Novembro de 2012 - Canal : O jornal da bioenergia

Cogeração
Difícil, mas possível
ETH Bioenergia
comprova que, apesar
de entraves, cogeração
de energia a partir
da cana-de-açúcar
é uma alternativa
sustentável e viável
economicamente
20 • CANAL, Jornal da Bioenergia
Guilherme Barbosa
Em meio à discussão sobre economia
verde, um dos temas que vem
ganhando destaque é a geração de
energia por fontes limpas e renováveis.
Segundo dados da Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), ao longo da
próxima década, o conjunto de fontes de
energia renováveis no País crescerá a uma
taxa média de 5,1% ao ano. Estudos indicam
que, até 2021, estas fontes passarão
a ser responsáveis por 45% do total da
matriz energética brasileira. Atualmente,
43,1% da matriz energética brasileira é
composta por renováveis, energia produzida
principalmente por usinas hidrelétricas
e biocombustíveis. De acordo com
informações da União da Indústria de
Cana-de-açúcar (Unica), deste total,
17,8% são provenientes da cana-de-açúcar,
a primeira fonte de energia sustentável
do País.
O Brasil possui cerca de 450 usinas
sucroenergéticas, sendo que a maior parte
delas está localizada na região Centro-
Sul, maior consumidora de energia. Tratase
de uma enorme reserva de bagaço de
cana-de-açúcar, fonte de energia limpa e
renovável, disponível perto dos centros de
consumo elétrico. Com uma tonelada de
bagaço, que significa 25% a 30% do peso
da cana processada com 50% de umidade,
pode-se gerar 300 KWh, quase o dobro do
consumo médio de uma residência, que é
de 154 KWh. Além disso, a energia de
biomassa é ainda altamente complementar
às hidrelétricas, pois se encontra disponível
nos meses de safra, exatamente o
período de menor pluviosidade, em que
rios e reservatórios estão baixos. Mesmo
assim, só 22% destas usinas exportam
energia para o sistema elétrico, contribuindo
com 2% do consumo anual.
É importante ressaltar que, do total da
energia contida na planta de cana-de-
açúcar, o álcool responde por cerca de um
terço, estando o restante distribuído entre
o bagaço, os ponteiros e a palhada. Logo,
a cogeração movimenta uma cadeia energética
com potencial de dobrar a energia
obtida pela produção do álcool.
Dados da Secretaria de Energia Elétrica
do Ministério de Minas e Energia mostram
que a biomassa está em terceiro
lugar na geração de energia, atrás da
hidroeletricidade e gás, o que demonstra
a importância do setor sucroenergético
para o País. Ambientalmente sustentável,
o sistema de cogeração produz baixo
nível de emissão de poluentes, possibilita
a mitigação de impactos ambientais,
substitui a produção das térmicas a óleo
combustível ou gás natural, ambas mais
caras e poluentes, complementando a energia
hidráulica. Além das vantagens ambientais, a
geração de energia a partir de biomassa apresenta
importantes benefícios econômicos.
Como a geração é descentralizada e próxima
dos centros de consumo, há uma redução nos
custos para a população.
É claro que existem desafios para a viabilidade
desta produção. As redes de distribuição são
falhas e não alcançam as diversas regiões compradoras,
os leilões de energia não recebem os
incentivos necessários e faltam políticas nacionais
para a integração da energia de biomassa
na matriz energética. Porém, dentre tantos
percalços, existem exemplos de quem obtém
sucesso neste setor. A ETH Bioenergia, controlada
pela Organização Odebrecht, é líder em bioenergia,
com a produção de 2.700 Gwh/ano de
Sistema de cogeração
produz baixo nível de
emissão de poluentes
energia elétrica a partir da cana-de- açúcar. O
grupo possui três unidades localizadas no
Estado de Goiás (Morro Vermelho, Água
Emendada e Rio Claro), que somarão na safra
atual cerca de 5.250 mil Mwh de energia elétrica
a partir da biomassa.
A expectativa do setor é aumentar em 18% a
sua participação na matriz elétrica brasileira até
o final desta década, tendo assim mais de 13 mil
MW médios de energia elétrica disponível nos
canaviais do Centro-Sul do País, o equivalente a
três usinas de Belo Monte ou 14% das necessidades
nacionais em 2020. Em 2012, a energia a
partir do bagaço de cana representará aproximadamente
15% da receita da ETH. A previsão
do grupo é de que esta parte de sua receita
suba para 20% na safra de 2014/15. (Com informações
da Assessoria de imprensa da etH).
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