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Brasil, Portugal e França: a circulação de idéias políticas e ... - IEL

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3<br />

Gramática Latina <strong>de</strong> Verney, além <strong>de</strong> muitas obras científicas – <strong>de</strong> medicina, <strong>de</strong><br />

química, <strong>de</strong> história natural e <strong>de</strong> aritmética – e outros títulos, confirmando que a venda<br />

<strong>de</strong> livros no Rio <strong>de</strong> Janeiro voltava-se, <strong>de</strong> início, para algumas áreas profissionais 8 .<br />

Deve-se <strong>de</strong>stacar que a família Martin não enviava livros apenas para livraria <strong>de</strong> Paulo<br />

Martin no Rio <strong>de</strong> Janeiro, mas também para o Maranhão, Pernambuco, Bahia e Pará 9 .<br />

As fontes mais ricas, em relação a Paulo Martin, estão relacionadas, contudo,<br />

ao período posterior a 1808, quando é possível consultar, além dos anúncios em<br />

periódicos, as licenças do Desembargo do Paço e os catálogos que mandou imprimir. O<br />

primeiro <strong>de</strong> que se tem notícia apareceu impresso no final da obra O Plutarco<br />

Revolucionário (1810). Constava <strong>de</strong> folhetos, <strong>de</strong>stinados a forjar inúmeras<br />

representações contra o Imperador dos franceses, Napoleão Bonaparte, ou criticar os<br />

franceses, consi<strong>de</strong>rados como homens grosseiros e ignorantes, sem princípios, sem<br />

educação e sem religião. Regra geral, os textos foram impressos em <strong>Portugal</strong>, mas,<br />

algumas vezes, reimpressos no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Paulo Martin procurou divulgá-los,<br />

aproveitando a conjuntura histórica das guerras napoleônicas e dos primeiros sucessos<br />

<strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> contra o invasor francês.<br />

Já em 1821, dois catálogos indicavam livros diversos que tinham a clara<br />

preocupação <strong>de</strong> criticar o governo absoluto, <strong>de</strong> explicar para os novos cidadãos a<br />

verda<strong>de</strong>ira importância do sistema constitucional e <strong>de</strong> certos pontos fundamentais do<br />

vocabulário político. Palavras antigas que se ressignificavam como liberda<strong>de</strong>, soberania,<br />

eleições, Constituição, ou novas – Cidadão e Direitos, entre outras –, que passavam a<br />

fazer parte do cotidiano da socieda<strong>de</strong> brasiliense, graças aos movimentos liberais que<br />

ocorreram do outro lado do Atlântico. Um <strong>de</strong>sses catálogos ostentava 89 títulos, com<br />

quase 70% <strong>de</strong>stes ligados a temas políticos. Incluía diálogos jocosos a respeito do<br />

<strong>de</strong>spotismo, estampas que representavam alegorias relacionadas à Regeneração<br />

Portuguesa, retratos <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>putados portugueses, além <strong>de</strong> obras conhecidas como<br />

Werther <strong>de</strong> Goethe, as <strong>de</strong> Bocage, História da Inquisição <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, alguns livros<br />

sobre moral, ciência econômica, história e dois dicionários, enquanto o número <strong>de</strong> livros<br />

religiosos tornava-se bastante reduzido 10 . A maior parte <strong>de</strong>ssas obras havia chegado <strong>de</strong><br />

<strong>Portugal</strong>, da loja <strong>de</strong> seus irmãos – Martin Irmãos – uma vez que seu pai já havia<br />

falecido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1813. Ressalte-se ainda que era pequena a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> livros<br />

impressos no <strong>Brasil</strong>, já que as primeiras tipografias particulares começaram a se instalar<br />

a partir <strong>de</strong> 1821. Portanto, a Impressão Régia não dava conta da publicação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

volume <strong>de</strong> obras. Em seu conjunto, as obras anunciadas por Paulo Martim estavam<br />

impressas em português e francês, mas po<strong>de</strong>m-se citar algumas em latim e,<br />

8<br />

9<br />

10<br />

Ver Maria Beatriz Nizza da Silva, A cultura luso-brasileira. Da reforma da Universida<strong>de</strong> à<br />

in<strong>de</strong>pendência do <strong>Brasil</strong>, Lisboa, Estampa, p. 63ss.<br />

Cf. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Real Mesa Censória. Exame dos livros para saírem do<br />

Reino para Bahia (Caixas 157-158), Maranhão (Caixa 159), Pará (Caixa 160) e Pernambuco (Caixa<br />

161).<br />

Noticia: Paulo: mercador <strong>de</strong> livros [...]. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Impressão Régia, 1821.

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