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25. parestesia no tratamento endodôntico revisão de literatura

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA<br />

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE<br />

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA<br />

IGOR BANDEIRA DE MELO BARBOSA PEREIRA<br />

PARESTESIA NO TRATAMENTO ENDODÔNTICO: REVISÃO DE<br />

LITERATURA<br />

JOÃO PESSOA-PB<br />

2010


2<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA<br />

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE<br />

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA<br />

IGOR BANDEIRA DE MELO BARBOSA PEREIRA<br />

PARESTESIA NO TRATAMENTO ENDODÔNTICO: REVISÃO DE<br />

LITERATURA<br />

Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso apresentado ao Curso<br />

<strong>de</strong> Graduação em Odontologia, da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral da Paraíba em cumprimento às exigências para<br />

conclusão.<br />

Orientadora: Profª Dra. Heloísa Helena Pinho Veloso<br />

JOÃO PESSOA-PB<br />

2010


3<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA<br />

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE<br />

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA<br />

PARESTESIA NO TRATAMENTO ENDODÔNTICO: REVISÃO DE<br />

LITERATURA


5<br />

DEDICATÓRIA<br />

Dedico esta mo<strong>no</strong>grafia aos meus pais,<br />

Boscão (In memorian), Silvana, pelo gran<strong>de</strong><br />

incentivo, amor e <strong>de</strong>dicação e aos meus irmãos, que<br />

<strong>de</strong> muitas formas me incentivaram e ajudaram para<br />

que fosse possível a concretização <strong>de</strong>ste trabalho.


6<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Primeiramente, agra<strong>de</strong>ço a Deus todo po<strong>de</strong>roso, arquiteto universal, que me<br />

<strong>de</strong>u forças para seguir em frente, protegendo e iluminando minha vida; mesmo<br />

com todas as pedras que surgiram <strong>no</strong> caminho, consegui continuar a jornada<br />

com fé e esperança;<br />

Aos meus Pais pelo exemplo <strong>de</strong> competência, dignida<strong>de</strong> e pelos incansáveis e<br />

amáveis esforços que pu<strong>de</strong>ram tornar possível tudo em minha vida;<br />

Aos meus avôs alicerces em minha família, que nunca negaram um<br />

ensinamento ou palavra <strong>de</strong> apoio em horas difíceis;<br />

Aos <strong>de</strong>mais familiares que se fizeram presentes em minha vida em especial a<br />

Mariinha ;<br />

A professora Dra. Heloísa Helena Pinho Veloso pela competência e paciência<br />

em auxiliar a elaboração do presente trabalho;<br />

Aos amigos especiais, Diego e Thales pela compreensão, companheirismo e<br />

experiências compartilhadas durante todo o curso.<br />

A Cris, um anjo, por está sempre presente na minha vida durante todo o curso.<br />

A todos os amigos pela força e amiza<strong>de</strong> construídas até hoje, que certamente<br />

serviu como alicerce da minha trajetória;<br />

Enfim, a todos que diretamente ou indiretamente me ajudaram na conclusão do<br />

curso.


7<br />

“Suba o Primeiro <strong>de</strong>grau com fé.<br />

Não é necessário que você veja<br />

toda a escada. Apenas dê o<br />

primeiro passo”.<br />

Martin Luther King


8<br />

RESUMO<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento progressivo dos conhecimentos técnicos, biológios e<br />

científicos <strong>no</strong>s procedimentos endodônticos tem proporcionado altos índices<br />

<strong>de</strong> sucesso. Entretanto, esse tipo <strong>de</strong> <strong>tratamento</strong> consiste em vários passos<br />

operatórios que estão sujeitos a aci<strong>de</strong>ntes e complicações durante a evolução<br />

clínica. Dentre essas complicações, enfatiza-se a <strong>parestesia</strong> do nervo alveolar<br />

inferior, mentonia<strong>no</strong> e lingual durante a terapia endodôntica <strong>de</strong> elementos<br />

<strong>de</strong>ntários póstero- inferiores. Nesse sentido, o objetivo <strong>de</strong>sse trabalho, foi<br />

avaliar, através <strong>de</strong> uma revista da <strong>literatura</strong>, a ocorrência <strong>de</strong> <strong>parestesia</strong> durante<br />

o <strong>tratamento</strong> dos sistemas <strong>de</strong> canais radiculares, obtida <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong><br />

catalogação bibliográfica i<strong>de</strong>ntificados eletronicamente pela MEDLINE e<br />

Cochrane collaboration. A estratégia <strong>de</strong> busca foi realizada pelo portal PubMed<br />

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed) , <strong>no</strong> período <strong>de</strong> 2000 a 2010 , sem <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> referendar trabalhos clássicos. Apartir da revista da <strong>literatura</strong> consultada,<br />

po<strong>de</strong>-se concluir que a freqüência do envolvimento <strong>de</strong>sses nervos po<strong>de</strong> ser<br />

minimizada através do conhecimento da anatomia topográfica, dos nervos<br />

implicados, domínio da técnica empregada durante o <strong>tratamento</strong> endodôntico e,<br />

melhor conhecimento sobre os materiais utilizados.<br />

Palavras – chave: Parestesia; <strong>tratamento</strong> endodôntico; complicações intraoperatórias.


9<br />

ABSTRACT<br />

The progressive <strong>de</strong>velopment of technical, scientific and biological k<strong>no</strong>wledge in<br />

endodontic procedures has provi<strong>de</strong>d high success rates. However, this type of<br />

treatment consists of several operative steps that are prone to acci<strong>de</strong>nts and<br />

complications during clinical course. Among these complications, we emphasize<br />

the inferior alveolar nerve paresthesia, lingual and mentalis during the<br />

endodontic therapy of the lower posterior teeth. Thus, the aim of this study was<br />

to evaluate through a literature review, the occurrence of paresthesia during the<br />

treatment of root canals, obtained from sources of cataloging bibliographic<br />

i<strong>de</strong>ntified electronically in MEDLINE and the Cochrane Collaboration. The<br />

search strategy was conducted by the PubMed website<br />

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/PubMed) in the period from 2000 to 2010, while<br />

classical studies reference. Starting with the literature reviewed, we can<br />

conclu<strong>de</strong> that the frequency of involvement of these nerves can be minimized<br />

by k<strong>no</strong>wledge of topographic anatomy, nerves involved, a matter of technique<br />

used in endodontic treatment, and better k<strong>no</strong>wledge about the materials used.<br />

Key - words: Paresthesia; endodontic treatment; intraoperative complications.


10<br />

LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1: Radiografia pa<strong>no</strong>râmica tirada <strong>no</strong> dia <strong>de</strong>pois do <strong>tratamento</strong><br />

endodôntico, mostrando colar na zona periapical do elemento 37 e percorrendo<br />

distalmente o canal mandibular. 21<br />

Figura 2: Radiografia periapical. Mostrando extrusão do cimento endodôntico<br />

<strong>no</strong> canal mandibular. 21<br />

Figura 3: Radiografia pa<strong>no</strong>râmica realizada 3,5 a<strong>no</strong>s após o aci<strong>de</strong>nte,<br />

mostrando a persistência do cimento endodôntico na zona periapical do<br />

elemento 37 e <strong>no</strong> canal mandibular. 22<br />

Figura 4: Radiografia pa<strong>no</strong>râmica tomada uma semana após transbordamento<br />

do material obturador. Área radiopaca po<strong>de</strong> ser vista na região do canal<br />

mandibular. 24<br />

Figura 5: Radiografia pa<strong>no</strong>râmica tomada dois meses após o aparecimento da<br />

anestesia. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material radiopaco na região do canal mandibular<br />

inferior é similar à observada após uma semana. 24<br />

Figura 6: A área inicial <strong>de</strong> anestesia do nervo mental é <strong>de</strong>scrita sobre a pele 28<br />

Figura 7: A radiografia pa<strong>no</strong>râmica mostrando colar endodôntico em da zona<br />

periapical do <strong>de</strong>nte 28 e o canal alveolar inferior 28<br />

Figura 8: Tomografia computadorizada – vista distal mostrando propagação<br />

sagital da pasta endodôntica <strong>no</strong> interior do canal mentual 28<br />

