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<strong>no</strong>tícias alentejo~ Março 2007<br />
11<br />
~ debat<br />
e<br />
Interrupção Voluntária da Gravidez<br />
O "Sim" ganhou o referendo sobre a despenalização<br />
do aborto, com quase 60 por cento dos votos.<br />
A lei vai ser alterada <strong>no</strong> Parlamento.<br />
A abstenção foi de 56,4 por cento e, apesar de<br />
este a<strong>no</strong> terem votado mais 1,1 milhão de eleitores<br />
do que na consulta de 1998, o referendo voltou<br />
a não ser vinculativo. Que leitura política?<br />
‘Valorizar<br />
resultados do Sim’<br />
Diamanti<strong>no</strong> Dias<br />
PCP<br />
‘Sociedade mais aberta<br />
e mais justa’<br />
Norberto Patinho<br />
PS<br />
‘Nulidade e desperdício<br />
de recursos’<br />
Palma Rita<br />
PSD<br />
O referendo sobre a IVG, foi a terceira iniciativa referendaria<br />
realizada <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso País, após a consignação<br />
deste na Constituição da República, logo não existe<br />
ainda uma cultura política para assumir este instituto<br />
constitucional como uma prática, por isso é positivo<br />
a evolução verificada nesta consulta, se considerarmos<br />
o referendo como um instrumento de consulta que não<br />
deve ser banalizado.<br />
È preciso também alertar os detractores do referendo<br />
para duas questões, a democracia participativa não<br />
deve restringir a democracia representativa e vice-<br />
-versa. Por exemplo esta consulta teria sido evitada se<br />
o Partido Socialista em sede da Assembleia da<br />
Republica tivesse assumido a questão da despenalização<br />
da IVG com uma medida legislativa e assumido as<br />
suas responsabilidades <strong>no</strong> quadro da democracia<br />
representativa, o que a tinha valorizado, lembrar que<br />
a matéria referendaria era um problema muito delicado<br />
e para o qual já tinha sido feito uma consulta em<br />
1998, havendo agora a possibilidade de o resolver em<br />
sede do parlamento. Lembrar ainda que além do que<br />
é obrigatório o referendo deve ser usado em questões<br />
cruciais que contribuam para a participação popular<br />
e considerado como um instrumento de reforço da<br />
democracia participativa e não banalizá-lo.<br />
É importante valorizar os resultados <strong>no</strong> SIM pois<br />
mostrou, uma evolução muito positiva, ficando claro<br />
que valeu a pena persistir nesta luta contra o aborto<br />
clandesti<strong>no</strong> sendo agora urgente sem demoras fazer<br />
cumprir a expressão maioritária deste referendo, a despenalização<br />
das mulheres que por diversas razões tem<br />
de recorrer a uma Interrupção Voluntária da Gravidez,<br />
apesar dos votantes não terem chegado aos 50%, registou-se<br />
uma evolução muito positiva, o que levou numa<br />
matéria tão sensível a existir uma convergência política<br />
para transportar os resultados do referendo para<br />
uma proposta de lei a ser votada na Assembleia da<br />
República, para a qual devem ser transportados os interesses<br />
das mulheres portuguesas, colocando fim<br />
à humilhação de que estas são vítimas, não permitindo<br />
também que exista qualquer período de aconselhamento<br />
obrigatória como a direita procura que exista.<br />
Logo a conclusão política é que valeu a pena lutar,<br />
esta é antes de mais uma grande vitória das mulheres,<br />
em como ficou patente que há lugar para se continuar<br />
a aperfeiçoar a democracia participada e representativa,<br />
instrumentos se bem usado podem e devem servir<br />
as populações. Valeu a pena persistir.<br />
O “Sim” ganhou o referendo sobre a IVG, com 59%<br />
dos votos, contra 41% do “Não”.<br />
A interrupção voluntária da gravidez até às dez<br />
semanas em estabelecimento de saúde legalmente<br />
autorizado vai deixar de ser crime.<br />
Foi dado mais um passo firme na construção de<br />
uma sociedade mais aberta, mais tolerante e mais<br />
justa.<br />
