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Ano VI • nº 133<br />
21 de novembro de 2007<br />
<strong>R$</strong> 5,<strong>90</strong>
empoucaspalavras<br />
Divulgação<br />
A capacidade de resistência do cinema brasileiro é<br />
admirável. Não bastasse o rolo compressor dos blockbusters<br />
que Hollywood nos enfia goela abaixo o tempo<br />
inteiro, monopolizando 70 a 80% de nossas salas de<br />
projeção, os realizadores nacionais ainda enfrentam a<br />
praga da pirataria, um crime que, segundo cálculos até<br />
conservadores, causa prejuízos da ordem de US$ 200<br />
milhões, anualmente, à produção cultural brasileira.<br />
O caso de Tropa de Elite, pirateado antes de finalizado,<br />
é emblemático. No mês passado encontramos no<br />
bairro da Liberdade, em São Paulo, várias “continuações”<br />
do filme (parte II, parte III, até parte IV). Aqui<br />
mesmo na <strong>Roteiro</strong>, quatro edições atrás, o cineasta<br />
brasiliense Ronaldo Duque contou que sua filha Valéria<br />
encontrara o DVD de seu filme Araguaya, a conspiração<br />
do silêncio, à venda por míseros <strong>R$</strong> 5 na Feira dos<br />
Importados, embora nem tivesse ainda sido lançado.<br />
E ainda assim o cinema nacional resiste bravamente.<br />
Talvez poucos percebam que de uns tempos para cá<br />
temos tido sempre, em Brasília, uma dezena de produções<br />
nacionais em cartaz. Uma nova geração de cineastas,<br />
estimulada pelo barateamento de custos proporcionado<br />
pela tecnologia digital, vem imprimindo um<br />
dinamismo inédito à nossa indústria cinematográfica.<br />
O novo sistema reduziu pela metade os custos de produção.<br />
Não há mais necessidade, por exemplo, de<br />
multidões de figurantes ou de locais exóticos. Tudo<br />
pode ser criado artificialmente, a custo baixíssimo.<br />
Dessa nova geração faz parte outro cineasta candango,<br />
José Eduardo Belmonte, que pela segunda vez<br />
teve um filme – Meu mundo em perigo – selecionado para<br />
a mostra competitiva do Festival de Brasília do Cinema<br />
Brasileiro. Em sua 40ª edição, o festival começa<br />
nesta quarta-feira, 21, e traz como grande novidade o<br />
“cinema para cegos e surdos”, projeto em boa hora desenvolvido<br />
pela Diretoria de Cultura Inclusiva da Secretaria<br />
de Cultura. É o que relata Cristiano Torres<br />
em nossa matéria de capa, a partir da página 42.<br />
Boa leitura e até a próxima quinzena.<br />
Maria Teresa Fernandes e<br />
Adriano Lopes de Oliveira<br />
Editores<br />
32 brasiliensedecoração<br />
Aos 83 anos, Pernambuco do Pandeiro (na foto, bem no<br />
início de sua carreira, nos anos 50) é homenageado pelos<br />
músicos da cidade com uma animada roda de choro<br />
6<br />
12<br />
14<br />
15<br />
16<br />
22<br />
24<br />
26<br />
30<br />
35<br />
38<br />
40<br />
42<br />
águanaboca<br />
picadinho<br />
garfadas&goles<br />
pão&vinho<br />
roteirogastronômico<br />
roteirodevantagens<br />
dia&noite<br />
brasíliaturística<br />
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luzcâmeraação<br />
ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora <strong>Roteiro</strong> Ltda | Setor Hoteleiro Sul, Brasil XXI, Business Center Park 1, Sala 717 – Tel: 3964.0207<br />
Fax: 3964.0207 | Redação roteirobrasilia@alo.com.br | Editores Adriano Lopes de Oliveira e Maria Teresa Fernandes | Produção Célia Regina | Capa<br />
Edu Branquinho sobre foto de divulgação | Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Reportagem Adriana Romeo, Akemi Nitahara, Ana Cristina<br />
Vilela, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Angélica Torres, Beth Almeida, Eduardo Oliveira, Heitor Menezes, Lúcia Leão, Luis Turiba,<br />
Luiz Recena, Marcos Magalhães, Rafaela Céo, Reynaldo Domingos Ferreira, Ricardo Pedreira, Sérgio Moriconi, Súsan Faria, Teresa Mello e Vicente Sá<br />
Fotografia Débora Amorim, Eduardo Oliveira, Juan Pratginestós, Rodrigo Oliveira e Sérgio Amaral | Diretor Comercial Jaime Recena (7814.16<strong>90</strong>)<br />
Contatos Comerciais André Gil (9988.6676) e Giselma Nascimento (9985.5881) | Administrativo/Financeiro Daniel Viana e Rafael Oliveira<br />
Assinaturas (3963.0207)| Impressão Gráfica Coronário
águanaboca<br />
Consulado<br />
gaúcho<br />
A proximidade com a Esplanada dos Ministérios<br />
garante clientela vip à mais nova galeteria da cidade<br />
POR LÚCIA LEÃO<br />
FOTOS RODRIGO OLIVEIRA<br />
Poucos, entre os muitos restaurantes<br />
inaugurados nos últimos tempos em<br />
Brasília, tiveram ascensão tão rápida à<br />
condição de referência em cozinha regional<br />
e, ato contínuo, de ponto de encontro<br />
de forasteiros que por dever de<br />
ofício vivem parte dos seus dias na capital<br />
federal. Pois foi o que aconteceu com<br />
a Galeteria Beira Lago. Menos de um<br />
mês da casa aberta, o aroma do galeto<br />
na brasa com polenta frita invadiu a Esplanada<br />
dos Ministérios e, como aquela<br />
fumacinha hipnótica dos desenhos animados,<br />
atraiu vários escalões dos três<br />
poderes para almoços que às vezes mais<br />
parecem reuniões das bancadas do Rio<br />
Grande do Sul na Câmara e no Senado.<br />
“É muito bom e está bem perto do<br />
Congresso. Em cinco minutos a gente<br />
está aqui”, atesta o deputado gaúcho<br />
Beto Albuquerque, que, como o ministro<br />
da Agricultura, o<br />
paranaense Reynold<br />
Stephanes, já se tornou<br />
freguês. Deputados, senadores, ministros<br />
do Executivo e dos tribunais superiores,<br />
todos vizinhos do Setor de<br />
Clubes Sul, estão entre os clientes que<br />
garantem, diariamente, a ocupação de<br />
boa parte das mesas da Galeteria Beira<br />
Lago. Mas é o típico caso daquele ditado:<br />
“Atirou no que viu, acertou no que<br />
não viu”.<br />
POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, NÃO ERA<br />
essa a clientela que estava na mira dos<br />
empresários Marcos Gaiola e João<br />
Miranda quando resolveram fechar o<br />
restaurante Cabana da Árvore, de culinária<br />
goiano-mineira, e abrir o novo e<br />
pretensioso empreendimento em seu<br />
lugar. Ou não é pretensioso, num<br />
mercado gastronômico<br />
cada dia<br />
mais competitivo<br />
como o de Brasília,<br />
abrir um restaurante de 1.500 m 2 e<br />
capacidade para 400 clientes<br />
“Queríamos um lugar para reunir<br />
famílias, um segmento no qual Brasília,<br />
apesar do enorme crescimento do setor<br />
gastronômico, ainda é carente. E não há<br />
nada com mais vocação para isso do que<br />
uma galeteria”, garante Marcos Gaiola,<br />
respondendo à pergunta inevitável sobre<br />
como a parceria de um goiano (ele<br />
próprio) com um paulista (o sócio Miranda)<br />
resultou num restaurante típico<br />
das colônias italianas do sul do país,<br />
com as quais nenhum dos dois tem a<br />
menor relação.<br />
“Nós andamos muito, especialmente<br />
por Porto Alegre, para conhecer o negócio<br />
e montar nossa equipe. A senhora,<br />
que é da terra, sabe: o que a gente serve<br />
aqui, lá tem em qualquer lugar”, explicou-se,<br />
desta vez, João Miranda, a uma<br />
6
cliente de sotaque sulista carregado.<br />
“Mas este não é um lugar qualquer!”,<br />
retrucou, à guisa de bem-humorado elogio,<br />
a professora Wrana Maria Panizzi,<br />
que também não é uma professora qualquer,<br />
mas ex-reitora da Universidade<br />
Federal do Rio Grande do Sul e vicepresidente<br />
do CNPq.<br />
A idéia de reunir famílias determinou<br />
não apenas o cardápio, mas também<br />
a organização dos espaços da<br />
Galeteria Beira Lago. O projeto arquitetônico<br />
foi concebido para criar ambientes<br />
de diferentes tamanhos (dois com 40<br />
lugares, dois com 100 e um com 120<br />
cadeiras) que garantem uma certa privacidade<br />
para encontros e confraternizações.<br />
Como a festa, no início de<br />
outubro, de um importante general que<br />
reuniu filhos, netos e bisnetos para comemorar<br />
o aniversário em animado almoço<br />
que culminou em um sonoro<br />
parabéns, com bolo e brinde de champanhe.<br />
Graças ao desenho da Galeteria,<br />
esse e outros grupos festivos não incomodam<br />
nem são incomodados pelos<br />
demais clientes.<br />
ESSE É O GRANDE DIFERENCIAL DA<br />
Galeteria Beira Lago, que não inova no<br />
cardápio – rodízio de galeto, polenta,<br />
massa caseira, saladas verde e de batatas<br />
e molho de ervas e, à parte, picanha na<br />
chapa – mas também não decepciona<br />
na qualidade e oferece um bom padrão<br />
de serviço. A exclusiva Cachaça Beira<br />
Lago, produzida artesanalmente em<br />
Salinas só para atender o restaurante, e<br />
o néctar extraído, em temperatura<br />
inferior a zero grau, das quatro bicas da<br />
chopeira inox, também somam pontos<br />
na comparação com casas similares da<br />
cidade.<br />
“O lugar é agradável, sem aquele barulho<br />
e movimento comum nas galeterias.<br />
A qualidade da comida e do<br />
atendimento também superaram nossas<br />
expectativas. Foi uma boa surpresa”, classificou<br />
o jurista Benedito Maranhão com<br />
o aval da esposa, a professora da UnB<br />
Maria José. O casal cultiva o hábito de<br />
almoçar fora, com a família, todos os domingos,<br />
e promete voltar à Beira Lago.<br />
A metamorfose física do Cabana da<br />
Árvore foi promovida pela premiada<br />
arquiteta Mônica Pinto. Em torno da<br />
cabana original, de telhado de palha e<br />
madeirame aparente, que foi integralmente<br />
mantido, ela ampliou a área útil<br />
do restaurante dividindo-a em módulos.<br />
Assim, criou cinco ambientes diferentes<br />
e preservou o aconchego, apesar das dimensões<br />
agigantadas da casa. Janelões<br />
de vidro garantem uma boa ventilação e<br />
deixam os clientes envolvidos pelas belezas<br />
do Lago Paranoá. Como a da garça<br />
7
águanaboca<br />
que vez por outra evolui sua graça para<br />
os clientes como oferta da casa. Quadros<br />
e painéis de Nemm Soares reforçam<br />
a contemporaneidade da deco ra ção,<br />
presente ainda em outros detalhes, como<br />
os lustres e o mobiliário.<br />
A tecnologia também está no cardápio<br />
de diferenciais da Beira Lago. A casa<br />
dispõe de pontos de wi-fi para conexão<br />
de internet, carregadores para praticamente<br />
todos os modelos de celular, tela<br />
de plasma, tv a cabo e equipamentos de<br />
som (mesa, microfones e caixa), todos<br />
colocados à disposição dos clientes.<br />
“Quem quiser vir fazer um som com<br />
os amigos pode ocupar um dos espaços<br />
e nós colocamos todo o equipamento à<br />
disposição. Se outro grupo quiser se reunir<br />
para assistir a um jogo, a mesma<br />
coisa. Queremos explorar as inúmeras<br />
possi bilidades que a casa oferece.<br />
Quem tiver qualquer idéia, traga, que<br />
será bem-vinda!”, propõe Marcos Gaiola,<br />
confirmando a impressão da professora<br />
Wrana: não é um lugar qualquer!<br />
João Miranda: inspiração nas galeterias de Porto Alegre<br />
Galeteria Beira Lago<br />
SCES Trecho 2 Lote 33, Clube Ases,<br />
ao lado do Pier 21 (3223.7700)<br />
Preço do rodízio: <strong>R$</strong> 23,<strong>90</strong><br />
8
NATAL COM OPÇÕES<br />
DE PRESENTES POR TODOS<br />
OS LADOS E UM MUNDO<br />
ENCANTADO VOCÊ JÁ SABE ONDE.<br />
O Natal do Conjunto Nacional está emocionante. De um lado, dezenas de lojas com milhares de<br />
opções de presentes pra você e toda a família. De outro, uma Montanha Encantada, com tobogã<br />
gigante, teletransporte que vai te levar direto pra terra do Papai Noel que tem uma floresta, onde<br />
neva de verdade. Natal do Conjunto Nacional é assim: tem compras e diversão por todos os lados e<br />
pra todos os gostos. Imperdível.<br />
Horário de funcionamento aos domingos:<br />
Praça de Alimentação: de 12 às 20h - Lojas: de 14 às 20h.<br />
Mais informações no www.conjuntonacional.com.br<br />
9
águanaboca<br />
Japonês jovial<br />
Aos 11 anos, de cardápio novo e mais espaçoso,<br />
o Sushisan continua atraindo clientela jovem<br />
POR BETH ALMEIDA<br />
FOTOS RODRIGO OLIVEIRA<br />
Entre os muitos restaurantes de cozinha<br />
japonesa da cidade, um se destaca<br />
pela jovialidade do estilo, presente não<br />
só no cardápio mas também na decoração.<br />
Não é à toa que o Sushisan é reduto<br />
preferencial de amantes dessa culinária<br />
que têm até 30 anos ou pouco mais.<br />
Com 11 anos de existência, o restaurante<br />
é fruto da iniciativa de Danielly Brito<br />
quando tinha 20 anos e ainda cursava<br />
Administração de Empresas.<br />
“Sempre fui apaixonada por gastronomia<br />
e já na adolescência fiz vários<br />
cursos. Entre eles, um com o francês<br />
Daniel Briand e outro de culinária japonesa,<br />
com o Melki”, relata Danielly.<br />
Melki vem a ser Melquisedec Ferreira<br />
da Silva, um ex-taxista que aprendeu os<br />
segredos da culinária oriental com um<br />
passageiro de origem nipônica e depois<br />
ganhou fama como sushiman. Até pouco<br />
tempo atrás dava cursos no próprio<br />
Sushisan.<br />
Há sete anos Danielly trocou Brasília<br />
pelo Rio de Janeiro, onde estuda Teatro,<br />
deixando a gestão do restaurante a cargo<br />
do irmão, Beto, que acabou comprando<br />
a casa. Apesar da mudança,<br />
continuou participando do negócio, especialmente<br />
na área de que mais gosta.<br />
Prova disso é o novo cardápio do Sushisan,<br />
que marca os 11 anos do restaurante,<br />
completados em 18 de outubro. As<br />
novidades começam já nas entradas,<br />
com bolinhas de lula defumada recheadas<br />
com cream cheese temperado e dois<br />
novos sabores de rolinhos primavera:<br />
um com camarão ao catupiry e molho<br />
de hortelã e outro com carne seca, cebola<br />
e catupiry.<br />
Danielly gosta de misturar sabores<br />
novos, mas não se imagina enquadrada<br />
em rótulos estabelecidos pelas novas<br />
tendências da gastronomia contemporânea<br />
ou fusion. “Acho que minha culiná-<br />
10
ia é confusion”, brinca, sem se preocupar<br />
com possíveis críticas dos tradicionalistas<br />
da cozinha japonesa, que não admitem<br />
esse “abrasileiramento”. “É compreensível<br />
que não aceitem que uma comida<br />
tão tradicional como a japonesa seja<br />
mudada, mas esta é uma tendência do<br />
mundo atual, em todas as áreas”, argumenta.<br />
Ela também mexeu nos sashimis da<br />
casa, que chegam à mesa cortados fininhos,<br />
como se deve. As opções são: salmão<br />
e peixe prego ao molho de goiaba e<br />
gengibre, salmão e atum cobertos por<br />
tempero especial e atum levemente grelhado<br />
em crosta de gergelim torrado.<br />
Entre os pratos combinados de sushis e<br />
sashimis, agora existem as alternativas de<br />
rolinhos de camarão e legumes empanados<br />
por dentro (espécie de Filadélfia<br />
Roll, só que a fritura está apenas no recheio),<br />
tatakis (sashimi em que o peixe é<br />
levemente grelhado antes de ser fatiado)<br />
de salmão e atum e sashimis de hadock e<br />
de lula defumada. O drink antes da refeição<br />
pode ser o Red Fruits, outra novidade<br />
da casa: sakê servido em copo alto<br />
com amoras, framboesas e morangos.<br />
Essas opções estão todas no cardápio<br />
à la carte, mas o restaurante continua<br />
trabalhando com o bufê, que tem novidades<br />
a cada mês e é a preferência de<br />
70% da clientela, especialmente no almoço.<br />
Coincidindo com o incremento<br />
no cardápio, o Sushisan também passou<br />
por uma pequena reforma, ganhando<br />
mais um ambiente – um varandão voltado<br />
para a área residencial da quadra,<br />
aumentando a capacidade da casa de<br />
100 para 130 lugares. Mas os que gostam<br />
dos tatames do primeiro andar podem<br />
continuar usufruindo do agradável<br />
espaço, primeiro do restaurante a lotar,<br />
no movimento noturno. Para garantir<br />
lugar, a casa aceita reservas com indicação<br />
do local preferido, menos às sextas<br />
e sábados.<br />
Sushi San<br />
211 Sul (3345.1804 – reservas e delivery)<br />
11
picadinho<br />
Foto Arte no Ichiban<br />
Uma boa opção para harmonizar<br />
belas imagens e bons sabores. O<br />
Ichiban, um dos 28 restaurantes e<br />
bares que hospedam exposições da<br />
Foto Arte 2007, apresenta Paisagens<br />
marinhas, de Dorival Moreira. Trata-se<br />
de um estudo fotográfico que mostra<br />
o nomadismo como traço do homem<br />
e de sua civilização. A mostra fica no<br />
restaurante japonês até 6 de<br />
dezembro.<br />
Cafezinho campeão<br />
O sabor harmoniza doçura, acidez<br />
e amargor. Na aparência e na<br />
consistência, a crema é o retrato do<br />
equilíbrio entre textura e cor. Eis o<br />
café perfeito, o néctar que extrai toda<br />
a potencialidade dos grãos especiais<br />
e conquista cada vez maiores legiões<br />
de amantes e espaço nobre nos<br />
cardápios gourmets. É essa perfeição<br />
que baristas de Brasília e Goiânia<br />
tentarão alcançar durante a etapa<br />
Centro-Oeste do III Campeonato<br />
Nacional de Baristas, dias 24 e 25,<br />
no Espaço Gourmet do Mercado<br />
Municipal, na 509 Sul. Cada<br />
concorrente terá 15 minutos para<br />
preparar quatro espressos, quatro<br />
capuccinos e um drink de café com<br />
assinatura própria. Seis jurados<br />
