Novembro de 2012 - Canal : O jornal da bioenergia
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Goiânia/GO novembro <strong>de</strong> <strong>2012</strong> Ano 7 N° 73<br />
Bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
IMPRESSO - Envelopamento autorizado. Po<strong>de</strong> ser aberto pelo ECT<br />
www.canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />
Com apoio para custeio <strong>da</strong> construção<br />
<strong>da</strong>s linhas <strong>de</strong> transmissão, Brasil po<strong>de</strong>ria<br />
saltar na geração <strong>de</strong> energia a partir<br />
<strong>da</strong> biomassa, aten<strong>de</strong>ndo parte<br />
significativa <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> nacional<br />
Mala Direta Postal<br />
Básica<br />
9912258380/2010-DR/GO<br />
Mac Editora<br />
REMETENTE<br />
Caixa Postal 4116<br />
A.C.F Serrinha<br />
74823-971 - Goiânia - Goiás<br />
À espera <strong>de</strong> incentivos<br />
Entrevista: José Luiz Olivério, vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Dedini
<strong>2012</strong> © Spectrum Art Company<br />
Supre<br />
Supre<br />
o sistema solo-planta,<br />
fornecendo fósforo e<br />
cálcio em abundância.<br />
Uniformiza<br />
Uniformiza<br />
a fertili<strong>da</strong><strong>de</strong> do solo,<br />
com suprimento contínuo<br />
<strong>de</strong> fósforo.<br />
Promove<br />
Promove<br />
o crescimento <strong>da</strong>s raízes,<br />
aumentando o volume <strong>de</strong><br />
solo explorado.<br />
Recomen<strong>da</strong>do<br />
Recomen<strong>da</strong>do<br />
tanto para fosfatagem<br />
corretiva e como para<br />
adubação <strong>de</strong> manutenção.<br />
Aumenta<br />
Aumenta<br />
o volume <strong>de</strong> matéria ver<strong>de</strong>,<br />
o número <strong>de</strong> colmos e a<br />
altura <strong>de</strong> plantas.<br />
Em campo a nova linha<br />
<strong>de</strong> fertilizantes sustentáveis,<br />
garantia <strong>de</strong> suprimento<br />
contínuo <strong>de</strong> fósforo.<br />
Composição<br />
Composição<br />
Fósforo (P2O5) solúvel<br />
em CNA* + água 9 %<br />
Fósforo (P2O5) total 14 %<br />
Cálcio (Ca) total 12 %<br />
Central Central <strong>de</strong> <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s<br />
Ven<strong>da</strong>s<br />
(64) 3442-4356<br />
Catafós Fertilizantes<br />
Catalão - Goiás<br />
www.supraphos.com.br<br />
Potencializa<br />
Potencializa<br />
a brotação e formação <strong>da</strong>s<br />
soqueiras, aumentando a<br />
longevi<strong>da</strong><strong>de</strong> do canavial.<br />
Hastes<br />
Hastes<br />
com internódios longos,<br />
mais produtivas e com<br />
elevado teor <strong>de</strong> açúcar.<br />
Otimiza<br />
Otimiza<br />
os resultados <strong>da</strong> safra – é<br />
um produto sustentável<br />
e economicamente viável.<br />
Supera<br />
Supera<br />
concorrentes com melhor<br />
custo/benefício e excelentes<br />
vantagens para o produtor.<br />
canal, o Jor nal <strong>da</strong> Bi o e ner gia, é uma pu bli ca ção <strong>da</strong> MAC Edi to ra e<br />
Jor na lis mo Lt<strong>da</strong>. - CNPJ 05.751.593/0001-41<br />
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com.br / Tiragem: 11.000 exemplares / impressão: Ellite Gráfica – ellitegrafica2003@yahoo.com.<br />
br / canal, o Jornal <strong>da</strong> Bioenergia não se responsabiliza pelos conceitos e opiniões emitidos<br />
nas reportagens e artigos assinados. Eles representam, literalmente, a opinião <strong>de</strong> seus autores.<br />
É autoriza<strong>da</strong> a reprodução <strong>da</strong>s matérias, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que cita<strong>da</strong> a fonte .<br />
Capa: Fernando Rafael. FoTo: SJC Bioenergia<br />
“Porque, se perdoar<strong>de</strong>s aos homens as<br />
suas ofensas, também vosso Pai celeste<br />
vos perdoará.” (Mateus 6:14)<br />
22 eNergiA dAs oNdAs<br />
está em FAse <strong>de</strong> testes A<br />
primeirA usiNA <strong>de</strong><br />
eNergiA mAremotriz,<br />
LoCALizAdA No estAdo do<br />
CeArá e CoNstruídA Com<br />
teCNoLogiA BrAsiLeirA.<br />
10 LevedurAs<br />
pesquisAs BusCAm<br />
meLhoriA do reNdimeNto<br />
dA produção <strong>de</strong> etANoL<br />
por meio dA mANipuLAção<br />
geNétiCA dAs LevedurAs<br />
utiLizAdAs No proCesso.<br />
Carta dO editOr<br />
O caminho do conhecimento<br />
Mi ri an To mé<br />
edi tor@ca nal bi o e ner gia.com.br<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento<br />
tecnológico do setor<br />
sucroenergético é motivo <strong>de</strong><br />
orgulho para todos os<br />
brasileiros. A eficiência produtiva vem sendo<br />
apura<strong>da</strong> ca<strong>da</strong> vez mais, mostrando a vocação do País<br />
para produzir cana-<strong>de</strong>-açúcar e seus diversos<br />
<strong>de</strong>rivados, com <strong>de</strong>staque para o etanol, o açúcar e a<br />
energia, a partir <strong>da</strong> biomassa.<br />
A inexistência <strong>de</strong> uma política setorial volta<strong>da</strong> para<br />
a bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> é um dos motivos que explicam o<br />
ain<strong>da</strong> reduzido aproveitando do gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong><br />
geração <strong>de</strong> energia elétrica do setor sucroenergético<br />
brasileiro. Este é o tema abor<strong>da</strong>do em <strong>de</strong>staque nesta<br />
edição, uma reportagem que revela os principais<br />
entraves para que o País dê um salto na produção.<br />
Mesmo sem o <strong>de</strong>vido apoio, seguimos evoluindo, em<br />
12 sorgo sACAriNo<br />
FALtA <strong>de</strong> CoNheCimeNto<br />
soBre BoAs prátiCAs <strong>de</strong><br />
mANejo AiNdA é um<br />
eNtrAve pArA A<br />
CoNsoLidAção dA CuLturA<br />
NA iNdústriA<br />
suCroeNergétiCA.<br />
26 perFiL<br />
héLio BeLAi, ex-CortAdor<br />
<strong>de</strong> CANA e hoje gereNte<br />
iNdustriAL dA sjC<br />
BioeNergiA, é o<br />
persoNAgem dA mAis<br />
NovA CoLuNA do CANAL.<br />
16 etANoLduto<br />
diANte dos ANuNCiAdos<br />
proLemAs <strong>de</strong> CAixA,<br />
etANoLduto <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong><br />
ser prioridA<strong>de</strong> pArA A<br />
petroBrAs, AvALiAm<br />
ANAListAs.<br />
busca <strong>de</strong> novas conquistas, a exemplo do etanol <strong>de</strong><br />
segun<strong>da</strong> geração em escala e preços competitivos; <strong>da</strong><br />
economia <strong>de</strong> recursos importantes como a água e a<br />
energia nos processos industriais, sem nunca per<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
vista o aumento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Esse esforço, retratado em diversas matérias e na<br />
entrevista <strong>de</strong>sta edição, está personificado na história<br />
<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> Hélio Belai, gerente industrial <strong>da</strong> SJC<br />
Bioenergia, um ex-cortador <strong>de</strong> cana que acreditou na<br />
força do trabalho e na vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescer, pelo caminho<br />
do conhecimento, e que se tornou um exemplo <strong>de</strong><br />
perseverança, apesar <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s que enfrentou ao<br />
longo <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong>.<br />
Ao conferir esta edição, caro leitor, é possível<br />
confirmar que o sucesso nunca acontece por acaso.<br />
Boa leitura!<br />
www.twitter.com/canalBioenergia<br />
Assine o CA NAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - Tel. 62.3093-4082 assinaturas@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<br />
O CA NAL é uma pu bli ca ção men sal <strong>de</strong> cir cu la ção na ci o nal e es tá dis po ní vel na in ter net nos en <strong>de</strong> re ços:<br />
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<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 3
Entrevista José Luiz Olivério, vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Dedini<br />
‘O setor está investindo<br />
em diversificação’<br />
evandro Bittencourt<br />
Engenheiro mecânico <strong>de</strong> produção<br />
formado pela Escola<br />
Politécnica <strong>da</strong> USP, José Luiz<br />
Olivério é vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />
Tecnologia e Desenvolvimento <strong>da</strong><br />
Dedini S/A Indústrias <strong>de</strong> Base.<br />
Representa a indústria <strong>de</strong> equipamentos<br />
na Câmara Setorial do Biodiesel e,<br />
<strong>de</strong> 2004 a 2007, atuou na mesma função<br />
na Câmara do Açúcar e do Álcool,<br />
ambas do Ministério <strong>da</strong> Agricultura.<br />
É membro do Conselho <strong>de</strong> Tecnologia<br />
e do Conselho Superior do Agronegócio<br />
(ambos <strong>da</strong> Fiesp), do Conselho <strong>de</strong><br />
Orientação do Instituto <strong>de</strong> Pesquisas<br />
Tecnológicas (IPT), do Conselho<br />
Consultivo Internacional <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção<br />
Dom Cabral (FDC), membro do Comitê<br />
Técnico <strong>de</strong> Bens <strong>de</strong> Capital do Centro<br />
Nacional <strong>da</strong>s Indústrias do Setor<br />
Sucroalcooleiro e Energético (Ceise Br)<br />
e membro do Comitê Técnico-Científico<br />
do Laboratório Nacional <strong>de</strong> Ciência e<br />
Tecnologia do Bioetanol (CTBE).<br />
Foi professor, chefe <strong>de</strong> <strong>de</strong>partamento,<br />
membro do Conselho Departamental<br />
e <strong>da</strong> Congregação <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção<br />
Educacional Inaciana (FEI) e professor<br />
do Curso <strong>de</strong> Extensão Universitária na<br />
Mauá.<br />
4 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />
o senhor acredita que o país possa realmente<br />
passar por um apagão <strong>de</strong> combustíveis em<br />
até dois anos caso o governo não adote<br />
medi<strong>da</strong>s consistentes <strong>de</strong> apoio ao setor<br />
sucroenergético?<br />
É muito difícil falar com certeza, mas há<br />
indício <strong>de</strong> que isso realmente po<strong>de</strong> ocorrer<br />
porque o abastecimento <strong>de</strong> combustíveis<br />
estava indo numa certa direção. E o que se<br />
imaginava é que dos combustíveis que<br />
abastecem os veículos <strong>de</strong> ciclo Oto o etanol<br />
continuaria sendo o principal e isso foi<br />
o que aconteceu até 2010. Mas <strong>de</strong>vido a<br />
uma série <strong>de</strong> fatores, principalmente as<br />
consequências <strong>da</strong> crise financeira <strong>de</strong> 2008,<br />
e a falta <strong>de</strong> investimentos em aumento <strong>de</strong><br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, houve uma redução na produção<br />
<strong>de</strong> etanol <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong> redução <strong>da</strong><br />
produção <strong>de</strong> cana quando a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> era<br />
crescente. E isso foi reconhecido muito<br />
tardiamente, muito em cima <strong>da</strong> ocorrência<br />
do fato <strong>de</strong> não haver etanol suficiente, o<br />
que levou a uma série <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />
urgência que, infelizmente, estão permanecendo<br />
até hoje, porque a Petrobras se<br />
viu com o problema <strong>de</strong> garantir o abastecimento<br />
nacional. E a empresa estava<br />
contando que os veículos <strong>de</strong> ciclo Oto<br />
seriam abastecidos com etanol. Ela estava<br />
exportando gasolina e se concentrando no<br />
refino <strong>de</strong> diesel. Com a falta do etanol o<br />
que aconteceu foi que, <strong>de</strong> uma hora para<br />
outra, foi necessário mu<strong>da</strong>r essa tendência.<br />
Houve uma <strong>de</strong>man<strong>da</strong> imprevista <strong>de</strong> gasolina,<br />
a Petrobras teve que <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> exportar<br />
a gasolina como ela fazia e teve que passar<br />
a importar.<br />
e o sistema <strong>de</strong> distribução não estava<br />
preparado para isso.<br />
Sim, foram soluções <strong>de</strong> emergência, <strong>de</strong><br />
curto prazo, não foram otimiza<strong>da</strong>s. Não<br />
havia tanques regionais e foi um esforço<br />
enorme garantir o abastecimento justamente<br />
por falta <strong>de</strong>ssa produção <strong>de</strong> etanol.<br />
A partir <strong>da</strong>í se i<strong>de</strong>ntificou o problema,<br />
mas não houve solução. Hoje continua<br />
ocorrendo uma menor produção <strong>de</strong> cana<br />
do que é necessário para aten<strong>de</strong>r a<br />
<strong>de</strong>man<strong>da</strong>. Nós estamos com uma produ-<br />
ção <strong>de</strong> cana <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 600 milhões <strong>de</strong><br />
tonela<strong>da</strong>s por safra, uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
industrial um pouco acima, <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />
700 milhões <strong>de</strong> tonela<strong>da</strong>s por safra, mas a<br />
<strong>de</strong>man<strong>da</strong> está num nível <strong>de</strong> 800 milhões<br />
<strong>de</strong> tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> cana para fazer açúcar e<br />
etanol. Nesse momento nós <strong>de</strong>veríamos<br />
estar num processo <strong>de</strong> expansão, tanto <strong>da</strong><br />
área <strong>de</strong> cana, quanto na implantação <strong>de</strong><br />
usinas novas e isso não está acontecendo.<br />
Se não forem anuncia<strong>da</strong>s as medi<strong>da</strong>s que<br />
restabeleçam a confiança do investidor, o<br />
setor vai continuar, por alguns anos, com<br />
uma produção <strong>de</strong> cana ain<strong>da</strong> insuficiente<br />
e uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> industrial também<br />
insuficiente para um mercado que é altamente<br />
<strong>de</strong>man<strong>da</strong>nte. Se não houver medi<strong>da</strong>s<br />
<strong>de</strong> políticas públicas, principalmente,<br />
que restabeleçam a confiança do investidor<br />
no aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> agrícola e<br />
industrial, nós vamos realmente ter essa<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do cenário atual por muito<br />
tempo.<br />
Quando se tem um mercado<br />
vigoroso as empresas, pelo estímulo<br />
que recebem, investem bastante no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tecnologias.”<br />
Como o senhor avalia as tecnologias disponíveis<br />
no Brasil, atualmente, para a produção <strong>de</strong><br />
etanol, açúcar e bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> ?<br />
São tecnologias no Estado <strong>da</strong> arte. Hoje<br />
nós temos no Brasil, tanto para produzir<br />
açúcar, etanol e bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>, as melhores<br />
tecnologias disponíveis mundialmente.<br />
Em alguns casos, nós até estamos acima,<br />
somos referência para essas tecnologias,<br />
somo o benchmarking mundial para essas<br />
tecnologias. Mas isso não quer dizer que<br />
não se possa melhorar. Existe a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> termos ain<strong>da</strong> um progresso bastante<br />
gran<strong>de</strong> na área <strong>de</strong> tecnologia. Mas se compararmos<br />
no contexto mundial, com a<br />
tecnologias que existem em outros países,<br />
estamos muito bem situados.<br />
A crise <strong>de</strong> 2008 impactou no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong>ssas tecnologias?<br />
A curto prazo não, mas hoje ela já está<br />
impactando, pois quem possibilita o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> tecnologia é o mercado.<br />
Quando se tem um mercado vigoroso as<br />
empresas, pelo estímulo que recebem,<br />
investem bastante no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
tecnologias. Até 2008 nós estávamos vindo<br />
<strong>de</strong> um crescimento enorme, com a continui<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
dos investimentos em tecnologia, mas já<br />
a partir <strong>de</strong> 2010 os investimentos começaram<br />
a diminuir. E isso gerou um fato perverso.<br />
Aquelas tecnologias que estavam em <strong>de</strong>senvolvimento<br />
e que se completaram até 2010,<br />
2011 ain<strong>da</strong> não foram implanta<strong>da</strong>s, elas estão<br />
estoca<strong>da</strong>s, esperando novos investimentos.<br />
Essas novas tecnologias serão incorpora<strong>da</strong>s<br />
quando o setor voltar a investir em aumento<br />
<strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e em usinas novas.<br />
Como está a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por equipamentos e<br />
usinas prontas no Brasil e quais as perspectivas<br />
para os próximos anos?<br />
O setor não parou <strong>de</strong> investir. Ele continua a<br />
fazê-lo, mas num ritmo menor. Continuam os<br />
investimentos <strong>de</strong> entressafra, normalmente, a<br />
parte to<strong>da</strong> <strong>de</strong> recondicionamento <strong>da</strong> usina,<br />
troca <strong>de</strong> peças sobressalentes e ajustes dos<br />
equipamentos. Já em relação aos equipamentos<br />
novos o setor não está investindo em<br />
aumento <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas ele está investindo<br />
em diversificação. Ou seja, quem está<br />
fazendo etanol coloca uma fábrica <strong>de</strong> açúcar.<br />
Nesse caso, com a mesma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cana<br />
ele também passa a produzir açúcar, aumentando<br />
a sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Muitas vezes a usina<br />
produz álcool hidratado, que abastece o veí-<br />
culo flex, mas a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> está boa em anidro,<br />
para a mistura com a gasolina. Nesse caso ela<br />
põe uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação para completar<br />
o processo <strong>de</strong> transformar a cana em<br />
etanol anidro. Outras vezes a usina está produzindo<br />
açúcar e etanol e tem o interesse <strong>de</strong><br />
ven<strong>de</strong>r energia elétrica para a re<strong>de</strong>. Nesse<br />
caso ela investe em energia, compra cal<strong>de</strong>iras,<br />
turbinas etc. O setor tem investido nessa<br />
diversificação, assim como em troca <strong>de</strong> equipamentos<br />
em fim <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> ou para ganhar<br />
mais eficiência. Esse ciclo <strong>de</strong> investimento em<br />
diversificação acomo<strong>da</strong> a produção <strong>da</strong> usina à<br />
<strong>de</strong>man<strong>da</strong> do mercado, mas não é tão representativa<br />
quanto os investimentos em greenfields,<br />
em que há uma <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por todos os<br />
equipamentos <strong>da</strong> linha e não só <strong>de</strong> alguns<br />
específicos.<br />
e há sinais <strong>de</strong> que o setor vai voltar a investir?<br />
Os sinais, hoje, são <strong>de</strong> que o setor vai voltar a<br />
investir. Digo isso porque estamos per<strong>de</strong>ndo<br />
muita coisa ao não ter uma produção a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong><br />
do setor sucroenergético. Hoje nós<br />
temos problemas com a Petrobras, que está<br />
tendo prejuízo, estamos tendo problemas na<br />
balança comercial pois, em vez <strong>de</strong> exportar<br />
gasolina, estamos importando, em vez <strong>de</strong><br />
exportar etanol, às vezes até o importamos. Já<br />
estamos com problemas na balança <strong>de</strong> paga-<br />
mentos e tem diminuído o saldo comercial do<br />
País. Aquele crescimento que se verificou <strong>de</strong><br />
forma intensa, principalmente na região <strong>da</strong>s<br />
novas fronteiras, como é o Centro-Oeste, já<br />
diminuiu. To<strong>da</strong> aquela evolução social que se<br />
tem associa<strong>da</strong> à implantação <strong>de</strong> usinas novas<br />
está sendo estabiliza<strong>da</strong>. Nós precisamos crescer<br />
mais, criar mais empregos, distribuir mais<br />
ren<strong>da</strong> e esten<strong>de</strong>r benefícios sociais. Se comparamos<br />
a energia <strong>da</strong> cana com a energia do<br />
petróleo, a que tem maior impacto social é a<br />
energia <strong>da</strong> cana, pois é ela quem cria mais<br />
emprego e distribui melhor a ren<strong>da</strong>, afetando<br />
uma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> muito maior do que o crescimento<br />
promovido pelo petróleo, que é um<br />
mundo muito pequeno. Não há a promoção<br />
<strong>de</strong> um movimento regional e a universalização<br />
do <strong>de</strong>senvolvimento quando se investe<br />
mais em petróleo e menos em cana. Por isso,<br />
como o País precisa crescer e melhorar suas<br />
contas no exterior, caminhando no sentido <strong>da</strong><br />
sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, tudo isso vai levar a uma<br />
solução <strong>de</strong> curto prazo. Nós já estamos sentindo<br />
isso na Dedini. Não estamos fechando<br />
negócios, mas estamos fazendo orçamentos.<br />
Temos tido muitos contatos <strong>de</strong> clientes procurando<br />
