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R$ 5,90 - Roteiro Brasília

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Ano VI • nº 133<br />

21 de novembro de 2007<br />

<strong>R$</strong> 5,<strong>90</strong>


empoucaspalavras<br />

Divulgação<br />

A capacidade de resistência do cinema brasileiro é<br />

admirável. Não bastasse o rolo compressor dos blockbusters<br />

que Hollywood nos enfia goela abaixo o tempo<br />

inteiro, monopolizando 70 a 80% de nossas salas de<br />

projeção, os realizadores nacionais ainda enfrentam a<br />

praga da pirataria, um crime que, segundo cálculos até<br />

conservadores, causa prejuízos da ordem de US$ 200<br />

milhões, anualmente, à produção cultural brasileira.<br />

O caso de Tropa de Elite, pirateado antes de finalizado,<br />

é emblemático. No mês passado encontramos no<br />

bairro da Liberdade, em São Paulo, várias “continuações”<br />

do filme (parte II, parte III, até parte IV). Aqui<br />

mesmo na <strong>Roteiro</strong>, quatro edições atrás, o cineasta<br />

brasiliense Ronaldo Duque contou que sua filha Valéria<br />

encontrara o DVD de seu filme Araguaya, a conspiração<br />

do silêncio, à venda por míseros <strong>R$</strong> 5 na Feira dos<br />

Importados, embora nem tivesse ainda sido lançado.<br />

E ainda assim o cinema nacional resiste bravamente.<br />

Talvez poucos percebam que de uns tempos para cá<br />

temos tido sempre, em Brasília, uma dezena de produções<br />

nacionais em cartaz. Uma nova geração de cineastas,<br />

estimulada pelo barateamento de custos proporcionado<br />

pela tecnologia digital, vem imprimindo um<br />

dinamismo inédito à nossa indústria cinematográfica.<br />

O novo sistema reduziu pela metade os custos de produção.<br />

Não há mais necessidade, por exemplo, de<br />

multidões de figurantes ou de locais exóticos. Tudo<br />

pode ser criado artificialmente, a custo baixíssimo.<br />

Dessa nova geração faz parte outro cineasta candango,<br />

José Eduardo Belmonte, que pela segunda vez<br />

teve um filme – Meu mundo em perigo – selecionado para<br />

a mostra competitiva do Festival de Brasília do Cinema<br />

Brasileiro. Em sua 40ª edição, o festival começa<br />

nesta quarta-feira, 21, e traz como grande novidade o<br />

“cinema para cegos e surdos”, projeto em boa hora desenvolvido<br />

pela Diretoria de Cultura Inclusiva da Secretaria<br />

de Cultura. É o que relata Cristiano Torres<br />

em nossa matéria de capa, a partir da página 42.<br />

Boa leitura e até a próxima quinzena.<br />

Maria Teresa Fernandes e<br />

Adriano Lopes de Oliveira<br />

Editores<br />

32 brasiliensedecoração<br />

Aos 83 anos, Pernambuco do Pandeiro (na foto, bem no<br />

início de sua carreira, nos anos 50) é homenageado pelos<br />

músicos da cidade com uma animada roda de choro<br />

6<br />

12<br />

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40<br />

42<br />

águanaboca<br />

picadinho<br />

garfadas&goles<br />

pão&vinho<br />

roteirogastronômico<br />

roteirodevantagens<br />

dia&noite<br />

brasíliaturística<br />

queespetáculo<br />

graves&agudos<br />

galeriadearte<br />

verso&prosa<br />

luzcâmeraação<br />

ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora <strong>Roteiro</strong> Ltda | Setor Hoteleiro Sul, Brasil XXI, Business Center Park 1, Sala 717 – Tel: 3964.0207<br />

Fax: 3964.0207 | Redação roteirobrasilia@alo.com.br | Editores Adriano Lopes de Oliveira e Maria Teresa Fernandes | Produção Célia Regina | Capa<br />

Edu Branquinho sobre foto de divulgação | Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Reportagem Adriana Romeo, Akemi Nitahara, Ana Cristina<br />

Vilela, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Angélica Torres, Beth Almeida, Eduardo Oliveira, Heitor Menezes, Lúcia Leão, Luis Turiba,<br />

Luiz Recena, Marcos Magalhães, Rafaela Céo, Reynaldo Domingos Ferreira, Ricardo Pedreira, Sérgio Moriconi, Súsan Faria, Teresa Mello e Vicente Sá<br />

Fotografia Débora Amorim, Eduardo Oliveira, Juan Pratginestós, Rodrigo Oliveira e Sérgio Amaral | Diretor Comercial Jaime Recena (7814.16<strong>90</strong>)<br />

Contatos Comerciais André Gil (9988.6676) e Giselma Nascimento (9985.5881) | Administrativo/Financeiro Daniel Viana e Rafael Oliveira<br />

Assinaturas (3963.0207)| Impressão Gráfica Coronário


águanaboca<br />

Consulado<br />

gaúcho<br />

A proximidade com a Esplanada dos Ministérios<br />

garante clientela vip à mais nova galeteria da cidade<br />

POR LÚCIA LEÃO<br />

FOTOS RODRIGO OLIVEIRA<br />

Poucos, entre os muitos restaurantes<br />

inaugurados nos últimos tempos em<br />

Brasília, tiveram ascensão tão rápida à<br />

condição de referência em cozinha regional<br />

e, ato contínuo, de ponto de encontro<br />

de forasteiros que por dever de<br />

ofício vivem parte dos seus dias na capital<br />

federal. Pois foi o que aconteceu com<br />

a Galeteria Beira Lago. Menos de um<br />

mês da casa aberta, o aroma do galeto<br />

na brasa com polenta frita invadiu a Esplanada<br />

dos Ministérios e, como aquela<br />

fumacinha hipnótica dos desenhos animados,<br />

atraiu vários escalões dos três<br />

poderes para almoços que às vezes mais<br />

parecem reuniões das bancadas do Rio<br />

Grande do Sul na Câmara e no Senado.<br />

“É muito bom e está bem perto do<br />

Congresso. Em cinco minutos a gente<br />

está aqui”, atesta o deputado gaúcho<br />

Beto Albuquerque, que, como o ministro<br />

da Agricultura, o<br />

paranaense Reynold<br />

Stephanes, já se tornou<br />

freguês. Deputados, senadores, ministros<br />

do Executivo e dos tribunais superiores,<br />

todos vizinhos do Setor de<br />

Clubes Sul, estão entre os clientes que<br />

garantem, diariamente, a ocupação de<br />

boa parte das mesas da Galeteria Beira<br />

Lago. Mas é o típico caso daquele ditado:<br />

“Atirou no que viu, acertou no que<br />

não viu”.<br />

POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, NÃO ERA<br />

essa a clientela que estava na mira dos<br />

empresários Marcos Gaiola e João<br />

Miranda quando resolveram fechar o<br />

restaurante Cabana da Árvore, de culinária<br />

goiano-mineira, e abrir o novo e<br />

pretensioso empreendimento em seu<br />

lugar. Ou não é pretensioso, num<br />

mercado gastronômico<br />

cada dia<br />

mais competitivo<br />

como o de Brasília,<br />

abrir um restaurante de 1.500 m 2 e<br />

capacidade para 400 clientes<br />

“Queríamos um lugar para reunir<br />

famílias, um segmento no qual Brasília,<br />

apesar do enorme crescimento do setor<br />

gastronômico, ainda é carente. E não há<br />

nada com mais vocação para isso do que<br />

uma galeteria”, garante Marcos Gaiola,<br />

respondendo à pergunta inevitável sobre<br />

como a parceria de um goiano (ele<br />

próprio) com um paulista (o sócio Miranda)<br />

resultou num restaurante típico<br />

das colônias italianas do sul do país,<br />

com as quais nenhum dos dois tem a<br />

menor relação.<br />

“Nós andamos muito, especialmente<br />

por Porto Alegre, para conhecer o negócio<br />

e montar nossa equipe. A senhora,<br />

que é da terra, sabe: o que a gente serve<br />

aqui, lá tem em qualquer lugar”, explicou-se,<br />

desta vez, João Miranda, a uma<br />

6


cliente de sotaque sulista carregado.<br />

“Mas este não é um lugar qualquer!”,<br />

retrucou, à guisa de bem-humorado elogio,<br />

a professora Wrana Maria Panizzi,<br />

que também não é uma professora qualquer,<br />

mas ex-reitora da Universidade<br />

Federal do Rio Grande do Sul e vicepresidente<br />

do CNPq.<br />

A idéia de reunir famílias determinou<br />

não apenas o cardápio, mas também<br />

a organização dos espaços da<br />

Galeteria Beira Lago. O projeto arquitetônico<br />

foi concebido para criar ambientes<br />

de diferentes tamanhos (dois com 40<br />

lugares, dois com 100 e um com 120<br />

cadeiras) que garantem uma certa privacidade<br />

para encontros e confraternizações.<br />

Como a festa, no início de<br />

outubro, de um importante general que<br />

reuniu filhos, netos e bisnetos para comemorar<br />

o aniversário em animado almoço<br />

que culminou em um sonoro<br />

parabéns, com bolo e brinde de champanhe.<br />

Graças ao desenho da Galeteria,<br />

esse e outros grupos festivos não incomodam<br />

nem são incomodados pelos<br />

demais clientes.<br />

ESSE É O GRANDE DIFERENCIAL DA<br />

Galeteria Beira Lago, que não inova no<br />

cardápio – rodízio de galeto, polenta,<br />

massa caseira, saladas verde e de batatas<br />

e molho de ervas e, à parte, picanha na<br />

chapa – mas também não decepciona<br />

na qualidade e oferece um bom padrão<br />

de serviço. A exclusiva Cachaça Beira<br />

Lago, produzida artesanalmente em<br />

Salinas só para atender o restaurante, e<br />

o néctar extraído, em temperatura<br />

inferior a zero grau, das quatro bicas da<br />

chopeira inox, também somam pontos<br />

na comparação com casas similares da<br />

cidade.<br />

“O lugar é agradável, sem aquele barulho<br />

e movimento comum nas galeterias.<br />

A qualidade da comida e do<br />

atendimento também superaram nossas<br />

expectativas. Foi uma boa surpresa”, classificou<br />

o jurista Benedito Maranhão com<br />

o aval da esposa, a professora da UnB<br />

Maria José. O casal cultiva o hábito de<br />

almoçar fora, com a família, todos os domingos,<br />

e promete voltar à Beira Lago.<br />

A metamorfose física do Cabana da<br />

Árvore foi promovida pela premiada<br />

arquiteta Mônica Pinto. Em torno da<br />

cabana original, de telhado de palha e<br />

madeirame aparente, que foi integralmente<br />

mantido, ela ampliou a área útil<br />

do restaurante dividindo-a em módulos.<br />

Assim, criou cinco ambientes diferentes<br />

e preservou o aconchego, apesar das dimensões<br />

agigantadas da casa. Janelões<br />

de vidro garantem uma boa ventilação e<br />

deixam os clientes envolvidos pelas belezas<br />

do Lago Paranoá. Como a da garça<br />

7


águanaboca<br />

que vez por outra evolui sua graça para<br />

os clientes como oferta da casa. Quadros<br />

e painéis de Nemm Soares reforçam<br />

a contemporaneidade da deco ra ção,<br />

presente ainda em outros detalhes, como<br />

os lustres e o mobiliário.<br />

A tecnologia também está no cardápio<br />

de diferenciais da Beira Lago. A casa<br />

dispõe de pontos de wi-fi para conexão<br />

de internet, carregadores para praticamente<br />

todos os modelos de celular, tela<br />

de plasma, tv a cabo e equipamentos de<br />

som (mesa, microfones e caixa), todos<br />

colocados à disposição dos clientes.<br />

“Quem quiser vir fazer um som com<br />

os amigos pode ocupar um dos espaços<br />

e nós colocamos todo o equipamento à<br />

disposição. Se outro grupo quiser se reunir<br />

para assistir a um jogo, a mesma<br />

coisa. Queremos explorar as inúmeras<br />

possi bilidades que a casa oferece.<br />

Quem tiver qualquer idéia, traga, que<br />

será bem-vinda!”, propõe Marcos Gaiola,<br />

confirmando a impressão da professora<br />

Wrana: não é um lugar qualquer!<br />

João Miranda: inspiração nas galeterias de Porto Alegre<br />

Galeteria Beira Lago<br />

SCES Trecho 2 Lote 33, Clube Ases,<br />

ao lado do Pier 21 (3223.7700)<br />

Preço do rodízio: <strong>R$</strong> 23,<strong>90</strong><br />

8


NATAL COM OPÇÕES<br />

DE PRESENTES POR TODOS<br />

OS LADOS E UM MUNDO<br />

ENCANTADO VOCÊ JÁ SABE ONDE.<br />

O Natal do Conjunto Nacional está emocionante. De um lado, dezenas de lojas com milhares de<br />

opções de presentes pra você e toda a família. De outro, uma Montanha Encantada, com tobogã<br />

gigante, teletransporte que vai te levar direto pra terra do Papai Noel que tem uma floresta, onde<br />

neva de verdade. Natal do Conjunto Nacional é assim: tem compras e diversão por todos os lados e<br />

pra todos os gostos. Imperdível.<br />

Horário de funcionamento aos domingos:<br />

Praça de Alimentação: de 12 às 20h - Lojas: de 14 às 20h.<br />

Mais informações no www.conjuntonacional.com.br<br />

9


águanaboca<br />

Japonês jovial<br />

Aos 11 anos, de cardápio novo e mais espaçoso,<br />

o Sushisan continua atraindo clientela jovem<br />

POR BETH ALMEIDA<br />

FOTOS RODRIGO OLIVEIRA<br />

Entre os muitos restaurantes de cozinha<br />

japonesa da cidade, um se destaca<br />

pela jovialidade do estilo, presente não<br />

só no cardápio mas também na decoração.<br />

Não é à toa que o Sushisan é reduto<br />

preferencial de amantes dessa culinária<br />

que têm até 30 anos ou pouco mais.<br />

Com 11 anos de existência, o restaurante<br />

é fruto da iniciativa de Danielly Brito<br />

quando tinha 20 anos e ainda cursava<br />

Administração de Empresas.<br />

“Sempre fui apaixonada por gastronomia<br />

e já na adolescência fiz vários<br />

cursos. Entre eles, um com o francês<br />

Daniel Briand e outro de culinária japonesa,<br />

com o Melki”, relata Danielly.<br />

Melki vem a ser Melquisedec Ferreira<br />

da Silva, um ex-taxista que aprendeu os<br />

segredos da culinária oriental com um<br />

passageiro de origem nipônica e depois<br />

ganhou fama como sushiman. Até pouco<br />

tempo atrás dava cursos no próprio<br />

Sushisan.<br />

Há sete anos Danielly trocou Brasília<br />

pelo Rio de Janeiro, onde estuda Teatro,<br />

deixando a gestão do restaurante a cargo<br />

do irmão, Beto, que acabou comprando<br />

a casa. Apesar da mudança,<br />

continuou participando do negócio, especialmente<br />

na área de que mais gosta.<br />

Prova disso é o novo cardápio do Sushisan,<br />

que marca os 11 anos do restaurante,<br />

completados em 18 de outubro. As<br />

novidades começam já nas entradas,<br />

com bolinhas de lula defumada recheadas<br />

com cream cheese temperado e dois<br />

novos sabores de rolinhos primavera:<br />

um com camarão ao catupiry e molho<br />

de hortelã e outro com carne seca, cebola<br />

e catupiry.<br />

Danielly gosta de misturar sabores<br />

novos, mas não se imagina enquadrada<br />

em rótulos estabelecidos pelas novas<br />

tendências da gastronomia contemporânea<br />

ou fusion. “Acho que minha culiná-<br />

10


ia é confusion”, brinca, sem se preocupar<br />

com possíveis críticas dos tradicionalistas<br />

da cozinha japonesa, que não admitem<br />

esse “abrasileiramento”. “É compreensível<br />

que não aceitem que uma comida<br />

tão tradicional como a japonesa seja<br />

mudada, mas esta é uma tendência do<br />

mundo atual, em todas as áreas”, argumenta.<br />

Ela também mexeu nos sashimis da<br />

casa, que chegam à mesa cortados fininhos,<br />

como se deve. As opções são: salmão<br />

e peixe prego ao molho de goiaba e<br />

gengibre, salmão e atum cobertos por<br />

tempero especial e atum levemente grelhado<br />

em crosta de gergelim torrado.<br />

Entre os pratos combinados de sushis e<br />

sashimis, agora existem as alternativas de<br />

rolinhos de camarão e legumes empanados<br />

por dentro (espécie de Filadélfia<br />

Roll, só que a fritura está apenas no recheio),<br />

tatakis (sashimi em que o peixe é<br />

levemente grelhado antes de ser fatiado)<br />

de salmão e atum e sashimis de hadock e<br />

de lula defumada. O drink antes da refeição<br />

pode ser o Red Fruits, outra novidade<br />

da casa: sakê servido em copo alto<br />

com amoras, framboesas e morangos.<br />

Essas opções estão todas no cardápio<br />

à la carte, mas o restaurante continua<br />

trabalhando com o bufê, que tem novidades<br />

a cada mês e é a preferência de<br />

70% da clientela, especialmente no almoço.<br />

Coincidindo com o incremento<br />

no cardápio, o Sushisan também passou<br />

por uma pequena reforma, ganhando<br />

mais um ambiente – um varandão voltado<br />

para a área residencial da quadra,<br />

aumentando a capacidade da casa de<br />

100 para 130 lugares. Mas os que gostam<br />

dos tatames do primeiro andar podem<br />

continuar usufruindo do agradável<br />

espaço, primeiro do restaurante a lotar,<br />

no movimento noturno. Para garantir<br />

lugar, a casa aceita reservas com indicação<br />

do local preferido, menos às sextas<br />

e sábados.<br />

Sushi San<br />

211 Sul (3345.1804 – reservas e delivery)<br />

11


picadinho<br />

Foto Arte no Ichiban<br />

Uma boa opção para harmonizar<br />

belas imagens e bons sabores. O<br />

Ichiban, um dos 28 restaurantes e<br />

bares que hospedam exposições da<br />

Foto Arte 2007, apresenta Paisagens<br />

marinhas, de Dorival Moreira. Trata-se<br />

de um estudo fotográfico que mostra<br />

o nomadismo como traço do homem<br />

e de sua civilização. A mostra fica no<br />

restaurante japonês até 6 de<br />

dezembro.<br />

Cafezinho campeão<br />

O sabor harmoniza doçura, acidez<br />

e amargor. Na aparência e na<br />

consistência, a crema é o retrato do<br />

equilíbrio entre textura e cor. Eis o<br />

café perfeito, o néctar que extrai toda<br />

a potencialidade dos grãos especiais<br />

e conquista cada vez maiores legiões<br />

de amantes e espaço nobre nos<br />

cardápios gourmets. É essa perfeição<br />

que baristas de Brasília e Goiânia<br />

tentarão alcançar durante a etapa<br />

Centro-Oeste do III Campeonato<br />

Nacional de Baristas, dias 24 e 25,<br />

no Espaço Gourmet do Mercado<br />

Municipal, na 509 Sul. Cada<br />

concorrente terá 15 minutos para<br />

preparar quatro espressos, quatro<br />

capuccinos e um drink de café com<br />

assinatura própria. Seis jurados<br />

escolherão os três melhores baristas,<br />

que participarão da disputa nacional,<br />

em dezembro, na capital paulista.<br />

O campeão brasileiro garante vaga<br />

no Campeonato Mundial, em<br />

Copenhagen, na Dinamarca.<br />

O público poderá acompanhar a<br />

disputa e até degustar um cafezinho.<br />

Não custa nada!<br />

Congelados gourmet<br />

Para quem quiser um Natal e um<br />

Ano Novo saborosos, mas com pouco<br />

trabalho, a Morello Congelados<br />

Gourmet lançou um cardápio<br />

exclusivo para as datas. As criações<br />

especiais são da chef Juliana Cestari,<br />

que desenvolveu pratos natalinos<br />

congelados que ficam prontos em<br />

poucos minutos e evitam o estresse.<br />

Exclusividade<br />

do Antiquário<br />

O proprietário do Café Antiquário,<br />

Fernando Cabral, já garantiu sua<br />

cota do vinho Beaujolais Nouveau,<br />

fenômeno de mercado que costuma<br />

esgotar antes mesmo de chegar às<br />

prateleiras. As garrafas chegarão<br />

nesta segunda quinzena de<br />

novembro e serão vendidas a<br />

<strong>R$</strong> 119,60. Produzido com a uva<br />

Gamay, da Borgonha, o Beaujolais<br />

Nouveau é um vinho jovem, leve e<br />

frutado, ideal para acompanhar<br />

petiscos e pratos leves, inclusive<br />

carnes brancas de aves, pescados<br />

e frutos do mar.<br />

Bebemoração<br />

Para quem quer algo diferente dos<br />

tradicionais vinhos e espumantes,<br />

uma alternativa igualmente<br />

sofisticada são as cervejas européias<br />

importadas pela Boxer do Brasil,<br />

encontradas nas principais redes<br />

de supermercados e em lojas<br />

especializadas. Com sabor bem<br />

diferente das cervejas brasileiras,<br />

as inglesas Fuller’s, Abbot Ale, IPA,<br />

Strong Suffolk Vintage Ale, Old<br />

Speckled Hen, New Castle Brown<br />

Ale e Ruddles County, a cremosa<br />

irlandesa Wexford Irish Cream Ale<br />

e a francesa Kronenbourg 1664 são<br />

ótimas escolhas para brindar o final<br />

de ano.<br />

Bebemoração (II)<br />

As festas de fim de ano também<br />

podem ser comemoradas com<br />

cachaça, por que não Lá vai a<br />

receita de um dos drinks especiais de<br />

Ano Novo criados pela Universidade<br />

da Cachaça, bar paulista que possui<br />

450 marcas da bebida: amasse num<br />

Hora de confraternizar<br />

Vários restaurantes prepararam pacotes especiais para as confraternizações de fim de ano. O Lake’s (402 Sul)<br />

oferece ambiente privativo, ou pode levar sua equipe e sua estrutura ao local que o cliente escolher. O Porcão,<br />

que dispõe de salão exclusivo para até 60 pessoas, trabalha com pacotes fechados (<strong>R$</strong> 83 a <strong>R$</strong> 141 por pessoa)<br />

que incluem rodízio, bufê, sobremesa, sommelier, recepção, manobristas e gerentes. Os restaurantes do chef Dudu<br />