Figura 9: Radiografia pa<strong>no</strong>râmica 4 meses após conclusão do <strong>tratamento</strong><br />

endodôntico mostrando material radipaco extravasado. 29<br />

Figura 10: Radiografia pa<strong>no</strong>râmica do pós-operatório. 30


11<br />

SUMÁRIO<br />

1. INTRODUÇÃO 11<br />

2. REVISÃO DE LITERATURA<br />

16<br />

2.1 Conceito e causas gerais<br />

17<br />

2.2 Causas relacionadas à procedimentos Endodônticos<br />

17<br />

2.2.1 Anestésicos<br />

18<br />

2.2.2 Instrumentação, materiais <strong>de</strong> irrigação e <strong>de</strong> preenchimento 19<br />

2.3 Biocompatibilida<strong>de</strong><br />

22<br />

2.4 Tratamento<br />

25<br />

3. OBJETIVOS<br />

31<br />

3.1 Objetivos gerais<br />

32<br />

4. METODOLOGIA 33<br />

5. DISCUSSÃO 35<br />

6. CONCLUSÃO 39<br />

REFERÊNCIAS 41


12<br />

INTRODUÇÃO


13<br />

1. INTODUÇÃO<br />

A <strong>parestesia</strong> é uma condição localizada <strong>de</strong> insensibilização da região<br />

após a lesão do nervo sensitivo responsável pela inervação da mesma. Seu<br />

principal sintoma é a ausência <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> na região afetada, mas, em<br />

estágios mais evoluídos da <strong>parestesia</strong>, o paciente po<strong>de</strong>rá relatar sensibilida<strong>de</strong><br />

alterada ao frio, calor e dor, sensação <strong>de</strong> dormência, formigamento, “fisgadas”<br />

e coceira (KAUFMAN, 2001).<br />

Segundo MALAMED et al. (2004) <strong>parestesia</strong> consiste num conjunto <strong>de</strong><br />

sensações <strong>de</strong>sagradáveis, permanentes ou não, traduzidas numa irritação <strong>de</strong><br />

nervos periféricos sensitivos ou raízes posteriores, estando associada com<br />

sensações dolorosas.<br />

Parestesia <strong>de</strong> um nervo po<strong>de</strong>rá ter as seguintes causas:<br />

• Mecânicas: trauma, compressão e/ou estiramento do nervo com<br />

ruptura (parcial ou total) <strong>de</strong> suas fibras; trauma tecidual ao redor<br />

das fibras nervosas; presença <strong>de</strong> hemorragias, hematomas e<br />

e<strong>de</strong>ma em tor<strong>no</strong> do mesmo, <strong>de</strong>terminando o aparecimento tardio<br />

da <strong>parestesia</strong>, durante as primeiras 24-48 horas pós-operatórias<br />

(KAUFMAN, 2001).<br />

• Patológicas: presença <strong>de</strong> um tumor cujo crescimento acentuado<br />

<strong>de</strong>ntro dos tecidos provoque a compressão <strong>de</strong> nervos da região,<br />

acarretando da<strong>no</strong> às fibras nervosas sensitivas e conseqüente<br />

prejuízo sensorial para esse paciente (LAGE, 2003).<br />

• Físicas: excesso <strong>de</strong> calor, como <strong>no</strong> caso da realização <strong>de</strong> uma<br />

osteotomia com instrumentos rotatórios sob ina<strong>de</strong>quada<br />

refrigeração das brocas (JERGES, et al., 2006) ou frio, que<br />

po<strong>de</strong>rá ser ocasionado durante a realização da crioterapia<br />

(MASUR, 1970 apud ROSA, ESCOBAR e BRUSCO, 2007).<br />

• Químicas: aplicação <strong>de</strong> medicamentos, como os anestésicos locais<br />

e/ou outras substâncias, em <strong>de</strong>terminados procedimentos<br />

odontológicos (EPPLEY, SNYDERS, 1991).


14<br />

• Microbiológica: infecção <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> necrose pulpar e lesão<br />

periapical que atinja as proximida<strong>de</strong>s do canal mandibular<br />

(MORSE, 1997).<br />

O nervo lingual emerge do tronco do nervo mandibular e une-se, na<br />

região zigomática ao nervo corda do tímpa<strong>no</strong>, que possui fibras associadas<br />

gustativas. É responsável pela inervação sensitiva dos dois terços anteriores<br />

da língua e da mucosa da cavida<strong>de</strong> bucal em sua face lingual (CASTRO, 1985<br />

apud ROSA, ESCOBAR e BRUSCO, 2007).<br />

O nervo alveolar inferior penetra na mandíbula pelo forame mandibular,<br />

percorrendo o canal mandibular até o <strong>de</strong>nte incisivo central <strong>de</strong> cada lado.<br />

Pouco antes <strong>de</strong> penetrar <strong>no</strong> forame mandibular emite um <strong>de</strong> seus ramos, o<br />

nervo milohioí<strong>de</strong>o. Após penetrar <strong>no</strong> forame, emite ramos às raízes dos<br />

molares e pré-molares e à mucosa dos <strong>de</strong>ntes. Na região entre os pré-molares,<br />

emite seus ramos terminais: nervo mentonia<strong>no</strong>, que emerge para fora da<br />

mandíbula inervando hemi-lábio, hemi-mento, gengiva vestibular <strong>de</strong> prémolares<br />

para anterior e nervo incisivo, que irá inervar os <strong>de</strong>ntes anteriores<br />

inferiores (CASTRO, 1985 apud ROSA, ESCOBAR e BRUSCO, 2007).<br />

O retor<strong>no</strong> da <strong>no</strong>rmalida<strong>de</strong> na <strong>parestesia</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da regeneração das<br />

fibras nervosas lesadas ou da remissão das causas secundárias que estão<br />

gerando este quadro, como a reabsorção do sangramento local, a redução do<br />

e<strong>de</strong>ma e da inflamação. Quando estiver ocorrendo alguma compressão <strong>de</strong>vido<br />

a presença <strong>de</strong> um corpo estranho <strong>de</strong>corrente do ato cirúrgico, po<strong>de</strong>rá haver a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reintervenção. A maioria dos pacientes não recorre ao<br />

<strong>tratamento</strong> e, em mais <strong>de</strong> 96% dos casos ocorre o retor<strong>no</strong> sensitivo<br />

espontâneo em 24 meses (POGREL, 2002).<br />

Antes <strong>de</strong> iniciar o <strong>tratamento</strong>, é <strong>de</strong>ver do profissional analisar<br />

primeiramente a etiologia da <strong>parestesia</strong>, pois, se estiver diante <strong>de</strong> uma<br />

infecção, provavelmente ministrará antibióticos para <strong>tratamento</strong> inicial. Em<br />

casos <strong>de</strong> compressão do nervo por e<strong>de</strong>ma pós-trauma, <strong>de</strong>verá aguardar para<br />

que a sensibilida<strong>de</strong> volte gradativamente, não tendo êxito, recomenda-se o uso<br />

<strong>de</strong> corticói<strong>de</strong>s ou a <strong>de</strong>scompressão cirúrgica (CASTRO, 1985 apud ROSA,<br />

ESCOBAR e BRUSCO, 2007).


15<br />

O uso <strong>de</strong> um laser <strong>de</strong> baixa intensida<strong>de</strong> tem sido utilizado <strong>no</strong> <strong>tratamento</strong><br />

<strong>de</strong> distúrbios sensitivos <strong>de</strong> longa duração do nervo alveolar inferior, pois ele é<br />

capaz <strong>de</strong> reagir com proteínas fotossensíveis presentes em diferentes áreas do<br />

sistema nervoso, recuperando os tecidos nervosos ou afetando a percepção da<br />

dor em nervos sensitivos (KHULLAR et al., 1996).<br />

Quando ocorre a secção do nervo, as técnicas <strong>de</strong> microneurocirurgia<br />

po<strong>de</strong>rão ser usadas a fim <strong>de</strong> restabelecer a perda sensorial ou função motora.<br />

A regeneração é melhorada quanto mais cedo for feita a <strong>de</strong>scompressão, pois<br />

assim haverá uma me<strong>no</strong>r quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tecido cicatricial (VASCONCELOS,<br />

