06.01.2015 Views

Temas de Pediatria - Nestlé

Temas de Pediatria - Nestlé

Temas de Pediatria - Nestlé

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

nº 90<br />

TEMAS DE PEDIATRIA<br />

Refluxo<br />

Gastroesofágico


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

TEMAS<br />

DE PEDIATRIA<br />

NÚMERO 90<br />

Refluxo<br />

Gastroesofágico<br />

Prof. Dr. Mauro S. Toporovski<br />

Professor do Departamento <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> e médico responsável pela disciplina <strong>de</strong><br />

Gastroenterologia Pediátrica da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Médicas da Santa Casa<br />

<strong>de</strong> São Paulo<br />

Diretor <strong>de</strong> Cursos da Associação Paulista Pediátrica <strong>de</strong> Gastroenterologia, Hepatologia<br />

e Nutrição.<br />

<strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute<br />

1


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

Prof. Dr. Mauro S. Toporovski<br />

Avenida Pacaembú, 1083<br />

CEP 01234-001 - São Paulo - SP<br />

e-mail: toporovskiclinic@uol.com.br<br />

Responsável pela disciplina <strong>de</strong> Gastroenterologia Pediátrica da FCM da Santa Casa <strong>de</strong> São Paulo<br />

O presente trabalho reflete exclusivamente o ponto <strong>de</strong> vista do autor.<br />

“É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo.”<br />

2 <strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

SUMÁRIO<br />

Introdução .................................................................................... 5<br />

Etiopatogenia ................................................................................ 5<br />

Manifestações Clínicas ................................................................. 5<br />

Diagnóstico Diferencial ................................................................ 8<br />

Diagnóstico ................................................................................ 10<br />

Tratamento .................................................................................... 13<br />

Referências bibliográficas ........................................................... 21<br />

<strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute<br />

3


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

4 <strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

I-INTRODUÇÃO<br />

Refluxo gastroesofágico (RGE) é caracterizado<br />

pelo retorno passivo do<br />

conteúdo gástrico para o esôfago 1,2 .<br />

Em lactentes, crianças e adultos, a<br />

simples passagem <strong>de</strong> conteúdo gástrico<br />

para o esôfago ocorre espontaneamente<br />

no período pós-prandial, constituindo<br />

um evento fisiológico sem maiores<br />

consequências clínicas. A duração<br />

dos episódios não exce<strong>de</strong> 3 minutos e<br />

em geral, <strong>de</strong>terminam sintomas leves<br />

não acarretando complicações. Em<br />

pediatria, esta situação é <strong>de</strong>nominada<br />

por VANDENPLAS et al (1996) 3 como<br />

refluxo gastroesofágico fisiológico.<br />

Porém, quando os eventos <strong>de</strong> refluxo<br />

ocorrem <strong>de</strong> forma persistente e mais<br />

duradoura, via <strong>de</strong> regra, <strong>de</strong>terminam<br />

complicações clínicas e/ou laboratoriais,<br />

caracterizando a <strong>de</strong>nominada doença<br />

do refluxo gastroesofágico (DRGE). A<br />

mesma tem como base, a frequência<br />

aumentada dos relaxamentos transitórios<br />

do esfíncter esofágico inferior (EEI) e um<br />

tempo maior <strong>de</strong> contato do material<br />

refluído na mucosa esofágica 4 .<br />

Os vômitos <strong>de</strong>correm <strong>de</strong> resposta autonômica<br />

e voluntária motora, provocando<br />

expulsão com esforço do conteúdo<br />

gástrico que atinge a cavida<strong>de</strong> bucal.<br />

Muitas vezes, pequenas quantida<strong>de</strong>s do<br />

próprio material gástrico refluído, ao<br />

entrar em contato com receptores aferentes<br />

faríngeos provocam os episódios<br />

<strong>de</strong> vômitos. Os mesmos são comumente<br />

precedidos <strong>de</strong> náuseas 5 .<br />

II- ETIOPATOGENIA<br />

Iniciada a <strong>de</strong>glutição, o esôfago entra<br />

em ação através dos movimentos<br />

peristálticos primários que promovem<br />

abertura do EEI, possibilitando rápida<br />

passagem do alimento para o estômago.<br />

Este relaxamento do EEI é <strong>de</strong>nominado<br />

RID (relaxamento induzido pela<br />

<strong>de</strong>glutição). Por outro lado, durante a<br />

refeição a distensão do fundo gástrico<br />

é acompanhada por uma queda abrupta<br />

da pressão ao nível do EEI, ocasionando<br />

o relaxamento transitório do EEI<br />

(RTEEI). O mesmo po<strong>de</strong> ocorrer neste<br />

momento e em outros períodos, <strong>de</strong><br />

forma prolongada e em maior número,<br />

representando o principal fator <strong>de</strong>terminante<br />

da DRGE 5 . Há outros fatores<br />

contribuintes, tais como; a dismotilida<strong>de</strong><br />

do esôfago e duo<strong>de</strong>no, o esvaziamento<br />

gástrico retardado e a ina<strong>de</strong>quação dos<br />

mecanismos anti-refluxo.<br />

A DRGE po<strong>de</strong> ser classificada em primária,<br />

quando <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> alterações<br />

motoras do trato digestório alto e secundária,<br />

quando existem causas subjacentes<br />

que predispõem ao RGE, tais<br />

como: infecções, distúrbios metabólicos,<br />

malformações congênitas, obstruções<br />

duo<strong>de</strong>nogástricas, lesões do sistema<br />

nervoso central, alergia à proteína do<br />

leite <strong>de</strong> vaca, colagenoses, drogas etc.<br />

III- MANIFESTAÇÕES<br />

CLÍNICAS<br />

Refluxo gastroesofágico fisiológico do<br />

lactente- é <strong>de</strong> ocorrência extremamente<br />

<strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute<br />

5


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

comum nos primeiros meses <strong>de</strong> vida.<br />

Manifesta-se por episódios <strong>de</strong> regurgitações<br />

e eventualmente alguns vômitos<br />

isolados. As regurgitações são passivas,<br />

não acompanhadas <strong>de</strong> náuseas, não<br />

<strong>de</strong>terminam <strong>de</strong>sconforto, interferência<br />

na aceitação alimentar e alterações<br />

no ganho pon<strong>de</strong>ral. As mesmas são<br />

características dos quadros <strong>de</strong> RGE<br />

fisiológico do lactente. NELSON et al<br />

(1997) acompanharam 930 lactentes<br />

saudáveis do nascimento até o final do<br />

primeiro ano <strong>de</strong> vida e constataram a<br />

ocorrência <strong>de</strong> regurgitações em 67% dos<br />

mesmos entre 2 e 4 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>clinando rapidamente para 21% entre<br />

6 e 7 meses e menos <strong>de</strong> 5% aos 12 e<br />

14 meses <strong>de</strong> vida 6 .<br />

Doença do Refluxo Gastroesofágico<br />

(DRGE) Estima-se, que aproximadamente<br />

5% dos lactentes regurgitadores<br />

venham a apresentar a DRGE. Quando<br />

a sintomatologia prolonga-se para mais<br />

<strong>de</strong> 2 anos <strong>de</strong> vida, a condição, em<br />

geral, passa a ser <strong>de</strong> caráter crônico,<br />

po<strong>de</strong>ndo persistir por toda a infância e<br />

adolescência. Estudos tem <strong>de</strong>monstrado<br />

prevalência variável <strong>de</strong> 1,8% a 22% <strong>de</strong><br />

DRGE entre 3 e 18 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 7,8 .<br />

Há, uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> manifestações<br />

clínicas, compreendidas em esofágicas<br />

ou típicas (quando as manifestações<br />

são diretamente relacionadas à ação do<br />

conteúdo gastroduo<strong>de</strong>nal refluído para<br />

esôfago) e extra- esofágicas ou atípicas<br />

(<strong>de</strong>vem-se a ação do conteúdo refluído<br />

sobre órgãos adjacentes ou ativação do<br />

reflexo vagal) 9 .<br />

DRGE em lactentes - os sintomas mais<br />

característicos são as regurgitações excessivas,<br />

náuseas, vômitos, má aceitação<br />

alimentar, interrupção das mamadas,<br />

choro prolongado e ganho <strong>de</strong> peso<br />

insuficiente. Algumas vezes ocorrem<br />

sintomas extraesofágicos, tais como;<br />

crises <strong>de</strong> apnéia, bradicardia, cianose,<br />

estridor laríngeo e tosse crônica. Muitas<br />

<strong>de</strong>ssas manifestações, próprias das<br />

primeiras semanas <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong>vem-se<br />

à imaturida<strong>de</strong> do trato digestório e<br />

respiratório, <strong>de</strong>flagradas por volumes<br />

reduzidos <strong>de</strong> conteúdo ácido no esôfago<br />

distal ou laringe. Choro excessivo em<br />

lactentes, nem sempre está relacionado<br />

à exposição ácida ao esôfago distal.<br />

Frequentemente é observado períodos<br />

<strong>de</strong> choro entre 2 e 3 horas por dia, sem<br />

que haja correlação com DRGE. HEINE<br />

et al (2006) 10 <strong>de</strong>monstraram que nos<br />

lactentes com cólicas excessivas, não<br />

houve correlação nítida entre choro e<br />

pHmetria esofágica alterada. Entretanto,<br />

quando os pacientes apresentavam associado<br />

ao choro, regurgitações excessivas<br />

e dificulda<strong>de</strong> alimentar, <strong>de</strong>tectaram-se<br />

em muitos casos a DRGE. A simples<br />

presença <strong>de</strong> postura anômala isolada,<br />

como o arqueamento do tronco, <strong>de</strong>ve<br />

ser consi<strong>de</strong>rada com cautela. A mesma<br />

está associada à DRGE, quando repetitiva,<br />

<strong>de</strong> longa duração e acompanhada<br />

<strong>de</strong> outros sintomas digestivos. Outras<br />

anormalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> postura, como a torção<br />

do pescoço (torcicolo <strong>de</strong> Sandifer)<br />

<strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas no diagnóstico<br />

diferencial 11 .<br />

6 <strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

Apnéia/risco <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> vida (“ALTE”<br />

