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ESPINOZA-Tratado da correcção do intelecto.pdf - adelinotorres.com

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<strong>Trata<strong>do</strong></strong> <strong>da</strong> Correção <strong>do</strong> Intelecto - Spinoza<br />

Page 7 of 29<br />

que sabe que sabe, etc. Daí se verifica que para inteligir a essência de Pedro não é<br />

preciso inteligir a própria idéia de Pedro, e muito menos a idéia <strong>da</strong> idéia de Pedro, o que<br />

eqüivale a dizer que não é necessário, para que eu saiba, que saiba que sei, e muito<br />

menos ser necessário que saiba que sei que sei, igualmente <strong>com</strong>o para inteligir a<br />

essência <strong>do</strong> triângulo não é preciso inteligir a essência <strong>do</strong> círculo. 37 Mas o contrário se<br />

passa <strong>com</strong> estas idéias, porque, para saber que sei, necessariamente devo antes saber.<br />

[35] Daí se vê que a certeza na<strong>da</strong> mais é que a própria essência objetiva, a saber, o mo<strong>do</strong><br />

<strong>com</strong>o sentimos a essência formal é a própria certeza. 38 Donde se segue, de novo, que<br />

para a certeza <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de não precisamos de nenhum outro sinal senão ter uma idéia<br />

ver<strong>da</strong>deira. Pois, <strong>com</strong>o mostramos, não é necessário, para que eu saiba, que saiba que<br />

sei. Do que resulta, mais uma vez, que ninguém pode saber o que é a suma certeza, a<br />

não ser aquele que possui uma idéia adequa<strong>da</strong> ou essência objetiva de alguma coisa,<br />

porque, de fato, o mesmo é a certeza e a essência objetiva. [36] Como, pois, a ver<strong>da</strong>de<br />

não necessita de nenhum sinal, mas basta ter as essências objetivas <strong>da</strong>s coisas, ou, o que<br />

dá na mesma, as idéias, a fim de que se tire to<strong>da</strong> a dúvi<strong>da</strong>, <strong>da</strong>í se segue que não é o<br />

ver<strong>da</strong>deiro méto<strong>do</strong> procurar o sinal <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de depois de adquirir as idéias, 39 mas que o<br />

ver<strong>da</strong>deiro méto<strong>do</strong> é o caminho para que a própria ver<strong>da</strong>de ou as essências objetivas <strong>da</strong>s<br />

coisas ou as idéias (tu<strong>do</strong> isso quer dizer o mesmo) sejam procura<strong>da</strong>s na devi<strong>da</strong> ordem. 40<br />

[37] Ain<strong>da</strong> uma vez, o méto<strong>do</strong> necessariamente deve falar de raciocínio ou de<br />

intelecção, ou seja, o méto<strong>do</strong> não é 41 o próprio raciocinar para inteligir as causas <strong>da</strong>s<br />

coisas e muito menos é o inteligir as causas <strong>da</strong>s coisas, mas é o inteligir o que é a idéia<br />

ver<strong>da</strong>deira, distinguin<strong>do</strong>-a <strong>da</strong>s outras percepções e investigan<strong>do</strong> a natureza dela, para <strong>da</strong>í<br />

conhecer a nossa potência de inteligir e coibir nossa mente de tal mo<strong>do</strong> que, segun<strong>do</strong><br />

essa norma, enten<strong>da</strong> tu<strong>do</strong> o que deve ser entendi<strong>do</strong>, <strong>da</strong>n<strong>do</strong>, <strong>com</strong>o meios auxiliares,<br />

regras certas e também fazen<strong>do</strong> <strong>com</strong> que a mente não se canse <strong>com</strong> inutili<strong>da</strong>des. [38]<br />

Daí se deduz que o méto<strong>do</strong> na<strong>da</strong> mais é que o conhecimento reflexivo ou a idéia <strong>da</strong><br />

idéia; e porque não existe a idéia <strong>da</strong> idéia, a não ser que exista uma idéia, logo o méto<strong>do</strong><br />

não existirá se não houver antes uma idéia. Donde será bom o méto<strong>do</strong> que mostre <strong>com</strong>o<br />

a mente se deve dirigir segun<strong>do</strong> a norma de uma existente 42 idéia ver<strong>da</strong>deira.<br />

Além disso, 43 visto que há entre duas idéias a mesma razão existente entre as<br />

essências formais <strong>da</strong>quelas idéias, segue-se que o conhecimento reflexivo <strong>da</strong> idéia <strong>do</strong><br />

Ser perfeitíssimo será melhor que o conhecimento reflexivo <strong>da</strong>s outras idéias; isto é, será<br />

perfeitíssimo o méto<strong>do</strong> que mostre <strong>com</strong>o a mente deve ser dirigi<strong>da</strong> pela norma <strong>da</strong> idéia<br />

existente <strong>do</strong> Ser perfeitíssimo. [39] Disso facilmente se intelige <strong>com</strong>o a mente, entenden<strong>do</strong><br />

mais coisas, adquire ao mesmo tempo outros instrumentos, <strong>com</strong> os quais continua<br />

<strong>com</strong> maior facili<strong>da</strong>de a inteligir. Com efeito, ao que se infere <strong>do</strong> que ficou dito, deve<br />

existir antes de tu<strong>do</strong> em nós, <strong>com</strong>o instrumento inato, uma idéia ver<strong>da</strong>deira, entendi<strong>da</strong>, a<br />

qual <strong>com</strong>preende-se simultaneamente a diferença que existe entre essa percepção e to<strong>da</strong>s<br />

as outras. Nisso consiste uma parte <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>. E <strong>com</strong>o é claro por si que a mente tanto<br />

melhor se entende quanto mais entender <strong>da</strong> Natureza, vê-se que esta parte <strong>do</strong> méto<strong>do</strong><br />

será tanto mais perfeita quanto mais coisas a mente entender, e será perfeitíssima<br />

quan<strong>do</strong> a mente atender ao conhecimento <strong>do</strong> Ser perfeitíssimo, ou refletir sobre o<br />

mesmo conhecimento. 44 [40] Além disso, quanto mais coisas a mente conhece, tanto<br />

melhor intelige as suas forças e a ordem <strong>da</strong> Natureza; quanto melhor, porém, entende as<br />

suas forças, mais facilmente pode dirigir-se e propor regras a si mesma; e quanto melhor<br />

intelige a ordem <strong>da</strong> Natureza, mais facilmente pode abster-se <strong>da</strong>s coisas inúteis. E nisso,<br />

<strong>com</strong>o dissemos, consiste to<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong>. [41] Acrescente-se que a idéia se apresenta<br />

objetivamente <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que se apresenta realmente seu idea<strong>do</strong>. Portanto, se<br />

houvesse na Natureza alguma coisa que não tivesse nenhuma <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> as<br />

outras, e se dela também existisse uma essência objetiva, a qual deveria convir<br />

totalmente <strong>com</strong> a formal, também 45 não teria <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> as outras idéias, isto é,<br />

na<strong>da</strong> poderíamos concluir sobre ela; ao contrário, as coisas que têm <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> o<br />

resto, <strong>com</strong>o é tu<strong>do</strong> o que existe na Natureza, serão entendi<strong>da</strong>s, e igualmente suas<br />

ebook:<strong>intelecto</strong>.html<br />

18-07-2007

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