2001). As indicações para reparo <strong>de</strong> nervo por microneurocirurgia incluem:<br />

observação ou suspeita <strong>de</strong> laceração ou transecção do nervo, não melhora da<br />

anestesia três meses após a cirurgia, dor <strong>de</strong>corrente da formação <strong>de</strong> neuroma,<br />

dor causada por objeto estranho ou <strong>de</strong>formida<strong>de</strong> do canal e, ainda, <strong>de</strong>créscimo<br />

sensitivo progressivo ou aumento da dor (AKAL, 2000).<br />

Entre os procedimentos odontológicos, a causa que mais preocupa os<br />

<strong>de</strong>ntistas, são as <strong>parestesia</strong>s <strong>de</strong>correntes da remoção dos terceiros molares<br />

inferiores, cujos índices <strong>de</strong> incidência para o nervo alveolar inferior variam <strong>de</strong><br />

0,4% a 8,4% (BATAINEH, 2001). A impactação mesio-angular é a mais<br />

relacionada com <strong>parestesia</strong> lingual atingindo 30,26% dos casos (PETERSON et<br />

al.,, 2000). Segundo BECKING (1991) poucos foram os estudos que relataram<br />

<strong>parestesia</strong> durante o <strong>tratamento</strong> endodôntico,após a utilização <strong>de</strong> hipoclorito <strong>de</strong><br />

sódio. Foi comprovado a ocorrência <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes graves na endodontia<br />

provocados pela injeção da solução <strong>no</strong>s tecidos periapicais tendo entre outras<br />

complicações a <strong>parestesia</strong>.<br />

Outra causa iatrogênica durante o <strong>tratamento</strong> endodôntico é o<br />

extravasamento do material obturador ou da medicação intracanal<br />

(FANIBUNDA, MATTEWS, 2000). Segundo Neaverth, 1989 apud Rosa,<br />

Escobar e Brusco (2007), o tipo <strong>de</strong> cimento irá influenciar a incidência <strong>de</strong>ssas<br />

complicações e em níveis diferentes. Enfatizando a biocompatibilida<strong>de</strong> dos<br />

cimentos observaram que os cimentos á base <strong>de</strong> hidróxido cálcio possuem<br />

diferentes componentes que interferem na reação inflamatória dos tecidos


16<br />

periapicais em diferentes aspectos, tornando alguns cimentos mais<br />

biocompatíveis que outros( VELOSO et al., 2006).<br />

JERGES et al. (2006) citam que a prevenção é ainda o mais importante<br />

para o sucesso do procedimento. O conhecimento anatômico, domínio da<br />

técnica, materiais utilizados, habilida<strong>de</strong> manual são essenciais para evitar<br />

iatrogenias.<br />

A partir do acima exposto, o objetivo <strong>de</strong>sse trabalho é fazer uma análise<br />

através <strong>de</strong> uma revista da <strong>literatura</strong> sobre a ocorrência <strong>de</strong> <strong>parestesia</strong>s<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> complicações durante o <strong>tratamento</strong> do sistema <strong>de</strong> canais<br />

radiculares. Conscientizando a partir daí os cirurgiões –<strong>de</strong>ntistas <strong>no</strong> que diz<br />

respeito as lesões nervosas <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes ou negligências durante<br />

o <strong>tratamento</strong> endodôntico, permitindo assim subsídios para que o profissional<br />

informe ao paciente quanto aos possíveis riscos <strong>de</strong> alterações sensoriais,<br />

evitando-se o reembolso e conduta judicial na prática médico-legal,<br />

assegurando portanto a bioética.


REVISÃO DE LITERATURA<br />

17


18<br />

2. REVISÃO DA LITERATURA<br />

2.1. Conceito e causas gerais<br />

A <strong>parestesia</strong> correspon<strong>de</strong> à perda <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> ou dormência em<br />

<strong>de</strong>terminadas regiões anatômicas que ocorre em estruturas cuja inervação<br />

possui caráter sensitivo. Esse quadro clínico traz um extremo <strong>de</strong>sconforto ao<br />

paciente, po<strong>de</strong>ndo levá-lo à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fonação e a mor<strong>de</strong>r os lábios ou<br />

língua, assim como não distinguir as diferentes temperaturas dos alimentos<br />

po<strong>de</strong>ndo ocasionar lesões térmicas (NOGUEIRA, 2004).<br />

O envolvimento do nervo alveolar inferior e lingual po<strong>de</strong> ocorrer por<br />

diversas causas como, trauma maxilo-facial ou crescimento neoplásico<br />

causando disfunção sensorial, porém muitos casos ocorrem em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong><br />

<strong>tratamento</strong> odontológico. A causa mais comum é a cirurgia para remoção <strong>de</strong><br />

terceiros molares, mas a remoção cirúrgica <strong>de</strong> patologia dos maxilares,<br />

colocação <strong>de</strong> implantes, <strong>tratamento</strong> <strong>de</strong> canal radicular e a injeção <strong>de</strong> um<br />

anestésico local também po<strong>de</strong>m ser incluídos (POGREL 2002).<br />

Libersa, Savignat e Tonnel (2007) num estudo que durou 10 a<strong>no</strong>s,<br />

observaram a prevalência <strong>de</strong> distúrbios neurossensoriais do nervo alveolar<br />

inferior durante diferentes procedimentos odontológicos. Para isso, utilizou-se<br />

<strong>de</strong> 157. 292 contratos <strong>de</strong> seguro, dos quais 382 se queixaram <strong>de</strong> alterações<br />

sensoriais do nervo supracitado, sendo 75 lesões permanentes que<br />

correspon<strong>de</strong> a 19,6% <strong>de</strong> prevalência. Para <strong>tratamento</strong> endodôntico e<br />

procedimentos cirúrgicos, a incidência foi <strong>de</strong> 35,3% e 61,5% respectivamente.<br />

Concluiu-se que apesar da remoção dos terceiros molares ser a principal causa<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência permanente do nervo alveolar inferior, a terapia endodôntica e a<br />

colocação <strong>de</strong> implantes po<strong>de</strong>m também causar lesões nervosas graves.<br />

2.2. Causas relacionadas à procedimentos Endodônticos<br />

Na odontologia existem vários procedimentos endodônticos que po<strong>de</strong>m<br />

causar envolvimento do nervo alveolar inferior e conseqüente <strong>parestesia</strong>, tais<br />

como: as cirurgias parendodônticas, <strong>tratamento</strong> dos canais radiculares ou


19<br />

<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma infiltração <strong>de</strong> anestésicos locais durante bloqueios<br />

regionais (GALLAS-TORREIRO et al., 2003).<br />

González-Martín et al. (2010) relatam que os procedimentos<br />

endodônticos <strong>de</strong>vem ser realizados com muita cautela, especialmente quando<br />

os ápices estão em estreita proximida<strong>de</strong> com estruturas anatômicas vitais,<br />

como o canal mandibular, para evitar o envolvimento do nervo alveolar inferior.<br />

Durante o <strong>tratamento</strong> endodôntico, é extremamente importante uma tomada<br />

radiográfica sem distorções, com o instrumento em posição, não apenas para<br />

garantir o comprimento real <strong>de</strong> trabalho correto, como também evitar a<br />

perfuração do canal e possíveis da<strong>no</strong>s ao nervo alveolar inferior.<br />

K<strong>no</strong>wles, Jergenson e Howard (2003) fizeram um estudo para verificar a<br />

freqüência da ocorrência <strong>de</strong> <strong>parestesia</strong> causada por <strong>tratamento</strong> endodôntico<br />

em pré-molares inferiores, associando a anatomia do nervo alveolar inferior<br />

como fator contribuinte para <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>sse quadro clínico. Para o referido<br />

estudo foram utilizados registros endodônticos do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> endodontia<br />

<strong>no</strong> Creighton University School of Dentistry, <strong>de</strong>ssecação <strong>de</strong> cadáveres e<br />

revisão <strong>de</strong> <strong>literatura</strong>. O resultado mostrou que dos 6313 <strong>de</strong>ntes tratados<br />

endodonticamente, durante 7 a<strong>no</strong>s, 832 foram pré-molares inferiores e apenas<br />

8 tiveram <strong>parestesia</strong> (incidência <strong>de</strong> 0,96%) . Em observações <strong>de</strong> mandíbulas<br />

dissecadas <strong>de</strong> cadáveres, concluiu-se que a <strong>parestesia</strong> podia está associada<br />

ao percurso intra-ósseo do nervo alveolar <strong>de</strong>ntro do canal mandibular.<br />