– apparent life-threatening events). A<br />

ocorrência <strong>de</strong> apnéias é comum nas<br />

primeiras semanas <strong>de</strong> vida, especialmente<br />

em prematuros e lactentes jovens.<br />

Estudos que utilizam a monitorização<br />

cardiorespiratória, pHmetria esofágica<br />

e impedanciometria intraluminal (IMP)<br />

confirmam a presença <strong>de</strong> RGE, em<br />

aproximadamente 30% dos casos 12 .<br />

Durante episódios <strong>de</strong> regurgitações ou<br />

vômitos dos lactentes, curtos períodos<br />

<strong>de</strong> apnéia po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>tectados, representando<br />

uma resposta protetora,<br />

no sentido <strong>de</strong> evitar a aspiração do<br />

conteúdo gástrico para via respiratória.<br />

A maioria dos casos <strong>de</strong> apnéia, sugere<br />

alterações do mecanismo <strong>de</strong> controle<br />

da respiração e não estão associadas ao<br />

RGE. Não há benefícios na introdução<br />

<strong>de</strong> medicação empírica anti-refluxo<br />

nestas circunstâncias 4 .<br />

O risco <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> vida (ALTE) é<br />

caracterizado por apnéia, associada<br />

à cianose, pali<strong>de</strong>z ou rubor, hiper<br />

ou hipotonia muscular, engasgo e<br />

sufocação. O pico <strong>de</strong> ocorrência dos<br />

mesmos é entre 1 e 2 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />

com <strong>de</strong>créscimo importante nos meses<br />

subseqüentes 13 . Os eventos po<strong>de</strong>m não<br />

estar associados ao RGE e serem <strong>de</strong>correntes<br />

<strong>de</strong> anormalida<strong>de</strong>s neurológicas,<br />

cardiológicas, respiratórias, metabólicas<br />

e infecciosas. Quando associados ao<br />

refluxo, po<strong>de</strong>m não representar algo<br />

patológico, mas sim, uma exacerbação<br />

<strong>de</strong> resposta fisiológica reflexa, <strong>de</strong><br />

parar <strong>de</strong> respirar durante regurgitação<br />

ou esforço <strong>de</strong> vomitar. Há, apenas um<br />

<strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute<br />

discreto aumento <strong>de</strong> registros <strong>de</strong> morte<br />

súbita durante esses episódios. A ocorrência<br />

<strong>de</strong> ALTE está mais relacionada<br />

ao RGE quando há concomitância <strong>de</strong><br />

manifestações digestivas, tais como,<br />

regurgitações excessivas e/ou vômitos.<br />

Nestas circunstâncias, a exposição ácida,<br />

mesmo <strong>de</strong> curta duração ao esôfago,<br />

faringe ou laringe po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar o<br />

laringoespasmo, característico <strong>de</strong>ssas<br />

situações 14 .<br />

Refluxo Gastroesofágico e a hiperreativida<strong>de</strong><br />

das vias aéreas - há vários<br />

mecanismos propostos pelo qual, o<br />

RGE po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar broncoespasmo<br />

e processo inflamatório das vias respiratórias.<br />

Durante os eventos <strong>de</strong> refluxo,<br />

po<strong>de</strong>m ocorrer microaspirações do conteúdo<br />

refluído diretamente para as vias<br />

aéreas, porém, na maioria dos casos,<br />

o processo é <strong>de</strong>flagrado pela exposição<br />

ácida ao esôfago distal, que por<br />

via vagal, media a resposta brônquica<br />

ou laríngea. Há ainda, a secreção <strong>de</strong><br />

cininas inflamatórias que exacerbam a<br />

reativida<strong>de</strong> das vias aéreas 15 . A própria<br />

hiperinsuflação <strong>de</strong>terminada pela asma<br />

causa retificação do diafragma, altera<br />

a função crural, <strong>de</strong>sloca o esfíncter<br />

esofágico inferior para uma área <strong>de</strong><br />

pressão negativa intratorácica, diminui<br />

a agudização do ângulo <strong>de</strong> His, fatores<br />

estes, que contribuem para aumento dos<br />

relaxamentos transitórios do esôfago<br />

inferior(RTEEI). Estudos <strong>de</strong> pHmetria<br />

esofágica ou IMP-pH <strong>de</strong>monstram<br />

com mais clareza a relação entre o<br />

broncoespasmo, eventos <strong>de</strong> tosse e<br />

7


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

ocorrência <strong>de</strong> refluxos gastroesofágicos.<br />

Esta associação é mais nítida nos casos<br />

<strong>de</strong> asma mo<strong>de</strong>rada ou grave <strong>de</strong> difícil<br />

controle, não responsivas ao tratamento<br />

com broncodilatadores e/ou corticoesterói<strong>de</strong>s,<br />

asma associada aos sintomas<br />

digestivos, como vômitos ou pirose<br />

e asma com nítida exacerbação do<br />

broncoespasmo no período noturno 16 .<br />

DRGE em crianças maiores e adolescentes:<br />

os sintomas passam a ser<br />

mais <strong>de</strong>finidos e verbalizados pelos<br />

pacientes, sendo comuns a dor epigástrica,<br />

azia, queimação retroesternal<br />

(pirose), náuseas, eructação excessiva e<br />

vômitos. Po<strong>de</strong>m ocorrer manifestações<br />

extra-esofágicas da DRGE, tanto <strong>de</strong><br />

forma isolada quanto associada aos<br />

sintomas do trato digestório. Muitos<br />

pacientes apresentam manifestações<br />

otorrionolaringológicas associadas ao<br />

RGE, tais como; rouquidão, pigarro,<br />

laringites <strong>de</strong> repetição, inflamação crônica<br />

da orofaringe, erosões do esmalte<br />

<strong>de</strong>ntário, aftas repetição e sensação <strong>de</strong><br />

“globus faríngeo” 17 . Nas crianças com<br />

rouquidão crônica tem sido observados<br />

refluxos mais numerosos e consistentes<br />

no período noturno. Alguns estudos,<br />

apontam para a ocorrência <strong>de</strong> refluxos<br />

ácidos faringo-laríngeos, <strong>de</strong>terminando<br />

otites e/ou sinusopatias repetitivas e <strong>de</strong><br />

difícil tratamento 18 .<br />

Tabela 1 - manifestações clínicas do DRGE (adaptado <strong>de</strong> Mehta e Gold) 9<br />

lactentes crianças maiores manifestações<br />

e adolescentes extra-esofágicas (qualquer ida<strong>de</strong>)<br />

baixo ganho náusea matinal tosse crônica<br />

pon<strong>de</strong>ral<br />

vômitos <strong>de</strong>sconforto sibilância / asma crônica<br />

recorrentes abdominal<br />

recusa alimentar eructação excessiva rouquidão / pigarro<br />

irritabilida<strong>de</strong> dor retroesternal laringites <strong>de</strong> repetição<br />

extrema<br />

arqueamento do vômitos pneumonias recorrentes<br />

tronco<br />

recorrentes<br />

apnéia/bradicardia dor <strong>de</strong> garganta crônica /<br />

erosão do esmalte <strong>de</strong>ntário<br />

IV - DIAGNÓSTICO<br />

DIFERENCIAL<br />

São inúmeras as causas <strong>de</strong> vômitos e/<br />

ou regurgitações que <strong>de</strong>vem fazer parte<br />

do diagnóstico diferencial dos mesmos<br />

com o RGE/DRGE. Cada etiologia tem<br />

características próprias <strong>de</strong> acordo com<br />

a faixa etária, característica do vômito,<br />

histórico alimentar, repercussão ao<br />

8 <strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

estado nutricional e envolvimento <strong>de</strong><br />

outros sistemas além do digestório 11 :<br />

a) malformações e processos obstrutivos<br />

do trato digestório como hérnia<br />

hiatal, processos sub-oclusivos no<br />

corpo esofagiano (anéis vasculares),<br />

estenose <strong>de</strong> esôfago, estenose hipertrófica<br />

do piloro, má rotação/ volvo<br />

do estômago, retração cicatricial<br />

<strong>de</strong> processo ulceroso, má rotação<br />

do intestino, atresia total ou parcial<br />

do intestino, invaginação intestinal,<br />

pâncreas anular, íleo meconial.<br />

b) Doenças gastrointestinais: acalasia,<br />

gastroparesia, doença péptica ulcerosa,<br />

doença celíaca, alergia à<br />

proteína do leite <strong>de</strong> vaca, esofagite<br />

eosinofílica, doença inflamatória<br />

intestinal e pancreatite.<br />

c) Doenças infecciosas: gastroenterite,<br />

infecção do trato urinário, infecção<br />

do trato respiratório, hepatite, sepse,<br />

meningite.<br />

d) Doenças neurológicas: hidrocefalia,<br />

hematoma subdural, hemorragia<br />

intracraniana, tumores.<br />

e) Doenças metabólicas/ endócrinas:<br />

hiperplasia supra-renal, fenilcetonuaria,<br />

galactosemia, frutosemia,<br />

hipercalcemia, <strong>de</strong>feito no ciclo da<br />

uréia, aci<strong>de</strong>mia orgânica.<br />

f) Tóxicas: digoxina, teofilina, agentes<br />

citotóxicos, ferro, vitamina A e D.<br />

O pediatra <strong>de</strong>ve estar atento às situações<br />

<strong>de</strong> RGE no lactente, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong><br />

processos obstrutivos ou inflamatórios<br />

Tabela 2 - Sinais e sintomas <strong>de</strong> alarme no lactente com RGE.<br />

obstrução ou doença doenças sistêmicas sintomas<br />

gastrointestinal ou neurológicas inespecíficos<br />

vômito <strong>de</strong> aspecto bilioso hepatoesplenomegalia febre<br />

sangramento digestivo: macro ou microcefalia letargia<br />

hematêmese ou<br />

abaulamento<br />

hematoquezia<br />

<strong>de</strong> fontanela<br />

vômito com esforço convulsões déficit <strong>de</strong> crescimento<br />

consistente<br />

vômitos iniciados<br />

após o 6º mês<br />

constipação ou diarréia<br />

abdome distendido<br />

ou doloroso<br />

anomalias genéticas<br />

doenças crônicas<br />

infecciosas<br />

doenças metabólicas<br />

Adaptado <strong>de</strong> Van<strong>de</strong>nplas et al (2009) 4<br />

<strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute<br />

9


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

do trato digestório, traduzidos por<br />

vômitos biliosos, vômitos com esforço<br />

consistente, sangramento do trato digestório<br />

e rápida <strong>de</strong>terioração do estado<br />

nutricional. Nos últimos anos, foram<br />

encaminhados dois lactentes menores<br />

<strong>de</strong> 2 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> para o Ambulatório<br />