atualizar os orçamentos antigos, que<br />
estavam parados <strong>de</strong>vido à crise. Os sinais são<br />
<strong>de</strong> que o setor acredita no anúncio <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s<br />
que vão possibilitar a retoma<strong>da</strong> do inves-<br />
<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 5
Entrevista José Olivério, vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Dedini<br />
timento e do crescimento do setor.<br />
o segmento <strong>da</strong>s indústrias <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital,<br />
do qual faz parte a <strong>de</strong>dini, tem conseguido uma<br />
boa interlocução com o governo fe<strong>de</strong>ral no que<br />
se refere às dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s enfrenta<strong>da</strong>s pelo setor<br />
industrial?<br />
O governo está muito sensível aos problemas<br />
que a indústria está sofrendo. Muito se fala<br />
nos jornais em <strong>de</strong>sindustrialização, em retomar<br />
o crescimento do setor <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital.<br />
O reconhecimento do problema existe,<br />
não só com o setor <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital, mas <strong>de</strong><br />
maneira geral para a área industrial. O que<br />
não me parece suficiente é que as medi<strong>da</strong>s<br />
que estão sendo toma<strong>da</strong>s são pontuais, a<br />
exemplo <strong>da</strong> <strong>de</strong>soneração fiscal <strong>da</strong>s empresas<br />
automobilísticas, dos eletrodomésticos <strong>da</strong><br />
linha branca e a <strong>da</strong> indústria têxtil. Isso é<br />
medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> emergência, não é uma medi<strong>da</strong><br />
estrutura<strong>da</strong>, <strong>de</strong> política industrial. O que eu<br />
acho que está faltando são <strong>de</strong>finições <strong>de</strong><br />
médio e longo prazos. O governo se mostra<br />
sensível ao aten<strong>de</strong>r essas emergências, mas<br />
isso não é suficiente para proporcionar uma<br />
retoma<strong>da</strong> do investimento. É suficiente apenas<br />
para salvar o nível <strong>de</strong> operação e a indústria<br />
<strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital vive <strong>de</strong> novos investimentos,<br />
ela vive do crescimento. É diferente<br />
<strong>de</strong> uma indústria automobilística que vive do<br />
consumo e <strong>de</strong> uma indústria <strong>de</strong> eletrodomésticos,<br />
que vive <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong> crédito que<br />
facilita o fluxo <strong>de</strong> caixa.<br />
As <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> petróleo na cama<strong>da</strong> pré-sal já<br />
apresentam reflexos <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> na indústria<br />
<strong>de</strong> base?<br />
Muito pouco, ain<strong>da</strong>. Nós estamos numa fase<br />
<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r bem o que é o pré-sal. É um<br />
patrimônio enorme que o País tem, uma vantagem<br />
competitiva para nós que tem <strong>de</strong> ser<br />
aproveita<strong>da</strong>, mas as condições para isso ain<strong>da</strong><br />
são, tecnicamente, muito difíceis. Existe algum<br />
investimento, mas não no ritmo suficiente<br />
para promover um crescimento do setor <strong>de</strong><br />
bens <strong>de</strong> capital. Mas ele <strong>de</strong>ve ser continuado<br />
e <strong>de</strong>ve ter um efeito importante, mas isso<br />
ain<strong>da</strong> vai <strong>de</strong>morar algum tempo.<br />
Como a indústria <strong>de</strong> base po<strong>de</strong> colaborar para<br />
aumentar a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s usinas<br />
sucroenergéticas brasileiras?<br />
Gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong>s tecnologias que têm sido<br />
introduzi<strong>da</strong>s nas usinas é <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> na<br />
indústria <strong>de</strong> equipamentos. Tem uma parte<br />
que a própria usina faz, outra parte é dos<br />
centros <strong>de</strong> pesquisa e consultorias, mas, ao<br />
final, é preciso por uma máquina para fazer o<br />
que foi elaborado e obter resultado <strong>de</strong> uma<br />
forma a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, em escala e confiabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Por isso, a contribuição que a indústria <strong>de</strong><br />
equipamentos faz é total. E nesse caso, na<br />
indústria sucroenergética, os equipamentos<br />
são 100% produzidos no País. É o único caso<br />
no Brasil que nós dominamos a tecnologia em<br />
todos os níveis, seja na pesquisa, no <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
na engenharia, na fabricação, na<br />
montagem e na operação.<br />
Não há nenhum outro setor <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica<br />
do Brasil que nós dominamos tudo. A<br />
6 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />
<strong>da</strong> indústria automobilística vem <strong>de</strong> fora; na<br />
<strong>de</strong> celulose a tecnologia do processo está nos<br />
países escandinavos e no Canadá; em mineração<br />
compramos tecnologia do Japão e <strong>da</strong><br />
Alemanha. O setor <strong>de</strong> cana é o único que é<br />
100% brasileiro, a não ser por pequenos componentes<br />
eletrônicos que são feitos na China.<br />
A contribuição que o setor tem <strong>da</strong>do é <strong>de</strong> ter<br />
possibilitado todo esse <strong>de</strong>senvolvimento. No<br />
início do Proálcool, por exemplo, com seis<br />
moen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 78 polega<strong>da</strong>s eram processa<strong>da</strong>s<br />
5,5 mil tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> cana por dia. Hoje o<br />
mesmo equipamento possibilita processar 15<br />
mil tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> cana por dia e esse foi um<br />
<strong>de</strong>senvolvimento brasileiro. Naquela época,<br />
as moen<strong>da</strong>s tiravam 93% do açúcar. Hoje,<br />
mesmo aumentando a moagem, tira 97%.<br />
Antes fazíamos 66 litros <strong>de</strong> etanol por tonela<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> cana, hoje fazemos 87 litros. Tudo isso<br />
foi uma contribuição <strong>de</strong> muitos, mas em<br />
todos eles a indústria <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital esteve<br />
presente.<br />
O reconhecimento<br />
do problema existe,<br />
não só com o setor<br />
<strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital,<br />
mas <strong>de</strong> maneira geral<br />
para a área industrial.”<br />
Como se dá a sinergia <strong>da</strong> indústria <strong>de</strong> bens <strong>de</strong><br />
capital com as instituições <strong>de</strong> pesquisa?<br />
Nós trabalhamos muito em contato com universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
e centros <strong>de</strong> pesquisa, principalmente<br />
na fase <strong>de</strong> concepção <strong>da</strong>s soluções e<br />
na fase <strong>de</strong> engenharia processual. Não temos<br />
participação na parte do projeto do equipamento,<br />
pois aí é qualificação interna <strong>da</strong><br />
empresa, mas temos muitos trabalhos juntos.<br />
Temos um bom entrosamento com a Unicamp,<br />
com a USP <strong>de</strong> São Carlos, a Esalq <strong>de</strong> Piracicaba,<br />
com o Centro <strong>de</strong> Tecnologia Canavieira (CTC)<br />
e com o Instituto <strong>de</strong> Pesquisas Tecnológicas<br />
(IPT). Nós trabalhamos muitas vezes em conjunto<br />
e, em outras, contratando um serviço<br />
que é intermediário e faz parte do processo<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
Como a preocupação com a preservação<br />
ambiental se insere no processo produtivo <strong>da</strong>s<br />
indústrias <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital, a exemplo <strong>da</strong><br />
<strong>de</strong>dini?<br />
Em relação ao setor sucroenergético, sobre<br />
o qual eu posso falar melhor, o reconhecimento<br />
<strong>de</strong> que nós precisamos melhorar a<br />
sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos processos e <strong>da</strong>s usinas<br />
teve início no começo <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 2000.<br />
Nós começamos a estu<strong>da</strong>r o assunto e a<br />
<strong>de</strong>senvolver processos <strong>de</strong> maior sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
ou seja, que não contaminem o<br />
meio ambiente e possibilitem melhorias<br />
nas condições agrícolas e industriais. E<br />
chegamos a enxergar a usina como um<br />
todo na ótica <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Foi um<br />
enfoque diferente, inovador. Todos procuram<br />
analisar a usina – e nós também – para<br />
ter mais açúcar, mais etanol e mais energia<br />
elétrica com a mesma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cana,<br />
mas ninguém tinha, ain<strong>da</strong>, avaliado a usina,<br />
no seu todo, procurando <strong>de</strong>senvolver soluções<br />
ambientalmente amigáveis. E foi isso<br />
o que nós fizemos. Nós chegamos como<br />
solução a processos que aten<strong>de</strong>m ao que<br />
chamamos <strong>de</strong> conceito zero. Hoje temos na<br />
usina sustentável Dedini processos que não<br />
têm resíduos, efluentes líquidos nem odor<br />
<strong>de</strong>sagradável e que não usa água, apenas<br />
recicla a água <strong>da</strong> cana e tem uma condição<br />
máxima <strong>de</strong> mitigação <strong>de</strong> gases do efeito<br />
estufa, que promovem o aquecimento global.<br />
Terminamos o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssa<br />
usina em 2009 e estamos aguar<strong>da</strong>ndo um<br />
projeto greenfield para implantar tudo isso<br />
que está disponível.<br />
que avaliação o senhor faz dos investimentos<br />
em bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> no Brasil por parte do po<strong>de</strong>r<br />
público e <strong>da</strong> iniciativa priva<strong>da</strong>?<br />
Acho que tem <strong>de</strong> haver uma reorientação. O<br />
programa teve resultados no começo, com os<br />
leilões, o que levou a um crescimento <strong>da</strong> produção<br />
e do fornecimento <strong>de</strong> bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
para a re<strong>de</strong>. Mas ultimamente a forma <strong>de</strong><br />
conduzir os leilões não tem atraído investidores.<br />
Isso tem que ser reformulado <strong>de</strong> várias<br />
formas, fazendo leilões específicos <strong>de</strong> biomassa.<br />
Hoje nós estamos usando energia <strong>de</strong><br />
usinas térmicas, que custam muito mais caro,<br />
pela falta <strong>de</strong> investimento a<strong>de</strong>quado na produção<br />
<strong>de</strong> energia elétrica por meio <strong>da</strong> biomassa,<br />
a exemplo do bagaço <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-<br />
açúcar.<br />
Como o senhor vê o estado <strong>de</strong> goiás no cenário<br />
nacional <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar e seus<br />
<strong>de</strong>rivados?<br />
É uma nova fronteira agrícola pujante, que<br />
está possibilitando um crescimento substancial<br />
do setor sucroenergético. E o que é muito<br />
bom é que ain<strong>da</strong> há condição <strong>de</strong> expandir<br />
muito mais. Ela disponibiliza uma área <strong>de</strong><br />
expansão <strong>de</strong> cana – que vai possibilitar a<br />
produção <strong>de</strong> uma energia renovável – que<br />
não se encontra em outros países.<br />
Hoje o crescimento <strong>da</strong> área agrícola para a<br />
função energética está limita<strong>da</strong> no mundo<br />
inteiro pela necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>da</strong> área para<br />
a produção <strong>de</strong> alimentos. Esse dilema nós<br />
não vivemos aqui no Brasil, on<strong>de</strong> temos um<br />
plano <strong>de</strong> zoneamento agroecológico que<br />
<strong>de</strong>fine exatamente quais são as áreas em<br />
que se po<strong>de</strong> expandir sem impacto ambiental<br />
e sem competir com alimento.<br />
Goiás está numa posição privilegia<strong>da</strong> e tenho<br />
a convicção que, com essa retoma<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
investimentos que está próxima, muitos<br />
novos investimentos vão surgir. Acredito ser<br />
fun<strong>da</strong>mental que esse estímulo para a<br />
implantação <strong>de</strong> novas usinas no Estado permaneça,<br />
pois será em benefício do Estado <strong>de</strong><br />
Goiás e do Brasil como um todo.<br />
Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Curitiba adota ônibus híbrido<br />
movido a biodiesel e eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
A prefeitura <strong>de</strong> Curitiba (PR) comprou 60 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
do Hibribus, veículos movidos a biodiesel,<br />
fornecido pela Bsbios, uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Passo Fundo, e<br />
a eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Para esta primeira etapa, na linha<br />
Interbairros 1, serão <strong>de</strong>z ônibus híbridos. A partir<br />
<strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> outubro, outros vinte passarão a circular<br />
e os trinta restantes passarão a fazer parte do<br />
transporte público <strong>de</strong> Curitiba a partir <strong>de</strong> 2013.<br />
Além dos Hibribus, outros 32 ônibus já circulam<br />
por Curitiba <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2009 movidos com 100%<br />
<strong>de</strong> biodiesel, que é fornecido com exclusivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
pela Bsbios. A indústria <strong>de</strong> Passo Fundo fornece<br />
aproxima<strong>da</strong>mente 160 mil litros <strong>de</strong> biodiesel por<br />
mês para o transporte <strong>de</strong> passageiros <strong>da</strong> capital<br />
do Paraná, para o projeto <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Linha<br />
Ver<strong>de</strong>.<br />
motores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />
O mo<strong>de</strong>lo, com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para acomo<strong>da</strong>r<br />
até 80 passageiros, é <strong>de</strong> fabricação <strong>da</strong> marca<br />
Volvo e vem sendo testado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2010. Ele<br />
funciona com os dois motores – elétrico e a<br />
biodiesel – <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. O elétrico é<br />
usado para arrancar o veículo e acelerá-lo até<br />
uma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>, aproxima<strong>da</strong>mente, 20<br />
km/h. A fonte, que fica na parte superior do<br />
ônibus, também é utiliza<strong>da</strong> como geradora <strong>de</strong><br />
energia durante as frenagens.<br />
Já o motor biodiesel entra em funcionamento<br />
em veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais altas. Quando os freios<br />
são acionados, a energia <strong>de</strong> <strong>de</strong>saceleração é<br />
utiliza<strong>da</strong> para carregar as baterias. E quando o<br />
ônibus está parado, no trânsito, nos pontos <strong>de</strong><br />
ônibus ou nos semáforos, o motor biodiesel<br />
fica <strong>de</strong>sligado. O mo<strong>de</strong>lo foi lançado durante a<br />
Rio+20 – a conferência <strong>da</strong> ONU sobre sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
–, que ocorreu no mês <strong>de</strong> junho, no<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
“Os novos coletivos trazem ganhos à população<br />
e ao meio ambiente, emitem 90% menos<br />
gases poluentes, possuem sistema que economiza<br />
até 35% do biocombustível e emitem menos<br />
Prefeitura <strong>de</strong> Curitiba comprou 60 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s do Hibribus, movido a biodiesel e a eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
ruídos,” salientou o diretor presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Bsbios,<br />
Erasmo Carlos Battistella.<br />
Battistella <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o exemplo <strong>de</strong> Curitiba<br />
seja seguido por to<strong>da</strong>s as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s se<strong>de</strong>s <strong>da</strong> Copa<br />
do Mundo <strong>de</strong> Futebol. “Esse é um mo<strong>de</strong>lo que<br />
<strong>de</strong>veria ser adotado pelas capitais e <strong>de</strong>mais municípios,<br />
pois traz benefícios sociais, econômicos e<br />
ambientais,” <strong>de</strong>staca o empresário.<br />
O biodiesel, misturado à proporção <strong>de</strong> 5% por<br />
litro <strong>de</strong> diesel vendido no País, emite menos 57%<br />
<strong>de</strong> gases poluentes que o combustível convencional<br />
e não possui enxofre. Os benefícios ao meio<br />
ambiente, à saú<strong>de</strong> humana e às políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
pública são comprovados por estudo <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção<br />
Getúlio Vargas. Com 10% <strong>de</strong> mistura, como esperado<br />
para 2020, a emissão <strong>de</strong> gás carbônico reduzirá<br />
em 8%. Com 20% misturados, ela cairia em<br />
12%. (Com informações <strong>da</strong> Bsbios).<br />
<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 7
Sifaeg em ação<br />
Goiás encerra safra<br />
em clima <strong>de</strong> otimismo<br />
Embora as últimas usinas do Estado<br />
só tenham programado finalizar a<br />
colheita na segun<strong>da</strong> quinzena <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>zembro, os números preliminares<br />
do setor sucroenergético em Goiás apontam<br />
resultados satisfatórios. É o que<br />
garante o coor<strong>de</strong>nador do Comitê<br />
Temático Agrícola dos Sindicatos <strong>da</strong><br />
Indústria <strong>de</strong> Fabricação <strong>de</strong> Etanol e Açúcar<br />
(Sifaeg/Sifaçucar), Rogério Bremm. “O<br />
balanço ain<strong>da</strong> será fechado com as empresas<br />
associa<strong>da</strong>s, mas acreditamos em uma<br />
melhoria <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> maneira<br />
geral”, ressalta.<br />
Segundo Bremm, a renovação dos canaviais<br />
trouxe a esta safra um <strong>de</strong>sempenho<br />
superior à última. Embora tenha prejudicado<br />
o ritmo <strong>de</strong> moagem, o atraso nas chuvas<br />
proporcionou um efeito positivo à quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar e po<strong>de</strong> resultar em benefícios<br />
para a próxima safra. “Estamos sob<br />
efeito <strong>de</strong> um El Niño mo<strong>de</strong>rado, que representa<br />
chuvas um pouco acima <strong>da</strong> média. Se<br />
isso se confirmar, teremos melhorias mais<br />
acentua<strong>da</strong>s na produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>”, explica o<br />
coor<strong>de</strong>nador.<br />
As usinas do Sul do Estado <strong>de</strong>vem ser<br />
as últimas a encerrar a safra, entre o fim<br />
<strong>de</strong> novembro e meados <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro. No<br />
Norte Goiano, as empresas já finalizaram<br />
a colheita. As duas usinas <strong>da</strong> Jalles<br />
Machado, em Goianésia, terminaram os<br />
8 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />
trabalhos no fim <strong>de</strong> outubro, conta<br />
Bremm, que também é gerente corporativo<br />
agrícola <strong>da</strong> empresa.<br />
Outras uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem, ain<strong>da</strong>, <strong>de</strong>ixar<br />
cana em pé, mas em menor quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
“Como a previsão inicial era ter menos<br />
cana disponível, as usinas protelaram.<br />
Quando vieram as chuvas e aumentaram<br />
as expectativas <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, muitas<br />
não estavam prepara<strong>da</strong>s para processar<br />
todo esse volume”, explica. De olho no<br />
tema, o Comitê Agrícola irá recomen<strong>da</strong>r<br />
Fique <strong>de</strong> olho!<br />
n No trato com a cana – Para a<br />
próxima safra, os cui<strong>da</strong>dos com pragas<br />
e ervas <strong>da</strong>ninhas <strong>de</strong>vem ser redobrados<br />
n Na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> matéria-prima – O<br />
uso <strong>de</strong> maturadores e adubos po<strong>de</strong><br />
oferecer uma planta com mais<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para processamento<br />
n Na manutenção – Alocar<br />
estrategicamente mais recursos nos<br />
cui<strong>da</strong>dos com equipamentos po<strong>de</strong> fazer<br />
a diferença na hora <strong>de</strong> moer.<br />
maior atenção à manutenção na entressafra.<br />
“Como a participação <strong>da</strong> colheita mecaniza<strong>da</strong><br />
tem aumentado, há necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
investir nessa área. A dica é que o produtor<br />
não segure investimentos que possam<br />
comprometer a próxima safra”, assinala. A<br />