2.2.1 Anestésicos<br />

A etiologia da <strong>parestesia</strong> não é conhecida, po<strong>de</strong>ndo ser uma<br />

combinação <strong>de</strong> fatores: lesões traumáticas do nervo através do contato direto<br />

da agulha com o nervo, da pressão hidrostática da injeção ou do próprio<br />

potencial <strong>de</strong> neurotoxicida<strong>de</strong> da solução anestésica (HAAS, 1998). Segundo<br />

Malamed (2006) a hipótese <strong>de</strong> que os anestésicos locais po<strong>de</strong>m ser<br />

neurotóxicos é controversa.<br />

Embora os anestésicos locais sejam medicamentos essenciais para<br />

odontologia, a sua utilização po<strong>de</strong> ocasionar lesões aos nervos. A <strong>parestesia</strong>,<br />

<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> lesão é uma neuropatia que se manifesta como<br />

anestesia persistente ou sensações alteradas que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a completa


20<br />

insensibilida<strong>de</strong>, queimação, formigamento ou dor contínua (MALAMED, 2004;<br />

HAAS, 2006).<br />

Em Ontário, Canadá, <strong>no</strong> período <strong>de</strong> 1973 a 1993 foi feita uma análise<br />

retrospectiva <strong>de</strong> <strong>parestesia</strong> não cirúrgica, nesse estudo observou uma<br />

incidência <strong>de</strong> <strong>parestesia</strong> <strong>de</strong> 1:785.000, com os dois medicamentos mais<br />

frequentemente utilizados: prilocaína e articaína ambas a 4% (HAAS e<br />

LENNON, 1995). O número <strong>de</strong> casos anuais <strong>de</strong> <strong>parestesia</strong> aumentou a partir<br />

<strong>de</strong> 1985, logo após a introdução da articaína <strong>no</strong> mercado cana<strong>de</strong>nse.<br />

Resultados <strong>de</strong>sse estudo também mostraram que o nervo lingual foi afetado<br />

em 64% <strong>de</strong> todos os casos relatados. Estudos subseqüentes <strong>no</strong>s períodos <strong>de</strong><br />

1994 a 1998 e <strong>de</strong> 1999 a 2008 confirmaram tais resultados <strong>de</strong> que a<br />

<strong>parestesia</strong> na maioria das vezes foi associada a prilocaína e articaína, ambas a<br />

4%, porém o acometimento do nervo lingual representou, respectivamente, 70<br />

e 79,1% dos casos em tais estudos (MILLER e HAAS, 2000; GAFFEN e<br />

HAAS, 2009).<br />

Para prevenir erros durante técnicas anestésicas é necessário a correta<br />

utilização da mesma, utilizando-se dos pontos <strong>de</strong> reparo anatômico e sempre<br />

se lembrar dos requisitos essenciais da técnica anestésica. Nunca se <strong>de</strong>ve<br />

penetrar com toda a agulha na intimida<strong>de</strong> dos tecidos e ficar atento também<br />

das condições do bisel da agulha, pois irregularida<strong>de</strong>s do mesmo po<strong>de</strong>rá<br />

acarretar da<strong>no</strong>s aos tecidos nervosos (MARZOLA, 1999).<br />

2.2.2. Instrumentação, materiais <strong>de</strong> irrigação e preenchimento<br />

A eliminação <strong>de</strong> toda <strong>de</strong>ntina e polpa infeccionadas, a a<strong>de</strong>quada<br />

limpeza e mo<strong>de</strong>lagem dos sistemas <strong>de</strong> canais radiculares, obturação em três<br />

dimensões e selagem, constituem os princípios básicos do <strong>tratamento</strong><br />

endodôntico. I<strong>de</strong>almente, a instrumentação, soluções <strong>de</strong> irrigação e material <strong>de</strong><br />

preenchimento <strong>de</strong>vem se limitar ao canal radicular sem esten<strong>de</strong>r para os<br />

tecidos periapicais ou outras estruturas vizinhas. Em <strong>tratamento</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte<br />

inferiores, caso isso não aconteça, o canal mandibular po<strong>de</strong>rá ser acometido<br />

resultando em <strong>parestesia</strong> do nervo (KOSEOGLU, 2006).<br />

Quando os materiais <strong>de</strong> preenchimento dos canais radiculares estão<br />

muito próximos ou em íntimo contato com estruturas nervosas, os efeitos


21<br />

tóxicos po<strong>de</strong>m se manifestar sob a forma <strong>de</strong> anestesia, <strong>parestesia</strong>, hipoestesia<br />

ou disestesia, po<strong>de</strong>ndo ser irreversível. O uso <strong>de</strong> pastas endodôntica, como<br />

único enchimento endodôntico, torna difícil limitá-lo <strong>de</strong>ntro dos limites dos<br />

canais radiculares, apesar <strong>de</strong> ser uma técnica fácil. É por esse motivo que a<br />

maioria dos endodontistas prefere um núcleo sólido e uma vedação <strong>de</strong> cimento<br />

(POVEDA et al., 2006).<br />

Segundo Tilotta-Yasukawa et al. (2006) a <strong>parestesia</strong> labiomandibular<br />

após a terapia endodôntica é ainda muito freqüente, apesar do<br />

aperfeiçoamento e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas técnicas. Para Gallas-Torreira et<br />

al. (2003) a lesão do nervo alveolar inferior constitui uma complicação<br />

raríssima durante a terapia endodôntica. Tais autores relataram um caso<br />

clínico em que um paciente <strong>de</strong> 45 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, sem antece<strong>de</strong>ntes médicos,<br />

se consultou <strong>no</strong> Serviço <strong>de</strong> Cirurgia Oral e Maxilofacial do Hospital<br />

Universitário <strong>de</strong> Compostela, apresentando hiperestesia dolorosa na<br />

hemimandíbula esquerda e <strong>parestesia</strong> <strong>no</strong> hemilábio esquerdo, <strong>de</strong>corrente da<br />

introdução <strong>de</strong> um cone <strong>de</strong> guta-percha <strong>no</strong> canal mandibular, durante<br />

<strong>tratamento</strong> endodôntico do primeiro molar inferior esquerdo. Esse quadro já<br />

estava com 15 dias <strong>de</strong> evolução. Realizou-se a remoção do cone <strong>de</strong> gutapercha<br />

e curetou-se cuidadosamente a cavida<strong>de</strong> óssea, o <strong>de</strong>saparecimento da<br />

dor ocorreu 15 dias após, porém a <strong>parestesia</strong> persistiu por cerca <strong>de</strong> 1 mês.<br />

González-Martín et al. (2010) relataram um caso <strong>de</strong> uma paciente <strong>de</strong> 32<br />

a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, encaminhada para o <strong>tratamento</strong> endodôntico do segundo molar<br />

inferior esquerdo. Após a anestesia a<strong>de</strong>quada e isolamento com dique <strong>de</strong><br />

borracha, uma cavida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso foi realizada. O elemento possuía três<br />

canais, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> patência apical, o comprimento real <strong>de</strong> trabalho foi calculado<br />

usando um localizador eletrônico e, em seguida, confirmado com uma<br />

radiografia periapical. O <strong>tratamento</strong> do canal radicular foi realizado com limas<br />

manuais e irrigação com solução salina. Após limpeza e preparo químicomecânico,<br />

o canal foi seco e obturado com o cimento AH 26 e guta-percha.<br />

Logo após o <strong>tratamento</strong> endodôntico, a radiografia revelou a presença <strong>de</strong><br />

cimento radiopaco <strong>no</strong> canal mandibular. No entanto, o paciente ainda estava<br />

sob efeito do anestésico, e não relatou nenhuma dor ou <strong>de</strong>sconforto. No dia<br />

seguinte, através do exame intra-oral não foi observado vermelhidão, inchaço<br />

ou outros sinais <strong>de</strong> inflamação. No entanto, a paciente relatou dormência <strong>no</strong>


22<br />

lado esquerdo do lábio inferior e uma sensação <strong>de</strong> formigamento na gengiva<br />

vestibular do mesmo lado. Ao exame extra-oral também não foi i<strong>de</strong>ntificado<br />

inchaço ou outras alterações. Foi realizada uma radiografia pa<strong>no</strong>râmica,<br />

revelando a presença <strong>de</strong> material radiopaco (AH Plus) na área periapical do<br />

<strong>de</strong>nte tratado e estendido distalmente ao longo do canal mandibular (Fig 1, 2 e<br />

3).<br />

Figura 1: Radiografia pa<strong>no</strong>râmica tirada <strong>no</strong> dia <strong>de</strong>pois do <strong>tratamento</strong> endodôntico, mostrando<br />

colar na zona periapical do elemento 37 e percorrendo distalmente o canal mandibular.<br />

Fonte: GONZÁLEZ-MARTÍN et al., 2010.<br />

Figura 2: Radiografia periapical. Mostrando extrusão do cimento endodôntico <strong>no</strong> canal<br />

mandibular.<br />

Fonte: GONZÁLEZ-MARTÍN et al., 2010.