<strong>de</strong> Gastroenterologia Pediátrica da<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Médicas da Santa<br />

Casa <strong>de</strong> São Paulo não responsivos ao<br />

tratamento medicamentoso anti-refluxo,<br />

que apresentavam vômitos persistentes e<br />

perda pon<strong>de</strong>ral expressiva. Os mesmos<br />

tinham como doença <strong>de</strong> base, uma condição<br />

cirúrgica, a estenose hipertrófica<br />

do piloro que po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>tectada<br />

previamente. A ocorrência <strong>de</strong> febre<br />

indica necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> afastar processos<br />

infecciosos em curso, que po<strong>de</strong>m<br />

manifestar-se adicionalmente por vômitos<br />

e recusa alimentar. Doenças neurológicas<br />

ou erros inatos <strong>de</strong> metabolismo po<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>terminar vômitos repetitivos, sem que<br />

haja anormalida<strong>de</strong>s do trato digestório.<br />

Alguns itens citados, relacionados na<br />

tabela 2 são consi<strong>de</strong>rados sinais <strong>de</strong><br />

alarme na triagem diagnóstica diferencial<br />

dos vômitos em lactentes.<br />

V- DIAGNÓSTICO<br />

Os dados da anamnese, exame físico e<br />

avaliação nutricional são fundamentais<br />

para a análise do pediatra no sentido<br />

<strong>de</strong> diferenciar o RGE fisiológico da<br />

DRGE. Uma história <strong>de</strong> curta duração,<br />

sintomas clínicos dispépticos <strong>de</strong> pouca<br />

intensida<strong>de</strong>, ausência <strong>de</strong> comprometimento<br />

do estado nutricional, sugere<br />

RGE fisiológico ou não complicado.<br />

Em casos <strong>de</strong> sintomas crônicos ou<br />

recorrentes, envolvimento <strong>de</strong> múltiplos<br />

sistemas, acometimento do estado geral<br />

e nutricional impõe-se o diagnóstico<br />

<strong>de</strong> DRGE. Evi<strong>de</strong>ntemente, há casos<br />

duvidosos, on<strong>de</strong> faz-se necessário o<br />

acompanhamento evolutivo, programando<br />

a execução dos exames subsidiários<br />

diagnósticos que permitam quantificar<br />

a severida<strong>de</strong> da DRGE. A escolha<br />

dos métodos <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

das particularida<strong>de</strong>s clínicas <strong>de</strong> cada<br />

paciente. Para tal, é fundamental o<br />

conhecimento das indicações e limitações<br />

<strong>de</strong> cada método diagnóstico que<br />

será empregado.<br />

O exame radiológico contrastado do<br />

esôfago, estômago e duo<strong>de</strong>no (EED)<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar a presença do refluxo<br />

para o esôfago, evento este que não diferencia<br />

RGE da DRGE. A sensibilida<strong>de</strong>,<br />

especificida<strong>de</strong> e valor preditivo positivo<br />

são variáveis em torno 50 a 60%.<br />

ASKGLAEDE et al (2003) 19 observaram<br />

comparando dados <strong>de</strong> radiologia com a<br />

pHmetria esofágica, <strong>de</strong> que a ocorrência<br />

<strong>de</strong> refluxo gastroesofágico durante<br />

a prova radiológica ocorre <strong>de</strong> forma<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da exposição ácida ao<br />

esôfago, o que comumente resulta em<br />

falsa interpretação <strong>de</strong> refluxo patológico.<br />

O exame é importante no sentido <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>monstrar anormalida<strong>de</strong>s anatômicas<br />

o trato digestório, tais como; processos<br />

sub-oclusivos no corpo esofagiano (anéis<br />

vasculares), estenose <strong>de</strong> esôfago, hérnia<br />

10 <strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

<strong>de</strong> hiato, estenose hipertrófica do piloro,<br />

vicio <strong>de</strong> rotação gástrico ou do duo<strong>de</strong>no<br />

e pâncreas anular. No nosso serviço<br />

temos solicitado o EED em casos <strong>de</strong><br />

vômitos persistentes, ganho pon<strong>de</strong>ral<br />

insuficiente em lactentes e em casos <strong>de</strong><br />

disfagia nas crianças maiores 20 .<br />

A cintilografia gastroesofágica constitui<br />

método não invasivo, no qual o paciente<br />

ingere o alimento usual marcado com<br />

o radiofármaco Tc-99, observando-se a<br />

concentração do radiotraçador no estômago<br />

e no esôfago em caso <strong>de</strong> refluxo.<br />

Analisa-se no período pós-prandial o<br />

número <strong>de</strong> episódios <strong>de</strong> refluxos e<br />

a extensão dos mesmos. Observa-se<br />

igualmente, se há <strong>de</strong>tecção do radiotraçador<br />

nos campos pulmonares em<br />

casos <strong>de</strong> microaspirações. A prova, po<strong>de</strong><br />

igualmente fornecer dados a respeito<br />

do tempo <strong>de</strong> esvaziamento gástrico,<br />

comumente retardado em casos <strong>de</strong><br />

DRGE. Este método caracteriza-se por<br />

baixa sensibilida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong>,<br />

em torno <strong>de</strong> 60% a 65% para efetivar<br />

o diagnóstico <strong>de</strong> DRGE 21 . São raras, as<br />

<strong>de</strong>tecções <strong>de</strong> microaspirações para os<br />

campos pulmonares, mesmo em casos<br />

<strong>de</strong> refluxo associado às manifestações<br />

respiratórias. Em situações particulares<br />

e trabalhosas <strong>de</strong> DRGE, a cintilografia<br />

po<strong>de</strong> ser valiosa no sentido <strong>de</strong> medir o<br />

tempo <strong>de</strong> esvaziamento gástrico. VAN-<br />

DENPLAS et al (2009) 4 , não recomendam<br />

a utilização rotineira da cintilografia,<br />

como método diagnóstico e <strong>de</strong> seguimento<br />

da DRGE em lactentes e crianças.<br />

A ultrossonografia gástrica e esofágica<br />

não é recomendada habitualmente<br />

como exame <strong>de</strong> avaliação da DRGE.<br />

Pelo método, po<strong>de</strong> ser observada a<br />

junção gastroesofágica e o movimento<br />

dos fluidos líquidos após uma refeição,<br />

<strong>de</strong>tectando refluxos especialmente não<br />

ácidos pós-prandiais, a maior parte dos<br />

mesmos fisiológicos e sem importância<br />

clínica. Dados relativos ao posicionamento<br />

do EEI em relação ao diafragma<br />

e ângulo <strong>de</strong> His são mais claramente<br />

obtidos com o exame radiológico<br />

contrastado. Dados comparativos da<br />

pHmetria esofágica com o exame ultrassonográfico<br />

<strong>de</strong>monstram especificida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> apenas 11% para este último, o que<br />

limita a sua utilização para <strong>de</strong>tecção<br />

<strong>de</strong> DRGE 22 .<br />

A pHmetria esofágica <strong>de</strong> 24 horas<br />

consiste no registro contínuo do pH<br />

intraesofágico, quantificando a frequência<br />

e duração dos episódios <strong>de</strong> RGE,<br />

refluxos <strong>de</strong> longa duração (acima <strong>de</strong> 5<br />

minutos) e o tempo total <strong>de</strong> exposição<br />

ácida do esôfago no período analisado<br />

(IR = índice <strong>de</strong> refluxo). Os dados<br />

permitem correlacionar os episódios<br />

<strong>de</strong> refluxo com os sintomas clínicos.<br />

Recente publicação conjunta das Socieda<strong>de</strong>s<br />

Norte Americana e Européia <strong>de</strong><br />

Gastroenterologia Pediátrica e Nutrição<br />

recomenda como limite superior da<br />

normalida<strong>de</strong> valores <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> refluxo<br />