Camargo também aderiram à idéia. O da 303 Sul oferece às sextas-feiras o “cardápio dos amigos” (bufê especial<br />

preparado por encomenda para grupos). São três sugestões com prato principal, sobremesa e aperitivos, com preço<br />

único. No Your’s (QI 11 Lago Sul), de segunda a sábado, no almoço, a casa põe à disposição seus mais de 100<br />

lugares para a realização de eventos e confraternizações, da maneira que o cliente pedir, com direito a cardápio<br />

personalizado. A cantina italiana Unanimità (408 Sul), dependendo da quantidade de pessoas, também oferece<br />

ambiente exclusivo para a confraternização. Para quem preferir uma comemoração à japonesa, a pedida é o Haná,<br />

que de segunda a quarta-feira, no almoço e no jantar, recebe grupos de 11 a 20 pessoas e, a partir de quinta, de<br />

até 10 pessoas, com bufê de sushis, sashimis e pratos quentes a <strong>R$</strong> 36 no almoço e <strong>R$</strong> 42 no jantar. Encerrando<br />

a lista, a Viçosa Pastelaria e Pizzaria (404 Sul) aluga o local para almoços de grupos com 20 pessoas ou mais.<br />

12


POR RODRIGO OLIVEIRA<br />

rodrigo@alo.com.br<br />

copo hortelã, uma lima da Pérsia e<br />

açúcar. Acrescente gelo e duas doses<br />

de sua cachaça preferida. Complete<br />

com vinho espumante brüt. Beba!<br />

Com moderação, é claro!<br />

Vinhas do Douro<br />

Ainda para brindar o fim<br />

de ano sem recorrer aos<br />

infalíveis champanhes<br />

e proseccos, duas boas<br />

opções são espumantes<br />

vindos da Península<br />

Ibérica. Novidades<br />

no mercado nacional,<br />

trazidos com<br />

exclusividade pela<br />

Vinhas do Douro,<br />

o Raposeira Reserva<br />

Brüt e Raposeira Rosé<br />

Brüt 2001 guardam<br />

mais de um século<br />

de história na região<br />

do Lamego, Portugal.<br />

Já o espanhol Cava<br />

Cristalino Brüt, da<br />

J.Garcia Carrion, acumula<br />

prêmios de melhor custo-beneficio<br />

em publicações respeitadas como<br />

The New York Times, Wine Enthusiast<br />

e Wine Spectator. O espumante é<br />

feito com as uvas Macabeo (50%),<br />

Parellada (25%) e Xarel-lo (25%).<br />

Zonin<br />

E por falar em vinhos premiados,<br />

a Zonin, maior vinicola da Itália,<br />

ganhou três medalhas de ouro e onze<br />

de prata e foi nomeada como Melhor<br />

Produtor Europeu para 2007-2008<br />

durante o evento Mondus Vini, na<br />

Alemanha. Para conhecer os vinhos<br />

da Zonin: www.globalbev.com.br.<br />

Praça nova<br />

Comer no shopping mais antigo<br />

de Brasília agora é mais agradável.<br />

A praça de alimentação do Conjunto<br />

Nacional foi totalmente reformada.<br />

As 22 lojas de alimentação ganharam<br />

um novo espaço, com novas mesas,<br />

cadeiras, iluminação e até isolamento<br />

acústico. O número de cadeiras<br />

aumentou em 10%. Segundo o<br />

gerente de marketing do shopping,<br />

João Marcos Mesquita, a reforma<br />

“melhorou a sensação térmica<br />

e acústica do ambiente, com<br />

revestimentos nobres e<br />

aconchegantes”. A obra incluiu<br />

projeto paisagístico, lavatórios,<br />

centrais de limpeza e móveis novos.<br />

Quinze<br />

O Crepe au Chocolat está com uma<br />

promoção especial para comemorar<br />

os 15 anos, completados neste 15 de<br />

novembro. Durante 15 dias (até o dia<br />

30), os crepes com camarão estarão<br />

todos com o preço especial de <strong>R$</strong> 15.<br />

São cinco sabores: Itaparica (camarão<br />

aos três queijos), Marujo (camarão<br />

com catupiry), Dona Flor (moqueca<br />

de camarão com purê de abóbora),<br />

Caymi (strogonoff de camarão) e<br />

Itapoã (camarões ao creme de queijo<br />

gruyère e brócolis). Os clientes que<br />

possuem o cartão fidelidade pagam<br />

<strong>R$</strong>13,00 por crepe. A creperia lançou<br />

também uma caneca comemorativa,<br />

que será vendida por <strong>R$</strong> 7.<br />

Delícias de bacalhau<br />

O "príncipe dos mares", como é<br />

conhecido o bacalhau, recebe<br />

excelente tratamento no Bona Fide<br />

Bistrô (QI 9/11 do Lago Sul). O carrochefe<br />

dos petiscos é a casquinha de<br />

bacalhau gratinada (<strong>R$</strong> 10,50). Como<br />

prato principal, uma boa sugestão<br />

é o bacalhau gratinado (<strong>R$</strong> 46 para<br />

duas pessoas). Outra opção é o Bona<br />

Fide, servido em posta, assado com<br />

azeite extra virgem, alho e cebola,<br />

acompanhado de legumes ao vapor,<br />

batata gratinada e arroz com brócolis<br />

(<strong>R$</strong> 99). Para acompanhar, segundo<br />

Rogério Laudares, proprietário do<br />

bistrô, um vinho encorpado é o ideal.<br />

Fotos: Divulgação<br />

13


O Natal e suas metáforas<br />

LUIZ RECENA<br />

garfadasegoles<br />

@alo.com.br<br />

14garfadas&goles<br />

Pão. Vinho. Jesus Cristo e seus doze apóstolos. Não foi o primeiro nem o mais lauto jantar de todos os<br />

tempos. Mas virou referência na civilização da qual fazemos parte. Os dois ingredientes básicos da ceia<br />

vararam os séculos e são presenças marcantes nas nossas mesas – e nas nossas vidas – até hoje. A força<br />

e o significado desse jantar, bem como as metáforas e interpretações que ele desencadeou, ainda pautam,<br />

inquietam estudiosos e leigos na busca de explicações. Esse jantar não ocorreu no final de um ano, mas<br />

é nos finais de ano que mais lembramos dele. E, a partir da celebração do nascimento do Cristo-menino,<br />

organizamos ágapes adultos, os mais variados. Calibres e cardápios dependem dos bolsos. Só há uma<br />

certeza: todos comem e todos bebem. A alegria é justa, ainda que oriunda, às vezes, de religiões não<br />

atendidas com a militância que elas reivindicam. Há, então, outra certeza: o Natal que a cada ano chega<br />

é motivo suficiente para renovar celebrações de amor e amizade. Celebremos!<br />

Uvas natalinas<br />

No tórrido ambiente dos trópicos, as cervejas, geladas<br />

e mais baratas, costumam concentrar as atenções.<br />

Nada contra. No entanto, nunca é demais<br />

lembrar que a ceia do homenageado foi com vinho.<br />

É mister, pois, buscar nos fermentados de uva o caminho<br />

da celebração. O terreno é do meu colega<br />

Alexandre Franco, mas animo-me a chamar a atenção<br />

dos leitores para os espumantes nacionais, em<br />

primeiro lugar. Depois, para os brancos e tintos. E<br />

agora, moda última, os rosés. A produção nacional<br />

melhorou muito e merece compras.<br />

Farta oferta<br />

Além dos nacionais, não devemos esquecer, lógico,<br />

que este ano nos brindaram com inúmeras e saborosas<br />

visitas. Argentinos, chilenos e uruguaios, para<br />

começar com los hermanos, melhoraram oferta, variedade,<br />

qualidade e preço, sobretudo este último,<br />

aproveitando-se de benesses fiscais ainda não estendidas<br />

aos nacionais. Coisas do Brasil. Espanhóis,<br />

franceses, italianos e portugueses também marcaram<br />

presença no ano que termina. Todos estarão<br />

nas boas casas do ramo. E, como o Natal é anúncio<br />

de uma grande novidade, todos certamente estarão<br />

anunciados nas páginas especializadas desta revista.<br />

Os que fazem<br />

Homenagem ainda que tardia. No passado 26 de<br />

outubro, em Bento Gonçalves, Serra Gaúcha, praça<br />

matriz do melhor produto nacional, os fazedores<br />

de vinho reuniram-se para comemorar o Dia do<br />

Enólogo e, ao mesmo tempo, homenagear o melhor<br />

dentre eles neste ano de 2007. O título foi<br />

para Adriano Miolo, que realiza suas alquimias na<br />

empresa que leva o nome da família. A Associação<br />

Brasileira de Enologia, com parcerias, realiza o certame<br />

desde 2004. Parabéns!<br />

Italianos aqui - 1<br />

Quem chega a Brasília merece registro. É o caso das<br />

vinícolas italianas Nino Franco e La Montecchia,<br />

que em visita recente, via Expand, mostraram clássicos<br />

e novidades. A Nino Franco, fundada em 1919,<br />

abriu com o Prosecco Rústico, carro-chefe da empresa.<br />

É mesmo um craque: fresco, frutado, cítrico.<br />

Já recebeu <strong>90</strong> pontos de Robert Parker. Silvia Franco,<br />

a herdeira, apresentou ainda os Prosecco Primo<br />

Franco (em homenagem ao bisavô dela), Rive de<br />

San Floriano Brüt e o novíssimo Faíve Rosé Brüt,<br />

este último elaborado com uvas Merlot (80%) e Cabernet<br />

Franc.<br />

Italianos aqui – 2<br />

O outro visitante foi Giordano Capodilista, da vinícola<br />

La Montecchi, a família que faz vinho há vários<br />

séculos (sim, escrevi séculos). Até um beato se mistura<br />

com a história de condes e outros nobres. O<br />

Ca’ Emo Rosso 2004 e o Forzate Raboso I.G.T.<br />

honraram as tradições. Mas foi o Fior D’Arancio<br />

Passito Colli Euganei DOC o vinho que roubou as<br />

atenções, no final do almoço. Moscato, amarelo forte,<br />

doce sem ser enjoativo. Surpreendente.<br />

E para comer<br />

O Moscato acompanhou a sobremesa de maçã ao<br />

vinho com sorvete de maracujá, que fechou o belo<br />

almoço aberto com salada de magret defumado. No<br />

meio, risoto com flor de abóbora e camarão, além<br />

de um cordeiro grelhado com shitake e misto de<br />

favas. No comando, o jovem chefe Gabriel, pupilo<br />

de Luciano Boseghia, que está na Expand local desde<br />

sua inauguração, no começo do ano.<br />

Novo Gil<br />

Calma, não é o ministro da Cultura lançando novidades<br />

musicais. É o Guimarães, da Azulejaria e do<br />

Baco, com seu novo ponto, o Barcelona, ou Barca,<br />

para os íntimos. O tão-sonhado bar espanhol chega<br />

com muitas novidades. Além da pretensão de criar<br />

uma nova cultura para os militantes da happy hour<br />

brasiliense. Abre neste 20 de novembro, na 206 Sul.


