possui três uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s localiza<strong>da</strong>s no<br />

Estado <strong>de</strong> Goiás (Morro Vermelho, Água<br />

Emen<strong>da</strong><strong>da</strong> e Rio Claro), que somarão na safra<br />

atual cerca <strong>de</strong> 5.250 mil Mwh <strong>de</strong> energia elétrica<br />

a partir <strong>da</strong> biomassa.<br />

A expectativa do setor é aumentar em 18% a<br />

sua participação na matriz elétrica brasileira até<br />

o final <strong>de</strong>sta déca<strong>da</strong>, tendo assim mais <strong>de</strong> 13 mil<br />

MW médios <strong>de</strong> energia elétrica disponível nos<br />

canaviais do Centro-Sul do País, o equivalente a<br />

três usinas <strong>de</strong> Belo Monte ou 14% <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

nacionais em 2020. Em <strong>2012</strong>, a energia a<br />

partir do bagaço <strong>de</strong> cana representará aproxima<strong>da</strong>mente<br />

15% <strong>da</strong> receita <strong>da</strong> ETH. A previsão<br />

do grupo é <strong>de</strong> que esta parte <strong>de</strong> sua receita<br />

suba para 20% na safra <strong>de</strong> 2014/15. (Com informações<br />

<strong>da</strong> Assessoria <strong>de</strong> imprensa <strong>da</strong> etH).<br />

<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 21


Inovação<br />

Energia que<br />

vem <strong>da</strong>s marés<br />

Brasil tem a primeira<br />

usina <strong>de</strong> energia<br />

maremotriz, possível<br />

alternativa diante<br />

do crescimento do<br />

consumo interno <strong>de</strong><br />

eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

22 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />

igor Augusto Pereira<br />

Quando o assunto é a energia que vem<br />

dos mares, o Brasil chama a atenção<br />

do mundo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2008, com a <strong>de</strong>scoberta<br />

<strong>da</strong> cama<strong>da</strong> do pré-sal ao longo<br />

<strong>de</strong> 800 quilômetros <strong>da</strong> costa nacional. Mas os<br />

oceanos po<strong>de</strong>m oferecer muito mais que combustível<br />

fóssil em cama<strong>da</strong>s profun<strong>da</strong>s. Essa é a<br />

aposta <strong>de</strong> um projeto que quer gerar energia<br />

limpa a partir <strong>da</strong> força <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s, que têm<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar o equivalente a 17% <strong>da</strong><br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> total instala<strong>da</strong> no País.<br />

Com tecnologia brasileira, a iniciativa está<br />

em fase <strong>de</strong> testes e serve como um laboratório<br />

em escala real, instalado no Porto <strong>de</strong><br />

Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE). O<br />

projeto integra chama<strong>da</strong> <strong>da</strong> Agência Nacional<br />

<strong>de</strong> Energia Elétrica (Aneel) e leva o nome <strong>de</strong><br />

“Implantação <strong>de</strong> Protótipo <strong>de</strong> Conversor <strong>de</strong><br />

On<strong>da</strong>s Onshore nas Condições <strong>de</strong> Mar do<br />

Nor<strong>de</strong>ste do Brasil”.<br />

O empreendimento tem como proponente<br />

a Tractebel Energia, gigante <strong>da</strong> geração priva<strong>da</strong><br />

que <strong>de</strong>tém um parque composto por 22<br />

usinas. A Fun<strong>da</strong>ção Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Projetos,<br />

Pesquisas e Estudos Tecnológicos <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

(Coppe/UFRJ) é a responsável por executar as<br />

pesquisas para a implantação <strong>da</strong> usina.<br />

Os testes começaram em junho e foram retomados<br />

no fim <strong>de</strong> agosto. Na primeira vez, os<br />

sistemas operaram por 10 minutos e abasteceram<br />

os sistemas auxiliares <strong>da</strong> usina, como iluminação<br />

e ar condicionado. Na segun<strong>da</strong> experiência,<br />

em menos <strong>de</strong> duas horas <strong>de</strong> funcionamento,<br />

a usina produziu mais <strong>de</strong> 12,9 megawatts.<br />

As on<strong>da</strong>s do mar têm gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> energia mecânica, que po<strong>de</strong> ser transforma<strong>da</strong><br />

em eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>. A tecnologia tem similari<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

com a geração <strong>de</strong> energia eólica,<br />

uma vez que as on<strong>da</strong>s nascem pela ação dos<br />

ventos na superfície do mar. A primeira experiência<br />

nesse sentido surgiu na França, em<br />

1966, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> La Rance.<br />

A usina brasileira funciona com dois gran<strong>de</strong>s<br />

braços mecânicos (fotos), que têm bóias circulares<br />

em suas pontas, aproveitando o movimento<br />

<strong>de</strong> elevação e abaixamento <strong>da</strong> água. Com o<br />

movimento, essa estrutura recebe pressão em<br />

um espaço fechado, transformando energia<br />

mecânica em energia elétrica. Segundo<br />

a Coppe, o dispositivo construído no Porto<br />

<strong>de</strong> Pecém simula a força <strong>de</strong> cascatas <strong>de</strong> até<br />

400 metros.<br />

Investimento é lei<br />

A legislação brasileira estabelece que<br />

empresas geradoras, transmissoras e distribuidoras<br />

<strong>de</strong> energia apliquem 1% <strong>de</strong><br />

sua receita anual em projetos <strong>de</strong> pesquisa<br />

e <strong>de</strong>senvolvimento, que são fiscalizados<br />

pela Aneel. Segundo o gerente <strong>de</strong><br />

Operação <strong>da</strong> Produção, Pesquisa e<br />

Desenvolvemento <strong>da</strong> Tractebel Energia,<br />

Sergio Maes, a empresa tem buscado<br />

atuar <strong>de</strong> maneira prática, com resultados<br />

concretos e <strong>de</strong> aplicação prática no mercado<br />

nacional.<br />

“Este projeto é um bom exemplo <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>rência a estes objetivos. Ao fazê-lo,<br />

acreditamos que <strong>da</strong>mos um sinal positivo<br />

na busca <strong>de</strong> tecnologias nacionais,<br />

genuinamente brasileiras, para a geração<br />

<strong>de</strong> energia elétrica a partir <strong>de</strong> fontes<br />

renováveis, limpas e ain<strong>da</strong> não explora<strong>da</strong>s”,<br />

garante Maes.<br />

Segundo um estudo <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> (Furg), só na costa<br />

europeia existe um potencial <strong>de</strong> energia<br />

<strong>de</strong> 219 gigawatts. No Brasil, esse índice<br />

chegaria a 160 gigawatts. Atualmente,<br />

há usinas para geração <strong>de</strong> eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> a<br />

partir <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s em construção na<br />

Dinamarca, Finlândia, Estados Unidos,<br />

Inglaterra, Japão e Portugal.<br />

“To<strong>da</strong>s essas pesquisas ain<strong>da</strong> estão em<br />

fase experimental. Acredito que as iniciativas<br />

hoje não <strong>de</strong>vem ultrapassar o número<br />

<strong>de</strong> 20 protótipos”, explica. Por isso<br />

mesmo, a Tractebel vê na falta <strong>de</strong> componentes<br />

disponíveis no mercado um <strong>de</strong>safio<br />

para o funcionamento <strong>da</strong> usina.<br />

O contrato com a Aneel foi assinado<br />

em março <strong>de</strong> 2009, com prazo <strong>de</strong> execução<br />

<strong>de</strong> 36 meses, mas, com os atrasos<br />

ocorridos, foi prorrogado por mais um<br />

ano. Além disso, <strong>de</strong>mandou um aporte<br />

<strong>de</strong> 25% sobre o valor final, que <strong>de</strong>ve ficar<br />

por volta dos R$ 18 milhões.<br />

<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 23


Consumo em expansão<br />

O consumo <strong>de</strong> eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> no Brasil tem<br />

aumentado duas vezes em relação ao PIB<br />

nacional, revelam <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Empresa <strong>de</strong><br />