(IR) até 7% em lactentes, consi<strong>de</strong>ra valor<br />

in<strong>de</strong>terminado entre 4 a 7% e normal<br />

abaixo <strong>de</strong> 3% 4 . A maioria dos estudos<br />

consi<strong>de</strong>ra valores anormais para <strong>de</strong>mais<br />

<strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute<br />

11


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

ida<strong>de</strong>s acima <strong>de</strong> 5% em crianças e 6%<br />

nos adolescentes e adultos. Durante os<br />

primeiros anos <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> pHmetria<br />

a prova foi consi<strong>de</strong>rada como exame<br />

padrão-ouro para diagnosticar a DRGE,<br />

com elevada sensibilida<strong>de</strong> (87%-95%) e<br />

especificida<strong>de</strong> (92%-97%) 23 . Anos mais<br />

tar<strong>de</strong>, muitos autores <strong>de</strong>monstraram<br />

limitações da pHmetria esofágica, pelo<br />

fato da mesma apenas <strong>de</strong>tectar refluxos<br />

ácidos (pH menor que 4), <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong><br />

observar os refluxos fracamente ácidos<br />

e alcalinos, que igualmente po<strong>de</strong>m estar<br />

presentes em vários casos <strong>de</strong> DRGE. No<br />

nosso serviço, o mesmo foi <strong>de</strong>tectado<br />

por NEUFELD et al (2003) 24 que observaram<br />

discordância entre o escore <strong>de</strong><br />

sintomas e dados <strong>de</strong> pHmetria esofágica<br />

em 1/3 das 76 crianças estudadas.<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se, que um sintoma está<br />

associado ao refluxo, quando o mesmo<br />

ocorrer até 2 minutos antes ou <strong>de</strong>pois<br />

da queda do pH. Calcula-se assim o IS<br />

(índice <strong>de</strong> sintoma) que é consi<strong>de</strong>rado<br />

positivo quando houver a concordância<br />

dos eventos refluxo-sintoma superior a<br />

50%. A probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> associação<br />

sintomatológica (SAP) é consi<strong>de</strong>rada<br />

positiva quando houver concordância<br />

dos sintomas associados ao refluxo<br />

acima <strong>de</strong> 95% 25 . As principais indicações<br />

<strong>de</strong>sse método são: avaliação dos<br />

sintomas atípicos ou extra-esofagianos,<br />

avaliação da resposta ao tratamento dos<br />

pacientes não respon<strong>de</strong>dores e para<br />

análise pré e pós-cirúrgica.<br />

A impedanciometria intraluminal acoplada<br />

à pHmetria (IMP-pH) esofágica<br />

consiste em método mais recente e<br />

promissor no estudo dos distúrbios da<br />

motilida<strong>de</strong> esofágica. O mesmo <strong>de</strong>tecta<br />

o movimento do conteúdo intraluminal,<br />

possibilitando a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> refluxos<br />

ácidos, não ácidos, análise do conteúdo<br />

refluído (líquido, gasoso ou misto),<br />

extensão que o mesmo atinge e tempo<br />

<strong>de</strong> duração do evento 26 . A combinação<br />

com a ví<strong>de</strong>o-polisonografia tem sido<br />

útil para o estudo das crises <strong>de</strong> apnéia<br />

<strong>de</strong> prematuros e lactentes. A IMP-pH<br />

permite correlacionar mais claramente<br />

os eventos <strong>de</strong> tosse e sibilancia associadas<br />

aos refluxos tanto ácidos como<br />

fracamente ácidos, freqüentes e não<br />

<strong>de</strong>tectados pela pHmetria esofágica isoladamente.<br />

Especialmente em lactentes,<br />

muitos eventos <strong>de</strong> refluxo pós-prandiais<br />

são parcialmente tamponados, comumente<br />

fracamente ácidos, <strong>de</strong>monstrados<br />

somente pela IMP-pH e não visíveis pela<br />

pHmetria esofágica clásssica 27 .<br />

SALVATORE et al (2010) 28 <strong>de</strong>monstraram<br />

em 81 lactentes com choro excessivo<br />

correlação evento choro/refluxo em 57%<br />

dos casos (índice <strong>de</strong> sintomas positivo),<br />

com a observação <strong>de</strong> que mais da<br />

meta<strong>de</strong> dos eventos foram provocados<br />

por refluxos fracamente ácidos. Em 972<br />

episódios <strong>de</strong> tosse <strong>de</strong>tectados em 102<br />

lactentes, observou-se que 52% dos<br />

mesmos foram provocados por RGE<br />

sendo predominantemente ácidos nos<br />

lactentes entre 6 e 12 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e<br />

não ácidos nos menores <strong>de</strong> 6 meses ou<br />

maiores <strong>de</strong> 1 ano. ROSEN et al (2006) 29<br />

assinalam que há ainda limitações para<br />

12 <strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

o uso rotineiro do método, pelo fato<br />

<strong>de</strong> não haver <strong>de</strong>finição dos padrões <strong>de</strong><br />

normalida<strong>de</strong> para as diferentes faixas<br />

etárias pediátricas, entretanto todos os<br />

autores consi<strong>de</strong>ram essa nova ferramenta<br />

diagnóstica promissora no sentido <strong>de</strong><br />

possibilitar avaliar mais claramente a<br />

correlação refluxo-sintoma, quantificar<br />

a gravida<strong>de</strong> da DRGE, o prognóstico<br />

da mesma e eficácia dos esquemas <strong>de</strong><br />

tratamento 4 .<br />

A endoscopia do trato digestório alto<br />

constitui método que avalia diretamente<br />

o estado da mucosa esofágica. As lesões<br />

macroscópicas associadas à DRGE<br />

incluem a esofagite, erosões, exudato,<br />

úlceras, estenoses, hérnia <strong>de</strong> hiato. O<br />

exame permite <strong>de</strong>screver a gravida<strong>de</strong> da<br />

esofagite, através do grau <strong>de</strong> inflamação,<br />

erosão da mucosa e observar a presença<br />

do esôfago <strong>de</strong> Barrett (substituição do<br />

epitélio escamoso normal do esôfago<br />

pelo colunar metaplásico). A classificação<br />

<strong>de</strong> Los Angeles 30 é universalmente<br />

utilizada para avaliação da esofagite em<br />

adultos e crianças. A mesma qualifica<br />

a extensão das erosões longitudinais da<br />

mucosa esofágica e o quanto da circunferência<br />

do esôfago está acometido.<br />

É importante frisar que a ausência <strong>de</strong><br />

lesões durante o exame endoscópico<br />

não exclui a ocorrência <strong>de</strong> esofagite<br />

não erosiva, <strong>de</strong>tectada somente pela<br />

análise dos marcadores histológicos,<br />

tais como; hiperplasia da camada basal,<br />

alongamento das criptas, infiltração<br />

<strong>de</strong> neutrófilos e alguns eosinófilos<br />

no epitélio 31 . O exame é igualmente<br />

<strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute<br />

importante para diferenciar em alguns<br />

casos, a DRGE da esofagite eosinofílica.<br />

Temos constatado no nosso serviço<br />

crescente número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> esofagite<br />

eosinofílica em lactentes, cujo histórico<br />

básico consiste em sintomatologia <strong>de</strong><br />

RGE, dificulda<strong>de</strong> alimentar e falta <strong>de</strong><br />

ganho pon<strong>de</strong>ral. O exame endoscópico<br />

e biópsia esofágica revelando presença<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 15 eosinófilos/campo<br />

tem permitido firmar o diagnóstico.<br />

Reserva-se a endoscopia para os casos<br />

em que há suspeita da ocorrência <strong>de</strong><br />

esofagite: anemia ferropriva sem causa<br />

aparente, hematêmese e melena, disfagia,<br />

escolares e adolescentes com dor<br />

epigástrica e/ou pirose, dor torácica não<br />

cardiogênica 32 .<br />

VI-TRATAMENTO<br />

O tratamento da DRGE visa fundamentalmente<br />

resolver ou diminuir a<br />

intensida<strong>de</strong> dos sintomas, melhorar a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, prevenir as complicações<br />

da DRGE. Quando o RGE é<br />

consi<strong>de</strong>rado não complicado em lactentes,<br />

caracterizado por regurgitações<br />

variáveis, grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto discreto<br />

e ganho pon<strong>de</strong>ral a<strong>de</strong>quado, po<strong>de</strong>-se<br />

iniciar o tratamento com medidas <strong>de</strong><br />

suporte, sem solicitar exames complementares<br />

8 .<br />

O lactente <strong>de</strong>ve ser mantido em posição<br />

vertical após as mamadas por um<br />

período <strong>de</strong> 20 a 30 minutos, prazo<br />

esse que facilita a eructação e o esvaziamento<br />

gástrico. O mesmo não <strong>de</strong>ve<br />

ser colocado em posição semi-sentado<br />

13


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

no bebê-conforto pois <strong>de</strong>sta forma a<br />

compressão mesmo discreta do abdome,<br />

facilita a ocorrência <strong>de</strong> RGE 33 . A<br />

posição supina, mesmo com elevação<br />

<strong>de</strong> 30° mostra-se ina<strong>de</strong>quada. TOBIN<br />

et al(1997) 34 , consi<strong>de</strong>rando o número<br />

<strong>de</strong> refluxos ácidos apontam vantagens<br />

da posição prona e <strong>de</strong>cúbito lateral<br />

esquerdo como medidas posturais<br />

anti-refluxo mais efetivas. Atualmente,<br />

nos primeiros meses <strong>de</strong> vida, não se<br />

recomenda a posição prona, <strong>de</strong>vido<br />

ao risco mais elevado <strong>de</strong> ocorrência<br />

<strong>de</strong> morte súbita. Consi<strong>de</strong>ra-se pouco<br />

seguro os <strong>de</strong>cúbitos laterais, pois muitos<br />

lactentes durante o sono <strong>de</strong>slizam e assumem<br />

a posição prona 4 . Recente ensaio<br />

clínico publicado por VANDENPLAS<br />

et al (2010) 35 <strong>de</strong>monstram resultados<br />

satisfatórios das medidas posturais em<br />

novo berço <strong>de</strong>senvolvido para lactentes<br />

<strong>de</strong>nominado “Multicare AR-bed”. O<br />

mesmo, mantém os lactentes menores<br />

<strong>de</strong> 6 meses em <strong>de</strong>cúbito supino mais<br />

elevado, a 40 o , com anteparos laterais<br />

para evitar o escorregamento. Dados<br />

<strong>de</strong> pHmetria <strong>de</strong>monstram redução dos<br />

Índices <strong>de</strong> refluxo (IR) <strong>de</strong> 14,4% para<br />

8,8% e redução <strong>de</strong> 3 vezes no número<br />

<strong>de</strong> regurgitações / vômitos, quando<br />

compara-se as posições supina plana<br />

versus elevada a 40 0 .<br />

As modificações dietéticas propostas<br />

para reduzir os episódios <strong>de</strong> refluxo<br />

<strong>de</strong>vem respeitar as necessida<strong>de</strong>s nutricionais<br />

da criança. Entre as medidas<br />

recomendadas, o espessamento da dieta<br />

representa o <strong>de</strong> maior eficácia para<br />

alivio das regurgitações. As diferentes<br />

fórmulas AR (anti-regurgitações) têm<br />

como princípio básico, a redução <strong>de</strong><br />

20% do teor <strong>de</strong> lactose, substituindo-a<br />

por carboidrato preparado à base <strong>de</strong><br />

amido pré-gelatinizado <strong>de</strong> arroz, milho<br />

ou batata, que ao entrar na cavida<strong>de</strong> gástrica<br />

em contato com o ácido clorídrico,<br />

torna-se viscoso e <strong>de</strong>nso, com menor<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> refluir 36 . A fórmula AR<br />

