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Volume 2 Edição 3<br />
COSMOLOGIA<br />
Cenário 2. Duas anãs brancas num sistema binário perdem gradualmente energia orbital e acabam por colidir. A fusão explosiva<br />
do carbono é despoletada rapidamente no interior da estrela que se forma brevemente após a colisão. Crédito: NASA/GSFC/D.<br />
Berry<br />
capturado pelo campo gravitacional da anã branca,<br />
acabando por colidir com a superfície da mesma.<br />
Este material adiciona peso às camadas exteriores<br />
da estrela e aumenta a pressão no seu interior.<br />
Ultrapassado um limite crítico de pressão e<br />
temperatura interna, inicia-se a fusão explosiva<br />
do carbono e forma-se a consequente supernova<br />
de tipo Ia, destruindo completamente a anã branca.<br />
Um pormenor importante: a anã branca tem<br />
de ser suficientemente maciça à partida para<br />
incrementar numa escala de tempo razoável a sua<br />
massa até próximo do limite de Chandrasekhar<br />
(1.4 massas solares), pois só para este regime de<br />
massa é que a pressão e temperatura internas é<br />
suficiente para desencadear a fusão explosiva do<br />
carbono. Um problema notado consiste no facto<br />
de poderem não existir anãs brancas maciças suficientes<br />
para explicarem a frequência das supernovas<br />
de tipo Ia.<br />
Cenário 2. A companheira é outra anã branca.<br />
Neste cenário, as estrelas orbitam cada vez mais<br />
próximo e acabam por colidir (vejam mais abaixo).<br />
De acordo com simulações a colisão dá origem,<br />
por breves instantes, a uma estrela única,<br />
mais maciça, rodeada de um disco de material<br />
que rapidamente é capturado. Estes estudos<br />
apontam para que o aquecimento e aumento de<br />
pressão provocados pela queda desse material na<br />
estrela provoquem a ignição do carbono e a sua<br />
fusão explosiva, dando origem à supernova. De<br />
notar que neste cenário as anãs brancas em causa<br />
podem ser menos maciças do que no caso anterior,<br />
o que aumenta significativamente o número<br />
de sistemas passíveis de dar origem a uma supernova<br />
de tipo Ia.<br />
Durante muitos anos, o cenário preferido (por<br />
razões cientificas obviamente) dos astrofísicos foi<br />
o primeiro. No entanto, recentemente várias<br />
linhas de investigação parecem apontar na direcção<br />
oposta de forma muito convincente. De facto,<br />
o cenário 2 poderá estar na origem da grande<br />
maioria das supernovas de tipo Ia ao passo que o<br />
cenário I poderá explicar algumas supernovas<br />
deste tipo com características atípicas, por exemplo,<br />
luminosidades anormalmente elevadas. Os<br />
trabalhos recentes que descrevo em seguida são<br />
um bom exemplo desta provável mudança de<br />
paradigma.<br />
Os astrofísicos Carles Badenes (Universidade de<br />
Pittsburgh) e Dan Maoz (Universidade de Tel-<br />
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