23<br />

Figura 3: Radiografia pa<strong>no</strong>râmica realizada 3,5 a<strong>no</strong>s após o aci<strong>de</strong>nte, mostrando a<br />

persistência do cimento endodôntico na zona periapical do elemento 37 e <strong>no</strong> canal mandibular.<br />

Fonte: GONZÁLEZ-MARTÍN et al., 2010.<br />

2.3 Biocompatibilida<strong>de</strong><br />

Um fato importante referente aos insucessos <strong>no</strong>s <strong>tratamento</strong>s<br />

endodônticos diz respeito aos componentes tóxicos dos cimentos obturadores<br />

<strong>de</strong> canal, incluídos com o propósito <strong>de</strong> neutralizar as falhas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção<br />

durante o preparo do canal. Com isso foi realizado um estudo para avaliar<br />

histologicamente o comportamento tecidual subcutâneo <strong>de</strong> ratos após<br />

implantes <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong> polietile<strong>no</strong> preenchidos com cimentos obturadores <strong>de</strong><br />

canal à base <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio (Sealapexâ, Apexitâ e Sealer 26â). Utilizouse<br />

para este estudo 60 ratos, divididos em oito grupos: quatro experimentais,<br />

cada um com 10 ratos, e quatro controle, com 5 ratos. Foram analisados em<br />

intervalos <strong>de</strong> 48 horas, 7, 21 e 60 dias. Os resultados da análise histológica<br />

mostraram que todos os cimentos foram irritantes, porém em intensida<strong>de</strong><br />

variarando entre si e em função do tempo. Nos períodos iniciais (48 horas e<br />

sete dias) todos os materiais exibiram resultados próximos, com quadro<br />

inflamatório entre severo e mo<strong>de</strong>rado, respectivamente. Nos períodos finais (21<br />

e 60 dias), as reações teciduais aos implantes contendo o cimento Sealapexâ<br />

apresentaram quadro ativo, mas em fase involutiva, em relação aos cimentos<br />

Apexitâ e Sealer 26â. Os grupos controle apresentaram número <strong>de</strong> células<br />

inflamatórias inferior aos grupos experimentais, mantendo quadro reacional em


24<br />

fase involutiva. O método estatístico utilizado foi a análise <strong>de</strong> variância para<br />

que fosse feita uma comparação entre as médias. Conclui-se que o cimento<br />

Sealapexâ foi o mais biocompatível seguido pelo Apexitâ e Sealer 26â<br />

(VELOSO et al., 2006).<br />

Escoda-Francoli et al. (2007) sugeriram que substâncias utilizadas na<br />

composição do cimento sealer, como tungstato <strong>de</strong> cálcio e óxido <strong>de</strong> zircônio,<br />

não são totalmente inócuas e reabsorvíveis quando extravasadas além do<br />

forame apical. Através <strong>de</strong> estudos experimentais Morse (1997) <strong>de</strong>monstrou que<br />

o euge<strong>no</strong>l e paraformal<strong>de</strong>ído são os principais materiais que causam reações<br />

neurotóxicas. Para Pertot et al. (1992) não existe material <strong>de</strong> preenchimento<br />

totalmente compatível e a sua propagação para além do forame apical po<strong>de</strong> originar<br />

manifestações clínicas em relação a toxida<strong>de</strong> do produto, embora a extrusão em<br />

pouca quantida<strong>de</strong> é bem tolerada pelos tecidos perirradiculares.<br />

Escoda-Francoli et al. (2007) relataram um caso em que ocorreu<br />

extravasamento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> do cimento sealer durante <strong>tratamento</strong><br />

endodôntico <strong>de</strong> um molar inferior direito permanente, causando da<strong>no</strong> ao nervo<br />

alveolar direito e consequentemente causando <strong>parestesia</strong> <strong>no</strong> hemilábio direito<br />

e região do mento. No planejamento do <strong>tratamento</strong>, o <strong>de</strong>ntista optou pela<br />

remoção do molar antes do paciente ser submetido a cirurgia. Poucos meses<br />

após a remoção cirúrgica do material, o paciente apresentou a sensibilida<strong>de</strong><br />

totalmente restaurada. O material removido foi analisado e foi confirmado que<br />

era realmente o cimento sealer.<br />

Scara<strong>no</strong> et al. (2007) relataram um caso que um paciente, sexo<br />

femini<strong>no</strong>, 52 a<strong>no</strong>s, apresentava um quadro <strong>de</strong> dor e dormência <strong>no</strong> lábio inferior<br />

e região do mento, ambos lado esquerdo, após <strong>tratamento</strong> endodôntico do<br />

segundo pré-molar esquerdo, e que todas doenças sistêmicas foram excluídas<br />

como responsáveis por esses sintomas. A radiografia pa<strong>no</strong>râmica mostrou a<br />

presença <strong>de</strong> um material radiopaco na região do canal mandibular que se<br />

extendia do cani<strong>no</strong> ao segundo pré-molar. Uma terapia com antibióticos,<br />

<strong>de</strong>xametasona, carbamazepina, foi prescrita para dor, porém não ocorreu<br />

melhora. O <strong>tratamento</strong> cirúrgico foi o <strong>de</strong> escolha, entretanto o paciente optou<br />

por não se submeter ao procedimento proposto. Após 1 mês, o exame clínico<br />

mostrou que a <strong>parestesia</strong> tinha <strong>de</strong>saparecido, mas a dor era permanente. A<br />

radiografia pa<strong>no</strong>râmica mostrou que não ocorreu reabsorção do cimento


25<br />

obturador. Após 4 meses a dor tinha <strong>de</strong>saparecido quase por completo e uma<br />

hipoestesia ainda era presente. A dor <strong>de</strong>sapareceu após 10 meses e a<br />

hipoestesia após 15 meses. Os autores concluíram que a composição química<br />

do cimento parece ser muito importante, pois nesse caso a ausência <strong>de</strong><br />

paraformal<strong>de</strong>ído provavelmente facilitou a evolução positiva do quadro clínico<br />

(Fig 4 e 5).<br />

Figura 4: Radiografia pa<strong>no</strong>râmica tomada uma semana após transbordamento do material<br />

obturador. Área radiopaca po<strong>de</strong> ser vista na região do canal mandibular.<br />

Fonte: SCARANO, 2007.<br />

Figura 5: Radiografia pa<strong>no</strong>râmica tomada dois meses após o aparecimento da anestesia. A<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material radiopaco na região do canal mandibular inferior é similar à observada<br />

após uma semana.<br />

Fonte: SCARANO, 2007.


