05.06.2015 Views

Luís Carmelo «roda» novo livro no YouTube

Luís Carmelo «roda» novo livro no YouTube

Luís Carmelo «roda» novo livro no YouTube

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

12 <strong>no</strong>tícias alentejo~ Março 2007<br />

referendo~<br />

entre” aspas”<br />

'O "sim" <strong>no</strong> referendo sobre a despenalização<br />

do aborto não constituiu<br />

uma vitória da Esquerda<br />

sobre a Direita. Foi a resposta<br />

cívica a uma obscenidade que<br />

a Igreja e as forças mais reaccionárias<br />

têm apoiado. Também não<br />

representou o triunfo "político"<br />

de José Sócrates sobre a massa<br />

circundante'<br />

'Consistiu numa derrota parcial<br />

do Portugal velho, infligida,<br />

sobretudo, pelo Portugal <strong><strong>no</strong>vo</strong>,<br />

que vai despontando <strong>no</strong> horizonte<br />

fosco, ainda tingido pela ig<strong>no</strong>rância,<br />

pela superstição, pelo<br />

analfabetismo e por abjectos<br />

manipuladores de consciências.<br />

Estes últimos foram, de facto,<br />

os grandes vencidos. A ira indisfarçada<br />

dos seus mais visíveis<br />

próceres demonstrou a face semioculta<br />

do jogo, <strong>no</strong> qual participou,<br />

com milhões de euros,<br />

o banco do Opus Dei'<br />

Baptista Bastos<br />

www.negocios.pt<br />

'Umas semanas antes do referendo<br />

sobre a interrupção voluntária<br />

da gravidez assisti, na<br />

Universidade Lusófona, <strong>no</strong> Porto,<br />

a uma conferência de Cândido de<br />

Oliveira, professor catedrático<br />

da Escola de Direito da<br />

Universidade do Minho.<br />

Estudioso do comportamento eleitoral<br />

dos portugueses, o professor<br />

tem uma opinião pouco abonatória<br />

sobre a forma como os<br />

eleitores usam os direitos de cidadania<br />

que a democracia tor<strong>no</strong>u<br />

possíveis. Nessa sessão - e de<br />

forma desassombrada - Cândido<br />

de Oliveira traçou um retrato<br />

a negro dos portugueses. Faço um<br />

resumo, de memória: <strong>no</strong> geral,<br />

os cidadãos nacionais gostam de<br />

entregar o desti<strong>no</strong> das suas<br />

opções nas mãos de outros, demitem-se<br />

das suas responsabilidades,<br />

não fiscalizam os eleitos<br />

e mantêm traços bem vincados<br />

de submissão. Ou seja, os portugueses<br />

não têm consciência dos<br />

seus direitos e deveres, sentemse<br />

confortáveis por saber que<br />

alguém manda e nisso não disfarçam<br />

a velha mentalidade salazarenta.<br />

Com um povo assim,<br />

muito dado à má-língua entre um<br />

penalty duvidoso e a lamechice<br />

de tele<strong>no</strong>vela, é natural que os<br />

mandatários se abstenham de<br />

prestar contas e facilmente assumam<br />

tiques de... mandantes»'<br />

'Este Portugal calaceiro, atávico,<br />

medalhado <strong>no</strong> queixume e na<br />

lamúria, podia ser um País de<br />

comédia, uma espécie de enclave<br />

anedótico e provincia<strong>no</strong> para<br />

o qual a esmagadora massa de<br />

cidadãos olharia de quando em<br />

vez para se lembrar do País que<br />

não quer. Mas não. Esse Portugal<br />

miudinho, tão afoito na corrida<br />

à maledicência e ao desprezo,<br />

é a <strong>no</strong>ssa maior tragédia.<br />

Ao mesmo tempo que «elege»,<br />

sem sair do sofá, um Salazar de<br />

