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REFLEXÕES<br />
EDITORIAL<br />
Incompetente, ignorante ou esquema<br />
Quais os objectivos de Lóios<br />
Ou na Europa se explica de uma vez por todas,<br />
e quem decide interioriza, que no quadro actual<br />
de mobilidade e operacionalidade de modos de<br />
transporte a economia europeia depende quase<br />
em exclusivo da rodovia ou estamos a secar o<br />
tecido produtivo do velho continente e a escancarar<br />
as portas às produções oriundas dos mercados<br />
emergentes da Ásia e da América do Sul.<br />
Quando o mercado começou a definhar a maior<br />
associação do sector manteve a sua estrutura em<br />
grande e não foi capaz de cortar nas regalias de<br />
quem vivia à grande, pelo que nos últimos anos<br />
tem sido tempo doloroso assistir ao remendar dos<br />
rombos causados numa grande nau.<br />
Para enfrentar as drásticas subidas dos custos<br />
operacionais é chegada a hora de pensar que por<br />
cada gota que se poupe no consumo, estaremos<br />
seguramente a falar de milhões ao longo da<br />
vida útil dos veículos. É preciso repensar o que<br />
sabíamos ontem, que se não for reformatado<br />
equivale a estarmos a criar um monstro despesista<br />
dentro de portas.<br />
E agora as Scut<br />
Depois de muitas asneiras e outras tantas mentiras derramadas intencionalmente em artigos de opinião ficcionados e em notícias com tendência para o alarmismo,<br />
o governo do Partido Socialista de José Sócrates procedeu à introdução de portagens nas Estradas/Vias do Estado, que por marketing político foram apelidadas<br />
de Scut - Sem Custos para os Utilizadores, não sem antes colocar mais uma montanha de milhares de milhões de euros, com renegociações irresponsáveis<br />
dos contratos, nas contas do Estado dos próximos 30 anos.<br />
Depois de um cenário de doente silêncio e passividade fomentados pelas mensagens de uma crise ficcionada, eis que agora várias instâncias do poder<br />
decisório europeu colocam questões e logo aparecem os tretas do costume a dizer que foi isso mesmo que sempre disseram.<br />
Enquanto os palpiteiros de aviário e os opinadores de secretária arrotam ideias, deixando no ar um fedor a podre, irei manter-me no silêncio a que me remeti.<br />
Um dia contarei toda a verdade. O tempo é o melhor conselheiro.<br />
Não preciso que me batam palmas ou que reconheçam tardiamente que, desde o primeiro minuto, sou dos poucos que sei do que falo nesta matéria e que<br />
sempre denunciei as negociatas e os esquemas, em que um qualificado investimento em segurança rodoviária e acessibilidade virou uma das maiores fraudes<br />
legalizadas desde o 25 de Abril.<br />
44 Toneladas na Europa<br />
Seguramente que já faltou mais tempo no calendário para os camiões que circulam no espaço europeu passarem a movimentar, sem constrangimentos,<br />
44 toneladas em apenas cinco eixos.<br />
Com a próxima adesão da França às 44 toneladas, sem necessidade de recorrer a um sexto eixo, seguramente que a generalização a toda a União europeia<br />
não tardará. Em França é certo que a um de Janeiro de 2013 deixa de existir a autorização especial para que rolem com 44 toneladas os camiões com cargas<br />
provenientes dos portos marítimos ou fluviais ou de determinados sectores industriais, agro-alimentares e agrícolas. Naquela data camião com cinco eixos rolará<br />
sem limitações com mais quatro toneladas.<br />
Sem qualquer necessidade de transformação estarão os veículos equipados com suspensão pneumática. As limitações em termos do tipo de suspensão serão<br />
abolidas para todos os veículos que venham a ser matriculados após Janeiro de 2014.<br />
Se é verdade que os camiões estão cada vez mais seguros, também é verdade que à necessidade crescente de mais camiões responde a legislação com<br />
menos liberdade de circulação e mais custos operacionais, parece-nos que a medida representa mais um remendo de uma Europa que tem medo de legislar para<br />
que o modo rodoviário seja o pólo dinamizador da economia no espaço comum, e não tem coragem de enfrentar o fundamentalismo derrotista dos anti-camião.<br />
A economia europeia precisa e depende de mais liberdade para a circulação de camiões, mas apesar das revolucionárias regras ambientais que os camiões<br />
hoje oferecem, impera a regra do medo dos decisores políticos sobre o que os radicais ambientais podem fazer.<br />
Ou na Europa se explica de uma vez por todas, e quem decide interioriza, que no quadro actual de mobilidade e operacionalidade de modos de transporte<br />
a economia europeia depende quase em exclusivo da rodovia para agilizar a rotação das suas produções internas ou estamos a secar o tecido produtivo do<br />
velho continente e a escancarar as portas às produções oriundas dos mercados emergentes da Ásia e da América do Sul.<br />
É preciso ter noção de que quanto mais se apertar a circulação de camiões e o consequente abastecimento entre fábricas com produção capilar, mais se<br />
tornam inviáveis as indústrias europeias. Não se pede a balda para a circulação de camiões, mas é preciso perceber que ao fecho de cada unidade industrial<br />
na Europa se está a dar ainda mais trabalho aos camiões, dado que irão passar a ter solicitações acrescidas para rolar a partir dos portos de referência na<br />
operação das cargas geradas de navios que movimentam grande quantidade de contentores, que passarão a “vomitar” contentores a um ritmo que vai gerar<br />
cargas para todos os modos de transporte.<br />
O papel das associações<br />
Não tenho dúvida alguma em afirmar que o sector de transportes, especialmente o rodoviário de mercadorias, é aquilo que as associações forem capazes ou<br />