recomen<strong>da</strong>ção também vale para os fornecedores<br />
do setor sucroenergético, que<br />
<strong>de</strong>vem perceber a maior <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por<br />
peças e insumos a<strong>de</strong>quados para manutenção.<br />
MbAC Fertilizantes abre<br />
vagas para o Tocantins<br />
A MbAC Fertilizantes, produtora integra<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
fertilizantes fosfatados e potássicos, disponibiliza<br />
vagas para atuação no seu projeto Itafós Arraias SSP,<br />
no Estado do Tocantins, que está em fase final <strong>de</strong><br />
construção. A empresa oferece 213 oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
em diversas áreas com grau <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> que varia<br />
entre o Ensino Médio e Técnico até a graduação.<br />
A maior parte <strong>da</strong>s vagas está na área <strong>de</strong><br />
Manutenção (91) e na planta <strong>de</strong> fertilizantes (52).<br />
“Nosso compromisso e priori<strong>da</strong><strong>de</strong> é contratar mão <strong>de</strong><br />
obra local. Temos orgulho em po<strong>de</strong>r oferecer<br />
centenas <strong>de</strong> vagas à população, pois, <strong>de</strong>sta maneira,<br />
colaboramos com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
socioeconômico <strong>da</strong> região por meio <strong>da</strong> geração <strong>de</strong><br />
emprego e ren<strong>da</strong>”, diz Ana Paula Rodrigues, gerente<br />
<strong>de</strong> Recursos Humanos <strong>da</strong> companhia.<br />
Os interessados po<strong>de</strong>m ca<strong>da</strong>strar o currículo no<br />
Centro <strong>de</strong> Referência <strong>da</strong> MbAC Fertilizantes,<br />
localizado na Praça Doutor João <strong>de</strong> Abreu, 23, no<br />
centro <strong>de</strong> Arraias. Pela internet, é possível enviá-lo<br />
para o e-mail recrutamento@mbacfert.com ou<br />
Congresso Brasileiro<br />
<strong>de</strong> Pinhão-manso<br />
O 3º Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisa em<br />
Pinhão-manso, promovido pela Embrapa<br />
Agroenergia em parceria com Associação<br />
Brasileira dos Produtores <strong>de</strong> Pinhão-manso<br />
(ABPPM), foi realizado nos dias 19 e 20 <strong>de</strong><br />
novembro <strong>de</strong> 2013, em Brasília/DF.<br />
A Embrapa Agroenergia coor<strong>de</strong>na uma re<strong>de</strong><br />
com 22 instituições <strong>de</strong> pesquisa em to<strong>da</strong>s as<br />
regiões do Brasil, que está estu<strong>da</strong>ndo a<br />
cultura. “A terceira edição do Congresso<br />
apresentou avanços no conhecimento <strong>da</strong><br />
cultura e <strong>da</strong> utilização do óleo e <strong>de</strong> seus<br />
coprodutos, para que, em poucos anos<br />
tenhamos condições <strong>de</strong> implantá-la com<br />
sucesso. É imperativo que o Brasil diversifique<br />
as matérias-primas para a produção <strong>de</strong><br />
biodiesel e o pinhão-manso cumpre muito<br />
bem essa finali<strong>da</strong><strong>de</strong>”, diz o chefe <strong>de</strong><br />
Transferência <strong>de</strong> Tecnologia <strong>da</strong> Embrapa<br />
Agroenergia, José Manuel Cabral.<br />
Mais informaçõess po<strong>de</strong>m ser obti<strong>da</strong>s pelo<br />
site <strong>da</strong> Embrapa Agroenergia: http://www.<br />
embrapa.br/cnpae.<br />
pelos sites www.vagas.com.br/mbac e http://brasil.<br />
infomine.com/careers/eoc/mbacfert.asp. Mais<br />
informações: 0800 648 1621.<br />
A MbAC Fertilizantes tem como objetivo tornar-se<br />
uma importante produtora integra<strong>da</strong> <strong>de</strong> fertilizantes<br />
fosfatados e potássicos nos mercados brasileiro e<br />
latino-americano. A companhia possui uma equipe<br />
experiente com sóli<strong>da</strong> trajetória profissional nas áreas<br />
<strong>de</strong> operações para negócios <strong>de</strong> fertilizantes, gestão,<br />
marketing e finanças no Brasil e no exterior. Em<br />
outubro <strong>de</strong> 2008, adquiriu a Itafós Mineração Lt<strong>da</strong>., a<br />
Grupo Jalles Machado investe alto em irrigação<br />
A Jalles Machado realiza investimentos em<br />
irrigação na Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Otávio Lage, visando obter<br />
resultados ain<strong>da</strong> melhores. Recentemente foi<br />
implantado um pivô com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para<br />
irrigar 414 hectares, consi<strong>de</strong>rado um dos<br />
maiores <strong>da</strong> América Latina. O pivô abrange uma<br />
área que faz parte do programa <strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> cana <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Otávio Lage, voltado para a<br />
seleção <strong>de</strong> materiais que melhor se<br />
<strong>de</strong>senvolvem em um ambiente irrigado.<br />
A irrigação foi feita antes e após o plantio <strong>da</strong><br />
cana, com a utilização <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> balanço<br />
Panorama<br />
qual consiste em uma mina <strong>de</strong> fosfato, planta e uma<br />
uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> britagem e sua respectiva estrutura,<br />
localiza<strong>da</strong>s na região central do Brasil. O portfólio <strong>de</strong><br />
exploração inclui ain<strong>da</strong> projetos <strong>de</strong> fosfato e<br />
potássio, além <strong>da</strong> recente <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong><br />
terras raras também em território brasileiro. O projeto<br />
Santana é uma jazi<strong>da</strong> <strong>de</strong> fosfato <strong>de</strong> alto teor<br />
localiza<strong>da</strong> muito próxima do maior mercado<br />
brasileiro para fertilizantes, o Estado <strong>de</strong> Mato Grosso,<br />
e <strong>de</strong> importante mercado <strong>de</strong> nutrição animal, o<br />
Estado do Pará.<br />
hídrico para recomen<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> lâmina a ser<br />
aplica<strong>da</strong>. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> lâminas até a colheita<br />
po<strong>de</strong>rá chegar a oito. Os tratos culturais como<br />
adubação, aplicação <strong>de</strong> herbici<strong>da</strong>s, controle <strong>de</strong><br />
formiga são realizados <strong>de</strong> forma a obter máxima<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e eficiência.<br />
O pivô tem um comprimento (raio) <strong>de</strong><br />
1.148,32 metros e uma vazão <strong>de</strong> 493,17 m³/h<br />
<strong>de</strong> água. O tempo necessário para <strong>da</strong>r volta<br />
completa com uma lâmina <strong>de</strong> 60 mm é <strong>de</strong> 25<br />
dias. (<strong>Canal</strong>, com <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> assessoria <strong>de</strong> imprensa <strong>da</strong><br />
Jalles Machado).<br />
FORIND Nor<strong>de</strong>ste 2013<br />
A 5ª Feira <strong>de</strong> Fornecedores Industriais do Nor<strong>de</strong>ste – FORIND NE, que acontecerá no Centro <strong>de</strong><br />
Convenções <strong>de</strong> Pernambuco (Cecon), em Olin<strong>da</strong>, entre os dias 15 e 18 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2013 <strong>de</strong>verá movimentar<br />
mais <strong>de</strong> R$ 30 milhões em negócios para a região. A expectativa é que 280 empresas nacionais e<br />
internacionais – 45% a mais que em <strong>2012</strong> – exponham lançamentos e novas tecnologias <strong>de</strong> gestão<br />
industrial. Feira terá duas gran<strong>de</strong>s novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. A primeira é a inclusão <strong>de</strong> um quarto setor <strong>da</strong> economia no<br />
evento, o <strong>de</strong> movimentação industrial, envolvendo as áreas <strong>de</strong> armazenagem, movimentação, embalagem,<br />
condomínios logísticos e <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> TI para logística, o que tornará a feira mais completa. A segun<strong>da</strong> é<br />
que o evento passará a contar com o 1º Encontro dos Compradores <strong>de</strong> Suape, uma ro<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong> negócios<br />
que terá como objetivo criar um ambiente propício para os negócios, aproximando fornecedores e<br />
compradores. A Reed Exhibitions Alcântara Machado é a promotora do evento.<br />
<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 9
Leveduras<br />
Pequenos aliados <strong>da</strong> produção<br />
Microorganismos<br />
utilizados na fabricação<br />
<strong>de</strong> alimentos, bebi<strong>da</strong>s,<br />
medicamentos e<br />
combustíveis, as<br />
leveduras têm passado<br />
por modificações<br />
genéticas, sendo<br />
foco <strong>de</strong> importantes<br />
pesquisas<br />
com o objetivo <strong>de</strong><br />
melhorar o rendimento<br />
na produção <strong>de</strong> etanol<br />
10 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />
Fernando <strong>da</strong>ntas<br />
Diversos processos são <strong>de</strong>senvolvidos em<br />
uma usina para transformar a cana-<strong>de</strong>-<br />
açúcar em um dos seus principais <strong>de</strong>rivados,<br />
que é o etanol. As leveduras, fungos<br />
que recebem, normalmente, nomes em taxonomia<br />
– ou seja, em latim, com gênero e espécie como a<br />
Saccharomyces cerevisiae –, exercem papel <strong>de</strong><br />
protagonistas nessa equação química. São elas<br />
responsáveis por transformar açúcares que estão<br />
na cana-<strong>de</strong>-açúcar (sacarose) ou no milho (amido)<br />
em etanol, através <strong>de</strong> um processo bioquímico<br />
conhecido como fermentação alcoólica.<br />
Atualmente, existe uma série <strong>de</strong> linhagens <strong>de</strong><br />
Saccharomyces cerevisiae disponíveis no mercado<br />
e bem a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s ao processo fermentativo<br />
para utilização para a produção <strong>de</strong> etanol. Entre<br />
elas <strong>de</strong>stacam-se as linhagens Pedra2 (PE-2) e<br />
CAT-1, que juntas são responsáveis por mais <strong>de</strong><br />
50% <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> etanol no Brasil. Segundo o<br />
professor An<strong>de</strong>rson Ferreira <strong>da</strong> Cunha, do<br />
Laboratório <strong>de</strong> Bioquímica e Genética Aplica<strong>da</strong> do<br />
Departamento <strong>de</strong> Genética e Evolução <strong>de</strong> São<br />
Carlos (SP), nos últimos anos, durante o processo<br />
<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> etanol, se percebeu que existiam<br />
diferentes linhagens a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s a diferentes<br />
ambientes e que, com a utilização <strong>de</strong> leveduras<br />
seleciona<strong>da</strong>s, o processo fermentativo po<strong>de</strong>ria ser<br />
melhorado.<br />
Ele explica que uma série <strong>de</strong> pesquisas vem<br />
sendo realiza<strong>da</strong>s no sentido <strong>de</strong> fazer o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
acelerado <strong>de</strong> leveduras <strong>de</strong> aplicação<br />
industrial. Nestas pesquisas, orienta o professor,<br />
as leveduras são coloca<strong>da</strong>s sobre diferentes situações,<br />
como estresse por temperatura, concentração<br />
<strong>de</strong> açúcar e etanol etc, e seleciona<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />
acordo com sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sobrevivência<br />
nestes ambientes. “Além disso, com o conhecimento<br />
do DNA <strong>da</strong>s linhagens, assim como <strong>da</strong>s<br />
proteínas por elas produzi<strong>da</strong>s, existe a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
em um futuro bem próximo, <strong>de</strong> se conseguir,<br />
através <strong>de</strong> manipulações genéticas, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> linhagens com características industriais<br />
importantes, a exemplo <strong>da</strong> fermentação em<br />
temperaturas mais eleva<strong>da</strong>s”, ressalta.<br />
An<strong>de</strong>rson reforça que a fermentação para a<br />
produção <strong>de</strong> etanol requer uma temperatura<br />
i<strong>de</strong>al que normalmente <strong>de</strong>ve oscilar entre 30 e<br />
35°C, no intuito <strong>de</strong> maximizar a produção. Para<br />
que esta temperatura seja manti<strong>da</strong> é necessária,<br />
principalmente em países <strong>de</strong> clima tropical,<br />
como é o caso do Brasil, a instalação <strong>de</strong> sistemas<br />
<strong>de</strong> resfriamento que têm um custo bastante elevado.<br />
“Por isso, seria econômica e tecnicamente<br />
interessante se a fermentação pu<strong>de</strong>sse ocorrer a<br />
altas temperaturas. Neste caso, as linhagens<br />
<strong>de</strong>veriam ser melhora<strong>da</strong>s a ponto <strong>de</strong> produzirem<br />
o máximo <strong>de</strong> etanol em temperaturas eleva<strong>da</strong>s”,<br />
acrescenta o professor.<br />
incentivos<br />
Com o apoio <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> fomento, como<br />
Capes, CNPq, Fapesp (Programa Bioen), entre outras,<br />
diversas pesquisas no Brasil têm recebido apoio. É o<br />
caso do projeto ‘Melhoramento <strong>da</strong> Fermentação<br />
Fermentec<br />
Alcóolica em Saccharomyces Cerevisiae por<br />
Engenharia Evolutiva’, que tem a proposta <strong>de</strong><br />
melhorar o rendimento <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> etanol por<br />
meio <strong>da</strong> manipulação genética <strong>da</strong>s leveduras utiliza<strong>da</strong>s<br />
no processo.<br />
Segundo um dos autores do projeto, o farmacêutico<br />
Thiago Basso, formado em Bioquímica pela<br />
Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e doutorando em<br />
Biotecnologia na USP, o setor sucroenergético vem<br />
sendo constantemente pressionado a aumentar o<br />
rendimento e a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do etanol para aten<strong>de</strong>r<br />
a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> crescente por combustíveis renováveis,<br />
por isso a importância do projeto. “No Brasil, o<br />
etanol é produzido a partir <strong>da</strong> fermentação <strong>da</strong><br />
sacarose, presente na cana-<strong>de</strong>- açúcar, utilizando-<br />
-se a levedura Saccharomyces cerevisiae. Assim, o<br />
projeto busca contribuir para que estas metas<br />
sejam atingi<strong>da</strong>s.<br />
Basso afirma que um aumento <strong>de</strong> apenas 3% no<br />
rendimento <strong>da</strong> fermentação representaria um<br />
aumento <strong>de</strong> 1 bilhão <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> etanol por ano.<br />
Apesar <strong>de</strong> o projeto não ter passado por teste em<br />
ambiente industrial durante o doutorado, as leveduras<br />
modifica<strong>da</strong>s foram testa<strong>da</strong>s em condições<br />
laboratoriais controla<strong>da</strong>s, o que possibilitou a produção<br />
<strong>de</strong> 11% a mais do álcool combustível. A<br />
pesquisa mostra o potencial econômico <strong>da</strong> engenharia<br />
genética e <strong>da</strong> evolução em laboratório<br />
quando associa<strong>da</strong>s à produção sucroenergética.<br />
“Hoje, a modificação genética em leveduras indus-<br />
Pesquisas na iniciativa priva<strong>da</strong><br />
Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1987, a LNF Latino Americana tem atuado no mercado <strong>de</strong> leveduras seleciona<strong>da</strong>s<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996. A empresa oferece as cepas <strong>de</strong> leveduras SA-1, CAT-1, BG-1, PE-2 e FT-858. A novi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
é a LNF FT-858, inseri<strong>da</strong> no mercado neste ano, alcançando excelentes resultados em performance<br />
e implantação. De acordo com o engenheiro <strong>de</strong> alimentos e gerente técnico <strong>da</strong> LNF, Luis<br />
Francisco Flores, as leveduras cultiva<strong>da</strong>s pela empresa no Brasil têm melhores condições <strong>de</strong> resistir<br />
ao estresse constante imposto a elas durante to<strong>da</strong> a safra, sendo menos suscetíveis aos choques<br />
<strong>de</strong> pH, para<strong>da</strong>s na fermentação e picos <strong>de</strong> temperatura, o que termina por gerar excelentes<br />
resultados em rendimento fermentativo. Para alcançar resultados sempre satisfatórios e positivos,<br />
Luis revela que faz parte <strong>da</strong> política <strong>da</strong> LNF investir todos os anos em pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento<br />
relacionados ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas cepas.<br />
triais já foi obti<strong>da</strong> recentemente através <strong>de</strong> um<br />
projeto <strong>de</strong> P&D com a Usina Cerradinho Açúcar e<br />
Álcool, com apoio <strong>da</strong> Financiadora <strong>de</strong> Estudos e<br />
Projetos (Finep), e estas leveduras industriais modifica<strong>da</strong>s<br />
já estão sendo testa<strong>da</strong>s no ambiente indústria”,<br />
enfatiza.<br />
O trabalho <strong>de</strong> doutoramento (Programa<br />
Interuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pós-Graduação em Biotecnologia<br />
<strong>da</strong> USP) foi uma parceria entre a Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
São Paulo (USP), a Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa<br />
Catarina (UFSC) e a Delft University of Technology<br />
(TU Delft, Holan<strong>da</strong>). A tese foi orienta<strong>da</strong> pelo Prof.<br />
Andreas Gombert e co-orienta<strong>da</strong> pelo Prof. Aldo<br />
Tonso, ambos <strong>da</strong> Escola Politécnica <strong>da</strong> USP. O trabalho<br />
faz parte <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> pesquisa maior,<br />
coor<strong>de</strong>nado pelo Prof. Boris Stambuk, <strong>da</strong> UFSC.<br />
<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 11
Sorgo<br />
O coadjuvante volta à cena<br />
Com a retoma<strong>da</strong> nos investimentos em sorgo sacarino, cultura volta a figurar<br />
no rol <strong>da</strong>s estratégias para a diversificação <strong>da</strong> matriz energética brasileira<br />
40 milhões<br />
<strong>de</strong> litros<br />
É o volume <strong>de</strong> etanol <strong>de</strong> sorgo sacarino<br />
produzido no Brasil durante a última safra<br />
12 • 12 CANAL, • CANAL, Jornal Jornal <strong>da</strong> Bioenergia <strong>da</strong> Bioenergia<br />
60 dias<br />
É o prazo máximo que a cultura <strong>de</strong> sorgo<br />
sacarino po<strong>de</strong> ocupar na entressafra <strong>de</strong><br />
cana-<strong>de</strong>-açúcar atualmente<br />
R$ 270 milhões<br />
É o total <strong>de</strong> recursos liberados pelo governo<br />
fe<strong>de</strong>ral, por linhas <strong>de</strong> créditos, para os<br />
produtores interessados no cultivo <strong>de</strong> sorgo<br />
sacarino<br />
3,5 mil litros<br />
É a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> por hectare indica<strong>da</strong> pela<br />
Embrapa para a safra <strong>2012</strong>/2013<br />
igor Augusto Pereira<br />
A<br />
utilização do sorgo sacarino<br />
como matéria-prima para a produção<br />
<strong>de</strong> etanol não é um assunto<br />
novo. As pesquisas para o<br />
incremento <strong>da</strong> cultura existem no Brasil<br />
há pelo menos 40 anos, embora tenham<br />
perdido o ritmo com a criação do<br />
Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool),<br />
com foco na cana-<strong>de</strong>-açúcar. Esse panorama,<br />
contudo, tem ganhado novos contornos.<br />
Com a crescente <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por<br />
biocombustíveis, o sorgo sacarino volta a<br />
<strong>de</strong>spontar como alternativa viável para o<br />
consumidor e lucrativa para o produtor.<br />
A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir em até 60<br />
dias o período <strong>de</strong> entressafra, amortizando<br />
os custos <strong>de</strong> para<strong>da</strong> e reservando a<br />
cana-<strong>de</strong>-açúcar, é aponta<strong>da</strong> por especia-<br />
listas como o principal atrativo do sorgo<br />
sacarino para o setor sucroenergético.<br />
Entretanto, polêmicas a respeito <strong>da</strong> real<br />
produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> planta ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>ixam<br />
muitos empresários com o pé atrás na<br />
hora <strong>de</strong> investir, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> relatos<br />
sobre volumes <strong>de</strong>cepcionantes em experiências<br />
anteriores.<br />
Segundo o pesquisador André May, <strong>da</strong><br />
Embrapa Milho e Sorgo, a falta <strong>de</strong> conhecimento<br />
sobre boas práticas <strong>de</strong> manejo<br />
ain<strong>da</strong> é um entrave para a consoli<strong>da</strong>ção<br />
<strong>de</strong>sta cultura. “Para quem tem a tradição<br />
<strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar, é difícil enten<strong>de</strong>r as<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> planta. O sorgo sacarino<br />
não ‘aguenta tanto <strong>de</strong>saforo’, é exigente.<br />
