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TRANSIÇÕES INCERTAS Os jovens perante o trabalho ea ... - Cite

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deixaram, progressivamente, de ser processos lin<strong>ea</strong>res e bem definidos no<br />

tempo, passando a constituir percursos longos, complexos e<br />

individualizados. O final da escolaridade, a independência económica<br />

(em geral através de um emprego estável), a saída de casa e o casamento,<br />

momentos que marcam o processo de transição, tendem a ser menos<br />

definidos (ou menos definitivos) e a não coincidir no tempo. Vivendo em<br />

“presentes prolongados”, os <strong>jovens</strong> demonstram dificuldades crescentes<br />

em perspectivar o futuro, mas desenvolvem também estratégias<br />

adaptativas (Pais, 2001; Brannen e Nilsen, 2002; Lewis e outras, 2002a).<br />

Note-se que o prolongamento da juventude está longe de abranger toda a<br />

população, como é facilmente aferido por uma consulta rápida às<br />

estatísticas demográficas. Em Portugal, cerca de 40% dos <strong>jovens</strong> entra no<br />

mercado de <strong>trabalho</strong> antes dos 18 anos (Alves, 1998); 36% das pessoas<br />

que se casam e 19% das que têm filhos fazem-no antes dos 25 anos<br />

(Estatísticas Demográficas 2001, INE). Muitos <strong>jovens</strong> continuam a optar<br />

por “transições aceleradas”, mesmo quando implicam um período<br />

relativamente longo de “independência precária” (Nilsen e outras, 2002).<br />

Apesar da diversificação e complexificação dos percursos de transição,<br />

várias investigações têm identificado padrões de trajectórias, isto é,<br />

reconstituído diferentes modelos de transição para a vida adulta nas<br />

sociedades contemporân<strong>ea</strong>s. Considerando que as transições ocorrem<br />

num quadro de acentuadas diferenças culturais e desigualdades sociais,<br />

esses modelos tendem a corresponder a condições e contextos sociais<br />

específicos.<br />

Segundo Banks e outros (1992), a “escolha crítica” (tomada entre os 16 e<br />

os 20 anos) de seguir a via escolar ou a via profissional, dá origem a dois<br />

modelos gerais de transição. A via profissional confere, desde cedo,<br />

autonomia económica, estatuto social e responsabilidades, conduzindo a<br />

“transições aceleradas”. A via escolar prolonga a situação de semi-<br />

-dependência familiar e cria mais recursos e expectativas quanto ao<br />

futuro profissional. Inviabiliza a assunção dos compromissos e encargos<br />

associados à vida adulta, abrindo caminho a um período relativamente<br />

longo de experimentalismo, nos planos afectivos, do lazer e dos estilos de<br />

vida. Gera, assim, “transições prolongadas” (Banks e outros, 1992). Com<br />

25 anos, enquanto a maioria dos <strong>jovens</strong> que seguiram a via profissional<br />

estão numa fase de estabilização profissional, preparando-se para casar e<br />

ter filhos (quando já não os tiveram), quase todos os <strong>jovens</strong> que seguiram<br />

a via escolar estão ainda a terminar os cursos ou a integrar-se no mercado<br />

de <strong>trabalho</strong>, confrontados com múltiplas alternativas relacionais,<br />

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