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TRANSIÇÕES INCERTAS Os jovens perante o trabalho ea ... - Cite

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os apoios familiares efectivos tendem a ser maiores nas classes mais<br />

favorecidas e qualificadas (Vasconcelos, 2002).<br />

Padrões de transição para a vida adulta<br />

As enormes transformações sociais que foram enunciadas ao longo deste<br />

capítulo repercutem-se, de forma significativa, nos modos de transição<br />

para a vida adulta. Neste sentido, o modelo tradicional de transição<br />

parecer estar em franca erosão. Este modelo caracteriza-se pela sucessão<br />

de três fases bem definidas e delimitadas: o trajecto escolar; a entrada no<br />

mercado de <strong>trabalho</strong>; o casamento e saída de casa dos pais (Galland,<br />

1995a). Considerando que essas três esferas permanecem essenciais para<br />

a esmagadora maioria dos <strong>jovens</strong>, o que acontece é que, não só tendem a<br />

ser adiadas (Brannen e outras, 2002a), como deixam de corresponder a<br />

três fases claras e bem delimitadas do processo de transição.<br />

Associado às referidas tendências de individualização (Giddens, 1991;<br />

Beck, 1992), emergem novos modelos não-lin<strong>ea</strong>res de transição,<br />

centrados no risco e na imprevisibilidade, caracterizados por uma<br />

sucessão de situações complexas e transitórias, experiências e retrocessos<br />

(Furlong e Cartmel, 1997; Pais, 2001; Brannen e Nilsen, 2002). Não só as<br />

fronteiras entre o percurso de escolaridade e o mercado de <strong>trabalho</strong> se<br />

tornam fluídas, como a saída de casa dos pais não é definitiva nem<br />

implica necessariamente o casamento. Esta r<strong>ea</strong>lidade de relativa anomia<br />

abre um campo infinito de oportunidades, combinações e experiências.<br />

Por outro lado, dá também origem a “buracos negros”, situações em que<br />

os <strong>jovens</strong> não estão integrados em qualquer das esferas (educação,<br />

emprego, família), mergulhando em processos de exclusão e isolamento.<br />

Alguns autores têm enfatizado a crescente tendência dos <strong>jovens</strong> para<br />

adiarem as decisões e responsabilidades vinculativas, mantendo-se mais<br />

tempo na “semi-dependência” dos pais (Nilsen e outras, 2002) e criando,<br />

entre a adolescência e a entrada na vida adulta, um período de opções,<br />

liberdade e experimentação (Cavalli, 1995; Galland, 1995b; Du Bois,<br />

1995). A extensão das oportunidades de educação e de formação permite<br />

a cada vez mais <strong>jovens</strong> adiarem a sua entrada no mercado de <strong>trabalho</strong> (e<br />

na vida adulta), aumentando as suas qualificações (Brannen e Nilsen,<br />

2002). Além disso, a crescente circulação de informação e de pessoas, faz<br />

com que muitos <strong>jovens</strong> desejem “viver a vida” e “gozar a liberdade”,<br />

saindo à noite, viajando, divertindo-se, convivendo, antes de<br />

“assentarem”, ou seja, de assumirem as rotinas e obrigações inerentes à<br />

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