estejam interessadas que ele seja. Hoje o sector de transportes está muito melhor servido do que há anos em termos de vida associativa. O aparecimento de novas<br />
associações (Antp e Attima) foi benéfico para o mercado e a Antram saiu da sua posição de conforto e procura de forma activa estar mais junto do mercado real<br />
Há mais de duas décadas a Antram quis e soube ser grande, logo tivemos um sector em grande com a associação representativa em sintonia com a realidade<br />
emergente, que uma adesão à Comunidade ditava. Pena foi que com o passar do tempo e perante os bons resultados a Antram tenha adormecido à sombra<br />
dos louros e tenha transformado o sonho num pesadelo, apenas por que o protagonismo de alguns levou a que não acordasse para a realidade.<br />
Se o país tiver associações de transportes activas, informadas e capazes de inovar nas críticas, reivindicações e sugestões junto dos governos, seguramente<br />
que teremos melhor legislação e melhor mercado.<br />
Pode doer a muito boas e respeitáveis pessoas as minhas críticas, mas o dramático momento que estamos a viver em Portugal, no sector do transporte sobre<br />
rodas de borracha, tem tudo a ver com a incapacidade demonstrada pelas entidades representativas do sector para fazerem reverter o facilitismo e para<br />
prepararem a mudança do rumo das coisas. Quando o mercado começou a definhar a maior associação do sector manteve a sua estrutura em grande e não<br />
foi capaz de cortar nas regalias de quem vivia à grande, pelo que nos últimos anos tem sido doloroso assistir ao remendar dos rombos causados numa grande<br />
nau. Os dirigentes que ousam tentar inverter uma tendência preocupante de quase não retorno, estão a finalizar uma cura de emagrecimento para optimizar<br />
a nova estrutura associativa, que cresceu de forma negligente ao som dos palpites e ideias mais ou menos luminosas de quem soube viver em época de vacas<br />
gordas e não foi capaz nem teve coragem de fazer dieta.<br />
Melhores associações<br />
A propósito de opiniões que se formularam sobre o que escrevi na edição anterior sobre as associações de transportes, gostaria de recordar factos que<br />
alguém esquece.<br />
Nunca esqueceremos nem omitiremos que há mais de 20 anos encontramos na Antram muita da sementeira onde alimentamos o nosso interesse pelo sector.<br />
Contudo ao mesmo tempo que descobrimos pessoas determinadas e sérias, que dedicavam muito do seu tempo à sua segunda casa, detectamos e denunciamos<br />
que, talvez por ingenuidade, permitiram o surgimento, com remunerações principescas, de um vasto conjunto de opinadores e outras figuras que vieram a<br />
representar muitos milhões esbanjados. A Antram negligenciou o saber e permitiu que às suas costas subissem muitas figuras pouco recomendáveis que passaram<br />
pelo sector.<br />
Nos dias de hoje a progressão da vida associativa ganhou imenso com o aparecimento da Antp – Associação Nacional dos Transportadores Portugueses<br />
e da Attima – Associação de Transportadores de Terras Inertes Madeiras e Afins, que levaram a Antram a uma postura mais próxima da realidade, quando<br />
anteriormente (por acção de pessoas não eleitas) confundiram os reais objectivos da instituição com intervenção em negócios de rendibilidade pouco consistentes.<br />
Sabemos que para um mercado forte as associações têm de respirar a verdade do mercado, isso tem acontecido desde que os actuais dirigentes da<br />
Antram deitaram mão aos excessos e pela irreverência das críticas da Antp e da Attima o governo deixou de dar uns trocos para usos de duvidosa<br />
fundamentação, que apenas serviam para esmorecer as reivindicações.<br />
Todas as associações são fundamentais desde que reivindiquem decisões legislativas fundamentadas na realidade e nos perigos crescentes do mercado.<br />
Da irreverência e quase estratégia da Antp à excelência das fundamentações da Attima, vai todo um caminho que ajudará a que tenhamos um mercado<br />
enraizado no saber.<br />
Quer se goste ou não em termos de fundamentação das críticas e sugestões, com que as associações contribuem para os quadros legislativos, a grande verdade<br />
é que em questões laborais a Attima é quem mais cartas tem dado nos últimos tempos, enquanto a Antp agarra muito bem as questões dos pequenos<br />
transportadores e a Antram se permite ir a jogo em todas as matérias e fazer a jogada final quando as negociações emperram.<br />
Desde sempre aprovamos e divulgamos a vida associativa que tem conteúdo, por isso ainda recentemente assumimos o envio de informação detalhada a<br />
imensos transportadores a informá-los sobre uma iniciativa da Antp.<br />
Na próxima edição estará em destaque um trabalho com Pedro Morais, presidente da Attima, a associação que se tem destacado pelo sucesso das oposições<br />
do seu departamento jurídico em representação dos seus associados nas barras dos tribunais. O excelente trabalho da Attima é o fruto de como um departamento,<br />
neste caso o jurídico, pode fazer crescer uma associação.<br />
Reconhecimento da Revista CAMIÃO<br />
Depois do enorme sucesso que a Revista CAMIÃO alcançou com os seus parceiros espanhóis na área da formação, acabamos de ver reconhecido o mérito<br />
do nosso trabalho por uma das maiores organizações de transportes e empregadoras da Alemanha.<br />
A excelência dos profissionais do volante portugueses leva a que várias empresas do espaço comunitário abram as portas aos candidatos lusitanos, o que<br />
num momento de enorme recessão pode ser uma saída para muitos dos que por cá engrossam as dolorosas fileiras dos desempregados.<br />
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