Revista Pneus e Cia nº31 - Sindipneus

ECOATIVIDADE
OS PNEUS, A LOGÍSTICA REVERSA
E O DESENVOLVIMENTO LOCAL
A
logística reversa é um instrumento de desenvolvimento
econômico e social caracterizado
por um conjunto de ações, procedimentos e
meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição
dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento,
em seu ciclo, em outros ciclos produtivos
ou outra destinação final ambientalmente adequada,
conforme Lei n o 12.305, de 2 de agosto de
2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos)
Segundo a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos,
as empresas associadas produziram 50 milhões
de unidades em 2008. Em 2011, foram 66,9
milhões de unidades produzidas. Somente
esses dados já são suficientes
para compreender a importância da
logística reversa para o setor. Se considerarmos
ainda, entre outros, a durabilidade,
constituição química e volume
dos pneus, ela se torna essencial.
Em uma breve análise da definição
citada, verifica-se que a busca pela
inserção de resíduos “em seu ciclo,
em outros ciclos produtivosou outra
destinação final ambientalmente adequada”
pode ser uma ferramenta de
promoção de desenvolvimento local: possibilidades
de implantação de indústrias, necessidade de novos
serviços de coleta e transporte e a minimização de
impactos ambientais provenientes da disposição inadequada
dos pneus são algumas das consequências
do dinamismo econômico e melhoria da qualidade de
vida da população citadas por Sérgio C. Buarque (em
“Construindo o Desenvolvimento Local Sustentável”,
de 2008) em relação a esse processo.
Nesse contexto, a possibilidade do instrumento de desenvolvimento
econômico e social da logística reversa
se evidencia. Entretanto, nesse instante, uma variável
passa a ser percebida: a responsabilidade socioambiental
compartilhada, princípio que imputa ao poder público
e à coletividade a responsabilidade de proteger o
meio ambiente para as presentes e futuras gerações,
de acordo com a Política Estadual de Resíduos Sólidos
de Minas Gerais. Verifica-se, assim, que são necessários
estímulos e, até mesmo, o devido suporte para a
sua concretização. O Estado, por exemplo, pode atuar
incentivando compras sustentáveis e agir como regulador
de preços de produtos. A população pode assumir
um papel compromissado com a qualidade
ambiental intervindo diretamente na
dimensão mercadológica. Obviamente,
“as coisas não são tão simples assim”,
mas não temos a pretensão de esgotar a
análise e, sim, de incentivar as reflexões!
Dessa forma, considerando que os pneus
usados devem ser preferencialmente reutilizados,
reformados e reciclados antes
de sua destinação final adequada – segundo
Resolução 416/09 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (Conama) –,
a necessidade de esforços do setor público
e da coletividade se torna evidente para a conquista
do direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida (Art. 225 CF/1988).
Márcio Augusto Monteiro
Geógrafo e analista ambiental, especialista em Educação
Ambiental e mestrando em Gestão Social, Educação
e Desenvolvimento Local
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