escolherão os três melhores baristas,<br />
que participarão da disputa nacional,<br />
em dezembro, na capital paulista.<br />
O campeão brasileiro garante vaga<br />
no Campeonato Mundial, em<br />
Copenhagen, na Dinamarca.<br />
O público poderá acompanhar a<br />
disputa e até degustar um cafezinho.<br />
Não custa nada!<br />
Congelados gourmet<br />
Para quem quiser um Natal e um<br />
Ano Novo saborosos, mas com pouco<br />
trabalho, a Morello Congelados<br />
Gourmet lançou um cardápio<br />
exclusivo para as datas. As criações<br />
especiais são da chef Juliana Cestari,<br />
que desenvolveu pratos natalinos<br />
congelados que ficam prontos em<br />
poucos minutos e evitam o estresse.<br />
Exclusividade<br />
do Antiquário<br />
O proprietário do Café Antiquário,<br />
Fernando Cabral, já garantiu sua<br />
cota do vinho Beaujolais Nouveau,<br />
fenômeno de mercado que costuma<br />
esgotar antes mesmo de chegar às<br />
prateleiras. As garrafas chegarão<br />
nesta segunda quinzena de<br />
novembro e serão vendidas a<br />
<strong>R$</strong> 119,60. Produzido com a uva<br />
Gamay, da Borgonha, o Beaujolais<br />
Nouveau é um vinho jovem, leve e<br />
frutado, ideal para acompanhar<br />
petiscos e pratos leves, inclusive<br />
carnes brancas de aves, pescados<br />
e frutos do mar.<br />
Bebemoração<br />
Para quem quer algo diferente dos<br />
tradicionais vinhos e espumantes,<br />
uma alternativa igualmente<br />
sofisticada são as cervejas européias<br />
importadas pela Boxer do Brasil,<br />
encontradas nas principais redes<br />
de supermercados e em lojas<br />
especializadas. Com sabor bem<br />
diferente das cervejas brasileiras,<br />
as inglesas Fuller’s, Abbot Ale, IPA,<br />
Strong Suffolk Vintage Ale, Old<br />
Speckled Hen, New Castle Brown<br />
Ale e Ruddles County, a cremosa<br />
irlandesa Wexford Irish Cream Ale<br />
e a francesa Kronenbourg 1664 são<br />
ótimas escolhas para brindar o final<br />
de ano.<br />
Bebemoração (II)<br />
As festas de fim de ano também<br />
podem ser comemoradas com<br />
cachaça, por que não Lá vai a<br />
receita de um dos drinks especiais de<br />
Ano Novo criados pela Universidade<br />
da Cachaça, bar paulista que possui<br />
450 marcas da bebida: amasse num<br />
Hora de confraternizar<br />
Vários restaurantes prepararam pacotes especiais para as confraternizações de fim de ano. O Lake’s (402 Sul)<br />
oferece ambiente privativo, ou pode levar sua equipe e sua estrutura ao local que o cliente escolher. O Porcão,<br />
que dispõe de salão exclusivo para até 60 pessoas, trabalha com pacotes fechados (<strong>R$</strong> 83 a <strong>R$</strong> 141 por pessoa)<br />
que incluem rodízio, bufê, sobremesa, sommelier, recepção, manobristas e gerentes. Os restaurantes do chef Dudu<br />
Camargo também aderiram à idéia. O da 303 Sul oferece às sextas-feiras o “cardápio dos amigos” (bufê especial<br />
preparado por encomenda para grupos). São três sugestões com prato principal, sobremesa e aperitivos, com preço<br />
único. No Your’s (QI 11 Lago Sul), de segunda a sábado, no almoço, a casa põe à disposição seus mais de 100<br />
lugares para a realização de eventos e confraternizações, da maneira que o cliente pedir, com direito a cardápio<br />
personalizado. A cantina italiana Unanimità (408 Sul), dependendo da quantidade de pessoas, também oferece<br />
ambiente exclusivo para a confraternização. Para quem preferir uma comemoração à japonesa, a pedida é o Haná,<br />
que de segunda a quarta-feira, no almoço e no jantar, recebe grupos de 11 a 20 pessoas e, a partir de quinta, de<br />
até 10 pessoas, com bufê de sushis, sashimis e pratos quentes a <strong>R$</strong> 36 no almoço e <strong>R$</strong> 42 no jantar. Encerrando<br />
a lista, a Viçosa Pastelaria e Pizzaria (404 Sul) aluga o local para almoços de grupos com 20 pessoas ou mais.<br />
12
POR RODRIGO OLIVEIRA<br />
rodrigo@alo.com.br<br />
copo hortelã, uma lima da Pérsia e<br />
açúcar. Acrescente gelo e duas doses<br />
de sua cachaça preferida. Complete<br />
com vinho espumante brüt. Beba!<br />
Com moderação, é claro!<br />
Vinhas do Douro<br />
Ainda para brindar o fim<br />
de ano sem recorrer aos<br />
infalíveis champanhes<br />
e proseccos, duas boas<br />
opções são espumantes<br />
vindos da Península<br />
Ibérica. Novidades<br />
no mercado nacional,<br />
trazidos com<br />
exclusividade pela<br />
Vinhas do Douro,<br />
o Raposeira Reserva<br />
Brüt e Raposeira Rosé<br />
Brüt 2001 guardam<br />
mais de um século<br />
de história na região<br />
do Lamego, Portugal.<br />
Já o espanhol Cava<br />
Cristalino Brüt, da<br />
J.Garcia Carrion, acumula<br />
prêmios de melhor custo-beneficio<br />
em publicações respeitadas como<br />
The New York Times, Wine Enthusiast<br />
e Wine Spectator. O espumante é<br />
feito com as uvas Macabeo (50%),<br />
Parellada (25%) e Xarel-lo (25%).<br />
Zonin<br />
E por falar em vinhos premiados,<br />
a Zonin, maior vinicola da Itália,<br />
ganhou três medalhas de ouro e onze<br />
de prata e foi nomeada como Melhor<br />
Produtor Europeu para 2007-2008<br />
durante o evento Mondus Vini, na<br />
Alemanha. Para conhecer os vinhos<br />
da Zonin: www.globalbev.com.br.<br />
Praça nova<br />
Comer no shopping mais antigo<br />
de Brasília agora é mais agradável.<br />
A praça de alimentação do Conjunto<br />
Nacional foi totalmente reformada.<br />
As 22 lojas de alimentação ganharam<br />
um novo espaço, com novas mesas,<br />
cadeiras, iluminação e até isolamento<br />
acústico. O número de cadeiras<br />
aumentou em 10%. Segundo o<br />
gerente de marketing do shopping,<br />
João Marcos Mesquita, a reforma<br />
“melhorou a sensação térmica<br />
e acústica do ambiente, com<br />
revestimentos nobres e<br />
aconchegantes”. A obra incluiu<br />
projeto paisagístico, lavatórios,<br />
centrais de limpeza e móveis novos.<br />
Quinze<br />
O Crepe au Chocolat está com uma<br />
promoção especial para comemorar<br />
os 15 anos, completados neste 15 de<br />
novembro. Durante 15 dias (até o dia<br />
30), os crepes com camarão estarão<br />
todos com o preço especial de <strong>R$</strong> 15.<br />
São cinco sabores: Itaparica (camarão<br />
aos três queijos), Marujo (camarão<br />
com catupiry), Dona Flor (moqueca<br />
de camarão com purê de abóbora),<br />
Caymi (strogonoff de camarão) e<br />
Itapoã (camarões ao creme de queijo<br />
gruyère e brócolis). Os clientes que<br />
possuem o cartão fidelidade pagam<br />
<strong>R$</strong>13,00 por crepe. A creperia lançou<br />
também uma caneca comemorativa,<br />
que será vendida por <strong>R$</strong> 7.<br />
Delícias de bacalhau<br />
O "príncipe dos mares", como é<br />
conhecido o bacalhau, recebe<br />
excelente tratamento no Bona Fide<br />
Bistrô (QI 9/11 do Lago Sul). O carrochefe<br />
dos petiscos é a casquinha de<br />
bacalhau gratinada (<strong>R$</strong> 10,50). Como<br />
prato principal, uma boa sugestão<br />
é o bacalhau gratinado (<strong>R$</strong> 46 para<br />
duas pessoas). Outra opção é o Bona<br />
Fide, servido em posta, assado com<br />
azeite extra virgem, alho e cebola,<br />
acompanhado de legumes ao vapor,<br />
batata gratinada e arroz com brócolis<br />
(<strong>R$</strong> 99). Para acompanhar, segundo<br />
Rogério Laudares, proprietário do<br />
bistrô, um vinho encorpado é o ideal.<br />
Fotos: Divulgação<br />
13
O Natal e suas metáforas<br />
LUIZ RECENA<br />
garfadasegoles<br />
@alo.com.br<br />
14garfadas&goles<br />
Pão. Vinho. Jesus Cristo e seus doze apóstolos. Não foi o primeiro nem o mais lauto jantar de todos os<br />
tempos. Mas virou referência na civilização da qual fazemos parte. Os dois ingredientes básicos da ceia<br />
vararam os séculos e são presenças marcantes nas nossas mesas – e nas nossas vidas – até hoje. A força<br />
e o significado desse jantar, bem como as metáforas e interpretações que ele desencadeou, ainda pautam,<br />
inquietam estudiosos e leigos na busca de explicações. Esse jantar não ocorreu no final de um ano, mas<br />
é nos finais de ano que mais lembramos dele. E, a partir da celebração do nascimento do Cristo-menino,<br />
organizamos ágapes adultos, os mais variados. Calibres e cardápios dependem dos bolsos. Só há uma<br />
certeza: todos comem e todos bebem. A alegria é justa, ainda que oriunda, às vezes, de religiões não<br />
atendidas com a militância que elas reivindicam. Há, então, outra certeza: o Natal que a cada ano chega<br />
é motivo suficiente para renovar celebrações de amor e amizade. Celebremos!<br />
Uvas natalinas<br />
No tórrido ambiente dos trópicos, as cervejas, geladas<br />
e mais baratas, costumam concentrar as atenções.<br />
Nada contra. No entanto, nunca é demais<br />
lembrar que a ceia do homenageado foi com vinho.<br />
É mister, pois, buscar nos fermentados de uva o caminho<br />
da celebração. O terreno é do meu colega<br />
Alexandre Franco, mas animo-me a chamar a atenção<br />
dos leitores para os espumantes nacionais, em<br />
primeiro lugar. Depois, para os brancos e tintos. E<br />
agora, moda última, os rosés. A produção nacional<br />
melhorou muito e merece compras.<br />
Farta oferta<br />
Além dos nacionais, não devemos esquecer, lógico,<br />
que este ano nos brindaram com inúmeras e saborosas<br />
visitas. Argentinos, chilenos e uruguaios, para<br />
começar com los hermanos, melhoraram oferta, variedade,<br />
qualidade e preço, sobretudo este último,<br />
aproveitando-se de benesses fiscais ainda não estendidas<br />
aos nacionais. Coisas do Brasil. Espanhóis,<br />
franceses, italianos e portugueses também marcaram<br />
presença no ano que termina. Todos estarão<br />
nas boas casas do ramo. E, como o Natal é anúncio<br />
de uma grande novidade, todos certamente estarão<br />
anunciados nas páginas especializadas desta revista.<br />
Os que fazem<br />
Homenagem ainda que tardia. No passado 26 de<br />
outubro, em Bento Gonçalves, Serra Gaúcha, praça<br />
matriz do melhor produto nacional, os fazedores<br />
de vinho reuniram-se para comemorar o Dia do<br />
Enólogo e, ao mesmo tempo, homenagear o melhor<br />
dentre eles neste ano de 2007. O título foi<br />
para Adriano Miolo, que realiza suas alquimias na<br />
empresa que leva o nome da família. A Associação<br />
Brasileira de Enologia, com parcerias, realiza o certame<br />
desde 2004. Parabéns!<br />
Italianos aqui - 1<br />
Quem chega a Brasília merece registro. É o caso das<br />
vinícolas italianas Nino Franco e La Montecchia,<br />
que em visita recente, via Expand, mostraram clássicos<br />
e novidades. A Nino Franco, fundada em 1919,<br />
abriu com o Prosecco Rústico, carro-chefe da empresa.<br />
É mesmo um craque: fresco, frutado, cítrico.<br />
Já recebeu <strong>90</strong> pontos de Robert Parker. Silvia Franco,<br />
a herdeira, apresentou ainda os Prosecco Primo<br />
Franco (em homenagem ao bisavô dela), Rive de<br />
San Floriano Brüt e o novíssimo Faíve Rosé Brüt,<br />
este último elaborado com uvas Merlot (80%) e Cabernet<br />
Franc.<br />
Italianos aqui – 2<br />
O outro visitante foi Giordano Capodilista, da vinícola<br />
La Montecchi, a família que faz vinho há vários<br />
séculos (sim, escrevi séculos). Até um beato se mistura<br />
com a história de condes e outros nobres. O<br />
Ca’ Emo Rosso 2004 e o Forzate Raboso I.G.T.<br />
honraram as tradições. Mas foi o Fior D’Arancio<br />
Passito Colli Euganei DOC o vinho que roubou as<br />
atenções, no final do almoço. Moscato, amarelo forte,<br />
doce sem ser enjoativo. Surpreendente.<br />
E para comer<br />
O Moscato acompanhou a sobremesa de maçã ao<br />
vinho com sorvete de maracujá, que fechou o belo<br />
almoço aberto com salada de magret defumado. No<br />
meio, risoto com flor de abóbora e camarão, além<br />
de um cordeiro grelhado com shitake e misto de<br />
favas. No comando, o jovem chefe Gabriel, pupilo<br />
de Luciano Boseghia, que está na Expand local desde<br />
sua inauguração, no começo do ano.<br />
Novo Gil<br />
Calma, não é o ministro da Cultura lançando novidades<br />
musicais. É o Guimarães, da Azulejaria e do<br />
Baco, com seu novo ponto, o Barcelona, ou Barca,<br />
para os íntimos. O tão-sonhado bar espanhol chega<br />
com muitas novidades. Além da pretensão de criar<br />
uma nova cultura para os militantes da happy hour<br />
brasiliense. Abre neste 20 de novembro, na 206 Sul.
pão&vinho<br />
Per brindare (2ª parte)<br />
ALEXANDRE DOS SANTOS FRANCO *<br />
Seja o tradicional champanhe, seja<br />
um espumante de qualquer outra região<br />
do mundo, as técnicas para sua<br />
produção são essencialmente as mesmas.<br />
Todo espumante nasce como um<br />
vinho tranqüilo, chamado de “vinhobase”,<br />
para o qual se parte da colheita<br />
das uvas com baixo nível de açúcar, entre<br />
15 e 19 graus Brix, e alto nível de<br />
acidez. As uvas sofrem sua fermentação<br />
convencional e são reunidas nos ditos<br />
vinhos básicos, conhecidos como “Vin<br />
de Cuvée”, para depois sofrer uma segunda<br />
fermentação, responsável pelo<br />
aparecimento das borbulhas.<br />
A partir da colheita, que nas melhores<br />
vinícolas se faz separando-se para<br />
a fermentação as uvas por casta e<br />
por vinhedo, chega o momento em<br />
que o enólogo seleciona a dita Cuvée<br />
misturando os diversos vinhos – às vezes<br />
mais de 50 – e obtendo como resultado<br />
o tal vinho-base. Em determinados casos,<br />
esse vinho pode ser obtido a partir<br />
de uma única casta, como é o caso dos<br />
“blanc de blanc”, feitos só da uva Chardonay,<br />
ou a partir de uma única safra, o<br />
que dá origem aos caros champanhes<br />
safrados. Mas comumente o fazem de<br />
uma mistura de castas (principalmente<br />
Chardonay, Pinot Noir e Pinot Meunier,<br />
na região de Champagne, e de<br />
uma série de outras castas em outras regiões<br />
do mundo), de uma mistura de<br />
vinhedos e de uma mistura de safras.<br />
Há essencialmente três métodos diferentes<br />
para se obter esse precioso néctar:<br />
o tradicional, ou Champenoise, o<br />
da transferência, quase em desuso, e o<br />
Charmat. No método Champenoise, a<br />
segunda fermentação ocorre na própria<br />
garrafa que vai à loja. O Cuvée é fermentado<br />
e engarrafado, e depois sofre<br />
o acréscimo de uma solução de vinho,<br />
açúcar e levedura (licor de fermentação<br />
ou liqueur de tirage), antes de se lacrar as<br />
garrafas com uma rolha temporária ou<br />
tampa de metal. Depois, essas garrafas<br />
são deitadas de lado para a segunda fermentação,<br />
por três ou quatro meses, em<br />
caves climatizadas com temperaturas entre<br />
11 e 13 graus. O vinho deve permanecer<br />
em contato com as leveduras por<br />
longos períodos, pois esse contato e a<br />
autólise (decomposição) que as leveduras<br />
sofrem é que dão ao champanhe<br />
riqueza e complexidade de sabor. Em<br />
Champagne, o período mínimo desse<br />
contato é de um ano, mas normalmente<br />
é bem mais longo.<br />
Obtidas as borbulhas e desenvolvidos<br />
os sabores, torna-se necessário retirar<br />
o sedimento de levedura das gar rafas.<br />
Essa técnica se denomina dégorgement<br />
(limpeza). Mas, para chegar lá, as garrafas<br />
passam ainda pelo processo chamado<br />
de remuage. São colocadas de gargalo<br />
para baixo, em ângulo, e com movimentos<br />
manuais giratórios faz-se com que<br />
os sedimentos se desloquem gradualmente<br />
para a área dos gargalos. Após<br />
seis semanas, os gargalos são mergulhados<br />
numa solução de salmoura abaixo<br />
do ponto de congelamento. Depois<br />
de aberta, a garrafa expulsa o “tampão”<br />
por pressão, deixando o champanhe<br />
livre dos sedimentos. O líquido perdido<br />
no processo é substituído por champanhe<br />
ou por uma solução de vinho<br />
e calda de açúcar, o chamado “licor<br />
de dosage” ou “liqueur d’expédition”,<br />
que determinará o grau de doçura<br />
da bebida.<br />
Pelo método da transferência, embora<br />
a segunda fermentação ocorra numa<br />
garrafa, esta não é a mesma que se<br />
encontrará à venda mais tarde. E, mais<br />
importante, não há revolvimento (remuage)<br />
nem limpeza (dégorgement), sendo<br />
ambas as etapas substituídas pela filtragem.<br />
Durante o processo de transferência,<br />
o vinho é passado para um grande<br />
tanque pressurizado, no qual será filtrado<br />
(para remoção das células de leveduras<br />
e outros sedimentos), para depois<br />
ser novamente engarrafado.<br />
Finalmente, no método Charmat,<br />
feito a granel, após a fermentação inicial<br />
o Cuvée é despejado diretamente<br />
num tanque fechado, com uma solução<br />
adicional de levedura e açúcar. A<br />
segunda fermentação leva de três a quatro<br />
semanas, após o que o vinho é filtrado<br />
e engarrafado.<br />
Certo é que o método Champenoise<br />
cria espumantes muito superiores<br />
aos produzidos pelo método Charmat,<br />
enquanto o método da transferência<br />
consegue se aproximar bastante do primeiro.<br />
No próximo artigo concluiremos o<br />
assunto falando sobre tipos e estilos de<br />
champanhes, graus de doçura, tamanhos<br />
de garrafas e dos espumantes feitos<br />
fora da região de Champagne.<br />