Para maiores produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, exige uma<br />
fertilização equilibra<strong>da</strong>”, explica.<br />
Em razão <strong>da</strong>s características i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong><br />
manejo do sorgo sacarino, o pesquisador<br />
Para o pesquisador<br />
André May, maiores<br />
empresas do setor têm<br />
mais facili<strong>da</strong><strong>de</strong> na<br />
produção <strong>de</strong> sorgo<br />
sacarino<br />
acredita que empresas com estruturas <strong>de</strong><br />
negócios mais consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s saiam na frente<br />
na hora <strong>de</strong> produzir. “É uma planta<br />
específica para empresas que tenham sistemas<br />
<strong>de</strong> gestão agrícola mais <strong>de</strong>senvolvidos,<br />
que invistam pesado em tecnologia e<br />
capacitação”, conta May.<br />
Hoje, aproxima<strong>da</strong>mente 15 empresas do<br />
setor sucroenergético exploram o negócio<br />
no Brasil, incluindo Raízen, ETH, Bunge e<br />
São Martinho. Anuncia<strong>da</strong> como uma <strong>da</strong>s<br />
primeiras do setor a investir no cultivo <strong>de</strong><br />
sorgo sacarino no Brasil, a Cerradinho<br />
informou, por meio <strong>de</strong> sua assessoria <strong>de</strong><br />
imprensa, que não tem planos para a cultura<br />
no momento. Na última safra, a<br />
empresa produziu 1,4 milhão litros <strong>de</strong> etanol<br />
<strong>da</strong> planta, cultiva<strong>da</strong> a partir <strong>de</strong> híbridos<br />
<strong>de</strong>senvolvidos pela Monsanto/<br />
CanaVialis.<br />
Durante a safra 2011/<strong>2012</strong>, a área planta<strong>da</strong><br />
no País chegou a 20 mil hectares, com total<br />
<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> 40 milhões <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> etanol.<br />
O valor está bem abaixo <strong>da</strong> previsão<br />
divulga<strong>da</strong> no início do ciclo pela consultoria<br />
internacional Datagro, que apontava um cultivo<br />
<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 60 mil hectares no País. Para<br />
2013/2014, a Embrapa Milho e Sorgo espera<br />
que esse índice se mantenha, uma vez que o<br />
volume <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar disponível para<br />
moagem é consi<strong>de</strong>rado alto. De acordo com<br />
o pesquisador, o impacto se justifica porque o<br />
mercado ten<strong>de</strong> a se interessar menos pela<br />
cultura complementar quando a principal, a<br />
cana-<strong>de</strong>-açúcar, tem gran<strong>de</strong> oferta.<br />
Para a fabricante <strong>de</strong> híbridos Ceres, no<br />
entanto, o clima é <strong>de</strong> mais otimismo.<br />
Especializa<strong>da</strong> em culturas energéticas, a<br />
empresa preten<strong>de</strong> dobrar o fornecimento<br />
<strong>de</strong> sementes no Brasil em relação à safra<br />
passa<strong>da</strong>. Para isso, irá lançar seis novos produtos,<br />
além <strong>de</strong> reforçar as ven<strong>da</strong>s dos híbridos<br />
comerciais Bla<strong>de</strong>, disponíveis <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
2011. Já o governo fe<strong>de</strong>ral tem uma meta<br />
ain<strong>da</strong> mais au<strong>da</strong>ciosa. O Ministério <strong>da</strong><br />
Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />
espera uma safra <strong>de</strong> até 120 mil hectares e,<br />
para isso, incluiu o sorgo sacarino no Pacote<br />
Agrícola, reservando R$ 270 milhões em<br />
linhas <strong>de</strong> crédito para a produção.<br />
Conciliando manutenção e produção agrícola<br />
Em virtu<strong>de</strong> dos expressivos custos em horas-<br />
para<strong>da</strong>s, uma <strong>da</strong>s maiores preocupações aponta<strong>da</strong>s<br />
por profissionais do setor sucroenergético é<br />
com a manutenção <strong>de</strong> equipamentos industriais,<br />
feita durante a entressafra. Entretanto, o aumento<br />
no interesse pelo cultivo <strong>de</strong> sorgo sacarino<br />
neste período <strong>de</strong>ixou uma dúvi<strong>da</strong>: como fazer as<br />
duas coisas ao mesmo tempo?<br />
A resposta, segundo o pesquisador André May,<br />
<strong>da</strong> Embrapa Milho e Sorgo, po<strong>de</strong> estar na remo<strong>de</strong>lagem<br />
<strong>da</strong>s usinas. Para o especialista, o agronegócio<br />
tem apontado uma tendência em reduzir ca<strong>da</strong><br />
vez mais a entressafra. “É possível até chegar a um<br />
momento em que não exista mais esse período,<br />
mas isso vai exigir certos investimentos. Para a<br />
cultura <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar, por exemplo, uma<br />
alternativa seria separar as moen<strong>da</strong>s em conjuntos.<br />
Assim, enquanto parte operaria, o restante<br />
estaria em manutenção”, esclarece.<br />
Antônio Kaupert, <strong>da</strong> Ceres: novo<br />
cronograma para manutenção po<strong>de</strong><br />
aju<strong>da</strong>r a conciliar produção <strong>de</strong> sorgo<br />
sacarino e cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />
Enquanto esse novo layout <strong>da</strong>s usinas não<br />
chega ao mercado, a opção é fazer alterações<br />
no cronograma tradicional <strong>de</strong> manutenção.<br />
Segundo o gerente <strong>de</strong> Marketing <strong>da</strong> Ceres,<br />
Antônio Kaupert, uma possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> é concentrar<br />
o trabalho no fim <strong>da</strong> safra <strong>de</strong> sorgo sacarino.<br />
“A entressafra vai <strong>de</strong> novembro a abril e<br />
estamos ocupando até dois meses <strong>de</strong>sse período.<br />
Para conciliar as duas culturas, é preciso<br />
fazer a manutenção nos <strong>de</strong>mais meses”, avalia<br />
Kaupert.<br />
O investimento, na visão do gerente, vale a<br />
pena. Embora o sorgo sacarino apresente níveis <strong>de</strong><br />
produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> inferiores ao <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar e<br />
ain<strong>da</strong> não mostre vocação para li<strong>de</strong>rar a produção<br />
<strong>de</strong> etanol, a planta po<strong>de</strong> trazer um acréscimo <strong>de</strong><br />
recursos e <strong>de</strong> conhecimentos técnicos estratégicos<br />
para o setor. “Tudo isso aproveitando os ativos<br />
já existentes”, acrescenta.<br />
<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 13
tecnologia <strong>da</strong> Informação<br />
A<strong>de</strong>us aos<br />
ca<strong>de</strong>rninhos<br />
Monitoramento hi-tech<br />
<strong>de</strong> gestão do campo<br />
reforça profissionalismo<br />
do setor. Para<br />
especialistas, novos<br />
sistemas <strong>de</strong> informação<br />
<strong>de</strong>cretam extinção dos<br />
tradicionais controles<br />
manuais<br />
Luciano Lacer<strong>da</strong>, diretor executivo<br />
<strong>da</strong> TOTVS em Goiás<br />
14 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />
igor Augusto Pereira<br />
Disso ninguém duvi<strong>da</strong>: em um<br />
mercado ca<strong>da</strong> vez mais competitivo,<br />
não é possível levar adiante<br />
um projeto <strong>de</strong> agronegócio, que<br />
envolve um gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> colaboradores,<br />
recursos e informações, sem pensar<br />
na informática. Respon<strong>de</strong>ndo por mais <strong>da</strong><br />
meta<strong>de</strong> do custo final <strong>de</strong> produtos, as<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s na área agrícola ganharam, nos<br />
últimos anos, investimentos em Tecnologia<br />
<strong>da</strong> Informação (TI) que impactaram positivamente<br />
o setor.<br />
Embora os especialistas não arrisquem<br />
palpites sobre o ganho <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
trazido pelo emprego <strong>de</strong>ssas soluções nos<br />
últimos anos, o fato é que uma série <strong>de</strong><br />
aspectos estratégicos para quem produz já<br />
está à disposição na ponta do lápis – ou<br />
melhor, nas telas do <strong>da</strong>tacenter.<br />
“Foi-se o tempo em que era possível<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r apenas <strong>da</strong> experiência <strong>de</strong> campo<br />
dos envolvidos ou até do acompanhamento<br />
direto <strong>da</strong>s áreas e operações. Hoje,<br />
é necessário que os <strong>da</strong>dos colhidos nestas<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sejam analisados, gerando subsídios<br />
para as <strong>de</strong>cisões”, garante o diretor<br />
comercial <strong>da</strong> CHB, Mário Arias Martinez.<br />
Apesar <strong>da</strong>s primeiras experiências <strong>de</strong>ssa<br />
natureza existirem há mais <strong>de</strong> 20 anos, o<br />
mercado <strong>de</strong> TI tem investido na criação <strong>de</strong><br />
plataformas integra<strong>da</strong>s. Assim, <strong>da</strong>dos<br />
sobre indicadores financeiros, movimentação<br />
agrícola, aspectos contábeis e volumes<br />
<strong>de</strong> estoque, para citar alguns exemplos,<br />
saíram <strong>de</strong> sistemas próprios e se<br />
incorporaram em softwares que colaboram<br />
para uma visão mais gerencial <strong>da</strong><br />
produção.<br />
A gestão <strong>da</strong> matéria-prima e o controle<br />
<strong>da</strong> frota são consi<strong>de</strong>rados os aspectos em<br />
que há melhor aproveitamento <strong>da</strong>s soluções<br />
<strong>de</strong> TI no setor sucroenergético. Para<br />
o diretor executivo <strong>da</strong> TOTVS em Goiás,<br />
Luciano Lacer<strong>da</strong>, embora tanto a <strong>de</strong>man<strong>da</strong><br />
quanto a oferta <strong>de</strong> novos sistemas estejam<br />
vivendo um período aquecido, é preciso<br />
ter cautela ao investir.<br />
“Muitas empresas trabalham com até<br />
cinco fornecedores <strong>de</strong> software ao mesmo<br />
tempo. Isso dificulta o processo <strong>de</strong> integração<br />
dos sistemas e, consequentemente,<br />
acarreta uma falta <strong>de</strong> informações consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />
<strong>da</strong> operação”, garante.<br />
Com produtos implantados em mais <strong>da</strong><br />
meta<strong>de</strong> <strong>da</strong>s usinas <strong>de</strong> açúcar e etanol do<br />
Brasil, segundo estatísticas internas, a<br />
TOTVS apostou suas fichas no setor sucroenergético.<br />
“No agronegócio, foi o primeiro<br />
subsegmento a ser informatizado”,<br />
revela o gestor <strong>de</strong> Estratégia <strong>de</strong> Oferta <strong>de</strong><br />
Sofware <strong>da</strong> empresa, Sidney Regi Junior.<br />
O executivo <strong>de</strong>staca o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> recursos para reduzir as per<strong>da</strong>s no processo<br />
industrial e os custos <strong>de</strong> alocação <strong>de</strong><br />
máquinas e insumos, aumentar produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
do manejo varietal direcionado e a<br />
visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos resultados <strong>da</strong> empresa,<br />
além <strong>de</strong> expandir a rastreabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do processo<br />
produtivo.<br />
Para resolver aten<strong>de</strong>r a essas <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s,<br />
na<strong>da</strong> <strong>de</strong> planilhas eletrônicas ou controles<br />
manuais. “Atualmente, os sistemas <strong>de</strong> gestão<br />
são multiplataformas. Po<strong>de</strong>m estar<br />
hospe<strong>da</strong>dos fisicamente na própria<br />
agroindústria ou em um <strong>da</strong>tacenter terceirizado.<br />
On<strong>de</strong> está o sistema? Hoje em<br />
dia, isso é ca<strong>da</strong> vez menos relevante”,<br />
endossa.<br />
Divulgação Jalles Machado<br />
C<br />
M<br />
Y<br />
CM<br />
MY<br />
CY<br />
CMY<br />
K<br />
o que a Ti po<strong>de</strong><br />
FazeR poR sua<br />
pRodução?<br />
n Manter os indicadores sanitários em<br />
conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com as exigências<br />
regulatórias;<br />
n Revelar, durante a produção, as<br />
margens <strong>de</strong> lucro espera<strong>da</strong>s <strong>de</strong> acordo<br />
com os custos <strong>de</strong> produção praticados;<br />
n Trazer informações para subsidiar o<br />
planejamento do plantio, <strong>da</strong> colheita e<br />
<strong>da</strong> reforma dos canaviais;<br />
n Oferecer informações sobre quando<br />
e como abastecer os veículos utilizados<br />
no transporte <strong>de</strong> matéria-prima e<br />
insumos;<br />
n Programar fases <strong>da</strong> manutenção<br />
básica, corretiva e preditiva, mostrando<br />
a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos veículos.<br />
AD Jornal CANAL BIOENERGIA - 26 cm x 19,5 cm.pdf 1 14/08/12 10:58<br />
Não jogue<br />
dinheiro<br />
pelo ralo.<br />
Na Saneago, óleo <strong>de</strong> cozinha usado<br />
vira crédito na sua fatura.<br />
Mais domínio<br />
Quando <strong>de</strong>scartado in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente, o óleo residual <strong>de</strong> fritura<br />
polúi rios, corregos, lagos e até mesmo o solo. Por isso,<br />
a Saneago lançou o Programa Olho no Óleo, que vai<br />
bonificar o cliente com crédito na fatura.<br />
Para participar, leve o seu óleo <strong>de</strong> cozinha usado, em garrafas<br />
tipo PET com tampa rosqueável, até um dos pontos<br />
<strong>de</strong> coleta.<br />
Essa é uma excelente oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para você também<br />
colaborar com o meio ambiente.<br />
Para informações sobre os pontos <strong>de</strong> coleta, ligue SANEAGO 115<br />
ou acesse www.saneago.com.br/relacionamento<br />
Em se tratando <strong>de</strong> TI, <strong>de</strong>senvolver produtos e<br />
serviços que aten<strong>da</strong>m às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do mercado<br />
requer, muitas vezes, aprimorar recursos já existentes<br />
e torná-los viáveis comercialmente. É o<br />
caso <strong>da</strong> Procenge, empresa sedia<strong>da</strong> em Recife (PE),<br />
que <strong>de</strong>senvolveu um sistema <strong>de</strong> geotecnologia<br />
capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar problemas nos talhões <strong>da</strong><br />
cana-<strong>de</strong>-açúcar a partir <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> satélite.<br />
“Utilizamos sensores que i<strong>de</strong>ntificam a aproximação<br />
dos implementos agrícolas e rastreiam o <strong>de</strong>slocamento<br />
<strong>da</strong>s composições responsáveis pela colheita<br />
e pelo transporte <strong>da</strong> cana”, completa Luiz<br />
Malheiros, assessor técnico <strong>da</strong> empresa. As imagens<br />
são forneci<strong>da</strong>s uma vez por mês e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fim <strong>de</strong><br />
outubro, receberam incrementos em sua resolução.<br />
“Uma usina po<strong>de</strong> acompanhar o <strong>de</strong>sempenho<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> área cultiva<strong>da</strong> e antecipar possíveis<br />
problemas, prever safras e ajustar seu plano<br />
<strong>de</strong> colheita, <strong>de</strong>cidir pela reforma <strong>de</strong> um talhão,<br />
<strong>de</strong>ntre outros”, explica.<br />
De acordo com especialistas, os investimentos<br />
em TI são apontados como vitais para melhorar o<br />
<strong>de</strong>sempenho do setor frente à crescente <strong>de</strong>man<strong>da</strong><br />
mundial por alimentos e biocombustíveis. Nesse<br />
contexto, ter mais domínio sobre o processo produtivo<br />
para tomar <strong>de</strong>cisões em tempo real é palavra<br />
<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m para quem quer se manter no mercado<br />
<strong>de</strong> maneira orgânica e sustentável.<br />
Mário Arias Martinez, diretor comercial <strong>da</strong> CHB<br />
treinamento necessário<br />
A operação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> controle geral em<br />
uma usina envolve diversos profissionais. Por isso<br />
mesmo, além <strong>da</strong> implantação dos softwares pelas<br />
equipes <strong>da</strong>s empresas fornecedoras, o processo<br />
inclui uma série <strong>de</strong> treinamentos para o pessoal<br />
interno. Quem for <strong>de</strong>signado para operar o<br />
AgroGIS, software <strong>de</strong> geotecnologia <strong>da</strong> Procenge,<br />
passa por pelo menos uma semana <strong>de</strong> treinamento.<br />
Depen<strong>de</strong>ndo do porte <strong>da</strong> solução adquiri<strong>da</strong>,<br />
receber to<strong>da</strong>s as instruções sobre o software po<strong>de</strong><br />
levar ain<strong>da</strong> mais tempo. “Para o nosso produto<br />
completo, que conta com 20 módulos, estimamos<br />
um total <strong>de</strong> 1,6 mil horas <strong>de</strong> treinamentos”, revela<br />
Mário Arias Martinez, diretor comercial <strong>da</strong> CHB.<br />
PROGRAMA DE COLETA<br />
DE ÓLEO DA SANEAGO<br />
Bônus para você e para o meio ambiente<br />
<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 15
Logística<br />
16 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />
Petrobras recua<br />
no etanolduto<br />
A Petrobras, uma<br />
<strong>da</strong>s investidoras<br />
na construção<br />
do duto que<br />
vai ligar Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro, São<br />
Paulo, Minas<br />
Gerais e Goiás,<br />
anunciou que<br />
não vai investir<br />
na obra em<br />
2013. Valor total<br />
do projeto é<br />
estimado em<br />
R$ 7 bi<br />
rogério Guimarães,<br />
<strong>de</strong> São Paulo<br />
A<br />
notícia dá continui<strong>da</strong><strong>de</strong> à sequência <strong>de</strong><br />
anúncios negativos <strong>da</strong> Petrobras no<br />
segundo semestre <strong>de</strong>ste ano. Em outubro<br />
a empresa anunciou que<strong>da</strong> na<br />
produção diária para uma média <strong>de</strong> 1,843<br />
milhão <strong>de</strong> barris <strong>de</strong> petróleo em setembro, o<br />
menor índice nos últimos quatro anos. Ain<strong>da</strong><br />
em outubro a estatal admitiu uma retração <strong>de</strong><br />
12% no lucro líquido do terceiro trimestre em<br />
relação ao mesmo período <strong>de</strong> 2011. Em agosto o<br />
baque veio com a confirmação <strong>de</strong> um prejuízo<br />
histórico <strong>de</strong> R$ 1,346 bilhão no segundo trimestre<br />
<strong>de</strong> <strong>2012</strong>, enquanto no mesmo período <strong>de</strong><br />
2011 o cenário foi bem diferente: lucro líquido<br />
<strong>de</strong> R$ 10,943 bilhões.<br />
Para o diretor do Centro Brasileiro <strong>de</strong><br />
Infraestrutura, Adriano Pires, a Petrobras se<br />
viu obriga<strong>da</strong> a reavaliar o etanolduto. “A<br />
Petrobras está repensando a obra. O etanolduto<br />
foi pensado num momento <strong>de</strong> crescimento<br />
vertiginoso do etanol, muito diferente do<br />
cenário <strong>de</strong> hoje que é <strong>de</strong> crise. A produção<br />
vem caindo ao longo dos anos, o setor sucroenergético<br />
não é amparado por política pública,<br />
ain<strong>da</strong> mais após o pré-sal. A situação é tão<br />
<strong>de</strong>sfavorável que o próprio governo se viu<br />
obrigado a reduzir a mistura <strong>de</strong> álcool anidro<br />
na gasolina <strong>de</strong> 25 para 20% no ano passado”,<br />
explicou o diretor do CBIE. Ain<strong>da</strong> segundo<br />
Pires, a Petrobras passa por uma fase <strong>de</strong> rearrumação<br />
<strong>da</strong> Casa, palavras <strong>da</strong> própria presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>da</strong> estatal, Graça Foster.<br />
Diante do quadro <strong>da</strong> empresa, Pires acredita<br />
que investimentos no etanol só no final <strong>de</strong> 2014<br />
ou em 2015. “A empresa enfrenta problema <strong>de</strong><br />
caixa e, por isso, o etanolduto <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser<br />
priori<strong>da</strong><strong>de</strong>, e talvez para os outros sócios a análise<br />
possa ser a mesma. Teremos <strong>de</strong> esperar<br />
quase dois anos pra saber se a Petrobras já terá<br />
condições <strong>de</strong> fazer o aporte. A priori<strong>da</strong><strong>de</strong> agora<br />
<strong>da</strong> empresa petrolífera é levantar a curva <strong>de</strong><br />
produção. Apesar <strong>de</strong>sse cenário, o projeto não<br />
foi abortado,” analisou Pires.<br />
O comunicado foi divulgado no final <strong>de</strong><br />
outubro. Na época a Petrobras informou aos<br />
seus sócios junto à Logum Logística S/A, a<br />
empresa responsável pela construção e operação<br />
do Sistema Logístico <strong>de</strong> Etanol, que não vai<br />
fazer em 2013 o aporte financeiro para as obras<br />
do duto. Mas a Petrobras anunciou também,<br />
durante a divulgação dos resultados financeiros<br />
do 3º trimestre, que manterá a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> com a<br />
Logum. A Companhia vai avaliar até março <strong>de</strong><br />
2013, a partir do que prevê o Plano <strong>de</strong> Negócios<br />
