Brasil, Portugal e França: a circulação de idéias polÃticas e ... - IEL
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familiares, no final <strong>de</strong> 1815, <strong>de</strong>sejou retornar a <strong>Portugal</strong>. Nenhum <strong>de</strong> seus irmãos, como<br />
João José e Inácio Augusto, que já haviam vindo ao Rio <strong>de</strong> Janeiro, aceitou permanecer<br />
com sua Loja. A família <strong>de</strong>cidiu, então, procurar um outro parente para continuar os<br />
negócios do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Naquela altura, Paul Martin (pai) já havia falecido. A<br />
solução encontrada foi a escolha <strong>de</strong> um primo direto dos Irmãos Martin, sobrinho <strong>de</strong><br />
Maria Madalena Bompard. Era o já citado, Jean-Baptiste Bompard.<br />
Naquela altura, Jean-Baptiste Bompard, nascido em Briançon, em 1797,<br />
contava com menos <strong>de</strong> 20 anos. Seu pai era comerciante e fora membro do Conselho<br />
dos Notáveis da República francesa em Briançon (1793 a 1795). Jean-Baptiste foi<br />
enviado para estudar em Turim, Itália, região on<strong>de</strong> se encontravam outras pessoas<br />
oriundas <strong>de</strong> Briançon, também livreiros, como os Gravier, família que há muito<br />
mantinha relação estreita com os Bompard. Retornando a Briançon (1813), passado<br />
alguns anos, Jean Baptiste aceitou a proposta e partiu, primeiro para Lisboa, on<strong>de</strong><br />
permaneceu por alguns tempos, para conhecer os negócios livreiros e preparar sua vinda<br />
para o Rio <strong>de</strong> Janeiro. Provavelmente, seguindo a tradição das famílias da região,<br />
Bompard procurava uma ativida<strong>de</strong> fora <strong>de</strong> sua terra natal, que não oferecia gran<strong>de</strong>s<br />
possibilida<strong>de</strong>s para satisfazer a ambição <strong>de</strong> seus jovens habitantes. Além disso, em<br />
razão da solidarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas relações familiares, tal função podia lhe trazer uma<br />
formação para começar sua vida nos negócios como também uma ajuda financeira.<br />
Bompard foi autorizado a realizar viagem <strong>de</strong> Lisboa para o <strong>Brasil</strong>, em 30 <strong>de</strong><br />
julho <strong>de</strong> 1818, «completamente legitimado pela Polícia», conforme consta <strong>de</strong> seu<br />
passaporte encontrado no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa. Chegou ao Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1818, segundo o Registro <strong>de</strong> Estrangeiros da Intendência <strong>de</strong><br />
Polícia: “JOÃO BATISTA BOMPARD – Resi<strong>de</strong>nte à Rua da Quitanda, n.34, natural <strong>de</strong><br />
Briançon, 21 anos, solteiro, veio <strong>de</strong> Lisboa em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1818, com o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> ser<br />
caixeiro em casa <strong>de</strong> Paulo Martim Filho”.<br />
Na loja <strong>de</strong> Martin permaneceu até seu retorno a França, em 1828. Seus<br />
primeiros anos, na então capital do Império português, foram passados como assistente<br />
e caixeiro na loja <strong>de</strong> seu primo, até o momento da morte <strong>de</strong>ste último. Um anúncio<br />
encontrado no Diário do Rio <strong>de</strong> Janeiro, no dia 17 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1824, na seção <strong>de</strong><br />
Notícias Particulares, indica que Bompard assumiu o controle da livraria:<br />
J. B. Bompard, morador na rua dos Pescadores, nº 14, testamenteiro<br />
do falecido Snr. Paulo Martins, roga a todas as pessoas que tiverem<br />
dado obras ou alguns papéis para ven<strong>de</strong>r na sua loja, hajam <strong>de</strong> vir<br />
buscar, ou seus produtos, com toda a brevida<strong>de</strong> possível.<br />
Segundo notas escritas por um dos netos <strong>de</strong> Bompard, Paulo Martin confirmou<br />
seu primo como seu “her<strong>de</strong>iro”, dado que ainda merece uma investigação, pois apesar<br />
da “solidarieda<strong>de</strong> montanhesa e familiar”, não é possível crer que os Irmãos Martin <strong>de</strong><br />
Lisboa tenham aceito essa sucessão sem qualquer venda para Bompard <strong>de</strong> parte da<br />
livraria.<br />
Em verda<strong>de</strong>, Jean-Baptiste prosseguiu, com sucesso, a ativida<strong>de</strong> comercial da<br />
Loja <strong>de</strong> livraria, cartografia e publicação <strong>de</strong> Paul Martin. Segundo Hallewell, ele se