*Empresário e enófilo<br />
15
oteirogastronômico<br />
Armazém do Ferreira<br />
Restaurante inspirado no Rio de<br />
Janeiro dos anos 40. O buffet,<br />
com cerca de 20 tipos de frios,<br />
sanduíches e rodadas de empadas<br />
e quibes, com a performance do<br />
garçom Tampinha, são boas opções<br />
para os freqüentadores.<br />
202 Norte (3327.8342)<br />
CC: Todos<br />
BRASILEIROS<br />
Esquina da Vila<br />
A traíra sem espinhas é o principal<br />
prato da casa, mas a peixada ao<br />
molho, os filés de truta, salmão,<br />
badejo e surubim grelhados - com<br />
seus deliciosos acompanhamentos -<br />
fazem da casa, com seu estilo único,<br />
uma excelente opção.<br />
Vila Planalto(3306.2539)<br />
CC: todos<br />
BARES<br />
Bar Brasília<br />
Em plena W3 Sul, o Bar Brasília tem<br />
decoração caprichada, com móveis e<br />
objetos da primeira metade do século<br />
XX. Destaques para os pasteizinhos.<br />
Sugestão de gourmet: Cordeiro<br />
ensopado com ingredientes<br />
especiais, que realçam seu sabor.<br />
506 Sul Bloco A (3443.4323)<br />
CC: Todos<br />
Bar e Pizzaria do Brás<br />
Cerveja gelada e buffet. Mais de 40<br />
opções de frios e petiscos. De 2ª a<br />
6ª, buffet no almoço. Aos sábados,<br />
feijoada e cachaças, além do buffet<br />
de massas e saladas. Todos os dias<br />
rodízio de pizzas, caldos e massas.<br />
107 Norte (3347.4735) CC: V<br />
BUFFET DE FESTA<br />
Sweet Cake<br />
É um dos mais renomados buffets<br />
de festa da cidade, com mais de<br />
dez anos de experiência. Além dos<br />
salgados e doces finos oferecidos<br />
no buffet, destaque para o Risoto de<br />
Foie-Gras, o Carré de Cordeiro ao<br />
Molho de Alecrim e o Filé ao Molho<br />
de Tâmaras.<br />
QI 21 do Lago Sul (3366.3531)<br />
Camarão 206<br />
Cardápio variado, sabor e qualidade.<br />
Buffet no almoço é o carro-chefe, com<br />
mais de 10 pratos quentes, diversos<br />
tipos de saladas e várias opções de<br />
sobremesa, a <strong>R$</strong> 35,<strong>90</strong> (2ª a 6ª) e<br />
<strong>R$</strong> 39,<strong>90</strong> (sáb, dom e feriados) por<br />
pessoa. No jantar, serviço à la carte.<br />
206 Sul (3443.4841), Liberty Mall<br />
e Brasília Shopping CC: todos<br />
BRASILEIROS<br />
Monumental<br />
Numa das esquinas mais valorizadas<br />
da cidade, a casa tem uma ampla<br />
varanda e o chope bem gelado. No<br />
almoço, buffet variado de saladas,<br />
massas e grelhados. À noite, as<br />
lingüiças mineiras estão entre os<br />
petiscos mais pedidos.<br />
201 Sul (3224.9313)<br />
CC: todos<br />
Diamantina Restaurante<br />
Ambiente requintado e charmoso.<br />
No cardápio, um convívio<br />
harmonioso entre pratos da cozinha<br />
contemporânea e os preferidos do<br />
ex-presidente Juscelino Kubitschek.<br />
Adega climatizada.<br />
Hotel Kubitschek Plaza<br />
(3329.3774) CC: todos<br />
BUFFET DE RESTAURANTE<br />
Don’ Durica<br />
No almoço, bufê com mais de 100<br />
opções (<strong>R$</strong> 32,<strong>90</strong>) com sobremesa<br />
inclusa e feijoada completa aos<br />
sábados. No jantar, pratos da<br />
cozinha contemporânea de dar água<br />
na boca. Dose dupla de chopp no<br />
happy hour, de 17:30 às 20:30.<br />
Funcionamento: segunda a sábado.<br />
201 Norte (3326.1045)<br />
CC: V. M. D<br />
16
MÚSICA AO VIVO ACESSO PARA DEFICIENTES<br />
DELIVERY MANOBRISTA<br />
ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTE<br />
CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R<br />
Chiquita Bacana<br />
Café Antiquário<br />
O Chiquita Bacana oferece almoço com pratos<br />
variados e bem servidos, como massas e<br />
grelhados. Todas as segundas-feiras, é vez da<br />
Segundona Universitária, o cliente terá 50%<br />
de desconto em todas as bebidas. Nas terçasfeiras,<br />
dose dupla de caipifruta e vodka. Aos<br />
sábados tem Feijoada a <strong>R$</strong> 12,<strong>90</strong> por pessoa.<br />
O happy hour acontece todos os dias, com<br />
chopp a <strong>R$</strong> 2,20.<br />
209 Sul (3242.1212)<br />
CC: Todos<br />
CHOPERIAS<br />
No almoço de 2ª. a 6ª., Grandes Receitas:<br />
Peixada, Cozido, Cassoulet, Galinhada e<br />
Baião de Dois. Cinco strogonoffs e sete<br />
escondidinhos atendem carnívoros e<br />
vegetarianos. Saladas, simples grelhados e o<br />
ambiente à beira lago satisfazem aos gostos<br />
mais exigentes.<br />
Pontão do Lago Sul (3248.7755)<br />
CC: Todos<br />
Monjolo<br />
Com cinco lojas na cidade, mantém a<br />
tradição em mais de 200 produtos de<br />
receitas típicas do interior de Goiás,<br />
preparados artesanalmente, sem<br />
conservantes ou estabilizantes. A torta<br />
Suflair é uma das tentações da linha<br />
doce. Na linha salgada, uma boa opção<br />
são as quiches, com recheios variados.<br />
404 Norte, 215 Norte, 210 Sul,<br />
103 Sudoeste e QI 13 Lago Sul (3361.7767)<br />
Praliné<br />
O cardápio é bastante variado, com<br />
tortas doces e salgadas, bolos, pães,<br />
géleias, caldos quentes, quiches,<br />
tarteletes, chás, café e sucos de<br />
frutas naturais. Café da manhã por<br />
<strong>R$</strong> 11,<strong>90</strong> de 2ª a 6ª (buffet por<br />
pessoa).<br />
205 Sul bl A lj 3<br />
(3443.74<strong>90</strong>) CC: V<br />
Torteria Di Lorenza<br />
As mais deliciosas tortas da cidade estão<br />
na Torteria Di Lorenza. São centenas<br />
tipos. Amora Quaker, Frango com Catupiry<br />
e Sonho de Valsa Crocante estão entre<br />
as mais pedidas. Vá a uma de nossas<br />
lojas ou peça pela Loja Virtual em www.<br />
torteriadilorenza.com.br/lojavirtual.<br />
Sudoeste (3344.4600), Shopping Deck<br />
Norte (3468.1528), 115 Norte (3349.7807),<br />
213 Norte (3340.1730), Brasília Shopping<br />
(3328.4853), Lago Sul (3364.5096), 302 Sul<br />
(3226.9667), 211 Sul (3245.6000).<br />
CONFEITARIAS<br />
Templo<br />
O Templo foi concebido para os<br />
apaixonados pelo ritual do prazer<br />
a mesa, buscam uma alimentação<br />
naturalmente saudável e harmonizada<br />
na composição de sabores e aromas.<br />
No almoço, menu executivo com de<br />
salada, principal e sobremesa a <strong>R$</strong><br />
32,00.<br />
212 sul (3245.1210)<br />
CC: V, M, D e A<br />
C’est si bon<br />
A casa oferece saladas, massas,<br />
risotos, grelhados e mais de 50 sabores<br />
de crepes. Adega climatizada com mais<br />
de 60 rótulos. Sugestão: New York<br />
(maçã c/ canela, chocolate amargo e<br />
licor de café). Toda 2ª e 5ª música ao<br />
vivo. (www.cestsibon.com.br)<br />
408 Sul (3244.6353)<br />
CC: V, M e D<br />
Crepe au Chocolat<br />
A nova loja do Crepe au Chocolat, no<br />
Deck Brasil abriu suas portas com<br />
muitas novidades. São seis crepes<br />
novos, incluindo o delicioso Fanfã<br />
de Pêssego, e saladas que valem<br />
por uma refeição. Reservas pelo tel:<br />
3443-2050.<br />
210 Sul (3443.2050),<br />
109 Norte (3340.7002)<br />
Deck Brasil QI 11 Lago Sul<br />
(3037.2357) CC: V, C<br />
CONTEMPORÂNEOS<br />
CREPERIAS<br />
17
oteirogastronômico<br />
ESPANHOL<br />
Pata Negra<br />
Ênfase na cozinha andaluza, oferece<br />
mais de 30 delícias gastronômicas,<br />
como o Jamon Pata Negra, as tapas<br />
e a tradicional paella. Para beber,<br />
o Chopp Pata Negra, sangria e boa<br />
variadade de vinhos. Jantar de<br />
segunda a sábado e almoço, sábados<br />
e domigos com delicioso buffet de<br />
paellas.<br />
413 Sul (3345.0641) CC: Todos<br />
BSB Grill<br />
Desde 1998 oferece as melhores e os<br />
mais diversos cortes nobres de carne:<br />
Bife Ancho, Bife de tira, Prime Ribe,<br />
Picanha, além de peixe na brasa, esfirras,<br />
quibes e outras especialidades árabes.<br />
Adega climatizada e espaço reservado<br />
completam os ambientes das casas.<br />
INTERNACIONAIS<br />
Oliver<br />
O restaurante comemora 2 anos de<br />
sucesso unindo música, arte e cozinha.<br />
Vencedor do Prêmio <strong>Roteiro</strong> 2006 na<br />
categoria Internacional. Destaque para o<br />
bacalhau ao Zé do Pipo (foto).<br />
Brasília Golfe Center -<br />
SCES Trecho 2 (3323.5961)<br />
Espaço Cultural Contemporâneo<br />
ECCO - SCN Qd.3 (3326.1250)<br />
CC: Todos<br />
San Marco Hotel<br />
Aos sábados, no restaurante<br />
panorâmico do hotel, suculenta feijoada<br />
com ingredientes separados. Entradas:<br />
deliciosas batidas, acarajé e caldinho<br />
de feijão. <strong>R$</strong> 30 + 10% por pessoa ou<br />
<strong>R$</strong> 55 + 10% o casal. Música ao vivo<br />
e sobremasas inclusas.<br />
304 Norte (3326.0976)<br />
413 Sul (3346.0036) CC: A, V<br />
SHS Qd 5 Bl C (2103.8484)<br />
CC: Todos<br />
Cantina da Massa<br />
GRELHADOS<br />
Agora, todo sábado é dia de<br />
dobradinha na cantina da massa.<br />
Dobradinha bovina com mocotó,<br />
molho de tomate, alho, cebola,<br />
salsinha, cebolinha, nós-moscada,<br />
louro, sálvia e pimenta, acompanha<br />
pao italiano e caseiro(<strong>R$</strong> 15,00).<br />
302 Sul (3226.8374)<br />
CC: Todos<br />
Roadhouse Grill<br />
Criado nos EUA, foi eleito por três anos<br />
consecutivos o preferido da família<br />
americana. Com mais de 100 lojas,<br />
seus generosos pratos foram criados,<br />
pesquisados e inspirados nas raízes da<br />
América. Conheça tais delícias: ribs,<br />
steaks, pasta, hambúrgueres.<br />
S.Clubes Sul Tr. 2 ao lado do<br />
Pier 21 (3321.8535)<br />
Terraço Shopping (3034.8535)<br />
ITALIANOS<br />
Dom Romano<br />
Desde 1988, foi pioneira em assar<br />
as pizzas no forno a lenha. As pizzas<br />
têm sabor e sotaque paulistano. As<br />
massas e molhos são de fabricação<br />
própria, e têm sabores bem caseiros.<br />
As porções bem servidas, retratam a<br />
origem italiana.<br />
QI 11 Lago Sul (3248-0078)<br />
102 Norte (3327-7776) CC: V, M e D.<br />
INTERNACIONAIS<br />
Bier Fass Gilberto Salomão<br />
O Bierfass Gilberto Salomão completa<br />
em 2007 seu 38º ano de sucesso,<br />
com uma fórmula que agrega tradição,<br />
ambiente, cozinha e público diferenciado.<br />
Destaque para a cozinha internacional,<br />
variando pratos clássicos aos modernos,<br />
que influi tanto nos ingredientes usados<br />
como na apresentação dos pratos.<br />
GIlberto Salomão<br />
QI 5 Lago Sul (3248.1519)<br />
CC: Todos<br />
San Marino<br />
Cozinha típica de cantina italiana.<br />
De 3ª a 6ª, rodízio à noite com<br />
15 sabores de pizzas e oito de<br />
massas. Nas outras noites, somente<br />
à la carte. Durante a semana, no<br />
almoço, buffet com saladas, pratos<br />
executivos e grelhados.<br />
209 Sul (3443.5050)<br />
CC: Todos<br />
18
MÚSICA AO VIVO ACESSO PARA DEFICIENTES<br />
DELIVERY MANOBRISTA<br />
ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTE<br />
CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R<br />
San Lorenzo<br />
Culinária internacional,com a<br />
combinação surpreendente de belos<br />
e saborosos pratos. Sugestões:Filé<br />
do Casé e Medalhão de Florença.<br />
No almoço, pratos executivos<br />
com atendimento ágil e opções<br />
saborosas. A adega climatizada<br />
completa o ambiente.<br />
103 Sudoeste (3201.2161)<br />
CC: Todos<br />
Brilho - Lago Sul<br />
A nova loja do Gilberto Salomão<br />
conta com adega climatizada e<br />
grande variedade de vinhos. Espaço<br />
exclusivo para degustações, palestras,<br />
eventos e amplo estacionamento. Os<br />
queijos, azeites, bacalhau, chocolates,<br />
acessórios e charutos completam o<br />
mix de produtos. Venha conhecer!<br />
Centro Gilberto Salomão- lj 33<br />
(3202.4533) CC: todos<br />
www.brilhoimportados.com.br<br />
LOJAS DE VINHO<br />
Trattoria 101<br />
Cardápio com produtos italianos<br />
autênticos e tradicionais. Massas,<br />
filés, peixes e risotos, carpaccio. Tudo<br />
preparado na hora. Execelente carta de<br />
vinhos com <strong>90</strong> rótulos, entre nacionais<br />
e importados. Ambiente charmoso,<br />
varanda e amplo estacionamento<br />
completam o ambiente.<br />
101 Sudoeste (3344.8866)<br />
CC: V, M e D.<br />
Truli<br />
Um sucesso com serviços originais e<br />
rápidos. Buffet no centro do salão. O<br />
cliente monta seu pedido escolhendo<br />
até sete ingredientes para compor<br />
um prato de massa, ou salada, ou<br />
Vira-e-Mexe (arroz com feijão).<br />
Deliciosos pratos italianos à la carte.<br />
201 Sul (3322.4688) Delivery<br />
(3225.4050) CC: Todos<br />
ITALIANOS<br />
Naturetto<br />
O restaurante valoriza a culinária<br />
macrobiótica, os vegetais orgânicos<br />
e integrais. O peixe está presente no<br />
cardápio diariamente. À noite, o vinho<br />
se harmoniza com o ambiente rústico<br />
e cultural e acompanha quiches,<br />
salmão grelhado, pães e queijos.<br />
405 Norte (3201.6223) e<br />
Câmara dos Deputados CC: V e M<br />
Haná<br />
Diariamente no almoço e jantar,<br />
festival de sushi e sashimi, com<br />
mais de 35 opções de pratos.<br />
Nas 2 as e 3 as , o tradicional buffet<br />
conta com o Festival do Camarão.<br />
Funciona também à la carte e tem<br />
delivery. Horário: diariamente das<br />
12h às 15h e das 19h às 24h.<br />
408 Sul (3244.9999)<br />
CC: Todos<br />
NATURAIS<br />
Villa Borghese<br />
O charme da decoração e a iluminação<br />
à luz de velas dão o clima romântico.<br />
Aberto diariamente para almoço e<br />
jantar. Sugestão: I Segreti di Nettuno<br />
(Camarões grelhados, molho pesto e<br />
alcaparras com ervas finas em tulipas<br />
crocantes, arroz com manjericão e<br />
amêndoas torradas), por <strong>R$</strong> 52,00.<br />
201 Sul (3226.5650) CC: Todos<br />
ORIENTAIS<br />
Brilho - Feira dos importados<br />
Referência desde 1997, nos ramos<br />
de bebida, charutaria e delikatessen.<br />
Na adega climatizada o cliente<br />
encontra vinhos especiais, como<br />
Romaneé Conti e Chateau Pétrus.<br />
Ambiente especial para degustação.<br />
Queijos importados e o melhor<br />
bacalhau da cidade.<br />
Feira dos Importados<br />
(3037.4533) CC: Todos<br />
www.brilhoimportados.com.br<br />
LOJAS DE VINHO<br />
Maki Temakeria<br />
É o lugar ideal para fanáticos por<br />
cozinha japonesa que nem todos os<br />
dias estão com apetite ou bolso para<br />
ir a um restaurante tradicional. São 20<br />
opções de temakis, como o delicioso<br />
camarão tempurá, e oito opções<br />
de rolinhos. Às sextas e sábados,<br />
funciona até as quatro da manhã.<br />
405 Sul (3242.3460)<br />
www.makitemakeria.com.br<br />
19
oteirogastronômico<br />
MÚSICA AO VIVO ACESSO PARA DEFICIENTES<br />
DELIVERY MANOBRISTA<br />
ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTE<br />
CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R<br />
Nippon<br />
Pizza Benta<br />
ORIENTAIS<br />
Tradicional e inovador. Sushis e<br />
sashimis ganham toques inusitados.<br />
Exemplo disso é o sushi de atum<br />
picado, temperado com gengibre e<br />
cebolinha envolto em fina camada de<br />
salmão. As novidades são fruto de<br />
muita pesquisa do proprietário Jun Ito.<br />
403 Sul (3224.0430 /<br />
3323.5213) CC: Todos<br />
PIZZARIAS<br />
Na esquina da 108 sul,uma pizza<br />
de dar água na boca! Ambiente<br />
agradável e estacionamento fácil.<br />
Funciona a partir das 18:00h com<br />
ótimo atendimento.De segunda a<br />
quarta até 21h, chope a <strong>R$</strong>2,00 e a<br />
“pizza da semana” tamanho grande<br />
por <strong>R$</strong>18,<strong>90</strong>.<br />
108 Sul (3242.2505)<br />
CC: V e M<br />
Feitiço Mineiro<br />
A culinária de raiz das Minas Gerais<br />
e uma programação cultural que<br />
inclui músicos de renome nacional e<br />
eventos literários. Diariamente, buffet<br />
com oito a nove tipos de carnes.<br />
Destaque para a leitoa e o pernil à<br />
pururuca, servidos às 6 as e domingos.<br />
PADARIA<br />
Belini<br />
A casa premiada é um misto de padaria,<br />
delikatessen, confeitaria e restaurante.<br />
O restaurante serve risotos, massas e<br />
carnes, inclusive cordeiro. Destaque para<br />
o café gourmet, único torrado na própria<br />
loja, para as pizzas especiais e os buffets<br />
servidos na varanda.<br />
REGIONAIS<br />
306 Norte (3272.3032)<br />
CC: Todos<br />
Severina O Sabor do Nordeste<br />
Após 26 anos em Brasília, o<br />
restaurante Feijão verde da Asa<br />
Sul muda de nome, decoração,<br />
cardápio, mas mantém a tradição e a<br />
qualidade. Carne de sol, baião de 2x2,<br />
arrumadinho, escondidinho, bode e<br />
beiju recheados. É só escolher!<br />
www.restauranteseverina.com.br<br />
113 Sul (3345.0777) CC: Todos<br />
201 Sul (3224-6362)<br />
CC: V, M, Amex, D<br />
PIZZARIAS<br />
Baco<br />
Premiada por todas as revistas.<br />
Massas originais da Itália, vinhos<br />
e ambiente. No cardápio, pizzas<br />
tradicionais e exóticas. Novidades são<br />
uma constante. Opção de rodízio em<br />
dias especiais – na 309 Norte, toda 3ª<br />
e domingo, e na 408 Sul, às 2 as .<br />
309 Norte (3274.8600), 408 Sul<br />
(3244.2292) CC: Todos<br />
Baco Delivery (3223.0323)<br />
Gordeixo<br />
Ambiente agradável, comida boa e<br />
área de lazer para as crianças fazem<br />
o sucesso da casa desde 1987. No<br />
almoço, além das pizzas, o buffet de<br />
massas preparadas na hora, onde<br />
o cliente escolhe os molhos e os<br />
ingredientes para compor seu prato.<br />
306 Norte (3273.8525)<br />
CC: V, M e D<br />