26<br />

2.4 Tratamento<br />

Morse (1997) relatou dois casos clínicos relacionando infecções com<br />

<strong>parestesia</strong> <strong>no</strong>s nervos alveolar inferior e mentonia<strong>no</strong>. No primeiro caso foi<br />

observado extravasamento do cone <strong>de</strong> guta-percha nas proximida<strong>de</strong>s do canal<br />

mandibular <strong>de</strong> um segundo molar inferior esquerdo. O <strong>de</strong>nte permaneceu sem<br />

sintomalogia até dois a<strong>no</strong>s e meio, foi quando ocorreu aumento da lesão<br />

periapical na raiz distal <strong>de</strong>sse elemento e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> e<strong>de</strong>ma, dor e<br />

<strong>parestesia</strong>. Esta foi resolvida duas semanas <strong>de</strong>pois com cirurgia periapical. No<br />

segunda caso relatado tratou-se <strong>de</strong> um pré molar inferior direito <strong>no</strong> qual a<br />

<strong>parestesia</strong> começou um dia após a instrumentação do canal radicular. Esse foi<br />

reaberto na semana seguinte verificou-se a presença <strong>de</strong> secreção<br />

sangui<strong>no</strong>purulenta. Constituiu-se para o <strong>tratamento</strong> da <strong>parestesia</strong> foi feito com<br />

irrigação, antibióticos e <strong>de</strong>xametasona por via oral. Esse quadro clínico teve<br />

duração <strong>de</strong> sete semanas e a resolução ocorreu com a obturação do canal<br />

radicular.<br />

Dois mecanismos principais são responsáveis por da<strong>no</strong>s <strong>no</strong>s nervos<br />

alveolares inferiores após <strong>tratamento</strong> endodôntico: a toxicida<strong>de</strong> química e a<br />

compressão mecânica causada pelos materiais extravasados. Foram <strong>de</strong>scritos<br />

4 casos em que ocorreu extravasamento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material<br />

obturador durante <strong>tratamento</strong> endodôndico dos molares inferiores e que foram<br />

solucionados por <strong>de</strong>scompressão do nervo através da osteotomia sagital<br />

mandibular do lado afetado. Os pacientes apresentaram alívio da dor e da<br />

<strong>parestesia</strong> tendo, em alguns casos, uma residual hipoestesia na região do<br />

mento (SCOLOZZI et al., 2004).<br />

Para Scara<strong>no</strong> et al. (2007) confirmam os dois mecanismos fundamentais<br />

por causar lesão ao nervo alveolar inferior durante <strong>tratamento</strong> endodôntico já<br />

citados anteriormente. Os autores ressaltam, ainda, a idéia <strong>de</strong> que a<br />

exploração cirúrgica precoce com remoção do cimento obturador e<br />

<strong>de</strong>scompressão do nervo alveolar inferior é <strong>de</strong> fundamental importância<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da composição <strong>de</strong>sses cimentos, pois da<strong>no</strong>s nervosos mais<br />

graves po<strong>de</strong>m aumentar com a duração da lesão, embora reabsorção<br />

espontânea <strong>de</strong> alguns materiais tenha sido relatada. Pogrel (2002) fortalece<br />

também o <strong>tratamento</strong> cirúrgico precoce para lesões <strong>de</strong> tais nervos, pois os


27<br />

melhores resultados parecem ocorrer quando feitos especialmente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

10 semanas.<br />

O autor acima citado observou também que o <strong>tratamento</strong> endodôntico<br />

dos molares mandibulares possui potencial <strong>de</strong> causar da<strong>no</strong>s ao nervo alveolar<br />

inferior por trauma direto, pressão, ou neurotoxida<strong>de</strong>. Foi feito um estudo<br />

retrospectivo <strong>no</strong> período <strong>de</strong> 1998 a 2005. Foram analisados 61 pacientes que<br />

apresentaram envolvimento do nervo alveolar inferior após terapia endodôntica,<br />

<strong>de</strong>ntre eles 8 eram assintomáticos, sendo verificado, por meio <strong>de</strong> radiografias,<br />

a presença <strong>de</strong> material obturador <strong>de</strong>ntro do canal mandibular, eles não<br />

receberam nenhum tipo <strong>de</strong> <strong>tratamento</strong>. Sintomas leves apareceram em 42<br />

pacientes, estes não receberam nenhum tipo <strong>de</strong> <strong>tratamento</strong> e foram<br />

acompanhados por mais <strong>de</strong> 3 meses. E apenas 10% apresentaram resolução<br />

dos sintomas. Onze foram submetidos a <strong>tratamento</strong> cirúrgico, dos quais 5<br />

receberam <strong>tratamento</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 48 horas, tendo recuperação completa. Os<br />

outros 6 foram submetidos a exploração cirúrgica entre <strong>de</strong>z dias a três meses<br />

após o <strong>tratamento</strong> endodôntico. Destes, 4 se recuperaram parcialmente os dois<br />

restantes não tiveram nenhuma recuperação. Enfim, a exploração cirúrgica e o<br />

<strong>de</strong>sbridamento imediato po<strong>de</strong>m reverter os efeitos colaterais causados pelo<br />

<strong>tratamento</strong> endodôntico <strong>no</strong> nervo alveolar inferior, fornecendo resultados<br />

satisfatórios.<br />

Jerges et al. (2006) relataram um caso <strong>de</strong> <strong>parestesia</strong> causada pelo<br />

extravasamento do cimento endodôntico neurotóxico endometasona para o<br />

canal mandibular através do canal radicular em que houve <strong>tratamento</strong> cirúrgico.<br />

Este ocorreu 3 semanas após o aci<strong>de</strong>nte endodôntico, embora a <strong>literatura</strong><br />

aponta que ocorra <strong>de</strong>scompressão cirúrgica imediata. A reversão <strong>de</strong>sse<br />

quadro clínico sugere que os efeitos neurotóxicos causados pelo cimento<br />

citado são solucionados ainda 3 semanas após o extravasamento.<br />

Foi relatado por Ahlgren et al. (2003) um caso clínico em que a pasta <strong>de</strong><br />

hidróxido <strong>de</strong> cálcio, utilizada durante <strong>tratamento</strong> endodôntico, extravasou pelo<br />

ápice <strong>de</strong> um pré-molar afetando o nervo alveolar inferior. O paciente estava<br />

com dor crescente e inchaço <strong>no</strong> seu lado direito da mandíbula antes <strong>de</strong> se<br />

apresentar ao <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> estomatologia e cirurgia maxilofacial. Ao<br />

exame extra-oral, foi observado e<strong>de</strong>ma difuso na região, assim como foi visto<br />

radiograficamente uma área radiopaca <strong>de</strong> 2,1 cm em tor<strong>no</strong> do ápice do


28<br />

segundo pré- molar. Devido aos achados clínicos <strong>de</strong>duziu-se que além da<br />

reação ocorrida pelo <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong><br />

hidróxido <strong>de</strong> cálcio, ocorreu também, uma possível infecção bacteriana<br />

persistente e por isso o paciente foi submetido primeiro à antibioticoterapia<br />

para posteriormente fazer a remoção cirúrgica após o <strong>de</strong>saparecimento dos<br />

sinais <strong>de</strong> infecção. Removido o material estranho do canal mandibular, o<br />

paciente <strong>de</strong>screveu sensibilida<strong>de</strong> melhorada <strong>no</strong> lábio e sensibilida<strong>de</strong> <strong>no</strong>rmal na<br />

mucosa. Após seis meses, o paciente estava livre dos sintomas e apresentava<br />

sensibilida<strong>de</strong> <strong>no</strong>rmal do nervo alveolar inferior. Os autores atentam, ainda, para<br />

a importância da forma <strong>de</strong> aplicação da pasta <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio <strong>no</strong>s canais<br />

radiculares e para a remoção precoce do mesmo quando os sintomas se<br />

<strong>de</strong>senvolvem, pelo fato dos sintomas terem sidos piorados continuamente,<br />

<strong>de</strong>monstrando alta toxida<strong>de</strong> do material quando injetados em gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> em osso vital.<br />

Poveda et al. (2006) avaliaram um caso em que ocorreu penetração <strong>no</strong><br />

interior do canal mandibular, através da região periapical, do cimento<br />

endodôntico, endometasona (pasta <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> zinco, paraformal<strong>de</strong>ído,<br />

euge<strong>no</strong>l, corticosterói<strong>de</strong>, io<strong>de</strong>to <strong>de</strong> timol, óxido <strong>de</strong> chumdo e bismuto), durante<br />

<strong>tratamento</strong> endodôntico do primeiro pré-molar inferior direito. A paciente se<br />

queixou <strong>de</strong> anestesia do lábio direito do lado inferior (Fig. 6) e <strong>parestesia</strong> da<br />

gengiva <strong>no</strong> quarto quadrante imediatamente após terapia endodôntica. A<br />

radiografia pa<strong>no</strong>râmica (Fig. 7) revelou a presença <strong>de</strong> material radiopaco na<br />

área periapical do <strong>de</strong>nte 44 que se espalhou ao longo do canal mandibular para<br />

além da ponta da raiz distal do segundo molar inferior direito. A tomografia<br />

computadorizada confirmou a presença <strong>de</strong> material radiopaco na mesma área<br />

com extensão ao longo do canal mandibular direito (Fig. 8). Logo após<br />

discutirem o <strong>tratamento</strong>, profissional e paciente, foi <strong>de</strong>cidido o<br />

acompanhamento com visitas freqüentes. Após sete meses, foi verificada uma<br />

consi<strong>de</strong>rável melhora da anestesia do lábio inferior direito, porém a sensação<br />

<strong>de</strong> <strong>parestesia</strong> <strong>no</strong> quadrante inferior do mesmo lado permaneceu.