Pesquisa Energética (EPE). Um levantamento<br />

apresentado recentemente mostra que a média<br />

alcançou seu ponto mais alto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1992,<br />

quando o índice começou a ser medido. Des<strong>de</strong><br />

2001, houve aumento <strong>de</strong> 38% nos gastos, contra<br />

30% <strong>da</strong> média internacional. Ain<strong>da</strong> assim, o<br />

consumo médio do brasileiro está abaixo <strong>da</strong><br />

média mundial. O Reino Unido, por exemplo,<br />

consome mais que o dobro.<br />

Atualmente, o Brasil é o 10ª maior consumidor<br />

mundial <strong>de</strong> energia elétrica, informa a<br />

Agência Internacional <strong>de</strong> Energia (AIE).<br />

Segundo analistas, o <strong>de</strong>senvolvimento socioeconômico<br />

e a ascensão <strong>de</strong> novas classes, que<br />

passaram a ter acesso à re<strong>de</strong>, foram responsáveis<br />

pelo aumento. Esse número <strong>de</strong>ve aumentar,<br />

com o programa fe<strong>de</strong>ral Luz Para Todos,<br />

que prevê a ampliação do sistema <strong>de</strong> eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

para mais <strong>de</strong> meio milhão <strong>de</strong> residências<br />

sem luz.<br />

Para Sergio Maes, <strong>da</strong> Tractebel Energia<br />

(foto), a energia gera<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s do<br />

mar po<strong>de</strong> se tornar uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> viável para<br />

o brasileiro em poucos anos. “Para que seja<br />

difundi<strong>da</strong> e se torne comercialmente viável, a<br />

inserção <strong>de</strong>sta tecnologia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> vários<br />

fatores. O principal, certamente, é o investimento<br />

que se <strong>de</strong>stinará à continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

pesquisa, pois é necessário ain<strong>da</strong> aprimorar e<br />

24 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />

otimizar os protótipos já construídos”, ressalta.<br />

O engenheiro avalia, ain<strong>da</strong>, que a concretização<br />

<strong>de</strong>sses investimentos concorre com<br />

outras fontes <strong>de</strong> tecnologia mais barata, como<br />

as hidrelétricas, eólicas e a bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

“Aqui no Brasil, consi<strong>de</strong>rando que não haja<br />

incentivos específicos, a energia proveniente<br />

<strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s, <strong>da</strong>s marés e <strong>da</strong>s correntes marinhas<br />

ain<strong>da</strong> levará alguns anos para ser difundi<strong>da</strong>”.<br />

Temos observado em gran<strong>de</strong>s corporações, como<br />

as do setor sucroenergético, uma análise bastante<br />

<strong>de</strong>talha<strong>da</strong> e minuciosa no que se refere aos<br />

seus controles gerenciais com o fito <strong>de</strong> monitorar os<br />

riscos tributários a que estão sujeitas. O volume <strong>da</strong>quelas<br />

que se <strong>de</strong>dicam a esta tarefa tem aumentado<br />

substancialmente em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong>s alterações trazi<strong>da</strong>s<br />

pela Lei nº 11.638/2007, que, por sua vez, veio alterar,<br />

revogar e, principalmente, introduzir novos dispositivos<br />

à Lei <strong>da</strong>s Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s por Ações (Lei nº 6.404/76).<br />

A migração para o novo padrão contábil (IFRS, ou<br />

normas internacionais <strong>de</strong> contabili<strong>da</strong><strong>de</strong>) tem levado o<br />

consultor a <strong>de</strong>dicar boa parte <strong>de</strong> seu tempo e <strong>de</strong> suas<br />

equipes <strong>de</strong> trabalho ao controle <strong>de</strong> riscos tributários.<br />

Há um estudo, formado por especialistas e pesquisadores<br />

<strong>da</strong> área, que indica que o volume <strong>de</strong> empresas<br />

que se <strong>de</strong>dicam ao monitoramento dos riscos tributários<br />

ultrapassa 25% do tempo <strong>de</strong>dicado aos controles<br />

internos.<br />

Deduzimos que o envolvimento <strong>da</strong>s empresas nesta<br />

área é também reflexo <strong>da</strong> crise econômica mundial e<br />

<strong>da</strong> a<strong>da</strong>ptação às normas internacionais, o que as tem<br />

levado a adotar uma postura<br />

mais severa no gerenciamento<br />

dos riscos tributários. Há,<br />

assim, no Brasil, um controle<br />

mais rígido envolvendo questões<br />

<strong>de</strong> natureza tributária.<br />

No setor sucroenergético<br />

não é diferente. Os gastos<br />

com tributos po<strong>de</strong>m ser tão<br />

representativos quanto os<br />

custos <strong>de</strong> produção. As eleva<strong>da</strong>s<br />

contribuições, além <strong>de</strong> representarem<br />

vultosos recur- Fe<strong>de</strong>ral.”<br />

sos às empresas, impõem<br />

uma parcela extremamente<br />

visível <strong>da</strong> voraci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Fisco para arreca<strong>da</strong>r. Assim,<br />

isso tudo eleva o componente dos riscos em razão <strong>de</strong><br />

possíveis autuações por conta <strong>de</strong> divergências fiscais.<br />

Aliado a tudo isso, e após vários incrementos realizados<br />

pela Receita Fe<strong>de</strong>ral do Brasil, tais como<br />

adoção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnos métodos e ferramentas tecnológicas<br />

emprega<strong>da</strong>s na administração tributária, é<br />

importante que as empresas busquem ampliar seu<br />

leque <strong>de</strong> conhecimento na área tributária, o que já<br />

parece ser a tendência no atual processo <strong>de</strong> profissionalização<br />

do setor.<br />

As mu<strong>da</strong>nças na legislação, a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> do sistema<br />

tributário nacional e as novas abor<strong>da</strong>gens do<br />

Fisco tornam imperioso o recrutamento <strong>de</strong> profissionais<br />

especializados na área <strong>de</strong> tributos, enquanto percebe-se<br />

uma carência brutal <strong>de</strong> especialistas capacitados<br />

no mercado.<br />

A <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> análise dos riscos fiscais aos quais as empresas<br />

estão expostas, o que <strong>de</strong>ve ser feito sempre<br />

com a máxima transparência, po<strong>de</strong>rá ter impactos<br />

bastante positivos nas <strong>de</strong>monstrações financeiras,<br />

contribuindo significativamente no fluxo <strong>de</strong> caixa e<br />

no exato valor tributável a que as empresas estejam<br />

sujeitas, além <strong>de</strong> evitar autuações que po<strong>de</strong>m custar<br />

altas somas às companhias. Assim, com objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

as empresas <strong>de</strong>vem investir em profissionais especializados<br />

e atuantes na área. Tais investimentos se mostrarão<br />

muito produtivos e econômicos no futuro, com<br />

certeza.<br />

Para se ter uma i<strong>de</strong>ia, os encargos tributários a que<br />

as empresas estão sujeitas, seja nas esferas municipais,<br />

estaduais ou fe<strong>de</strong>ral, e a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tributos<br />

(impostos, taxas e contribuições) que inci<strong>de</strong>m sobre a<br />

economia somam aproxima<strong>da</strong>mente 60 tributos fe<strong>de</strong>rais,<br />

estaduais e municipais. Assim, o número expressivo<br />

<strong>de</strong> normas e as mu<strong>da</strong>nças constantes acabam<br />

por provocar a enorme complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> percebi<strong>da</strong> na<br />

gestão tributária, motivo pelo qual é interessante se<br />

investir em assessoria para cui<strong>da</strong>r exclusivamente <strong>da</strong><br />

administração tributária.<br />

A carga tributária, no Brasil, ultrapassa os 35% do<br />

PIB, segundo a própria Receita Fe<strong>de</strong>ral. Já em diversos<br />

outros países, observa-se um custo tributário menor,<br />

com mais eficiência e menor complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> em razão<br />

do número menor <strong>de</strong> tributos, o que torna o comando<br />

tributário muito mais eficaz, seguro, transparente, e,<br />

principalmente, menos oneroso.<br />

Temos invariavelmente ressaltado que para tornar<br />

as empresas brasileiras mais competitivas, é preciso<br />

que o governo brasileiro mu<strong>de</strong> as regras do jogo, <strong>de</strong><br />

maneira eficaz, possibilitando <strong>de</strong>sonerar não somente<br />

as empresas, mas tornar o<br />

país mais competitivo no cenário<br />

internacional.<br />

A ampliação <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

produtiva é premente e,<br />

para tanto, é preciso haver<br />

uma manifestação clara e<br />

<strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> políticas públicas<br />

que retomem a atrativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do setor sucroenergético.<br />

