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a leitura, a vida ea escrita - Para associar-se ou renovar sua ...

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compreendida em <strong>sua</strong> totalidade, posto que a tradição tenha <strong>se</strong> perdido na era moderna.<br />

Contudo, as obras estão <strong>se</strong>mpre dispostas a <strong>se</strong>rem experimentadas, de diferentes<br />

modos, como que iluminadas em alguns pontos que <strong>se</strong> uniram em um conjunto de<br />

<strong>se</strong>ntidos <strong>ou</strong> em determinadas partes nas quais foram colhidas algumas <strong>se</strong>nsações que<br />

não exigirão, de <strong>ou</strong>tro modo, a completude como forma absoluta de <strong>sua</strong> compreensão.<br />

Os fragmentos <strong>ou</strong> as partes podem nos levar à busca de uma totalidade, qual <strong>se</strong>ja o<br />

próprio caminho de <strong>se</strong> resgatar a <strong>leitura</strong> de uma tradição que, entretanto, só parece<br />

existir como a ideia de tradição – um nobre saber. Mas isso <strong>se</strong>rá considerado, tão<br />

somente, mais uma forma de entrada na <strong>leitura</strong>, na medida em que ler é o<br />

“incontrolável” que pode r<strong>ea</strong>lizar as mais diferentes trajetórias. Falamos, então, de um<br />

corpo texto <strong>ou</strong> livro que, na relação com o leitor, produz múltiplos <strong>se</strong>ntidos, qua<strong>se</strong><br />

<strong>se</strong>mpre acompanhados de uma deformação/criação que essa relação implica.<br />

Ao fechar-<strong>se</strong> para ler, ao fazer da <strong>leitura</strong> um estado absolutamente<br />

<strong>se</strong>parado, clandestino, em que o mundo inteiro <strong>se</strong> abole, o leitor – o<br />

ledor – identifica-<strong>se</strong> com dois <strong>ou</strong>tros sujeitos humanos – na verdade<br />

bem próximos um do <strong>ou</strong>tro – cujo estatuto requer, da mesma forma,<br />

uma <strong>se</strong>paração violenta: o sujeito amoroso e o sujeito místico [...] o<br />

sujeito-leitor é um sujeito inteiramente transferido para o registro do<br />

Imaginário; toda a <strong>sua</strong> economia de prazer consiste em curar a <strong>sua</strong><br />

relação dual com o livro, fechando-<strong>se</strong> sozinho com ele, com o nariz<br />

sobre ele, como a criança está colada à mãe e o apaixonado suspenso<br />

da face do <strong>se</strong>r amado (BARTHES, 1987, p.196).<br />

Sabemos que Roland Barthes é considerado um dos repre<strong>se</strong>ntantes e<br />

constituidores do pensamento “estruturalista”, o que tornaria incompatível associá-lo<br />

ao pensamento de Deleuze e Guattari – considerados “pós-estruturalistas”. Entretanto,<br />

não é nossa intenção discutir as classificações identitárias que encerram os pensadores<br />

em lugares fixos que nos impedem de utilizá-los em <strong>ou</strong>tros contextos. Nossa<br />

preocupação é discutir a prática de uma <strong>leitura</strong> experimental e para isso nos<br />

agenciaremos com os pensadores que poderão nos ajudar a investigar, a pensar e a<br />

compor essa questão.<br />

Barthes fala a respeito de <strong>se</strong> produzir com a <strong>leitura</strong> um estado clandestino,

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