à base <strong>de</strong> carboidrato não digerível tem<br />

como base, a adição da goma <strong>de</strong> jataí<br />

na proporção <strong>de</strong> 0,4 gramas por 100<br />

ml. Alguns ensaios experimentais, <strong>de</strong>monstraram<br />

que a maior concentração<br />

<strong>de</strong> fitatos das fórmulas com carboidrato<br />

não digerível, interferem na absorção <strong>de</strong><br />

micronutrientes, outros não comprovam<br />

essa ação in-vivo. Deve-se frisar que o<br />

Co<strong>de</strong>x Alimentar recomenda a adição <strong>de</strong><br />

carboidrato não-digerível em concentração<br />

<strong>de</strong> até 0,1 gramas por 100ml para<br />

situações tidas como fisiológicas 37,4 .<br />

Um efeito benéfico adicional das<br />

dietas espessadas é a <strong>de</strong> promover em<br />

lactentes, diminuição do número <strong>de</strong><br />

regurgitações e ou vômitos, o que contribui<br />

para menor perda dos nutrientes<br />

ingeridos. Alguns autores observaram<br />

em lactentes, <strong>de</strong>puração pouco mais<br />

lenta do refluxo ácido <strong>de</strong>corrente do<br />

aumento da viscosida<strong>de</strong>, outros não<br />

confirmam esses dados 38 . Salientamos<br />

que as fórmulas AR são consi<strong>de</strong>radas<br />

anti-regurgitações e não anti-refluxo.<br />

WENZEL et al (2003) 39 , utilizando a<br />

técnica <strong>de</strong> impedanciometria intraluminal<br />

associada à pHmetria esofágica<br />

<strong>de</strong>monstraram que as fórmulas AR não<br />

modificam substancialmente o número<br />

14 <strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

<strong>de</strong> refluxos ácidos pós-prandiais, porém<br />

diminuem a extensão do refluxo para<br />

o esôfago, assim como o volume total<br />

do mesmo.<br />

Nos lactentes com poucas semanas que<br />

apresentem as situações <strong>de</strong> apnéia e<br />

fenômenos ALTE, <strong>de</strong>vem ser instituídas<br />

medidas <strong>de</strong> apoio e salientar aos familiares<br />

que os eventos, na maioria dos casos,<br />

diminuem consistentemente com o<br />

transcorrer da ida<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> qualquer ação medicamentosa. Os<br />

estudos atuais, não apontam benefícios<br />

para instituir terapia anti-secretora <strong>de</strong><br />

prova, a não ser em situações especiais,<br />

selecionados a partir <strong>de</strong> dados obtidos<br />

pela pHmetria esofágica ou IMP-pH e<br />

polissonografia correlacionando ALTE<br />

com o RGE. Em situações especiais, <strong>de</strong><br />

crises repetitivas e cianose mais prolongada,<br />

faz-se necessária a monitorização<br />

cardiorespiratória domiciliar 4 .<br />

A alergia à proteína do leite <strong>de</strong> vaca<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar em lactentes, um<br />

quadro sintomatológico muito parecido<br />

à DRGE, caracterizado por vômitos,<br />

regurgitações excessivas, dificulda<strong>de</strong><br />

alimentar, cólicas abdominais e déficit<br />

pon<strong>de</strong>ral. O pediatra <strong>de</strong>ve estar atento<br />

ao fato <strong>de</strong> que esses pacientes, invariávelmente<br />

não respon<strong>de</strong>m às medidas<br />

terapêuticas antirefluxo. IACONO<br />

et al (1996) 40 <strong>de</strong>tectaram a ocorrência<br />

<strong>de</strong> alergia alimentar em 85 dos 204<br />

lactentes, com mediana <strong>de</strong> 6,1 meses<br />

e que apresentavam quadro clínico <strong>de</strong><br />

DRGE, totalizando 41,8% dos casos.<br />

Esses pacientes foram submetidos aos<br />

testes laboratoriais para alergia e prova<br />

<strong>de</strong> exclusão/<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento para<br />

confirmação <strong>de</strong> alergia ao leite <strong>de</strong> vaca.<br />

Anos mais tar<strong>de</strong>, NIELSEN et al (2004) 41<br />

observaram através <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> pHmetria<br />

esofágica, que os casos <strong>de</strong> alergia<br />

alimentar, <strong>de</strong>terminam refluxos ácidos<br />

mais numerosos e duradouros, quando<br />

comparados aos <strong>de</strong>terminados pela<br />

DRGE isoladamente. Atualmente, tanto<br />

a Socieda<strong>de</strong> Norteamericana <strong>de</strong> Gastroenterologia<br />

Pediátrica (NASPGHAN)<br />

quanto a Européia (ESPGHAN) 4 , preconizam<br />

para lactentes com quadros<br />

não responsivos às medidas posturais e<br />

dietéticas, testar 2 semanas <strong>de</strong> fórmulas<br />

extensamente hidrolisadas ou à base <strong>de</strong><br />

aminoácidos, antes <strong>de</strong> iniciar o tratamento<br />

medicamentoso antiácido para<br />

a DRGE. Em relação a essa conduta,<br />

não há até o momento, posicionamento<br />

das entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gastroenterologia pediátrica<br />

latinoamericana ou brasileira.<br />

São igualmente importantes como medidas<br />

anti-refluxo, as recomendações<br />

relativas ao estilo <strong>de</strong> vida. As orientações<br />

dietéticas para crianças maiores<br />

e adolescentes são baseadas naquelas<br />

<strong>de</strong>finidas para adultos. Devem ser evitados<br />

alimentos que potencialmente<br />

diminuem o tônus do EEI ou aumentam<br />

a aci<strong>de</strong>z gástrica, como por exemplo:<br />

alimentos gordurosos, frutas cítricas,<br />

tomate, café, bebidas alcoólicas e gasosas.<br />

As crianças e adolescentes obesos<br />

apresentam DRGE com maior freqüência<br />

e gravida<strong>de</strong>, sendo recomendada<br />

a redução do peso corpóreo e dietas<br />

<strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute<br />

15


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

com menores teores <strong>de</strong> gordura. O<br />

fumo, mesmo passivo promove maior<br />

número <strong>de</strong> relaxamentos transitórios do<br />

EEI, tendo impacto na piora da DRGE 42 .<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, essas medidas acima citadas,<br />

embora importantes, tem alcance<br />

limitado do ponto <strong>de</strong> vista terapêutico<br />

para serem utilizadas isoladamente.<br />

Assim sendo, os pacientes com DRGE<br />

comprovada, necessitarão <strong>de</strong> tratamento<br />

medicamentoso.<br />

Ao iniciar o tratamento antiácido para<br />

os casos mais leves e mo<strong>de</strong>rados<br />

<strong>de</strong>stacam-se os anti-H2 como medida<br />

inicial. Esta classe <strong>de</strong> drogas é mais<br />

eficiente em inibir secreção ácida basal,<br />

particularmente no período noturno,<br />

sendo segura e <strong>de</strong>terminando poucos<br />

efeitos colaterais. Às vezes, po<strong>de</strong>m ser<br />

observados alguns episódios <strong>de</strong> cefaléia,<br />

fadiga, dor abdominal e diarréia.<br />

Os antagonistas <strong>de</strong> receptores H2 disponíveis<br />

para uso são: cimetidina (20<br />

a 30 mg/kg/dia em 2 tomadas), ranitidina<br />

(6 a 8 mg/kg/dia em 2 tomadas),<br />

famotidina e nizatidina. Em nosso meio,<br />

utiliza-se em especial, os dois primeiros<br />

acima citados. SALVATORE et al (2006) 43<br />

utilizando em lactentes menores <strong>de</strong> 6<br />

meses doses elevadas <strong>de</strong> ranitidina,<br />

em média 10 mg/kg/dia, constataram a<br />

perda <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tamponamento<br />

ácido em aproximadamente 30% dos<br />

lactentes com poucas semanas <strong>de</strong> uso<br />

da medicação anti-H2. Esse fenômeno,<br />

<strong>de</strong>nominado taquifilaxia, foi confirmado<br />

em outros estudos, o que tem limitado<br />

o emprego <strong>de</strong>ssa classe <strong>de</strong> antiácido,<br />

para os casos mais graves <strong>de</strong> DRGE e<br />

nas esofagites erosivas 4 .<br />

Nos últimos anos, tem sido crescente o<br />

uso <strong>de</strong> inibidores <strong>de</strong> bomba <strong>de</strong> prótons<br />

