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Novembro de 2012 - Canal : O jornal da bioenergia

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Bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

À espera <strong>da</strong><br />

luz no fim do túnel<br />

Estudos realizados<br />

no Brasil mapeiam<br />

os motivos que<br />

impe<strong>de</strong>m o<br />

crescimento em<br />

investimentos<br />

na cogeração <strong>de</strong><br />

energia a partir <strong>da</strong><br />

biomassa<br />

18 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />

Fernando <strong>da</strong>ntas<br />

A<br />

energia gera<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> cana<strong>de</strong>-açúcar<br />

representa 3,5% <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong> total do País. O aproveitamento<br />

<strong>da</strong> biomassa ain<strong>da</strong> é<br />

pequeno se for leva<strong>da</strong> em consi<strong>de</strong>ração a<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> usinas espalha<strong>da</strong>s pelo Brasil,<br />

que já somam 441 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s em operação.<br />

Entretanto, não é por falta <strong>de</strong> interesse <strong>da</strong>s<br />

indústrias que esse número não é maior,<br />

existem motivos que explicam os entraves<br />

para a expansão <strong>da</strong> bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>. As respostas<br />

foram mapea<strong>da</strong>s em dois estudos<br />

realizados nos últimos anos por especialistas<br />

brasileiros e que revelam as causas possíveis<br />

para o pouco aproveitamento do<br />

potencial <strong>de</strong> utilização <strong>da</strong> biomassa.<br />

O estudo sobre regulação <strong>de</strong> energia elétrica<br />

com biomassa <strong>da</strong> cana, feito pelo pósdoutorando<br />

<strong>da</strong> Unicamp e professor <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília (UnB), Luiz Vicente<br />

Gentil, i<strong>de</strong>ntificou que a conexão entre a<br />

usina <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar e o ponto <strong>de</strong> acesso<br />

à re<strong>de</strong> distribuidora ou <strong>da</strong> transmissora é<br />

um dos principais obstáculos para ampliar a<br />

bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Dados <strong>da</strong> pesquisa mostram<br />

que a obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> as empresas do<br />

setor sucroenergético terem <strong>de</strong> arcar sozinhas<br />

com os custos <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> linhas<br />

<strong>de</strong> transmissão po<strong>de</strong> representar até 30%<br />

do total <strong>de</strong> investimento em um projeto <strong>de</strong><br />

bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Com incentivos para custeio <strong>da</strong> construção<br />

<strong>da</strong>s linhas <strong>de</strong> transmissão, que ligam a usina a<br />

um ponto <strong>de</strong> acesso à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição<br />

elétrica, o Brasil po<strong>de</strong>ria, nos próximos anos,<br />

saltar na geração <strong>de</strong> energia a partir <strong>da</strong> biomassa,<br />

aten<strong>de</strong>ndo mais <strong>de</strong> 8% <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><br />

nacional, resultando ain<strong>da</strong> em US$ 1,75 bilhão<br />

em receita para as usinas. Atualmente, 90% <strong>da</strong><br />

carga elétrica do País têm origem nas usinas<br />

hidroelétricas e o restante vem <strong>de</strong> outras fontes,<br />

inclusive a eólica. O investimento, seja por<br />

meio <strong>da</strong> <strong>de</strong>soneração ou oferta <strong>de</strong> incentivos<br />

para a geração <strong>de</strong> energia a partir <strong>da</strong> biomassa,<br />

eólica, solar e outras po<strong>de</strong>ria contribuir<br />

para reduzir a carga <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

hidroelétricas e evitar, assim, os frequentes<br />

apagões que têm ocorrido no Brasil nos último<br />

anos.<br />

De acordo com o gerente <strong>de</strong> Bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> União <strong>da</strong> Indústria <strong>de</strong> Cana-<strong>de</strong>-Açúcar<br />

(Unica), Zilmar José <strong>de</strong> Souza, o atual mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> regulação implica em custos, onerando a<br />

usina. “Há a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma política<br />

setorial <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> à bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>, em especial<br />

ao aspecto <strong>da</strong> conexão. Se essa infraestrutura<br />

fosse oferta<strong>da</strong>, <strong>de</strong>soneraria em 30% o<br />

investimento e tornaria a energia oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

biomassa mais competitiva nos leilões”,<br />

acrescenta.<br />

mapeamento<br />

A pesquisa ‘Determinantes do baixo aproveitamento<br />

do potencial elétrico do setor<br />

sucroenergético: uma pesquisa <strong>de</strong> campo’,<br />

realiza<strong>da</strong> pelo Banco Nacional do<br />

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),<br />

em parceria com o Grupo <strong>de</strong> Estudos do Setor<br />

Elétrico <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

(UFRJ), verificou que as principais causas para<br />

inibir o investimento na cogeração <strong>de</strong> energia<br />

elétrica se <strong>de</strong>vem: à dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conexão <strong>da</strong>s<br />

centrais térmicas à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição, a fragili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

econômica e financeira, e a inexperiência<br />

em operar no setor elétrico <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s<br />

usinas. O estudo foi feito na safra 2009/2010, em<br />

207 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s sucroenergéticas no País (<strong>de</strong> um<br />

total <strong>de</strong> 438 na época), com a proposta <strong>de</strong><br />

conhecer a ótica <strong>da</strong>s usinas e estimular o melhor<br />

aproveitamento do potencial elétrico do setor<br />

sucroenergético.<br />

De acordo com a pesquisa, a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conexão <strong>da</strong>s centrais térmicas está relaciona<strong>da</strong><br />

com o fato <strong>de</strong> a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição ter sido<br />

projeta<strong>da</strong> apenas para atendimento <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> consumidores e não <strong>de</strong> coleta <strong>da</strong> geração <strong>de</strong><br />

energia. Essa situação torna necessários, para a<br />

conexão <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s cogeradoras, investimentos<br />

para o dimensionamento econômico, e <strong>de</strong> menor<br />

custo global para o sistema. O levantamento<br />

i<strong>de</strong>ntificou também que parte <strong>da</strong>s usinas que<br />

ain<strong>da</strong> não investe em cogeração não o faz <strong>de</strong>vido<br />

ao custo dos investimentos em mo<strong>de</strong>rnização<br />

<strong>da</strong> planta e às condições <strong>de</strong> financiamento ao<br />

investimento.<br />

No caso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar uma planta já existente,<br />

é necessário substituir equipamentos do<br />

processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> energia que ain<strong>da</strong> pos-<br />

Luiz Vicente Gentil,<br />

professor <strong>da</strong> UNB,<br />

<strong>de</strong>senvolveu estudo<br />

sobre regulação <strong>de</strong><br />

energia elétrica com<br />

biomassa <strong>da</strong> cana<br />

suem vi<strong>da</strong> útil, como cal<strong>de</strong>iras, turbinas e geradores,<br />

o que representa custo para as usinas.<br />

Agora, existe uma diferença nos projetos greenfields<br />

e <strong>de</strong> expansão <strong>da</strong> moagem <strong>de</strong> cana, pois os<br />

equipamentos já integram um plano <strong>de</strong> investimento<br />

e estão previstos na receita <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

industriais.<br />

Outro ponto verificado no estudo, e que não é<br />

comum <strong>de</strong> ser tratado como entrave, foi a carga<br />

tributária. O problema tributário ocorre principalmente<br />

nos investimentos em bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

que optam por separar a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> usina <strong>de</strong><br />

açúcar e etanol, criando uma empresa <strong>de</strong> geração<br />

<strong>de</strong> energia elétrica.<br />

<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 19

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