<strong>2012</strong>-2016, o valor do novo aporte, mas o percentual<br />
<strong>de</strong> participação <strong>de</strong>verá ser mantido no<br />
mesmo patamar <strong>de</strong> 20%. Em nota, a Petrobras<br />
disse que “consi<strong>de</strong>ra o etanolduto um empreendimento<br />
<strong>de</strong> infraestrutura importante para o<br />
País, que contribuirá para a melhoria <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
do sistema”.<br />
Os outros sócios <strong>da</strong> Logum são as gigantes<br />
produtoras e comercializadoras <strong>de</strong> etanol<br />
Raízen, Copersucar e O<strong>de</strong>brecht/ETH, e ain<strong>da</strong>,<br />
Uniduto e Camargo Corrêa. Apesar do recuo <strong>da</strong><br />
Petrobras, esses investidores <strong>de</strong>vem honrar os<br />
aportes no ano que vem. Em <strong>2012</strong> os investi-<br />
mentos no duto vão somar R$ 1 bilhão, sendo R$<br />
700 milhões obtidos por meio <strong>de</strong> um empréstimo<br />
do Banco Nacional do Desenvolvimento<br />
Econômico e Social (BNDES) e R$ 300 milhões<br />
pelos sócios.<br />
A direção <strong>da</strong> Logum, por meio <strong>da</strong> assessoria <strong>de</strong><br />
imprensa, diz que não vai falar mais sobre o assunto<br />
por enquanto. À época do anúncio <strong>da</strong> Petrobras,<br />
o presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> empresa, Alberto Guimarães, falou<br />
que a situação está sendo discuti<strong>da</strong> e que <strong>de</strong>ve ser<br />
resolvi<strong>da</strong> até meados do ano que vem, quando<br />
haverá a primeira chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> capital para 2013.<br />
Ain<strong>da</strong> segundo o presi<strong>de</strong>nte, o cronograma <strong>de</strong><br />
obras <strong>de</strong>ve ser mantido com a primeira inauguração<br />
<strong>de</strong> trecho em março do ano que vem. As obras<br />
no percurso <strong>de</strong> 212 quilômetros entre Ribeirão<br />
Preto (SP) e Paulínia (SP) já estão com 97% do<br />
previsto concluí<strong>da</strong>s. Já o segundo trecho entre<br />
Ribeirão Preto (SP) e Uberaba (MG), prevista para<br />
ter início no terceiro trimestre <strong>de</strong>ste ano, ain<strong>da</strong> não<br />
começou. As obras, segundo a Logum, <strong>de</strong>vem<br />
começar assim que houver a primeira inauguração.<br />
Esse atraso preocupa os produtores que estão na<br />
ponta do etanolduto, em Goiás, on<strong>de</strong> usineiros<br />
investem na construção e ampliação <strong>de</strong> indústrias<br />
pensando no escoamento <strong>da</strong> produção pelo novo<br />
mo<strong>da</strong>l <strong>de</strong> 1,3 mil quilômetros <strong>de</strong> extensão, mais<br />
seguro e com maior rapi<strong>de</strong>z no escoamento. Além<br />
disso, dizem especialistas, o duto vai aju<strong>da</strong>r a diminuir<br />
o volume <strong>de</strong> caminhões trafegando nas estra<strong>da</strong>s,<br />
reduzindo assim os gastos com manutenção e<br />
conservação <strong>de</strong> rodovias.<br />
Após a conclusão em Uberaba, o projeto original<br />
prevê o prolongamento até Itumbiara (GO), no<br />
Sul do Estado, e, na sequência, um ramal até Jataí,<br />
no Sudoeste goiano. “O anúncio <strong>da</strong> Petrobras traz<br />
ms<br />
presi<strong>de</strong>nte<br />
epitácio<br />
jataí<br />
Apareci<strong>da</strong><br />
taboado<br />
pr<br />
go<br />
quirinópolis<br />
Araçatuba<br />
sp<br />
senador<br />
Canedo<br />
itumbiara<br />
Anhembi<br />
Barueri<br />
uberaba<br />
uma atenção especial a esse assunto, mas <strong>de</strong>vemos<br />
buscar ter mais informações a respeito, pois<br />
a Petrobras po<strong>de</strong> fazer os aportes imobilizando<br />
dutos que já pertencem a ela, os outros sócios<br />
po<strong>de</strong>m fazer os aportes e diluírem a participação<br />
<strong>da</strong> Petrobras ou po<strong>de</strong>ria haver a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> outro<br />
sócio no projeto. Caso os sócios <strong>de</strong>ci<strong>da</strong>m pelo<br />
adiamento do cronograma, isso po<strong>de</strong>rá provocar<br />
um gran<strong>de</strong> entrave à nossa competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong>”, avaliou<br />
o Presi<strong>de</strong>nte-executivo dos sindicatos <strong>da</strong><br />
Indústria <strong>de</strong> Fabricação <strong>de</strong> Etanol e Açúcar do<br />
Estado <strong>de</strong> Goiás (Sifaeg/Sifaçúcar), André Luiz<br />
Baptista Lins Rocha<br />
A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> adiamento <strong>da</strong> construção<br />
até Goiás coinci<strong>de</strong> com a fase <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> retração<br />
do consumo <strong>de</strong> etanol no País <strong>de</strong>vido à per<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto em relação à gasolina,<br />
afirma André Rocha. “Houve aumento <strong>de</strong><br />
custos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> etanol e diminuição <strong>da</strong><br />
ribeirão preto<br />
guararema<br />
guarulhos<br />
paulínia<br />
mg<br />
são josé<br />
dos Campos<br />
são sebastião<br />
rj<br />
rio <strong>de</strong> janeiro<br />
porto <strong>de</strong> ilha d’água<br />
tributação <strong>da</strong> gasolina (fim <strong>da</strong> Ci<strong>de</strong>), que hoje é<br />
praticamente a mesma do etanol, ao contrário do<br />
resto do mundo, que valoriza tributariamente os<br />
combustíveis limpos e renováveis. Em alguns<br />
casos, chegando a subsidiar os produtores e/ou os<br />
consumidores”. Ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> acordo com o Presi<strong>de</strong>nte/<br />
Executivo do Sifaeg/Sifaçúcar, atualmente apenas<br />
nos Estados <strong>de</strong> Goiás, São Paulo e Mato Grosso há<br />
pari<strong>da</strong><strong>de</strong> do preço do etanol frente à gasolina<br />
(que acontece quando o preço do etanol é inferior<br />
a 70 % do valor <strong>da</strong> gasolina). “Os consumidores<br />
não estão valorizando os ganhos ambientais do<br />
etanol (que emite 90% a menos <strong>de</strong> CO2 do que a<br />
gasolina), a maior geração <strong>de</strong> empregos (8 vezes<br />
mais do que a gasolina), entre outras vantagens.<br />
Apesar do aumento <strong>da</strong> frota flex, a participação<br />
do etanol como combustível dos veículos leves<br />
hoje é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 35%, tendo alcançado mais <strong>de</strong><br />
50% em 2010, finalizou Rocha.<br />
<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 17
Bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
À espera <strong>da</strong><br />
luz no fim do túnel<br />
Estudos realizados<br />
no Brasil mapeiam<br />
os motivos que<br />
impe<strong>de</strong>m o<br />
crescimento em<br />
investimentos<br />
na cogeração <strong>de</strong><br />
energia a partir <strong>da</strong><br />
biomassa<br />
18 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />
Fernando <strong>da</strong>ntas<br />
A<br />
energia gera<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> cana<strong>de</strong>-açúcar<br />
representa 3,5% <strong>da</strong><br />
<strong>de</strong>man<strong>da</strong> total do País. O aproveitamento<br />
<strong>da</strong> biomassa ain<strong>da</strong> é<br />
pequeno se for leva<strong>da</strong> em consi<strong>de</strong>ração a<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> usinas espalha<strong>da</strong>s pelo Brasil,<br />
que já somam 441 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s em operação.<br />
Entretanto, não é por falta <strong>de</strong> interesse <strong>da</strong>s<br />
indústrias que esse número não é maior,<br />
existem motivos que explicam os entraves<br />
para a expansão <strong>da</strong> bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>. As respostas<br />
foram mapea<strong>da</strong>s em dois estudos<br />
realizados nos últimos anos por especialistas<br />
brasileiros e que revelam as causas possíveis<br />
para o pouco aproveitamento do<br />
potencial <strong>de</strong> utilização <strong>da</strong> biomassa.<br />
O estudo sobre regulação <strong>de</strong> energia elétrica<br />
com biomassa <strong>da</strong> cana, feito pelo pósdoutorando<br />
<strong>da</strong> Unicamp e professor <strong>da</strong><br />
Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília (UnB), Luiz Vicente<br />
Gentil, i<strong>de</strong>ntificou que a conexão entre a<br />
usina <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar e o ponto <strong>de</strong> acesso<br />
à re<strong>de</strong> distribuidora ou <strong>da</strong> transmissora é<br />
um dos principais obstáculos para ampliar a<br />
bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Dados <strong>da</strong> pesquisa mostram<br />
que a obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> as empresas do<br />
setor sucroenergético terem <strong>de</strong> arcar sozinhas<br />
com os custos <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> linhas<br />
<strong>de</strong> transmissão po<strong>de</strong> representar até 30%<br />
do total <strong>de</strong> investimento em um projeto <strong>de</strong><br />
bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Com incentivos para custeio <strong>da</strong> construção<br />
<strong>da</strong>s linhas <strong>de</strong> transmissão, que ligam a usina a<br />
um ponto <strong>de</strong> acesso à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição<br />
elétrica, o Brasil po<strong>de</strong>ria, nos próximos anos,<br />
saltar na geração <strong>de</strong> energia a partir <strong>da</strong> biomassa,<br />
aten<strong>de</strong>ndo mais <strong>de</strong> 8% <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><br />
nacional, resultando ain<strong>da</strong> em US$ 1,75 bilhão<br />
em receita para as usinas. Atualmente, 90% <strong>da</strong><br />
carga elétrica do País têm origem nas usinas<br />
hidroelétricas e o restante vem <strong>de</strong> outras fontes,<br />
inclusive a eólica. O investimento, seja por<br />
meio <strong>da</strong> <strong>de</strong>soneração ou oferta <strong>de</strong> incentivos<br />
para a geração <strong>de</strong> energia a partir <strong>da</strong> biomassa,<br />
eólica, solar e outras po<strong>de</strong>ria contribuir<br />
para reduzir a carga <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />
hidroelétricas e evitar, assim, os frequentes<br />
apagões que têm ocorrido no Brasil nos último<br />
anos.<br />
De acordo com o gerente <strong>de</strong> Bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>da</strong> União <strong>da</strong> Indústria <strong>de</strong> Cana-<strong>de</strong>-Açúcar<br />
(Unica), Zilmar José <strong>de</strong> Souza, o atual mo<strong>de</strong>lo<br />
<strong>de</strong> regulação implica em custos, onerando a<br />
usina. “Há a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma política<br />
setorial <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> à bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>, em especial<br />
ao aspecto <strong>da</strong> conexão. Se essa infraestrutura<br />
fosse oferta<strong>da</strong>, <strong>de</strong>soneraria em 30% o<br />
investimento e tornaria a energia oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
biomassa mais competitiva nos leilões”,<br />
acrescenta.<br />
mapeamento<br />
A pesquisa ‘Determinantes do baixo aproveitamento<br />
do potencial elétrico do setor<br />
sucroenergético: uma pesquisa <strong>de</strong> campo’,<br />
realiza<strong>da</strong> pelo Banco Nacional do<br />
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),<br />
em parceria com o Grupo <strong>de</strong> Estudos do Setor<br />
Elétrico <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
(UFRJ), verificou que as principais causas para<br />
inibir o investimento na cogeração <strong>de</strong> energia<br />
elétrica se <strong>de</strong>vem: à dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conexão <strong>da</strong>s<br />
centrais térmicas à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição, a fragili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
econômica e financeira, e a inexperiência<br />
em operar no setor elétrico <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s<br />
usinas. O estudo foi feito na safra 2009/2010, em<br />
207 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s sucroenergéticas no País (<strong>de</strong> um<br />
total <strong>de</strong> 438 na época), com a proposta <strong>de</strong><br />
conhecer a ótica <strong>da</strong>s usinas e estimular o melhor<br />
aproveitamento do potencial elétrico do setor<br />
sucroenergético.<br />
De acordo com a pesquisa, a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
conexão <strong>da</strong>s centrais térmicas está relaciona<strong>da</strong><br />
com o fato <strong>de</strong> a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição ter sido<br />
projeta<strong>da</strong> apenas para atendimento <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> consumidores e não <strong>de</strong> coleta <strong>da</strong> geração <strong>de</strong><br />
energia. Essa situação torna necessários, para a<br />
conexão <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s cogeradoras, investimentos<br />
para o dimensionamento econômico, e <strong>de</strong> menor<br />
custo global para o sistema. O levantamento<br />
i<strong>de</strong>ntificou também que parte <strong>da</strong>s usinas que<br />
ain<strong>da</strong> não investe em cogeração não o faz <strong>de</strong>vido<br />
ao custo dos investimentos em mo<strong>de</strong>rnização<br />
<strong>da</strong> planta e às condições <strong>de</strong> financiamento ao<br />
investimento.<br />
No caso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar uma planta já existente,<br />
é necessário substituir equipamentos do<br />
processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> energia que ain<strong>da</strong> pos-<br />
Luiz Vicente Gentil,<br />
professor <strong>da</strong> UNB,<br />
<strong>de</strong>senvolveu estudo<br />
sobre regulação <strong>de</strong><br />
energia elétrica com<br />
biomassa <strong>da</strong> cana<br />
suem vi<strong>da</strong> útil, como cal<strong>de</strong>iras, turbinas e geradores,<br />
o que representa custo para as usinas.<br />
Agora, existe uma diferença nos projetos greenfields<br />
e <strong>de</strong> expansão <strong>da</strong> moagem <strong>de</strong> cana, pois os<br />
equipamentos já integram um plano <strong>de</strong> investimento<br />
e estão previstos na receita <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
industriais.<br />
Outro ponto verificado no estudo, e que não é<br />
comum <strong>de</strong> ser tratado como entrave, foi a carga<br />
tributária. O problema tributário ocorre principalmente<br />
nos investimentos em bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
que optam por separar a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> usina <strong>de</strong><br />
açúcar e etanol, criando uma empresa <strong>de</strong> geração<br />
<strong>de</strong> energia elétrica.<br />
<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 19
Cogeração<br />
Difícil, mas possível<br />
ETH Bioenergia<br />
comprova que, apesar<br />
<strong>de</strong> entraves, cogeração<br />
<strong>de</strong> energia a partir<br />
<strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />
é uma alternativa<br />
sustentável e viável<br />
economicamente<br />
20 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />
Guilherme Barbosa<br />
Em meio à discussão sobre economia<br />
ver<strong>de</strong>, um dos temas que vem<br />
ganhando <strong>de</strong>staque é a geração <strong>de</strong><br />
energia por fontes limpas e renováveis.<br />
Segundo <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Empresa <strong>de</strong><br />
Pesquisa Energética (EPE), ao longo <strong>da</strong><br />
próxima déca<strong>da</strong>, o conjunto <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong><br />
energia renováveis no País crescerá a uma<br />
taxa média <strong>de</strong> 5,1% ao ano. Estudos indicam<br />
que, até 2021, estas fontes passarão<br />
a ser responsáveis por 45% do total <strong>da</strong><br />
matriz energética brasileira. Atualmente,<br />
43,1% <strong>da</strong> matriz energética brasileira é<br />
composta por renováveis, energia produzi<strong>da</strong><br />
principalmente por usinas hidrelétricas<br />
e biocombustíveis. De acordo com<br />
informações <strong>da</strong> União <strong>da</strong> Indústria <strong>de</strong><br />
Cana-<strong>de</strong>-açúcar (Unica), <strong>de</strong>ste total,<br />
17,8% são provenientes <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar,<br />
a primeira fonte <strong>de</strong> energia sustentável<br />
do País.<br />
O Brasil possui cerca <strong>de</strong> 450 usinas<br />
sucroenergéticas, sendo que a maior parte<br />
<strong>de</strong>las está localiza<strong>da</strong> na região Centro-<br />
Sul, maior consumidora <strong>de</strong> energia. Tratase<br />
<strong>de</strong> uma enorme reserva <strong>de</strong> bagaço <strong>de</strong><br />
cana-<strong>de</strong>-açúcar, fonte <strong>de</strong> energia limpa e<br />
renovável, disponível perto dos centros <strong>de</strong><br />
consumo elétrico. Com uma tonela<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
bagaço, que significa 25% a 30% do peso<br />
<strong>da</strong> cana processa<strong>da</strong> com 50% <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
po<strong>de</strong>-se gerar 300 KWh, quase o dobro do<br />
consumo médio <strong>de</strong> uma residência, que é<br />
<strong>de</strong> 154 KWh. Além disso, a energia <strong>de</strong><br />
biomassa é ain<strong>da</strong> altamente complementar<br />
às hidrelétricas, pois se encontra disponível<br />
nos meses <strong>de</strong> safra, exatamente o<br />
período <strong>de</strong> menor pluviosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, em que<br />
rios e reservatórios estão baixos. Mesmo<br />
assim, só 22% <strong>de</strong>stas usinas exportam<br />
energia para o sistema elétrico, contribuindo<br />
com 2% do consumo anual.<br />
É importante ressaltar que, do total <strong>da</strong><br />
energia conti<strong>da</strong> na planta <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-<br />
açúcar, o álcool respon<strong>de</strong> por cerca <strong>de</strong> um<br />
terço, estando o restante distribuído entre<br />
o bagaço, os ponteiros e a palha<strong>da</strong>. Logo,<br />
a cogeração movimenta uma ca<strong>de</strong>ia energética<br />
com potencial <strong>de</strong> dobrar a energia<br />
obti<strong>da</strong> pela produção do álcool.<br />
Dados <strong>da</strong> Secretaria <strong>de</strong> Energia Elétrica<br />
do Ministério <strong>de</strong> Minas e Energia mostram<br />
que a biomassa está em terceiro<br />
lugar na geração <strong>de</strong> energia, atrás <strong>da</strong><br />
hidroeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> e gás, o que <strong>de</strong>monstra<br />
a importância do setor sucroenergético<br />
para o País. Ambientalmente sustentável,<br />
o sistema <strong>de</strong> cogeração produz baixo<br />
nível <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> poluentes, possibilita<br />
a mitigação <strong>de</strong> impactos ambientais,<br />
substitui a produção <strong>da</strong>s térmicas a óleo<br />
combustível ou gás natural, ambas mais<br />
caras e poluentes, complementando a energia<br />
hidráulica. Além <strong>da</strong>s vantagens ambientais, a<br />
geração <strong>de</strong> energia a partir <strong>de</strong> biomassa apresenta<br />
importantes benefícios econômicos.<br />
Como a geração é <strong>de</strong>scentraliza<strong>da</strong> e próxima<br />
dos centros <strong>de</strong> consumo, há uma redução nos<br />
custos para a população.<br />
É claro que existem <strong>de</strong>safios para a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sta produção. As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> distribuição são<br />
falhas e não alcançam as diversas regiões compradoras,<br />
os leilões <strong>de</strong> energia não recebem os<br />
incentivos necessários e faltam políticas nacionais<br />
para a integração <strong>da</strong> energia <strong>de</strong> biomassa<br />
na matriz energética. Porém, <strong>de</strong>ntre tantos<br />
percalços, existem exemplos <strong>de</strong> quem obtém<br />
sucesso neste setor. A ETH Bioenergia, controla<strong>da</strong><br />
pela Organização O<strong>de</strong>brecht, é lí<strong>de</strong>r em <strong>bioenergia</strong>,<br />
com a produção <strong>de</strong> 2.700 Gwh/ano <strong>de</strong><br />
Sistema <strong>de</strong> cogeração<br />
produz baixo nível <strong>de</strong><br />
emissão <strong>de</strong> poluentes<br />
energia elétrica a partir <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>- açúcar. O<br />
grupo possui três uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s localiza<strong>da</strong>s no<br />
Estado <strong>de</strong> Goiás (Morro Vermelho, Água<br />
