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TRANSIÇÕES INCERTAS Os jovens perante o trabalho ea ... - Cite

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(Re)configurações estruturais<br />

As sociedades contemporân<strong>ea</strong>s são atravessadas por transformações<br />

estruturais de grande dimensão. Essas transformações adquirem formas<br />

diversas consoante os contextos e os locais. Todavia, é possível<br />

identificar um complexo de dinâmicas específicas que, em diferentes<br />

tempos e com variantes, têm-se desenvolvido nas diversas sociedades e<br />

conduzido a recomposições em todos os campos sociais, incluindo,<br />

obviamente, as formas de transição para a vida adulta. O conjunto de<br />

novas configurações estruturais a que esse processo deu origem designa-<br />

-se vulgarmente por “modernidade(s)” 3 . Enquanto no centro e norte da<br />

Europa se estendeu ao longo dos últimos dois séculos, em Portugal, este<br />

processo apenas adquiriu forma na segunda metade do século XX e<br />

permanece ainda, em certa medida, “inacabado” (Machado e<br />

Costa, 1998).<br />

A modernidade envolve a passagem de uma sociedade bas<strong>ea</strong>da na<br />

agricultura para uma centrada na indústria e, posteriormente, para uma<br />

sociedade em que os serviços adquiram maior importância. Isto implica,<br />

obviamente, o crescimento do sector terciário e o declínio das ocupações<br />

nos sectores agrícolas e industriais. Actualmente em Portugal, um país<br />

predominantemente agrícola até aos anos 60, os serviços empregam cerca<br />

de 60% da população e o sector primário apenas 5% (Censos 2001,<br />

Instituto Nacional de Estatística). A este fenómeno de “terciarização da<br />

sociedade” associa-se um outro, embora com contornos e intensidades<br />

muito diversos: a concentração das populações nas grandes cidades e, por<br />

conseguinte, o crescimento de zonas suburbanas e a desertificação das<br />

zonas rurais.<br />

Um dos alicerces fundamentais da modernidade é, sem dúvida, o<br />

permanente desenvolvimento científico e tecnológico, que tem provocado<br />

um crescimento exponencial dos “sistemas periciais” (Giddens, 1973) e<br />

das profissões técnicas, bas<strong>ea</strong>das nos conhecimentos adquiridos através<br />

dos sistemas escolares e académicos. Este fenómeno conduziu ao enorme<br />

aumento dos níveis de qualificações das populações (Machado e Costa,<br />

1998). A informação, o conhecimento e a reflexividade tornaram-se,<br />

gradualmente, elementos estruturantes das sociedades contemporân<strong>ea</strong>s,<br />

levando mesmo certos autores a anunciar a entrada numa 2.ª fase da<br />

modernidade: a “sociedade do conhecimento” (Lindley, 2000) ou a<br />

“modernidade reflexiva” (Lash e outros, 2000).<br />

3<br />

Note-se que este processo está longe de ser vivido da mesma forma nos vários países e locais, o<br />

que tem levado alguns autores a preferir o uso do plural: modernidades (Eisenstadt, 2001).<br />

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