29<br />

Figura 6: A área inicial <strong>de</strong> anestesia do nervo mentual é <strong>de</strong>scrita sobre a pele.<br />

Fonte: POVEDA, 2006.<br />

Figura 7: A radiografia pa<strong>no</strong>râmica mostrando colar endodôntico na zona periapical do <strong>de</strong>nte<br />

44 e <strong>no</strong> canal alveolar inferior.<br />

Fonte: POVEDA, 2006.<br />

Figura 8: Tomografia computadorizada – vista distal mostrando propagação sagital da pasta<br />

endodôntica <strong>no</strong> interior do canal mandibular.<br />

Fonte: POVEDA, 2006.


30<br />

Brkic, Gürkan-Köseoglu, Olgac (2009) utilizaram uma abordagem<br />

cirúrgica para complicações iatrogênicas causadas por terapia endodôntica.<br />

Neste, o paciente foi encaminhado para o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> cirurgia após<br />

<strong>tratamento</strong> endodôntico. Esse paciente apresentava uma sensação <strong>de</strong><br />

dormência na região <strong>de</strong> lábio inferior e mento, que começou quatro meses<br />

antes, um dia após a terapia endodôntica do segundo pré-molar inferior direito.<br />

Ela foi informada por seu <strong>de</strong>ntista que os sintomas <strong>no</strong>rmalmente <strong>de</strong>saparecem<br />

com o tempo. No entanto, quatro meses após, a radiografia pa<strong>no</strong>râmica (Fig.9)<br />

revelou uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material radiopaco extruído da raiz <strong>de</strong>sse<br />

elemento.Informou-se ao paciente sobre o extravasamento do material e dos<br />

possíveis distúrbios sensoriais. Com o consentimento do mesmo, prosseguiuse<br />

com a remoção do material <strong>de</strong> preenchimento. Sob anestesia local a incisão<br />

mucoperiostal sulcular foi realizada a partir do cani<strong>no</strong> inferior direito para o<br />

<strong>de</strong>nte primeiro molar direito e um retalho mucoperiostal foi refletido. O material<br />

<strong>de</strong> enchimento se encontrava ao redor do ápice do <strong>de</strong>nte segundo pré-molar<br />

direito com uma gran<strong>de</strong> extensão em direção ao forame mental. O material<br />

obturador extruído foi removido. Como não houve sinal <strong>de</strong> infecção ou<br />

inflamação em tor<strong>no</strong> do ápice radicular, não houve necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apicetomia.<br />

O retalho foi reposicionado para o sua posição original e suturado. Depois <strong>de</strong><br />

oito dias as suturas foram removidas. No pós-operatório a radiografia<br />

pa<strong>no</strong>râmica (Fig.10) mostrou apuradas áreas em tor<strong>no</strong> do forame mentual e da<br />

raiz do <strong>de</strong>nte. Três semanas <strong>de</strong>pois da cirurgia, a paciente relatou recuperação<br />

parcial da sensação. Dois meses <strong>de</strong>pois, todos os sintomas <strong>de</strong> dormência<br />

tinham <strong>de</strong>saparecido. A paciente foi acompanhada durante 12 meses sem<br />

quaisquer queixas e complicações.


31<br />

Figura 9: Radiografia pa<strong>no</strong>râmica 4 meses após conclusão do <strong>tratamento</strong> endodôntico<br />

mostrando material radipaco extravasado.<br />

Fonte: BRKIC, GÜRKAN-KÖSEOGLU e OLGAC, 2009.<br />

Figura 10: Radiografia pa<strong>no</strong>râmica do pós-operatório.<br />

Fonte: BRKIC, GÜRKAN-KÖSEOGLU e OLGAC, 2009.


32<br />

OBJETIVOS


33<br />

3. OBJETIVOS<br />

3.1 Objetivos gerais<br />

Analisar, através <strong>de</strong> uma revista da <strong>literatura</strong> a presença <strong>de</strong> <strong>parestesia</strong><br />

<strong>de</strong>corrente do <strong>tratamento</strong> endodôntico, como também os fatores <strong>de</strong>terminantes<br />

e prevenção.


34<br />

METODOLOGIA


35<br />

4. METODOLOGIA<br />

Este estudo consistiu <strong>de</strong> uma revista da <strong>literatura</strong> sobre a presença <strong>de</strong><br />

<strong>parestesia</strong>s <strong>de</strong>correntes do <strong>tratamento</strong> endodôntico.<br />

Foram selecionadas produções na forma <strong>de</strong> teses, dissertações e<br />

artigos com estudos clínicos, experimentais e <strong>de</strong> revisão, publicados em<br />

periódicos nacionais e internacionais consi<strong>de</strong>rando-se alguns trabalhos<br />

clássicos como o do a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1997, entretanto a revista estabeleceu o a<strong>no</strong> <strong>de</strong><br />

2000 a 2010 como os limites para o levantamento bibliográfico.<br />

A seleção foi baseada na conformida<strong>de</strong> dos limites dos assuntos ao<br />

objetivo <strong>de</strong>ste trabalho e foram excluídos aqueles que, apesar <strong>de</strong> aparecerem<br />

na busca, abordaram o assunto sob o ponto <strong>de</strong> vista da presença <strong>de</strong> <strong>parestesia</strong><br />

antes do <strong>tratamento</strong> endodôntico, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> outros fatores etiológicos, ou<br />

seja, sem relação com as etapas do <strong>tratamento</strong> endodôntico.<br />

A Web of Science foi o meio mais usado para o levantamento da<br />

<strong>literatura</strong>, observando os artigos publicados nas revistas in<strong>de</strong>xadas <strong>no</strong> Institute<br />

for Scientific Information (ISI – EUA), que representa o mais importante<br />

in<strong>de</strong>xador <strong>de</strong> revistas científicas do mundo. Além disso, outros canais <strong>de</strong> busca<br />

utilizados foram: PUBMED, MEDLINE, SCIELO, LILACS. Os <strong>de</strong>scritores <strong>de</strong><br />

assunto utilizados isoladamente e em combinação para a busca <strong>de</strong> produções<br />

foram: Parestesia; <strong>tratamento</strong> endodôntico.


36<br />

DISCUSSÃO


37<br />

5. DISCUSSÃO<br />

Gallas-Torreira et al. (2003) afirmam que a lesão do nervo alveolar<br />

inferior constitui uma complicação raríssima durante a terapia endodôntica.<br />

K<strong>no</strong>wles, Jergenson e Howard (2003) através <strong>de</strong> um estudo em 6313 <strong>de</strong>ntes<br />

tratados endodonticamente, durante 7 a<strong>no</strong>s, 832 foram pré-molares inferiores e<br />

apenas 8 tiveram <strong>parestesia</strong> (incidência <strong>de</strong> 0,96%). Em contrapartida, Tilotta-<br />

Yasukawa et al. (2006) diz que a <strong>parestesia</strong> labiomandibular após <strong>tratamento</strong><br />

endodôntico é muito freqüente, apesar do aperfeiçoamento e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> <strong>no</strong>vas técnicas. Estudos clínicos (KNOWLES, JERGENSON e HOWARD,<br />

2003; GONZÁLEZ-MARTÍN et al., 2010) <strong>de</strong>monstraram que a <strong>parestesia</strong> po<strong>de</strong><br />

estar associada ao percurso intra-ósseo do nervo alveolar inferior <strong>de</strong>ntro do<br />

canal mandibular, principalmente quando esse estiver muito próximo dos<br />

ápices radiculares.<br />

Pogrel (2002) cita que a lesão do nervo alveolar inferior e lingual po<strong>de</strong><br />

apresentar vários fatores etiológicos como: trauma maxilo-facial ou crescimento<br />

acentuado <strong>de</strong> tumores causando disfunção sensorial por compressão. Muitos<br />

procedimentos odontológicos são responsáveis por causar envolvimento<br />

<strong>de</strong>sses nervos, sendo a cirurgia para remoção <strong>de</strong> terceiros molares o<br />

procedimento mais freqüente. Também po<strong>de</strong>-se incluir como causas a remoção<br />

cirúrgica <strong>de</strong> patologia dos maxilares, colocação <strong>de</strong> implantes, <strong>tratamento</strong> <strong>de</strong><br />

canal radicular e a injeção <strong>de</strong> um anestésico local. Libersa, Savignat e Tonnel<br />