Uma medi<strong>da</strong> salutar do<br />

governo fe<strong>de</strong>ral para contrabalançar<br />

esse cenário seria a<br />

<strong>de</strong>soneração tributária, sobretudo<br />

<strong>de</strong> PIS/Cofins, <strong>de</strong> to<strong>da</strong><br />

a ca<strong>de</strong>ia produtiva. Além disso, há a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> que sejam expandi<strong>da</strong>s as linhas <strong>de</strong> financiamento<br />

para investimentos em renovação e plantio <strong>de</strong> novos<br />

canaviais, pois são indispensáveis para que o setor<br />

consiga aten<strong>de</strong>r à enorme <strong>de</strong>man<strong>da</strong> e potencial <strong>de</strong><br />

consumo do etanol brasileiro.<br />

O compromisso assumido pelo governo pela diversificação<br />

<strong>da</strong> matriz energética nacional <strong>de</strong>ve estimular<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia competitiva e<br />

sustentável, pois tudo isso gera empregos, torna o<br />

Brasil exemplo mundial no uso <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> energia<br />

limpas e possibilita um melhor planejamento tributário<br />

que se reflita em um a<strong>de</strong>quado fluxo <strong>de</strong> caixa ou<br />

em investimentos. Obter-se a maior economia fiscal<br />

possível, minimizando custos, é um objetivo mais que<br />

<strong>de</strong>sejado.<br />

Enquanto não vislumbramos uma solução no horizonte,<br />

que po<strong>de</strong>ria vir com uma ampla reforma tributária<br />

no País, temos <strong>de</strong> conviver e administrar os tributos<br />

que estão aí. Quem busca o privilégio do lucro,<br />

certamente <strong>de</strong>verá se prevenir dos riscos tributários.<br />

As empresas que não se capitalizaram, que não adotarem<br />

sistemas melhores <strong>de</strong> gestão pensando no futuro<br />

<strong>de</strong>verão enfrentar enormes problemas. Por isso,<br />

sempre buscando o apoio necessário, é preciso que as<br />

empresas continuem estu<strong>da</strong>ndo, pesquisando, <strong>de</strong>batendo,<br />

planejando e adotando as melhores práticas<br />

para garantir resultados que sejam os mais positivos e<br />

competitivos para o setor.<br />

Palavra do especialista<br />

Uma combinação <strong>de</strong> fatores: gestão<br />

tributária, crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

A carga tributária, no<br />

Brasil, ultrapassa os<br />

35% do PIB, segundo<br />

a própria Receita<br />

josé osvALdo Bozzo é sócio <strong>da</strong><br />

área <strong>de</strong> tributos do escritório <strong>de</strong><br />

ribeirão Preto <strong>da</strong> KPMG no Brasil.<br />

<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 25


Perfil<br />

De cortador<br />

<strong>de</strong> cana a<br />

executivo<br />

O <strong>Canal</strong> – Jornal <strong>da</strong> Bioenergia estreia, nesta edição, uma coluna<br />

cria<strong>da</strong> especialmente para <strong>da</strong>r luz a casos <strong>de</strong> sucesso, que têm como<br />

protagonistas personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s que são referência para o setor <strong>da</strong><br />

<strong>bioenergia</strong>. Mais que divulgar casos particulares, esperamos<br />

contribuir para motivar o leitor a seguir em frente na difícil missão<br />

<strong>de</strong> construir uma carreira sóli<strong>da</strong> em meio às adversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Por meio<br />

<strong>de</strong> narrativas pontuais, reconstruímos, também, a história <strong>de</strong>sse<br />

segmento do Brasil. A partir <strong>de</strong> agora, além <strong>de</strong> análises conjunturais<br />

feitas por especialistas <strong>de</strong> mercado e informações atualiza<strong>da</strong>s sobre<br />

a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> política e econômica <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> biocombustíveis e<br />

energia renovável, a publicação abre espaço para uma <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s<br />

vocações do <strong>jornal</strong>ismo: contar histórias.<br />

igor Augusto Pereira<br />

A<br />

vi<strong>da</strong> não era na<strong>da</strong> fácil para<br />

o garoto Hélio Teixeira Belai.<br />

Primogênito <strong>de</strong> uma família<br />

<strong>de</strong> sete filhos, nasceu e cresceu<br />

na zona rural do município <strong>de</strong><br />

Borrazópolis, na região conheci<strong>da</strong><br />

como Vale do Ivaí, no norte do Paraná.<br />

O lugar se <strong>de</strong>senvolvera anos antes,<br />

atraindo imigrantes interessados na<br />

produção <strong>de</strong> café. E foi na lavoura <strong>da</strong><br />

família, <strong>de</strong> enxa<strong>da</strong> na mão, que se<br />

tornou responsável ain<strong>da</strong> muito<br />

jovem. Para aju<strong>da</strong>r os pais, Seu Luiz e<br />

Dona Creuza, trabalhava todos os<br />

dias na pequena e humil<strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

em que a família colhia, além <strong>de</strong><br />

café, arroz, milho, mandioca e outras<br />

culturas.<br />

Com uma linhagem que incluía um<br />

casal e sete filhos, Borrazópolis ficou<br />

pequena para a família Belai. E eles não<br />

foram os únicos. Nos últimos 40 anos,<br />

a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> viu sua população ser reduzi<strong>da</strong><br />

a um terço do tamanho original, <strong>de</strong><br />

acordo com o Censo Nacional. Assim<br />

que Hélio, o filho mais velho, completou<br />

14 anos, transferiram-se para<br />

Porecatu, no extremo norte do Estado,<br />

quase na divisa com São Paulo.<br />

Começava, então, a trajetória para<br />

subir Brasil a<strong>de</strong>ntro e, assim, subir na<br />

própria vi<strong>da</strong>.<br />

“Lá existia uma usina, um sinônimo<br />

<strong>de</strong> prosperi<strong>da</strong><strong>de</strong>”, conta. Trocou<br />

a lavoura familiar pelos canaviais. A<br />

dura rotina, alia<strong>da</strong> à dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

percorrer mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z quilômetros<br />

por dia para estu<strong>da</strong>r, levou o jovem<br />

Hélio a abandonar a escola. Na<br />

época, parte do trajeto era feito <strong>de</strong><br />

bicicleta e o restante completado na<br />

carroceria <strong>de</strong> um caminhão improvisado<br />

com bancos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.<br />

“Muitas vezes, acor<strong>da</strong>va às quatro <strong>da</strong><br />

manhã e só ia dormir às onze <strong>da</strong><br />

noite. Acabava cochilando na carteira”,<br />

conta. A semente, contudo, estava<br />

planta<strong>da</strong> e os livros voltariam a<br />

cruzar os caminhos do rapaz.<br />

sonhava em ser motorista<br />

Foi na colheita <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar,<br />

em meio ao sol e ao calor, que a vi<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> Hélio começou a ganhar novos<br />