pão&vinho<br />

Per brindare (2ª parte)<br />

ALEXANDRE DOS SANTOS FRANCO *<br />

Seja o tradicional champanhe, seja<br />

um espumante de qualquer outra região<br />

do mundo, as técnicas para sua<br />

produção são essencialmente as mesmas.<br />

Todo espumante nasce como um<br />

vinho tranqüilo, chamado de “vinhobase”,<br />

para o qual se parte da colheita<br />

das uvas com baixo nível de açúcar, entre<br />

15 e 19 graus Brix, e alto nível de<br />

acidez. As uvas sofrem sua fermentação<br />

convencional e são reunidas nos ditos<br />

vinhos básicos, conhecidos como “Vin<br />

de Cuvée”, para depois sofrer uma segunda<br />

fermentação, responsável pelo<br />

aparecimento das borbulhas.<br />

A partir da colheita, que nas melhores<br />

vinícolas se faz separando-se para<br />

a fermentação as uvas por casta e<br />

por vinhedo, chega o momento em<br />

que o enólogo seleciona a dita Cuvée<br />

misturando os diversos vinhos – às vezes<br />

mais de 50 – e obtendo como resultado<br />

o tal vinho-base. Em determinados casos,<br />

esse vinho pode ser obtido a partir<br />

de uma única casta, como é o caso dos<br />

“blanc de blanc”, feitos só da uva Chardonay,<br />

ou a partir de uma única safra, o<br />

que dá origem aos caros champanhes<br />

safrados. Mas comumente o fazem de<br />

uma mistura de castas (principalmente<br />

Chardonay, Pinot Noir e Pinot Meunier,<br />

na região de Champagne, e de<br />

uma série de outras castas em outras regiões<br />

do mundo), de uma mistura de<br />

vinhedos e de uma mistura de safras.<br />

Há essencialmente três métodos diferentes<br />

para se obter esse precioso néctar:<br />

o tradicional, ou Champenoise, o<br />

da transferência, quase em desuso, e o<br />

Charmat. No método Champenoise, a<br />

segunda fermentação ocorre na própria<br />

garrafa que vai à loja. O Cuvée é fermentado<br />

e engarrafado, e depois sofre<br />

o acréscimo de uma solução de vinho,<br />

açúcar e levedura (licor de fermentação<br />

ou liqueur de tirage), antes de se lacrar as<br />

garrafas com uma rolha temporária ou<br />

tampa de metal. Depois, essas garrafas<br />

são deitadas de lado para a segunda fermentação,<br />

por três ou quatro meses, em<br />

caves climatizadas com temperaturas entre<br />

11 e 13 graus. O vinho deve permanecer<br />

em contato com as leveduras por<br />

longos períodos, pois esse contato e a<br />

autólise (decomposição) que as leveduras<br />

sofrem é que dão ao champanhe<br />

riqueza e complexidade de sabor. Em<br />

Champagne, o período mínimo desse<br />

contato é de um ano, mas normalmente<br />

é bem mais longo.<br />

Obtidas as borbulhas e desenvolvidos<br />

os sabores, torna-se necessário retirar<br />

o sedimento de levedura das gar rafas.<br />

Essa técnica se denomina dégorgement<br />

(limpeza). Mas, para chegar lá, as garrafas<br />

passam ainda pelo processo chamado<br />

de remuage. São colocadas de gargalo<br />

para baixo, em ângulo, e com movimentos<br />

manuais giratórios faz-se com que<br />

os sedimentos se desloquem gradualmente<br />

para a área dos gargalos. Após<br />

seis semanas, os gargalos são mergulhados<br />

numa solução de salmoura abaixo<br />

do ponto de congelamento. Depois<br />

de aberta, a garrafa expulsa o “tampão”<br />

por pressão, deixando o champanhe<br />

livre dos sedimentos. O líquido perdido<br />

no processo é substituído por champanhe<br />

ou por uma solução de vinho<br />

e calda de açúcar, o chamado “licor<br />

de dosage” ou “liqueur d’expédition”,<br />

que determinará o grau de doçura<br />

da bebida.<br />

Pelo método da transferência, embora<br />

a segunda fermentação ocorra numa<br />

garrafa, esta não é a mesma que se<br />

encontrará à venda mais tarde. E, mais<br />

importante, não há revolvimento (remuage)<br />

nem limpeza (dégorgement), sendo<br />

ambas as etapas substituídas pela filtragem.<br />

Durante o processo de transferência,<br />

o vinho é passado para um grande<br />

tanque pressurizado, no qual será filtrado<br />

(para remoção das células de leveduras<br />

e outros sedimentos), para depois<br />

ser novamente engarrafado.<br />

Finalmente, no método Charmat,<br />

feito a granel, após a fermentação inicial<br />

o Cuvée é despejado diretamente<br />

num tanque fechado, com uma solução<br />

adicional de levedura e açúcar. A<br />

segunda fermentação leva de três a quatro<br />

semanas, após o que o vinho é filtrado<br />

e engarrafado.<br />

Certo é que o método Champenoise<br />

cria espumantes muito superiores<br />

aos produzidos pelo método Charmat,<br />

enquanto o método da transferência<br />

consegue se aproximar bastante do primeiro.<br />

No próximo artigo concluiremos o<br />

assunto falando sobre tipos e estilos de<br />

champanhes, graus de doçura, tamanhos<br />

de garrafas e dos espumantes feitos<br />

fora da região de Champagne.<br />

*Empresário e enófilo<br />

15


oteirogastronômico<br />

Armazém do Ferreira<br />

Restaurante inspirado no Rio de<br />

Janeiro dos anos 40. O buffet,<br />

com cerca de 20 tipos de frios,<br />

sanduíches e rodadas de empadas<br />

e quibes, com a performance do<br />

garçom Tampinha, são boas opções<br />

para os freqüentadores.<br />

202 Norte (3327.8342)<br />

CC: Todos<br />

BRASILEIROS<br />

Esquina da Vila<br />

A traíra sem espinhas é o principal<br />

prato da casa, mas a peixada ao<br />

molho, os filés de truta, salmão,<br />

badejo e surubim grelhados - com<br />

seus deliciosos acompanhamentos -<br />

fazem da casa, com seu estilo único,<br />

uma excelente opção.<br />

Vila Planalto(3306.2539)<br />

CC: todos<br />

BARES<br />

Bar Brasília<br />

Em plena W3 Sul, o Bar Brasília tem<br />

decoração caprichada, com móveis e<br />

objetos da primeira metade do século<br />

XX. Destaques para os pasteizinhos.<br />

Sugestão de gourmet: Cordeiro<br />

ensopado com ingredientes<br />

especiais, que realçam seu sabor.<br />

506 Sul Bloco A (3443.4323)<br />

CC: Todos<br />

Bar e Pizzaria do Brás<br />

Cerveja gelada e buffet. Mais de 40<br />

opções de frios e petiscos. De 2ª a<br />

6ª, buffet no almoço. Aos sábados,<br />

feijoada e cachaças, além do buffet<br />

de massas e saladas. Todos os dias<br />

rodízio de pizzas, caldos e massas.<br />

107 Norte (3347.4735) CC: V<br />

BUFFET DE FESTA<br />

Sweet Cake<br />

É um dos mais renomados buffets<br />

de festa da cidade, com mais de<br />

dez anos de experiência. Além dos<br />

salgados e doces finos oferecidos<br />

no buffet, destaque para o Risoto de<br />

Foie-Gras, o Carré de Cordeiro ao<br />

Molho de Alecrim e o Filé ao Molho<br />

de Tâmaras.<br />

QI 21 do Lago Sul (3366.3531)<br />

Camarão 206<br />

Cardápio variado, sabor e qualidade.<br />

Buffet no almoço é o carro-chefe, com<br />

mais de 10 pratos quentes, diversos<br />

tipos de saladas e várias opções de<br />

sobremesa, a <strong>R$</strong> 35,<strong>90</strong> (2ª a 6ª) e<br />

<strong>R$</strong> 39,<strong>90</strong> (sáb, dom e feriados) por<br />

pessoa. No jantar, serviço à la carte.<br />

206 Sul (3443.4841), Liberty Mall<br />

e Brasília Shopping CC: todos<br />

BRASILEIROS<br />

Monumental<br />

Numa das esquinas mais valorizadas<br />

da cidade, a casa tem uma ampla<br />

varanda e o chope bem gelado. No<br />

almoço, buffet variado de saladas,<br />

massas e grelhados. À noite, as<br />

lingüiças mineiras estão entre os<br />

petiscos mais pedidos.<br />

201 Sul (3224.9313)<br />

CC: todos<br />

Diamantina Restaurante<br />

Ambiente requintado e charmoso.<br />

No cardápio, um convívio<br />

harmonioso entre pratos da cozinha<br />

contemporânea e os preferidos do<br />

ex-presidente Juscelino Kubitschek.<br />

Adega climatizada.<br />

Hotel Kubitschek Plaza<br />

(3329.3774) CC: todos<br />

BUFFET DE RESTAURANTE<br />

Don’ Durica<br />

No almoço, bufê com mais de 100<br />

opções (<strong>R$</strong> 32,<strong>90</strong>) com sobremesa<br />

inclusa e feijoada completa aos<br />

sábados. No jantar, pratos da<br />

cozinha contemporânea de dar água<br />

na boca. Dose dupla de chopp no<br />

happy hour, de 17:30 às 20:30.<br />

Funcionamento: segunda a sábado.<br />

201 Norte (3326.1045)<br />

CC: V. M. D<br />

16


MÚSICA AO VIVO ACESSO PARA DEFICIENTES<br />

DELIVERY MANOBRISTA<br />

ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTE<br />

CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R<br />

Chiquita Bacana<br />

Café Antiquário<br />

O Chiquita Bacana oferece almoço com pratos<br />

variados e bem servidos, como massas e<br />

grelhados. Todas as segundas-feiras, é vez da<br />

Segundona Universitária, o cliente terá 50%<br />

de desconto em todas as bebidas. Nas terçasfeiras,<br />

dose dupla de caipifruta e vodka. Aos<br />

sábados tem Feijoada a <strong>R$</strong> 12,<strong>90</strong> por pessoa.<br />

O happy hour acontece todos os dias, com<br />

chopp a <strong>R$</strong> 2,20.<br />

209 Sul (3242.1212)<br />

CC: Todos<br />

CHOPERIAS<br />

No almoço de 2ª. a 6ª., Grandes Receitas:<br />

Peixada, Cozido, Cassoulet, Galinhada e<br />

Baião de Dois. Cinco strogonoffs e sete<br />

escondidinhos atendem carnívoros e<br />

vegetarianos. Saladas, simples grelhados e o<br />

ambiente à beira lago satisfazem aos gostos<br />

mais exigentes.<br />

Pontão do Lago Sul (3248.7755)<br />

CC: Todos<br />

Monjolo<br />

Com cinco lojas na cidade, mantém a<br />

tradição em mais de 200 produtos de<br />

receitas típicas do interior de Goiás,<br />

preparados artesanalmente, sem<br />

conservantes ou estabilizantes. A torta<br />

Suflair é uma das tentações da linha<br />

doce. Na linha salgada, uma boa opção<br />

são as quiches, com recheios variados.<br />

404 Norte, 215 Norte, 210 Sul,<br />

103 Sudoeste e QI 13 Lago Sul (3361.7767)<br />

Praliné<br />

O cardápio é bastante variado, com<br />

tortas doces e salgadas, bolos, pães,<br />

géleias, caldos quentes, quiches,<br />

tarteletes, chás, café e sucos de<br />

frutas naturais. Café da manhã por<br />

<strong>R$</strong> 11,<strong>90</strong> de 2ª a 6ª (buffet por<br />

pessoa).<br />

205 Sul bl A lj 3<br />

(3443.74<strong>90</strong>) CC: V<br />

Torteria Di Lorenza<br />

As mais deliciosas tortas da cidade estão<br />

na Torteria Di Lorenza. São centenas<br />

tipos. Amora Quaker, Frango com Catupiry<br />

e Sonho de Valsa Crocante estão entre<br />

as mais pedidas. Vá a uma de nossas<br />

lojas ou peça pela Loja Virtual em www.<br />

torteriadilorenza.com.br/lojavirtual.<br />

Sudoeste (3344.4600), Shopping Deck<br />

Norte (3468.1528), 115 Norte (3349.7807),<br />

213 Norte (3340.1730), Brasília Shopping<br />

(3328.4853), Lago Sul (3364.5096), 302 Sul<br />

(3226.9667), 211 Sul (3245.6000).<br />

CONFEITARIAS<br />

Templo<br />

O Templo foi concebido para os<br />

apaixonados pelo ritual do prazer<br />

a mesa, buscam uma alimentação<br />

naturalmente saudável e harmonizada<br />

na composição de sabores e aromas.<br />

No almoço, menu executivo com de<br />

salada, principal e sobremesa a <strong>R$</strong><br />

32,00.<br />

212 sul (3245.1210)<br />

CC: V, M, D e A<br />

C’est si bon<br />

A casa oferece saladas, massas,<br />

risotos, grelhados e mais de 50 sabores<br />

de crepes. Adega climatizada com mais<br />

de 60 rótulos. Sugestão: New York<br />

(maçã c/ canela, chocolate amargo e<br />

licor de café). Toda 2ª e 5ª música ao<br />

vivo. (www.cestsibon.com.br)<br />

408 Sul (3244.6353)<br />

CC: V, M e D<br />

Crepe au Chocolat<br />

A nova loja do Crepe au Chocolat, no<br />

Deck Brasil abriu suas portas com<br />

muitas novidades. São seis crepes<br />

novos, incluindo o delicioso Fanfã<br />

de Pêssego, e saladas que valem<br />

por uma refeição. Reservas pelo tel:<br />

3443-2050.<br />

210 Sul (3443.2050),<br />

109 Norte (3340.7002)<br />

Deck Brasil QI 11 Lago Sul<br />

(3037.2357) CC: V, C<br />

CONTEMPORÂNEOS<br />

CREPERIAS<br />

17


oteirogastronômico<br />

ESPANHOL<br />

Pata Negra<br />

Ênfase na cozinha andaluza, oferece<br />

mais de 30 delícias gastronômicas,<br />

como o Jamon Pata Negra, as tapas<br />

e a tradicional paella. Para beber,<br />

o Chopp Pata Negra, sangria e boa<br />

variadade de vinhos. Jantar de<br />

segunda a sábado e almoço, sábados<br />

e domigos com delicioso buffet de<br />

paellas.<br />

413 Sul (3345.0641) CC: Todos<br />

BSB Grill<br />

Desde 1998 oferece as melhores e os<br />

mais diversos cortes nobres de carne:<br />

Bife Ancho, Bife de tira, Prime Ribe,<br />

Picanha, além de peixe na brasa, esfirras,<br />

quibes e outras especialidades árabes.<br />

Adega climatizada e espaço reservado<br />

completam os ambientes das casas.<br />

INTERNACIONAIS<br />

Oliver<br />

O restaurante comemora 2 anos de<br />

sucesso unindo música, arte e cozinha.<br />

Vencedor do Prêmio <strong>Roteiro</strong> 2006 na<br />

categoria Internacional. Destaque para o<br />

bacalhau ao Zé do Pipo (foto).<br />

Brasília Golfe Center -<br />

SCES Trecho 2 (3323.5961)<br />

Espaço Cultural Contemporâneo<br />

ECCO - SCN Qd.3 (3326.1250)<br />

CC: Todos<br />

San Marco Hotel<br />

Aos sábados, no restaurante<br />

panorâmico do hotel, suculenta feijoada<br />

com ingredientes separados. Entradas:<br />

deliciosas batidas, acarajé e caldinho<br />

de feijão. <strong>R$</strong> 30 + 10% por pessoa ou<br />

<strong>R$</strong> 55 + 10% o casal. Música ao vivo<br />

e sobremasas inclusas.<br />

304 Norte (3326.0976)<br />

413 Sul (3346.0036) CC: A, V<br />

SHS Qd 5 Bl C (2103.8484)<br />

CC: Todos<br />

Cantina da Massa<br />

GRELHADOS<br />

Agora, todo sábado é dia de<br />

dobradinha na cantina da massa.<br />

Dobradinha bovina com mocotó,<br />

molho de tomate, alho, cebola,<br />

salsinha, cebolinha, nós-moscada,<br />

louro, sálvia e pimenta, acompanha<br />

pao italiano e caseiro(<strong>R$</strong> 15,00).<br />

302 Sul (3226.8374)<br />

CC: Todos<br />

Roadhouse Grill<br />

Criado nos EUA, foi eleito por três anos<br />

consecutivos o preferido da família<br />

americana. Com mais de 100 lojas,<br />

seus generosos pratos foram criados,<br />

pesquisados e inspirados nas raízes da<br />

América. Conheça tais delícias: ribs,<br />

steaks, pasta, hambúrgueres.<br />

S.Clubes Sul Tr. 2 ao lado do<br />

Pier 21 (3321.8535)<br />

Terraço Shopping (3034.8535)<br />

ITALIANOS<br />

Dom Romano<br />

Desde 1988, foi pioneira em assar<br />

as pizzas no forno a lenha. As pizzas<br />

têm sabor e sotaque paulistano. As<br />

massas e molhos são de fabricação<br />

própria, e têm sabores bem caseiros.<br />

As porções bem servidas, retratam a<br />

origem italiana.<br />

QI 11 Lago Sul (3248-0078)<br />

102 Norte (3327-7776) CC: V, M e D.<br />

INTERNACIONAIS<br />

Bier Fass Gilberto Salomão<br />

O Bierfass Gilberto Salomão completa<br />

em 2007 seu 38º ano de sucesso,<br />

com uma fórmula que agrega tradição,<br />

ambiente, cozinha e público diferenciado.<br />

Destaque para a cozinha internacional,<br />

variando pratos clássicos aos modernos,<br />

que influi tanto nos ingredientes usados<br />

como na apresentação dos pratos.<br />

GIlberto Salomão<br />

QI 5 Lago Sul (3248.1519)<br />

CC: Todos<br />

San Marino<br />

Cozinha típica de cantina italiana.<br />

De 3ª a 6ª, rodízio à noite com<br />

15 sabores de pizzas e oito de<br />

massas. Nas outras noites, somente<br />

à la carte. Durante a semana, no<br />

almoço, buffet com saladas, pratos<br />

executivos e grelhados.<br />

209 Sul (3443.5050)<br />

CC: Todos<br />

18


MÚSICA AO VIVO ACESSO PARA DEFICIENTES<br />

DELIVERY MANOBRISTA<br />

ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTE<br />

CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R<br />

San Lorenzo<br />

Culinária internacional,com a<br />

combinação surpreendente de belos<br />

e saborosos pratos. Sugestões:Filé<br />

do Casé e Medalhão de Florença.<br />

No almoço, pratos executivos<br />

com atendimento ágil e opções<br />

saborosas. A adega climatizada<br />

completa o ambiente.<br />

103 Sudoeste (3201.2161)<br />

CC: Todos<br />

Brilho - Lago Sul<br />

A nova loja do Gilberto Salomão<br />

conta com adega climatizada e<br />

grande variedade de vinhos. Espaço<br />

exclusivo para degustações, palestras,<br />

eventos e amplo estacionamento. Os<br />

queijos, azeites, bacalhau, chocolates,<br />

acessórios e charutos completam o<br />

mix de produtos. Venha conhecer!<br />

Centro Gilberto Salomão- lj 33<br />

(3202.4533) CC: todos<br />

www.brilhoimportados.com.br<br />

LOJAS DE VINHO<br />

Trattoria 101<br />

Cardápio com produtos italianos<br />

autênticos e tradicionais. Massas,<br />

filés, peixes e risotos, carpaccio. Tudo<br />

preparado na hora. Execelente carta de<br />

vinhos com <strong>90</strong> rótulos, entre nacionais<br />

e importados. Ambiente charmoso,<br />

varanda e amplo estacionamento<br />

completam o ambiente.<br />

101 Sudoeste (3344.8866)<br />

CC: V, M e D.<br />

Truli<br />

Um sucesso com serviços originais e<br />

rápidos. Buffet no centro do salão. O<br />

cliente monta seu pedido escolhendo<br />

até sete ingredientes para compor<br />

um prato de massa, ou salada, ou<br />

Vira-e-Mexe (arroz com feijão).<br />

Deliciosos pratos italianos à la carte.<br />

201 Sul (3322.4688) Delivery<br />

(3225.4050) CC: Todos<br />

ITALIANOS<br />

Naturetto<br />

O restaurante valoriza a culinária<br />

macrobiótica, os vegetais orgânicos<br />

e integrais. O peixe está presente no<br />

cardápio diariamente. À noite, o vinho<br />

se harmoniza com o ambiente rústico<br />

e cultural e acompanha quiches,<br />

salmão grelhado, pães e queijos.<br />

405 Norte (3201.6223) e<br />

Câmara dos Deputados CC: V e M<br />

Haná<br />

Diariamente no almoço e jantar,<br />

festival de sushi e sashimi, com<br />

mais de 35 opções de pratos.<br />

Nas 2 as e 3 as , o tradicional buffet<br />

conta com o Festival do Camarão.<br />

Funciona também à la carte e tem<br />

delivery. Horário: diariamente das<br />

12h às 15h e das 19h às 24h.<br />

408 Sul (3244.9999)<br />

CC: Todos<br />

NATURAIS<br />

Villa Borghese<br />

O charme da decoração e a iluminação<br />

à luz de velas dão o clima romântico.<br />

Aberto diariamente para almoço e<br />

jantar. Sugestão: I Segreti di Nettuno<br />

(Camarões grelhados, molho pesto e<br />

alcaparras com ervas finas em tulipas<br />

crocantes, arroz com manjericão e<br />

amêndoas torradas), por <strong>R$</strong> 52,00.<br />

201 Sul (3226.5650) CC: Todos<br />

ORIENTAIS<br />

Brilho - Feira dos importados<br />

Referência desde 1997, nos ramos<br />

de bebida, charutaria e delikatessen.<br />

Na adega climatizada o cliente<br />

encontra vinhos especiais, como<br />

Romaneé Conti e Chateau Pétrus.<br />

Ambiente especial para degustação.<br />

Queijos importados e o melhor<br />

bacalhau da cidade.<br />

Feira dos Importados<br />

(3037.4533) CC: Todos<br />

www.brilhoimportados.com.br<br />

LOJAS DE VINHO<br />

Maki Temakeria<br />

É o lugar ideal para fanáticos por<br />

cozinha japonesa que nem todos os<br />

dias estão com apetite ou bolso para<br />

ir a um restaurante tradicional. São 20<br />

opções de temakis, como o delicioso<br />

camarão tempurá, e oito opções<br />

de rolinhos. Às sextas e sábados,<br />

funciona até as quatro da manhã.<br />

405 Sul (3242.3460)<br />

www.makitemakeria.com.br<br />

19


oteirogastronômico<br />

MÚSICA AO VIVO ACESSO PARA DEFICIENTES<br />

DELIVERY MANOBRISTA<br />

ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTE<br />

CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R<br />

Nippon<br />

Pizza Benta<br />

ORIENTAIS<br />

Tradicional e inovador. Sushis e<br />

sashimis ganham toques inusitados.<br />

Exemplo disso é o sushi de atum<br />

picado, temperado com gengibre e<br />

cebolinha envolto em fina camada de<br />

salmão. As novidades são fruto de<br />

muita pesquisa do proprietário Jun Ito.<br />

403 Sul (3224.0430 /<br />

3323.5213) CC: Todos<br />

PIZZARIAS<br />

Na esquina da 108 sul,uma pizza<br />

de dar água na boca! Ambiente<br />

agradável e estacionamento fácil.<br />

Funciona a partir das 18:00h com<br />

ótimo atendimento.De segunda a<br />

quarta até 21h, chope a <strong>R$</strong>2,00 e a<br />

“pizza da semana” tamanho grande<br />

por <strong>R$</strong>18,<strong>90</strong>.<br />

108 Sul (3242.2505)<br />

CC: V e M<br />

Feitiço Mineiro<br />

A culinária de raiz das Minas Gerais<br />

e uma programação cultural que<br />

inclui músicos de renome nacional e<br />

eventos literários. Diariamente, buffet<br />

com oito a nove tipos de carnes.<br />

Destaque para a leitoa e o pernil à<br />

pururuca, servidos às 6 as e domingos.<br />

PADARIA<br />

Belini<br />

A casa premiada é um misto de padaria,<br />

delikatessen, confeitaria e restaurante.<br />

O restaurante serve risotos, massas e<br />

carnes, inclusive cordeiro. Destaque para<br />

o café gourmet, único torrado na própria<br />

loja, para as pizzas especiais e os buffets<br />

servidos na varanda.<br />

REGIONAIS<br />

306 Norte (3272.3032)<br />

CC: Todos<br />

Severina O Sabor do Nordeste<br />

Após 26 anos em Brasília, o<br />

restaurante Feijão verde da Asa<br />

Sul muda de nome, decoração,<br />

cardápio, mas mantém a tradição e a<br />

qualidade. Carne de sol, baião de 2x2,<br />

arrumadinho, escondidinho, bode e<br />

beiju recheados. É só escolher!<br />

www.restauranteseverina.com.br<br />

113 Sul (3345.0777) CC: Todos<br />

201 Sul (3224-6362)<br />

CC: V, M, Amex, D<br />

PIZZARIAS<br />

Baco<br />

Premiada por todas as revistas.<br />

Massas originais da Itália, vinhos<br />

e ambiente. No cardápio, pizzas<br />

tradicionais e exóticas. Novidades são<br />

uma constante. Opção de rodízio em<br />

dias especiais – na 309 Norte, toda 3ª<br />

e domingo, e na 408 Sul, às 2 as .<br />

309 Norte (3274.8600), 408 Sul<br />

(3244.2292) CC: Todos<br />

Baco Delivery (3223.0323)<br />

Gordeixo<br />

Ambiente agradável, comida boa e<br />

área de lazer para as crianças fazem<br />

o sucesso da casa desde 1987. No<br />

almoço, além das pizzas, o buffet de<br />

massas preparadas na hora, onde<br />

o cliente escolhe os molhos e os<br />

ingredientes para compor seu prato.<br />

306 Norte (3273.8525)<br />

CC: V, M e D<br />

SORVETERIA<br />

VARIADOS<br />

Art Barroca<br />

Saborella<br />

Sorvetes com sabores regionais e<br />

tecnologia italiana são a especialidade<br />

da casa. Os mais pedidos: tapioca,<br />

cupuaçu, açaí e frutas vermelhas. Na<br />

varanda, pode-se apreciar café bem<br />

tirado e fresquinho, acompanhado de<br />

tapiocas quentinhas.<br />

112 Norte (3340.4894)<br />

CC: Todos<br />

Quituart<br />

15 bistrôs de culinária nacional e<br />

internacional: vatapá, feijoada, confit<br />

de pato, paella, escondidinho de carne<br />

seca, quibes, leitoa à pururuca, sushis,<br />

picanha na chapa, tortas, suspiros e<br />

café. Além de moda e arte barroca.<br />

Funciona de 5ª a domingo.<br />

Canteiro central do Lago Norte<br />

(3468.7139 / 8493.2774 )<br />

20


dia&noite<br />

Débora Amorim<br />

énatalnoconjunto...<br />

No piso térreo, a Casa do Papai Noel e a entrada para a<br />

Montanha Encantada que leva as crianças até a sala de teletransporte,<br />

onde, num passe de mágica, vão parar no Pólo<br />

Norte. Assim é a cenografia criada por Chico Leone para<br />

fazer com que as crianças entrem mesmo no espírito do<br />

Pólo Norte, com clima gelado artificialmente, neve artificial<br />

e efeitos de iluminação. No 1º piso do Conjunto Nacional,<br />

um grande tobogã é o meio de transporte utilizado para<br />

“descer” a montanha de "neve" escorregando até seu sopé,<br />

no piso térreo. 28 atores trabalham para que esse jogo de<br />

faz-de-conta fique bem real. Para participar da brincadeira, o<br />

shopping cobra <strong>R$</strong> 1. Parte da renda será doada para a Abrace.<br />

