Sônia_Texto Completo - SciELO Proceedings
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discursivas que materializam uma visibilidade econômica e espacial em uma escala<br />
ampliada, criando uma idéia de eficiência, eficácia e sucesso.<br />
As áreas de expansão da atividade canavieira constituem-se em exemplos<br />
bastante representativos desse processo. Esse espaço não representou apenas um<br />
receptor que proporcionou as condições de reprodução do capital, mas significou<br />
também a permissão social para engajar-se nesse evento. A atuação do Estado favorece<br />
e possibilita o processo, quer seja oferecendo as condições tanto materiais para a sua<br />
(re)produção, quanto o aporte ideológico construído que contribuiu para a interação das<br />
relações sociais existentes.<br />
De acordo com Boltanski e Chiapello (2009, p.35) o capitalismo pode ser<br />
entendido a partir de “uma fórmula mínima que enfatiza a exigência de acumulação<br />
ilimitada do capital por meios formalmente pacíficos”. Mas os absurdos que este<br />
sistema engendra tanto nas relações sociais de produção como em relação à acumulação<br />
ilimitada de capital, só pode ser aceito mediante justificações compartilhadas e é<br />
justamente o conjunto de crenças associadas à ordem capitalista que contribuem para<br />
justificar e sustentar essa ordem, legitimando os modos de ação e as disposições<br />
coerentes com ela. Essas justificações sejam elas gerais ou práticas, locais ou globais,<br />
expressas em termos de virtude ou em termos de justiça, dão respaldo ao cumprimento<br />
de tarefas mais ou menos penosas e, de modo mais geral, à adesão a um estilo de vida,<br />
em sentido favorável à ordem capitalista.<br />
Os discursos políticos e econômicos relacionados ao programa de geração<br />
de agroenergia apóiam-se no corpo de profissionais técnico científico. Estes, estão<br />
presentes nos órgãos estatais, como EMBRAPA, Ministério da Ciência e Tecnologia<br />
(MCT), Ministério de Minas e Energia (MME), Ministério do Desenvolvimento,<br />
Indústria e Comércio Exterior (MDICE), bem como em outros órgãos, entidades,<br />
institutos de pesquisa públicas ou privadas. O Estado também utiliza os conhecimentos<br />
produzidos por pesquisadores que compõem a comunidade científica nacional e<br />
internacional. Esses agentes escolhidos para embasar o ponto de vista oficial fazem<br />
parte de uma comunidade epistêmica e como tal elaboram discursos que se transformam