(IBP) para o tratamento anti-refluxo. O<br />

omeprazol, lansoprazol e esomeprazol<br />

são as drogas mais comumente utilizadas<br />

para lactentes acima <strong>de</strong> 1 ano<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, em casos mais graves e não<br />

responsivos aos anti-H2. Em todos os<br />

serviços <strong>de</strong> gastroenterologia pediátrica,<br />

tanto norteamericanos quanto europeus<br />

houve aumento consi<strong>de</strong>rável na prescrição<br />

<strong>de</strong> IBP para lactentes menores<br />

<strong>de</strong> 1 ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 44 . Há vários ensaios<br />

terapêuticos em curso, utilizando IBP em<br />

lactentes nos primeiros meses <strong>de</strong> vida, e<br />

em prematuros, com ótimos resultados<br />

e boa margem <strong>de</strong> segurança. A dose é<br />

variável e por vezes <strong>de</strong> difícil acerto.<br />

A maior parte das vezes, consegue-se<br />

um efeito antiácido satisfatório com<br />

doses entre 0,7 a 2,0 mg/kg/dia. As<br />

crianças, em geral, metabolizam os IBP<br />

<strong>de</strong> forma mais rápida e necessitam <strong>de</strong><br />

doses mais elevadas em relação ao peso<br />

corpóreo. Algumas vezes, há falhas do<br />

efeito antiácido noturno, o que exige<br />

fracionamento da dose para duas vezes<br />

ao dia, ou mesmo emprego do IBP<br />

matinal e anti-H2 noturno 45 .<br />

O horário da dose é crítica para atingir<br />

o máximo <strong>de</strong> supressão ácida e seus<br />

benefícios terapêuticos. Como um gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> bombas <strong>de</strong> prótons são<br />

ativadas com a alimentação, logo após<br />

um período <strong>de</strong> jejum, os IBP <strong>de</strong>vem ser<br />

administrados 30 a 60 minutos antes<br />

do café da manhã ou da 1ª refeição<br />

substancial do dia. Os efeitos colaterais<br />

16 <strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

ocorrem na proporção <strong>de</strong> 4 a 7% dos<br />

casos, registrando-se como os mais<br />

comuns: cefaléia, fadiga, dor abdominal,<br />

diarréia e erupção cutânea. Alguns<br />

trabalhos, apontam para a maior ocorrência<br />

<strong>de</strong> pneumonias e gastroenterites<br />

em crianças submetidas ao tratamento<br />

antiácido. Há um risco potencial maior<br />

<strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> enterite necrotizante<br />

e infecção fúngica em prematuros 45,46,47 .<br />

Os IBP geralmente são apresentados<br />

na forma <strong>de</strong> microgrânulos ácidosresistentes,<br />

fotosensíveis, envoltos por<br />

uma cápsula, que <strong>de</strong>ve se <strong>de</strong>sintegrar<br />

no duo<strong>de</strong>no para que a droga seja<br />

absorvida em meio alcalino. As formas<br />

mais seguras em pediatria, que garantem<br />

absorção mais a<strong>de</strong>quada, são as formas<br />

MUPS “multipe unit pellet system” constituída<br />

<strong>de</strong> microgrânulos com invólucro<br />

ácido-resistente ou comprimidos com<br />

microgrânulos dispersíveis. GREMSE et<br />

al (2006) 48 constataram efeito altamente<br />

satisfatório na cicatrização das esofagites<br />

erosivas em crianças, com o emprego<br />

do lanzoprazol na dose <strong>de</strong> 15 mg/dia<br />

para os menores <strong>de</strong> 30 kg e 30 mg/<br />

dia para os maiores <strong>de</strong> 30 kg após 2<br />

semanas <strong>de</strong> tratamento. Alguns estudos,<br />

em crianças, apontam alta eficácia do<br />

esomeprazol na dose <strong>de</strong> 1,7 mg/kg/dia<br />

no controle dos sintomas extraesofágicos<br />

da DRGE 49 .<br />

Os procinéticos não <strong>de</strong>vem ser utilizados<br />

rotineiramente como drogas<br />

<strong>de</strong> escolha no tratamento anti-refluxo.<br />

Atualmente, consi<strong>de</strong>ra-se que possam<br />

ser prescritos, após avaliação criteriosa,<br />

como medicação coadjuvante em casos<br />

<strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute<br />

<strong>de</strong> RGE on<strong>de</strong> persistem os sintomas<br />

<strong>de</strong> emese ou plenitu<strong>de</strong> pós-prandial,<br />

mesmo com a supressão ácida a<strong>de</strong>quada<br />

50,51 . A Domperidona é um antagonista<br />

periférico do receptor da dopamina,<br />

que estimula a motilida<strong>de</strong> do trato<br />

gastrointestinal superior. A droga tem<br />

pouca penetração pela barreira hematoencefáfica<br />

e geralmente não <strong>de</strong>termina<br />

efeitos sobre o sistema nervoso central.<br />

A dose recomendada é <strong>de</strong> 0,2 mg/kg/<br />

dose, três a quatro vezes ao dia, 15<br />

a 30 minutos antes das refeições. Na<br />

prática, há poucos estudos controlados<br />

que confirmem a eficácia da medicação<br />

no sentido <strong>de</strong> diminuir os episódios<br />

<strong>de</strong> refluxo gastroesofágico. A mesma<br />

exerce efeito mais positivo no sentido<br />

<strong>de</strong> acelerar o esvaziamento gástrico,<br />

porém o efeito sobre a clearence esofágico<br />

do refluxo e sobre o número <strong>de</strong><br />

relaxamentos do EEI não é confirmado<br />

nas publicações <strong>de</strong> literatura 52 .<br />

A Metoclopramida e a Bromoprida são<br />

agentes farmacocinéticamente similares<br />

com apenas a substituição <strong>de</strong> cloro por<br />

bromo. São agentes antidopaminérgicos<br />

com efeitos colinérgicos e seratoninérgicos.<br />

Agem aumentando o tônus do EEI,<br />

melhorando o peristaltismo esofágico e<br />

o esvaziamento gástrico. O uso <strong>de</strong>ssas<br />

medicações <strong>de</strong>ve ser muito criterioso,<br />

pois as mesmas apresentam efeitos<br />

adversos importantes e não raros, tais<br />

como; liberação extra-piramidal, reações<br />

distônicas e sonolência. Há uma<br />

17


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

pequena margem <strong>de</strong> segurança entre<br />

a dose terapêutica e tóxica. A dose<br />

recomendada é <strong>de</strong> 0,5 a 0,1 mg/kg/<br />

dia, 3 a 4 vezes ao dia, trinta minutos<br />

antes das refeições. Uma meta-análise<br />

<strong>de</strong> 7 estudos que utilizaram metoclopramida<br />

em lactentes entre 1 mês e 2<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>monstra algum efeito<br />

da droga reduzindo os sintomas <strong>de</strong><br />

refluxo e os índices <strong>de</strong> refluxo ácido,<br />

porém muitos pacientes apresentaram<br />

efeitos colaterais 53 .<br />

O tratamento cirúrgico <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado<br />

nos casos <strong>de</strong> estenose cicatricial<br />

péptica, manifestações extra-esofágicas<br />

graves, comprovadamente secundários<br />

à DRGE, não responsiva ao tratamento<br />

clínico. Nas gran<strong>de</strong>s hérnias hiatais,<br />

graves crises <strong>de</strong> apnéia e em pacientes<br />

neuropatas com alterações motoras<br />

graves do trato digestório, está indicada<br />

a fundoplicatura cirúrgica do esôfago<br />

distal. Segundo LEE et al (2008) 54 ,<br />

recomenda-se, quando possível em<br />

casos graves, a realização <strong>de</strong> manometria<br />

esofágica para afastar distúrbios <strong>de</strong><br />

motilida<strong>de</strong> esofágica antes <strong>de</strong> indicar<br />

cirurgia. A DRGE po<strong>de</strong> recidivar no<br />

período pós-cirúrgico em até 30-70%,<br />

principalmente nos neuropatas, nos casos<br />

<strong>de</strong> atresia esôfago e nos portadores<br />

doença pulmonar crônica.<br />

Algoritmo <strong>de</strong> investigação e tratamento<br />

(1) Refluxo Gastroesofágico não complicado<br />

• lactentes com regurgitações<br />

• vômitos esporádicos,<br />

• choro e irritabilida<strong>de</strong> discretos pós-mamadas<br />

• ganho pon<strong>de</strong>ral satisfatório<br />

• não solicitar exames subsidiários<br />

• medidas posturais<br />

• consi<strong>de</strong>rar correção <strong>de</strong> técnica das mamadas<br />

• consi<strong>de</strong>rar emprego <strong>de</strong> fórmula AR<br />

• não ministrar tratamento medicamentoso<br />

Adaptado <strong>de</strong> Van<strong>de</strong>nplas et al (2009) 4 e Winter HS (2010) 51<br />

18 <strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

Algoritmo <strong>de</strong> investigação e tratamento<br />

(2) Refluxo Gastroesofágico e ganho <strong>de</strong> peso insuficiente<br />

• regurgitações frequentes<br />

• vômitos persistentes<br />

• dificulda<strong>de</strong> alimentar<br />

• ganho pon<strong>de</strong>ral insuficiente<br />

• observar se a ingestão está a<strong>de</strong>quada<br />

• afastar outras causas <strong>de</strong> vômitos<br />

(infecções, doenças metabólicas, neurológicas,..)<br />

• exame radiológico contrastado EED<br />

(afastar anormalida<strong>de</strong>s anatômicas)<br />

alimentação à base <strong>de</strong> fórmula <strong>de</strong> LV<br />

• iniciar fórmula AR<br />

• observar evolução por 2 a<br />

4 semanas<br />

em aleitamento natural<br />

• exclusão <strong>de</strong> proteína do LV da<br />

dieta materna por 2 a 4 semanas<br />

• resposta favorável (manter conduta)<br />

resposta insatisfatória<br />

• fórmula extensamente ou<br />

hidrolisada ou à base <strong>de</strong><br />

aminoácido por 2 a 4 semanas<br />

evolução <strong>de</strong>sfavorável<br />

• encaminhar para consulta gastroenterológica<br />

(pHmetria ou IMP-pHmetria e/ou exame endoscópico)<br />

• iniciar tratamento antiácido<br />

• comprometimento nutricional grave - hospitalização<br />

dieta por sonda gástrica ou enteral<br />

Adaptado <strong>de</strong> Van<strong>de</strong>nplas et al (2009) 4 e Winter HS (2010) 51<br />

<strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute<br />

19


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

Algoritmo (3) – lactente com choro excessivo e irritabilida<strong>de</strong><br />

• consi<strong>de</strong>rar nas primeiras semanas<br />

<strong>de</strong> vida período <strong>de</strong> choro maior que<br />

3 horas ao dia e alterações no padrão<br />

<strong>de</strong> sono noturno<br />

• pensar em DRGE nos quadros <strong>de</strong><br />

choro associado às regurgitações, vômitos<br />

e dificulda<strong>de</strong> alimentar<br />

• excluir possível alergia à proteína do LV<br />

• em aleitamento natural - dieta materna<br />

isenta <strong>de</strong> proteína do LV por 2 a 4 semanas<br />

• fórmula à base <strong>de</strong> LV - iniciar fórmula<br />

extensamente hidrolisada ou à base <strong>de</strong><br />

aminoácido por 2 a 4 semanas<br />

resposta<br />

insatisfatória<br />

• consi<strong>de</strong>rar possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> DRGE<br />

• consulta gastroenterológica<br />

• exames complementares e/ou teste<br />

terapêutico com IBP por 2 a 4 semanas<br />

Adaptado <strong>de</strong> Van<strong>de</strong>nplas et al (2009) 4 e Winter HS (2010) 51<br />

20 <strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

Algoritmo (4) – a criança maior ou adolescente com pirose e sintomas dispépticos<br />

• queimação retroesternal e sintomas<br />

dispépticos<br />

• ausência <strong>de</strong> sinais alarmantes<br />

(emagrecimento, sangramento do<br />

trato digestório, anemia)<br />

• tratamento com IBP por 2 a 4<br />

semanas<br />

• presença <strong>de</strong> sinais alarmantes<br />

e/ou<br />

• recidiva precoce após tratamento<br />

inicial<br />

• consulta gastroenterológica<br />

(endoscopia digestiva associada<br />

ou não à pHmetria esofágica<br />

ou IMP-pH)<br />

• resposta favorável manter<br />

tratamento por 8 a 12 semanas<br />

• esofagite erosiva grau A<br />

tratamento com IBP 3 meses<br />

• esofagite erosiva grau B ou ><br />

tratamento com IBP 6 meses<br />

Adaptado <strong>de</strong> Van<strong>de</strong>nplas et al (2009) 4 e Winter HS (2010) 51<br />

VII-Referências bibliográficas<br />

1. Orenstein SR. Gastroesophageal reflux disease<br />

in children. Gastroenterol Clin North Am, 1999;<br />

28: 947-69.<br />

2. NASPGN Gui<strong>de</strong>lines for evaluation and treatment<br />

of gastroesophageal reflux in infants and children.<br />

J Pediatr Gastroenterol Nutr 2001; 32: S1-S31.<br />

3. Van<strong>de</strong>nplas Y, Belli D, Benhamou PH et al. Current<br />

concepts and issues in management regurgitation<br />

of infants: A reapprasial. Acta Paediatr 1996; 85:<br />

531-34.<br />

4. Van<strong>de</strong>nplas Y, Rudolph CD, Di Lorenzo C, Hassall<br />

E , Liptak G, Mazur L, Sondheimer J et al. Pediatric<br />

Gastroesophageal Reflux Clinical Practice<br />

Gui<strong>de</strong>lines: Joint Recommendations of the North<br />

American Society for Pediatric Gastroenterology,<br />

Hepatology, and Nutrition (NASPGHAN) and the<br />

European Society for Pediatric Gastroenterology,<br />

Hepatology, and Nutrition (ESPGHAN). J Pediatric<br />

Gastroenterol Nutr 2009;49:498–547.<br />

5. Kawahara H, Dent J, Davidson G. Mechanisms<br />

responsable for gastroesophageal reflux in children.<br />

Gastroenterology 1997;113:399–408.<br />

6. Nelson SP, Chen EH, Syniar GM, et al. Prevalence<br />

of symptoms of gastroesophageal reflux during<br />

infancy. A pediatric practice-basedsurvey. Pediatric<br />

Practice Research Group. Arch Pediatr Adolesc<br />

Med 1997;151:569–72.<br />

7. Van<strong>de</strong>nplas Y, Hassall E. Mechanisms of gastroesophageal<br />

reflux and gastroesophageal reflux disease.<br />

J Pediatr Gastroenterol Nutr2002;35:119–36.<br />

8. Nelson SP, Chen EH, Syniar GM, Christoffel KK.<br />

Prevalence of symptoms of gastroesophageal reflux<br />

during infancy. Pediatric Pratice. Research Group.<br />

Arch Pedatr Adolesc Med. 2000; 154: 150-4.<br />

9. Mehta T, Gold B. Regurgitation and Gastroesophageal<br />

Reflux. Koletzko B. (ed): Pediatric Nutrition<br />

in Practice. Basel, Karger, 2008;192-95.<br />

<strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute<br />

21


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

10. Heine RG, Jordan B, Lubitz L, et al. Clinical predictors<br />

of pathological gastro-oesophageal reflux<br />

in infants with persistent distress. J Paediatr Child<br />

Health 2006;42:134–9.<br />

11. Phillips B. Towards evi<strong>de</strong>nce-based medicine for<br />

paediatricians. Arch Dis Child 2008;93:628.<br />

12. Wenzl TG, Schenke S, Peschgens T, et al. Association<br />

of apnea and nonacid gastroesophageal<br />

reflux in infants: investigations with the intraluminal<br />

impedance technique. Pediatr Pulmonol<br />

2001;31:144–9.<br />

13. Tirosh E, Kessel A, Jaffe M, et al. Outcome of<br />

idiopathic apparent life-threatening events: infant<br />

and mother perspectives. Pediatr Pulmonol<br />

1999;28:47–52.<br />

14. Burchfield DJ, Rawlings DJ. Sud<strong>de</strong>n <strong>de</strong>aths and<br />

apparent lifethreatening events in hospitalized<br />

neonates presumed to behealthy. Am J Dis Child<br />

1991;145:1319–22.<br />

15. Field SK. A critical review of the studies of the<br />

effects of simulated or real gastroesophageal reflux<br />

on pulmonary function in asthmatic adults. Chest<br />

1999;115:848–56.<br />

16. Gold, BD. Asthma and gastroesophageal reflux<br />

disease en children: exploring the relationship. J<br />

Pediatr 2005;146: S13-S20.<br />

17. Koufman JA. The otolaryngologic manifestations of<br />

gastroesophageal reflux disease (GERD): a clinical<br />

investigation of 225 patients using ambulatory<br />

24-hour pH monitoring and an experimental<br />

investigation of the role of acid and pepsin in the<br />

<strong>de</strong>velopment of laryngeal injury. Laryngoscope<br />

1991;101:1–78.<br />

18. Contencin P, Narcy P. Nasopharyngeal pH<br />

monitoring in infants and children with chronic<br />

rhinopharyngitis. Int J Pediatr Otorhinolaryngol<br />

1991;22:249–56.<br />

19. Aksglae<strong>de</strong> K, Pe<strong>de</strong>rsen JB, Lange A, et al. Gastroesophageal<br />

reflux <strong>de</strong>monstrated by radiography in<br />

infants less than 1 year of age. Comparison with<br />

pH monitoring. Acta Radiol 2003;44:136–8.<br />

20. Simanovsky N, Buonomo C, Nurko S. The infant<br />

with chronic vomiting: the value of the upper GI<br />

series. Pediatr Radiol 2002;32:549–50.<br />

21. Paton J, Cosgriff P, Nanayakkara C. The analytical<br />

sensitivity of Tc99m radionucli<strong>de</strong> milk scanning in<br />

the <strong>de</strong>tection of gastro-esopageal reflux. Pediatric<br />

Radiol.1985;15:381-383.<br />

22. Jang HS, Lee JS, Lim GY, et al. Correlation of color<br />

Doppler sonographic findings with pH measurements<br />

in gastroesophagealreflux in children. J Clin<br />

Ultrasound 2001;29:212–7.<br />

23. Chen CL, Orr WC. Analysis of 24-hour esophageal<br />

pH monitoring: the effect of state of consciousness.<br />

Curr Gastroenterol Rep 2008;10:258–62.<br />

24. Neufeld CB,Toporovski MS, Magni AM, Martins<br />

VJS, Toledo CA . Contribuição ao estudo do refluxo<br />

gastroesofágico em crianças: correlação entre<br />

cortejo <strong>de</strong> sinais e sintomas clínicos e a prova<br />

<strong>de</strong> pHmetria esofágica <strong>de</strong> 24 horas. Rev Paul <strong>de</strong><br />

