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Brasil, Portugal e França: a circulação de idéias políticas e ... - IEL

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5<br />

livros <strong>de</strong> matemática e geometria, impressos para a utilização na Aca<strong>de</strong>mia Real Militar<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro, além <strong>de</strong> memórias científicas sobre a a agricultura; seguidos daqueles<br />

voltados para Belas Letras, como os Ensaios <strong>de</strong> Alexandre Pope ou o poema Uraguai<br />

<strong>de</strong> José Basílio da Gama; Economia e Artes, com os diversos trabalhos <strong>de</strong> José da Silva<br />

Lisboa, sobre o franco comércio, Legislação e temas variados, como Almanack da<br />

Cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, mapas, entre outros.<br />

Igualmente, po<strong>de</strong>m ser encontrados alguns anúncios <strong>de</strong> obras estampadas na<br />

América portuguesa, em periódicos lusos, como o Jornal <strong>de</strong> Coimbra, editado entre<br />

1812-1820. Por exemplo, em maio <strong>de</strong> 1813, este anunciava a venda <strong>de</strong> O Patriota,<br />

jornal literário, político, mercantil, publicado no Rio <strong>de</strong> Janeiro, naquele ano, na loja <strong>de</strong><br />

Paulo Martin e Filhos, pelo mesmo preço que no Rio <strong>de</strong> Janeiro: cada folheto avulso,<br />

800rs e a subscrição, 4:000rs, por semestre, indicando a circulação <strong>de</strong> idéias entre os<br />

dois lados do Atlântico.<br />

O mesmo períodico anunciava, em inícios <strong>de</strong> 1814 livros, “que chegaram<br />

ultimamente do Rio <strong>de</strong> Janeiro” a Paulo Martin e Filhos. Tais obras foram aqui<br />

impressas e passavam a ser vendidas em Lisboa. A listagem possuía 19 títulos, sendo<br />

<strong>de</strong>z voltados para Belas Letras, como o próprio periódico O Patriota e algumas peças<br />

relacionadas à vitória dos portugueses contra as tropas napoleônicas, por exemplo, O<br />

Patriotismo Acadêmico, por Ovídio Saraiva <strong>de</strong> Carvalho e Silva, que narrava os feitos<br />

do Corpo Militar Acadêmico <strong>de</strong> Coimbra nas invasões francesas e um elogio às nações<br />

<strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, Espanha e Inglaterra em sua união para a <strong>de</strong>rrota dos franceses. Os <strong>de</strong>mais<br />

eram elogios fúnebres em virtu<strong>de</strong> da morte do Infante <strong>de</strong> Espanha e <strong>Portugal</strong> D. Pedro<br />

Carlos, casado com a filha mais velha do futuro D. João VI. Os outros nove<br />

apresentavam temática voltada para as Ciências – tratados <strong>de</strong> álgebra e geometria,<br />

trartados <strong>de</strong> cálculo diferencial, tratados <strong>de</strong> física, utilizados, sobretudo, no ensino das<br />

Aca<strong>de</strong>mias Militares. Curioso é que tais livros eram traduções <strong>de</strong> autores franceses,<br />

como Silvestre François Lacroix e o Abba<strong>de</strong> Haüy, realizados por luso-brasileiros.<br />

Destaca-se também o Diário Astronômico para o ano <strong>de</strong> 1813, calculado para o<br />

meridiano do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

A ausência <strong>de</strong> uma documentação mais específica, que indique a saída <strong>de</strong><br />

livros do <strong>Brasil</strong> para <strong>Portugal</strong> naquele período (não encontrada, pelo menos, até o<br />

presente estágio da pesquisa), levou à procura <strong>de</strong> tais indícios nos periódicos<br />

portugueses. Assim, anos mais tar<strong>de</strong>, também é possível encontrar o registro <strong>de</strong> livros<br />

originários do <strong>Brasil</strong> em <strong>Portugal</strong>, no jornal O Chronista: semanário <strong>de</strong> política,<br />

littteratura, sciências e artes, redigido por Almeida Garret (1826) e, já em meados do<br />

século, o Bibliophilo (1849) que relacionava as publicações do <strong>Brasil</strong> que circularam do<br />

outro lado do Atlântico. Tal levantamento ainda se encontra em fase <strong>de</strong> realização.<br />

Apesar <strong>de</strong> ser um livreiro importante no Rio <strong>de</strong> Janeiro e <strong>de</strong> estar inserido em<br />

outras ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio e ainda políticas 14 – Paulo Martin era sócio da Companhia<br />

<strong>de</strong> Seguros Provi<strong>de</strong>nce, e <strong>de</strong>pois, da Tranquilida<strong>de</strong>; na parte política, foi eleito<br />

compromissário da freguesia <strong>de</strong> Santa Rita no Rio <strong>de</strong> Janeiro, em 1821 – segundo seus<br />

14<br />

Para tais ativida<strong>de</strong>s, ver Lucia Maria Bastos Pereira das Neves, “Impressores e Livreiros: <strong>Brasil</strong>,<br />

<strong>Portugal</strong> e França, idéias, cultura e po<strong>de</strong>r nos primeiros anos do oitocentos”, Revista do Instituto<br />

Histórico e Geográfico <strong>Brasil</strong>eiro, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 171(451): 231-256, abril/junho <strong>de</strong> 2011

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