contornos. “Era a primeira vez que<br />

minha família conseguia ter uma casa<br />

com luz e água encana<strong>da</strong>”, explica<br />

Hélio. Animado com o crescimento,<br />

tinha agora um novo objetivo: tornar-<br />

-se motorista <strong>de</strong> caminhão. Um sonho<br />

bastante au<strong>da</strong>cioso naquelas condições,<br />

garante.<br />

No ano seguinte, instalado em<br />

Rio Brilhante, no Mato Grosso do<br />

Sul, Hélio tornou-se auxiliar <strong>de</strong> laboratório<br />

em uma <strong>de</strong>stilaria. Foi observando<br />

o trabalho dos colegas que<br />

aprimorou o ofício. Quando saiu <strong>da</strong><br />

empresa, já ocupava o posto <strong>de</strong><br />

coor<strong>de</strong>nador <strong>da</strong> área. Daí em diante,<br />

passou por três usinas nos cargos <strong>de</strong><br />

microbiologista prático, chefe <strong>de</strong><br />

laboratório, assistente <strong>de</strong> produção e<br />

gerente <strong>de</strong> produção.<br />

Mas para crescer não bastava<br />

vonta<strong>de</strong> e <strong>de</strong>terminação, e logo os<br />

anos em que havia se afastado <strong>da</strong><br />

escola bateram à sua porta. Voltou<br />

aos bancos em que, tempos antes,<br />

havia adormecido <strong>de</strong> cansaço. “Senti<br />

na pele a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer uma facul<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Minha alternativa foi fazer um curso técnico<br />

em Açúcar e Álcool e percorrer, todos os dias,<br />

quase 300 quilômetros para a graduação”,<br />

relata. Era a distância entre Tangará <strong>da</strong> Serra e<br />

Campo Novo do Parecis, no Mato Grosso, mas<br />

também o caminho entre o seu sonho e a reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

que buscava.<br />

queria falar para o mundo<br />

Quanto mais o jovem Hélio conhecia o mercado<br />

em que atuava, mais pensava em como<br />

contribuir com o crescimento do setor.<br />

Exercendo uma <strong>de</strong> suas aptidões, mobilizar<br />

pessoas, <strong>de</strong>safiou o <strong>de</strong>stino mais uma vez. Em<br />

1999, <strong>de</strong>cidiu fun<strong>da</strong>r uma organização não-<br />

governamental <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> a promover o etanol<br />

como fonte <strong>de</strong> energia limpa e barata, a<br />

Coprover<strong>de</strong>. O trabalho começou junto aos<br />

próprios dirigentes <strong>de</strong> usinas, que muitas vezes<br />

abasteciam seus próprios veículos com outros<br />

combustíveis. “Percebi que o segmento estava<br />

<strong>de</strong>caindo. Produzíamos etanol a R$ 0,40 o litro<br />

e vendíamos a R$ 0,18”, relembra.<br />

O jovem <strong>de</strong> Borrazópolis passou a percorrer o<br />

Brasil para <strong>da</strong>r palestras – foram mais <strong>de</strong> 80 – e<br />

discutir formas <strong>de</strong> incentivar o consumo <strong>de</strong><br />

etanol junto a gran<strong>de</strong>s autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s do setor.<br />

“Viajava para São Paulo em um vôo noturno,<br />

participava dos eventos durante o dia e retornava<br />

à noite”, explica. Assim, foi <strong>de</strong>senvolvendo<br />

sua habili<strong>da</strong><strong>de</strong> para falar em público e consoli<strong>da</strong>ndo<br />

seu nome no mercado. “Aproveitava para<br />

apren<strong>de</strong>r sobre as novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em temas relacionados<br />

à parte industrial, como redução <strong>de</strong> per<strong>da</strong>s<br />

e custos”. O tema, que já lhe <strong>de</strong>spertava<br />

interesse, foi amadurecendo em sua cabeça.<br />

Não por acaso, sua pesquisa final para a<br />

graduação impressionou a banca examinadora<br />

ao provar, matematicamente, que uma indústria<br />

com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> processar 1,6 milhão<br />

<strong>de</strong> tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> cana po<strong>de</strong>ria obter um acréscimo<br />

<strong>de</strong> até 7 milhões <strong>de</strong> litros na produção se<br />

investisse em projetos <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> per<strong>da</strong>s<br />

industriais. Feliz, mas instigado com os resultados,<br />

<strong>de</strong>cidiu continuar a investigar o tema<br />

em um mestrado. “Esse trabalho ajudou a<br />

catalogar 87 pontos <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> per<strong>da</strong>s<br />

em uma usina, o que representa um incremento<br />

<strong>de</strong> 3,06 litros <strong>de</strong> etanol por tonela<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

cana processa<strong>da</strong>”, conta.<br />

Hélio Belai aconselha os jovens a valorizar a humil<strong>da</strong><strong>de</strong> e a ouvir o que têm a dizer os mais experientes<br />

“Muitas vezes,<br />

acor<strong>da</strong>va às quatro<br />

<strong>da</strong> manhã e só ia<br />

dormir às onze <strong>da</strong><br />

noite. Acabava<br />

cochilando na<br />

carteira.”<br />

Chegou longe, mas não cogita parar<br />

Uma trajetória <strong>de</strong> evolução constante, que<br />

culmina no jovem lavrador <strong>de</strong> 14 anos se tornando<br />

uma <strong>da</strong>s principais referências do setor sucroenergético<br />

do Brasil. Essa é uma <strong>da</strong>s histórias <strong>de</strong><br />

Hélio Belai. Des<strong>de</strong> 2008, o ex-cortador <strong>de</strong> cana é<br />

gerente industrial <strong>da</strong> SJC Bioenergia (antiga Usina<br />

São João) em Goiás. Também é um dos cabeças do<br />

Grupo <strong>de</strong> Estudo <strong>de</strong> Maximização <strong>da</strong> Eficiência<br />

Agroindustrial, instituição que realiza encontros<br />

periódicos com profissionais do setor<br />

sucroenergético buscando discutir propostas<br />

para alavancar a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Mas, como nunca foi <strong>de</strong> seu feitio, Hélio não<br />

pensa em <strong>de</strong>scansar, nem parar em uma zona<br />

<strong>de</strong> conforto. Aquele que aprendia hoje ensina,<br />

mas também quer permanecer na posição <strong>de</strong><br />

aluno. “Agora é o doutorado. Quero ir adiante,<br />

baseando minha trajetória profissional na <strong>de</strong>fesa<br />

do setor em que atuo”, enfatiza. “Agra<strong>de</strong>ço a<br />

Deus, às pessoas e às instituições que apoiaram<br />

meu trabalho”.<br />

Depois <strong>de</strong> tanto caminhar, Hélio não se faz<br />

<strong>de</strong> rogado para compartilhar o segredo <strong>de</strong> seu<br />

sucesso com os profissionais mais jovens. “As<br />

novas gerações precisam ser mais <strong>de</strong>dica<strong>da</strong>s,<br />

comprometi<strong>da</strong>s e assíduas. Percebo que querem<br />

subir muito rapi<strong>da</strong>mente e, muitas vezes, passam<br />

por cima <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> extrema importância,<br />

como a humil<strong>da</strong><strong>de</strong> e a confiança em pessoas<br />

mais experientes.”<br />

26 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia <strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 27


tocantins<br />

Logística do Estado<br />

atrai investimentos<br />

Ecoporto é<br />

consi<strong>de</strong>rado um dos<br />

mais importantes<br />

empreendimentos<br />

para a infraestrutura<br />

logística do Tocantins<br />

28 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />

Terminal <strong>de</strong> Cargas<br />

do Aeroporto <strong>de</strong><br />

Palmas: opção para o<br />

transporte <strong>de</strong><br />

produtos<br />

Geórgya Laranjeira<br />

<strong>de</strong> Palmas (tO)<br />

O<br />

Estado mais novo do Brasil, com apenas<br />

24 anos, se <strong>de</strong>staca pelo <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>da</strong> infraestrutura <strong>de</strong> transporte multimo<strong>da</strong>l<br />

– hidrovia (Ecoporto), Ferrovia<br />

Norte-Sul, com mais <strong>de</strong> 700 km concluídos, mais<br />

<strong>de</strong> sete mil km <strong>de</strong> rodovia pavimenta<strong>da</strong> e aerovia,<br />

com terminal <strong>de</strong> cargas e energia solar. A perspectiva<br />

é <strong>de</strong> aceleração do crescimento econômico <strong>da</strong><br />

Região Norte do Brasil, tornando o Tocantins o elo<br />

logístico integrador do País e gerador <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> negócios para o mundo.<br />