...nobrasíliashopping<br />

O Expresso de Natal, com capacidade de 80 passageiros sentados é a<br />

grande atração. Até 23 de dezembro, e durante os finais de semana, a<br />

garotada poderá passear pela Asa Sul, Asa Norte, Eixo Monumental e<br />

Esplanada dos Ministérios. Saídas de hora em hora: aos sábados, das<br />

10 às 18h, e aos domingos e feriados, das 12 às 18h. O passeio é de<br />

graça, mas a criança precisa estar acompanhada pelo responsável.<br />

A “estação” fica na entrada do Brasília Shopping da W3 Norte.<br />

Divulgação<br />

Élvio Gasparotto<br />

...enoterraço<br />

Oficinas de jardinagem sob o comando da paisagista<br />

Cláudia Dornelles pretendem estimular o contato das<br />

crianças com a terra e a natureza. De acordo com a gerente<br />

de marketing do Terraço Shopping, Renata Monnerat, a<br />

iniciativa pretende conscientizar a criança sobre os cuidados<br />

necessários com o meio ambiente. Divididas em cinco<br />

temas, um por domingo, as oficinas acontecem sempre das<br />

17 às 18h30, nos meses de novembro e dezembro. São 20<br />

vagas por dia e as inscrições são gratuitas.<br />

luz,câmera,ação<br />

Esse é o nome da festa mais tradicional do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, já em sua 12ª edição. Com<br />

a promessa de se superar em relação aos anos anteriores, os organizadores calculam reunir 12 mil, entre estrelas,<br />

tietes e participantes do festival. Os Djs Tadeu Miura e Gerson de Veras comandam a pista de dança central e Rubens,<br />

produtor do Gate’s Pub, reproduz, numa das tendas, o projeto Quarta Vinil. Exposições de fotografias que contam a<br />

história do Festival e performances são atrações à parte, assim como a homenagem especial ao ator Chico Diaz. Os<br />

jardins da Mansão Rollemberg, no Park Way, receberão várias tendas ambientadas pela artista plástica Carla Pompeu<br />

e a decoradora Julieta Rodrigues. Todos os participantes do Festival são automaticamente convidados para a festa do<br />

dia 24, com direito a transporte de ida e volta para o Hotel Nacional. Os outros mortais precisam desembolsar <strong>R$</strong> 20<br />

de ingresso, vendido no saguão do Cine Brasília e na loja de instrumentos Farofa Musical, na 703 Norte.<br />

24


Divulgação<br />

Divulgação<br />

sambanointervalo<br />

Atrações culturais de qualidade, boa organização,<br />

pontualidade e respeito ao público. É o que se pode<br />

esperar nos próximos anos para Brasília no que<br />

depender de iniciativas como o projeto Café com Arte,<br />

em que alunos do 4° semestre de Comunicação<br />

Institucional e Relações Públicas do IESB planejam,<br />

organizam e realizam um evento que deve durar o<br />

tempo exato do intervalo e entreter 2.500 alunos. Sob<br />

a orientação do professor Giovani Guedes, o Café com<br />

Arte já trouxe atrações como o grupo de teatro Udi<br />

Grudi, uma festa árabe com a Cia. de Dança Larissa<br />

Vitória e a banda de música indígena Ha Ono Beko.<br />

No último dia 14, o samba tomou conta do IESB.<br />

Integrantes da ARUC fizeram um animado carnaval<br />

no pátio da faculdade.<br />

chorocomblues<br />

Uma interessante mistura de música acústica<br />

brasileira e música de raiz americana. Assim é o<br />

som de Ted & Pablo, dupla que se apresenta dia<br />

24 no projeto Prata da Casa, do Clube do Choro.<br />

Os músicos Ted Falcon e Pablo Fagundes vão mostrar<br />

como choro, samba e forró combinam muito bem<br />

com blues, jazz e rock. No programa, músicas do<br />

CD Transcontinental Music Express, gravado no<br />

Brasil com composições próprias e de nomes que<br />

são referências para ambos os países, como Ernesto<br />

Nazareth e David Grisman. Sábado a partir das 21h30.<br />

Ingressos a <strong>R$</strong>10 e <strong>R$</strong>5. Informações: 3327.0494.<br />

enigmas<br />

A pintura abstrata<br />

de Ângela Raimundo,<br />

toda construída com<br />

traços, respingos,<br />

manchas, sombras<br />

e luz está no Espaço<br />

Cultural do STJ<br />

até 7 de dezembro. De acordo com a artista, suas<br />

tintas expressam em gestos e camadas o mundo<br />

inconsciente. “Os temas são definidos pelo<br />

observador que, diante da obra, é provocado em<br />

seus sentidos e sentimentos, em seus conceitos<br />

e bagagem; a emoção fica livre e o pensamento<br />

instigado”, explica. De segunda a sexta, das 9 às 19h.<br />

O Espaço Cultural STJ fica no 2.º andar do prédio<br />

dos Plenários – SAFS, Quadra 6, Lote 1, Trecho 3.<br />

donaflornoteatro<br />

Ela, Vadinho e Dr. Theodoro chegam, de braços dados, ao<br />

palco da Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. O diretor é Pedro<br />

Vasconcellos, o mesmo de 7 Pecados, novela da TV Globo. A peça<br />

Dona Flor e seus dois maridos será apresentada de 23 a 25 deste<br />

mês, com ingressos entre <strong>R$</strong> 30 e <strong>R$</strong> 70. Inspirada no romance de<br />

Jorge Amado, a versão teatral tem no elenco Marcelo Faria, Duda<br />

Ribeiro e Carol Castro. Ambientada nos anos 60, Dona Flor<br />

estreou em Goiânia no mês passado e depois seguiu para Curitiba<br />

e Porto Alegre. Após a temporada candanga, vai para Aracaju e<br />

Salvador. A estréia no Rio será em fevereiro de 2008. Sexta e<br />

sábado, às 21h, e domingo, às 19h.<br />

festivaluniversitário<br />

A universidade serve de palco para tudo que é novo e quebra<br />

os padrões. Não podia ser diferente quando o assunto é<br />

música: ela foi o berço para a formação de importantes e<br />

inovadoras bandas brasileiras. Para manter essa tradição,<br />

surge o Festival Universitário de Música, que vai receber<br />

shows de bandas de várias faculdades e eleger a melhor delas.<br />

O festival serve também de incentivo à música independente,<br />

que representa o que acontece de novo e ainda está longe do<br />

alcance da mídia. O projeto inclui ainda vários seminários<br />

e shows de Tom Zé e do grupo francês NoJazz. De 30 de<br />

novembro a 2 de dezembro, no Conic. Mais informações<br />

e programação completa em www.grv.art.br.<br />

André Conti<br />

25


asíliaturística<br />

A<br />

barquinha vai<br />

Em duas horas<br />

de navegação,<br />

ângulos e<br />

recantos pouco<br />

conhecidos da<br />

cidade e do<br />

Lago Paranoá


POR AKEMI NITAHARA<br />

FOTOS RODRIGO OLIVEIRA<br />

O Lago Paranoá é um dos cartões<br />

postais de Brasília. Mas pouca gente conhece,<br />

de fato, sua história e seus inúmeros<br />

recantos. Para oferecer a opor tu ni -<br />

dade de acesso a esse imenso espelho<br />

d’água, a Barca Brasília leva turistas e<br />

estudantes a um agradável passeio. O<br />

vento ameniza o sol, enquanto o “capitão”<br />

Edmilson Figueiredo conta curiosidades<br />

e histórias do “mar de Brasília”.<br />

Histórias como a da Vila Mauri, um<br />

dos canteiros de obra de Brasília, que<br />

ficava perto da Vila Planalto. E ainda<br />

fica. Só que, agora, entre 7 e 14 metros<br />

de profundidade, dentro do lago. Quando<br />

foi feita a barragem para represar o<br />

Rio Paranoá, a previsão era de que o<br />

lago atingiria a cota mil em quatro anos.<br />

Só que o vale encheu muito mais rápido<br />

do que o esperado e em apenas um ano<br />

atingiu os mil metros de altitude. Com<br />

isso, a Vila Mauri ficou submersa e os<br />

moradores tiveram de ser retirados às<br />

pressas. Muitos foram para o norte e<br />

deram origem à cidade de Sobradinho.<br />

Brasília tem registrada a terceira frota<br />

náutica do Brasil, já que inclui as embarcações<br />

de Goiás, Tocantins e parte<br />

de Minas Gerais. Só que “98% das pessoas<br />

que têm barco não conhecem o<br />

Lago Paranoá”, garante Edmilson, que<br />

também é fotógrafo. Para melhorar essa<br />

situação, uma das propostas da Barca<br />

Brasília é fazer turismo ecológico aliado<br />

à arqueologia do lago. O Centro de Excelência<br />

em Turismo da UnB está fazendo<br />

as pesquisas para que o comandante<br />

possa programar as rotas da barca.<br />

Os córregos Bananal e Riacho Fundo<br />

são os maiores depositários do lago –<br />

eles é que formam o Rio Paranoá.<br />

Também alimentam o lago os córregos<br />

do Gama e do Torto. “Nós vamos fazer<br />

rotas sobre os leitos originais dos rios e<br />

conhecer a fauna e a flora dos mananciais”,<br />

explica Edmilson. Esse projeto é<br />

voltado principalmente para aulas presencias,<br />

com alunos de sétima série em<br />

diante.<br />

Além da parte ecológica e histórica,<br />

a Barca Brasília oferece uma gastronomia<br />

simples mas caprichada. O cardápio<br />

completo tem 30 itens de petiscos e 95<br />

tipos de drinks. A chef de cozinha Luciana<br />

Feliz, responsável pelas receitas,<br />

inspirou-se na gastronomia brasileira,<br />

especialmente na comida de boteco do<br />

Rio de Janeiro e Belo Horizonte, “sem<br />

esquecer de elementos do Cerrado, como<br />

o pequi e o baru, e o apelo náutico,<br />

com frutos do mar”.<br />

Como a cozinha de bordo é muito<br />

pequena, são oferecidos apenas de três<br />

a quatro petiscos diferentes por passeio.<br />

“A gente tenta casar a variedade com o<br />

operacional”, diz a chef, lembrando que<br />

existe a possibilidade de combinar o cardápio<br />

com antecedência, em caso de<br />

passeio para grupos fechados.


asíliaturística<br />

A jornalista Nara Albernaz e os amigos de Belém<br />

O "capitão" Edmilson: curiosidades e histórias sobre o "mar de Brasília"<br />

Entre as opções de dar água na boca<br />

estão a salada com manga flambada,<br />

mexilhão, vinagrete de lula ou camarão,<br />

angu do marinheiro, arrumadinho do<br />

Duque e frutas do lago, com leite condensado<br />

aromatizado com capim santo.<br />

Para valorizar a produção brasiliense de<br />

qualidade, o chope é da Stadt Bier e o<br />

café é Antonello Monardo.<br />

A barca oferece um contraponto ao<br />

turismo cívico, que é o principal chamariz<br />

da capital. A partir do lago, é possível<br />

ver as pessoas nadando na região<br />

escondida da Ermida Dom Bosco, a calma<br />

da tarde no Pontão do Lago Sul, a<br />

bateria antiaérea abandonada que protegia<br />

o Palácio da Alvorada, a área de segurança<br />

em torno do próprio palácio, a<br />

casa do colecionador de armas no Lago<br />

Norte, com canhões e charretes.<br />

A jornalista Nara Albernaz é uma<br />

apaixonada pelo lago e levou três amigos<br />

de Belém para fazer o passeio. O artista<br />

plástico Michel Novo se sentiu em<br />

casa. “Barco é muito comum na minha<br />

terra”. Pela primeira vez na cidade, o<br />

paraense já pensa em ficar. “Quem mora<br />

em Brasília é privilegiado pelos espaços<br />

abertos, a arquitetura. A cidade é<br />

uma galeria de arte ao ar livre”. Michel<br />

afirma que os passeios de barco democratizam<br />

o uso do lago, “que normalmente<br />

é só para a elite que mora na orla<br />

ou freqüenta clubes”.<br />

O Lago Paranoá tem 40 km de extensão,<br />

da Ponte do Bragueto até o aeroporto.<br />

A profundidade média é de 12m<br />

e a máxima chega a 38m, na barragem.<br />

Barca Brasília<br />

Passeio de duas horas pelo Lago Paranoá<br />

(<strong>R$</strong> 20 por pessoa), com saídas do<br />

restaurante Retiro do Pescador, próximo<br />

ao Clube da Imprensa, aos sábados<br />

e domingos, às 15h. Faz reserva para<br />

festas e reuniões. Mais informações: (61)<br />

8419-7192 / www.barcabrasilia.com.br /<br />

passeio@barcabrasilia.com.br<br />

28


culturapopular<br />

Placa de prata<br />

108 Sul, criação<br />

coletiva do projeto<br />

Brasília Faz Bem<br />

Poucas<br />

e boas<br />

Roupas da jovem estilista<br />

Fernanda Ferrugem, cerâmicas do<br />

Ateliê Cecy Sato, jóias de Paulo Lobo e<br />

Thelma Aviani, bolsas da piauiense Kalina<br />

e objetos do projeto Brasília Faz Bem<br />

serão algumas das atrações da tradicional<br />

feira Poucas e Boas, dias 1º e 2 de dezembro,<br />

das 11 às 19h, na QI 8, Conjunto<br />

13, Casa 17, Lago Norte. Na parte gastronômica<br />

está confirmada a<br />

participação do restaurante Las Paellas,<br />

da chocolateria Stans e do Café Cristina.<br />

Um dos organizadores da feira, Paulo<br />

Lobo, explica que nesta edição estará representado<br />

o projeto social Cooperativa<br />

100, de catadores e recicladores de lixo.<br />

Paulo destaca ainda o projeto Brasília Faz<br />

Bem, desenvolvido pelas artistas Fátima<br />

Bueno, Carla de Assis e Ligia de Medeiros.<br />

Inspiradas na vegetação e nos<br />

monumentos da cidade, elas criaram<br />

imagens estilizadas que depois aplicaram<br />

em azulejos, tecidos, canecas, bolsas e<br />

muitas outras peças que chamam de painéis-repertório.<br />

Segundo explicam, “o<br />

projeto pretende estimular um movimento<br />

coletivo de manifestações de<br />

apreço pela cidade, fortalecendo represen<br />

tações já consagradas e acrescentando<br />

novas leituras ao universo candango”.<br />

Fátima Bueno, que também trabalha<br />

na organização da Poucas e Boas, destaca<br />

ainda a diversidade de trabalhos convivendo<br />

num mesmo local, a casa do Lago<br />

Norte cedida por Sonia Imóveis. “A Cooperativa<br />

100, por exemplo, trará objetos<br />

feitos com garrafas pet, bolsas confeccionadas<br />

com lacres de latinhas e blocos de<br />

papel reciclado, enquanto, a poucos metros<br />

de seu estande, será possível comprar<br />

um móvel do artista George Dubugras e,<br />

mais adiante, as charmosas roupas da estilista<br />

Fernanda Ferrugem”, explica,<br />

lembrando que todas são boas opções de<br />

presentes de Natal, adequadas para qualquer<br />

orçamento.<br />

A chef do Las Paellas, Weymer<br />

Quintas, levará duas opções para serem<br />

degustadas no intervalo entre uma compra<br />

e outra: a Paella Marinera (<strong>R$</strong> 28) e<br />

o Filé à Moura acompanhado de massa<br />

papardelle (<strong>R$</strong> 25, com direito a uma<br />

taça de vinho tinto Trivento). De sobremesa,<br />

creme catalão, a <strong>R$</strong> 6.<br />

Moradias transitórias<br />

Moradias podem ser simples tendas<br />

ou cápsulas futuristas, bolhas<br />

semi-tecnológicas, veículos multifuncionais,<br />

barracas “estilo árabe”, cabanas<br />

rudimentares, estruturas em<br />

forma de iglus ou caixas de madeira,<br />

que armam espécies de contêineres<br />

para dormir. Em comum, apresentam<br />

formas de arquitetura orgânica,<br />

mutante, flexível, que permitem<br />

mobilidade migratória surpreendente,<br />

como se fossem organismos vivos.<br />

O tema da habitação, objeto de<br />

inúmeras pesquisas por parte de engenheiros,<br />

designers e artistas diversos,<br />

também serviu de inspiração<br />

para o arquiteto Nicola Goretti, do<br />

Grupo AG, realizar a exposição Moradias<br />

transitórias, que poderá ser vista<br />

no Museu República do próximo<br />

dia 29 a 11 de fevereiro. Serão nove<br />

instalações de 11 artistas nacionais e internacionais<br />

sobre o tema.<br />

Entre os participantes, os arquitetos<br />

argentinos Gustavo Diéguez e Lucas Gilardi,<br />

com a obra Plug out unit Brasil, e a<br />

artista plástica Nora Correas, que apresentará<br />

o trabalho Sin destino. Da Espanha,<br />

o artista plástico Domenèc faz uma<br />

homenagem ao arquiteto Oscar Niemeyer<br />

com a obra Superquadra casa-armário.<br />

Do México, o designer Emiliano<br />

Godoy traz sua visão sobre o habitat<br />

com a obra Dirigible, e da Inglaterra<br />

o casal Lucy & Jorge Orta<br />

apresenta as obras Urban<br />

life guard – ambulatory sleeper,<br />

Connector mobile<br />

village<br />

e<br />

Body<br />

architecture.<br />

Instalação de<br />

Lucy e Jorge Orta<br />

O Brasil será representado pelos<br />

artistas plásticos Ralph Gehre e a<br />

obra Adulterações objetivas – Tomo I a<br />

XVIII, e Ana Miguel com Rosa morada.<br />

O estilista Jum Nakao também<br />

participa da mostra com o trabalho<br />

Paisagem urbana. Outro destaque<br />

nacional é a designer de jóias Mana<br />

Bernardes, que se inspirou nos mochileiros<br />

e em animais, como os caramujos,<br />

que carregam suas casas<br />

nas costas para criar a obra<br />

No papel não caberia, o que<br />

no corpo já não cabia, na<br />

poesia caberia.<br />

Divulgação<br />

29


queespetáculo<br />

Dança<br />

cigana<br />

Oficina Flamenca<br />

apresenta dias 1º e<br />

2 de dezembro, no<br />

Teatro dos Bancários,<br />

o espetáculo<br />

Luz e sombra<br />

Fotos: Divulgação<br />

Produzido e dirigido pelas irmãs Patrícia e Renata El-moor,<br />

professoras de dança flamenca, o espetáculo Luz e sombra conta<br />

com a participação de mais de 80 pessoas, entre professores, alunos<br />

e músicos. “A luz e a sombra sugerem os sentimentos distintos<br />

e distantes que a dança pode alcançar”, explica Patrícia.<br />

Os bailes se alternam entre alegres e vibrantes, como as Sevillanas<br />

e as Rumbas, e introspectivos, como a Farruca e os Tientos.<br />

Os movimentos contrastam entre a suavidade dos floreos<br />

(movimentos das mãos) e a força dos rápidos taconeos (sapateados),<br />

como explica a bailaora.<br />

No espetáculo, com 1h15m de duração, outros elementos<br />

contribuem para evidenciar as alternâncias possíveis<br />

Renata El-moor<br />

do flamenco, como a idade dos bailaores – entre cinco e 50 anos<br />

– e a experiência de cada um na prática do flamenco, assim como<br />

suas diferentes trajetórias de vida. “Todos esses contrastes<br />

apontam numa única direção: o flamenco é para todas as pessoas,<br />

para todos os momentos, e abarca qualquer sentimento”,<br />

acrescenta Patrícia.<br />

Os ingressos custam <strong>R$</strong> 30 e <strong>R$</strong> 15. Como os lugares são<br />