Emen<strong>da</strong><strong>da</strong> e Rio Claro), que somarão na safra<br />
atual cerca <strong>de</strong> 5.250 mil Mwh <strong>de</strong> energia elétrica<br />
a partir <strong>da</strong> biomassa.<br />
A expectativa do setor é aumentar em 18% a<br />
sua participação na matriz elétrica brasileira até<br />
o final <strong>de</strong>sta déca<strong>da</strong>, tendo assim mais <strong>de</strong> 13 mil<br />
MW médios <strong>de</strong> energia elétrica disponível nos<br />
canaviais do Centro-Sul do País, o equivalente a<br />
três usinas <strong>de</strong> Belo Monte ou 14% <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
nacionais em 2020. Em <strong>2012</strong>, a energia a<br />
partir do bagaço <strong>de</strong> cana representará aproxima<strong>da</strong>mente<br />
15% <strong>da</strong> receita <strong>da</strong> ETH. A previsão<br />
do grupo é <strong>de</strong> que esta parte <strong>de</strong> sua receita<br />
suba para 20% na safra <strong>de</strong> 2014/15. (Com informações<br />
<strong>da</strong> Assessoria <strong>de</strong> imprensa <strong>da</strong> etH).<br />
<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 21
Inovação<br />
Energia que<br />
vem <strong>da</strong>s marés<br />
Brasil tem a primeira<br />
usina <strong>de</strong> energia<br />
maremotriz, possível<br />
alternativa diante<br />
do crescimento do<br />
consumo interno <strong>de</strong><br />
eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
22 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />
igor Augusto Pereira<br />
Quando o assunto é a energia que vem<br />
dos mares, o Brasil chama a atenção<br />
do mundo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2008, com a <strong>de</strong>scoberta<br />
<strong>da</strong> cama<strong>da</strong> do pré-sal ao longo<br />
<strong>de</strong> 800 quilômetros <strong>da</strong> costa nacional. Mas os<br />
oceanos po<strong>de</strong>m oferecer muito mais que combustível<br />
fóssil em cama<strong>da</strong>s profun<strong>da</strong>s. Essa é a<br />
aposta <strong>de</strong> um projeto que quer gerar energia<br />
limpa a partir <strong>da</strong> força <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s, que têm<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar o equivalente a 17% <strong>da</strong><br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> total instala<strong>da</strong> no País.<br />
Com tecnologia brasileira, a iniciativa está<br />
em fase <strong>de</strong> testes e serve como um laboratório<br />
em escala real, instalado no Porto <strong>de</strong><br />
Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE). O<br />
projeto integra chama<strong>da</strong> <strong>da</strong> Agência Nacional<br />
<strong>de</strong> Energia Elétrica (Aneel) e leva o nome <strong>de</strong><br />
“Implantação <strong>de</strong> Protótipo <strong>de</strong> Conversor <strong>de</strong><br />
On<strong>da</strong>s Onshore nas Condições <strong>de</strong> Mar do<br />
Nor<strong>de</strong>ste do Brasil”.<br />
O empreendimento tem como proponente<br />
a Tractebel Energia, gigante <strong>da</strong> geração priva<strong>da</strong><br />
que <strong>de</strong>tém um parque composto por 22<br />
usinas. A Fun<strong>da</strong>ção Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Projetos,<br />
Pesquisas e Estudos Tecnológicos <strong>da</strong><br />
Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
(Coppe/UFRJ) é a responsável por executar as<br />
pesquisas para a implantação <strong>da</strong> usina.<br />
Os testes começaram em junho e foram retomados<br />
no fim <strong>de</strong> agosto. Na primeira vez, os<br />
sistemas operaram por 10 minutos e abasteceram<br />
os sistemas auxiliares <strong>da</strong> usina, como iluminação<br />
e ar condicionado. Na segun<strong>da</strong> experiência,<br />
em menos <strong>de</strong> duas horas <strong>de</strong> funcionamento,<br />
a usina produziu mais <strong>de</strong> 12,9 megawatts.<br />
As on<strong>da</strong>s do mar têm gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> energia mecânica, que po<strong>de</strong> ser transforma<strong>da</strong><br />
em eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>. A tecnologia tem similari<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
com a geração <strong>de</strong> energia eólica,<br />
uma vez que as on<strong>da</strong>s nascem pela ação dos<br />
ventos na superfície do mar. A primeira experiência<br />
nesse sentido surgiu na França, em<br />
1966, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> La Rance.<br />
A usina brasileira funciona com dois gran<strong>de</strong>s<br />
braços mecânicos (fotos), que têm bóias circulares<br />
em suas pontas, aproveitando o movimento<br />
<strong>de</strong> elevação e abaixamento <strong>da</strong> água. Com o<br />
movimento, essa estrutura recebe pressão em<br />
um espaço fechado, transformando energia<br />
mecânica em energia elétrica. Segundo<br />
a Coppe, o dispositivo construído no Porto<br />
<strong>de</strong> Pecém simula a força <strong>de</strong> cascatas <strong>de</strong> até<br />
400 metros.<br />
Investimento é lei<br />
A legislação brasileira estabelece que<br />
empresas geradoras, transmissoras e distribuidoras<br />
<strong>de</strong> energia apliquem 1% <strong>de</strong><br />
sua receita anual em projetos <strong>de</strong> pesquisa<br />
e <strong>de</strong>senvolvimento, que são fiscalizados<br />
pela Aneel. Segundo o gerente <strong>de</strong><br />
Operação <strong>da</strong> Produção, Pesquisa e<br />
Desenvolvemento <strong>da</strong> Tractebel Energia,<br />
Sergio Maes, a empresa tem buscado<br />
atuar <strong>de</strong> maneira prática, com resultados<br />
concretos e <strong>de</strong> aplicação prática no mercado<br />
nacional.<br />
“Este projeto é um bom exemplo <strong>de</strong><br />
a<strong>de</strong>rência a estes objetivos. Ao fazê-lo,<br />
acreditamos que <strong>da</strong>mos um sinal positivo<br />
na busca <strong>de</strong> tecnologias nacionais,<br />
genuinamente brasileiras, para a geração<br />
<strong>de</strong> energia elétrica a partir <strong>de</strong> fontes<br />
renováveis, limpas e ain<strong>da</strong> não explora<strong>da</strong>s”,<br />
garante Maes.<br />
Segundo um estudo <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> (Furg), só na costa<br />
europeia existe um potencial <strong>de</strong> energia<br />
<strong>de</strong> 219 gigawatts. No Brasil, esse índice<br />
chegaria a 160 gigawatts. Atualmente,<br />
há usinas para geração <strong>de</strong> eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> a<br />
partir <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s em construção na<br />
Dinamarca, Finlândia, Estados Unidos,<br />
Inglaterra, Japão e Portugal.<br />
“To<strong>da</strong>s essas pesquisas ain<strong>da</strong> estão em<br />
fase experimental. Acredito que as iniciativas<br />
hoje não <strong>de</strong>vem ultrapassar o número<br />
<strong>de</strong> 20 protótipos”, explica. Por isso<br />
mesmo, a Tractebel vê na falta <strong>de</strong> componentes<br />
disponíveis no mercado um <strong>de</strong>safio<br />
para o funcionamento <strong>da</strong> usina.<br />
O contrato com a Aneel foi assinado<br />
em março <strong>de</strong> 2009, com prazo <strong>de</strong> execução<br />
<strong>de</strong> 36 meses, mas, com os atrasos<br />
ocorridos, foi prorrogado por mais um<br />
ano. Além disso, <strong>de</strong>mandou um aporte<br />
<strong>de</strong> 25% sobre o valor final, que <strong>de</strong>ve ficar<br />
por volta dos R$ 18 milhões.<br />
<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 23
Consumo em expansão<br />
O consumo <strong>de</strong> eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> no Brasil tem<br />
aumentado duas vezes em relação ao PIB<br />
nacional, revelam <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Empresa <strong>de</strong><br />
Pesquisa Energética (EPE). Um levantamento<br />
apresentado recentemente mostra que a média<br />
alcançou seu ponto mais alto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1992,<br />
quando o índice começou a ser medido. Des<strong>de</strong><br />
2001, houve aumento <strong>de</strong> 38% nos gastos, contra<br />
30% <strong>da</strong> média internacional. Ain<strong>da</strong> assim, o<br />
consumo médio do brasileiro está abaixo <strong>da</strong><br />
média mundial. O Reino Unido, por exemplo,<br />
consome mais que o dobro.<br />
Atualmente, o Brasil é o 10ª maior consumidor<br />
mundial <strong>de</strong> energia elétrica, informa a<br />
Agência Internacional <strong>de</strong> Energia (AIE).<br />
Segundo analistas, o <strong>de</strong>senvolvimento socioeconômico<br />
e a ascensão <strong>de</strong> novas classes, que<br />
passaram a ter acesso à re<strong>de</strong>, foram responsáveis<br />
pelo aumento. Esse número <strong>de</strong>ve aumentar,<br />
com o programa fe<strong>de</strong>ral Luz Para Todos,<br />
que prevê a ampliação do sistema <strong>de</strong> eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
para mais <strong>de</strong> meio milhão <strong>de</strong> residências<br />
sem luz.<br />
Para Sergio Maes, <strong>da</strong> Tractebel Energia<br />
(foto), a energia gera<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s do<br />
mar po<strong>de</strong> se tornar uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> viável para<br />
o brasileiro em poucos anos. “Para que seja<br />
difundi<strong>da</strong> e se torne comercialmente viável, a<br />
inserção <strong>de</strong>sta tecnologia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> vários<br />
fatores. O principal, certamente, é o investimento<br />
que se <strong>de</strong>stinará à continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />
pesquisa, pois é necessário ain<strong>da</strong> aprimorar e<br />
24 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />
otimizar os protótipos já construídos”, ressalta.<br />
O engenheiro avalia, ain<strong>da</strong>, que a concretização<br />
<strong>de</strong>sses investimentos concorre com<br />
outras fontes <strong>de</strong> tecnologia mais barata, como<br />
as hidrelétricas, eólicas e a bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
“Aqui no Brasil, consi<strong>de</strong>rando que não haja<br />
incentivos específicos, a energia proveniente<br />
<strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s, <strong>da</strong>s marés e <strong>da</strong>s correntes marinhas<br />
ain<strong>da</strong> levará alguns anos para ser difundi<strong>da</strong>”.<br />
Temos observado em gran<strong>de</strong>s corporações, como<br />
as do setor sucroenergético, uma análise bastante<br />
<strong>de</strong>talha<strong>da</strong> e minuciosa no que se refere aos<br />
seus controles gerenciais com o fito <strong>de</strong> monitorar os<br />
riscos tributários a que estão sujeitas. O volume <strong>da</strong>quelas<br />
que se <strong>de</strong>dicam a esta tarefa tem aumentado<br />
substancialmente em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong>s alterações trazi<strong>da</strong>s<br />
pela Lei nº 11.638/2007, que, por sua vez, veio alterar,<br />
revogar e, principalmente, introduzir novos dispositivos<br />
à Lei <strong>da</strong>s Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s por Ações (Lei nº 6.404/76).<br />
A migração para o novo padrão contábil (IFRS, ou<br />
normas internacionais <strong>de</strong> contabili<strong>da</strong><strong>de</strong>) tem levado o<br />
consultor a <strong>de</strong>dicar boa parte <strong>de</strong> seu tempo e <strong>de</strong> suas<br />
equipes <strong>de</strong> trabalho ao controle <strong>de</strong> riscos tributários.<br />
Há um estudo, formado por especialistas e pesquisadores<br />
<strong>da</strong> área, que indica que o volume <strong>de</strong> empresas<br />
que se <strong>de</strong>dicam ao monitoramento dos riscos tributários<br />
ultrapassa 25% do tempo <strong>de</strong>dicado aos controles<br />
internos.<br />
Deduzimos que o envolvimento <strong>da</strong>s empresas nesta<br />
área é também reflexo <strong>da</strong> crise econômica mundial e<br />
<strong>da</strong> a<strong>da</strong>ptação às normas internacionais, o que as tem<br />
levado a adotar uma postura<br />
mais severa no gerenciamento<br />
dos riscos tributários. Há,<br />
assim, no Brasil, um controle<br />
mais rígido envolvendo questões<br />
<strong>de</strong> natureza tributária.<br />
No setor sucroenergético<br />
não é diferente. Os gastos<br />
com tributos po<strong>de</strong>m ser tão<br />
representativos quanto os<br />
custos <strong>de</strong> produção. As eleva<strong>da</strong>s<br />
contribuições, além <strong>de</strong> representarem<br />
vultosos recur- Fe<strong>de</strong>ral.”<br />
sos às empresas, impõem<br />
uma parcela extremamente<br />
visível <strong>da</strong> voraci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Fisco para arreca<strong>da</strong>r. Assim,<br />
isso tudo eleva o componente dos riscos em razão <strong>de</strong><br />
possíveis autuações por conta <strong>de</strong> divergências fiscais.<br />
Aliado a tudo isso, e após vários incrementos realizados<br />
pela Receita Fe<strong>de</strong>ral do Brasil, tais como<br />
adoção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnos métodos e ferramentas tecnológicas<br />
emprega<strong>da</strong>s na administração tributária, é<br />
importante que as empresas busquem ampliar seu<br />
leque <strong>de</strong> conhecimento na área tributária, o que já<br />
parece ser a tendência no atual processo <strong>de</strong> profissionalização<br />
do setor.<br />
As mu<strong>da</strong>nças na legislação, a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> do sistema<br />
tributário nacional e as novas abor<strong>da</strong>gens do<br />
Fisco tornam imperioso o recrutamento <strong>de</strong> profissionais<br />
especializados na área <strong>de</strong> tributos, enquanto percebe-se<br />
uma carência brutal <strong>de</strong> especialistas capacitados<br />
no mercado.<br />
A <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> análise dos riscos fiscais aos quais as empresas<br />
estão expostas, o que <strong>de</strong>ve ser feito sempre<br />
com a máxima transparência, po<strong>de</strong>rá ter impactos<br />
bastante positivos nas <strong>de</strong>monstrações financeiras,<br />
contribuindo significativamente no fluxo <strong>de</strong> caixa e<br />
no exato valor tributável a que as empresas estejam<br />
sujeitas, além <strong>de</strong> evitar autuações que po<strong>de</strong>m custar<br />
altas somas às companhias. Assim, com objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
as empresas <strong>de</strong>vem investir em profissionais especializados<br />
e atuantes na área. Tais investimentos se mostrarão<br />
muito produtivos e econômicos no futuro, com<br />
certeza.<br />
Para se ter uma i<strong>de</strong>ia, os encargos tributários a que<br />
as empresas estão sujeitas, seja nas esferas municipais,<br />
estaduais ou fe<strong>de</strong>ral, e a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tributos<br />
(impostos, taxas e contribuições) que inci<strong>de</strong>m sobre a<br />
economia somam aproxima<strong>da</strong>mente 60 tributos fe<strong>de</strong>rais,<br />
estaduais e municipais. Assim, o número expressivo<br />
<strong>de</strong> normas e as mu<strong>da</strong>nças constantes acabam<br />
por provocar a enorme complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> percebi<strong>da</strong> na<br />
gestão tributária, motivo pelo qual é interessante se<br />
investir em assessoria para cui<strong>da</strong>r exclusivamente <strong>da</strong><br />
administração tributária.<br />
A carga tributária, no Brasil, ultrapassa os 35% do<br />
PIB, segundo a própria Receita Fe<strong>de</strong>ral. Já em diversos<br />
outros países, observa-se um custo tributário menor,<br />
com mais eficiência e menor complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> em razão<br />
do número menor <strong>de</strong> tributos, o que torna o comando<br />
tributário muito mais eficaz, seguro, transparente, e,<br />
principalmente, menos oneroso.<br />
Temos invariavelmente ressaltado que para tornar<br />
as empresas brasileiras mais competitivas, é preciso<br />
que o governo brasileiro mu<strong>de</strong> as regras do jogo, <strong>de</strong><br />
maneira eficaz, possibilitando <strong>de</strong>sonerar não somente<br />
as empresas, mas tornar o<br />
país mais competitivo no cenário<br />
internacional.<br />
A ampliação <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
produtiva é premente e,<br />
para tanto, é preciso haver<br />
uma manifestação clara e<br />
<strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> políticas públicas<br />
que retomem a atrativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
do setor sucroenergético.<br />
Uma medi<strong>da</strong> salutar do<br />
governo fe<strong>de</strong>ral para contrabalançar<br />
esse cenário seria a<br />
<strong>de</strong>soneração tributária, sobretudo<br />
<strong>de</strong> PIS/Cofins, <strong>de</strong> to<strong>da</strong><br />
a ca<strong>de</strong>ia produtiva. Além disso, há a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> que sejam expandi<strong>da</strong>s as linhas <strong>de</strong> financiamento<br />
para investimentos em renovação e plantio <strong>de</strong> novos<br />
canaviais, pois são indispensáveis para que o setor<br />
consiga aten<strong>de</strong>r à enorme <strong>de</strong>man<strong>da</strong> e potencial <strong>de</strong><br />
consumo do etanol brasileiro.<br />
O compromisso assumido pelo governo pela diversificação<br />
<strong>da</strong> matriz energética nacional <strong>de</strong>ve estimular<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia competitiva e<br />
sustentável, pois tudo isso gera empregos, torna o<br />
Brasil exemplo mundial no uso <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> energia<br />
limpas e possibilita um melhor planejamento tributário<br />
que se reflita em um a<strong>de</strong>quado fluxo <strong>de</strong> caixa ou<br />
em investimentos. Obter-se a maior economia fiscal<br />
possível, minimizando custos, é um objetivo mais que<br />
<strong>de</strong>sejado.<br />
Enquanto não vislumbramos uma solução no horizonte,<br />
que po<strong>de</strong>ria vir com uma ampla reforma tributária<br />
no País, temos <strong>de</strong> conviver e administrar os tributos<br />
que estão aí. Quem busca o privilégio do lucro,<br />
certamente <strong>de</strong>verá se prevenir dos riscos tributários.<br />
As empresas que não se capitalizaram, que não adotarem<br />
sistemas melhores <strong>de</strong> gestão pensando no futuro<br />
<strong>de</strong>verão enfrentar enormes problemas. Por isso,<br />
sempre buscando o apoio necessário, é preciso que as<br />
empresas continuem estu<strong>da</strong>ndo, pesquisando, <strong>de</strong>batendo,<br />
planejando e adotando as melhores práticas<br />
para garantir resultados que sejam os mais positivos e<br />
competitivos para o setor.<br />
Palavra do especialista<br />
Uma combinação <strong>de</strong> fatores: gestão<br />
tributária, crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento<br />
A carga tributária, no<br />
Brasil, ultrapassa os<br />
35% do PIB, segundo<br />
a própria Receita<br />
josé osvALdo Bozzo é sócio <strong>da</strong><br />
área <strong>de</strong> tributos do escritório <strong>de</strong><br />
ribeirão Preto <strong>da</strong> KPMG no Brasil.<br />
<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 25
Perfil<br />
De cortador<br />
<strong>de</strong> cana a<br />
executivo<br />
O <strong>Canal</strong> – Jornal <strong>da</strong> Bioenergia estreia, nesta edição, uma coluna<br />
cria<strong>da</strong> especialmente para <strong>da</strong>r luz a casos <strong>de</strong> sucesso, que têm como<br />
protagonistas personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s que são referência para o setor <strong>da</strong><br />
<strong>bioenergia</strong>. Mais que divulgar casos particulares, esperamos<br />
contribuir para motivar o leitor a seguir em frente na difícil missão<br />
<strong>de</strong> construir uma carreira sóli<strong>da</strong> em meio às adversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Por meio<br />
<strong>de</strong> narrativas pontuais, reconstruímos, também, a história <strong>de</strong>sse<br />
segmento do Brasil. A partir <strong>de</strong> agora, além <strong>de</strong> análises conjunturais<br />
feitas por especialistas <strong>de</strong> mercado e informações atualiza<strong>da</strong>s sobre<br />
a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> política e econômica <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> biocombustíveis e<br />
energia renovável, a publicação abre espaço para uma <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s<br />
vocações do <strong>jornal</strong>ismo: contar histórias.<br />
igor Augusto Pereira<br />
A<br />
vi<strong>da</strong> não era na<strong>da</strong> fácil para<br />
o garoto Hélio Teixeira Belai.<br />
Primogênito <strong>de</strong> uma família<br />