concurso televisivo «para pôr<br />

ordem nisto», não descalça as<br />

pantufas para ver a revolução<br />

passar à porta. Este Portugalzinho<br />

está aí, pelos vistos para<br />

durar. E com grande audiência.<br />

Pena que o outro País, o daqueles<br />

que, bem ou mal, votam, escolhem<br />

e questionam, não possa<br />

mudar de canal. E tenha de<br />

tomar decisões andando à chuva.<br />

E molhando-se'<br />

Miguel Carvalho<br />

www.visaoonline.clix.pt<br />

www.siconline.pt<br />

A geografia<br />

do «Sim»<br />

«Concorda com a despenaliza- num acto eleitoral - 100 por<br />

ção da interrupção voluntária cento de votos <strong>no</strong> «Sim"».<br />

da gravidez, se realizada, por Votaram metade dos 30 eleitoopção<br />

da mulher, nas primeiras res inscritos. Segundo a SIC<br />

10 semanas, em estabelecimen- Online, o «Não» teve igualmente<br />

to de saúde legalmente autorium<br />

caso de 100 por cento<br />

zado?». A esta pergunta, a maioria<br />

dos eleitores que respondeu<br />

- Parada de Monteiros, conce-<br />

à chamada respondeu «Sim». lho de Vila Pouca de Aguiar,<br />

O concelho de Aljustrel, distrito distrito de Vila Real, onde foram<br />

de Beja, registou a maior perinscritos.<br />

às urnas 33 dos 135 eleitores<br />

centagem de votos <strong>no</strong> «Sim».<br />

O «Sim» recolheu 3867 votos Em termos nacionais, o «Sim»<br />

em Aljustrel (90,4 por cento), venceu com 59,24 por cento dos<br />

entre os 4320 votantes. No con- votos expressos e o «Não» recocelho<br />

de Câmara de Lobos, na lheu 40,75 por cento. A absten-<br />

Região Autó<strong>no</strong>ma da Madeira, ção ultrapassou metade dos<br />

o «Não» recebeu 9399 votos votantes, com 56,40 por cento.<br />

(84,1 por cento), entre os 11378<br />

votantes.<br />

A consulta não foi juridicamen-<br />

São Bento de Ana Loura te vinculativa, mas os líderes da<br />

(Estremoz, distrito de Évora), maioria dos partidos com assena<br />

freguesia com me<strong>no</strong>r número to parlamentar consideraram<br />

de eleitores inscritos em todo o os resultados politicamente<br />

país, voltou a ser «caso único» relevantes.<br />

As reacções (na <strong>no</strong>ite do Referendo)<br />

José Sócrates (PS) » ‘Um resultado inequívoco...<br />

O povo falou e falou de forma clara e veio reforçar<br />

a legitimidade do espaço político e legislativo que<br />

estava em causa’<br />

Jerónimo de Sousa (PCP) » ‘O respeito pelos<br />

resultados torna imperiosa e urgente a necessidade<br />

de conclusão do processo legislativo iniciado na<br />

Assembleia da República’<br />

Francisco Louçã (BE) » ‘Foi uma vitória extraordinária,<br />

que não é de partidos políticos. A democracia<br />

vinculou a decisão da despenalização e do combate<br />

ao aborto clandesti<strong>no</strong>’<br />

Marques Mendes (PSD) » ‘A maioria dos portugueses<br />

votou 'sim' <strong>no</strong> referendo. Entendo que, apesar de<br />

o referendo não ser juridicamente vinculativo,<br />

essa vontade deve ser respeitada’<br />

Ribeiro e Castro (PP) » ‘Re<strong><strong>no</strong>vo</strong> o <strong>no</strong>sso compromisso,<br />

como partido, pelo direito à vida e à saúde’<br />

56,39% dos inscritos 59,24% 40,76%<br />

68,09% 48,70% 51,30%<br />

2007<br />

Abstenção<br />

SIM<br />

NÃO<br />

1998

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!