marcados, os organizadores recomendam a compra antecipada,<br />

na própria bilheteria do teatro ou na secretaria da Oficina Flamenca,<br />

escola dedicada ao ensino da cultura flamenca em Brasília<br />

que oferece cursos de dança, palmas e compasso, além<br />

de aulas teóricas e eventos extra-classe como exibição de<br />

filmes, bazares beneficentes, festas e outros encontros<br />

informais.<br />

Criada em 1998, a Oficina funciona em dois endereços,<br />

na Asa Norte e no Sudoeste. São três salas de<br />

aula, uma sala de recursos audiovisuais, uma secretaria<br />

e uma loja especializada em artigos para dança<br />

flamenca. As professoras Patrícia e Renata iniciaram<br />

seus estudos de flamenco em Brasília, há mais<br />

de dez anos, e participam freqüentemente de cursos<br />

de especialização no sul da Espanha, em cidades<br />

como Sevilha e Granada.<br />

A história do flamenco está intimamente ligada<br />

à dos ciganos que emigraram da Índia para a região<br />

da Andaluzia, no sul da Espanha. Os ciganos adoram<br />

dançar. Desde criança eles ouvem e dançam<br />

as seguidillas, a rumba, as alegrias e também o<br />

flamenco – ritmos e sons tradicionais produzidos<br />

pelas guitarras, violinos, violões, acordeões,<br />

címbalos, castanholas, pandeiros, palmas das<br />

mãos e batidas dos pés. É o que os brasilienses<br />

poderão ver no Teatro dos Bancários.<br />

Luz e sombra<br />

1º e 2/12, às 20h30, no Teatro dos Bancários<br />

(314/315 Sul).<br />

Ingressos a <strong>R$</strong> 30 e <strong>R$</strong> 15 (meia para estudantes,<br />