(2007) num estudo verificaram que os distúrbios neurossensoriais do nervo<br />

alveolar inferior po<strong>de</strong>m ocorrer durante diferentes procedimentos<br />

odontológicos. Concluíram que a remoção dos terceiros molares é a principal<br />

causa <strong>de</strong> envolvimento <strong>de</strong>sse nervo, corroborando com a <strong>literatura</strong>.<br />

Os anestésicos são medicamentos <strong>de</strong> ampla aplicação na Odontologia,<br />

embora sua utilização possa lesionar os nervos. Esses traumas po<strong>de</strong>m ocorrer<br />

através do contato direto da agulha com o nervo, da pressão hidrostática da<br />

injeção ou da neurotoxicida<strong>de</strong> da solução anestésica (HAAS, 1998; HAAS,<br />

2006). Embora Malamed (2006) afirme que a toxicida<strong>de</strong> das soluções<br />

anestésicas é contraditória. Alguns autores (HAAS e LENNON, 1995; MILLER<br />

e HAAS, 2000; GAFFEN e HAAS, 2009) em estudos retrospectivos verificaram


38<br />

que a incidência <strong>de</strong> <strong>parestesia</strong> aumentou com o uso <strong>de</strong> prilocaína e articaína,<br />

ambas a 4%, tendo na maioria das vezes o acometimento do nervo lingual.<br />

Para Koseoglu (2006) a instrumentação, soluções irrigadoras e material<br />

<strong>de</strong> preenchimento, quando estendidos para os tecidos periapicais, po<strong>de</strong>rão<br />

atingir o canal mandibular resultando em <strong>parestesia</strong>. Apesar da existência <strong>de</strong><br />

poucos estudos na <strong>literatura</strong>, Becking (1991) comprovou a ocorrência <strong>de</strong><br />

trauma <strong>no</strong>s nervos após a injeção <strong>de</strong> hipoclorito <strong>de</strong> sódio, ocasionando graves<br />

aci<strong>de</strong>ntes na endodontia. Gallas-Torreira et al. (2003) relatou um caso <strong>de</strong><br />

extravasamento <strong>de</strong> um cone <strong>de</strong> guta-percha para o canal mandibular que<br />

resultou em hiperestesia e <strong>parestesia</strong>. Após remoção cirúrgica e curetagem da<br />

cavida<strong>de</strong> óssea, a dor <strong>de</strong>sapareceu em 15 dias, porém a <strong>parestesia</strong> persistiu<br />

por 1 mês.<br />

A toxicida<strong>de</strong> química e a compressão mecânica dos materiais<br />

extravasados são os dois mecanismos principais causadores <strong>de</strong> da<strong>no</strong>s do<br />

nervo alveolar inferior após terapia endodôntica (SCOLOZZI et al., 2004;<br />

SCARANO et al., 2007). Pertot et al. (1992) concluiu que não existe materiais<br />

obturadores totalmente biocompatíveis e manifestações clínicas po<strong>de</strong>m ocorrer<br />

após extrusão para os tecidos periapicais, embora a propagação <strong>de</strong>sses para<br />

além do forame apical, em pouca quantida<strong>de</strong>, seja bem tolerada por tais<br />

tecidos. Morse (1997) através <strong>de</strong> estudos experimentais <strong>de</strong>monstrou que o<br />

euge<strong>no</strong>l e o paraformal<strong>de</strong>ído, componentes do cimento endometasona, são os<br />

principais materiais causadores <strong>de</strong> reações neurotóxicas. Scara<strong>no</strong> et al. (2007)<br />

relatam um caso <strong>de</strong> <strong>parestesia</strong>, diag<strong>no</strong>sticando extravasamento do material<br />

obturador através da pa<strong>no</strong>râmica. Não ocorreu nenhum tipo <strong>de</strong> <strong>tratamento</strong> e os<br />

sintomas <strong>de</strong>sapareceram após 15 meses. O autor concluiu que a ausência <strong>de</strong><br />

paraformal<strong>de</strong>ído certamente contribuiu para a regressão do caso clínico.<br />

A biocompatibilida<strong>de</strong> dos materiais obturadores é um fator relevante na<br />

etiologia da <strong>parestesia</strong> (MORSE, 1997; SCARANO et al., 2007; VELOSO et al.,<br />

2006). Um estudo realizou em ratos para observar o comportamento tecidual<br />

subcutâneo após implantes <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong> polietile<strong>no</strong> contendo diferentes<br />

cimentos à base <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio (SEALAPEX; APEXIT E SEALER 26).<br />

Levando à concluir que o SealapeX foi o mais biocompatível e Sealer 26 o<br />

me<strong>no</strong>s biocompatível (VELOSO et al., 2006). Outro estudo feito por Escoda-<br />

Francoli et al. (2007) sugeriu que substâncias presentes <strong>no</strong> cimento Sealer não


39<br />

são totalmente inócuas e reabsorvíveis quando extravasadas para os tecidos<br />

periapicais.<br />

Para Pogrel (2002) a maioria dos pacientes não recorre ao <strong>tratamento</strong> e<br />

em mais <strong>de</strong> 96% dos casos ocorre o retor<strong>no</strong> sensitivo espontâneo em 24<br />

meses. Poveda et al. (2006) relatou um caso <strong>de</strong> <strong>parestesia</strong> e anestesia<br />

causadas pela penetração do cimento endodôntico endometasona <strong>no</strong> interior<br />

do canal mandibular. O profissional juntamente com a paciente optou por fazer<br />

acompanhamento com visitas freqüentes, após 7 meses ocorreu melhora<br />

significante da anestesia, porém a <strong>parestesia</strong> permaneceu.<br />

Em 2007, Pogrel <strong>no</strong>vamente <strong>de</strong>screve a importância da exploração<br />

cirúrgica e do <strong>de</strong>sbridamento imediato para reverter os efeitos colaterais<br />

causados pelo <strong>tratamento</strong> endodôntico <strong>no</strong> nervo alveolar inferior, fornecendo<br />

resultados satisfatórios. Scara<strong>no</strong> et al. (2007) fortalecem a idéia <strong>de</strong> que a<br />

exploração cirúrgica precoce com remoção do cimento obturador e<br />

<strong>de</strong>scompressão do nervo alveolar inferior é <strong>de</strong> fundamental importância<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da composição <strong>de</strong>sses cimentos, pois da<strong>no</strong>s nervosos mais<br />

grave po<strong>de</strong>m aumentar com a duração da lesão, embora reabsorção<br />

espontânea <strong>de</strong> alguns matérias tenha sido relatado. Em consenso,<br />

Vasconcelos (2001) reforça ainda mais o fato que a regeneração é melhorada<br />

quanto mais cedo for feita a <strong>de</strong>scompressão, pois assim haverá uma me<strong>no</strong>r<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tecido cicatricial. No caso <strong>de</strong> <strong>tratamento</strong> cirúrgico para lesões <strong>de</strong><br />

tais nervos, os melhores resultados parecem ocorrer quando feitos<br />

precocemente, especialmente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 10 semanas da lesão <strong>de</strong>sses nervos,<br />

porém ainda não há concordância na <strong>literatura</strong> quanto ao tempo seguro para<br />

reversão <strong>de</strong>sse quadro (Pogrel, 2002).


40<br />

CONCLUSÃO


41<br />

6. CONCLUSÃO<br />

A partir da revista da <strong>literatura</strong> consultada, po<strong>de</strong>-se concluir que:<br />

A <strong>parestesia</strong> causada pelo <strong>tratamento</strong> endodôntico ocorre mais comumente em<br />

<strong>de</strong>ntes inferires, molares e pré-molares <strong>de</strong>correntes da toxida<strong>de</strong> química ou<br />

compressão mecânica dos materiais obturados extravasados. A importância do<br />

conhecimento anatômico e habilida<strong>de</strong> técnica do profissional, assim, como a<br />

biocompatibilida<strong>de</strong> dos cimentos endodônticos contribui para prevenção <strong>de</strong>ssa<br />

ocorrência.


42<br />

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