SORVETERIA<br />
VARIADOS<br />
Art Barroca<br />
Saborella<br />
Sorvetes com sabores regionais e<br />
tecnologia italiana são a especialidade<br />
da casa. Os mais pedidos: tapioca,<br />
cupuaçu, açaí e frutas vermelhas. Na<br />
varanda, pode-se apreciar café bem<br />
tirado e fresquinho, acompanhado de<br />
tapiocas quentinhas.<br />
112 Norte (3340.4894)<br />
CC: Todos<br />
Quituart<br />
15 bistrôs de culinária nacional e<br />
internacional: vatapá, feijoada, confit<br />
de pato, paella, escondidinho de carne<br />
seca, quibes, leitoa à pururuca, sushis,<br />
picanha na chapa, tortas, suspiros e<br />
café. Além de moda e arte barroca.<br />
Funciona de 5ª a domingo.<br />
Canteiro central do Lago Norte<br />
(3468.7139 / 8493.2774 )<br />
20
dia&noite<br />
Débora Amorim<br />
énatalnoconjunto...<br />
No piso térreo, a Casa do Papai Noel e a entrada para a<br />
Montanha Encantada que leva as crianças até a sala de teletransporte,<br />
onde, num passe de mágica, vão parar no Pólo<br />
Norte. Assim é a cenografia criada por Chico Leone para<br />
fazer com que as crianças entrem mesmo no espírito do<br />
Pólo Norte, com clima gelado artificialmente, neve artificial<br />
e efeitos de iluminação. No 1º piso do Conjunto Nacional,<br />
um grande tobogã é o meio de transporte utilizado para<br />
“descer” a montanha de "neve" escorregando até seu sopé,<br />
no piso térreo. 28 atores trabalham para que esse jogo de<br />
faz-de-conta fique bem real. Para participar da brincadeira, o<br />
shopping cobra <strong>R$</strong> 1. Parte da renda será doada para a Abrace.<br />
...nobrasíliashopping<br />
O Expresso de Natal, com capacidade de 80 passageiros sentados é a<br />
grande atração. Até 23 de dezembro, e durante os finais de semana, a<br />
garotada poderá passear pela Asa Sul, Asa Norte, Eixo Monumental e<br />
Esplanada dos Ministérios. Saídas de hora em hora: aos sábados, das<br />
10 às 18h, e aos domingos e feriados, das 12 às 18h. O passeio é de<br />
graça, mas a criança precisa estar acompanhada pelo responsável.<br />
A “estação” fica na entrada do Brasília Shopping da W3 Norte.<br />
Divulgação<br />
Élvio Gasparotto<br />
...enoterraço<br />
Oficinas de jardinagem sob o comando da paisagista<br />
Cláudia Dornelles pretendem estimular o contato das<br />
crianças com a terra e a natureza. De acordo com a gerente<br />
de marketing do Terraço Shopping, Renata Monnerat, a<br />
iniciativa pretende conscientizar a criança sobre os cuidados<br />
necessários com o meio ambiente. Divididas em cinco<br />
temas, um por domingo, as oficinas acontecem sempre das<br />
17 às 18h30, nos meses de novembro e dezembro. São 20<br />
vagas por dia e as inscrições são gratuitas.<br />
luz,câmera,ação<br />
Esse é o nome da festa mais tradicional do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, já em sua 12ª edição. Com<br />
a promessa de se superar em relação aos anos anteriores, os organizadores calculam reunir 12 mil, entre estrelas,<br />
tietes e participantes do festival. Os Djs Tadeu Miura e Gerson de Veras comandam a pista de dança central e Rubens,<br />
produtor do Gate’s Pub, reproduz, numa das tendas, o projeto Quarta Vinil. Exposições de fotografias que contam a<br />
história do Festival e performances são atrações à parte, assim como a homenagem especial ao ator Chico Diaz. Os<br />
jardins da Mansão Rollemberg, no Park Way, receberão várias tendas ambientadas pela artista plástica Carla Pompeu<br />
e a decoradora Julieta Rodrigues. Todos os participantes do Festival são automaticamente convidados para a festa do<br />
dia 24, com direito a transporte de ida e volta para o Hotel Nacional. Os outros mortais precisam desembolsar <strong>R$</strong> 20<br />
de ingresso, vendido no saguão do Cine Brasília e na loja de instrumentos Farofa Musical, na 703 Norte.<br />
24
Divulgação<br />
Divulgação<br />
sambanointervalo<br />
Atrações culturais de qualidade, boa organização,<br />
pontualidade e respeito ao público. É o que se pode<br />
esperar nos próximos anos para Brasília no que<br />
depender de iniciativas como o projeto Café com Arte,<br />
em que alunos do 4° semestre de Comunicação<br />
Institucional e Relações Públicas do IESB planejam,<br />
organizam e realizam um evento que deve durar o<br />
tempo exato do intervalo e entreter 2.500 alunos. Sob<br />
a orientação do professor Giovani Guedes, o Café com<br />
Arte já trouxe atrações como o grupo de teatro Udi<br />
Grudi, uma festa árabe com a Cia. de Dança Larissa<br />
Vitória e a banda de música indígena Ha Ono Beko.<br />
No último dia 14, o samba tomou conta do IESB.<br />
Integrantes da ARUC fizeram um animado carnaval<br />
no pátio da faculdade.<br />
chorocomblues<br />
Uma interessante mistura de música acústica<br />
brasileira e música de raiz americana. Assim é o<br />
som de Ted & Pablo, dupla que se apresenta dia<br />
24 no projeto Prata da Casa, do Clube do Choro.<br />
Os músicos Ted Falcon e Pablo Fagundes vão mostrar<br />
como choro, samba e forró combinam muito bem<br />
com blues, jazz e rock. No programa, músicas do<br />
CD Transcontinental Music Express, gravado no<br />
Brasil com composições próprias e de nomes que<br />
são referências para ambos os países, como Ernesto<br />
Nazareth e David Grisman. Sábado a partir das 21h30.<br />
Ingressos a <strong>R$</strong>10 e <strong>R$</strong>5. Informações: 3327.0494.<br />
enigmas<br />
A pintura abstrata<br />
de Ângela Raimundo,<br />
toda construída com<br />
traços, respingos,<br />
manchas, sombras<br />
e luz está no Espaço<br />
Cultural do STJ<br />
até 7 de dezembro. De acordo com a artista, suas<br />
tintas expressam em gestos e camadas o mundo<br />
inconsciente. “Os temas são definidos pelo<br />
observador que, diante da obra, é provocado em<br />
seus sentidos e sentimentos, em seus conceitos<br />
e bagagem; a emoção fica livre e o pensamento<br />
instigado”, explica. De segunda a sexta, das 9 às 19h.<br />
O Espaço Cultural STJ fica no 2.º andar do prédio<br />
dos Plenários – SAFS, Quadra 6, Lote 1, Trecho 3.<br />
donaflornoteatro<br />
Ela, Vadinho e Dr. Theodoro chegam, de braços dados, ao<br />
palco da Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. O diretor é Pedro<br />
Vasconcellos, o mesmo de 7 Pecados, novela da TV Globo. A peça<br />
Dona Flor e seus dois maridos será apresentada de 23 a 25 deste<br />
mês, com ingressos entre <strong>R$</strong> 30 e <strong>R$</strong> 70. Inspirada no romance de<br />
Jorge Amado, a versão teatral tem no elenco Marcelo Faria, Duda<br />
Ribeiro e Carol Castro. Ambientada nos anos 60, Dona Flor<br />
estreou em Goiânia no mês passado e depois seguiu para Curitiba<br />
e Porto Alegre. Após a temporada candanga, vai para Aracaju e<br />
Salvador. A estréia no Rio será em fevereiro de 2008. Sexta e<br />
sábado, às 21h, e domingo, às 19h.<br />
festivaluniversitário<br />
A universidade serve de palco para tudo que é novo e quebra<br />
os padrões. Não podia ser diferente quando o assunto é<br />
música: ela foi o berço para a formação de importantes e<br />
inovadoras bandas brasileiras. Para manter essa tradição,<br />
surge o Festival Universitário de Música, que vai receber<br />
shows de bandas de várias faculdades e eleger a melhor delas.<br />
O festival serve também de incentivo à música independente,<br />
que representa o que acontece de novo e ainda está longe do<br />
alcance da mídia. O projeto inclui ainda vários seminários<br />
e shows de Tom Zé e do grupo francês NoJazz. De 30 de<br />
novembro a 2 de dezembro, no Conic. Mais informações<br />
e programação completa em www.grv.art.br.<br />
André Conti<br />
25
asíliaturística<br />
A<br />
barquinha vai<br />
Em duas horas<br />
de navegação,<br />
ângulos e<br />
recantos pouco<br />
conhecidos da<br />
cidade e do<br />
Lago Paranoá
POR AKEMI NITAHARA<br />
FOTOS RODRIGO OLIVEIRA<br />
O Lago Paranoá é um dos cartões<br />
postais de Brasília. Mas pouca gente conhece,<br />
de fato, sua história e seus inúmeros<br />
recantos. Para oferecer a opor tu ni -<br />
dade de acesso a esse imenso espelho<br />
d’água, a Barca Brasília leva turistas e<br />
estudantes a um agradável passeio. O<br />
vento ameniza o sol, enquanto o “capitão”<br />
Edmilson Figueiredo conta curiosidades<br />
e histórias do “mar de Brasília”.<br />
Histórias como a da Vila Mauri, um<br />
dos canteiros de obra de Brasília, que<br />
ficava perto da Vila Planalto. E ainda<br />
fica. Só que, agora, entre 7 e 14 metros<br />
de profundidade, dentro do lago. Quando<br />
foi feita a barragem para represar o<br />
Rio Paranoá, a previsão era de que o<br />
lago atingiria a cota mil em quatro anos.<br />
Só que o vale encheu muito mais rápido<br />
do que o esperado e em apenas um ano<br />
atingiu os mil metros de altitude. Com<br />
isso, a Vila Mauri ficou submersa e os<br />
moradores tiveram de ser retirados às<br />
pressas. Muitos foram para o norte e<br />
deram origem à cidade de Sobradinho.<br />
Brasília tem registrada a terceira frota<br />
náutica do Brasil, já que inclui as embarcações<br />
de Goiás, Tocantins e parte<br />
de Minas Gerais. Só que “98% das pessoas<br />
que têm barco não conhecem o<br />
Lago Paranoá”, garante Edmilson, que<br />
também é fotógrafo. Para melhorar essa<br />
situação, uma das propostas da Barca<br />
Brasília é fazer turismo ecológico aliado<br />
à arqueologia do lago. O Centro de Excelência<br />
em Turismo da UnB está fazendo<br />
as pesquisas para que o comandante<br />
possa programar as rotas da barca.<br />
Os córregos Bananal e Riacho Fundo<br />
são os maiores depositários do lago –<br />
eles é que formam o Rio Paranoá.<br />
Também alimentam o lago os córregos<br />
do Gama e do Torto. “Nós vamos fazer<br />
rotas sobre os leitos originais dos rios e<br />
conhecer a fauna e a flora dos mananciais”,<br />
explica Edmilson. Esse projeto é<br />
voltado principalmente para aulas presencias,<br />
com alunos de sétima série em<br />
diante.<br />
Além da parte ecológica e histórica,<br />
a Barca Brasília oferece uma gastronomia<br />
simples mas caprichada. O cardápio<br />
completo tem 30 itens de petiscos e 95<br />
tipos de drinks. A chef de cozinha Luciana<br />
Feliz, responsável pelas receitas,<br />
inspirou-se na gastronomia brasileira,<br />
especialmente na comida de boteco do<br />
Rio de Janeiro e Belo Horizonte, “sem<br />
esquecer de elementos do Cerrado, como<br />
o pequi e o baru, e o apelo náutico,<br />
com frutos do mar”.<br />
Como a cozinha de bordo é muito<br />
pequena, são oferecidos apenas de três<br />
a quatro petiscos diferentes por passeio.<br />
“A gente tenta casar a variedade com o<br />
operacional”, diz a chef, lembrando que<br />
existe a possibilidade de combinar o cardápio<br />
com antecedência, em caso de<br />
passeio para grupos fechados.
asíliaturística<br />
A jornalista Nara Albernaz e os amigos de Belém<br />
O "capitão" Edmilson: curiosidades e histórias sobre o "mar de Brasília"<br />
Entre as opções de dar água na boca<br />
estão a salada com manga flambada,<br />
mexilhão, vinagrete de lula ou camarão,<br />
angu do marinheiro, arrumadinho do<br />
Duque e frutas do lago, com leite condensado<br />
aromatizado com capim santo.<br />
Para valorizar a produção brasiliense de<br />
qualidade, o chope é da Stadt Bier e o<br />
café é Antonello Monardo.<br />
A barca oferece um contraponto ao<br />
turismo cívico, que é o principal chamariz<br />
da capital. A partir do lago, é possível<br />
ver as pessoas nadando na região<br />
escondida da Ermida Dom Bosco, a calma<br />
da tarde no Pontão do Lago Sul, a<br />
bateria antiaérea abandonada que protegia<br />
o Palácio da Alvorada, a área de segurança<br />
em torno do próprio palácio, a<br />
casa do colecionador de armas no Lago<br />
Norte, com canhões e charretes.<br />
A jornalista Nara Albernaz é uma<br />
apaixonada pelo lago e levou três amigos<br />
de Belém para fazer o passeio. O artista<br />
plástico Michel Novo se sentiu em<br />
casa. “Barco é muito comum na minha<br />
terra”. Pela primeira vez na cidade, o<br />
paraense já pensa em ficar. “Quem mora<br />
em Brasília é privilegiado pelos espaços<br />
abertos, a arquitetura. A cidade é<br />
uma galeria de arte ao ar livre”. Michel<br />
afirma que os passeios de barco democratizam<br />
o uso do lago, “que normalmente<br />
é só para a elite que mora na orla<br />
ou freqüenta clubes”.<br />
O Lago Paranoá tem 40 km de extensão,<br />
da Ponte do Bragueto até o aeroporto.<br />
A profundidade média é de 12m<br />
e a máxima chega a 38m, na barragem.<br />
Barca Brasília<br />
Passeio de duas horas pelo Lago Paranoá<br />
(<strong>R$</strong> 20 por pessoa), com saídas do<br />
restaurante Retiro do Pescador, próximo<br />
ao Clube da Imprensa, aos sábados<br />
e domingos, às 15h. Faz reserva para<br />
festas e reuniões. Mais informações: (61)<br />
8419-7192 / www.barcabrasilia.com.br /<br />
passeio@barcabrasilia.com.br<br />
28
culturapopular<br />
Placa de prata<br />
108 Sul, criação<br />
coletiva do projeto<br />
Brasília Faz Bem<br />
Poucas<br />
e boas<br />
Roupas da jovem estilista<br />
Fernanda Ferrugem, cerâmicas do<br />
Ateliê Cecy Sato, jóias de Paulo Lobo e<br />
Thelma Aviani, bolsas da piauiense Kalina<br />
e objetos do projeto Brasília Faz Bem<br />
serão algumas das atrações da tradicional<br />
feira Poucas e Boas, dias 1º e 2 de dezembro,<br />
das 11 às 19h, na QI 8, Conjunto<br />
13, Casa 17, Lago Norte. Na parte gastronômica<br />
está confirmada a<br />
participação do restaurante Las Paellas,<br />
da chocolateria Stans e do Café Cristina.<br />
Um dos organizadores da feira, Paulo<br />
Lobo, explica que nesta edição estará representado<br />
o projeto social Cooperativa<br />
100, de catadores e recicladores de lixo.<br />
Paulo destaca ainda o projeto Brasília Faz<br />
Bem, desenvolvido pelas artistas Fátima<br />
Bueno, Carla de Assis e Ligia de Medeiros.<br />
Inspiradas na vegetação e nos<br />
monumentos da cidade, elas criaram<br />
imagens estilizadas que depois aplicaram<br />
em azulejos, tecidos, canecas, bolsas e<br />
muitas outras peças que chamam de painéis-repertório.<br />
Segundo explicam, “o<br />
projeto pretende estimular um movimento<br />
coletivo de manifestações de<br />
apreço pela cidade, fortalecendo represen<br />
tações já consagradas e acrescentando<br />
novas leituras ao universo candango”.<br />
Fátima Bueno, que também trabalha<br />
na organização da Poucas e Boas, destaca<br />
ainda a diversidade de trabalhos convivendo<br />
num mesmo local, a casa do Lago<br />
Norte cedida por Sonia Imóveis. “A Cooperativa<br />
100, por exemplo, trará objetos<br />
feitos com garrafas pet, bolsas confeccionadas<br />
com lacres de latinhas e blocos de<br />
papel reciclado, enquanto, a poucos metros<br />
de seu estande, será possível comprar<br />
um móvel do artista George Dubugras e,<br />
mais adiante, as charmosas roupas da estilista<br />
Fernanda Ferrugem”, explica,<br />
lembrando que todas são boas opções de<br />
presentes de Natal, adequadas para qualquer<br />
orçamento.<br />
A chef do Las Paellas, Weymer<br />
Quintas, levará duas opções para serem<br />
degustadas no intervalo entre uma compra<br />
e outra: a Paella Marinera (<strong>R$</strong> 28) e<br />
o Filé à Moura acompanhado de massa<br />
papardelle (<strong>R$</strong> 25, com direito a uma<br />
taça de vinho tinto Trivento). De sobremesa,<br />
creme catalão, a <strong>R$</strong> 6.<br />
Moradias transitórias<br />
Moradias podem ser simples tendas<br />
ou cápsulas futuristas, bolhas<br />
semi-tecnológicas, veículos multifuncionais,<br />
barracas “estilo árabe”, cabanas<br />
rudimentares, estruturas em<br />
forma de iglus ou caixas de madeira,<br />
que armam espécies de contêineres<br />
para dormir. Em comum, apresentam<br />
formas de arquitetura orgânica,<br />
mutante, flexível, que permitem<br />
mobilidade migratória surpreendente,<br />
como se fossem organismos vivos.<br />
O tema da habitação, objeto de<br />
inúmeras pesquisas por parte de engenheiros,<br />
designers e artistas diversos,<br />
também serviu de inspiração<br />
para o arquiteto Nicola Goretti, do<br />
Grupo AG, realizar a exposição Moradias<br />
transitórias, que poderá ser vista<br />
no Museu República do próximo<br />
dia 29 a 11 de fevereiro. Serão nove<br />
instalações de 11 artistas nacionais e internacionais<br />
sobre o tema.<br />
Entre os participantes, os arquitetos<br />
argentinos Gustavo Diéguez e Lucas Gilardi,<br />
com a obra Plug out unit Brasil, e a<br />
artista plástica Nora Correas, que apresentará<br />
o trabalho Sin destino. Da Espanha,<br />
o artista plástico Domenèc faz uma<br />
homenagem ao arquiteto Oscar Niemeyer<br />
com a obra Superquadra casa-armário.<br />
Do México, o designer Emiliano<br />
Godoy traz sua visão sobre o habitat<br />
com a obra Dirigible, e da Inglaterra<br />
o casal Lucy & Jorge Orta<br />
apresenta as obras Urban<br />
life guard – ambulatory sleeper,<br />
Connector mobile<br />
village<br />
e<br />
Body<br />
architecture.<br />
Instalação de<br />
Lucy e Jorge Orta<br />
O Brasil será representado pelos<br />