crianças menores de 12 anos, pessoas com 65 anos<br />

ou mais, bancários e professores), à venda na bilheteria<br />

do teatro, na secretaria da Oficina Flamenca (110 Norte – Bloco A) das<br />

16h30 às 20h30, de 2ª a 6ª feira, e das 10 às 14h, aos sábados. Mais<br />

informações: 3273-7374 ou www.oficinaflamenca.com.br<br />

Patrícia El-moor 30


Cruel jogo amoroso<br />

Um livro do século XVIII inspirou dois filmes e também<br />

outro livro, que virou uma peça, agora em cartaz no CCBB,<br />

com Beth Goulart e Guilherme Leme como protagonistas<br />

POR MARIA TERESA FER-<br />

NANDES<br />

Quando, em 1782, Choderlos<br />

de Laclos escreveu Ligações<br />

Perigosas, estava, de fato, fazendo<br />

um retrato fiel da sociedade<br />

francesa em pleno Iluminismo,<br />

época em que a decadência da<br />

nobreza inspirava a farta literatura<br />

de romances libertinos.<br />

Valmont e Merteuil, personagens<br />

principais do livro, representavam<br />

essa nobreza que não<br />

tinha escrúpulos quando o assunto<br />

era conquistar novos<br />

amores a qualquer preço.<br />

Mais de 200 anos depois,<br />

em 1988, o livro inspirou o filme<br />

homônimo de Milos Forman,<br />

com Glenn Close e John<br />

Malkovich perfeitos como personagens<br />

que amam e manipulam<br />

o próprio amor. Em 1999,<br />

Hollywood ainda produziu<br />

uma versão para o público adolescente,<br />

Segundas intenções, com os<br />

jovens astros Ryan Phillippe, Sarah Michelle<br />

Gellar e Reese Witherspoon nos<br />

papéis principais.<br />

Agora, uma nova versão da história<br />

está em cartaz no teatro, desta vez intitulada<br />

Quartett, nome do livro que o alemão<br />

Heiner Müller escreveu em 1981,<br />

também inspirado na obra do francês<br />

Laclos, encenada pela primeira vez no<br />

Brasil em 1986, com Tônia Carrero<br />

e Sérgio Britto nos papéis principais.<br />

Dirigida por Victor Garcia Peralta e<br />

com tradução e adaptação de João Gabriel<br />

Carneiro, filho de Beth Goulart,<br />

Quartett está em cartaz no teatro do<br />

CCBB até 2 de dezembro. Nela, os<br />

jogos de sedução promovidos pelos<br />

personagens vividos por Beth Goulart<br />

e Guilherme Leme têm como objetivo<br />

provocar a queda e a ruína dos conquistados.<br />

De acordo com o texto de Heiner<br />

Muller, outros personagens são incluídos<br />

na trama, dando nova dimensão ao<br />

jogo dos amantes. Assim, Beth Goulart<br />

é Madame Merteuil, mas é também a<br />

juvenil e inocente Cecile, enquanto<br />

Guilherme Leme divide-se entre Valmont<br />

e a virtuosíssima Madame Turvel.<br />

Na adaptação, o tempo e o local<br />

Nana Moraes<br />

não são definidos. Valmont e<br />

Merteuil são apenas mais um<br />

casal que se encontra num<br />

apartamento qualquer de uma<br />

grande cidade onde a ação<br />

acompanha a passagem do<br />

tempo refletida em sua janela.<br />

O perigoso jogo de inocentes e<br />

culpados, que parecia uma<br />

brincadeira de sedução e vingança,<br />

no final acaba descambando<br />

para uma guerra<br />

declarada.<br />

Reproduzindo palavras recentes<br />

da conceituada crítica<br />

de teatro Bárbara Heliodora,<br />

“escrever um romance erótico,<br />

cruel, sórdido, não é particularmente<br />

difícil; mas fazer a mesma<br />

coisa com a elegância de<br />

linguagem de Laclos é um feito<br />

algo extraordinário”. Na atual<br />

montagem, escreve ela, “o texto<br />

de Muller é transposto para<br />

algo que talvez devêssemos chamar<br />

de um presente atemporal,<br />

com a tradução de João Gabriel Carneiro<br />

abandonando a idéia de requinte estilístico<br />

que Laclos usa para tornar mais<br />

chocante sua trama, e ficando bem mais<br />

próximo de uma linguagem contemporânea<br />

rotineira”. Segundo ela, Guilherme<br />

Leme e principalmente Beth Goulart<br />

correspondem com precisão e elegância<br />

à concepção do diretor.<br />

Quartett<br />

Com Beth Goulart e Guilherme Leme<br />

De 17/11 a 2/12, de 5ª feira a sábado,<br />

às 21h, e domingo, às 20h, no CCBB<br />

Classificação indicativa: 18 anos<br />

Ingressos a <strong>R$</strong> 15 e <strong>R$</strong> 7,50<br />

Mais informações: 3310.7087<br />

31


asiliensedecoração<br />

Pequeno grande<br />

Pernambuco<br />

Ele veio para cá a convite de<br />

Juscelino, ajudou a fundar o<br />

Clube do Choro e vive uma<br />

história de amor com a cidade<br />

que já dura quase meio século<br />

POR VICENTE SÁ<br />

FOTOS RODRIGO OLIVEIRA<br />

Seu Inácio Pinheiro Sobrinho, 83 anos, barba e cabelos<br />

brancos, desce do carro devagar. Ajeitando o chapéu de palha,<br />

seu companheiro de longa data, ele mantém o passo firme e o<br />

caminhar ereto. Atravessa um bom pedaço de um campo de<br />

futebol da chácara e aproxima-se da mesa onde os músicos estão<br />

reunidos. Mas quem chega lá não é Seu Inácio e sim Per-<br />

32


nambuco do Pandeiro, nome pelo qual<br />

esse pequeno grande instrumentista é<br />

conhecido há mais de 60 anos.<br />

Os músicos, sem interromper o chorinho,<br />

levantam-se para cumprimentá-lo.<br />

São várias gerações de artistas: Sérgio<br />

Duboc, Fino e Carrapa do Cavaquinho,<br />

do Liga Tripa; Fernando Machado, clarinetista<br />

virtuoso; Léo Benon, Márcio Marinho<br />

e Dudu, da novíssima geração de<br />

chorões; e Cezinha, do Dois de Ouro,<br />

irmão de Hamilton de Holanda, acompanhado<br />

do pai, o violonista José Américo.<br />

Para todos ele tem uma palavrinha e<br />

um afago. Recusa uma cadeira estofada<br />

e puxa um banquinho. Pega o pandeiro<br />

e também cai no choro. Agora, de novo<br />

um menino, sorrindo feliz, à toa.<br />

A cena aconteceu no sábado, 3 de<br />

novembro. Foi uma pequena homenagem<br />

que alguns músicos da cidade e outros<br />

admiradores fizeram ao instrumentista<br />

e fundador do Clube do Choro,<br />

que está de novo morando em Brasília,<br />

depois de passar 17 anos em Uberaba.<br />

Seu Inácio, ou melhor, Pernambuco do<br />

Pandeiro, é um apaixonado pela cidade<br />

que viu crescer, pois chegou aqui trazido<br />

pelo próprio presidente Juscelino Kubitscheck<br />

ainda em 1959, em mais uma<br />

aventura de uma vida aventureira.<br />

NASCIDO EM GRAVATÁ DE BEZERRA,<br />

sertão pernambucano, Inácio, ainda<br />

adolescente, foi para o Rio de Janeiro<br />

com um irmão. Morando no morro do<br />

Estácio e engraxando sapatos na Lapa,<br />

conviveu com malandros históricos<br />

como Madame Satã, Camisa Preta e<br />

Miguelzinho. Por essa época descobriu<br />

seu talento para o pandeiro.<br />

O ano de 1940 já o encontra tocando<br />

profissionalmente na Rádio Clube<br />

Fluminense e nas boates Dancing Brasil<br />

e Farolito. Era o primeiro passo de uma<br />

carreira surpreendente. Logo passou a<br />

tocar, na Rádio Ipanema, no regional de<br />

César Faria, pai de Paulinho da Viola.<br />

“Esse também já se foi”, Pernambuco<br />

interrompe a narração de sua própria<br />

história para lamentar a recente morte<br />

do amigo. Mas as perdas já foram muitas,<br />

e rapidamente ele volta à cronologia:<br />

depois foi para a rádio Tupi, onde<br />

tocava com Pixinguinha e Benedito Lacerda.<br />

Seu nome já corria solto nas noites<br />

musicais da Cidade Maravilhosa.<br />

Nas décadas de 40 e 50, a competição<br />

entre as rádios no Rio de Janeiro<br />

era intensa. Com a programação quase<br />

toda ao vivo, elas contratavam atores,<br />

escritores, maestros e principalmente<br />

músicos para formar seu cast. Naquela<br />

época, os conjuntos “regionais” eram a<br />

grande onda do mercado radiofônico.<br />

Primeiro porque, sendo um conjunto<br />

que não necessitava de arranjos escritos<br />

e normalmente caracterizavam-se pela<br />

facilidade de improvisação, ajudavam<br />

muito nos programas de auditório,<br />

cobriam os buracos da programação e<br />

acompanhavam com competência qualquer<br />

cantor ou cantora que se apresentasse<br />

nos programas.<br />

Foi nesse período que Pernambuco<br />

do Pandeiro criou seu próprio regional,<br />

onde se destacava um rapaz albino que<br />

tocava acordeão e atendia pelo nome de<br />

Hermeto Pascoal. Com seu grupo, Pernambuco<br />

gravou vários discos, apresentou-se<br />

Brasil afora e em vários países da<br />

Europa.<br />

Os convites choviam no chapéu de<br />

Pernambuco, e ele atendia aos que podia.<br />

Gravou na Polydor com Dilermano Pinheiro,<br />

Odete Amaral e Aracy de Almeida.<br />

Em 1958, juntamente com Abel<br />

33


asiliensedecoração<br />

Seis momentos<br />

inesquecíveis: em<br />

dupla com Waldir<br />

Azevedo; no Olympia<br />

com a diva francesa<br />

Edith Piaf; com o<br />

mestre Sivuca; na<br />

capa de um disco em<br />

1954; na igreja Sacre-<br />

Coeur de Paris; com<br />

Os Cangaceiros em<br />

Londres; e no Clube<br />

do Choro, em Brasília<br />

Fotos: arquivo pessoal<br />

Ferreira, Trio Iraquitã, Sivuca e o maestro Guio de<br />

Morais, compôs a Caravana Humberto Teixeira,<br />

que percorreu diversos países divulgando a música<br />

brasileira.<br />

UM CONVITE PESSOAL DO PRESIDENTE JK O TROUXE<br />

para Brasília, com seu regional, em 1959 – antes,<br />

portanto, da inauguração da cidade. “Mas o que<br />

Juscelino mandava nem sempre era cumprido”,<br />

lembra Pernambuco. Ele e os outros músicos,<br />

que tinham vindo para tocar na Rádio Nacional,<br />

acabaram “fichados” na Novacap como fiscais de<br />

transportes. Os companheiros, incomodados com<br />

a mudança nos planos, voltaram para o Rio, mas<br />

Pernambuco, já sentindo o começo de uma paixão<br />

pela cidade, foi ficando, foi ficando e... ficou.<br />

Aqui, tocou em casas noturnas, rádios, televisão<br />

e no conjunto de Waldir Azevedo, com quem<br />

gravou alguns discos. Nos anos de 1976 e 1977<br />

participou, junto com Odeth Ernest Dias, Neusa<br />

França, Tio Nilo, Bide e outros, da fundação do<br />

Clube do Choro, do qual foi o primeiro diretor de<br />

patrimônio. Como o clube não tinha patrimônio<br />

nenhum, Pernambuco teve que conseguir cadeiras<br />

e mesas emprestadas com o amigo Tarquínio Cardoso,<br />

presidente da AABB, para o show de inauguração.<br />

E durante um ano produziu um sarapatel<br />

para ajudar a atrair o público, que na época ainda<br />

era pequeno.<br />

Em 19<strong>90</strong>, Pernambuco mudou-se para Uberaba,<br />

onde viveu 17 anos. Lá, foi homenageado diversas<br />

vezes, recebeu o título de Cidadão Honorário<br />

e teve sua vida e obra transpostas para uma<br />

exposição. De volta a Brasília, mesmo com problemas<br />

de saúde, esse menino pernambucano não<br />

pára quieto. Na noite da comemoração dos 30<br />

anos do Clube do Choro, não pôde comparecer<br />

porque estava se apresentando no Rio, junto com<br />

Deo Ryan.<br />

No sábado, 3 de novembro, entre meninos,<br />

amigos e música, os olhos de Seu Inácio traiam<br />

uma mágoa: não ter sido honrado com o título de<br />

cidadão brasiliense por esta cidade que ele tanto<br />

ama e que viu nascer. A Câmara Legislativa pode<br />

até demorar a conceder essa honraria a Seu Inácio,<br />

mas para os amantes da música, e de Brasília, Pernambuco<br />

do Pandeiro já é cidadão brasiliense há<br />

muito tempo. Afinal, a paixão dele pela cidade<br />

sempre foi correspondida.<br />

Para quem não gosta de esperar, uma última<br />

informação: o Ministério da Cultura vai conceder<br />

ao Clube do Choro a Ordem do Mérito Cultural,<br />

um dos mais respeitados prêmios culturais do Brasil.<br />

Boa parte desse mérito, todo mundo sabe, é de<br />

Pernambuco do Pandeiro.<br />

34


graves&agudos<br />

O palco que<br />

ela merece<br />

Marisa Monte reapresenta seu Universo particular em Brasília,<br />

só que agora no Centro de Convenções Ulysses Guimarães<br />

POR HEITOR MENEZES<br />

Quando aqui esteve em março, Marisa<br />

Monte bateu um dos recordes de<br />

público no mal-ajambrado ginásio Nilson<br />

Nelson. Quinze mil pessoas se abarrotaram<br />

no espaço, sofreram como em<br />

ônibus lotado e ainda penaram com o<br />

desconforto acústico e visual.<br />

Ou era assim ou Brasília aparentemente<br />

ficaria de fora da turnê Universo<br />

particular. Porém, nem tudo foi sufoco,<br />

é claro, pois a cantora e compositora,<br />

estrela de primeira grandeza da música<br />

brasileira, brindou boa parte da platéia<br />

com um encanto magnético-musical<br />

digno dos grandes artistas que dominam<br />

o ofício. A outra parte, diga-se, não<br />

conseguiu ver/ouvir direito o espetáculo<br />

e alguns mais foram embora, revoltados<br />

com a falta de gentileza e respeito dos<br />

promotores com o consumidor.<br />

Nove meses depois, Marisa Monte<br />

volta à cidade, desta feita para uma apresentação<br />

condigna do mesmo Universo<br />

particular. Vai ser neste sábado, 24, a<br />

partir de 21h, no Centro de Convenções<br />

Ulysses Guimarães. Ainda que<br />

soprem que é mais do mesmo, ao que<br />

parece teremos Marisa Monte em espaço<br />

adequado para mostrar sua arte feita<br />

de canções e sambas de alma leve, um<br />

universo realmente particular.<br />

A base da apresentação ainda vem<br />

dos dois bons discos lançados no ano<br />

passado: o que dá nome à turnê, notadamente<br />

pop e melancólico, e o Universo<br />

ao meu redor, este um pouco mais<br />

alegrinho (dá-lhe samba carioca!), mas<br />

igualmente de agradabilíssima audição.<br />

Da dupla mais recente de discos, temos<br />

de fato coisas antológicas, como as<br />

faixas-título, além da fornada tribalista<br />

assinada com os parceiros Carlinhos<br />

Brown e Arnaldo Antunes. Também<br />

não fica atrás em qualidade o resgate de<br />

obras assinadas pela velha guarda como<br />

Dona Yvonne Lara, Argemiro Patrocínio,<br />

Casemiro Vieira, e o príncipe Paulinho<br />

da Viola. Tá legal, tudo levado no<br />

violão, no cavaco, no pandeiro e no<br />

tamborim.<br />

O roteiro do show não pára por aí.<br />

Com uma discografia das mais consistentes,<br />

que vem desde o longínquo ano<br />

de 1989, Marisa Monte tem um repertório<br />

para horas de boa música. Quando<br />

a platéia começar a ansiar por<br />

coisas mais conhecidas, ela deve<br />

sacar do violão os acordes das<br />

mais conhecidas. Assim, preparem-se<br />

para cantar junto Bem<br />

que se quis e Amor I love you.<br />

Além do estoque de boas<br />

canções, Marisa Monte tem<br />

presença, canta divinamente –<br />

ainda que à voz pequena – e<br />

evidentemente vale a pena garantir<br />

o ingresso. No palco, os<br />

brasilienses poderão ter a di-<br />

mensão real da mise-en-scène de palco,<br />

luz, som e música elaborada para a turnê.<br />

Uma apresentação realmente à altura<br />

da grandeza e da importância de<br />

Marisa Monte no atual contexto da<br />

Música Popular Brasileira.<br />

Universo particular<br />

Show da turnê da cantora Marisa Monte<br />

24/11, às 21h, no Centro de Convenções<br />

Ulysses Guimarães. Ingressos: <strong>R$</strong> 160<br />

a <strong>R$</strong> 400, à venda pela internet (www.<br />

ingressovip.com), por telefone (3426-6257)<br />

ou na Brasal Veículos/Audi Lago Sul, na QI<br />

11 do Lago Sul, Bloco K (3248.6663), das<br />

9 às 18h.<br />

Divulgação<br />

35


graves&agudos<br />

De pilha nova<br />

Raimundos estão de volta com o mesmo gás de 20 anos atrás<br />

Fotos: Divulgação<br />

POR EDUARDO OLIVEIRA<br />

Foram necessários apenas oito anos<br />

para que os Beatles se tornassem a maior<br />

banda do mundo, título que mantêm<br />

até hoje e que dificilmente alguém vai<br />

tirar deles. Os Ramones duraram mais,<br />

vinte e poucos anos, mas sempre com<br />

os integrantes originais, e quando a coisa<br />

esfriou eles pararam. Por outro lado,<br />

os Rolling Stones passaram por várias<br />

brigas e trocas de integrantes mas continuam<br />

respeitados até hoje e conseguem<br />

reunir mais de um milhão de pessoas na<br />

praia de Copacabana. O Barão Vermelho<br />

não terminou com a saída de Cazuza<br />

e faz sucesso até hoje, Frejat à frente.<br />

Mas também não é difícil lembrar de casos<br />

de bandas que tentaram a sobrevida<br />

depois da saída de integrantes e acabaram<br />

virando piada. Tantas histórias<br />

diferentes trazem à tona uma questão:<br />

qual é a hora certa de parar<br />

Foram os Ramones, citados acima, a<br />

maior influência e até inspiração para o<br />

nome de uma banda que, nos anos <strong>90</strong>,<br />

pôs Brasília de volta no mapa do rock<br />

brasileiro. Os Raimundos conseguiram<br />

a proeza de colocar nas ondas do rádio<br />

um rock de guitarras sujas e letras mais<br />

sujas ainda, numa época em que axé e<br />

pagode dominavam completamente. O<br />

som que misturava o peso do rock com<br />

ritmos nordestinos chamou a atenção e<br />

rendeu a venda de mais de dois milhões<br />

de discos, shows lotados Brasil afora e<br />

muitos prêmios.<br />

Já no começo desta década, veio a<br />

bomba: Rodolfo, vocalista e principal<br />

compositor da banda, deixou os Raimundos<br />

sem muita explicação. O que<br />

mais se falou, e sempre foi negado por<br />

ele, é que sua decisão tinha tudo a ver<br />

com o fato de ter se tornado evangélico,<br />

algo realmente incompatível com as letras<br />

que cantava. Digão, então guitarrista<br />

dos Raimundos, não se conformou com<br />

o fim e assumiu os vocais. A banda voltou<br />

à atividade, agora com o guitarrista<br />

Marquim. O próximo passo foi lançar<br />

dois CDs: uma coletânea de raridades –<br />

com o sugestivo nome Éramos Quatro –<br />

e um de músicas inéditas. A situação se<br />

agravou com a saída do baixista Canisso,<br />

que juntou-se a Rodolfo em sua nova<br />

banda, Rodox. Alf, ex-Rumbora, assumiu<br />

o baixo dos Raimundos, que se<br />

mantiveram ativos por algum tempo<br />

mas acabaram desistindo.<br />

Depois de tantas crises, tudo indicava<br />

que eles não voltariam mais. Os<br />

integrantes se dedicavam a novos projetos<br />

e era comum ver Digão fazendo<br />

shows de voz e violão em bares da cidade.<br />

Até que anunciaram o retorno, sem<br />

o baterista Fred, substituído por Caio<br />

Martins, mas com a volta de Canisso.<br />

“A gente viu que ia completar 20 anos<br />

desde os primeiros shows da banda.<br />

Não quisemos deixar essa marca passar<br />

em branco”, explica Canisso, em entrevista<br />

à <strong>Roteiro</strong>.<br />

36


Aí surge aquela questão: vale a pena<br />

manter a atividade só com dois integrantes<br />

originais Canisso explica: “É<br />

um patrimônio musical de 20 anos, ainda<br />

dá muito prazer de tocar. Eu achava<br />

que nessa minha volta a receptividade<br />

seria meio fria, mas onde tocamos a gente<br />

quebrou a banca. Acabamos de voltar<br />

de um festival em Volta Redonda, onde<br />

tocamos para 25 mil pessoas. A gente reparava<br />

nos shows de bandas novas, que<br />

têm uma ou duas músicas que o público<br />

canta. No nosso show, do começo ao<br />

fim, o público cantava todas as músicas.<br />

Porque deixaríamos na gaveta todos esses<br />

hits que temos Se a gente quiser,<br />

não precisa nem cantar, o público canta<br />

todas pra gente. E percebemos que mesmo<br />

com a galerinha mais nova a banda<br />

continua a ter o mesmo impacto”.<br />

A comemoração dos 20 anos começa<br />

neste sábado, 24, quando os Raimundos<br />

fazem um show no Teatro de Arena do<br />

CAVE, no Guará, local onde se apresentaram<br />

logo no começo da carreira.<br />

“Esse show é o primeiro de uma série. A<br />

gente fez uma parceria com a Secretaria<br />

de Cultura e pretende tocar em todas as<br />

satélites”, informa Canisso. O ingresso<br />

será um livro em bom estado, doado à<br />

Biblioteca Pública do Guará.<br />

Para o futuro, os planos ainda estão<br />

indefinidos, segundo Canisso: “O que<br />

eu posso garantir é que vamos lançar algo<br />

novo nos próximos seis meses. Pode<br />

ser um CD ou um DVD, ou até os dois.<br />

As idéias são muitas”. Uma possibilidade<br />

é um CD de músicas inéditas, já que<br />

a banda tem boa quantidade de composições<br />

novas. Outra é um CD de covers.<br />

“Queríamos gravar músicas do Queen,<br />

do Zé Ramalho, só coisa esdrúxula, porque<br />

cover bom é cover esdrúxulo”. Uma<br />

terceira possibilidade seria convocar amigos<br />

de outras bandas para gravar um CD<br />

com versões de músicas dos Raimundos.<br />

Dificilmente eles voltarão a ter aquele<br />

sucesso estrondoso que os transformou<br />

numa das maiores bandas brasileiras dos<br />

anos <strong>90</strong>. Mas essa não parece ser a maior<br />

preocupação deles, como diz Canisso:<br />

“A gente está nisso pelo prazer de tocar,<br />

Priscila Magalhães<br />

Canisso exibe sua coleção de discos de ouro e platina<br />

o sucesso é só conseqüência”. Eles já<br />

conquistaram muito, bem mais do que<br />

qualquer um imaginaria em 1987, quando<br />

quatro moleques de Brasília formaram<br />

a banda para fazer um único show.<br />

Raimundos - 20 anos de estrada<br />

Abertura: Brasilian Blues Band, Lafusa,<br />

Os Cabelo Duro, Genéricos, Na Lata e<br />

DJs Telma e Selma.<br />

24/11, às xxh, no Teatro de Arena do<br />

CAVE, no Guará. Ingresso: um livro.<br />

37


galeriadearte<br />

Batom<br />

nas lentes<br />

Ciganas do Sol,<br />

de Gisa Müller<br />

Três fotógrafas expõem<br />

seus pontos luminosos<br />

de visão e foco estético<br />

POR ANGÉLICA TORRES<br />

Por culpa inteiramente da empresária<br />

brasiliense Karla Osório, que pela<br />

quinta vez comete a loucura de reunir<br />

fotógrafos do mundo inteiro em centenas<br />

de exposições da Foto Arte, o espectador<br />

fica sem saber o que escolhe pra<br />

ver, tantas são as opções atraentes, importantes,<br />

interessantes que integram o<br />

evento. Se a ênfase na versão 2007 dessa<br />

grande e longa festa da fotografia é para<br />

as 22 mostras internacionais, os profissionais<br />

brasileiros, entretanto, apresentam<br />

ensaios não menos instigantes e<br />

merecedores da atenção do público. É o<br />

caso de três do sexo feminino – Giovana<br />

Dantas, Cecília Osório e Gisa Müller –<br />

que ousam técnica, temática e esteticamente<br />

em suas séries.<br />

Se pintura e fotografia em conexão<br />

sempre possibilitaram um campo de<br />

pesquisa de efeitos virtual e poético, que<br />

dirá sob o recorte da tecnologia digital<br />

pelas mãos de uma doutora em artes<br />

cênicas, professora da Universidade Federal<br />

da Bahia, que tem a fotografia como<br />

proposta de experimentação artís -<br />

tica e a bela Salvador e seu povo como<br />

cenário e personagens. O convite é para<br />

ver o que Giovana Dantas fez em seu<br />

ensaio Tempestade de Bárbara, exposto no<br />

Foyer da Sala Alberto Nepomuceno até<br />

o próximo dia 28.<br />

Em todo 4 de dezembro, Salvador<br />

se transforma na celebração do culto a<br />

Santa Bárbara. Igrejas, terreiros, casas e<br />

ruas são tomadas pelos devotos soteropolitanos<br />

em cortejo de fé e o ritual se<br />

manifesta na culinária, que mistura pão<br />

e vinho com acarajé; nos figurinos de<br />

cores vermelha e branca; nos cenários<br />

dos andores e altares; no clima sagrado,<br />

que não dispensa o som dos atabaques.<br />

O cortejo sai da Igreja de N. S. do Rosário<br />

dos Homens Pretos, sobe a ladeira<br />

do Pelourinho até o Terreiro de Jesus,<br />

passa pela Praça Municipal, desce a Ladeira<br />

da Praça, ocupa a Baixa do Sapateiro<br />

e o Mercado dos Arcos de Santa<br />

Bárbara... e dá-lhe samba no culto a<br />

Santa Bárbara.<br />

Com a série Tempestade de Bárbara,<br />

Giovana Dantas sugere uma reconstrução<br />

simbólica: a mescla dos materiais é<br />

uma metáfora do sincretismo da festa,<br />

já que a superfície das imagens reveladas<br />

recebeu camadas de pintura, gravura e<br />

tratamento digital, levando o trabalho a<br />

resultar em um híbrido – tal qual a enti-<br />

38


dade da santa católica, que no candomblé<br />

é a orixá Iansã. São 22 fotos que<br />

instigam a percepção simbólico-analógica<br />

do espectador e mais ainda sua sensação<br />

na fruição das imagens recriadas.<br />

CECÍLIA OSÓRIO É BRASILIENSE NATA<br />

e academicamente burilou sua vocação<br />

artística nas Faculdades de Música e Letras<br />

da UnB. Ainda no campus, viu-se<br />

capturada pela arte da fotografia, passando<br />

com a nova paixão a investir em<br />

oficinas audiovisuais na UnB e no Parque<br />

Lage (RJ). Sua trajetória deu voltas<br />

profissionais também por São Paulo,<br />

mas retornou à cidade e retomou sua<br />

pesquisa fotográfica, da qual surgiu a<br />

série de cartões postais Brasília em alto<br />

contraste.<br />

No Foto Arte 2007, Cecília Osório<br />

volta à cena expondo o ensaio Curvas de<br />

pontos de luz, no restaurante Kooun, do<br />

Lago Sul. Lá, além dos pratos oferecidos<br />

no cardápio, o visitante se vê convidado<br />

a comer as luzes que resultam das experiências<br />

que ela realiza sobre o diagrama<br />

de curvas de cor de arquivos fotográficos<br />

digitais. A fotógrafa explica que sua<br />

experiência não segue as regras da composição<br />

fotográfica tradicional, mas<br />

“exercita novos olhares, pelos quais o<br />

periférico revela sua força e resgata o<br />

ponto de interesse central da imagem”.<br />

Significa que, trabalhado em seu limite,<br />

o diagrama revela imagens e figuras-fundo<br />

surpreendentes, com o jogo de áreas<br />

iluminadas e escuras. A mostra fica em<br />

cartaz até 5 de dezembro. É ver e constatar<br />

a proposta colocada.<br />

JÁ O FOCO IMAGÉTICO DA CARIOCA<br />

Gisa Müller passa por interesses e<br />

resoluções técnicas bem diferentes<br />

das duas profissionais citadas,<br />

embora fusão de formas e cores<br />

também seja uma palavra-chave<br />

em seu trabalho fotográfico. Gisa<br />

também se graduou em Letras,<br />

em Brasília, mas optou por sair de<br />

máquina a tiracolo atravessando<br />

fronteiras e oceanos, com uma<br />

direção determinada: mostrar que<br />

“todos somos um e que, portanto,<br />

nos reconhecemos um no outro”.<br />

Em Olhares da Índia, exposta no<br />

Rosebud, de Cecília Osório<br />

Baianas, de Giovana Dantas<br />

Espaço Cultural Renato Russo/Galeria<br />

Ruben Valentim até 20 de dezembro, ela<br />

retrata principalmente o cotidiano dos<br />

habitantes do Rajastão, o maior estado<br />

indiano, coberto por deserto e fronteiriço<br />

com o Paquistão. Com a série, Gisa<br />

Müller propõe uma visão de intercâmbio<br />

cultural humanista e estético, e presta<br />

um tributo às mulheres do mundo, na<br />

sua forma mais variada de ser.<br />

É dela o depoimento: “Nas areias<br />

quentes do deserto, me pergunto quem<br />

são essas mulheres que com véus coloridos<br />

esvoaçantes cobrem seus rostos Como<br />

pensam, sentem e vivem A beleza da<br />

vida se dá nos detalhes que nos mostram<br />

que o ser feminino está dentro de cada<br />

mulher, independente de onde estiver”.<br />

São três olhares femininos, três experiências<br />

e interesses plásticos totalmente<br />

diversos entre si, à espera da apreciação<br />

do público admirador da fotografia como<br />

proposta de arte. Mas é importante,<br />

sobretudo, ficar de olho nas datas em<br />

que as mostras permanecem em cartaz.<br />

Foto Arte 2007<br />

Tempestade de Bárbara, de Giovana<br />

Dantas, no Foyer da Sala Alberto<br />

Nepomuceno/Teatro Nacional Claudio<br />

Santoro, até 28/11. Curvas de pontos de<br />

luz, de Cecília Osório, no Kooun (SHIS QI<br />

9/11 Bl. C, térreo), até 5/12. Olhares da<br />

Índia, de Gisa Müller, no Espaço Cultural<br />

Renato Russo/Galeria Rubem Valentin, até<br />

20/12. Todos os trabalhos expostos estão<br />

à venda. Agendar visitas guiadas pelo<br />

telefone 3327.2027, ramais 29 e 31.<br />

39


verso&prosa<br />

Sérgio Pereira Silva<br />

Brasília transformada<br />

pelas mãos do artista<br />

Livro reproduz série de quadros de Carlos Bracher<br />

sobre Brasília e vídeo mostra seu processo criativo<br />

POR RICARDO PEDREIRA<br />

Carlos Bracher pinta como quem<br />

está em transe. É o que a gente vê no<br />

vídeo que acompanha o livro Bracher<br />

Brasília, em que estão reproduzidos 66<br />

óleos e 16 aquarelas que o pintor mineiro<br />

fez na cidade. O documentário mostra<br />

Bracher ao ar livre, em pleno proces-<br />

so criativo, esgrimindo pincéis, tubos de<br />

tinta ou simplesmente os dedos nas telas<br />

brancas transformadas em obras de<br />

arte. Parece que um santo baixa no artista,<br />

tomado por uma força incontrolável<br />

de passar para a tela aquilo que é captado<br />

por seus olhos e coração.<br />

É muito interessante a complementação<br />

entre o livro e o vídeo – Âncoras ao<br />

céu – feito por sua filha Blima. No documentário,<br />

narrado pelo próprio Bracher,<br />

temos o artista em ebulição, pintando<br />

em frente aos nossos palácios, nos gramados,<br />

nas avenidas. Uma reportagem<br />

sobre o ato de criação. No livro, além<br />

das reproduções dos óleos e aquarelas,<br />

temos textos de Bracher explicando com<br />

muita informação e emoção o que o le-<br />

40


vou a fazer essa série, em comemoração aos seus 50 anos<br />

de pintura e aos 50 anos de construção de Brasília. Textos<br />

que enriquecem nossa percepção das pinturas.<br />

Bracher é mineiríssimo. Nasceu em Juiz de Fora e<br />

mora em Ouro Preto. A barroca Ouro Preto, com suas<br />

ladeiras e becos, encravada no meio das montanhas, é<br />

o oposto de Brasília, solar, aberta para o céu, um monumento<br />

da arquitetura moderna de Niemeyer, das longas<br />

avenidas e das organizadas superquadras de Lúcio Costa.<br />

Mas foi exatamente esse contrate que atraiu Bracher,<br />

ele mesmo um espírito barroco, que fala com eloqüência<br />

barroca e pinta com o vigor e lirismo dos impressionistas,<br />

não fosse ele apaixonado por Van Gogh (em homenagem<br />

a quem já fez uma série de belos óleos). Foi com esses<br />

olhos habituados às curvas das igrejas de Ouro Preto e<br />

essa visão impressionista do mundo que Bracher desembarcou<br />

em Brasília no início de 2006 com o objetivo de<br />

fazer a série reproduzida no livro.<br />

NÓS QUE AQUI MORAMOS PODEMOS NOS SURPREENDER<br />

com a Brasília pintada por Bracher. A cidade que vemos<br />

em nosso dia-a-dia, que explode de claridade e cuja luz<br />

fica ainda mais forte rebatida nos prédios e palácios brancos,<br />

é transfigurada pelas mãos do artista. Cores fortes<br />

e escurecidas dão uma dramaticidade que nós, simples<br />

mortais, não enxergávamos. O céu limpo se enche de<br />

emoções. A sensibilidade e a técnica de Bracher fazem<br />

explodir uma Brasília que não conhecíamos, mas que<br />

estava lá.<br />

Bracher nos conta no livro que sua vontade de retratar<br />

a cidade nasceu da profunda admiração que tem pelo<br />

também mineiro Juscelino Kubitschek. Jovem estudante,<br />

teve oportunidade de conhecer pessoalmente JK quando<br />

era ainda governador de Minas. Suas famílias já se conheciam.<br />

Com a epopéia da construção de Brasília, o<br />

espírito empreendedor de JK virou uma fascinação para<br />

o espírito criativo do artista. Ele relata no livro, com riqueza<br />

de detalhes, as motivações da série de pinturas e<br />

aquarelas e o processo de produção dos quadros. É valiosa<br />

contribuição para melhor entendimento da obra.<br />

Enquanto os quadros a óleo foram pintados da forma<br />

que Bracher habitualmente faz – diante da cena a ser<br />

pintada, como “pintor de rua” –, as aquarelas partiram<br />

de antigas fotos da construção da cidade. Os óleos mostram<br />

o que temos hoje, e as aquarelas como tudo começou.<br />

São lindas. Os candangos em busca do Eldorado<br />

estão agora eternizados em obras de arte, como se o artista<br />

tivesse presenciado sua chegada ao Cerrado inóspito e<br />

documentado o início da construção do sonho modernista<br />

de JK.<br />

Com os quadros de Bracher, Brasília tem um retrato<br />

de grande sensibilidade, à altura da própria obra de arte<br />

que é nossa cidade. Os quadros vão se espalhar por coleções,<br />

mas o conjunto fica, desde já, reunido nesse belo<br />

livro que celebra o cinqüentenário que se aproxima.<br />

Nas aquarelas, os candangos em busca do Eldorado<br />

e o primeiro monumento em construção<br />

41


luzcâmeraação<br />

Meu Mundo em Perigo, de José Eduardo Belmonte, é o único concorrente de Brasília<br />