“O resultado <strong>de</strong>sse crescimento é oriundo <strong>de</strong><br />

políticas governamentais que têm trabalhado pela<br />

atração <strong>de</strong> investimentos e empreendimentos<br />

estratégicos, geração <strong>de</strong> emprego, ren<strong>da</strong> e fortalecimento<br />

<strong>da</strong>s indústrias <strong>da</strong> região,” afirma o secretário<br />

<strong>de</strong> Indústria e Comércio, Paulo Massuia.<br />

terminal <strong>de</strong> Cargas<br />

Em fase <strong>de</strong> implantação, o Teca – Terminal <strong>de</strong><br />

Cargas do Aeroporto <strong>de</strong> Palmas, será mais uma<br />

opção para a redução <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong><br />

mercadorias e <strong>de</strong> movimentação econômica para<br />

a região. A obra está sendo projeta<strong>da</strong> pelo<br />

governo do Estado e pela Infraero. Trata-se <strong>de</strong><br />

um sítio aeroportuário que funcionará com placas<br />

solares fotovoltaicas, dispositivos utilizados<br />

para converter a energia <strong>da</strong> luz do sol em energia<br />

elétrica.<br />

Ferrovia Norte sul<br />

Há estudos que prospectam a implantação <strong>da</strong><br />

Ferrovia Norte Sul cortando o Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do Rio Gran<strong>de</strong> (RS) a Belém (PA), totalizando<br />

uma extensão <strong>de</strong> 4.576 km. Segundo <strong>da</strong>dos <strong>da</strong><br />

Valec, empresa responsável pela construção do<br />

empreendimento, Tocantins, Goiás e Distrito<br />

Fe<strong>de</strong>ral, que ficam na região geodésica do Brasil,<br />

têm o maior trecho <strong>de</strong> extensão <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> férrea.<br />

Se comparado a outros Estados, o que terá menor<br />

trecho é Minas Gerais, com 10%. O Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo respon<strong>de</strong> por uma fatia <strong>de</strong> 15% e Mato<br />

Grosso do Sul por 22%.<br />

No Tocantins, a Ferrovia Norte Sul conta com<br />

seis pátios multimo<strong>da</strong>is e obras concluí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 719<br />

Km, <strong>de</strong> Açailândia (MA) a Palmas (TO). Somente<br />

em construção somam-se 855 Km, <strong>de</strong> Palmas (TO)<br />

a Anápolis (GO), com previsão para conclusão em<br />

2013.<br />

Fotos: Zezinha Carvalho<br />

transbordo<br />

O Corredor Centro Norte <strong>da</strong> Ferrovia Norte Sul<br />

já conta com terminais <strong>de</strong> transbordo no município<br />

<strong>de</strong> Palmeirante (TO), que aten<strong>de</strong>rá o nor<strong>de</strong>ste<br />

do Mato Grosso e o Centro Norte do<br />

Tocantins. O <strong>de</strong> Porto Nacional (TO) aten<strong>de</strong>rá o<br />

Centro Sul do Tocantins, Norte do Goiás e<br />

Noroeste <strong>da</strong> Bahia. Já o município <strong>de</strong> Porto<br />

Franco (MA), aten<strong>de</strong>rá os Estados <strong>de</strong> Maranhão,<br />

Pará e Piauí. A vantagem <strong>da</strong> logística é a redução<br />

<strong>de</strong> custos e a rapi<strong>de</strong>z do transporte <strong>de</strong> cargas<br />

para o Brasil e o mundo.<br />

ecoporto praia Norte<br />

Outro empreendimento que tem previsão<br />

para início <strong>da</strong>s obras em breve é o Ecoporto, um<br />

dos mais importantes empreendimentos para a<br />

infraestrutura logística do Tocantins, proporcionando<br />

integração <strong>da</strong>s regiões Centro-Oeste,<br />

Norte e Su<strong>de</strong>ste, principalmente. A obra vai contribuir<br />

com o <strong>de</strong>senvolvimento econômico <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Praia Norte (TO), que fica a 619 Km <strong>da</strong><br />

Capital tocantinense.<br />

Interligado e estratégico, o Porto <strong>de</strong> Praia<br />

Norte colocará o Bico do Papagaio e o Tocantins<br />

na rota <strong>de</strong> três dos principais portos do Brasil: o<br />

<strong>de</strong> Manaus (AM) <strong>de</strong> Belém (PA) e o <strong>de</strong> Itaqui<br />

(MA), além <strong>de</strong> gerar milhares <strong>de</strong> empregos para<br />

os moradores <strong>da</strong> região.<br />

Instalado às margens do rio Tocantins, o<br />

Porto <strong>de</strong> Praia Norte será uma rota alternativa<br />

<strong>de</strong> saí<strong>da</strong> rumo ao Atlântico. Trata-se <strong>de</strong> um<br />

empreendimento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, que contará<br />

com investimento <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> R$ 300 milhões<br />

<strong>da</strong> empresa Eurolatina. O governo do Estado<br />

entrou com a atração do investimento e obras<br />

<strong>de</strong> infraestrutura, como piers para embarque e<br />

<strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong> produtos, galpões, acessos,<br />

trevos, pátios, controle e fiscalização, infraestrutura<br />

<strong>de</strong> alimentação, saú<strong>de</strong>, guin<strong>da</strong>stes,<br />

asfaltamentos e iluminação pública. Para agilizar<br />

o processo, os governos do Tocantins e do<br />

Maranhão assinaram um acordo que viabiliza<br />

um entreposto fiscal para aten<strong>de</strong>r a produção<br />

<strong>da</strong> Zona Franca <strong>de</strong> Manaus.<br />

malha asfáltica<br />

As rodovias em bom estado <strong>de</strong> conservação<br />

também favorecem o crescimento econômico<br />

<strong>da</strong> região. Segundo os últimos <strong>da</strong>dos do<br />

Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística<br />

(IBGE), <strong>de</strong> 2002 a 2009 o Tocantins ocupou o<br />

Está difícil encontrar<br />

suporte <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

conheça a<br />

PARAFUSOS<br />

parafusos - ferramentas - máquinas - epi’s<br />

abrasivos - cabos <strong>de</strong> aço - consumíveis<br />

Av. Circular, 561 Setor Pedro Ludovico - Goiânia/Goiás.<br />

Rodovias em bom estado <strong>de</strong> conservação favorecem o crescimento econômico <strong>da</strong> região<br />

primeiro lugar no ranking nacional no que se<br />

refere ao crescimento do Produto Interno Bruto<br />

(PIB). O Estado registrou uma média, nos últimos<br />

oito anos, <strong>de</strong> 52,6% <strong>de</strong> crescimento do PIB. Esse<br />

resultado representa um percentual superior à<br />

media nacional, que registrou 27%.<br />

De acordo com <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Superintendência <strong>de</strong><br />

Pesquisas e Zoneamento Ecológico Econômico,<br />

Diretoria <strong>de</strong> Pesquisa – Secretaria <strong>de</strong><br />

Planejamento e Mo<strong>de</strong>rnização (Seplan), e do<br />

IBGE, as perspectivas <strong>de</strong> 2011 apontaram um PIB<br />

<strong>de</strong> R$ 17,5 milhões. A riqueza <strong>da</strong> região refletiu<br />

em benefícios para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e também para<br />

os que investem no Estado. Somente <strong>de</strong> malha<br />

asfáltica nova e sinaliza<strong>da</strong> no Tocantins, somam-<br />

-se 7 mil Km, informa o representante do governo,<br />

Paulo Massuia. (Com <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Assessoria <strong>de</strong><br />

imprensa do governo do tocantins).<br />

Preocupa<strong>da</strong> sempre em comercializar e distribuir produtos<br />

<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> diferencia<strong>da</strong> e tecnologia <strong>de</strong> ponta, a Circular<br />