artistas plásticos Ralph Gehre e a<br />
obra Adulterações objetivas – Tomo I a<br />
XVIII, e Ana Miguel com Rosa morada.<br />
O estilista Jum Nakao também<br />
participa da mostra com o trabalho<br />
Paisagem urbana. Outro destaque<br />
nacional é a designer de jóias Mana<br />
Bernardes, que se inspirou nos mochileiros<br />
e em animais, como os caramujos,<br />
que carregam suas casas<br />
nas costas para criar a obra<br />
No papel não caberia, o que<br />
no corpo já não cabia, na<br />
poesia caberia.<br />
Divulgação<br />
29
queespetáculo<br />
Dança<br />
cigana<br />
Oficina Flamenca<br />
apresenta dias 1º e<br />
2 de dezembro, no<br />
Teatro dos Bancários,<br />
o espetáculo<br />
Luz e sombra<br />
Fotos: Divulgação<br />
Produzido e dirigido pelas irmãs Patrícia e Renata El-moor,<br />
professoras de dança flamenca, o espetáculo Luz e sombra conta<br />
com a participação de mais de 80 pessoas, entre professores, alunos<br />
e músicos. “A luz e a sombra sugerem os sentimentos distintos<br />
e distantes que a dança pode alcançar”, explica Patrícia.<br />
Os bailes se alternam entre alegres e vibrantes, como as Sevillanas<br />
e as Rumbas, e introspectivos, como a Farruca e os Tientos.<br />
Os movimentos contrastam entre a suavidade dos floreos<br />
(movimentos das mãos) e a força dos rápidos taconeos (sapateados),<br />
como explica a bailaora.<br />
No espetáculo, com 1h15m de duração, outros elementos<br />
contribuem para evidenciar as alternâncias possíveis<br />
Renata El-moor<br />
do flamenco, como a idade dos bailaores – entre cinco e 50 anos<br />
– e a experiência de cada um na prática do flamenco, assim como<br />
suas diferentes trajetórias de vida. “Todos esses contrastes<br />
apontam numa única direção: o flamenco é para todas as pessoas,<br />
para todos os momentos, e abarca qualquer sentimento”,<br />
acrescenta Patrícia.<br />
Os ingressos custam <strong>R$</strong> 30 e <strong>R$</strong> 15. Como os lugares são<br />
marcados, os organizadores recomendam a compra antecipada,<br />
na própria bilheteria do teatro ou na secretaria da Oficina Flamenca,<br />
escola dedicada ao ensino da cultura flamenca em Brasília<br />
que oferece cursos de dança, palmas e compasso, além<br />
de aulas teóricas e eventos extra-classe como exibição de<br />
filmes, bazares beneficentes, festas e outros encontros<br />
informais.<br />
Criada em 1998, a Oficina funciona em dois endereços,<br />
na Asa Norte e no Sudoeste. São três salas de<br />
aula, uma sala de recursos audiovisuais, uma secretaria<br />
e uma loja especializada em artigos para dança<br />
flamenca. As professoras Patrícia e Renata iniciaram<br />
seus estudos de flamenco em Brasília, há mais<br />
de dez anos, e participam freqüentemente de cursos<br />
de especialização no sul da Espanha, em cidades<br />
como Sevilha e Granada.<br />
A história do flamenco está intimamente ligada<br />
à dos ciganos que emigraram da Índia para a região<br />
da Andaluzia, no sul da Espanha. Os ciganos adoram<br />
dançar. Desde criança eles ouvem e dançam<br />
as seguidillas, a rumba, as alegrias e também o<br />
flamenco – ritmos e sons tradicionais produzidos<br />
pelas guitarras, violinos, violões, acordeões,<br />
címbalos, castanholas, pandeiros, palmas das<br />
mãos e batidas dos pés. É o que os brasilienses<br />
poderão ver no Teatro dos Bancários.<br />
Luz e sombra<br />
1º e 2/12, às 20h30, no Teatro dos Bancários<br />
(314/315 Sul).<br />
Ingressos a <strong>R$</strong> 30 e <strong>R$</strong> 15 (meia para estudantes,<br />
crianças menores de 12 anos, pessoas com 65 anos<br />
ou mais, bancários e professores), à venda na bilheteria<br />
do teatro, na secretaria da Oficina Flamenca (110 Norte – Bloco A) das<br />
16h30 às 20h30, de 2ª a 6ª feira, e das 10 às 14h, aos sábados. Mais<br />
informações: 3273-7374 ou www.oficinaflamenca.com.br<br />
Patrícia El-moor 30
Cruel jogo amoroso<br />
Um livro do século XVIII inspirou dois filmes e também<br />
outro livro, que virou uma peça, agora em cartaz no CCBB,<br />
com Beth Goulart e Guilherme Leme como protagonistas<br />
POR MARIA TERESA FER-<br />
NANDES<br />
Quando, em 1782, Choderlos<br />
de Laclos escreveu Ligações<br />
Perigosas, estava, de fato, fazendo<br />
um retrato fiel da sociedade<br />
francesa em pleno Iluminismo,<br />
época em que a decadência da<br />
nobreza inspirava a farta literatura<br />
de romances libertinos.<br />
Valmont e Merteuil, personagens<br />
principais do livro, representavam<br />
essa nobreza que não<br />
tinha escrúpulos quando o assunto<br />
era conquistar novos<br />
amores a qualquer preço.<br />
Mais de 200 anos depois,<br />
em 1988, o livro inspirou o filme<br />
homônimo de Milos Forman,<br />
com Glenn Close e John<br />
Malkovich perfeitos como personagens<br />
que amam e manipulam<br />
o próprio amor. Em 1999,<br />
Hollywood ainda produziu<br />
uma versão para o público adolescente,<br />
Segundas intenções, com os<br />
jovens astros Ryan Phillippe, Sarah Michelle<br />
Gellar e Reese Witherspoon nos<br />
papéis principais.<br />
Agora, uma nova versão da história<br />
está em cartaz no teatro, desta vez intitulada<br />
Quartett, nome do livro que o alemão<br />
Heiner Müller escreveu em 1981,<br />
também inspirado na obra do francês<br />
Laclos, encenada pela primeira vez no<br />
Brasil em 1986, com Tônia Carrero<br />
e Sérgio Britto nos papéis principais.<br />
Dirigida por Victor Garcia Peralta e<br />
com tradução e adaptação de João Gabriel<br />
Carneiro, filho de Beth Goulart,<br />
Quartett está em cartaz no teatro do<br />
CCBB até 2 de dezembro. Nela, os<br />
jogos de sedução promovidos pelos<br />
personagens vividos por Beth Goulart<br />
e Guilherme Leme têm como objetivo<br />
provocar a queda e a ruína dos conquistados.<br />
De acordo com o texto de Heiner<br />
Muller, outros personagens são incluídos<br />
na trama, dando nova dimensão ao<br />
jogo dos amantes. Assim, Beth Goulart<br />
é Madame Merteuil, mas é também a<br />
juvenil e inocente Cecile, enquanto<br />
Guilherme Leme divide-se entre Valmont<br />
e a virtuosíssima Madame Turvel.<br />
Na adaptação, o tempo e o local<br />
Nana Moraes<br />
não são definidos. Valmont e<br />
Merteuil são apenas mais um<br />
casal que se encontra num<br />
apartamento qualquer de uma<br />
grande cidade onde a ação<br />
acompanha a passagem do<br />
tempo refletida em sua janela.<br />
O perigoso jogo de inocentes e<br />
culpados, que parecia uma<br />
brincadeira de sedução e vingança,<br />
no final acaba descambando<br />
para uma guerra<br />
declarada.<br />
Reproduzindo palavras recentes<br />
da conceituada crítica<br />
de teatro Bárbara Heliodora,<br />
“escrever um romance erótico,<br />
cruel, sórdido, não é particularmente<br />
difícil; mas fazer a mesma<br />
coisa com a elegância de<br />
linguagem de Laclos é um feito<br />
algo extraordinário”. Na atual<br />
montagem, escreve ela, “o texto<br />
de Muller é transposto para<br />
algo que talvez devêssemos chamar<br />
de um presente atemporal,<br />
com a tradução de João Gabriel Carneiro<br />
abandonando a idéia de requinte estilístico<br />
que Laclos usa para tornar mais<br />
chocante sua trama, e ficando bem mais<br />
próximo de uma linguagem contemporânea<br />
rotineira”. Segundo ela, Guilherme<br />
Leme e principalmente Beth Goulart<br />
correspondem com precisão e elegância<br />
à concepção do diretor.<br />
Quartett<br />
Com Beth Goulart e Guilherme Leme<br />
De 17/11 a 2/12, de 5ª feira a sábado,<br />
às 21h, e domingo, às 20h, no CCBB<br />
Classificação indicativa: 18 anos<br />
Ingressos a <strong>R$</strong> 15 e <strong>R$</strong> 7,50<br />
Mais informações: 3310.7087<br />
31
asiliensedecoração<br />
Pequeno grande<br />
Pernambuco<br />
Ele veio para cá a convite de<br />
Juscelino, ajudou a fundar o<br />
Clube do Choro e vive uma<br />
história de amor com a cidade<br />
que já dura quase meio século<br />
POR VICENTE SÁ<br />
FOTOS RODRIGO OLIVEIRA<br />
Seu Inácio Pinheiro Sobrinho, 83 anos, barba e cabelos<br />
brancos, desce do carro devagar. Ajeitando o chapéu de palha,<br />
seu companheiro de longa data, ele mantém o passo firme e o<br />
caminhar ereto. Atravessa um bom pedaço de um campo de<br />
futebol da chácara e aproxima-se da mesa onde os músicos estão<br />
reunidos. Mas quem chega lá não é Seu Inácio e sim Per-<br />
32
nambuco do Pandeiro, nome pelo qual<br />
esse pequeno grande instrumentista é<br />
conhecido há mais de 60 anos.<br />
Os músicos, sem interromper o chorinho,<br />
levantam-se para cumprimentá-lo.<br />
São várias gerações de artistas: Sérgio<br />
Duboc, Fino e Carrapa do Cavaquinho,<br />
do Liga Tripa; Fernando Machado, clarinetista<br />
virtuoso; Léo Benon, Márcio Marinho<br />
e Dudu, da novíssima geração de<br />
chorões; e Cezinha, do Dois de Ouro,<br />
irmão de Hamilton de Holanda, acompanhado<br />
do pai, o violonista José Américo.<br />
Para todos ele tem uma palavrinha e<br />
um afago. Recusa uma cadeira estofada<br />
e puxa um banquinho. Pega o pandeiro<br />
e também cai no choro. Agora, de novo<br />
um menino, sorrindo feliz, à toa.<br />
A cena aconteceu no sábado, 3 de<br />
novembro. Foi uma pequena homenagem<br />
que alguns músicos da cidade e outros<br />
admiradores fizeram ao instrumentista<br />
e fundador do Clube do Choro,<br />
que está de novo morando em Brasília,<br />
depois de passar 17 anos em Uberaba.<br />
Seu Inácio, ou melhor, Pernambuco do<br />
Pandeiro, é um apaixonado pela cidade<br />
que viu crescer, pois chegou aqui trazido<br />
pelo próprio presidente Juscelino Kubitscheck<br />
ainda em 1959, em mais uma<br />
aventura de uma vida aventureira.<br />
NASCIDO EM GRAVATÁ DE BEZERRA,<br />
sertão pernambucano, Inácio, ainda<br />
adolescente, foi para o Rio de Janeiro<br />
com um irmão. Morando no morro do<br />
Estácio e engraxando sapatos na Lapa,<br />
conviveu com malandros históricos<br />
como Madame Satã, Camisa Preta e<br />
Miguelzinho. Por essa época descobriu<br />
seu talento para o pandeiro.<br />
O ano de 1940 já o encontra tocando<br />
profissionalmente na Rádio Clube<br />
Fluminense e nas boates Dancing Brasil<br />
e Farolito. Era o primeiro passo de uma<br />
carreira surpreendente. Logo passou a<br />
tocar, na Rádio Ipanema, no regional de<br />
César Faria, pai de Paulinho da Viola.<br />
“Esse também já se foi”, Pernambuco<br />
interrompe a narração de sua própria<br />
história para lamentar a recente morte<br />
do amigo. Mas as perdas já foram muitas,<br />
e rapidamente ele volta à cronologia:<br />
depois foi para a rádio Tupi, onde<br />
tocava com Pixinguinha e Benedito Lacerda.<br />
Seu nome já corria solto nas noites<br />
musicais da Cidade Maravilhosa.<br />
Nas décadas de 40 e 50, a competição<br />
entre as rádios no Rio de Janeiro<br />
era intensa. Com a programação quase<br />
toda ao vivo, elas contratavam atores,<br />
escritores, maestros e principalmente<br />
músicos para formar seu cast. Naquela<br />
época, os conjuntos “regionais” eram a<br />
grande onda do mercado radiofônico.<br />
Primeiro porque, sendo um conjunto<br />
que não necessitava de arranjos escritos<br />
e normalmente caracterizavam-se pela<br />
facilidade de improvisação, ajudavam<br />
muito nos programas de auditório,<br />
cobriam os buracos da programação e<br />
acompanhavam com competência qualquer<br />
cantor ou cantora que se apresentasse<br />
nos programas.<br />
Foi nesse período que Pernambuco<br />
do Pandeiro criou seu próprio regional,<br />
onde se destacava um rapaz albino que<br />
tocava acordeão e atendia pelo nome de<br />
Hermeto Pascoal. Com seu grupo, Pernambuco<br />
gravou vários discos, apresentou-se<br />
Brasil afora e em vários países da<br />
Europa.<br />
Os convites choviam no chapéu de<br />
Pernambuco, e ele atendia aos que podia.<br />
Gravou na Polydor com Dilermano Pinheiro,<br />
Odete Amaral e Aracy de Almeida.<br />
Em 1958, juntamente com Abel<br />
33
asiliensedecoração<br />
Seis momentos<br />
inesquecíveis: em<br />
dupla com Waldir<br />
Azevedo; no Olympia<br />
com a diva francesa<br />
Edith Piaf; com o<br />
mestre Sivuca; na<br />
capa de um disco em<br />
1954; na igreja Sacre-<br />
Coeur de Paris; com<br />
Os Cangaceiros em<br />
Londres; e no Clube<br />
do Choro, em Brasília<br />
Fotos: arquivo pessoal<br />
Ferreira, Trio Iraquitã, Sivuca e o maestro Guio de<br />
Morais, compôs a Caravana Humberto Teixeira,<br />
que percorreu diversos países divulgando a música<br />
brasileira.<br />
UM CONVITE PESSOAL DO PRESIDENTE JK O TROUXE<br />
para Brasília, com seu regional, em 1959 – antes,<br />
portanto, da inauguração da cidade. “Mas o que<br />
Juscelino mandava nem sempre era cumprido”,<br />
lembra Pernambuco. Ele e os outros músicos,<br />
que tinham vindo para tocar na Rádio Nacional,<br />
acabaram “fichados” na Novacap como fiscais de<br />
transportes. Os companheiros, incomodados com<br />
a mudança nos planos, voltaram para o Rio, mas<br />
Pernambuco, já sentindo o começo de uma paixão<br />
pela cidade, foi ficando, foi ficando e... ficou.<br />
Aqui, tocou em casas noturnas, rádios, televisão<br />
e no conjunto de Waldir Azevedo, com quem<br />
gravou alguns discos. Nos anos de 1976 e 1977<br />
participou, junto com Odeth Ernest Dias, Neusa<br />
França, Tio Nilo, Bide e outros, da fundação do<br />
Clube do Choro, do qual foi o primeiro diretor de<br />
patrimônio. Como o clube não tinha patrimônio<br />
nenhum, Pernambuco teve que conseguir cadeiras<br />
e mesas emprestadas com o amigo Tarquínio Cardoso,<br />
presidente da AABB, para o show de inauguração.<br />
E durante um ano produziu um sarapatel<br />
para ajudar a atrair o público, que na época ainda<br />
era pequeno.<br />
Em 19<strong>90</strong>, Pernambuco mudou-se para Uberaba,<br />
onde viveu 17 anos. Lá, foi homenageado diversas<br />
vezes, recebeu o título de Cidadão Honorário<br />
e teve sua vida e obra transpostas para uma<br />
exposição. De volta a Brasília, mesmo com problemas<br />
de saúde, esse menino pernambucano não<br />
pára quieto. Na noite da comemoração dos 30<br />
anos do Clube do Choro, não pôde comparecer<br />
porque estava se apresentando no Rio, junto com<br />
Deo Ryan.<br />
No sábado, 3 de novembro, entre meninos,<br />
amigos e música, os olhos de Seu Inácio traiam<br />
uma mágoa: não ter sido honrado com o título de<br />
cidadão brasiliense por esta cidade que ele tanto<br />
ama e que viu nascer. A Câmara Legislativa pode<br />
até demorar a conceder essa honraria a Seu Inácio,<br />
mas para os amantes da música, e de Brasília, Pernambuco<br />
do Pandeiro já é cidadão brasiliense há<br />
muito tempo. Afinal, a paixão dele pela cidade<br />
sempre foi correspondida.<br />
Para quem não gosta de esperar, uma última<br />
informação: o Ministério da Cultura vai conceder<br />
ao Clube do Choro a Ordem do Mérito Cultural,<br />
um dos mais respeitados prêmios culturais do Brasil.<br />
Boa parte desse mérito, todo mundo sabe, é de<br />
Pernambuco do Pandeiro.<br />
34
graves&agudos<br />
O palco que<br />
ela merece<br />
Marisa Monte reapresenta seu Universo particular em Brasília,<br />
só que agora no Centro de Convenções Ulysses Guimarães<br />
POR HEITOR MENEZES<br />
Quando aqui esteve em março, Marisa<br />
Monte bateu um dos recordes de<br />
público no mal-ajambrado ginásio Nilson<br />
Nelson. Quinze mil pessoas se abarrotaram<br />
no espaço, sofreram como em<br />
ônibus lotado e ainda penaram com o<br />
desconforto acústico e visual.<br />
Ou era assim ou Brasília aparentemente<br />
ficaria de fora da turnê Universo<br />
particular. Porém, nem tudo foi sufoco,<br />
é claro, pois a cantora e compositora,<br />
estrela de primeira grandeza da música<br />
brasileira, brindou boa parte da platéia<br />
com um encanto magnético-musical<br />
digno dos grandes artistas que dominam<br />
o ofício. A outra parte, diga-se, não<br />
conseguiu ver/ouvir direito o espetáculo<br />
e alguns mais foram embora, revoltados<br />
com a falta de gentileza e respeito dos<br />
promotores com o consumidor.<br />
Nove meses depois, Marisa Monte<br />
volta à cidade, desta feita para uma apresentação<br />
condigna do mesmo Universo<br />
particular. Vai ser neste sábado, 24, a<br />
partir de 21h, no Centro de Convenções<br />
Ulysses Guimarães. Ainda que<br />
soprem que é mais do mesmo, ao que<br />
parece teremos Marisa Monte em espaço<br />
adequado para mostrar sua arte feita<br />
de canções e sambas de alma leve, um<br />
universo realmente particular.<br />
A base da apresentação ainda vem<br />
dos dois bons discos lançados no ano<br />
passado: o que dá nome à turnê, notadamente<br />
pop e melancólico, e o Universo<br />
ao meu redor, este um pouco mais<br />
alegrinho (dá-lhe samba carioca!), mas<br />
igualmente de agradabilíssima audição.<br />
Da dupla mais recente de discos, temos<br />
de fato coisas antológicas, como as<br />
faixas-título, além da fornada tribalista<br />
assinada com os parceiros Carlinhos<br />
Brown e Arnaldo Antunes. Também<br />
não fica atrás em qualidade o resgate de<br />
obras assinadas pela velha guarda como<br />
