TRANSIÃÃES INCERTAS Os jovens perante o trabalho ea ... - Cite
TRANSIÃÃES INCERTAS Os jovens perante o trabalho ea ... - Cite
TRANSIÃÃES INCERTAS Os jovens perante o trabalho ea ... - Cite
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
longas e complexas (a aproximação lenta; a precariedade; a<br />
desestruturação). O autor analisa sobretudo o crescimento das trajectórias<br />
em desestruturação, nas quais a transição falha, devido a obstáculos<br />
vários, culminando em processos de desintegração, exclusão e<br />
marginalidade.<br />
Por outro lado, Nilsen e outras (2002) sugerem uma tipologia bas<strong>ea</strong>da na<br />
posse (ou não) de independência económica. Estas autoras dividem assim<br />
as transições em quatro grandes tipos: o prolongamento da dependência<br />
financeira face à família de origem; a adopção do estatuto de “semi-<br />
-independência”; a independência precária; e a independência plan<strong>ea</strong>da.<br />
Enquanto as duas primeiras estão geralmente associadas a percursos<br />
académicos e a transições longas, as duas últimas dizem respeito a<br />
“transições aceleradas” e a formas diferentes de lidar com o risco.<br />
Numa outra abordagem, Carvalho (1998) centra-se nas diferentes<br />
estratégias de transição tomadas pelos <strong>jovens</strong>, em particular, aqueles que<br />
abandonam a escola prematuramente. Neste sentido, a autora define três<br />
diferentes modelos: a ausência de estratégias, em que os <strong>jovens</strong> se<br />
limitam a ir respondendo às necessidades quotidianas; a estratégia<br />
adaptativa, em que procuram adequar-se às condições que lhes oferecem;<br />
e a estratégia projectiva, em que desenvolvem acções com vista a uma<br />
auto-valorização profissional e pessoal.<br />
Alguns autores têm explorado a diversidade dos modelos de transição,<br />
com base noutras variáveis, nom<strong>ea</strong>damente, geográficas e de género. No<br />
primeiro caso, foi possível identificar, a nível europeu, uma cisão entre os<br />
modelos dominantes no norte e no sul do continente. O modelo<br />
mediterrâneo de transição caracteriza-se por longos períodos de<br />
precariedade entre os estudos e a plena inserção profissional e pela<br />
primazia da vida familiar (Galland, 1995a). Neste quadro, os <strong>jovens</strong><br />
tendem a adiar a sua saída de casa dos pais, mesmo após a entrada no<br />
mercado de <strong>trabalho</strong> e, em geral, até ao casamento (Torres, 1997). Além<br />
das especificidades culturais, nom<strong>ea</strong>damente o forte envolvimento<br />
familiar, o modelo mediterrâneo reflecte também a quase ausência de<br />
estruturas públicas de apoio aos <strong>jovens</strong> na transição para a vida adulta<br />
(Nilsen e outras, 2002). Como sugere Silva (2002), a Europa do Sul<br />
caracteriza-se por um welfare state fraco e que delega grande parte das<br />
responsabilidades de protecção social nas redes informais e familiares.<br />
Não é pois de estranhar que os <strong>jovens</strong> portugueses só equacionem a<br />
hipótese de sair e de casa e de ter filhos após a integração no mercado de<br />
<strong>trabalho</strong> (Brannen e Smithson, 1998). Pelo contrário, na Europa do Norte,<br />
o modelo familiar mais aberto e o maior suporte estatal facilitam<br />
43