Parafusos vem <strong>de</strong>stacando-se no cenário nacional ao<br />

especializar-se ca<strong>da</strong> vez mais no atendimento a usinas e<br />

indústrias do segmento sucroenergético.<br />

Televen<strong>da</strong>s<br />

(62) 3241-1613<br />

circularparafusos@hotmail.com<br />

<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 29


uma aventura<br />

refrescante pRinCipais<br />

Reconhecido<br />

como o melhor<br />

e maior parque<br />

aquático <strong>da</strong><br />

América Latina,<br />

Beach Park<br />

garante diversão<br />

e atrações para<br />

to<strong>da</strong> família<br />

Guilherme Barbosa<br />

o<br />

Estado do Ceará é uma gran<strong>de</strong> atração<br />

turística para brasileiros e estrangeiros. As<br />

praias, a culinária, a hospitali<strong>da</strong><strong>de</strong> do povo<br />

e o artesanato são elementos <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque<br />

<strong>da</strong> região. Alguns <strong>de</strong>stinos são característicos <strong>da</strong><br />

região, como Fortaleza, conheci<strong>da</strong> como a metrópole<br />

<strong>da</strong>s belas praias, ou o Parque Nacional<br />

Jericoacoara, que reúne um conjunto <strong>de</strong> belezas<br />

naturais <strong>de</strong> diferentes biomas. Uma <strong>da</strong>s principais<br />

âncoras turísticas do Ceará é o Beach Park, o<br />

maior parque aquático <strong>da</strong> América Latina, que<br />

agora entra em alta tempora<strong>da</strong> e se consagra<br />

como um dos principais pontos para as férias <strong>de</strong><br />

verão.<br />

Localizado em Porto <strong>da</strong>s Dunas, a 16 km <strong>de</strong><br />

Fortaleza, o Beach Park nasceu, em 1985, através<br />

<strong>de</strong> um ba<strong>da</strong>lado restaurante na beira <strong>da</strong> praia.<br />

Em 1989 inaugurou seu parque aquático, o primeiro<br />

<strong>da</strong> América Latina, com apenas três toboáguas.<br />

Hoje, já <strong>de</strong>nominado como Complexo Beach<br />

Park, ele apresenta uma vasta estrutura <strong>de</strong> turismo<br />

e lazer. Composto por praias, parques aquáticos<br />

e resorts, recebe mais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> visitantes<br />

por ano em busca <strong>de</strong> diversão e <strong>de</strong>scanso,<br />

tendo como plano <strong>de</strong> fundo a beleza natural do<br />

litoral cearense. Durante sua história, o parque<br />

conquistou importantes premiações, como os <strong>de</strong><br />

Melhor Parque do País, pelo Jornal O Estado, e<br />

Melhor Parque Temático, pela Revista Viagem e<br />

Turismo.<br />

Com mais <strong>de</strong> 180 mil metros quadrados <strong>de</strong><br />

atrações, o Beach Park é dividido em quatro gran<strong>de</strong>s<br />

espaços. Instalado em uma área <strong>de</strong> 55 mil m²,<br />

o Aqua Park é o maior e mais bem equipado parque<br />

aquático <strong>da</strong> América Latina, garantindo-se<br />

como a principal atração do local. Com uma completa<br />

estrutura <strong>de</strong> lazer, o parque oferece diversas<br />

opções <strong>de</strong> entretenimento que incluem o<br />

Maremoto, a maior piscina <strong>de</strong> on<strong>da</strong>s <strong>da</strong> América<br />

Latina; o Insano, o mais alto toboágua do mundo;<br />

a Arca <strong>de</strong> Noé, uma área volta<strong>da</strong> especialmente<br />

para as crianças; o Ramubrinká, uma torre <strong>de</strong> 24<br />

metros com sete toboáguas; e muito mais. No<br />

Aqua Park, os visitantes também encontram várias<br />

opções <strong>de</strong> alimentação, com bares, lanchonetes e<br />

um amplo restaurante self-service, o Beach Grill,<br />

que oferece pratos típicos <strong>da</strong> culinária cearense e<br />

internacional. O parque dispõe, ain<strong>da</strong>, <strong>de</strong> serviços<br />

médicos e <strong>de</strong> apoio, com ambulância e ambulatório<br />

bem equipados e atendimento especializado a<br />

grupos e pessoas com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s especiais.<br />

Para hospe<strong>da</strong>gem, são disponibilizados dois<br />

gran<strong>de</strong>s resorts, ambos permitindo aos hóspe<strong>de</strong>s<br />

livre acesso ao Aqua Park. O Beach Park Suites<br />

Resort, hotel <strong>de</strong> padrão internacional, conta com<br />

182 apartamentos localizados à beira-mar, <strong>de</strong>ntro<br />

do Complexo Beach Park, ao lado do parque aquático.<br />

Além <strong>da</strong> localização privilegia<strong>da</strong>, ele oferece<br />

a seus hóspe<strong>de</strong>s uma completa infra-estrutura <strong>de</strong><br />

serviços e lazer, com piscina, quadra poliesportiva,<br />

quadra <strong>de</strong> tênis, fitness center, saunas, teatro,<br />

restaurante, salão <strong>de</strong> beleza, sala <strong>de</strong> internet e loja<br />

<strong>de</strong> conveniência. A outra opção é o Beach Park<br />

Aqua Resort, que possui 123 apartamentos <strong>de</strong><br />

25 a 72 m². Entrecortando esta segun<strong>da</strong> alternativa,<br />

existe o Aqualink, um rio artificial que<br />

liga o hotel ao Aqua Park.<br />

Por fim, temos o Beach Park Praia, uma<br />

imensa área ao ar livre localiza<strong>da</strong> entre os<br />

resorts e ao lado do parque aquático. Contando<br />

com uma completa estrutura para receber os<br />

visitantes à beira mar, a área oferece serviços<br />

<strong>de</strong> alimentação e lazer com comodi<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

conforto, no melhor clima <strong>de</strong> praia. O visitante<br />

tem a sua disposição o Restaurante Beach Park<br />

Praia, que tem como especiali<strong>da</strong><strong>de</strong> caranguejo<br />

e comi<strong>da</strong>s típicas nor<strong>de</strong>stinas, além <strong>da</strong><br />

Gelateria, com sorvetes, doces e sucos, Loja<br />

Beach Shop, Museu <strong>da</strong> Janga<strong>da</strong>, Guest Service<br />

e Coffee Shop.<br />

Alimentação<br />

No Restaurante Beach Park Praia é possível<br />

<strong>de</strong>sfrutar <strong>da</strong> típica culinária nor<strong>de</strong>stina, com<br />

<strong>de</strong>staque para os pratos à base <strong>de</strong> caranguejo,<br />

peixes e mariscos. Localizado ao lado do Aqua<br />

Park, sua imensa estrutura ao ar livre tem<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para mais <strong>de</strong> 1500 pessoas. Em<br />

suas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, localiza-se, também, o<br />

Coffee Shop, local para saborear cafés, e o<br />

Ponto <strong>da</strong> Tapioca, que apresenta uma <strong>da</strong>s<br />

iguarias mais tradicionais do Ceará.<br />

Ca<strong>da</strong> resort tem duas opções quanto a alimentação.<br />

O Suites Resort contém o restaurante<br />

Porto <strong>da</strong>s Dunas, com serviço <strong>de</strong> buffet,<br />

à la carte e jantares temáticos, e o Jan<strong>da</strong><strong>da</strong>’s<br />

Bar, localizado <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> piscina do hotel e<br />

especialista em bebi<strong>da</strong>s com frutas exóticas e<br />

petiscos. Já o Aqua Resort conta com o Toaçu<br />

Bar, bar tropical, com teto <strong>de</strong> palha e estilo<br />

caribenho on<strong>de</strong> é possível <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> drinques<br />

tropicais e alimentos leves, e o Restaurante<br />

Aquiraz, que serve buffets variados utilizando<br />

o conceito <strong>de</strong> show kitchen para jantares e<br />

almoços à la carte.<br />

inFoRMações<br />

Como chegar: O Beach Park está<br />

localizado no Município <strong>de</strong> Aquiraz, na praia<br />

<strong>de</strong> Porto <strong>da</strong>s Dunas, no Estado do Ceará, a<br />