Dona Yvonne Lara, Argemiro Patrocínio,<br />
Casemiro Vieira, e o príncipe Paulinho<br />
da Viola. Tá legal, tudo levado no<br />
violão, no cavaco, no pandeiro e no<br />
tamborim.<br />
O roteiro do show não pára por aí.<br />
Com uma discografia das mais consistentes,<br />
que vem desde o longínquo ano<br />
de 1989, Marisa Monte tem um repertório<br />
para horas de boa música. Quando<br />
a platéia começar a ansiar por<br />
coisas mais conhecidas, ela deve<br />
sacar do violão os acordes das<br />
mais conhecidas. Assim, preparem-se<br />
para cantar junto Bem<br />
que se quis e Amor I love you.<br />
Além do estoque de boas<br />
canções, Marisa Monte tem<br />
presença, canta divinamente –<br />
ainda que à voz pequena – e<br />
evidentemente vale a pena garantir<br />
o ingresso. No palco, os<br />
brasilienses poderão ter a di-<br />
mensão real da mise-en-scène de palco,<br />
luz, som e música elaborada para a turnê.<br />
Uma apresentação realmente à altura<br />
da grandeza e da importância de<br />
Marisa Monte no atual contexto da<br />
Música Popular Brasileira.<br />
Universo particular<br />
Show da turnê da cantora Marisa Monte<br />
24/11, às 21h, no Centro de Convenções<br />
Ulysses Guimarães. Ingressos: <strong>R$</strong> 160<br />
a <strong>R$</strong> 400, à venda pela internet (www.<br />
ingressovip.com), por telefone (3426-6257)<br />
ou na Brasal Veículos/Audi Lago Sul, na QI<br />
11 do Lago Sul, Bloco K (3248.6663), das<br />
9 às 18h.<br />
Divulgação<br />
35
graves&agudos<br />
De pilha nova<br />
Raimundos estão de volta com o mesmo gás de 20 anos atrás<br />
Fotos: Divulgação<br />
POR EDUARDO OLIVEIRA<br />
Foram necessários apenas oito anos<br />
para que os Beatles se tornassem a maior<br />
banda do mundo, título que mantêm<br />
até hoje e que dificilmente alguém vai<br />
tirar deles. Os Ramones duraram mais,<br />
vinte e poucos anos, mas sempre com<br />
os integrantes originais, e quando a coisa<br />
esfriou eles pararam. Por outro lado,<br />
os Rolling Stones passaram por várias<br />
brigas e trocas de integrantes mas continuam<br />
respeitados até hoje e conseguem<br />
reunir mais de um milhão de pessoas na<br />
praia de Copacabana. O Barão Vermelho<br />
não terminou com a saída de Cazuza<br />
e faz sucesso até hoje, Frejat à frente.<br />
Mas também não é difícil lembrar de casos<br />
de bandas que tentaram a sobrevida<br />
depois da saída de integrantes e acabaram<br />
virando piada. Tantas histórias<br />
diferentes trazem à tona uma questão:<br />
qual é a hora certa de parar<br />
Foram os Ramones, citados acima, a<br />
maior influência e até inspiração para o<br />
nome de uma banda que, nos anos <strong>90</strong>,<br />
pôs Brasília de volta no mapa do rock<br />
brasileiro. Os Raimundos conseguiram<br />
a proeza de colocar nas ondas do rádio<br />
um rock de guitarras sujas e letras mais<br />
sujas ainda, numa época em que axé e<br />
pagode dominavam completamente. O<br />
som que misturava o peso do rock com<br />
ritmos nordestinos chamou a atenção e<br />
rendeu a venda de mais de dois milhões<br />
de discos, shows lotados Brasil afora e<br />
muitos prêmios.<br />
Já no começo desta década, veio a<br />
bomba: Rodolfo, vocalista e principal<br />
compositor da banda, deixou os Raimundos<br />
sem muita explicação. O que<br />
mais se falou, e sempre foi negado por<br />
ele, é que sua decisão tinha tudo a ver<br />
com o fato de ter se tornado evangélico,<br />
algo realmente incompatível com as letras<br />
que cantava. Digão, então guitarrista<br />
dos Raimundos, não se conformou com<br />
o fim e assumiu os vocais. A banda voltou<br />
à atividade, agora com o guitarrista<br />
Marquim. O próximo passo foi lançar<br />
dois CDs: uma coletânea de raridades –<br />
com o sugestivo nome Éramos Quatro –<br />
e um de músicas inéditas. A situação se<br />
agravou com a saída do baixista Canisso,<br />
que juntou-se a Rodolfo em sua nova<br />
banda, Rodox. Alf, ex-Rumbora, assumiu<br />
o baixo dos Raimundos, que se<br />
mantiveram ativos por algum tempo<br />
mas acabaram desistindo.<br />
Depois de tantas crises, tudo indicava<br />
que eles não voltariam mais. Os<br />
integrantes se dedicavam a novos projetos<br />
e era comum ver Digão fazendo<br />
shows de voz e violão em bares da cidade.<br />
Até que anunciaram o retorno, sem<br />
o baterista Fred, substituído por Caio<br />
Martins, mas com a volta de Canisso.<br />
“A gente viu que ia completar 20 anos<br />
desde os primeiros shows da banda.<br />
Não quisemos deixar essa marca passar<br />
em branco”, explica Canisso, em entrevista<br />
à <strong>Roteiro</strong>.<br />
36
Aí surge aquela questão: vale a pena<br />
manter a atividade só com dois integrantes<br />
originais Canisso explica: “É<br />
um patrimônio musical de 20 anos, ainda<br />
dá muito prazer de tocar. Eu achava<br />
que nessa minha volta a receptividade<br />
seria meio fria, mas onde tocamos a gente<br />
quebrou a banca. Acabamos de voltar<br />
de um festival em Volta Redonda, onde<br />
tocamos para 25 mil pessoas. A gente reparava<br />
nos shows de bandas novas, que<br />
têm uma ou duas músicas que o público<br />
canta. No nosso show, do começo ao<br />
fim, o público cantava todas as músicas.<br />
Porque deixaríamos na gaveta todos esses<br />
hits que temos Se a gente quiser,<br />
não precisa nem cantar, o público canta<br />
todas pra gente. E percebemos que mesmo<br />
com a galerinha mais nova a banda<br />
continua a ter o mesmo impacto”.<br />
A comemoração dos 20 anos começa<br />
neste sábado, 24, quando os Raimundos<br />
fazem um show no Teatro de Arena do<br />
CAVE, no Guará, local onde se apresentaram<br />
logo no começo da carreira.<br />
“Esse show é o primeiro de uma série. A<br />
gente fez uma parceria com a Secretaria<br />
de Cultura e pretende tocar em todas as<br />
satélites”, informa Canisso. O ingresso<br />
será um livro em bom estado, doado à<br />
Biblioteca Pública do Guará.<br />
Para o futuro, os planos ainda estão<br />
indefinidos, segundo Canisso: “O que<br />
eu posso garantir é que vamos lançar algo<br />
novo nos próximos seis meses. Pode<br />
ser um CD ou um DVD, ou até os dois.<br />
As idéias são muitas”. Uma possibilidade<br />
é um CD de músicas inéditas, já que<br />
a banda tem boa quantidade de composições<br />
novas. Outra é um CD de covers.<br />
“Queríamos gravar músicas do Queen,<br />
do Zé Ramalho, só coisa esdrúxula, porque<br />
cover bom é cover esdrúxulo”. Uma<br />
terceira possibilidade seria convocar amigos<br />
de outras bandas para gravar um CD<br />
com versões de músicas dos Raimundos.<br />
Dificilmente eles voltarão a ter aquele<br />
sucesso estrondoso que os transformou<br />
numa das maiores bandas brasileiras dos<br />
anos <strong>90</strong>. Mas essa não parece ser a maior<br />
preocupação deles, como diz Canisso:<br />
“A gente está nisso pelo prazer de tocar,<br />
Priscila Magalhães<br />
Canisso exibe sua coleção de discos de ouro e platina<br />
o sucesso é só conseqüência”. Eles já<br />
conquistaram muito, bem mais do que<br />
qualquer um imaginaria em 1987, quando<br />
quatro moleques de Brasília formaram<br />
a banda para fazer um único show.<br />
Raimundos - 20 anos de estrada<br />
Abertura: Brasilian Blues Band, Lafusa,<br />
Os Cabelo Duro, Genéricos, Na Lata e<br />
DJs Telma e Selma.<br />
24/11, às xxh, no Teatro de Arena do<br />
CAVE, no Guará. Ingresso: um livro.<br />
37
galeriadearte<br />
Batom<br />
nas lentes<br />
Ciganas do Sol,<br />
de Gisa Müller<br />
Três fotógrafas expõem<br />
seus pontos luminosos<br />
de visão e foco estético<br />
POR ANGÉLICA TORRES<br />
Por culpa inteiramente da empresária<br />
brasiliense Karla Osório, que pela<br />
quinta vez comete a loucura de reunir<br />
fotógrafos do mundo inteiro em centenas<br />
de exposições da Foto Arte, o espectador<br />
fica sem saber o que escolhe pra<br />
ver, tantas são as opções atraentes, importantes,<br />
interessantes que integram o<br />
evento. Se a ênfase na versão 2007 dessa<br />
grande e longa festa da fotografia é para<br />
as 22 mostras internacionais, os profissionais<br />
brasileiros, entretanto, apresentam<br />
ensaios não menos instigantes e<br />
merecedores da atenção do público. É o<br />
caso de três do sexo feminino – Giovana<br />
Dantas, Cecília Osório e Gisa Müller –<br />
que ousam técnica, temática e esteticamente<br />
em suas séries.<br />
Se pintura e fotografia em conexão<br />
sempre possibilitaram um campo de<br />
pesquisa de efeitos virtual e poético, que<br />
dirá sob o recorte da tecnologia digital<br />
pelas mãos de uma doutora em artes<br />
cênicas, professora da Universidade Federal<br />
da Bahia, que tem a fotografia como<br />
proposta de experimentação artís -<br />
tica e a bela Salvador e seu povo como<br />
cenário e personagens. O convite é para<br />
ver o que Giovana Dantas fez em seu<br />
ensaio Tempestade de Bárbara, exposto no<br />
Foyer da Sala Alberto Nepomuceno até<br />
o próximo dia 28.<br />
Em todo 4 de dezembro, Salvador<br />
se transforma na celebração do culto a<br />
Santa Bárbara. Igrejas, terreiros, casas e<br />
ruas são tomadas pelos devotos soteropolitanos<br />
em cortejo de fé e o ritual se<br />
manifesta na culinária, que mistura pão<br />
e vinho com acarajé; nos figurinos de<br />
cores vermelha e branca; nos cenários<br />
dos andores e altares; no clima sagrado,<br />
que não dispensa o som dos atabaques.<br />
O cortejo sai da Igreja de N. S. do Rosário<br />
dos Homens Pretos, sobe a ladeira<br />
do Pelourinho até o Terreiro de Jesus,<br />
passa pela Praça Municipal, desce a Ladeira<br />
da Praça, ocupa a Baixa do Sapateiro<br />
e o Mercado dos Arcos de Santa<br />
Bárbara... e dá-lhe samba no culto a<br />
Santa Bárbara.<br />
Com a série Tempestade de Bárbara,<br />
Giovana Dantas sugere uma reconstrução<br />
simbólica: a mescla dos materiais é<br />
uma metáfora do sincretismo da festa,<br />
já que a superfície das imagens reveladas<br />
recebeu camadas de pintura, gravura e<br />
tratamento digital, levando o trabalho a<br />
resultar em um híbrido – tal qual a enti-<br />
38
dade da santa católica, que no candomblé<br />
é a orixá Iansã. São 22 fotos que<br />
instigam a percepção simbólico-analógica<br />
do espectador e mais ainda sua sensação<br />
na fruição das imagens recriadas.<br />
CECÍLIA OSÓRIO É BRASILIENSE NATA<br />
e academicamente burilou sua vocação<br />
artística nas Faculdades de Música e Letras<br />
da UnB. Ainda no campus, viu-se<br />
capturada pela arte da fotografia, passando<br />
com a nova paixão a investir em<br />
oficinas audiovisuais na UnB e no Parque<br />
Lage (RJ). Sua trajetória deu voltas<br />
profissionais também por São Paulo,<br />
mas retornou à cidade e retomou sua<br />
pesquisa fotográfica, da qual surgiu a<br />
série de cartões postais Brasília em alto<br />
contraste.<br />
No Foto Arte 2007, Cecília Osório<br />
volta à cena expondo o ensaio Curvas de<br />
pontos de luz, no restaurante Kooun, do<br />
Lago Sul. Lá, além dos pratos oferecidos<br />
no cardápio, o visitante se vê convidado<br />
a comer as luzes que resultam das experiências<br />
que ela realiza sobre o diagrama<br />
de curvas de cor de arquivos fotográficos<br />
digitais. A fotógrafa explica que sua<br />
experiência não segue as regras da composição<br />
fotográfica tradicional, mas<br />
“exercita novos olhares, pelos quais o<br />
periférico revela sua força e resgata o<br />
ponto de interesse central da imagem”.<br />
Significa que, trabalhado em seu limite,<br />
o diagrama revela imagens e figuras-fundo<br />
surpreendentes, com o jogo de áreas<br />
iluminadas e escuras. A mostra fica em<br />
cartaz até 5 de dezembro. É ver e constatar<br />
a proposta colocada.<br />
JÁ O FOCO IMAGÉTICO DA CARIOCA<br />
Gisa Müller passa por interesses e<br />
resoluções técnicas bem diferentes<br />
das duas profissionais citadas,<br />
embora fusão de formas e cores<br />
também seja uma palavra-chave<br />
em seu trabalho fotográfico. Gisa<br />
também se graduou em Letras,<br />
em Brasília, mas optou por sair de<br />
máquina a tiracolo atravessando<br />
fronteiras e oceanos, com uma<br />
direção determinada: mostrar que<br />
“todos somos um e que, portanto,<br />
nos reconhecemos um no outro”.<br />
Em Olhares da Índia, exposta no<br />
Rosebud, de Cecília Osório<br />
Baianas, de Giovana Dantas<br />
Espaço Cultural Renato Russo/Galeria<br />
Ruben Valentim até 20 de dezembro, ela<br />
retrata principalmente o cotidiano dos<br />
habitantes do Rajastão, o maior estado<br />
indiano, coberto por deserto e fronteiriço<br />
com o Paquistão. Com a série, Gisa<br />
Müller propõe uma visão de intercâmbio<br />
cultural humanista e estético, e presta<br />
um tributo às mulheres do mundo, na<br />
sua forma mais variada de ser.<br />
É dela o depoimento: “Nas areias<br />
quentes do deserto, me pergunto quem<br />
são essas mulheres que com véus coloridos<br />
esvoaçantes cobrem seus rostos Como<br />
pensam, sentem e vivem A beleza da<br />
vida se dá nos detalhes que nos mostram<br />
que o ser feminino está dentro de cada<br />
mulher, independente de onde estiver”.<br />
São três olhares femininos, três experiências<br />
e interesses plásticos totalmente<br />
diversos entre si, à espera da apreciação<br />
do público admirador da fotografia como<br />
proposta de arte. Mas é importante,<br />
sobretudo, ficar de olho nas datas em<br />
que as mostras permanecem em cartaz.<br />
Foto Arte 2007<br />
Tempestade de Bárbara, de Giovana<br />
Dantas, no Foyer da Sala Alberto<br />
Nepomuceno/Teatro Nacional Claudio<br />
Santoro, até 28/11. Curvas de pontos de<br />
luz, de Cecília Osório, no Kooun (SHIS QI<br />
9/11 Bl. C, térreo), até 5/12. Olhares da<br />
Índia, de Gisa Müller, no Espaço Cultural<br />
Renato Russo/Galeria Rubem Valentin, até<br />
20/12. Todos os trabalhos expostos estão<br />
à venda. Agendar visitas guiadas pelo<br />
telefone 3327.2027, ramais 29 e 31.<br />
39
verso&prosa<br />
Sérgio Pereira Silva<br />
Brasília transformada<br />
pelas mãos do artista<br />
Livro reproduz série de quadros de Carlos Bracher<br />
sobre Brasília e vídeo mostra seu processo criativo<br />
POR RICARDO PEDREIRA<br />
Carlos Bracher pinta como quem<br />
está em transe. É o que a gente vê no<br />
vídeo que acompanha o livro Bracher<br />
Brasília, em que estão reproduzidos 66<br />
óleos e 16 aquarelas que o pintor mineiro<br />
fez na cidade. O documentário mostra<br />
Bracher ao ar livre, em pleno proces-<br />
so criativo, esgrimindo pincéis, tubos de<br />
tinta ou simplesmente os dedos nas telas<br />
brancas transformadas em obras de<br />
arte. Parece que um santo baixa no artista,<br />
tomado por uma força incontrolável<br />
de passar para a tela aquilo que é captado<br />
por seus olhos e coração.<br />
É muito interessante a complementação<br />
entre o livro e o vídeo – Âncoras ao<br />
céu – feito por sua filha Blima. No documentário,<br />
narrado pelo próprio Bracher,<br />
temos o artista em ebulição, pintando<br />
em frente aos nossos palácios, nos gramados,<br />
nas avenidas. Uma reportagem<br />
sobre o ato de criação. No livro, além<br />
das reproduções dos óleos e aquarelas,<br />
temos textos de Bracher explicando com<br />
muita informação e emoção o que o le-<br />
40
vou a fazer essa série, em comemoração aos seus 50 anos<br />
de pintura e aos 50 anos de construção de Brasília. Textos<br />
que enriquecem nossa percepção das pinturas.<br />
Bracher é mineiríssimo. Nasceu em Juiz de Fora e<br />
mora em Ouro Preto. A barroca Ouro Preto, com suas<br />
ladeiras e becos, encravada no meio das montanhas, é<br />
o oposto de Brasília, solar, aberta para o céu, um monumento<br />
da arquitetura moderna de Niemeyer, das longas<br />
avenidas e das organizadas superquadras de Lúcio Costa.<br />
Mas foi exatamente esse contrate que atraiu Bracher,<br />
ele mesmo um espírito barroco, que fala com eloqüência<br />
barroca e pinta com o vigor e lirismo dos impressionistas,<br />
não fosse ele apaixonado por Van Gogh (em homenagem<br />
a quem já fez uma série de belos óleos). Foi com esses<br />
olhos habituados às curvas das igrejas de Ouro Preto e<br />
essa visão impressionista do mundo que Bracher desembarcou<br />
em Brasília no início de 2006 com o objetivo de<br />
fazer a série reproduzida no livro.<br />
NÓS QUE AQUI MORAMOS PODEMOS NOS SURPREENDER<br />
com a Brasília pintada por Bracher. A cidade que vemos<br />
em nosso dia-a-dia, que explode de claridade e cuja luz<br />
fica ainda mais forte rebatida nos prédios e palácios brancos,<br />
é transfigurada pelas mãos do artista. Cores fortes<br />
e escurecidas dão uma dramaticidade que nós, simples<br />
mortais, não enxergávamos. O céu limpo se enche de<br />
emoções. A sensibilidade e a técnica de Bracher fazem<br />
explodir uma Brasília que não conhecíamos, mas que<br />
estava lá.<br />
Bracher nos conta no livro que sua vontade de retratar<br />
a cidade nasceu da profunda admiração que tem pelo<br />
também mineiro Juscelino Kubitschek. Jovem estudante,<br />