Quarentão em<br />

Festival de Brasília revisita sua própria história e adota tom<br />

POR CRISTIANO TORRES<br />

Quatro décadas de luta não cansaram<br />

o velho de guerra Festival de Brasília<br />

do Cinema Brasileiro. Mais importante<br />

evento do gênero no país, é o único a<br />

apresentar um número restrito de filmes<br />

– apenas seis longas e 12 curtas – para<br />

que possam ser discutidos de forma<br />

aprofundada em debates abertos ao<br />

público. Nada mais coerente, já que a<br />

proposta é sempre estimular o debate<br />

e a formação de espectadores críticos<br />

diante da Sétima Arte.<br />

Além de discutir um pouco de sua<br />

história, este ano o festival ganha um<br />

tom mais intimista. Os filmes selecionados<br />

têm um perfil mais pessoal e menos<br />

político, característica que marcava o<br />

festival desde sua primeira edição, em<br />

1965, durante a ditadura militar. “Escolhemos<br />

algumas obras-primas que saem<br />

do viés político. As pessoas devem discutir<br />

mais cinema, mais roteiro, em obras<br />

com características mais pessoais, subjetivas”,<br />

explica Fernando Adolfo, organizador<br />

do festival desde 1965 e integrante<br />

da comissão julgadora.<br />

Seis longas inéditos no Brasil serão<br />

a principal atração em 2007: Amigos de<br />

risco, de Daniel Bandeira (PE), Anabazys,<br />

de Paloma Rocha e Joel Pizzini (RJ), Chega<br />

de saudade, de Laís Bodanzky (SP),<br />

Cleópatra, de Júlio Bressane (RJ), Falsa<br />

loura, de Carlos Reichenbach (SP), e<br />

Meu mundo em perigo, de José Eduardo<br />

Belmonte (DF). Deles, apenas dois –<br />

Cleópatra e Anabasys – já foram vistos,<br />

mas apenas no Festival de Veneza, em<br />

setembro.<br />

Paulo Emilio Salles Gomes, crítico<br />

e fundador do festival, já falecido, será<br />

homenageado com um seminário. Também<br />

será lançado um livro sobre os 40<br />

anos do festival. Essa feição comemorativa<br />

se estende às cerimônias de abertura<br />

e fechamento, com exibição de filmes<br />

de outras edições: os raros Proezas do Sa-<br />

42


Fotos: Divulgação<br />

Cinema para cegos<br />

Falsa Loura, de Carlos Reichenbach, com Rosanne Mulholland e Maurício Mattar<br />

forma<br />

mais intimista e menos político<br />

tanás na Vila do Leva-e-Traz, de Paulo Gil Soares, vencedor do Candango<br />

de 1967, e Dezesperato, de Sérgio Bernardes (1968).<br />

A exemplo dos últimos anos, o festival oferecerá ao público diversos<br />

horários e locais de exibição dos filmes. O Cine Brasília fará as<br />

projeções sempre às 20h30 e 23h30. Nos dias seguintes, em diferentes<br />

horários, os cinemas do CCBB, Embracine (CasaPark) e Cinemark<br />

(Pier 21) reapresentarão os filmes exibidos na noite anterior no Cine<br />

Brasília. A Sala Martins Penna do Teatro Nacional será palco da mostra<br />

em 16mm. Anualmente, o festival reúne, só no Cine Brasília, cerca<br />

de 20 mil espectadores durante toda a semana.<br />

A criançada também terá contato com a tela grande, com o Festivalzinho.<br />

Este ano, o filme exibido, sempre às 10 horas, no Cine Brasília,<br />

será Turma da Mônica, de Maurício de Sousa. O festivalzinho é<br />

dedicado às escolas públicas do DF, que ganharão transporte e lanche.<br />

Diariamente, são esperadas 600 crianças.<br />

O Festival de Brasília acaba de conquistar mais um título: o de<br />

A grande novidade do Festival de Brasília este<br />

ano é o Cinema para cegos, um projeto da<br />

Diretoria de Cultura Inclusiva. Antes das sessões,<br />

os participantes recebem um aparelho de<br />

tradução simultânea para usar do lado de uma<br />

orelha. Dessa forma, o espectador escuta a<br />

descrição das cenas que não têm som no filme, a<br />

fim de possibilitar a compreensão do cenário,<br />

figurinos e expressões, entre outros detalhes.<br />

Todo o trabalho de gravação de áudio é<br />

realizado anteriormente, com a elaboração de um<br />

roteiro das cenas as serem descritas. A escolha do<br />

narrador é outro fator importante, pois, para que<br />

não ocorra confusão com a voz do personagem,<br />

deve haver uma troca. Ou seja, se o personagem<br />

for uma mulher, a narração é feita por um<br />

homem, e se o personagem for homem a<br />

narração é realizada por uma mulher.<br />

São 50 equipamentos áudio-descritivos,<br />

alugados de uma empresa do ramo pela<br />

Secretaria de Cultura do DF. O projeto é, sem<br />

trocadilho, a menina dos olhos do secretário da<br />

Cultura, Silvestre Gorgulho. “Com a iniciativa, os<br />

18 filmes concorrentes se tornam acessíveis não<br />

apenas aos cegos, mas a todos que se interessem<br />

em conhecer como funciona o equipamento, já<br />

que o termo inclusão embute a idéia de educação<br />

coletiva”, explica a diretora do projeto, a<br />

professora de musicografia Braille Dolores Tomé.<br />

O equipamento consiste em uma dupla de<br />

aparelhos: um quase imperceptível, que se acopla<br />

a uma orelha, e outro, semelhante ao MP3, que<br />

fica na mão, para controle do som. O conjunto<br />

emite uma narração sintética do que se passa em<br />

cenas silenciosas do filme, pois o cego, que tem<br />

audição mais aguçada que os videntes, fica sem<br />

saber o que ocorre no enredo, nesses trechos.<br />

A Diretora de Cultura Inclusiva conta com<br />

uma equipe de nove funcionários para gravar as<br />

narrações e com o apoio de dois cegos – um fora<br />

e outro dentro do estúdio, para indicar e revisar<br />

as indicações de cenas que não ficaram claras ou<br />

que resultaram em explicações excessivas e<br />

desnecessárias, caso em que eles reagem: “Não<br />

dêem informações demais... deixem a gente<br />

sonhar também”. Dolores sonha ainda mais alto:<br />

“Quem sabe, agora, em novelas e filmes passem<br />

a se lembrar que os cegos também merecem<br />

atenção e façam a inclusão com essas pequenas<br />

pontuações narrativas”


luzcâmeraação<br />

Patrimônio Imaterial do Distrito Federal.<br />

Com isso, ganha o reconhecimento público<br />

como importante manifestação cultural da<br />

capital do país. O título pode garantir também<br />

mais verbas para o festival, cujo orçamento<br />

é de <strong>R$</strong> 1,6 milhão, 40% bancados<br />

pelo Governo do Distrito Federal e o restante<br />

por patrocinadores. “Ao ser considerado<br />

patrimônio imaterial, o festival ganha,<br />

além de uma homenagem, visibilidade e credibilidade”,<br />

comemora Fernando Adolfo.<br />

Divulgação<br />

40º Festival de Brasília<br />

do Cinema Brasileiro<br />

De 21 a 26/11, no Cine Brasília, CCBB,<br />

Embracine (CasaPark) e Cinemark (Pier 21)<br />

Programação completa: www.<br />

roteirobrasilia.com.br<br />

Anabasys, de Paloma Rocha e Joel Pizzini, é um filme sobre outro filme, A idade da Terra, de Glauber Rocha<br />

