Novembro de 2012 - Canal : O jornal da bioenergia
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Opinião<br />
vâNiA ANdrA<strong>de</strong> <strong>de</strong> souzA<br />
é sócia-lí<strong>de</strong>r do setor <strong>de</strong><br />
energia <strong>da</strong> KPMG no Brasil.<br />
34 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />
Incentivo à energia renovável<br />
<strong>de</strong>ve ser priori<strong>da</strong><strong>de</strong> no Brasil<br />
Amigração para o novo padrão contábil<br />
(IFRS, ou nA realização <strong>da</strong> Conferência<br />
Rio+20 enfatizou assunto que vem sendo<br />
muito discutido recentemente pelos governos.<br />
Com a inclusão na pauta do Encontro do tema<br />
energia renovável , o mundo se vê obrigado a<br />
discutir efetivamente alternativas viáveis e aplicar<br />
na prática iniciativas <strong>de</strong> incentivo ao uso <strong>de</strong><br />
fontes limpas. O exemplo mais recente que se tem<br />
notícias foi o do Japão, que aprovou um plano <strong>de</strong><br />
incentivo à produção <strong>de</strong> energia limpa que <strong>de</strong>ve<br />
resultar em um investimento <strong>de</strong> pelo menos US$<br />
9,6 bilhões em novas instalações, com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> geração <strong>de</strong> 3,2 gigawatts<br />
Essas políticas <strong>de</strong> incentivos aplicáveis à produção<br />
<strong>de</strong> energia renovável no mundo também<br />
vêm sendo objeto <strong>de</strong> estudo <strong>da</strong> KPMG, que levantou<br />
e comparou informações <strong>de</strong> subsídios aplicados<br />
por 15 países, como o feed-in tariff (mecanismo<br />
<strong>de</strong> estímulo à produção <strong>de</strong> energia renovável),<br />
portfólios renováveis, subsídio <strong>de</strong> capital e <strong>de</strong>scontos,<br />
investimentos e créditos fiscais, redução<br />
<strong>de</strong> impostos, taxas ou IVA<br />
sobre a comercialização <strong>de</strong><br />
energia, certificados comercializáveis<br />
<strong>de</strong> energia renovável<br />
(RE), entre outros. O<br />
levantamento mostrou que<br />
pelo menos 83 países têm<br />
algum tipo <strong>de</strong> política para<br />
promover a geração <strong>de</strong><br />
energia renovável na busca<br />
<strong>de</strong> recursos eficientes, <strong>de</strong><br />
baixa emissão <strong>de</strong> carbono e<br />
maneiras <strong>de</strong> fornecimento<br />
<strong>de</strong> energia suficiente para<br />
garantir o crescimento sustentável<br />
<strong>da</strong>s economias em todo o mundo.<br />
Junto com a nova regulamentação mundial<br />
<strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a reduzir as emissões <strong>de</strong> carbono e<br />
atingir a segurança energética, muitos governos<br />
dão apoio à geração <strong>de</strong> base renovável com uma<br />
ampla varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> incentivos, sejam eles fiscais<br />
ou relacionados a fontes <strong>de</strong> financiamento existentes.<br />
Isso certamente visa a atração <strong>de</strong> novos<br />
investimentos locais e estrangeiros para esse setor,<br />
que vem sendo ca<strong>da</strong> vez mais valorizado.<br />
Neste contexto, o Brasil aparece no estudo como<br />
tendo adotado três dos <strong>de</strong>z itens pesquisados:<br />
subsídio <strong>de</strong> capital e concessão <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontos; investimentos<br />
públicos, empréstimos e financiamentos;<br />
e licitações públicas. Apesar <strong>de</strong> a pesquisa<br />
apontar que o Brasil possui três políticas <strong>de</strong><br />
promoção, o país é o que possui uma <strong>da</strong>s matrizes<br />
energéticas mais limpas do mundo, enquanto que<br />
a China e os Estados Unidos são os que mais investem<br />
em política <strong>de</strong> renováveis, mas continuam<br />
gerando parte <strong>de</strong> sua energia <strong>da</strong> queima <strong>de</strong> carvão,<br />
que é um recurso altamente poluente. Vale<br />
lembrar que o Brasil, além <strong>de</strong> possuir uma matriz<br />
energética fortemente basea<strong>da</strong> em geração hidroelétrica,<br />
adota diversos programas <strong>de</strong> utilização<br />
<strong>de</strong> combustíveis renováveis, que vêm sendo <strong>de</strong>senvolvidos<br />
e se intensificando nos últimos três<br />
anos. Lembramos que, com base nessas informa-<br />