<strong>de</strong> sete filhos, nasceu e cresceu<br />
na zona rural do município <strong>de</strong><br />
Borrazópolis, na região conheci<strong>da</strong><br />
como Vale do Ivaí, no norte do Paraná.<br />
O lugar se <strong>de</strong>senvolvera anos antes,<br />
atraindo imigrantes interessados na<br />
produção <strong>de</strong> café. E foi na lavoura <strong>da</strong><br />
família, <strong>de</strong> enxa<strong>da</strong> na mão, que se<br />
tornou responsável ain<strong>da</strong> muito<br />
jovem. Para aju<strong>da</strong>r os pais, Seu Luiz e<br />
Dona Creuza, trabalhava todos os<br />
dias na pequena e humil<strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
em que a família colhia, além <strong>de</strong><br />
café, arroz, milho, mandioca e outras<br />
culturas.<br />
Com uma linhagem que incluía um<br />
casal e sete filhos, Borrazópolis ficou<br />
pequena para a família Belai. E eles não<br />
foram os únicos. Nos últimos 40 anos,<br />
a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> viu sua população ser reduzi<strong>da</strong><br />
a um terço do tamanho original, <strong>de</strong><br />
acordo com o Censo Nacional. Assim<br />
que Hélio, o filho mais velho, completou<br />
14 anos, transferiram-se para<br />
Porecatu, no extremo norte do Estado,<br />
quase na divisa com São Paulo.<br />
Começava, então, a trajetória para<br />
subir Brasil a<strong>de</strong>ntro e, assim, subir na<br />
própria vi<strong>da</strong>.<br />
“Lá existia uma usina, um sinônimo<br />
<strong>de</strong> prosperi<strong>da</strong><strong>de</strong>”, conta. Trocou<br />
a lavoura familiar pelos canaviais. A<br />
dura rotina, alia<strong>da</strong> à dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
percorrer mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z quilômetros<br />
por dia para estu<strong>da</strong>r, levou o jovem<br />
Hélio a abandonar a escola. Na<br />
época, parte do trajeto era feito <strong>de</strong><br />
bicicleta e o restante completado na<br />
carroceria <strong>de</strong> um caminhão improvisado<br />
com bancos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.<br />
“Muitas vezes, acor<strong>da</strong>va às quatro <strong>da</strong><br />
manhã e só ia dormir às onze <strong>da</strong><br />
noite. Acabava cochilando na carteira”,<br />
conta. A semente, contudo, estava<br />
planta<strong>da</strong> e os livros voltariam a<br />
cruzar os caminhos do rapaz.<br />
sonhava em ser motorista<br />
Foi na colheita <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar,<br />
em meio ao sol e ao calor, que a vi<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> Hélio começou a ganhar novos<br />
contornos. “Era a primeira vez que<br />
minha família conseguia ter uma casa<br />
com luz e água encana<strong>da</strong>”, explica<br />
Hélio. Animado com o crescimento,<br />
tinha agora um novo objetivo: tornar-<br />
-se motorista <strong>de</strong> caminhão. Um sonho<br />
bastante au<strong>da</strong>cioso naquelas condições,<br />
garante.<br />
No ano seguinte, instalado em<br />
Rio Brilhante, no Mato Grosso do<br />
Sul, Hélio tornou-se auxiliar <strong>de</strong> laboratório<br />
em uma <strong>de</strong>stilaria. Foi observando<br />
o trabalho dos colegas que<br />
aprimorou o ofício. Quando saiu <strong>da</strong><br />
empresa, já ocupava o posto <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nador <strong>da</strong> área. Daí em diante,<br />
passou por três usinas nos cargos <strong>de</strong><br />
microbiologista prático, chefe <strong>de</strong><br />
laboratório, assistente <strong>de</strong> produção e<br />
gerente <strong>de</strong> produção.<br />
Mas para crescer não bastava<br />
vonta<strong>de</strong> e <strong>de</strong>terminação, e logo os<br />
anos em que havia se afastado <strong>da</strong><br />
escola bateram à sua porta. Voltou<br />
aos bancos em que, tempos antes,<br />
havia adormecido <strong>de</strong> cansaço. “Senti<br />
na pele a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer uma facul<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Minha alternativa foi fazer um curso técnico<br />
em Açúcar e Álcool e percorrer, todos os dias,<br />
quase 300 quilômetros para a graduação”,<br />
relata. Era a distância entre Tangará <strong>da</strong> Serra e<br />
Campo Novo do Parecis, no Mato Grosso, mas<br />
também o caminho entre o seu sonho e a reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
que buscava.<br />
queria falar para o mundo<br />
Quanto mais o jovem Hélio conhecia o mercado<br />
em que atuava, mais pensava em como<br />
contribuir com o crescimento do setor.<br />
Exercendo uma <strong>de</strong> suas aptidões, mobilizar<br />
pessoas, <strong>de</strong>safiou o <strong>de</strong>stino mais uma vez. Em<br />
1999, <strong>de</strong>cidiu fun<strong>da</strong>r uma organização não-<br />
governamental <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> a promover o etanol<br />
como fonte <strong>de</strong> energia limpa e barata, a<br />
Coprover<strong>de</strong>. O trabalho começou junto aos<br />
próprios dirigentes <strong>de</strong> usinas, que muitas vezes<br />
abasteciam seus próprios veículos com outros<br />
combustíveis. “Percebi que o segmento estava<br />
<strong>de</strong>caindo. Produzíamos etanol a R$ 0,40 o litro<br />
e vendíamos a R$ 0,18”, relembra.<br />
O jovem <strong>de</strong> Borrazópolis passou a percorrer o<br />
Brasil para <strong>da</strong>r palestras – foram mais <strong>de</strong> 80 – e<br />
discutir formas <strong>de</strong> incentivar o consumo <strong>de</strong><br />
etanol junto a gran<strong>de</strong>s autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s do setor.<br />
“Viajava para São Paulo em um vôo noturno,<br />
participava dos eventos durante o dia e retornava<br />
à noite”, explica. Assim, foi <strong>de</strong>senvolvendo<br />
sua habili<strong>da</strong><strong>de</strong> para falar em público e consoli<strong>da</strong>ndo<br />
seu nome no mercado. “Aproveitava para<br />
apren<strong>de</strong>r sobre as novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em temas relacionados<br />
à parte industrial, como redução <strong>de</strong> per<strong>da</strong>s<br />
e custos”. O tema, que já lhe <strong>de</strong>spertava<br />
interesse, foi amadurecendo em sua cabeça.<br />
Não por acaso, sua pesquisa final para a<br />
graduação impressionou a banca examinadora<br />
ao provar, matematicamente, que uma indústria<br />
com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> processar 1,6 milhão<br />
<strong>de</strong> tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> cana po<strong>de</strong>ria obter um acréscimo<br />
<strong>de</strong> até 7 milhões <strong>de</strong> litros na produção se<br />
investisse em projetos <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> per<strong>da</strong>s<br />
industriais. Feliz, mas instigado com os resultados,<br />
<strong>de</strong>cidiu continuar a investigar o tema<br />
em um mestrado. “Esse trabalho ajudou a<br />
catalogar 87 pontos <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> per<strong>da</strong>s<br />
em uma usina, o que representa um incremento<br />
<strong>de</strong> 3,06 litros <strong>de</strong> etanol por tonela<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
cana processa<strong>da</strong>”, conta.<br />
Hélio Belai aconselha os jovens a valorizar a humil<strong>da</strong><strong>de</strong> e a ouvir o que têm a dizer os mais experientes<br />
“Muitas vezes,<br />
acor<strong>da</strong>va às quatro<br />
<strong>da</strong> manhã e só ia<br />
dormir às onze <strong>da</strong><br />
noite. Acabava<br />
cochilando na<br />
carteira.”<br />
Chegou longe, mas não cogita parar<br />
Uma trajetória <strong>de</strong> evolução constante, que<br />
culmina no jovem lavrador <strong>de</strong> 14 anos se tornando<br />
uma <strong>da</strong>s principais referências do setor sucroenergético<br />
do Brasil. Essa é uma <strong>da</strong>s histórias <strong>de</strong><br />
Hélio Belai. Des<strong>de</strong> 2008, o ex-cortador <strong>de</strong> cana é<br />
gerente industrial <strong>da</strong> SJC Bioenergia (antiga Usina<br />
São João) em Goiás. Também é um dos cabeças do<br />
Grupo <strong>de</strong> Estudo <strong>de</strong> Maximização <strong>da</strong> Eficiência<br />
Agroindustrial, instituição que realiza encontros<br />
periódicos com profissionais do setor<br />
sucroenergético buscando discutir propostas<br />
para alavancar a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Mas, como nunca foi <strong>de</strong> seu feitio, Hélio não<br />
pensa em <strong>de</strong>scansar, nem parar em uma zona<br />
<strong>de</strong> conforto. Aquele que aprendia hoje ensina,<br />
mas também quer permanecer na posição <strong>de</strong><br />
aluno. “Agora é o doutorado. Quero ir adiante,<br />
baseando minha trajetória profissional na <strong>de</strong>fesa<br />
do setor em que atuo”, enfatiza. “Agra<strong>de</strong>ço a<br />
Deus, às pessoas e às instituições que apoiaram<br />
meu trabalho”.<br />
Depois <strong>de</strong> tanto caminhar, Hélio não se faz<br />
<strong>de</strong> rogado para compartilhar o segredo <strong>de</strong> seu<br />
sucesso com os profissionais mais jovens. “As<br />
novas gerações precisam ser mais <strong>de</strong>dica<strong>da</strong>s,<br />
comprometi<strong>da</strong>s e assíduas. Percebo que querem<br />
subir muito rapi<strong>da</strong>mente e, muitas vezes, passam<br />
por cima <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> extrema importância,<br />
como a humil<strong>da</strong><strong>de</strong> e a confiança em pessoas<br />
mais experientes.”<br />
26 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia <strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 27
tocantins<br />
Logística do Estado<br />
atrai investimentos<br />
Ecoporto é<br />
consi<strong>de</strong>rado um dos<br />
mais importantes<br />
empreendimentos<br />
para a infraestrutura<br />
logística do Tocantins<br />
28 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />
Terminal <strong>de</strong> Cargas<br />
do Aeroporto <strong>de</strong><br />
Palmas: opção para o<br />
transporte <strong>de</strong><br />
produtos<br />
Geórgya Laranjeira<br />
<strong>de</strong> Palmas (tO)<br />
O<br />
Estado mais novo do Brasil, com apenas<br />
24 anos, se <strong>de</strong>staca pelo <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>da</strong> infraestrutura <strong>de</strong> transporte multimo<strong>da</strong>l<br />
– hidrovia (Ecoporto), Ferrovia<br />
Norte-Sul, com mais <strong>de</strong> 700 km concluídos, mais<br />
<strong>de</strong> sete mil km <strong>de</strong> rodovia pavimenta<strong>da</strong> e aerovia,<br />
com terminal <strong>de</strong> cargas e energia solar. A perspectiva<br />
é <strong>de</strong> aceleração do crescimento econômico <strong>da</strong><br />
Região Norte do Brasil, tornando o Tocantins o elo<br />
logístico integrador do País e gerador <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> negócios para o mundo.<br />
“O resultado <strong>de</strong>sse crescimento é oriundo <strong>de</strong><br />
políticas governamentais que têm trabalhado pela<br />
atração <strong>de</strong> investimentos e empreendimentos<br />
estratégicos, geração <strong>de</strong> emprego, ren<strong>da</strong> e fortalecimento<br />
<strong>da</strong>s indústrias <strong>da</strong> região,” afirma o secretário<br />
<strong>de</strong> Indústria e Comércio, Paulo Massuia.<br />
terminal <strong>de</strong> Cargas<br />
Em fase <strong>de</strong> implantação, o Teca – Terminal <strong>de</strong><br />
Cargas do Aeroporto <strong>de</strong> Palmas, será mais uma<br />
opção para a redução <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong><br />
mercadorias e <strong>de</strong> movimentação econômica para<br />
a região. A obra está sendo projeta<strong>da</strong> pelo<br />
governo do Estado e pela Infraero. Trata-se <strong>de</strong><br />
um sítio aeroportuário que funcionará com placas<br />
solares fotovoltaicas, dispositivos utilizados<br />
para converter a energia <strong>da</strong> luz do sol em energia<br />
elétrica.<br />
Ferrovia Norte sul<br />
Há estudos que prospectam a implantação <strong>da</strong><br />
Ferrovia Norte Sul cortando o Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
do Rio Gran<strong>de</strong> (RS) a Belém (PA), totalizando<br />
uma extensão <strong>de</strong> 4.576 km. Segundo <strong>da</strong>dos <strong>da</strong><br />
Valec, empresa responsável pela construção do<br />
empreendimento, Tocantins, Goiás e Distrito<br />
Fe<strong>de</strong>ral, que ficam na região geodésica do Brasil,<br />
têm o maior trecho <strong>de</strong> extensão <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> férrea.<br />
Se comparado a outros Estados, o que terá menor<br />
trecho é Minas Gerais, com 10%. O Estado <strong>de</strong> São<br />
Paulo respon<strong>de</strong> por uma fatia <strong>de</strong> 15% e Mato<br />
Grosso do Sul por 22%.<br />
No Tocantins, a Ferrovia Norte Sul conta com<br />
seis pátios multimo<strong>da</strong>is e obras concluí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 719<br />
Km, <strong>de</strong> Açailândia (MA) a Palmas (TO). Somente<br />
em construção somam-se 855 Km, <strong>de</strong> Palmas (TO)<br />
a Anápolis (GO), com previsão para conclusão em<br />
2013.<br />
Fotos: Zezinha Carvalho<br />
transbordo<br />
O Corredor Centro Norte <strong>da</strong> Ferrovia Norte Sul<br />
já conta com terminais <strong>de</strong> transbordo no município<br />
<strong>de</strong> Palmeirante (TO), que aten<strong>de</strong>rá o nor<strong>de</strong>ste<br />
do Mato Grosso e o Centro Norte do<br />
Tocantins. O <strong>de</strong> Porto Nacional (TO) aten<strong>de</strong>rá o<br />
Centro Sul do Tocantins, Norte do Goiás e<br />
Noroeste <strong>da</strong> Bahia. Já o município <strong>de</strong> Porto<br />
Franco (MA), aten<strong>de</strong>rá os Estados <strong>de</strong> Maranhão,<br />
Pará e Piauí. A vantagem <strong>da</strong> logística é a redução<br />
<strong>de</strong> custos e a rapi<strong>de</strong>z do transporte <strong>de</strong> cargas<br />
para o Brasil e o mundo.<br />
ecoporto praia Norte<br />
Outro empreendimento que tem previsão<br />
para início <strong>da</strong>s obras em breve é o Ecoporto, um<br />
dos mais importantes empreendimentos para a<br />
infraestrutura logística do Tocantins, proporcionando<br />
integração <strong>da</strong>s regiões Centro-Oeste,<br />
Norte e Su<strong>de</strong>ste, principalmente. A obra vai contribuir<br />
com o <strong>de</strong>senvolvimento econômico <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Praia Norte (TO), que fica a 619 Km <strong>da</strong><br />
Capital tocantinense.<br />
Interligado e estratégico, o Porto <strong>de</strong> Praia<br />
Norte colocará o Bico do Papagaio e o Tocantins<br />
na rota <strong>de</strong> três dos principais portos do Brasil: o<br />
<strong>de</strong> Manaus (AM) <strong>de</strong> Belém (PA) e o <strong>de</strong> Itaqui<br />
(MA), além <strong>de</strong> gerar milhares <strong>de</strong> empregos para<br />
os moradores <strong>da</strong> região.<br />
Instalado às margens do rio Tocantins, o<br />
Porto <strong>de</strong> Praia Norte será uma rota alternativa<br />
<strong>de</strong> saí<strong>da</strong> rumo ao Atlântico. Trata-se <strong>de</strong> um<br />
empreendimento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, que contará<br />
com investimento <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> R$ 300 milhões<br />
<strong>da</strong> empresa Eurolatina. O governo do Estado<br />
entrou com a atração do investimento e obras<br />
<strong>de</strong> infraestrutura, como piers para embarque e<br />
<strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong> produtos, galpões, acessos,<br />
trevos, pátios, controle e fiscalização, infraestrutura<br />
<strong>de</strong> alimentação, saú<strong>de</strong>, guin<strong>da</strong>stes,<br />
asfaltamentos e iluminação pública. Para agilizar<br />
o processo, os governos do Tocantins e do<br />
Maranhão assinaram um acordo que viabiliza<br />
um entreposto fiscal para aten<strong>de</strong>r a produção<br />
<strong>da</strong> Zona Franca <strong>de</strong> Manaus.<br />
malha asfáltica<br />
As rodovias em bom estado <strong>de</strong> conservação<br />
também favorecem o crescimento econômico<br />
<strong>da</strong> região. Segundo os últimos <strong>da</strong>dos do<br />
Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística<br />
(IBGE), <strong>de</strong> 2002 a 2009 o Tocantins ocupou o<br />
Está difícil encontrar<br />
suporte <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />
conheça a<br />
PARAFUSOS<br />
parafusos - ferramentas - máquinas - epi’s<br />
abrasivos - cabos <strong>de</strong> aço - consumíveis<br />
Av. Circular, 561 Setor Pedro Ludovico - Goiânia/Goiás.<br />
Rodovias em bom estado <strong>de</strong> conservação favorecem o crescimento econômico <strong>da</strong> região<br />
primeiro lugar no ranking nacional no que se<br />
refere ao crescimento do Produto Interno Bruto<br />
(PIB). O Estado registrou uma média, nos últimos<br />
oito anos, <strong>de</strong> 52,6% <strong>de</strong> crescimento do PIB. Esse<br />
resultado representa um percentual superior à<br />
media nacional, que registrou 27%.<br />
De acordo com <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Superintendência <strong>de</strong><br />
Pesquisas e Zoneamento Ecológico Econômico,<br />
Diretoria <strong>de</strong> Pesquisa – Secretaria <strong>de</strong><br />
Planejamento e Mo<strong>de</strong>rnização (Seplan), e do<br />
IBGE, as perspectivas <strong>de</strong> 2011 apontaram um PIB<br />
<strong>de</strong> R$ 17,5 milhões. A riqueza <strong>da</strong> região refletiu<br />
em benefícios para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e também para<br />
os que investem no Estado. Somente <strong>de</strong> malha<br />
asfáltica nova e sinaliza<strong>da</strong> no Tocantins, somam-<br />
-se 7 mil Km, informa o representante do governo,<br />
Paulo Massuia. (Com <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Assessoria <strong>de</strong><br />
imprensa do governo do tocantins).<br />
Preocupa<strong>da</strong> sempre em comercializar e distribuir produtos<br />
<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> diferencia<strong>da</strong> e tecnologia <strong>de</strong> ponta, a Circular<br />
Parafusos vem <strong>de</strong>stacando-se no cenário nacional ao<br />
especializar-se ca<strong>da</strong> vez mais no atendimento a usinas e<br />
indústrias do segmento sucroenergético.<br />
Televen<strong>da</strong>s<br />
(62) 3241-1613<br />
circularparafusos@hotmail.com<br />
<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong> • 29
uma aventura<br />
refrescante pRinCipais<br />
Reconhecido<br />
como o melhor<br />
e maior parque<br />
aquático <strong>da</strong><br />
América Latina,<br />
Beach Park<br />
garante diversão<br />
e atrações para<br />
to<strong>da</strong> família<br />
Guilherme Barbosa<br />
o<br />
Estado do Ceará é uma gran<strong>de</strong> atração<br />
turística para brasileiros e estrangeiros. As<br />
praias, a culinária, a hospitali<strong>da</strong><strong>de</strong> do povo<br />
e o artesanato são elementos <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque<br />
<strong>da</strong> região. Alguns <strong>de</strong>stinos são característicos <strong>da</strong><br />
região, como Fortaleza, conheci<strong>da</strong> como a metrópole<br />
<strong>da</strong>s belas praias, ou o Parque Nacional<br />
Jericoacoara, que reúne um conjunto <strong>de</strong> belezas<br />
naturais <strong>de</strong> diferentes biomas. Uma <strong>da</strong>s principais<br />
âncoras turísticas do Ceará é o Beach Park, o<br />
maior parque aquático <strong>da</strong> América Latina, que<br />
agora entra em alta tempora<strong>da</strong> e se consagra<br />
como um dos principais pontos para as férias <strong>de</strong><br />
verão.<br />
Localizado em Porto <strong>da</strong>s Dunas, a 16 km <strong>de</strong><br />
Fortaleza, o Beach Park nasceu, em 1985, através<br />
<strong>de</strong> um ba<strong>da</strong>lado restaurante na beira <strong>da</strong> praia.<br />
Em 1989 inaugurou seu parque aquático, o primeiro<br />
<strong>da</strong> América Latina, com apenas três toboáguas.<br />
Hoje, já <strong>de</strong>nominado como Complexo Beach<br />
Park, ele apresenta uma vasta estrutura <strong>de</strong> turismo<br />
e lazer. Composto por praias, parques aquáticos<br />
e resorts, recebe mais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> visitantes<br />
por ano em busca <strong>de</strong> diversão e <strong>de</strong>scanso,<br />
tendo como plano <strong>de</strong> fundo a beleza natural do<br />
litoral cearense. Durante sua história, o parque<br />
conquistou importantes premiações, como os <strong>de</strong><br />
Melhor Parque do País, pelo Jornal O Estado, e<br />
Melhor Parque Temático, pela Revista Viagem e<br />
Turismo.<br />
Com mais <strong>de</strong> 180 mil metros quadrados <strong>de</strong><br />
atrações, o Beach Park é dividido em quatro gran<strong>de</strong>s<br />