Os longas concorrentes<br />

Meu mundo em perigo<br />

Ficção, cor, 35mm, 92min,<br />

DF/SP, 2007<br />

Direção: José Eduardo Belmonte.<br />

Com Eucir de Souza, Rosanne Mulholland,<br />

Milhem Cortaz, Justine<br />

Otondo, Wolney de Assis, Fernanda<br />

D´Umbra e Rafael Henrique Miguel.<br />

Elias vê seu mundo ameaçado quando<br />

sua ex-mulher, uma junkie recuperada,<br />

pede a guarda de seu filho. Fito entra em<br />

desespero após perder seu pai por causa de<br />

Elias. Isis, que se esconde num hotel vagabundo,<br />

pode ser a saída para Fito e Elias.<br />

Amigos de risco<br />

Ficção, cor, 35mm, 88min, PE/2007<br />

Direção: Daniel Bandeira. Com Irandhir<br />

Santos, Rodrigo Riszla, Paulo<br />

Dias, Lílian Kelen, Junior Black, Renata<br />

Roberta, Leta Vasconcelos, Ênio<br />

Borba, Fleurange Santos, Madalena<br />

Sabóia, Hissa Hazin, Regina Carmem<br />

e Raimundo Branco.<br />

Após anos em fuga, Joca está de volta à<br />

cidade. Para comemorar, nada melhor do<br />

que uma noitada com seus últimos bons<br />

amigos, Nelsão e Benito.<br />

Anabazys<br />

Documentário, cor, 35mm, <strong>90</strong>min,<br />

RJ/2007<br />

Direção: Joel Pizzini e Paloma Rocha.<br />

Entrevistados principais: Glauber Rocha<br />

(arquivo), Tarcísio Meira, Norma Bengell,<br />

Ana Maria Magalhães, Jece Valadão,<br />

Orlando Senna, Gustavo Dahl,<br />

Fernando Lemos, Oliveira Bastos, Tetê<br />

Catalão e Carlos Castello Branco.<br />

Anabazys é um prolongamento de A idade<br />

da Terra (1980), filme-testamento de Glauber<br />

Rocha, na medida em que recria a memória<br />

em torno da gênese e produção do filme.<br />

Chega de saudade<br />

Ficção, cor, 35mm, 92min, SP/2007<br />

Direção: Laís Bodanzky. Com Leonardo<br />

Vilar, Tônia Carrero, Cassia Kiss, Betty<br />

Faria, Stepan Nercessian, Maria Flor,<br />

Paulo Vilhena, Luis Serra, Marcos Cesana,<br />

Conceição Senna, Clarisse Abujamra,<br />

Miriam Mehler e Marly Marley.<br />

O filme conta, numa única noite, várias<br />

histórias vividas pelos freqüentadores de um<br />

salão de baile. Com muita música e dança,<br />

os acontecimentos fazem o espectador se sentir<br />

dentro do baile.<br />

Falsa loura<br />

Ficção, cor, 35mm, 101min,<br />

SP/2007<br />

Direção: Carlos Reichenbach. Com<br />

Rosanne Mulholland, Cauã Reymond,<br />

Maurício Mattar, Dijin Sganzerla,<br />

João Bourbonnais, Léo Áquila,<br />

Suzana Alves, Jiddu Pinheiro, Maeve<br />

Jinkings e Vanessa Prieto.<br />

Simara, operária especializada, de exuberante<br />

beleza, que sustenta o pai incendiário,<br />

se envolve com dois mitos diferentes<br />

da música popular e com cada um deles<br />

irá experimentar traumáticas lições de<br />

vida.<br />

Cleópatra<br />

Ficção, cor, 35mm, 116min,<br />

RJ/2007<br />

Direção: Júlio Bressane. Com Alessandra<br />

Negrini, Miguel Falabella,<br />

Bruno Garcia, Josie Antello e Karine<br />

Carvalho.<br />

O filme tem como tema central o confronto<br />

entre os mundos grego e egípcio segundo<br />

a visão multifacetada de Cleópatra. O<br />

percurso de Cleópatra será revelado, sobretudo,<br />

por meio da sua vida privada.<br />

44


Fotos: Divulgação<br />

Anárquico e excêntrico<br />

Ex-palhaço, ex-manipulador de marionetes, filósofo, roteirista<br />

de quadrinhos, o chileno Alejandro Jodorowsky tem pela<br />

primeira vez uma mostra de seus filmes no Brasil<br />

POR SÉRGIO MORICONI<br />

Não se incomode se você nunca ouviu<br />

falar nele. Alejandro Jodorowsky se<br />

transformou numa lenda entre os aficcionados<br />

do cinema experimental pela<br />

simples razão de que seus filmes estão,<br />

há décadas, absolutamente indisponíveis<br />

para o público em todo o mundo. Foi<br />

preciso que a Inglaterra lançasse uma<br />

coleção com algumas de suas principais<br />

obras para que seu nome voltasse a circular<br />

no meio cinematográfico. Mas, entre<br />

os fãs dos quadrinhos, Jodorowsky é<br />

uma referência incontornável. Só para<br />

dar alguns exemplos, são dele as histórias<br />

O Incal e Os Bórgia, ilustradas, por<br />

Guido Manara e Moebius. O Festival<br />

Jodorowsky, do dia 28 a 9 de dezembro,<br />

no CCBB, não só vai exibir toda sua filmografia<br />

como trará o artista em pessoa<br />

para participar de debates, conferências<br />

e de uma noite de autógrafos (dia 3, às<br />

20h, na Fnac), quando lançará a inédita<br />

história em quadrinhos Antes de Incal.<br />

No que diz respeito ao cinema, bem,<br />

é preciso antes colocar as coisas em perspectiva:<br />

nascido numa província litorânea<br />

do Chile, depois de experimentar o<br />

circo, o teatro de marionetes, a cenografia,<br />

e de se transformar ele próprio em<br />

ator, Jodorowsky correu o mundo. Primeiro<br />

México, depois Estados Unidos,<br />

finalmente Europa. Na França, onde<br />

mora até hoje, uniu-se a Roland Topor,<br />

Arrabal, ao célebre mímico Marcel Maceau<br />

– que à época ainda não era célebre<br />

– e a Jerôme Savary para dar vida a um<br />

movimento pós-surrealista chamado Pânico.<br />

O movimento foi muito influenciado<br />

pelos encontros que manteve com<br />

André Breton, um dos principais articuladores<br />

intelectuais do surrealismo.<br />

A partir de então, Jodorowsky começa<br />

a incorporar os mais diversos elementos<br />

oníricos a sua obra.<br />

O fato de também estar ligado à cultura<br />

popular afasta Jodorowsky e seus<br />

companheiros de Breton, cuja formação<br />

era estritamente erudita. O Pânico estava<br />

alicerçado em três elementos básicos –<br />

“terror, humor e simultaneidade”.<br />

Postulava transcender os limites impostos<br />

pela sociedade e buscava rechaçar a<br />

seriedade artística com uma explosão<br />

criativa sem regras. A afinidade com o<br />

pensamento de Alfred Jarry – expresso<br />

na peça Ubu Rei – era evidente. Nas palavras<br />

de Fernando Arrabal: “O Pânico é<br />

a crítica da razão pura, é o convívio sem<br />

leis e sem mando, é a ode ao talento louco,<br />

é o antimovimento, é a arte de viver<br />

(que leva em conta a confusão e o azar)”.<br />

Peças como Cabaret trágico foram inspiradas<br />

nos mandamentos preconizados<br />

pelo movimento. Não vamos esquecer<br />

que a personagem principal de Ubu Rei<br />

preconiza a instauração da “patafísica”:<br />

ciência das coisas inúteis, pensamento<br />

antagônico à razão burguesa. No Pânico,<br />

os três fundam uma corrente de pensamento<br />

e expressão artística em homenagem<br />

ao deus grego Pan.<br />

Fundado o Pânico, Jodorowsky volta<br />

para o México, onde tem sua primeira<br />

45


luzcâmeraação<br />

oportunidade de fazer cinema. Faz uma<br />

adaptação da peça Fando y Lis, de seu<br />

companheiro Arrabal. Orgia de cores<br />

e sons, o filme expõe toda a formação<br />

anarco-surrealista de seu criador. Jodorowsky<br />

preserva o texto original escrito por<br />

Arrabal. A história – na verdade é uma<br />

fábula – aborda a relação de dependência<br />

de Fando com Lis, menina indefesa e<br />

traumatizada por fantasmas da infância.<br />

Os dois caminham pelo deserto, atrás de<br />

uma terra imaginária, representada como<br />

um ideal inalcançável, chamada Tar.<br />

No caminho, surgem situações insólitas,<br />

como uma passeata de travestis e a voracidade<br />

de velhas burguesas sedentas pelo<br />

corpo de um jovem rapaz. À medida que<br />

Fando tenta se libertar de Lis, ele percebe<br />

como se tornou impossível seguir o<br />

caminho sozinho. Referência aos cinemas<br />

do brasileiro Glauber Rocha e do<br />

espanhol Luis Buñuel são evidentes e<br />

reconhecidas pelo próprio Jodorowsky.<br />

No mesmo ano em que faz Fando y<br />

Lis, Jodorowsky roda El topo, um western<br />

surreal, ambientado numa curiosa sociedade<br />

esfarrapada e conflituosa, ao mes-<br />

mo tempo definida como uma “corte<br />

dos milagres”, onde o protagonista luta<br />

desesperadamente contra o mal através<br />

de uma série interminável de episódios<br />

alucinantes, violentos, de fugas e exaltações<br />

orgiásticas. Jodorowsky resumiu o<br />

filme como “a história de um homem<br />

em busca da espiritualidade, em busca<br />

da paz”. Diversas cenas e situações da<br />

narrativa são autobiográficas, especialmente<br />

aquelas que abordam a relação<br />

pai-filho. Jodorowsky conta um episódio<br />

emblemático de sua infância: “Certo<br />

dia, eu era uma criança de seis anos e fui<br />

com meu pai à praia. O carro quebrou<br />

e meu pai teve de me carregar por uns<br />

quatro quilômetros até o mar. Acho que<br />

esse foi o único contato de pele que tive<br />

com ele”, disse em entrevista no documentário<br />

que acompanha a coleção<br />

lançada no Reino Unido.<br />

El topo estreou sem qualquer estratégia<br />

de lançamento nos EUA em dezembro<br />

de 1970. Poderia passar inteiramente<br />

desapercebido se um fato insólito e absolutamente<br />

extraordinário não tivesse<br />

resgatado o filme de um virtual limbo.<br />

Deslumbrados com o que viram numa<br />

sessão da meia-noite no obscuro cinema<br />

alternativo The Elgin, no downtown novaiorquino,<br />

John Lennon e Yoko Ono<br />

tomaram para si a missão de divulgar o<br />

filme entre amigos influentes. Transformado<br />

em cult obrigatório, El topo sedimentou<br />

o caminho para A montanha<br />

sagrada, filme que muitos consideram a<br />

obra-prima de Jodorowsky. Essa obra inclassificável<br />

é, segundo o autor, o relato<br />

de uma “ascensão” em direção a uma<br />

vida de pureza e júbilo. O cimo dessa<br />

montanha metafórica de Jodorowsky<br />

muitas vezes está envolto na neblina e é<br />

la que terão lugar episódios ao mesmo<br />

tempo violentos, mágicos, cruéis, repletos<br />

de espiritualidade. Este seria o sublime<br />

paradoxo de Jodorowsky, presente<br />

em todos os seus filmes: a busca de uma<br />

razão mística.<br />

Festival Jodorowsky<br />

De 28/11 a 9/12, no cinema do CCBB. De<br />

3ª a 6ª feira, às 18h30 e 20h30; sábado e<br />

domingo a partir das 15h. Ingressos a <strong>R$</strong> 4<br />

e <strong>R$</strong> 2. Mais informações: 3310.7081<br />

46


Fotos: Divulgação<br />

Nação dividida<br />

Retrato pessimista da sociedade americana proporciona<br />

guinada, para melhor, na carreira do astro Tom Cruise<br />

POR REYNALDO DOMINGOS FERREIRA<br />

Em Leões e cordeiros, Robert Redford<br />

usa diálogos incisivos, por vezes excessivos,<br />

para levantar uma série de questões<br />

políticas que dividem a opinião pública<br />

dos EUA sobre as guerras no Iraque e<br />

no Afeganistão, deixando em aberto para<br />

o espectador, entretanto, uma reflexão<br />

sobre os temas abordados que<br />

envolvem a atuação de políticos, militares,<br />

educadores e principalmente da imprensa.<br />

Com base num roteiro bem estruturado<br />

de Matthew Michael Carnahan, o<br />

filme destaca, em linguagem enxuta, de<br />

dinâmica própria, a responsabilidade da<br />

imprensa na vida do cidadão americano,<br />

que vive indiferente ao que acontece<br />

no Oriente Médio. Como ator, Redford<br />

já vivenciara o tema em pelo menos dois<br />

bons filmes: O Candidato (1972), de Michael<br />

Richtie, e Todos os homens do Presi-<br />

dente (1976), de Alan J. Pakula.<br />

Desta feita, quem faz isso é Meryl<br />

Streep, que, no papel de uma jornalista<br />

veterana de televisão, Janine Roth, se<br />

recusa, apesar da ameaça de perder o<br />

emprego, a fazer o jogo dúbio do ambicioso<br />

senador Jasper Irving (Tom Cruise),<br />

que a convocara para uma entrevista<br />

exclusiva sobre uma operação em andamento,<br />

naquela ocasião, numa nova<br />

ofensiva militar no Afeganistão.<br />

O filme tem início com a chegada<br />

de Janine ao gabinete de Irving. Pelas<br />

reações do senador, Janine percebe logo<br />

que se trata de mais uma operação equivocada,<br />

como tantas que ocorriam no<br />

Vietnã, no que é contestada por Irving,<br />

que quer fazê-la crer que se trata de uma<br />

nova estratégia, especialmente estudada<br />

para enfrentar os talibãs. Para tanto, usa<br />

a linguagem bombástica de sempre: “Vivemos<br />

um momento crítico. Você quer<br />

vencer a guerra contra o terrorismo<br />

Sim ou não É esta a pergunta importante<br />

destes nossos dias”.<br />

No Afeganistão, onde alguns soldados<br />

participam dos preparativos da<br />

operação, entre eles os amigos Ernest<br />

Rodriguez (Michael Peña) e Arian Finch<br />

(Derek Luke), percebe-se que Janine tem<br />

razão. Isto é, que os soldados, voluntários,<br />

estão sendo levados a uma operação<br />

suicida como as que ocorriam<br />

contra os vietcongs, preparada pelo governo<br />

desta feita para, com a esperada<br />

ajuda do senador, desviar o enfoque dado<br />

pela imprensa aos recentes fracassos<br />

ocorridos no Iraque.<br />

A narrativa se transfere então para<br />

a Califórnia, onde, numa universidade,<br />

leciona o Dr. Stephen Malley (Robert<br />

Redford), veterano de guerra patriota<br />

que induzira seus alunos Arian e Ernest<br />

a se oferecerem para lutar no Afeganistão.<br />

Ele recebe em seu gabinete outro<br />

aluno, Todd Hayes (Andrew Garfield),<br />

47


luzcâmeraação<br />

Divulgação<br />

que resiste a aceitar suas idéias, pois prefere<br />

perseguir o sonho americano de<br />

casar, ter um bom carro, uma mansão<br />

de muros altos e participar de alguma<br />

instituição de assistência social. Sem poder<br />

supor o que está acontecendo naquele<br />

momento com Arian e Ernest,<br />

Malley tenta quebrar a resistência de<br />

Todd, perguntando-lhe: “De que vale<br />

você possuir um belo carro, se não tem<br />

combustível para acioná-lo, ou ter estradas<br />

em pandarecos como as dos países<br />

subdesenvolvidos De que vale”<br />

O filme, rodado em estúdio, com<br />

exemplar economia de meios, é o primeiro<br />

da United Artists sob a gestão de<br />

Tom Cruise, depois que ele rescindiu<br />

seu contrato milionário com a Paramount<br />

Pictures. Embora tenha sido mal<br />

recebido pelo público costumeiro do<br />

ator, representa uma guinada para melhor<br />

em sua carreira. Bem dirigido,<br />

Cruise enfrenta em bom nível o embate<br />

com aquela que pode ser considerada a<br />

primeira dama do cinema americano da<br />

atualidade, Meryl Streep, em mais uma<br />

de suas soberbas atuações.<br />

De fato, a seqüência em que Janine<br />

faz o percurso da televisão para casa,<br />

passando pelo cemitério de Arlington e<br />

refletindo sobre as inúmeras vidas ceifadas<br />

ao longo dos anos por atitudes destemperadas<br />

de políticos irresponsáveis<br />

como o senador Irving, dá bem o tom<br />

de pessimismo do filme de Redford. Pessimismo<br />

que se completa quando o jovem<br />

Todd chega em casa, agastado com<br />

a conversa que tivera com Malley, encontra<br />

o companheiro apegado ao vazio<br />

noticiário da televisão, que aliena cada<br />

vez mais a juventude americana, e este<br />

lhe indaga: “Então, você já sabe qual vai<br />

ser a sua nota”<br />

Os intérpretes são, no geral, o ponto<br />

alto do filme. Além das grandes estrelas<br />

– Meryl Streep, Robert Redford e Tom<br />

Cruise – também se destacam Michael<br />

Peña, em mais uma excelente atuação, e<br />

Andrew Garfield, que surpreende no<br />

duelo verbal com o professor Malley. A<br />

fotografia de Philippe Rousselot consegue<br />

belos efeitos visuais nas cenas de<br />

guerra nas montanhas geladas do Afeganistão<br />

e o comentário musical de Mark<br />

Isham é a todo tempo adequado, além<br />

de bastante sugestivo em relação à proposta<br />

instigante do filme.<br />

Leões e cordeiros<br />

EUA / 2007, 105 min. Direção: Robert<br />

Redford. <strong>Roteiro</strong>: Matthew Michael<br />

Carnahan. Com Robert Redford, Meryl<br />

Streep, Tom Cruise, Michael Peña, Andrew<br />

Garfield e Derek Luke.<br />

48


Fotos: Divulgação<br />

se sacrificava para levá-lo às sessões das<br />

sextas-feiras, ao descobrir um velho gravador<br />

abandonado num armário ele<br />

tenta recuperá-lo para, com a colaboração<br />

de amigos, criar histórias sonoras à<br />

semelhança das que acompanhava nos<br />

filmes. Por ser criativo, ele desperta, entretanto,<br />

a ira do diretor do estabelecimento,<br />

também deficiente visual, mas<br />

um ser retrógrado e muito ranzinza.<br />

Mirco recebe, contudo, o apoio de Don<br />

Giulio, que o presenteia com um gravador<br />

novo para continuar criando suas<br />

histórias.<br />

A originalidade do trabalho de Bortone<br />

não está propriamente em sua linguagem<br />

narrativa, nem na sua mise-emscène,<br />

que peca pelo uso imoderado de<br />

clichês de filmes do gênero e de algumas<br />

situações esdrúxulas para apresentar<br />

personagens, mas pela maneira como<br />

mostra a descoberta que Mirco faz, com<br />

os amigos, do mundo mágico, presidido<br />

pela força das palavras e dos sons, am-<br />

Comovente,<br />

sem ser piegas<br />

Como um garoto pobre, deficiente visual, soube se<br />

adaptar ao mundo de imagens recriadas por meio de<br />

sons e de palavras, tornando-se um homem de sucesso<br />

POR REYNALDO DOMINGOS FERREIRA<br />

Vermelho como o céu, do cineasta italiano<br />

Cristiano Bortone, é a história verídica<br />

de Mirco Mencacci, compositor e<br />

renomado editor de som do cinema italiano,<br />

que guarda semelhança com a do<br />

tenor Andréa Bocelli, de fama internacional.<br />

Isso porque ambos, além de serem<br />

naturais da Toscana, ficaram cegos<br />

na infância em conseqüência de acidentes<br />

– um, por uma queda ao tentar, aos<br />

dez anos, apanhar a arma do pai suspensa<br />

numa parede da casa; outro, por ter<br />

nascido com glaucoma congênito e, jogando<br />

futebol, aos 12 anos, ter sido<br />

atingido por uma bola na cabeça.<br />

A diferença é que Mirco (Luca Capriotti)<br />

era um garoto pobre que, nos<br />

anos 70, na Itália, por ser deficiente visual,<br />

ficou impedido de continuar estudando<br />

na escola pública. Por isso, os pais<br />

tiveram de levá-lo para uma instituição<br />

especializada no ensino de cegos, pelo<br />

método Braile, de um grupo católico, na<br />

cidade de Gênova, o Instituto Gassone,<br />

com mais de 100 anos de tradição.<br />

Mirco, porém, se recusa a aprender<br />

o Braile por entender, como seus pais,<br />

que não perdera totalmente a visão,<br />

uma vez que se sentia ainda capaz de<br />

identificar vultos à sua frente. E é assim,<br />

em grau de superioridade, que ele se<br />

posiciona em relação aos demais garotos<br />

cegos da instituição até que o professor,<br />

Don Giulio (Paolo Sassanelli), o adverte<br />

de que há coisas belas a serem descobertas<br />

se ele desenvolver mais os outros sentidos,<br />

como o da audição:<br />

– Você nunca observou, Mirco, que<br />

muitos instrumentistas fecham os olhos,<br />

isto é, anulam a visão, para sentir mais<br />

profundamente a música que eles próprios<br />

executam Há cinco sentidos, Mirco.<br />

Por que você só quer usar um – ele<br />

lhe pergunta.<br />

Como Mirco, antes do acidente, gostava<br />

de ir ao cinema com o pai, que até<br />

49


luzcâmeraação<br />

Fotos: Divulgação<br />

bos de natureza reflexiva. E, mais que<br />

isso, pela surpreendente forma com que<br />

conduz, ao final, os pais das crianças<br />

cegas a sentirem as mesmas sensações<br />

que elas com as histórias sonoras que<br />

criaram.<br />

Também se deve reconhecer no trabalho<br />

de Bortone, que estudou cinema<br />

nas Universidades da Califórnia e de<br />

Nova York, o excelente preparo técnico<br />

do elenco infantil do filme, ao qual teria<br />

se dedicado por mais de um ano, liderado<br />

naturalmente por Luca Capriotti,<br />

garoto de personalidade forte, que interpreta<br />

o papel de Mirco com determina-<br />

da força de convencimento. Ainda no<br />

campo das interpretações, deve-se ressaltar<br />

a presença de um novo e promissor<br />

ator do cinema italiano, de vivência teatral,<br />

Paolo Sassanelli, intérprete de Don<br />

Giulio, que colaborou também com<br />

Bortone na elaboração do roteiro.<br />

Outro trunfo de Vermelho como o céu<br />

é a direção de fotografia de Vladan Radovic.<br />

Desde o primeiro plano, um belo<br />

panorâmico de um campo da Toscana<br />

que se repete ao final, ele se esmera na<br />

movimentação de câmara para captar da<br />

forma mais intimista possível as reações<br />

das crianças cegas, enclausuradas, distantes<br />

de seus familiares, inseguras mas<br />

desejosas de conquistar a liberdade. Por<br />

esses atributos, a película de Bortone<br />

recebeu o prêmio de público da 30ª<br />

Mostra Internacional de Cinema de São<br />

Paulo, no ano passado, além do prêmio<br />

Davi Donatello, destinado a filme sobre<br />

crianças, outorgado este ano pela Academia<br />

de Artes Cinematográficas da Itália.<br />

Vermelho como o céu<br />

Itália/2006, 95 min. Direção: Cristiano<br />

Bortone. <strong>Roteiro</strong>: Cristiano Bortone e<br />

Paolo Sassanelli. Com Luca Capriotti, Paolo<br />

Sassanelli, Francesca Maturenze, Simone<br />

Colombari, Marco Cocci e Rosane Gentile.<br />

PROGRAMAÇÃO DO CINE ACADEMIA PARA O PERÍODO DE 15 A 22 DE NOVEMBRO<br />

Informações de responsabilidade da rede Cine Academia (Tel: 3316.6811 / 3316.6373)<br />

ACADEMIA DE TÊNIS - 3316.6373<br />

CINE I – OS DONOS DA NOITE (16 anos).<br />

DIRETOR: JAMES GRAY (125 MIN). 2ª a 6ª,<br />

16h30, 19h00 e 21h30; Sáb., dom. e fer.,<br />

16h30, 19h00 e 21h30.<br />

CINE II – PIAF – UM HINO AO AMOR (14<br />

anos). DIRETOR: OLIVIER DAHAN (140 MIN). 2ª a<br />

6ª, 16h10, 19h e 21h40; Sáb., dom. e fer.,<br />

16h10, 19h e 21h40.<br />

CINE III – TROPA DE ELITE (16 anos). DIRETOR:<br />

JOSÉ PADILHA (110 MIN). 2ª a 6ª, 17h20; Sáb.,<br />

dom. e fer., 15h10 e 17h20 MEU MELHOR<br />

AMIGO (livre). DIRETOR: PATRICE LECONTE (96<br />

MIN). 2ª a 6ª, 19h30 e 21h30; Sáb., dom. e fer.,<br />

19h30 e 21h30.<br />

CINE IV – NOEL, POETA DA VILA (14 anos).<br />

DIRETOR: RICARDO VAN STEEN (102 MIN). 2ª a<br />

6ª, 17h30, 19h30 e 21h30; Sáb., dom. e fer.,<br />

15h30, 17h30, 19h30 e 21h30.<br />

CINE V – O PASSADO (16 anos). DIRETOR:<br />

HECTOR BABENCO (114 MIN). 2ª a 6ª, 17h,<br />

19h20 e 21h40; Sáb., dom. e fer., 14h40, 17h,<br />

19h20 e 21h40.<br />

CINE VI – A MASSAI BRANCA (16 anos).<br />

DIRETOR: HERMINE HUNTGEBURTH (131 MIN).<br />

2ª a 6ª, 16h30, 19h e 21h30; Sáb., dom. e fer.,<br />

16h30, 19h e 21h30.<br />

CINE VII – O ÚLTIMO BANDONEÓN (livre).<br />

DIRETOR: ALEJANDRO SADERMAN (82 MIN). 2ª<br />

a 6ª, 17h40 e 21h30; Sáb., dom. e fer., 16h e<br />

17h40. O GRANDE CHEFE (16 anos). DIRETOR:<br />

LARS VON TRIER (105 MIN). 2ª a 6ª, 19h40 e<br />

21h40; Sáb., dom. e fer., 19h40 e 21h40.<br />

CINE VIII – VERMELHO COMO O CÉU (livre).<br />

DIRETOR: CRISTIANO BORTONE (125 MIN). 2ª a 6ª,<br />

16h40 e 21h30; Sáb., dom. e fer., 14h20 e 16h40. A<br />

COMÉDIA DO PODER (10 anos). DIRETOR: CLAUDE<br />

CHABROL (110 MIN). 2ª a 6ª 19h10; Sáb., dom. e fer.,<br />

19h10 e 21h30.<br />

CINE IX – O PREÇO DA CORAGEM (12 anos).<br />

DIRETOR: MICHAEL WINTERBOTTOM (108 MIN). 2ª a<br />

6ª, 17h40, 19h40 e 21h40; Sáb., dom. e fer., 15h40,<br />

17h40, 19h40 e 21h40.<br />

CINE X – GRUPO CORPO 30 ANOS – UMA FAMÍLIA<br />

BRASILEIRA (livre). DIRETOR: LUCY BARRETO (75 MIN).<br />

2ª a 6ª, 16h10 e 17h50; Sáb., dom. e fer., 14h30,<br />

16h10 e 17h50. UM LUGAR NA PLATÉIA (10 anos).<br />

DIRETOR: DANIELE THOMPSON (105 MIN). 2ª a 6ª,<br />

19h30 e 21h40; Sáb., dom. e fer., 19h30 e 21h40.<br />

CINE ACADEMIA DECK NORTE<br />

CINE I – JOGOS MORTAIS 4 (18 anos). DIRETOR:<br />

DARREN LYNN BOUSMAN (92 MIN). 2ª a 6ª, 17h40,<br />

19h40 e 21h40; Sáb., dom. e fer., 15h40, 17h40,<br />

19h40 e 21h40;<br />

CINE II – TROPA DE ELITE (16 anos). DIRETOR: JOSÉ<br />

PADILHA (110 MIN). 2ª a 6ª, 17h10, 19h20 e 21h30;<br />

Sáb., dom. e fer., 15h, 17h10, 19h20 e 21h30.<br />

CINE III – TA DANDO ONDA (livre)(DUBLADO)<br />

DIRETOR: ASH BRANNON (85 MIN). 2ª a 6ª, 17h20 e<br />

19h20; Sáb., dom. e fer., 15h20, 17h20 e19h20. PARIS,<br />

EU TE AMO (16 anos) VÁRIOS DIRETORES (126 MIN).<br />

2ª a 6ª, 21h20; Sáb., dom. e fer., 21h20.<br />

CINE IV – STARDUST – O MISTÉRIO DA ESTRELA (12<br />

anos). DIRETOR: MATTHEW VAUGHN (128 MIN). 2ª a<br />

6ª, 16h30 e 21h30; Sáb., dom. e fer., 14h30 e 16h50.<br />

SUPERBAD – É HOJE (16 anos). DIRETOR: GREG<br />

MOTTOLA (115 MIN). 2ª a 6ª, 19h; Sáb., dom. e<br />

fer., 19h20 e 21h30.<br />

CINE V – SEM CONTROLE (14 anos). DIRETOR:<br />

CRIS D´AMATO (93 MIN). 2ª a 6ª, 17h40, 19h40<br />

e 21h40; Sáb., dom. e fer., 15h40, 17h40,<br />

19h40 e 21h40;<br />

CINE ACADEMIA AEROPORTO - 3364.9566<br />

CINE I – TRANSYLVANIA (16 anos). DIRETOR:<br />

TONY GATLIF (103 MIN). 2ª a 6ª, 17h30 e<br />

19h30; Sáb., dom. e fer., 17h30 e 19h30. DEITE<br />

COMIGO (18 anos). DIRETOR: CLEMENT VIRGO<br />

(93 MIN). 2ª a 6ª, 21h30; Sáb., dom. e fer.,<br />

21h30.<br />

CINE II – TROPA DE ELITE (16 anos). DIRETOR:<br />

JOSÉ PADILHA (110 MIN). 2ª a 6ª, 17h10 e<br />

19h20; Sáb., dom. e fer., 17h10 e<br />

19h20. PEOPLE – HISTÓRIAS DE NOVA YORK<br />

(12 anos). DIRETOR: DANNY LEINER (87 MIN). 2ª<br />

a 6ª, 21h30; Sáb., dom. e fer., 21h30.<br />

CINE III – ALÉM DO DESEJO (16 anos).<br />

DIRETOR: EERNILLE FISCHER (<strong>90</strong> MIN). 2ª a 6ª,<br />

17h40 e 19h40; Sáb., dom. e fer., 17h40 e<br />

19h40. MARIA (14 anos). DIRETOR: ABEL<br />

FERRARA (87 MIN). 2ª a 6ª, 21h40; Sáb., dom. e<br />

fer., 21h40.<br />

CINE IV – O ANO EM QUE MEUS PAIS<br />

SAIRAM DE FÉRIAS (10 anos). DIRETOR: CAIO<br />

HAMBERGUER (106 MIN). 2ª a 6ª, 17h e 19h10;<br />

Sáb., dom. e fer., 17h e 19h10. BAIXIO DAS<br />

BESTAS (18 anos). DIRETOR: CLÁUDIO ASSIS (80<br />

MIN). 2ª a 6ª, 21h20; Sáb., dom. e fer., 21h20.<br />

Recorte o cupom de descontos na página 22 para pagar meia entrada no Cine Academia, de 2ª a 5ª feira.<br />

50


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