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TRANSIÇÕES INCERTAS Os jovens perante o trabalho ea ... - Cite

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acontece nos países do Norte da Europa, as mulheres portuguesas<br />

trabalham quase sempre a tempo inteiro, mesmo quando têm filhos<br />

pequenos (Brannen e Smithson, 1998). A mudança registada em Portugal<br />

não foi, por isso, tão grande como, por exemplo, em Espanha (Casal e<br />

García, 1995) ou na Irlanda (O’Connor, 1998), onde implicou uma<br />

mudança radical no estatuto da mulher. Ainda assim, na última década, as<br />

taxas de actividade feminina subiram de 35.5% para 42% 12 (Censos 2001,<br />

INE) – a taxa de actividade masculina manteve-se a rondar os 54% –,<br />

assistindo-se ao quase desaparecimento das <strong>jovens</strong> domésticas<br />

(Nunes, 1998).<br />

No entanto, a generalização do <strong>trabalho</strong> feminino e a ênfase nas<br />

qualificações não garantem a igualdade no mercado de <strong>trabalho</strong>,<br />

sobretudo quando este se mantém fortemente estruturado pelas fronteiras<br />

de género. Apesar das altas taxas de <strong>trabalho</strong> feminino em Portugal, as<br />

mulheres registam, relativamente aos homens, taxas mais altas de<br />

desemprego de longa duração e maior dificuldade em encontrar o<br />

primeiro emprego (Guerreiro, 2000). A situação agrava-se no caso das<br />

<strong>jovens</strong> mães, expostas a discriminações e exclusões várias, reforçadas<br />

pela recente flexibilização e precarização dos vínculos laborais.<br />

Acresce que uma parte significativa das mulheres ocupam empregos<br />

pouco valorizados socialmente e mal remunerados. A reprodução dos<br />

estereótipos de género nas escolhas escolares e de formação conduz as<br />

raparigas, maioritariamente, para ár<strong>ea</strong>s e funções subalternas (Banks e<br />

outros, 1992; Fonseca, 2001), mas Amâncio (1994) sugere a hipótese de<br />

certos empregos serem pouco valorizados precisamente por serem<br />

desempenhados predominantemente por mulheres. <strong>Os</strong> serviços familiares<br />

– em franco crescimento e ocupando já cerca de 27% das mulheres contra<br />

apenas 5% dos homens (Guerreiro, 2001) – constituem o exemplo mais<br />

evidente e, simultan<strong>ea</strong>mente, mais paradoxal deste fenómeno. Ainda que<br />

a expansão destes serviços esteja associada às novas necessidades<br />

familiares resultantes da generalização do <strong>trabalho</strong> feminino, as<br />

trabalhadoras neste sector (em grande medida, informal) têm vínculos<br />

precários e são mal remuneradas, encontrando-se, muitas vezes, na<br />

“fronteira entre inserção e exclusão social” (Guerreiro e Lourenço, 2000).<br />

Embora assumindo formas diversas, a segregação sexual mantém-se em<br />

quase todas as ár<strong>ea</strong>s profissionais, incluindo obstáculos efectivos à<br />

chegada a lugares de topo nas hierarquias organizacionais e sociais<br />

(Banks e outros, 1992; Amâncio, 1994). As mulheres continuam assim<br />

12<br />

Na população entre 15-64 anos, a taxa de actividade feminina ascende a 65%.<br />

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