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TRANSIÇÕES INCERTAS Os jovens perante o trabalho ea ... - Cite

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Essas “densidades territoriais” parecem ser tanto maiores quanto mais<br />

precária for a condição social. A crescente mobilidade dos grupos<br />

dominantes pode assim converter-se em exclusão dos grupos e locais<br />

mais desfavorecidos (Reis, 2001). Neste sentido, alguns autores têm<br />

considerado que, actualmente, existe um desfasamento entre o capital,<br />

que circula pelo globo, e o <strong>trabalho</strong>, que mantém a sua base local, devido<br />

a inúmeros obstáculos económicos, culturais e políticos (Beck, 2000).<br />

Isso explica as tendências actuais, quer dentro de cada país quer entre<br />

países, para a polarização dos recursos e o crescimento exponencial do<br />

fosso entre os mais ricos e os mais pobres (Santos, 2001).<br />

Assiste-se, assim, à sedimentação de “universos da não-globalização”<br />

(Reis, 2001), marcados pela exclusão dos variados tipos de recursos: os<br />

“buracos negros da informação” (Castells, 1998). As condições<br />

miseráveis em que vivem as populações e a exclusão do acesso à riqueza<br />

e à informação alimentam, quantas vezes, regimes ditatoriais ou<br />

fundamentalistas (Appadurai, 1996).<br />

É verdade que se regista também uma grande mobilidade dos<br />

trabalhadores desqualificados. Todavia, esses fluxos ocorrem em<br />

condições muito precárias, marcadas por privações, barreiras e<br />

inseguranças várias. Contingentes cada vez maiores de trabalhadores<br />

vagueiam pelo mundo em busca de melhor sorte e acabam, muitas vezes,<br />

em “contentores de pobreza” nos subúrbios das grandes cidades<br />

(Appadurai, 1996). A exploração da mão-de-obra migrante (Waters,<br />

1995), conduzindo à formação de “enclaves imigrantes” (Portes, 1999), é<br />

pois um fenómeno cuja origem se perde na noite dos tempos, mas que se<br />

mantém e se intensifica no actual contexto global.<br />

Na semi-periferia, Portugal enquadra-se de uma forma particular nestes<br />

processos migratórios. Sendo, ao longo do século XX, um país de<br />

emigração para a Europa, tem recebido, desde os anos 70, grandes fluxos<br />

de imigrantes dos países africanos de língua oficial portuguesa. Em<br />

comparação com os conflitos que têm surgido em diversos países<br />

europeus, a integração dessas populações africanas tem sido<br />

relativamente pacífica, em parte, devido à menor distância cultural e<br />

económica face à população de acolhimento (Machado, 1994). Nos<br />

últimos anos, tem-se assistido à chegada em grande escala de<br />

trabalhadores da Europa de Leste, cujo processo de integração está ainda,<br />

em grande medida, por pesquisar.<br />

<strong>Os</strong> mecanismos globais têm também colocado sobre pressão os poderes e<br />

funções dos Estados-Nação. Como resumiu Giddens (1984), o Estado-<br />

-Nação tornou-se demasiado pequeno para as grandes questões,<br />

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