16 km <strong>de</strong> Fortaleza.<br />

Valores: O ingresso diário para adultos<br />

custa R$ 140 e o para crianças, <strong>de</strong> um<br />

metro <strong>de</strong> altura e até 12 anos, R$ 130. O<br />

passaporte para três dias vale R$ 179, já<br />

esporte e Lazer<br />

A equipe <strong>de</strong> esporte e lazer do hotel é composta<br />

por monitores infantis e animadores<br />

chamados <strong>de</strong> Beach Friends, que realizam ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

direciona<strong>da</strong>s ao público por faixa<br />

etária. A Wave School é uma escola <strong>de</strong> surf,<br />

localiza<strong>da</strong> na praia em frente ao hotel, com<br />

turmas dividi<strong>da</strong>s entre iniciantes e avançados.<br />

Caso os alunos completem as aulas com<br />

sucesso, são emitidos certificados que comprovam<br />

a sua participação nas aulas. O Kid’s<br />

Club, outra atração do parque, promove ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

durante todo o dia, <strong>da</strong>s 9h às 21h, com<br />

programação volta<strong>da</strong> para o público infantil.<br />

São dois grupos: Kid´s, para crianças <strong>de</strong> quatro<br />

a oito anos, e Radicais, para aqueles <strong>de</strong> nove a<br />

14 anos. Neste espaço as crianças encontram<br />

brinquedotecas, ateliê <strong>de</strong> pintura, piscinas e,<br />

para os mais novos, baby room.<br />

Para os mais velhos, existe a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> frequentar a Fitness Club, uma aca<strong>de</strong>mia<br />

que funciona diariamente <strong>da</strong>s 7h15 às 21h. Os<br />

hóspe<strong>de</strong>s têm a sua disposição aulas <strong>de</strong> alongamento,<br />

aeróbica, step e ritmos latinos, circuit<br />

training e hidroginástica localiza<strong>da</strong>. Outra<br />

opção para relaxar é a programação noturna,<br />

prepara<strong>da</strong> pela equipe do hotel para divertir a<br />

todos com festas, eventos especiais, apresentações<br />

<strong>de</strong> humoristas locais e shows <strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

É claro que não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong> falar do principal:<br />

as atrações do Aqua Park. Dividi<strong>da</strong>s por<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong>s e “nível <strong>de</strong> adrenalina”, os brinquedos<br />

são agrupados em três grupos. As atrações<br />

para a família são volta<strong>da</strong>s para o público<br />

infantil, sendo que em alguns brinquedos é<br />

necessário o acompanhamento dos responsáveis.<br />

As mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s são permiti<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong><br />

altura do público, medi<strong>da</strong> que varia <strong>de</strong> brinquedo<br />

para brinquedo. Já as radicais, as mais<br />

lembra<strong>da</strong>s e reconheci<strong>da</strong>s do parque, garantem<br />

uma boa dose <strong>de</strong> adrenalina para aqueles<br />

que se aventurarem.<br />

o passaporte para uma semana sai por<br />

R$ 189.<br />

pontos <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>: Quiosque Beach Park,<br />

localizado no Shopping Center Iguatemi;<br />

Beach Point, localizado na Aveni<strong>da</strong> Beira<br />

Mar; Hotel Aquaville e Hotel Oceani,<br />

localizados no Porto <strong>da</strong>s Dunas.<br />

Mais informações: (85) 4012-3000<br />

aTRações<br />

Aqua show: Ocupa uma área <strong>de</strong> 1,3 mil m² em<br />

frente à praia, com vista para o mar e música<br />

exclusiva em ritmo caribenho. O Aqua Show<br />

reúne 78 brinquedos interativos para to<strong>da</strong>s as<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong>s, o que garante diversão a pais e filhos.<br />

Dividido em seis plataformas, conta com quatro<br />

toboáguas, 14 canhões, moinhos e hélices d’água,<br />

jatos, duchas, chafarizes, calhas, gêiseres e um<br />

bal<strong>de</strong> com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 1,8 mil litros, localizado<br />

no centro do brinquedo, que provoca uma<br />

enxurra<strong>da</strong> <strong>de</strong> água a ca<strong>da</strong> hora.<br />

Atlantis: A pista, um imenso toboágua, nasce em<br />

uma torre <strong>de</strong> 17,5 metros <strong>de</strong> altura e se esten<strong>de</strong><br />

por um percurso <strong>de</strong> 71 metros <strong>de</strong> comprimento.<br />

Para enfrentar o gran<strong>de</strong> rio, os aventureiros<br />

<strong>de</strong>scem utilizando uma bóia, que alcança uma<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> 34 km/h.<br />

ilha do tesouro: Apresenta um barco pirata com<br />

canhões d’água, pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> forte com seis peças<br />

<strong>de</strong> artilharia <strong>de</strong> água, uma corre<strong>de</strong>ira, um farol<br />

com toboágua em caracol e uma serpente<br />

aquática. Conta ain<strong>da</strong> com o Aquabismo, rampa<br />

<strong>de</strong> água para uso sem bóias, medindo 15 metros<br />

<strong>de</strong> boca.<br />

insano: Provavelmente a atração mais conheci<strong>da</strong><br />

do Beach Park. Com 41 metros <strong>de</strong> altura, o<br />

equivalente a um prédio <strong>de</strong> 14 an<strong>da</strong>res, o Insano<br />

permite uma <strong>de</strong>sci<strong>da</strong> rápi<strong>da</strong>, entre quatro e cinco<br />

segundos, a uma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 105 km/h.<br />

Kalafrio: Nesta atração, os corajosos <strong>de</strong>slizam <strong>de</strong><br />

uma torre a 11 metros <strong>de</strong> altura direto em um<br />

“half” gigante, em formato <strong>de</strong> pista <strong>de</strong> skate,<br />

para subir a quase sete metros <strong>de</strong> altura em um<br />

ângulo <strong>de</strong> quase 90º, atingindo uma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

média <strong>de</strong> 22 km/h. O equipamento utiliza bóias<br />

para uma ou duas pessoas.<br />

maremoto: Com 4,4 mil metros quadrados e três<br />

milhões <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> água, o Maremoto tem duas<br />

imensas piscinas, com <strong>de</strong>clive suave até a parte<br />

mais profun<strong>da</strong>, com quase dois metros <strong>de</strong><br />

fundura. Uma <strong>da</strong>s piscinas é <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> à prática<br />

do body board, já a outra é indica<strong>da</strong> para aqueles<br />

que queiram apenas flutuar nas on<strong>da</strong>s sobre<br />

bóias. As on<strong>da</strong>s chegam a ter até 1,30 m <strong>de</strong><br />

altura.<br />

moréia Negra: Um gigantesco e totalmente<br />

fechado toboágua. São 67 metros <strong>de</strong> extensão,<br />

11 metros <strong>de</strong> altura percorridos a uma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

média <strong>de</strong> 13 km/h. A <strong>de</strong>sci<strong>da</strong> é feita com auxílio<br />

<strong>de</strong> um tapete individual.<br />

ramubrinká: A atração tem sete toboáguas, uma<br />

torre <strong>de</strong> 24 metros <strong>de</strong> altura, uma piscina <strong>de</strong> 500<br />

mil litros, sendo a maior atração já instala<strong>da</strong> no<br />

Beach Park em seus 23 anos <strong>de</strong> história. Voltado<br />

para quem gosta <strong>de</strong> emoções fortes, ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong><br />

seus toboáguas proporciona uma experiência<br />

diferente em função <strong>de</strong> tamanho, formato,<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sci<strong>da</strong> e acessórios.