<strong>Pediatria</strong> 2003; 21(3):143-52.<br />

25. Bre<strong>de</strong>noord AJ, Weusten BL, Smout AJ. Symptom<br />

association analysis in ambulatory gastro-oesophageal<br />

reflux monitoring. Gut 2005;54:1810-7.<br />

26. Wenzl TG. Invited review: investigating esophageal<br />

reflux with the intraluminal impedance technique.<br />

J Pediatr Gastroenterol Nutr 2002;34:261–8.<br />

27. Van<strong>de</strong>nplas Y, Salvatore S, Devreker T, Hauser B.<br />

Gastroesophageal reflux disease: oesophageal<br />

impedance versus pH monitoring. Acta Paediatr.<br />

2007; 96(7): 956-62.<br />

28. Salvatore S, Arrigo S, Luini C, Van<strong>de</strong>nplas Y. Esophageal<br />

Impendance in children: symptom-based<br />

results. J Pediatr 2010;157:949-54.<br />

29. Rosen R, Lord C, Nurko S. The sensitivity of<br />

multichannel intraluminal impedance and the<br />

pH probe in the evaluation of gastroesophageal<br />

reflux in children. Clin Gastroenterol Hepatol<br />

2006;4:167–72.<br />

30. Lun<strong>de</strong>ll LR, Dent J, Bennett JR, et al. Endoscopic<br />

assessment of oesophagitis: clinical and functional<br />

correlates and further validation of the Los Angeles<br />

classification. Gut 1999;45:172– 80.<br />

31. Dent J. Microscopic esophageal mucosal injury<br />

in nonerosive reflux disease. Clin Gastroenterol<br />

Hepatol 2007;5:4–16.<br />

32. Dahms BB. Reflux esophagitis: sequelae and<br />

differential diagnosis in infants and children<br />

including eosinophilic esophagitis.Pediatr Dev<br />

Pathol 2004;7:5–16.<br />

33. Orenstein SR, Whitington PF, Orenstein DM. The<br />

infant seat as treatment for gastroesophageal reflux.<br />

N Engl J Med 1983;309:760–3.<br />

34. Tobin JM, McCloud P, Cameron DJ. Posture and<br />

gastro-oesophageal reflux: a case for left lateral<br />

positioning. Arch Dis Child. 1997; 76: 254-8.<br />

35. Van<strong>de</strong>nplas Y, De Schepper J, Verhey<strong>de</strong>n S, et al. A<br />

preliminary report on the efficacy of the Multicare<br />

22 <strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

AR-Bed(R)” in 3 weeks – 3 month old infants on<br />

regurgitation, associated symptoms andacid refl<br />

ux. Arch Dis Child 2010;95:26–30.<br />

36. Horwath A, Dzierchciarz P, Szajewska H. The<br />

effect of thickened feed interventions on gastroesophageal<br />

reflux in infants: systematic review<br />

and meta-analysis of randomized, control trials.<br />

Pediatrics 2008;122:e1268-e1277.<br />

37. Bosscher D, Van Caillie-Bertrand M, Deelstra H.<br />

Do thickening properties of locust bean gum affect<br />

the amount of calcium, iron and zinc available for<br />

absorption from infant formula In vitro studies.<br />

Int J Food Sci Nutr 2003;54:261–832.<br />

38. Chao H, Van<strong>de</strong>nplas Y. Effect of cereal-thicekned<br />

formula and upright positioning on regurgitation,<br />

gastric emptying and weight gain in infants with<br />

regurgitation. Nutrition 2007; 23(1): 23-8.<br />

39. Wenzl TG, Schnei<strong>de</strong>r S, Scheele F, Silny J, Heimann<br />

G, Skopnik H. Effects of thickene feeding<br />

on gastroesophageal reflux in infants: a placebocontrolled<br />

crossover study using intraluminal<br />

impedance. Pediatrics. 2003; 111(4): e355-9.<br />

40. Iacono G, Carroccio A, Cavataio F, et al. Gastroesophageal<br />

reflux and cow’s milk allergy in<br />

infants: a prospective study. J Allergy Clin Immunol<br />

1996;97:822–7.<br />

41. Nielsen RG, Bindslev-Jensen C, Kruse-An<strong>de</strong>rsen,<br />

S, Husby S. Severe Gastroesophageal Reflux<br />

Disease and Cow Milk Hypersensitivity in Infants<br />

and Children: Disease Associatio and Evaluation<br />

of a New Challenge Procedure. JPGN 2004; 39(4):<br />

383-91.<br />

42. Kaltenbach T, Crickett S, Gerson LB. Are lifestyle<br />

measures effective in patients with gastroesophageal<br />

reflux disease An evi<strong>de</strong>nce-based approach.<br />

Arch Intern Med. 2006 May 8;166(9):965-71.<br />

43. Salvatore S, Hauser B, Salvatoni A, Van<strong>de</strong>nplas Y.<br />

Oral ranitidine and duration of gastric pH > 4.0<br />

in infants with persisting reflux-symptoms. Acta<br />

Paediatr. 2006 Feb;95(2):176-81.<br />

44. Barron JJ, Tan H, Spalding J, et al. Proton pump<br />

inhibitor utilization patterns in infants. J Pediatr<br />

Gastroenterol Nutr 2007;45:421–7.<br />

45. Omari T, Haslam R, Lundborg P, Davidson, G.<br />

Effect of Omeprazole on Acid Gastroesophageal<br />

Reflux and Gastric Acidity in Preterm Infants With<br />

Pathological Acid Reflux. JPGN 2007;44(1):41-44.<br />

46. Canani RB, Cirillo P, Roggero P, et al. Therapy with<br />

gastric acidity inhibitors increases the risk of acute<br />

gastroenteritis and community-acquired pneumonia<br />

in children. Pediatrics 2006;117:e817–20.<br />

47. Guillet R, Stoll BJ, Cotten CM, et al. Association<br />

of H2-blocker therapy and higher inci<strong>de</strong>nce of<br />

necrotizing enterocolitis in very low birth weight<br />

infants. Pediatrics 2006;117:e137–42.<br />

48. Gremse D, Winter H, Tolia V, et al. Pharmacokinetics<br />

and pharmacodynamics of lansoprazole<br />

in children with gastroesophageal reflux disease.<br />

J Pediatr Gastroenterol Nutr 2002;35(Suppl<br />

4):S319–26.<br />

49. Zhao J, Li J, Hamer-Maansson JE, et al. Pharmacokinetic<br />

properties of esomeprazole in children aged<br />

1 to 11 years with symptoms of gastroesophageal<br />

reflux disease: a randomized, open-label study.<br />

Clin Ther 2006;28:1868–76.<br />

50. Tounian P. Gastroesophageal reflux treatment:<br />

From therapeutic abstention to surgery. Arch Ped<br />

2009:16;1424-28.<br />

51. Winter HS. Gastroesophageal reflux in infants.<br />

www.uptodate.com (2010):1-12.<br />

52. Keady S. Update on drugs for gastro-oesophageal<br />

reflux disease. Arch Dis Child Educ Pract Ed.<br />

2007 Aug;92(4):ep114-8.<br />

53. Hibbs AM, Lorch SA. Metocloprami<strong>de</strong> for the<br />

treatment of gastroesophagel reflux disease in<br />

infants a systematic review. Pediatrics. 2006<br />

Aug;118(2):746-52.<br />

54. Lee SL, Sydorak RM, Chiu VY, Hsu JW, Applebaum<br />

H, Haigh PI. Long-term antireflux medication use<br />

following pediatric Nissen fundoplication. Arch<br />

Surg. 2008 Sep;143(9):873-6.<br />

<strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute<br />

23


<strong>Temas</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nº 90<br />

24 <strong>Nestlé</strong> Nutrition Institute


NOTA IMPORTANTE:<br />

AS GESTANTES E NUTRIZES PRECISAM SER INFORMADAS QUE O LEITE MATERNO É O IDEAL PARA O LACTENTE, CONSTITUINDO-SE A MELHOR NUTRIÇÃO<br />

E PROTEÇÃO PARA ESTAS CRIANÇAS. A MÃE DEVE SER ORIENTADA QUANTO À IMPORTÂNCIA DE UMA DIETA EQUILIBRADA NESTE PERÍODO E QUANTO<br />

À MANEIRA DE SE PREPARAR PARA O ALEITAMENTO AO SEIO ATÉ OS DOIS ANOS DE IDADE DA CRIANÇA OU MAIS. O USO DE MAMADEIRAS, BICOS<br />

E CHUPETAS DEVE SER DESENCORAJADO, POIS PODE TRAZER EFEITOS NEGATIVOS SOBRE O ALEITAMENTO NATURAL. A MÃE DEVE SER PREVENIDA<br />

QUANTO À DIFICULDADE DE VOLTAR A AMAMENTAR SEU FILHO UMA VEZ ABANDONADO O ALEITAMENTO AO SEIO. ANTES DE SER RECOMENDADO O USO<br />

DE UM SUBSTITUTO DO LEITE MATERNO, DEVEM SER CONSIDERADAS AS CIRCUNSTÂNCIAS FAMILIARES E O CUSTO ENVOLVIDO. A MÃE DEVE ESTAR<br />

CIENTE DAS IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS DO NÃO ALEITAMENTO AO SEIO – PARA UM RECÉM-NASCIDO ALIMENTADO EXCLUSIVAMENTE COM<br />

MAMADEIRA SERÁ NECESSÁRIA MAIS DE UMA LATA POR SEMANA. DEVE-SE LEMBRAR À MÃE QUE O LEITE MATERNO NÃO É SOMENTE O MELHOR,<br />

MAS TAMBÉM O MAIS ECONÔMICO ALIMENTO PARA O LACTENTE. CASO VENHA A SER TOMADA A DECISÃO DE INTRODUZIR A ALIMENTAÇÃO POR<br />

MAMADEIRA É IMPORTANTE QUE SEJAM FORNECIDAS INSTRUÇÕES SOBRE OS MÉTODOS CORRETOS DE PREPARO COM HIGIENE RESSALTANDO-<br />

SE QUE O USO DE MAMADEIRA E ÁGUA NÃO FERVIDAS E DILUIÇÃO INCORRETA PODEM CAUSAR DOENÇAS. OMS – CÓDIGO INTERNACIONAL DE<br />

COMERCIALIZAÇÃO DE SUBSTITUTOS DO LEITE MATERNO. WHA 34:22, MAIO DE 1981. PORTARIA Nº 2.051 – MS DE 08 DE NOVEMBRO DE 2001,<br />

RESOLUÇÃO Nº 222 – ANVISA – MS DE 05 DE AGOSTO DE 2002 E LEI 11.265/06 DE 04.01.2006 – PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – REGULAMENTAM A<br />

COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS PARA LACTENTES E CRIANÇAS DE PRIMEIRA INFÂNCIA E TAMBÉM A DE PRODUTOS DE PUERICULTURA CORRELATOS.<br />

PUBLICAÇÃO DESTINADA EXCLUSIVAMENTE AO PROFISSIONAL DE SAÚDE. IMPRESSO NO BRASIL.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!