É certo que o Brasil<br />
vem caminhando na<br />
direção do aumento<br />
do uso <strong>de</strong> energias<br />
renováveis “<br />
ções, é preciso avaliar a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> país e<br />
pon<strong>de</strong>rar a sua efetiva aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Apesar <strong>de</strong>sse cenário brasileiro otimista, o país<br />
não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdiçar o potencial que tem para a<br />
geração <strong>de</strong> energia limpa, principalmente, nas regiões<br />
Norte e Nor<strong>de</strong>ste, e assim conseguir atingir<br />
as metas estabeleci<strong>da</strong>s para redução, até 2030, do<br />
consumo energético advindo <strong>de</strong> fontes poluidoras.<br />
Para isso, é primordial que aumente a participação<br />
<strong>de</strong>ssas opções mais limpas em nossa matriz<br />
energética, aproveitando o forte potencial <strong>de</strong><br />
expansão do nosso mo<strong>de</strong>lo energético.<br />
É certo que o Brasil vem caminhando na direção<br />
do aumento do uso <strong>de</strong> energias renováveis e<br />
<strong>de</strong> uma economia com menor emissão <strong>de</strong> carbono,<br />
pois já possui uma matriz energética consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />
limpa (com 45,3% <strong>da</strong> produção proveniente<br />
<strong>de</strong> fontes como recursos hídricos, biomassa e etanol,<br />
além <strong>da</strong>s energias eólica e solar, diante <strong>da</strong><br />
média mundial <strong>de</strong> 13%, e <strong>de</strong> apenas 6% nos países<br />
<strong>de</strong>senvolvidos). As usinas hidrelétricas são<br />
responsáveis pela produção <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 75% <strong>da</strong><br />
eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> gera<strong>da</strong> aqui.<br />
Na área <strong>da</strong> biomassa, a<br />
produção do etanol <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />
tem potencial<br />
para crescer nos próximos<br />
anos e há possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> utilização ca<strong>da</strong><br />
vez maior do biogás, além<br />
do avanço que vem ocorrendo<br />
na geração <strong>de</strong> energia<br />
eólica. Segundo estimativas<br />
constantes do<br />
Plano Decenal, a participação<br />
<strong>da</strong>s hidrelétricas na<br />
matriz elétrica brasileira<br />
ten<strong>de</strong> a cair <strong>de</strong> 76% para 67%, enquanto a geração<br />
por fontes alternativas (energia eólica, térmica,<br />
<strong>bioenergia</strong> e pequenas centrais hidrelétricas -<br />
PCHs) <strong>de</strong>ve dobrar, <strong>de</strong> 8% para 16% até 2020.<br />
Também é interessante <strong>de</strong>stacar que o Brasil foi<br />
incluído recentemente como o quinto país que<br />
mais se <strong>de</strong>senvolveu <strong>de</strong> maneira sustentável entre<br />
os anos <strong>de</strong> 1990 e 2008, <strong>de</strong> acordo com o Índice<br />
<strong>de</strong> Riqueza Inclusiva (IRI), lançado pela ONU na<br />
Rio+20, à frente <strong>de</strong> nações como os EUA, por<br />
exemplo.<br />
A adoção <strong>de</strong> estratégias energéticas que tenha<br />
como benefício a utilização e a valorização <strong>de</strong><br />
fontes <strong>de</strong> energia renovável é indiscutível, consi<strong>de</strong>rando-se<br />
inclusive sua participação ca<strong>da</strong> vez<br />
mais relevante no âmbito <strong>da</strong> matriz energética<br />
mundial e que vem ganhado ca<strong>da</strong> vez mais espaço<br />
no Brasil. Mas os <strong>de</strong>safios são muitos e <strong>de</strong>vem<br />
ser enfrentados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já , principalmente consi<strong>de</strong>rando<br />
a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> crescente, alto preço <strong>da</strong>s<br />
energias renováveis, tributos e a busca por menores<br />
tarifas, aliados aos altos investimentos necessários<br />
ao <strong>de</strong>senvolvimento esperado e gran<strong>de</strong>s<br />
eventos esportivos que ocorrerão no País em<br />
anos vindouros mais recentes. Só assim será possível<br />
obter resultados positivos que garantam<br />
equilíbrio e sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> à relação entre a vi<strong>da</strong><br />
e o meio ambiente no médio e longo prazo.