Opinião<br />

vâNiA ANdrA<strong>de</strong> <strong>de</strong> souzA<br />

é sócia-lí<strong>de</strong>r do setor <strong>de</strong><br />

energia <strong>da</strong> KPMG no Brasil.<br />

34 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />

Incentivo à energia renovável<br />

<strong>de</strong>ve ser priori<strong>da</strong><strong>de</strong> no Brasil<br />

Amigração para o novo padrão contábil<br />

(IFRS, ou nA realização <strong>da</strong> Conferência<br />

Rio+20 enfatizou assunto que vem sendo<br />

muito discutido recentemente pelos governos.<br />

Com a inclusão na pauta do Encontro do tema<br />

energia renovável , o mundo se vê obrigado a<br />

discutir efetivamente alternativas viáveis e aplicar<br />

na prática iniciativas <strong>de</strong> incentivo ao uso <strong>de</strong><br />

fontes limpas. O exemplo mais recente que se tem<br />

notícias foi o do Japão, que aprovou um plano <strong>de</strong><br />

incentivo à produção <strong>de</strong> energia limpa que <strong>de</strong>ve<br />

resultar em um investimento <strong>de</strong> pelo menos US$<br />

9,6 bilhões em novas instalações, com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> geração <strong>de</strong> 3,2 gigawatts<br />

Essas políticas <strong>de</strong> incentivos aplicáveis à produção<br />

<strong>de</strong> energia renovável no mundo também<br />

vêm sendo objeto <strong>de</strong> estudo <strong>da</strong> KPMG, que levantou<br />

e comparou informações <strong>de</strong> subsídios aplicados<br />

por 15 países, como o feed-in tariff (mecanismo<br />

<strong>de</strong> estímulo à produção <strong>de</strong> energia renovável),<br />

portfólios renováveis, subsídio <strong>de</strong> capital e <strong>de</strong>scontos,<br />

investimentos e créditos fiscais, redução<br />

<strong>de</strong> impostos, taxas ou IVA<br />

sobre a comercialização <strong>de</strong><br />

energia, certificados comercializáveis<br />

<strong>de</strong> energia renovável<br />

(RE), entre outros. O<br />

levantamento mostrou que<br />

pelo menos 83 países têm<br />

algum tipo <strong>de</strong> política para<br />

promover a geração <strong>de</strong><br />

energia renovável na busca<br />

<strong>de</strong> recursos eficientes, <strong>de</strong><br />

baixa emissão <strong>de</strong> carbono e<br />

maneiras <strong>de</strong> fornecimento<br />

<strong>de</strong> energia suficiente para<br />

garantir o crescimento sustentável<br />

<strong>da</strong>s economias em todo o mundo.<br />

Junto com a nova regulamentação mundial<br />

<strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a reduzir as emissões <strong>de</strong> carbono e<br />

atingir a segurança energética, muitos governos<br />

dão apoio à geração <strong>de</strong> base renovável com uma<br />

ampla varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> incentivos, sejam eles fiscais<br />

ou relacionados a fontes <strong>de</strong> financiamento existentes.<br />

Isso certamente visa a atração <strong>de</strong> novos<br />

investimentos locais e estrangeiros para esse setor,<br />

que vem sendo ca<strong>da</strong> vez mais valorizado.<br />

Neste contexto, o Brasil aparece no estudo como<br />

tendo adotado três dos <strong>de</strong>z itens pesquisados:<br />

subsídio <strong>de</strong> capital e concessão <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontos; investimentos<br />

públicos, empréstimos e financiamentos;<br />

e licitações públicas. Apesar <strong>de</strong> a pesquisa<br />

apontar que o Brasil possui três políticas <strong>de</strong><br />

promoção, o país é o que possui uma <strong>da</strong>s matrizes<br />

energéticas mais limpas do mundo, enquanto que<br />

a China e os Estados Unidos são os que mais investem<br />

em política <strong>de</strong> renováveis, mas continuam<br />

gerando parte <strong>de</strong> sua energia <strong>da</strong> queima <strong>de</strong> carvão,<br />

que é um recurso altamente poluente. Vale<br />

lembrar que o Brasil, além <strong>de</strong> possuir uma matriz<br />

energética fortemente basea<strong>da</strong> em geração hidroelétrica,<br />

adota diversos programas <strong>de</strong> utilização<br />

<strong>de</strong> combustíveis renováveis, que vêm sendo <strong>de</strong>senvolvidos<br />

e se intensificando nos últimos três<br />

anos. Lembramos que, com base nessas informa-<br />

É certo que o Brasil<br />

vem caminhando na<br />

direção do aumento<br />

do uso <strong>de</strong> energias<br />

renováveis “<br />

ções, é preciso avaliar a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> país e<br />

pon<strong>de</strong>rar a sua efetiva aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Apesar <strong>de</strong>sse cenário brasileiro otimista, o país<br />

não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdiçar o potencial que tem para a<br />

geração <strong>de</strong> energia limpa, principalmente, nas regiões<br />

Norte e Nor<strong>de</strong>ste, e assim conseguir atingir<br />

as metas estabeleci<strong>da</strong>s para redução, até 2030, do<br />

consumo energético advindo <strong>de</strong> fontes poluidoras.<br />

Para isso, é primordial que aumente a participação<br />

<strong>de</strong>ssas opções mais limpas em nossa matriz<br />

energética, aproveitando o forte potencial <strong>de</strong><br />

expansão do nosso mo<strong>de</strong>lo energético.<br />

É certo que o Brasil vem caminhando na direção<br />

do aumento do uso <strong>de</strong> energias renováveis e<br />

<strong>de</strong> uma economia com menor emissão <strong>de</strong> carbono,<br />

pois já possui uma matriz energética consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />

limpa (com 45,3% <strong>da</strong> produção proveniente<br />

<strong>de</strong> fontes como recursos hídricos, biomassa e etanol,<br />

além <strong>da</strong>s energias eólica e solar, diante <strong>da</strong><br />

média mundial <strong>de</strong> 13%, e <strong>de</strong> apenas 6% nos países<br />

<strong>de</strong>senvolvidos). As usinas hidrelétricas são<br />

responsáveis pela produção <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 75% <strong>da</strong><br />

eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> gera<strong>da</strong> aqui.<br />

Na área <strong>da</strong> biomassa, a<br />

produção do etanol <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />

tem potencial<br />

para crescer nos próximos<br />

anos e há possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> utilização ca<strong>da</strong><br />

vez maior do biogás, além<br />

do avanço que vem ocorrendo<br />

na geração <strong>de</strong> energia<br />

eólica. Segundo estimativas<br />

constantes do<br />

Plano Decenal, a participação<br />

<strong>da</strong>s hidrelétricas na<br />

matriz elétrica brasileira<br />

ten<strong>de</strong> a cair <strong>de</strong> 76% para 67%, enquanto a geração<br />

por fontes alternativas (energia eólica, térmica,<br />

<strong>bioenergia</strong> e pequenas centrais hidrelétricas -<br />

PCHs) <strong>de</strong>ve dobrar, <strong>de</strong> 8% para 16% até 2020.<br />

Também é interessante <strong>de</strong>stacar que o Brasil foi<br />

incluído recentemente como o quinto país que<br />

mais se <strong>de</strong>senvolveu <strong>de</strong> maneira sustentável entre<br />

os anos <strong>de</strong> 1990 e 2008, <strong>de</strong> acordo com o Índice<br />

<strong>de</strong> Riqueza Inclusiva (IRI), lançado pela ONU na<br />

Rio+20, à frente <strong>de</strong> nações como os EUA, por<br />

exemplo.<br />

A adoção <strong>de</strong> estratégias energéticas que tenha<br />

como benefício a utilização e a valorização <strong>de</strong><br />

fontes <strong>de</strong> energia renovável é indiscutível, consi<strong>de</strong>rando-se<br />

inclusive sua participação ca<strong>da</strong> vez<br />

mais relevante no âmbito <strong>da</strong> matriz energética<br />

mundial e que vem ganhado ca<strong>da</strong> vez mais espaço<br />

no Brasil. Mas os <strong>de</strong>safios são muitos e <strong>de</strong>vem<br />

ser enfrentados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já , principalmente consi<strong>de</strong>rando<br />

a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> crescente, alto preço <strong>da</strong>s<br />

energias renováveis, tributos e a busca por menores<br />

tarifas, aliados aos altos investimentos necessários<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento esperado e gran<strong>de</strong>s<br />

eventos esportivos que ocorrerão no País em<br />

anos vindouros mais recentes. Só assim será possível<br />

obter resultados positivos que garantam<br />

equilíbrio e sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> à relação entre a vi<strong>da</strong><br />

e o meio ambiente no médio e longo prazo.

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