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TRANSIÇÕES INCERTAS Os jovens perante o trabalho ea ... - Cite

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Equacionadas as relações dos <strong>jovens</strong> com os pais e os cônjuges, é<br />

importante considerar a sua condição enquanto pais. Nas últimas décadas<br />

tem-se registado uma descida dos índices de fecundidade e uma subida<br />

gradual da idade média de entrar na parentalidade (Brannen e outras,<br />

2002b; Almeida e outras, 2002). Isto deve-se não apenas às razões já<br />

mencionadas – a entrada das mulheres no mercado de <strong>trabalho</strong>, o<br />

prolongamento dos estudos, a instabilidade do mercado laboral, as novas<br />

concepções de experimentalismo amoroso – mas também à enorme<br />

transformação do lugar da criança nas sociedades modernas. À medida<br />

que os filhos se tornam uma escolha racional, desenvolve-se a noção de<br />

“infância protegida” (Almeida e outras, 1998). Aumenta a pressão para<br />

ter os filhos na “altura certa”, em geral depois de ter terminado os<br />

estudos, gozado a vida, encontrado o parceiro certo e alcançado um<br />

emprego estável mas possível de conciliar com a vida familiar (Brannen e<br />

outras, 2002b). Não é pois de estranhar que a maioria dos <strong>jovens</strong><br />

portugueses aponte a incapacidade de assegurar as condições desejadas<br />

para cuidar de filhos como principal causa de adiamento do projecto de<br />

parentalidade (Vasconcelos, 1998). É que, face à generalização do<br />

<strong>trabalho</strong> feminino, as redes de apoio (formais e informais) têm-se<br />

revelado claramente insuficientes para suportar esses projectos (Almeida<br />

e outras, 2002).<br />

Esta tendência geral não invalida que muitos <strong>jovens</strong>, sobretudo do sexo<br />

feminino, vivam a parentalidade desde muito cedo. Em 6% dos<br />

nascimentos ocorridos em Portugal, as mães não completaram ainda 20<br />

anos; valor que sobe para os 19%, na faixa etária entre os 20 e os 24 anos;<br />

e para 33%, no grupo entre os 25 e os 29 anos (Estatísticas Demográficas<br />

2001, INE). 19 A maternidade precoce tem sido estudada na sociologia<br />

(Banks e outros, 1992; Vilar e Gaspar, 1999), concluindo-se que os filhos<br />

significam para os <strong>jovens</strong> (e sobretudo para as mães adolescentes) uma<br />

fonte de estigma e exclusão, geradora de uma redução das oportunidades<br />

(educativas, profissionais, de lazer) e das sociabilidades. Porém, os<br />

mesmos estudos apontam também que (sobretudo para os <strong>jovens</strong> com<br />

empregos desqualificados e, nom<strong>ea</strong>damente, nos meios operários) a<br />

parentalidade pode igualmente ser uma forma de valorização, fixando<br />

19<br />

A idade do pai tende a ser ligeiramente mais elevada, registando-se apenas 1,5% de pais com<br />

menos de 20 anos; 12% entre os 20 e os 24 anos e 28% entre os 25 e os 29 (Estatísticas<br />

Demográficas 2001, INE).<br />

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