Finalmente Portugal vai virar uma página negra da<br />
sua história - a do aborto clandesti<strong>no</strong>, a do medo, a da<br />
indignidade, a da humilhação, a de uma lei penal<br />
injusta e inadequada à realidade.<br />
Na consulta popular do passado dia 11 de<br />
Fevereiro votaram mais 1,1 milhões de eleitores do<br />
que em 1998.<br />
Apesar deste substancial e significativo aumento<br />
de votantes, o referendo voltou a não ser juridicamente<br />
vinculativo pois registou uma taxa de participação<br />
inferior aos cinquenta por cento, previstos na<br />
<strong>no</strong>ssa legislação.<br />
Um referendo vinculativo obriga o Parlamento a<br />
agir em função do resultado do mesmo respeitando a<br />
vontade popular.<br />
Um referendo não vinculativo obriga o poder político<br />
a ter em conta em conta o seu resultado e permite<br />
ao Parlamento legislar de acordo com a vontade da<br />
maioria. Sobretudo quando se trata de uma diferença<br />
de votos tão significativa.<br />
Com a vitória do “Sim” o legislador fica autorizado<br />
a legislar <strong>no</strong> sentido proposto da despenalização mediante<br />
a alteração do Código Penal.<br />
Face ao resultado inequívoco do referendo, o<br />
Primeiro-Ministro honrando o compromisso assumido<br />
com os portugueses, fica “obrigado” à alteração da<br />
lei respeitando a decisão expressa pela maioria dos<br />
que votaram.<br />
O resultado da consulta popular evidencia de<br />
forma clara que os portugueses desejam um virar de<br />
página na questão do aborto, votando claramente a<br />
favor da alteração da lei.<br />
Há que respeitar a sua vontade.<br />
Segundo estimativas do STAPE, referendo custou <strong>no</strong><br />
mínimo 9 milhões de €uros, com base <strong>no</strong>s 2,7 milhões<br />
de votos efectivos em 1998. Agora, votou mais 1,1<br />
milhões de eleitores, pelo que os custos terão sido certamente<br />
acrescidos em quase 30%.<br />
Mas, o resultado prático foi o mesmo: nulidade e<br />
desperdício de recursos. Os benefícios para o PS<br />
foram <strong>no</strong> entanto maiores: distraiu os portugueses da<br />
crise económica e financeira, da maior fuga de<br />
empresas estrangeiras de que há memória, dos<br />
incomportáveis níveis de desemprego jovem altamente<br />
qualificado, da liberalização de funções nucleares<br />
do Estado essenciais ao desenvolvimento, da dispensa<br />
de funcionários de um Estado que não conseguem por<br />
a trabalhar melhor, da demagogia permanente.<br />
Tudo isto à custa de mais de uma dezena de<br />
milhões de €uros dos <strong>no</strong>ssos impostos que todos os<br />
dias aumentam (contrariando as promessas eleitorais,<br />
como em tudo o resto) na carga do IVA, na gasolina e<br />
gasóleo, já para não falar na sobrecarga fiscal sobre<br />
os bens essenciais.<br />
Por isso se empenhou o Primeiro-Ministro de corpo<br />
e alma na campanha eleitoral, procurando mobilizar<br />
o eleitorado a favor da sua perspectiva. Mas, foi incapaz<br />
de encantar o eleitorado para o seu lado e, apesar<br />
de ter ganho em votos, perdeu contra os mais de 50%<br />
de abstenção que o esmagou.<br />
Não tenhamos dúvidas: foi Sócrates quem mais<br />
pediu o referendo e que mais força fez para que o<br />
resultado fosse vinculativo. Mas, não foi assim o<br />
resultado nem o empenho dos portugueses.<br />
O referendo em Portugal morreu, por culpa de<br />
alguns que poderão ter interesse em fazer agora passar<br />
<strong>no</strong> parlamento decisões tão importantes quanto<br />
esta, para a vida dos portugueses, à conta da justificação<br />
demagógica dos resultados.<br />
Deveria uma questão de consciência como a do<br />
aborto ter sido referendada? A resposta não é simples.<br />
Mais simples é <strong>no</strong> entanto a regionalização. Venha<br />
a lei, agora sem referendo (objectivo de legitimidade<br />
que o PS conseguiu), para afundarmos o resto deste<br />
peque<strong>no</strong> quintal.