espaços. Instalado em uma área <strong>de</strong> 55 mil m²,<br />
o Aqua Park é o maior e mais bem equipado parque<br />
aquático <strong>da</strong> América Latina, garantindo-se<br />
como a principal atração do local. Com uma completa<br />
estrutura <strong>de</strong> lazer, o parque oferece diversas<br />
opções <strong>de</strong> entretenimento que incluem o<br />
Maremoto, a maior piscina <strong>de</strong> on<strong>da</strong>s <strong>da</strong> América<br />
Latina; o Insano, o mais alto toboágua do mundo;<br />
a Arca <strong>de</strong> Noé, uma área volta<strong>da</strong> especialmente<br />
para as crianças; o Ramubrinká, uma torre <strong>de</strong> 24<br />
metros com sete toboáguas; e muito mais. No<br />
Aqua Park, os visitantes também encontram várias<br />
opções <strong>de</strong> alimentação, com bares, lanchonetes e<br />
um amplo restaurante self-service, o Beach Grill,<br />
que oferece pratos típicos <strong>da</strong> culinária cearense e<br />
internacional. O parque dispõe, ain<strong>da</strong>, <strong>de</strong> serviços<br />
médicos e <strong>de</strong> apoio, com ambulância e ambulatório<br />
bem equipados e atendimento especializado a<br />
grupos e pessoas com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s especiais.<br />
Para hospe<strong>da</strong>gem, são disponibilizados dois<br />
gran<strong>de</strong>s resorts, ambos permitindo aos hóspe<strong>de</strong>s<br />
livre acesso ao Aqua Park. O Beach Park Suites<br />
Resort, hotel <strong>de</strong> padrão internacional, conta com<br />
182 apartamentos localizados à beira-mar, <strong>de</strong>ntro<br />
do Complexo Beach Park, ao lado do parque aquático.<br />
Além <strong>da</strong> localização privilegia<strong>da</strong>, ele oferece<br />
a seus hóspe<strong>de</strong>s uma completa infra-estrutura <strong>de</strong><br />
serviços e lazer, com piscina, quadra poliesportiva,<br />
quadra <strong>de</strong> tênis, fitness center, saunas, teatro,<br />
restaurante, salão <strong>de</strong> beleza, sala <strong>de</strong> internet e loja<br />
<strong>de</strong> conveniência. A outra opção é o Beach Park<br />
Aqua Resort, que possui 123 apartamentos <strong>de</strong><br />
25 a 72 m². Entrecortando esta segun<strong>da</strong> alternativa,<br />
existe o Aqualink, um rio artificial que<br />
liga o hotel ao Aqua Park.<br />
Por fim, temos o Beach Park Praia, uma<br />
imensa área ao ar livre localiza<strong>da</strong> entre os<br />
resorts e ao lado do parque aquático. Contando<br />
com uma completa estrutura para receber os<br />
visitantes à beira mar, a área oferece serviços<br />
<strong>de</strong> alimentação e lazer com comodi<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
conforto, no melhor clima <strong>de</strong> praia. O visitante<br />
tem a sua disposição o Restaurante Beach Park<br />
Praia, que tem como especiali<strong>da</strong><strong>de</strong> caranguejo<br />
e comi<strong>da</strong>s típicas nor<strong>de</strong>stinas, além <strong>da</strong><br />
Gelateria, com sorvetes, doces e sucos, Loja<br />
Beach Shop, Museu <strong>da</strong> Janga<strong>da</strong>, Guest Service<br />
e Coffee Shop.<br />
Alimentação<br />
No Restaurante Beach Park Praia é possível<br />
<strong>de</strong>sfrutar <strong>da</strong> típica culinária nor<strong>de</strong>stina, com<br />
<strong>de</strong>staque para os pratos à base <strong>de</strong> caranguejo,<br />
peixes e mariscos. Localizado ao lado do Aqua<br />
Park, sua imensa estrutura ao ar livre tem<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para mais <strong>de</strong> 1500 pessoas. Em<br />
suas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, localiza-se, também, o<br />
Coffee Shop, local para saborear cafés, e o<br />
Ponto <strong>da</strong> Tapioca, que apresenta uma <strong>da</strong>s<br />
iguarias mais tradicionais do Ceará.<br />
Ca<strong>da</strong> resort tem duas opções quanto a alimentação.<br />
O Suites Resort contém o restaurante<br />
Porto <strong>da</strong>s Dunas, com serviço <strong>de</strong> buffet,<br />
à la carte e jantares temáticos, e o Jan<strong>da</strong><strong>da</strong>’s<br />
Bar, localizado <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> piscina do hotel e<br />
especialista em bebi<strong>da</strong>s com frutas exóticas e<br />
petiscos. Já o Aqua Resort conta com o Toaçu<br />
Bar, bar tropical, com teto <strong>de</strong> palha e estilo<br />
caribenho on<strong>de</strong> é possível <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> drinques<br />
tropicais e alimentos leves, e o Restaurante<br />
Aquiraz, que serve buffets variados utilizando<br />
o conceito <strong>de</strong> show kitchen para jantares e<br />
almoços à la carte.<br />
inFoRMações<br />
Como chegar: O Beach Park está<br />
localizado no Município <strong>de</strong> Aquiraz, na praia<br />
<strong>de</strong> Porto <strong>da</strong>s Dunas, no Estado do Ceará, a<br />
16 km <strong>de</strong> Fortaleza.<br />
Valores: O ingresso diário para adultos<br />
custa R$ 140 e o para crianças, <strong>de</strong> um<br />
metro <strong>de</strong> altura e até 12 anos, R$ 130. O<br />
passaporte para três dias vale R$ 179, já<br />
esporte e Lazer<br />
A equipe <strong>de</strong> esporte e lazer do hotel é composta<br />
por monitores infantis e animadores<br />
chamados <strong>de</strong> Beach Friends, que realizam ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
direciona<strong>da</strong>s ao público por faixa<br />
etária. A Wave School é uma escola <strong>de</strong> surf,<br />
localiza<strong>da</strong> na praia em frente ao hotel, com<br />
turmas dividi<strong>da</strong>s entre iniciantes e avançados.<br />
Caso os alunos completem as aulas com<br />
sucesso, são emitidos certificados que comprovam<br />
a sua participação nas aulas. O Kid’s<br />
Club, outra atração do parque, promove ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
durante todo o dia, <strong>da</strong>s 9h às 21h, com<br />
programação volta<strong>da</strong> para o público infantil.<br />
São dois grupos: Kid´s, para crianças <strong>de</strong> quatro<br />
a oito anos, e Radicais, para aqueles <strong>de</strong> nove a<br />
14 anos. Neste espaço as crianças encontram<br />
brinquedotecas, ateliê <strong>de</strong> pintura, piscinas e,<br />
para os mais novos, baby room.<br />
Para os mais velhos, existe a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> frequentar a Fitness Club, uma aca<strong>de</strong>mia<br />
que funciona diariamente <strong>da</strong>s 7h15 às 21h. Os<br />
hóspe<strong>de</strong>s têm a sua disposição aulas <strong>de</strong> alongamento,<br />
aeróbica, step e ritmos latinos, circuit<br />
training e hidroginástica localiza<strong>da</strong>. Outra<br />
opção para relaxar é a programação noturna,<br />
prepara<strong>da</strong> pela equipe do hotel para divertir a<br />
todos com festas, eventos especiais, apresentações<br />
<strong>de</strong> humoristas locais e shows <strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />
É claro que não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong> falar do principal:<br />
as atrações do Aqua Park. Dividi<strong>da</strong>s por<br />
i<strong>da</strong><strong>de</strong>s e “nível <strong>de</strong> adrenalina”, os brinquedos<br />
são agrupados em três grupos. As atrações<br />
para a família são volta<strong>da</strong>s para o público<br />
infantil, sendo que em alguns brinquedos é<br />
necessário o acompanhamento dos responsáveis.<br />
As mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s são permiti<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong><br />
altura do público, medi<strong>da</strong> que varia <strong>de</strong> brinquedo<br />
para brinquedo. Já as radicais, as mais<br />
lembra<strong>da</strong>s e reconheci<strong>da</strong>s do parque, garantem<br />
uma boa dose <strong>de</strong> adrenalina para aqueles<br />
que se aventurarem.<br />
o passaporte para uma semana sai por<br />
R$ 189.<br />
pontos <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>: Quiosque Beach Park,<br />
localizado no Shopping Center Iguatemi;<br />
Beach Point, localizado na Aveni<strong>da</strong> Beira<br />
Mar; Hotel Aquaville e Hotel Oceani,<br />
localizados no Porto <strong>da</strong>s Dunas.<br />
Mais informações: (85) 4012-3000<br />
aTRações<br />
Aqua show: Ocupa uma área <strong>de</strong> 1,3 mil m² em<br />
frente à praia, com vista para o mar e música<br />
exclusiva em ritmo caribenho. O Aqua Show<br />
reúne 78 brinquedos interativos para to<strong>da</strong>s as<br />
i<strong>da</strong><strong>de</strong>s, o que garante diversão a pais e filhos.<br />
Dividido em seis plataformas, conta com quatro<br />
toboáguas, 14 canhões, moinhos e hélices d’água,<br />
jatos, duchas, chafarizes, calhas, gêiseres e um<br />
bal<strong>de</strong> com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 1,8 mil litros, localizado<br />
no centro do brinquedo, que provoca uma<br />
enxurra<strong>da</strong> <strong>de</strong> água a ca<strong>da</strong> hora.<br />
Atlantis: A pista, um imenso toboágua, nasce em<br />
uma torre <strong>de</strong> 17,5 metros <strong>de</strong> altura e se esten<strong>de</strong><br />
por um percurso <strong>de</strong> 71 metros <strong>de</strong> comprimento.<br />
Para enfrentar o gran<strong>de</strong> rio, os aventureiros<br />
<strong>de</strong>scem utilizando uma bóia, que alcança uma<br />
veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> 34 km/h.<br />
ilha do tesouro: Apresenta um barco pirata com<br />
canhões d’água, pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> forte com seis peças<br />
<strong>de</strong> artilharia <strong>de</strong> água, uma corre<strong>de</strong>ira, um farol<br />
com toboágua em caracol e uma serpente<br />
aquática. Conta ain<strong>da</strong> com o Aquabismo, rampa<br />
<strong>de</strong> água para uso sem bóias, medindo 15 metros<br />
<strong>de</strong> boca.<br />
insano: Provavelmente a atração mais conheci<strong>da</strong><br />
do Beach Park. Com 41 metros <strong>de</strong> altura, o<br />
equivalente a um prédio <strong>de</strong> 14 an<strong>da</strong>res, o Insano<br />
permite uma <strong>de</strong>sci<strong>da</strong> rápi<strong>da</strong>, entre quatro e cinco<br />
segundos, a uma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 105 km/h.<br />
Kalafrio: Nesta atração, os corajosos <strong>de</strong>slizam <strong>de</strong><br />
uma torre a 11 metros <strong>de</strong> altura direto em um<br />
“half” gigante, em formato <strong>de</strong> pista <strong>de</strong> skate,<br />
para subir a quase sete metros <strong>de</strong> altura em um<br />
ângulo <strong>de</strong> quase 90º, atingindo uma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
média <strong>de</strong> 22 km/h. O equipamento utiliza bóias<br />
para uma ou duas pessoas.<br />
maremoto: Com 4,4 mil metros quadrados e três<br />
milhões <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> água, o Maremoto tem duas<br />
imensas piscinas, com <strong>de</strong>clive suave até a parte<br />
mais profun<strong>da</strong>, com quase dois metros <strong>de</strong><br />
fundura. Uma <strong>da</strong>s piscinas é <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> à prática<br />
do body board, já a outra é indica<strong>da</strong> para aqueles<br />
que queiram apenas flutuar nas on<strong>da</strong>s sobre<br />
bóias. As on<strong>da</strong>s chegam a ter até 1,30 m <strong>de</strong><br />
altura.<br />
moréia Negra: Um gigantesco e totalmente<br />
fechado toboágua. São 67 metros <strong>de</strong> extensão,<br />
11 metros <strong>de</strong> altura percorridos a uma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
média <strong>de</strong> 13 km/h. A <strong>de</strong>sci<strong>da</strong> é feita com auxílio<br />
<strong>de</strong> um tapete individual.<br />
ramubrinká: A atração tem sete toboáguas, uma<br />
torre <strong>de</strong> 24 metros <strong>de</strong> altura, uma piscina <strong>de</strong> 500<br />
mil litros, sendo a maior atração já instala<strong>da</strong> no<br />
Beach Park em seus 23 anos <strong>de</strong> história. Voltado<br />
para quem gosta <strong>de</strong> emoções fortes, ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong><br />
seus toboáguas proporciona uma experiência<br />
diferente em função <strong>de</strong> tamanho, formato,<br />
veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sci<strong>da</strong> e acessórios.
Opinião<br />
vâNiA ANdrA<strong>de</strong> <strong>de</strong> souzA<br />
é sócia-lí<strong>de</strong>r do setor <strong>de</strong><br />
energia <strong>da</strong> KPMG no Brasil.<br />
34 • CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia<br />
Incentivo à energia renovável<br />
<strong>de</strong>ve ser priori<strong>da</strong><strong>de</strong> no Brasil<br />
Amigração para o novo padrão contábil<br />
(IFRS, ou nA realização <strong>da</strong> Conferência<br />
Rio+20 enfatizou assunto que vem sendo<br />
muito discutido recentemente pelos governos.<br />
Com a inclusão na pauta do Encontro do tema<br />
energia renovável , o mundo se vê obrigado a<br />
discutir efetivamente alternativas viáveis e aplicar<br />
na prática iniciativas <strong>de</strong> incentivo ao uso <strong>de</strong><br />
fontes limpas. O exemplo mais recente que se tem<br />
notícias foi o do Japão, que aprovou um plano <strong>de</strong><br />
incentivo à produção <strong>de</strong> energia limpa que <strong>de</strong>ve<br />
resultar em um investimento <strong>de</strong> pelo menos US$<br />
9,6 bilhões em novas instalações, com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> geração <strong>de</strong> 3,2 gigawatts<br />
Essas políticas <strong>de</strong> incentivos aplicáveis à produção<br />
<strong>de</strong> energia renovável no mundo também<br />
vêm sendo objeto <strong>de</strong> estudo <strong>da</strong> KPMG, que levantou<br />
e comparou informações <strong>de</strong> subsídios aplicados<br />
por 15 países, como o feed-in tariff (mecanismo<br />
<strong>de</strong> estímulo à produção <strong>de</strong> energia renovável),<br />
portfólios renováveis, subsídio <strong>de</strong> capital e <strong>de</strong>scontos,<br />
investimentos e créditos fiscais, redução<br />
<strong>de</strong> impostos, taxas ou IVA<br />
sobre a comercialização <strong>de</strong><br />
energia, certificados comercializáveis<br />
<strong>de</strong> energia renovável<br />
(RE), entre outros. O<br />
levantamento mostrou que<br />
pelo menos 83 países têm<br />
algum tipo <strong>de</strong> política para<br />
promover a geração <strong>de</strong><br />
energia renovável na busca<br />
<strong>de</strong> recursos eficientes, <strong>de</strong><br />
baixa emissão <strong>de</strong> carbono e<br />
maneiras <strong>de</strong> fornecimento<br />
<strong>de</strong> energia suficiente para<br />
garantir o crescimento sustentável<br />
<strong>da</strong>s economias em todo o mundo.<br />
Junto com a nova regulamentação mundial<br />
<strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a reduzir as emissões <strong>de</strong> carbono e<br />
atingir a segurança energética, muitos governos<br />
dão apoio à geração <strong>de</strong> base renovável com uma<br />
ampla varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> incentivos, sejam eles fiscais<br />
ou relacionados a fontes <strong>de</strong> financiamento existentes.<br />
Isso certamente visa a atração <strong>de</strong> novos<br />
investimentos locais e estrangeiros para esse setor,<br />
que vem sendo ca<strong>da</strong> vez mais valorizado.<br />
Neste contexto, o Brasil aparece no estudo como<br />
tendo adotado três dos <strong>de</strong>z itens pesquisados:<br />
subsídio <strong>de</strong> capital e concessão <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontos; investimentos<br />
públicos, empréstimos e financiamentos;<br />
e licitações públicas. Apesar <strong>de</strong> a pesquisa<br />
apontar que o Brasil possui três políticas <strong>de</strong><br />
promoção, o país é o que possui uma <strong>da</strong>s matrizes<br />
energéticas mais limpas do mundo, enquanto que<br />
a China e os Estados Unidos são os que mais investem<br />
em política <strong>de</strong> renováveis, mas continuam<br />
gerando parte <strong>de</strong> sua energia <strong>da</strong> queima <strong>de</strong> carvão,<br />
que é um recurso altamente poluente. Vale<br />
lembrar que o Brasil, além <strong>de</strong> possuir uma matriz<br />
energética fortemente basea<strong>da</strong> em geração hidroelétrica,<br />
adota diversos programas <strong>de</strong> utilização<br />
<strong>de</strong> combustíveis renováveis, que vêm sendo <strong>de</strong>senvolvidos<br />
e se intensificando nos últimos três<br />
anos. Lembramos que, com base nessas informa-<br />
É certo que o Brasil<br />
vem caminhando na<br />
direção do aumento<br />
do uso <strong>de</strong> energias<br />
renováveis “<br />
ções, é preciso avaliar a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> país e<br />
pon<strong>de</strong>rar a sua efetiva aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Apesar <strong>de</strong>sse cenário brasileiro otimista, o país<br />
não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdiçar o potencial que tem para a<br />
geração <strong>de</strong> energia limpa, principalmente, nas regiões<br />
Norte e Nor<strong>de</strong>ste, e assim conseguir atingir<br />
as metas estabeleci<strong>da</strong>s para redução, até 2030, do<br />
consumo energético advindo <strong>de</strong> fontes poluidoras.<br />
Para isso, é primordial que aumente a participação<br />
<strong>de</strong>ssas opções mais limpas em nossa matriz<br />
energética, aproveitando o forte potencial <strong>de</strong><br />
expansão do nosso mo<strong>de</strong>lo energético.<br />
É certo que o Brasil vem caminhando na direção<br />
do aumento do uso <strong>de</strong> energias renováveis e<br />
<strong>de</strong> uma economia com menor emissão <strong>de</strong> carbono,<br />
pois já possui uma matriz energética consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />
limpa (com 45,3% <strong>da</strong> produção proveniente<br />
<strong>de</strong> fontes como recursos hídricos, biomassa e etanol,<br />
além <strong>da</strong>s energias eólica e solar, diante <strong>da</strong><br />
média mundial <strong>de</strong> 13%, e <strong>de</strong> apenas 6% nos países<br />
<strong>de</strong>senvolvidos). As usinas hidrelétricas são<br />
responsáveis pela produção <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 75% <strong>da</strong><br />
eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> gera<strong>da</strong> aqui.<br />
Na área <strong>da</strong> biomassa, a<br />
produção do etanol <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />
tem potencial<br />
para crescer nos próximos<br />
anos e há possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> utilização ca<strong>da</strong><br />
vez maior do biogás, além<br />
do avanço que vem ocorrendo<br />
na geração <strong>de</strong> energia<br />
eólica. Segundo estimativas<br />
constantes do<br />
Plano Decenal, a participação<br />
<strong>da</strong>s hidrelétricas na<br />
matriz elétrica brasileira<br />
ten<strong>de</strong> a cair <strong>de</strong> 76% para 67%, enquanto a geração<br />
por fontes alternativas (energia eólica, térmica,<br />
<strong>bioenergia</strong> e pequenas centrais hidrelétricas -<br />
PCHs) <strong>de</strong>ve dobrar, <strong>de</strong> 8% para 16% até 2020.<br />
Também é interessante <strong>de</strong>stacar que o Brasil foi<br />
incluído recentemente como o quinto país que<br />
mais se <strong>de</strong>senvolveu <strong>de</strong> maneira sustentável entre<br />
os anos <strong>de</strong> 1990 e 2008, <strong>de</strong> acordo com o Índice<br />
<strong>de</strong> Riqueza Inclusiva (IRI), lançado pela ONU na<br />
Rio+20, à frente <strong>de</strong> nações como os EUA, por<br />
exemplo.<br />
A adoção <strong>de</strong> estratégias energéticas que tenha<br />
como benefício a utilização e a valorização <strong>de</strong><br />
fontes <strong>de</strong> energia renovável é indiscutível, consi<strong>de</strong>rando-se<br />
inclusive sua participação ca<strong>da</strong> vez<br />
mais relevante no âmbito <strong>da</strong> matriz energética<br />
mundial e que vem ganhado ca<strong>da</strong> vez mais espaço<br />
no Brasil. Mas os <strong>de</strong>safios são muitos e <strong>de</strong>vem<br />
ser enfrentados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já , principalmente consi<strong>de</strong>rando<br />
a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> crescente, alto preço <strong>da</strong>s<br />
energias renováveis, tributos e a busca por menores<br />
tarifas, aliados aos altos investimentos necessários<br />
ao <strong>de</strong>senvolvimento esperado e gran<strong>de</strong>s<br />
eventos esportivos que ocorrerão no País em<br />
anos vindouros mais recentes. Só assim será possível<br />
obter resultados positivos que garantam<br />
equilíbrio e sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> à relação entre a vi<strong>da</strong><br />
e o meio ambiente no médio e longo prazo.