teve oportunidade de conhecer pessoalmente JK quando<br />
era ainda governador de Minas. Suas famílias já se conheciam.<br />
Com a epopéia da construção de Brasília, o<br />
espírito empreendedor de JK virou uma fascinação para<br />
o espírito criativo do artista. Ele relata no livro, com riqueza<br />
de detalhes, as motivações da série de pinturas e<br />
aquarelas e o processo de produção dos quadros. É valiosa<br />
contribuição para melhor entendimento da obra.<br />
Enquanto os quadros a óleo foram pintados da forma<br />
que Bracher habitualmente faz – diante da cena a ser<br />
pintada, como “pintor de rua” –, as aquarelas partiram<br />
de antigas fotos da construção da cidade. Os óleos mostram<br />
o que temos hoje, e as aquarelas como tudo começou.<br />
São lindas. Os candangos em busca do Eldorado<br />
estão agora eternizados em obras de arte, como se o artista<br />
tivesse presenciado sua chegada ao Cerrado inóspito e<br />
documentado o início da construção do sonho modernista<br />
de JK.<br />
Com os quadros de Bracher, Brasília tem um retrato<br />
de grande sensibilidade, à altura da própria obra de arte<br />
que é nossa cidade. Os quadros vão se espalhar por coleções,<br />
mas o conjunto fica, desde já, reunido nesse belo<br />
livro que celebra o cinqüentenário que se aproxima.<br />
Nas aquarelas, os candangos em busca do Eldorado<br />
e o primeiro monumento em construção<br />
41
luzcâmeraação<br />
Meu Mundo em Perigo, de José Eduardo Belmonte, é o único concorrente de Brasília<br />
Quarentão em<br />
Festival de Brasília revisita sua própria história e adota tom<br />
POR CRISTIANO TORRES<br />
Quatro décadas de luta não cansaram<br />
o velho de guerra Festival de Brasília<br />
do Cinema Brasileiro. Mais importante<br />
evento do gênero no país, é o único a<br />
apresentar um número restrito de filmes<br />
– apenas seis longas e 12 curtas – para<br />
que possam ser discutidos de forma<br />
aprofundada em debates abertos ao<br />
público. Nada mais coerente, já que a<br />
proposta é sempre estimular o debate<br />
e a formação de espectadores críticos<br />
diante da Sétima Arte.<br />
Além de discutir um pouco de sua<br />
história, este ano o festival ganha um<br />
tom mais intimista. Os filmes selecionados<br />
têm um perfil mais pessoal e menos<br />
político, característica que marcava o<br />
festival desde sua primeira edição, em<br />
1965, durante a ditadura militar. “Escolhemos<br />
algumas obras-primas que saem<br />
do viés político. As pessoas devem discutir<br />
mais cinema, mais roteiro, em obras<br />
com características mais pessoais, subjetivas”,<br />
explica Fernando Adolfo, organizador<br />
do festival desde 1965 e integrante<br />
da comissão julgadora.<br />
Seis longas inéditos no Brasil serão<br />
a principal atração em 2007: Amigos de<br />
risco, de Daniel Bandeira (PE), Anabazys,<br />
de Paloma Rocha e Joel Pizzini (RJ), Chega<br />
de saudade, de Laís Bodanzky (SP),<br />
Cleópatra, de Júlio Bressane (RJ), Falsa<br />
loura, de Carlos Reichenbach (SP), e<br />
Meu mundo em perigo, de José Eduardo<br />
Belmonte (DF). Deles, apenas dois –<br />
Cleópatra e Anabasys – já foram vistos,<br />
mas apenas no Festival de Veneza, em<br />
setembro.<br />
Paulo Emilio Salles Gomes, crítico<br />
e fundador do festival, já falecido, será<br />
homenageado com um seminário. Também<br />
será lançado um livro sobre os 40<br />
anos do festival. Essa feição comemorativa<br />
se estende às cerimônias de abertura<br />
e fechamento, com exibição de filmes<br />
de outras edições: os raros Proezas do Sa-<br />
42
Fotos: Divulgação<br />
Cinema para cegos<br />
Falsa Loura, de Carlos Reichenbach, com Rosanne Mulholland e Maurício Mattar<br />
forma<br />
mais intimista e menos político<br />
tanás na Vila do Leva-e-Traz, de Paulo Gil Soares, vencedor do Candango<br />
de 1967, e Dezesperato, de Sérgio Bernardes (1968).<br />
A exemplo dos últimos anos, o festival oferecerá ao público diversos<br />
horários e locais de exibição dos filmes. O Cine Brasília fará as<br />
projeções sempre às 20h30 e 23h30. Nos dias seguintes, em diferentes<br />
horários, os cinemas do CCBB, Embracine (CasaPark) e Cinemark<br />
(Pier 21) reapresentarão os filmes exibidos na noite anterior no Cine<br />
Brasília. A Sala Martins Penna do Teatro Nacional será palco da mostra<br />
em 16mm. Anualmente, o festival reúne, só no Cine Brasília, cerca<br />
de 20 mil espectadores durante toda a semana.<br />
A criançada também terá contato com a tela grande, com o Festivalzinho.<br />
Este ano, o filme exibido, sempre às 10 horas, no Cine Brasília,<br />
será Turma da Mônica, de Maurício de Sousa. O festivalzinho é<br />
dedicado às escolas públicas do DF, que ganharão transporte e lanche.<br />
Diariamente, são esperadas 600 crianças.<br />
O Festival de Brasília acaba de conquistar mais um título: o de<br />
A grande novidade do Festival de Brasília este<br />
ano é o Cinema para cegos, um projeto da<br />
Diretoria de Cultura Inclusiva. Antes das sessões,<br />
os participantes recebem um aparelho de<br />
tradução simultânea para usar do lado de uma<br />
orelha. Dessa forma, o espectador escuta a<br />
descrição das cenas que não têm som no filme, a<br />
fim de possibilitar a compreensão do cenário,<br />
figurinos e expressões, entre outros detalhes.<br />
Todo o trabalho de gravação de áudio é<br />
realizado anteriormente, com a elaboração de um<br />
roteiro das cenas as serem descritas. A escolha do<br />
narrador é outro fator importante, pois, para que<br />
não ocorra confusão com a voz do personagem,<br />
deve haver uma troca. Ou seja, se o personagem<br />
for uma mulher, a narração é feita por um<br />
homem, e se o personagem for homem a<br />
narração é realizada por uma mulher.<br />
São 50 equipamentos áudio-descritivos,<br />
alugados de uma empresa do ramo pela<br />
Secretaria de Cultura do DF. O projeto é, sem<br />
trocadilho, a menina dos olhos do secretário da<br />
Cultura, Silvestre Gorgulho. “Com a iniciativa, os<br />
18 filmes concorrentes se tornam acessíveis não<br />
apenas aos cegos, mas a todos que se interessem<br />
em conhecer como funciona o equipamento, já<br />
que o termo inclusão embute a idéia de educação<br />
coletiva”, explica a diretora do projeto, a<br />
professora de musicografia Braille Dolores Tomé.<br />
O equipamento consiste em uma dupla de<br />
aparelhos: um quase imperceptível, que se acopla<br />
a uma orelha, e outro, semelhante ao MP3, que<br />
fica na mão, para controle do som. O conjunto<br />
emite uma narração sintética do que se passa em<br />
cenas silenciosas do filme, pois o cego, que tem<br />
audição mais aguçada que os videntes, fica sem<br />
saber o que ocorre no enredo, nesses trechos.<br />
A Diretora de Cultura Inclusiva conta com<br />
uma equipe de nove funcionários para gravar as<br />
narrações e com o apoio de dois cegos – um fora<br />
e outro dentro do estúdio, para indicar e revisar<br />
as indicações de cenas que não ficaram claras ou<br />
que resultaram em explicações excessivas e<br />
desnecessárias, caso em que eles reagem: “Não<br />
dêem informações demais... deixem a gente<br />
sonhar também”. Dolores sonha ainda mais alto:<br />
“Quem sabe, agora, em novelas e filmes passem<br />
a se lembrar que os cegos também merecem<br />
atenção e façam a inclusão com essas pequenas<br />
pontuações narrativas”
luzcâmeraação<br />
Patrimônio Imaterial do Distrito Federal.<br />
Com isso, ganha o reconhecimento público<br />
como importante manifestação cultural da<br />
capital do país. O título pode garantir também<br />
mais verbas para o festival, cujo orçamento<br />
é de <strong>R$</strong> 1,6 milhão, 40% bancados<br />
pelo Governo do Distrito Federal e o restante<br />
por patrocinadores. “Ao ser considerado<br />
patrimônio imaterial, o festival ganha,<br />
além de uma homenagem, visibilidade e credibilidade”,<br />
comemora Fernando Adolfo.<br />
Divulgação<br />
40º Festival de Brasília<br />
do Cinema Brasileiro<br />
De 21 a 26/11, no Cine Brasília, CCBB,<br />
Embracine (CasaPark) e Cinemark (Pier 21)<br />
Programação completa: www.<br />
roteirobrasilia.com.br<br />
Anabasys, de Paloma Rocha e Joel Pizzini, é um filme sobre outro filme, A idade da Terra, de Glauber Rocha<br />
Os longas concorrentes<br />
Meu mundo em perigo<br />
Ficção, cor, 35mm, 92min,<br />
DF/SP, 2007<br />
Direção: José Eduardo Belmonte.<br />
Com Eucir de Souza, Rosanne Mulholland,<br />
Milhem Cortaz, Justine<br />
Otondo, Wolney de Assis, Fernanda<br />
D´Umbra e Rafael Henrique Miguel.<br />
Elias vê seu mundo ameaçado quando<br />
sua ex-mulher, uma junkie recuperada,<br />
pede a guarda de seu filho. Fito entra em<br />
desespero após perder seu pai por causa de<br />
Elias. Isis, que se esconde num hotel vagabundo,<br />
pode ser a saída para Fito e Elias.<br />
Amigos de risco<br />
Ficção, cor, 35mm, 88min, PE/2007<br />
Direção: Daniel Bandeira. Com Irandhir<br />
Santos, Rodrigo Riszla, Paulo<br />
Dias, Lílian Kelen, Junior Black, Renata<br />
Roberta, Leta Vasconcelos, Ênio<br />
Borba, Fleurange Santos, Madalena<br />
Sabóia, Hissa Hazin, Regina Carmem<br />
e Raimundo Branco.<br />
Após anos em fuga, Joca está de volta à<br />
cidade. Para comemorar, nada melhor do<br />
que uma noitada com seus últimos bons<br />
amigos, Nelsão e Benito.<br />
Anabazys<br />
Documentário, cor, 35mm, <strong>90</strong>min,<br />
RJ/2007<br />
Direção: Joel Pizzini e Paloma Rocha.<br />
Entrevistados principais: Glauber Rocha<br />
(arquivo), Tarcísio Meira, Norma Bengell,<br />
Ana Maria Magalhães, Jece Valadão,<br />
Orlando Senna, Gustavo Dahl,<br />
Fernando Lemos, Oliveira Bastos, Tetê<br />
Catalão e Carlos Castello Branco.<br />
Anabazys é um prolongamento de A idade<br />
da Terra (1980), filme-testamento de Glauber<br />
Rocha, na medida em que recria a memória<br />
em torno da gênese e produção do filme.<br />
Chega de saudade<br />
Ficção, cor, 35mm, 92min, SP/2007<br />
Direção: Laís Bodanzky. Com Leonardo<br />
Vilar, Tônia Carrero, Cassia Kiss, Betty<br />
Faria, Stepan Nercessian, Maria Flor,<br />
Paulo Vilhena, Luis Serra, Marcos Cesana,<br />
Conceição Senna, Clarisse Abujamra,<br />
Miriam Mehler e Marly Marley.<br />
O filme conta, numa única noite, várias<br />
histórias vividas pelos freqüentadores de um<br />
salão de baile. Com muita música e dança,<br />
os acontecimentos fazem o espectador se sentir<br />
dentro do baile.<br />
Falsa loura<br />
Ficção, cor, 35mm, 101min,<br />
SP/2007<br />
Direção: Carlos Reichenbach. Com<br />
Rosanne Mulholland, Cauã Reymond,<br />
Maurício Mattar, Dijin Sganzerla,<br />
João Bourbonnais, Léo Áquila,<br />
Suzana Alves, Jiddu Pinheiro, Maeve<br />
Jinkings e Vanessa Prieto.<br />
Simara, operária especializada, de exuberante<br />
beleza, que sustenta o pai incendiário,<br />
se envolve com dois mitos diferentes<br />
da música popular e com cada um deles<br />
irá experimentar traumáticas lições de<br />
vida.<br />
Cleópatra<br />
Ficção, cor, 35mm, 116min,<br />
RJ/2007<br />
Direção: Júlio Bressane. Com Alessandra<br />
Negrini, Miguel Falabella,<br />
Bruno Garcia, Josie Antello e Karine<br />
Carvalho.<br />
O filme tem como tema central o confronto<br />
entre os mundos grego e egípcio segundo<br />
a visão multifacetada de Cleópatra. O<br />
percurso de Cleópatra será revelado, sobretudo,<br />
por meio da sua vida privada.<br />
44
Fotos: Divulgação<br />
Anárquico e excêntrico<br />
Ex-palhaço, ex-manipulador de marionetes, filósofo, roteirista<br />
de quadrinhos, o chileno Alejandro Jodorowsky tem pela<br />
primeira vez uma mostra de seus filmes no Brasil<br />
POR SÉRGIO MORICONI<br />
Não se incomode se você nunca ouviu<br />
falar nele. Alejandro Jodorowsky se<br />
transformou numa lenda entre os aficcionados<br />
do cinema experimental pela<br />
simples razão de que seus filmes estão,<br />
há décadas, absolutamente indisponíveis<br />
para o público em todo o mundo. Foi<br />
preciso que a Inglaterra lançasse uma<br />
coleção com algumas de suas principais<br />
obras para que seu nome voltasse a circular<br />
no meio cinematográfico. Mas, entre<br />
os fãs dos quadrinhos, Jodorowsky é<br />
uma referência incontornável. Só para<br />
dar alguns exemplos, são dele as histórias<br />
O Incal e Os Bórgia, ilustradas, por<br />
Guido Manara e Moebius. O Festival<br />
Jodorowsky, do dia 28 a 9 de dezembro,<br />
no CCBB, não só vai exibir toda sua filmografia<br />
como trará o artista em pessoa<br />
para participar de debates, conferências<br />
e de uma noite de autógrafos (dia 3, às<br />
20h, na Fnac), quando lançará a inédita<br />
história em quadrinhos Antes de Incal.<br />
No que diz respeito ao cinema, bem,<br />
é preciso antes colocar as coisas em perspectiva:<br />
nascido numa província litorânea<br />
do Chile, depois de experimentar o<br />
circo, o teatro de marionetes, a cenografia,<br />
e de se transformar ele próprio em<br />
ator, Jodorowsky correu o mundo. Primeiro<br />
México, depois Estados Unidos,<br />
finalmente Europa. Na França, onde<br />
mora até hoje, uniu-se a Roland Topor,<br />
Arrabal, ao célebre mímico Marcel Maceau<br />
– que à época ainda não era célebre<br />
– e a Jerôme Savary para dar vida a um<br />
movimento pós-surrealista chamado Pânico.<br />
O movimento foi muito influenciado<br />
pelos encontros que manteve com<br />
André Breton, um dos principais articuladores<br />
intelectuais do surrealismo.<br />
A partir de então, Jodorowsky começa<br />
a incorporar os mais diversos elementos<br />
oníricos a sua obra.<br />
O fato de também estar ligado à cultura<br />
popular afasta Jodorowsky e seus<br />
companheiros de Breton, cuja formação<br />
era estritamente erudita. O Pânico estava<br />
alicerçado em três elementos básicos –<br />
“terror, humor e simultaneidade”.<br />
Postulava transcender os limites impostos<br />
pela sociedade e buscava rechaçar a<br />
seriedade artística com uma explosão<br />
criativa sem regras. A afinidade com o<br />
pensamento de Alfred Jarry – expresso<br />
na peça Ubu Rei – era evidente. Nas palavras<br />
de Fernando Arrabal: “O Pânico é<br />
a crítica da razão pura, é o convívio sem<br />
leis e sem mando, é a ode ao talento louco,<br />
é o antimovimento, é a arte de viver<br />
(que leva em conta a confusão e o azar)”.<br />
Peças como Cabaret trágico foram inspiradas<br />
nos mandamentos preconizados<br />
pelo movimento. Não vamos esquecer<br />
que a personagem principal de Ubu Rei<br />
preconiza a instauração da “patafísica”:<br />
ciência das coisas inúteis, pensamento<br />
antagônico à razão burguesa. No Pânico,<br />
os três fundam uma corrente de pensamento<br />
e expressão artística em homenagem<br />
ao deus grego Pan.<br />
Fundado o Pânico, Jodorowsky volta<br />
para o México, onde tem sua primeira<br />
45
luzcâmeraação<br />
oportunidade de fazer cinema. Faz uma<br />
adaptação da peça Fando y Lis, de seu<br />
companheiro Arrabal. Orgia de cores<br />
e sons, o filme expõe toda a formação<br />
anarco-surrealista de seu criador. Jodorowsky<br />
preserva o texto original escrito por<br />
Arrabal. A história – na verdade é uma<br />
fábula – aborda a relação de dependência<br />
de Fando com Lis, menina indefesa e<br />
traumatizada por fantasmas da infância.<br />
Os dois caminham pelo deserto, atrás de<br />
uma terra imaginária, representada como<br />
um ideal inalcançável, chamada Tar.<br />
No caminho, surgem situações insólitas,<br />
como uma passeata de travestis e a voracidade<br />
de velhas burguesas sedentas pelo<br />
corpo de um jovem rapaz. À medida que<br />
Fando tenta se libertar de Lis, ele percebe<br />
como se tornou impossível seguir o<br />
caminho sozinho. Referência aos cinemas<br />
do brasileiro Glauber Rocha e do<br />
espanhol Luis Buñuel são evidentes e<br />
reconhecidas pelo próprio Jodorowsky.<br />
No mesmo ano em que faz Fando y<br />
Lis, Jodorowsky roda El topo, um western<br />
surreal, ambientado numa curiosa sociedade<br />
esfarrapada e conflituosa, ao mes-<br />
mo tempo definida como uma “corte<br />
dos milagres”, onde o protagonista luta<br />
desesperadamente contra o mal através<br />
de uma série interminável de episódios<br />
alucinantes, violentos, de fugas e exaltações<br />
orgiásticas. Jodorowsky resumiu o<br />
filme como “a história de um homem<br />
em busca da espiritualidade, em busca<br />
da paz”. Diversas cenas e situações da<br />
narrativa são autobiográficas, especialmente<br />
aquelas que abordam a relação<br />
pai-filho. Jodorowsky conta um episódio<br />
emblemático de sua infância: “Certo<br />
dia, eu era uma criança de seis anos e fui<br />
com meu pai à praia. O carro quebrou<br />
e meu pai teve de me carregar por uns<br />
quatro quilômetros até o mar. Acho que<br />
esse foi o único contato de pele que tive<br />
com ele”, disse em entrevista no documentário<br />
que acompanha a coleção<br />
lançada no Reino Unido.<br />
El topo estreou sem qualquer estratégia<br />
de lançamento nos EUA em dezembro<br />
de 1970. Poderia passar inteiramente<br />
desapercebido se um fato insólito e absolutamente<br />
extraordinário não tivesse<br />
