TRANSIÃÃES INCERTAS Os jovens perante o trabalho ea ... - Cite
TRANSIÃÃES INCERTAS Os jovens perante o trabalho ea ... - Cite
TRANSIÃÃES INCERTAS Os jovens perante o trabalho ea ... - Cite
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
influência que os pais continuam a ter nas decisões críticas que os <strong>jovens</strong><br />
têm de tomar no final da adolescência, relacionadas sobretudo com as<br />
opções escolares e profissionais (Banks e outros, 1992).<br />
Segundo Brannen e outros (1994), na fase de transição, existe uma<br />
renegociação da relação no sentido da “relação pura”, bas<strong>ea</strong>da não tanto<br />
na igualdade, mas sobretudo na comunicação. Porém, um inquérito<br />
r<strong>ea</strong>lizado por estes autores mostra que, se as relações entre filhos e mãe<br />
se tornou mais aberta e íntima, já as relações (sobretudo das raparigas)<br />
com o pai permanecem marcadas pelo afastamento ou pelos conflitos. A<br />
própria estratégia comunicacional parece aplicar-se sobretudo às famílias<br />
da classe média, visto que nas classes trabalhadoras o modelo de<br />
imposição continua a ser dominante (Brannen e outros, 1994;<br />
S<strong>ea</strong>bra, 1999).<br />
Apesar da desvalorização da instituição matrimonial, da diminuição das<br />
taxas de nupcialidade e do adiamento da idade de casar (Brannen e<br />
outros, 2002a), o casamento (nom<strong>ea</strong>damente, o religioso) continua a ser a<br />
forma de conjugalidade dominante nas sociedades contemporân<strong>ea</strong>s<br />
(Almeida e outras, 1998) e a estar muito associado à parentalidade<br />
(Nunes, 1998). Um inquérito aos <strong>jovens</strong> portugueses mostra que eles<br />
continuam a casar maioritariamente pela igreja (Nunes, 1998). O que<br />
sucede é que os próprios modelos matrimoniais transformam-se e<br />
diversificam-se. Assiste-se pois ao declínio quer do período de noivado<br />
quer das grandes festas organizadas pelos pais, à medida que cresce o<br />
número de <strong>jovens</strong> que vive em coabitação antes do casamento (Boton,<br />
1992), embora em Portugal ainda estejam bastante presentes.<br />
Note-se que existem grandes diferenças nas formas de viver o casamento<br />
consoante as classes sociais. As próprias estratégias conjugais dos <strong>jovens</strong><br />
são claramente diferenciadas: no meio operário, orientam-se geralmente<br />
para o casamento, nas classes médias para o amor experimental e na<br />
classe alta para o “bom casamento” (Pais, 1993). Estas diferenças<br />
reflectem-se no momento de institucionalização do matrimónio.<br />
Enquanto nas classes populares, o casamento religioso e tradicional<br />
prevalece – como expressão de fé e forma de legitimar socialmente a<br />
relação (Lalanda, 2002) –, nas classes mais qualificadas, o casamento<br />
civil é desritualizado ganha muito terreno (Boton, 1992). Transversal às<br />
classes e pertenças religiosas, emerge o casamento “nostálgico” ou<br />
“ritualista”, muito impulsionado pelo peso da família, em que o ritual<br />
oficial e religioso não coincide depois com as práticas laicizadas (Torres,<br />
1997; 2002).<br />
35