Sônia_Texto Completo - SciELO Proceedings
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Se em um primeiro momento a euforia do etanol ocasionou uma<br />
descentralização espacial provocada por grupos nacionais em busca de outras regiões<br />
produtoras, o que se observa agora é um movimento de concentração e centralização do<br />
capital que faz com que os mesmos agentes econômicos distintos reclamem cautela<br />
sobre o processo de desnacionalização do etanol, alegando a necessidade de garantir a<br />
soberania nacional sobre esse produto.<br />
Os discursos eufóricos sobre o país ser o único, em escala mundial, que<br />
detém tecnologia para o desenvolvimento do etanol, além de uma experiência<br />
acumulada de mais de 30 anos na produção, diante da espacialização do capital<br />
internacional traduzido nas aquisições e fusões parecem não ter mais efeito.<br />
Agroenergia: oportunidades de negócio de sustentabilidade<br />
Em um número especial sobre os agrocombustíveis, particularmente o<br />
etanol, publicado na revista Opiniões, Antonio Donato Nobre, (pesquisador do Instituto<br />
Nacional de Pesquisas da Amazônia) fez a seguinte avaliação do momento atual do<br />
Brasil, frente ao desenvolvimento do etanol,<br />
Enquanto o mundo desenvolvido move-se a passos de tartaruga,<br />
resistindo e empurrando para o futuro distante as necessárias<br />
mudanças em seus portfólios de emissões, o Brasil tem um trunfo<br />
significativo: é o primeiro e único país do mundo que terá mais de<br />
50% de sua frota de veículos queimando combustíveis renováveis já<br />
no início do novo período do acordo climático, em 2012, quando<br />
termina Kyoto. Sabemos que esse protagonismo verde não surgiu de<br />
preocupações climáticas. O motor flex é certamente uma solução<br />
criativa e barata, que permitiu a consolidação do etanol como<br />
combustível viável, apesar da natureza oscilante da sua produção<br />
(NOBRE, 2009).<br />
Estimulado por políticas públicas, o mercado de agrocombustíveis vem se<br />
firmando sob o baluarte da energia limpa e do ideal de crescimento econômico do país.<br />
Tal discurso, que vem coadunar preservação ambiental e exploração capitalista da<br />
natureza, se alicerça na confiança no sistema de peritos 1 , ou seja, “sistemas de<br />
1 No original expert Sistems. É possível observar que políticos, imprensa e empresários continuamente se<br />
utilizam de peritos, especialistas e técnicos para noticiar o “aquecimento global”, as “alterações<br />
climáticas” e as benesses dos agrocombustíveis. Nessa tendência de tratar questões políticas como se