resgatado o filme de um virtual limbo.<br />
Deslumbrados com o que viram numa<br />
sessão da meia-noite no obscuro cinema<br />
alternativo The Elgin, no downtown novaiorquino,<br />
John Lennon e Yoko Ono<br />
tomaram para si a missão de divulgar o<br />
filme entre amigos influentes. Transformado<br />
em cult obrigatório, El topo sedimentou<br />
o caminho para A montanha<br />
sagrada, filme que muitos consideram a<br />
obra-prima de Jodorowsky. Essa obra inclassificável<br />
é, segundo o autor, o relato<br />
de uma “ascensão” em direção a uma<br />
vida de pureza e júbilo. O cimo dessa<br />
montanha metafórica de Jodorowsky<br />
muitas vezes está envolto na neblina e é<br />
la que terão lugar episódios ao mesmo<br />
tempo violentos, mágicos, cruéis, repletos<br />
de espiritualidade. Este seria o sublime<br />
paradoxo de Jodorowsky, presente<br />
em todos os seus filmes: a busca de uma<br />
razão mística.<br />
Festival Jodorowsky<br />
De 28/11 a 9/12, no cinema do CCBB. De<br />
3ª a 6ª feira, às 18h30 e 20h30; sábado e<br />
domingo a partir das 15h. Ingressos a <strong>R$</strong> 4<br />
e <strong>R$</strong> 2. Mais informações: 3310.7081<br />
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Fotos: Divulgação<br />
Nação dividida<br />
Retrato pessimista da sociedade americana proporciona<br />
guinada, para melhor, na carreira do astro Tom Cruise<br />
POR REYNALDO DOMINGOS FERREIRA<br />
Em Leões e cordeiros, Robert Redford<br />
usa diálogos incisivos, por vezes excessivos,<br />
para levantar uma série de questões<br />
políticas que dividem a opinião pública<br />
dos EUA sobre as guerras no Iraque e<br />
no Afeganistão, deixando em aberto para<br />
o espectador, entretanto, uma reflexão<br />
sobre os temas abordados que<br />
envolvem a atuação de políticos, militares,<br />
educadores e principalmente da imprensa.<br />
Com base num roteiro bem estruturado<br />
de Matthew Michael Carnahan, o<br />
filme destaca, em linguagem enxuta, de<br />
dinâmica própria, a responsabilidade da<br />
imprensa na vida do cidadão americano,<br />
que vive indiferente ao que acontece<br />
no Oriente Médio. Como ator, Redford<br />
já vivenciara o tema em pelo menos dois<br />
bons filmes: O Candidato (1972), de Michael<br />
Richtie, e Todos os homens do Presi-<br />
dente (1976), de Alan J. Pakula.<br />
Desta feita, quem faz isso é Meryl<br />
Streep, que, no papel de uma jornalista<br />
veterana de televisão, Janine Roth, se<br />
recusa, apesar da ameaça de perder o<br />
emprego, a fazer o jogo dúbio do ambicioso<br />
senador Jasper Irving (Tom Cruise),<br />
que a convocara para uma entrevista<br />
exclusiva sobre uma operação em andamento,<br />
naquela ocasião, numa nova<br />
ofensiva militar no Afeganistão.<br />
O filme tem início com a chegada<br />
de Janine ao gabinete de Irving. Pelas<br />
reações do senador, Janine percebe logo<br />
que se trata de mais uma operação equivocada,<br />
como tantas que ocorriam no<br />
Vietnã, no que é contestada por Irving,<br />
que quer fazê-la crer que se trata de uma<br />
nova estratégia, especialmente estudada<br />
para enfrentar os talibãs. Para tanto, usa<br />
a linguagem bombástica de sempre: “Vivemos<br />
um momento crítico. Você quer<br />
vencer a guerra contra o terrorismo<br />
Sim ou não É esta a pergunta importante<br />
destes nossos dias”.<br />
No Afeganistão, onde alguns soldados<br />
participam dos preparativos da<br />
operação, entre eles os amigos Ernest<br />
Rodriguez (Michael Peña) e Arian Finch<br />
(Derek Luke), percebe-se que Janine tem<br />
razão. Isto é, que os soldados, voluntários,<br />
estão sendo levados a uma operação<br />
suicida como as que ocorriam<br />
contra os vietcongs, preparada pelo governo<br />
desta feita para, com a esperada<br />
ajuda do senador, desviar o enfoque dado<br />
pela imprensa aos recentes fracassos<br />
ocorridos no Iraque.<br />
A narrativa se transfere então para<br />
a Califórnia, onde, numa universidade,<br />
leciona o Dr. Stephen Malley (Robert<br />
Redford), veterano de guerra patriota<br />
que induzira seus alunos Arian e Ernest<br />
a se oferecerem para lutar no Afeganistão.<br />
Ele recebe em seu gabinete outro<br />
aluno, Todd Hayes (Andrew Garfield),<br />
47
luzcâmeraação<br />
Divulgação<br />
que resiste a aceitar suas idéias, pois prefere<br />
perseguir o sonho americano de<br />
casar, ter um bom carro, uma mansão<br />
de muros altos e participar de alguma<br />
instituição de assistência social. Sem poder<br />
supor o que está acontecendo naquele<br />
momento com Arian e Ernest,<br />
Malley tenta quebrar a resistência de<br />
Todd, perguntando-lhe: “De que vale<br />
você possuir um belo carro, se não tem<br />
combustível para acioná-lo, ou ter estradas<br />
em pandarecos como as dos países<br />
subdesenvolvidos De que vale”<br />
O filme, rodado em estúdio, com<br />
exemplar economia de meios, é o primeiro<br />
da United Artists sob a gestão de<br />
Tom Cruise, depois que ele rescindiu<br />
seu contrato milionário com a Paramount<br />
Pictures. Embora tenha sido mal<br />
recebido pelo público costumeiro do<br />
ator, representa uma guinada para melhor<br />
em sua carreira. Bem dirigido,<br />
Cruise enfrenta em bom nível o embate<br />
com aquela que pode ser considerada a<br />
primeira dama do cinema americano da<br />
atualidade, Meryl Streep, em mais uma<br />
de suas soberbas atuações.<br />
De fato, a seqüência em que Janine<br />
faz o percurso da televisão para casa,<br />
passando pelo cemitério de Arlington e<br />
refletindo sobre as inúmeras vidas ceifadas<br />
ao longo dos anos por atitudes destemperadas<br />
de políticos irresponsáveis<br />
como o senador Irving, dá bem o tom<br />
de pessimismo do filme de Redford. Pessimismo<br />
que se completa quando o jovem<br />
Todd chega em casa, agastado com<br />
a conversa que tivera com Malley, encontra<br />
o companheiro apegado ao vazio<br />
noticiário da televisão, que aliena cada<br />
vez mais a juventude americana, e este<br />
lhe indaga: “Então, você já sabe qual vai<br />
ser a sua nota”<br />
Os intérpretes são, no geral, o ponto<br />
alto do filme. Além das grandes estrelas<br />
– Meryl Streep, Robert Redford e Tom<br />
Cruise – também se destacam Michael<br />
Peña, em mais uma excelente atuação, e<br />
Andrew Garfield, que surpreende no<br />
duelo verbal com o professor Malley. A<br />
fotografia de Philippe Rousselot consegue<br />
belos efeitos visuais nas cenas de<br />
guerra nas montanhas geladas do Afeganistão<br />
e o comentário musical de Mark<br />
Isham é a todo tempo adequado, além<br />
de bastante sugestivo em relação à proposta<br />
instigante do filme.<br />
Leões e cordeiros<br />
EUA / 2007, 105 min. Direção: Robert<br />
Redford. <strong>Roteiro</strong>: Matthew Michael<br />
Carnahan. Com Robert Redford, Meryl<br />
Streep, Tom Cruise, Michael Peña, Andrew<br />
Garfield e Derek Luke.<br />
48
Fotos: Divulgação<br />
se sacrificava para levá-lo às sessões das<br />
sextas-feiras, ao descobrir um velho gravador<br />
abandonado num armário ele<br />
tenta recuperá-lo para, com a colaboração<br />
de amigos, criar histórias sonoras à<br />
semelhança das que acompanhava nos<br />
filmes. Por ser criativo, ele desperta, entretanto,<br />
a ira do diretor do estabelecimento,<br />
também deficiente visual, mas<br />
um ser retrógrado e muito ranzinza.<br />
Mirco recebe, contudo, o apoio de Don<br />
Giulio, que o presenteia com um gravador<br />
novo para continuar criando suas<br />
histórias.<br />
A originalidade do trabalho de Bortone<br />
não está propriamente em sua linguagem<br />
narrativa, nem na sua mise-emscène,<br />
que peca pelo uso imoderado de<br />
clichês de filmes do gênero e de algumas<br />
situações esdrúxulas para apresentar<br />
personagens, mas pela maneira como<br />
mostra a descoberta que Mirco faz, com<br />
os amigos, do mundo mágico, presidido<br />
pela força das palavras e dos sons, am-<br />
Comovente,<br />
sem ser piegas<br />
Como um garoto pobre, deficiente visual, soube se<br />
adaptar ao mundo de imagens recriadas por meio de<br />
sons e de palavras, tornando-se um homem de sucesso<br />
POR REYNALDO DOMINGOS FERREIRA<br />
Vermelho como o céu, do cineasta italiano<br />
Cristiano Bortone, é a história verídica<br />
de Mirco Mencacci, compositor e<br />
renomado editor de som do cinema italiano,<br />
que guarda semelhança com a do<br />
tenor Andréa Bocelli, de fama internacional.<br />
Isso porque ambos, além de serem<br />
naturais da Toscana, ficaram cegos<br />
na infância em conseqüência de acidentes<br />
– um, por uma queda ao tentar, aos<br />
dez anos, apanhar a arma do pai suspensa<br />
numa parede da casa; outro, por ter<br />
nascido com glaucoma congênito e, jogando<br />
futebol, aos 12 anos, ter sido<br />
atingido por uma bola na cabeça.<br />
A diferença é que Mirco (Luca Capriotti)<br />
era um garoto pobre que, nos<br />
anos 70, na Itália, por ser deficiente visual,<br />
ficou impedido de continuar estudando<br />
na escola pública. Por isso, os pais<br />
tiveram de levá-lo para uma instituição<br />
especializada no ensino de cegos, pelo<br />
método Braile, de um grupo católico, na<br />
cidade de Gênova, o Instituto Gassone,<br />
com mais de 100 anos de tradição.<br />
Mirco, porém, se recusa a aprender<br />
o Braile por entender, como seus pais,<br />
que não perdera totalmente a visão,<br />
uma vez que se sentia ainda capaz de<br />
identificar vultos à sua frente. E é assim,<br />
em grau de superioridade, que ele se<br />
posiciona em relação aos demais garotos<br />
cegos da instituição até que o professor,<br />
Don Giulio (Paolo Sassanelli), o adverte<br />
de que há coisas belas a serem descobertas<br />
se ele desenvolver mais os outros sentidos,<br />
como o da audição:<br />
– Você nunca observou, Mirco, que<br />
muitos instrumentistas fecham os olhos,<br />
isto é, anulam a visão, para sentir mais<br />
profundamente a música que eles próprios<br />
executam Há cinco sentidos, Mirco.<br />
Por que você só quer usar um – ele<br />
lhe pergunta.<br />
Como Mirco, antes do acidente, gostava<br />
de ir ao cinema com o pai, que até<br />
49
luzcâmeraação<br />
Fotos: Divulgação<br />
bos de natureza reflexiva. E, mais que<br />
isso, pela surpreendente forma com que<br />
conduz, ao final, os pais das crianças<br />
cegas a sentirem as mesmas sensações<br />
que elas com as histórias sonoras que<br />
criaram.<br />
Também se deve reconhecer no trabalho<br />
de Bortone, que estudou cinema<br />
nas Universidades da Califórnia e de<br />
Nova York, o excelente preparo técnico<br />
do elenco infantil do filme, ao qual teria<br />
se dedicado por mais de um ano, liderado<br />
naturalmente por Luca Capriotti,<br />
garoto de personalidade forte, que interpreta<br />
o papel de Mirco com determina-<br />
da força de convencimento. Ainda no<br />
campo das interpretações, deve-se ressaltar<br />
a presença de um novo e promissor<br />
ator do cinema italiano, de vivência teatral,<br />
Paolo Sassanelli, intérprete de Don<br />
Giulio, que colaborou também com<br />
Bortone na elaboração do roteiro.<br />
Outro trunfo de Vermelho como o céu<br />
é a direção de fotografia de Vladan Radovic.<br />
Desde o primeiro plano, um belo<br />
panorâmico de um campo da Toscana<br />
que se repete ao final, ele se esmera na<br />
movimentação de câmara para captar da<br />
forma mais intimista possível as reações<br />
das crianças cegas, enclausuradas, distantes<br />
de seus familiares, inseguras mas<br />
desejosas de conquistar a liberdade. Por<br />
esses atributos, a película de Bortone<br />
recebeu o prêmio de público da 30ª<br />
Mostra Internacional de Cinema de São<br />
Paulo, no ano passado, além do prêmio<br />
Davi Donatello, destinado a filme sobre<br />
crianças, outorgado este ano pela Academia<br />
de Artes Cinematográficas da Itália.<br />
Vermelho como o céu<br />
Itália/2006, 95 min. Direção: Cristiano<br />
Bortone. <strong>Roteiro</strong>: Cristiano Bortone e<br />
Paolo Sassanelli. Com Luca Capriotti, Paolo<br />
Sassanelli, Francesca Maturenze, Simone<br />
Colombari, Marco Cocci e Rosane Gentile.<br />
PROGRAMAÇÃO DO CINE ACADEMIA PARA O PERÍODO DE 15 A 22 DE NOVEMBRO<br />
Informações de responsabilidade da rede Cine Academia (Tel: 3316.6811 / 3316.6373)<br />
ACADEMIA DE TÊNIS - 3316.6373<br />
CINE I – OS DONOS DA NOITE (16 anos).<br />
DIRETOR: JAMES GRAY (125 MIN). 2ª a 6ª,<br />
16h30, 19h00 e 21h30; Sáb., dom. e fer.,<br />
16h30, 19h00 e 21h30.<br />
CINE II – PIAF – UM HINO AO AMOR (14<br />
anos). DIRETOR: OLIVIER DAHAN (140 MIN). 2ª a<br />
6ª, 16h10, 19h e 21h40; Sáb., dom. e fer.,<br />
16h10, 19h e 21h40.<br />
CINE III – TROPA DE ELITE (16 anos). DIRETOR:<br />
JOSÉ PADILHA (110 MIN). 2ª a 6ª, 17h20; Sáb.,<br />
dom. e fer., 15h10 e 17h20 MEU MELHOR<br />
AMIGO (livre). DIRETOR: PATRICE LECONTE (96<br />
MIN). 2ª a 6ª, 19h30 e 21h30; Sáb., dom. e fer.,<br />
19h30 e 21h30.<br />
CINE IV – NOEL, POETA DA VILA (14 anos).<br />
DIRETOR: RICARDO VAN STEEN (102 MIN). 2ª a<br />
6ª, 17h30, 19h30 e 21h30; Sáb., dom. e fer.,<br />
15h30, 17h30, 19h30 e 21h30.<br />
CINE V – O PASSADO (16 anos). DIRETOR:<br />
HECTOR BABENCO (114 MIN). 2ª a 6ª, 17h,<br />
19h20 e 21h40; Sáb., dom. e fer., 14h40, 17h,<br />
19h20 e 21h40.<br />
CINE VI – A MASSAI BRANCA (16 anos).<br />
DIRETOR: HERMINE HUNTGEBURTH (131 MIN).<br />
2ª a 6ª, 16h30, 19h e 21h30; Sáb., dom. e fer.,<br />
16h30, 19h e 21h30.<br />
CINE VII – O ÚLTIMO BANDONEÓN (livre).<br />
DIRETOR: ALEJANDRO SADERMAN (82 MIN). 2ª<br />
a 6ª, 17h40 e 21h30; Sáb., dom. e fer., 16h e<br />
17h40. O GRANDE CHEFE (16 anos). DIRETOR:<br />
LARS VON TRIER (105 MIN). 2ª a 6ª, 19h40 e<br />
21h40; Sáb., dom. e fer., 19h40 e 21h40.<br />
CINE VIII – VERMELHO COMO O CÉU (livre).<br />
DIRETOR: CRISTIANO BORTONE (125 MIN). 2ª a 6ª,<br />
16h40 e 21h30; Sáb., dom. e fer., 14h20 e 16h40. A<br />
COMÉDIA DO PODER (10 anos). DIRETOR: CLAUDE<br />
CHABROL (110 MIN). 2ª a 6ª 19h10; Sáb., dom. e fer.,<br />
19h10 e 21h30.<br />
CINE IX – O PREÇO DA CORAGEM (12 anos).<br />
DIRETOR: MICHAEL WINTERBOTTOM (108 MIN). 2ª a<br />
6ª, 17h40, 19h40 e 21h40; Sáb., dom. e fer., 15h40,<br />
17h40, 19h40 e 21h40.<br />
CINE X – GRUPO CORPO 30 ANOS – UMA FAMÍLIA<br />
BRASILEIRA (livre). DIRETOR: LUCY BARRETO (75 MIN).<br />
2ª a 6ª, 16h10 e 17h50; Sáb., dom. e fer., 14h30,<br />
16h10 e 17h50. UM LUGAR NA PLATÉIA (10 anos).<br />
DIRETOR: DANIELE THOMPSON (105 MIN). 2ª a 6ª,<br />
19h30 e 21h40; Sáb., dom. e fer., 19h30 e 21h40.<br />
CINE ACADEMIA DECK NORTE<br />
CINE I – JOGOS MORTAIS 4 (18 anos). DIRETOR:<br />
DARREN LYNN BOUSMAN (92 MIN). 2ª a 6ª, 17h40,<br />
19h40 e 21h40; Sáb., dom. e fer., 15h40, 17h40,<br />
19h40 e 21h40;<br />
CINE II – TROPA DE ELITE (16 anos). DIRETOR: JOSÉ<br />
PADILHA (110 MIN). 2ª a 6ª, 17h10, 19h20 e 21h30;<br />
Sáb., dom. e fer., 15h, 17h10, 19h20 e 21h30.<br />
CINE III – TA DANDO ONDA (livre)(DUBLADO)<br />
DIRETOR: ASH BRANNON (85 MIN). 2ª a 6ª, 17h20 e<br />
19h20; Sáb., dom. e fer., 15h20, 17h20 e19h20. PARIS,<br />
EU TE AMO (16 anos) VÁRIOS DIRETORES (126 MIN).<br />
2ª a 6ª, 21h20; Sáb., dom. e fer., 21h20.<br />
CINE IV – STARDUST – O MISTÉRIO DA ESTRELA (12<br />
anos). DIRETOR: MATTHEW VAUGHN (128 MIN). 2ª a<br />
6ª, 16h30 e 21h30; Sáb., dom. e fer., 14h30 e 16h50.<br />
SUPERBAD – É HOJE (16 anos). DIRETOR: GREG<br />
MOTTOLA (115 MIN). 2ª a 6ª, 19h; Sáb., dom. e<br />
fer., 19h20 e 21h30.<br />
CINE V – SEM CONTROLE (14 anos). DIRETOR:<br />
CRIS D´AMATO (93 MIN). 2ª a 6ª, 17h40, 19h40<br />
e 21h40; Sáb., dom. e fer., 15h40, 17h40,<br />
19h40 e 21h40;<br />
CINE ACADEMIA AEROPORTO - 3364.9566<br />
CINE I – TRANSYLVANIA (16 anos). DIRETOR:<br />
TONY GATLIF (103 MIN). 2ª a 6ª, 17h30 e<br />
19h30; Sáb., dom. e fer., 17h30 e 19h30. DEITE<br />
COMIGO (18 anos). DIRETOR: CLEMENT VIRGO<br />
(93 MIN). 2ª a 6ª, 21h30; Sáb., dom. e fer.,<br />
21h30.<br />
CINE II – TROPA DE ELITE (16 anos). DIRETOR:<br />
JOSÉ PADILHA (110 MIN). 2ª a 6ª, 17h10 e<br />
19h20; Sáb., dom. e fer., 17h10 e<br />
19h20. PEOPLE – HISTÓRIAS DE NOVA YORK<br />
(12 anos). DIRETOR: DANNY LEINER (87 MIN). 2ª<br />
a 6ª, 21h30; Sáb., dom. e fer., 21h30.<br />
CINE III – ALÉM DO DESEJO (16 anos).<br />
DIRETOR: EERNILLE FISCHER (<strong>90</strong> MIN). 2ª a 6ª,<br />
17h40 e 19h40; Sáb., dom. e fer., 17h40 e<br />
19h40. MARIA (14 anos). DIRETOR: ABEL<br />
FERRARA (87 MIN). 2ª a 6ª, 21h40; Sáb., dom. e<br />
fer., 21h40.<br />
CINE IV – O ANO EM QUE MEUS PAIS<br />
SAIRAM DE FÉRIAS (10 anos). DIRETOR: CAIO<br />
HAMBERGUER (106 MIN). 2ª a 6ª, 17h e 19h10;<br />
Sáb., dom. e fer., 17h e 19h10. BAIXIO DAS<br />
BESTAS (18 anos). DIRETOR: CLÁUDIO ASSIS (80<br />
MIN). 2ª a 6ª, 21h20; Sáb., dom. e fer., 21h20.<br />
Recorte o cupom de descontos na página 22 para pagar meia entrada no Cine Academia, de 2ª a 5ª feira.<br />
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P.A.<br />
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C o m o é gostoso o meu francês!<br />
Só de fazer biquinho para falar, já dá água na boca.<br />
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